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ÉTICA E LEGISLAÇÃO APLICADA NO PROCESSO DE AUDITORIA 1 Aula 2: A moral e os valores. ................................................................................................. 2 Introdução ............................................................................................................................. 2 Conteúdo ................................................................................................................................ 4 Refletir sobre o sentido da moral no contexto social ................................................. 4 As três esferas da moralidade .......................................................................................... 4 Os mores de uma determinada sociedade................................................................... 5 Os três campos da moral ................................................................................................. 5 As quatro características básicas do comportamento da moral .............................. 7 Mores X normas ................................................................................................................. 7 Campos da ação moral..................................................................................................... 7 Moral constituída X moral constituinte ......................................................................... 8 A moral tradicional e o pensamento de esquerda ...................................................... 8 As três esferas da teoria social ........................................................................................ 9 Juízo de realidade X juízo de valor ................................................................................ 9 Breve histórico da crise ética do século XX ................................................................ 10 A geração de uma crise ética ........................................................................................ 11 Nostalgia do passado x necessidade de mudanças x ser paralisante ................... 11 Atividade proposta .......................................................................................................... 13 Referências........................................................................................................................... 14 Exercícios de fixação ......................................................................................................... 15 Notas ........................................................................................................................................... 18 Chaves de resposta ..................................................................................................................... 19 ÉTICA E LEGISLAÇÃO APLICADA NO PROCESSO DE AUDITORIA 2 Introdução Embora já tenhamos abordado de maneira breve a moral e os valores, ao tratarmos da ética na aula anterior, retomaremos a reflexão mais aprofundada. Isso é importante em virtude de tais categorias – a moral, os valores e a ética – dialogarem entre si, sendo difíceis de serem dissociadas. Os mesmos questionamentos poderão ser elaborados quando tratamos de valores e de moral. Quando nos perguntamos sobre o significado da moral ou dos valores, o que nos vem à mente? Qual tipo de moral está sendo referenciada? De qual dimensão estamos tratando? Política, pública, privada, religiosa, individual, coletiva, secular, corporativa, cultural ou econômica? Na realidade, devemos reconhecer que há muitas questões a serem tratadas e abordadas quando investigamos os valores morais, não é mesmo? Do mesmo modo, devemos lembrar que existem muito mais questionamentos do que soluções absolutas e fechadas, ao tratarmos da moral e dos valores. Contudo, isso não significa que não sejamos capazes de ter uma compreensão mais abrangente do tema e obter alguns princípios sobre ele. ÉTICA E LEGISLAÇÃO APLICADA NO PROCESSO DE AUDITORIA 3 Objetivo: 1. Refletir sobre o sentido da moral no contexto social, analisando os seus desdobramentos, aspectos conceituais e práticos; 2. Refletir sobre o sentido dos valores no contexto social, analisando os seus desdobramentos, aspectos conceituais e práticos. ÉTICA E LEGISLAÇÃO APLICADA NO PROCESSO DE AUDITORIA 4 Conteúdo Refletir sobre o sentido da moral no contexto social A noção de moralidade, conforme o Dicionário do Pensamento Social do Século XX (1996, p. 483), é a seguinte: Em seu sentido prescritivo, moralidade é aquela consideração, ou conjunto de considerações, que fornece os motivos mais fortes para se viver de certo modo especificado; em seu sentido descritivo, tal consideração ou conjunto de considerações que alguma pessoa ou grupo reconhece ou ao qual adere. O dicionário citado sinaliza a moral por meio dos dez mandamentos bíblicos, que representariam uma compreensão correta da moralidade (de natureza prescritiva). Da mesma maneira, se reconhecermos que a lei bíblica se constitui em um erro, podemos apontá-la enquanto uma moralidade descritiva dos indivíduos que a reconhecem ou que se orientam por tais regras morais. As três esferas da moralidade As análises a respeito da moralidade descritiva têm-se voltado no conteúdo e explicação das crenças morais desenvolvidos principalmente por estudos antropológicos. A sociologia de Émile Durkheim aponta que existem três esferas da moralidade; a seguir: “um aspecto de caráter imperativo, a ligação a grupos sociais e a autonomia dos agentes morais” (DURKHEIM, 1996, p. 483). As abordagens atuais apontam e constatam que a moralidade “deve ser compreendida em termos da diversificação de mundos de vida” (1996, p. 483), indicando a existência de múltiplas crenças e valores morais presentes muitas vezes em um mesmo âmbito espacial, quadro amplamente comum nas grandes cidades. ÉTICA E LEGISLAÇÃO APLICADA NO PROCESSO DE AUDITORIA 5 Os mores de uma determinada sociedade Conformo com Johnson (1997), os mores de uma determinada sociedade representam “um conjunto de normas que definem as ideias mais fundamentais sobre o que é considerado certo e errado, louvável e repugnante, bom e mau, virtuoso e pecaminoso em comportamento humano” (JOHNSON, 1997, p. 154). Na abordagem do autor, os mores permitem de um lado o regulamento do comportamento humano, mas também a coesão social que gera a continuidade social. Por exemplo, afirma Johnson (1997, p. 154), os mores são: Normas que proíbem o incesto, o assassinato, a traição e outras formas de deslealdade, o abandono das obrigações familiares e a profanação de símbolos religiosos e civis são todas elas parte dos mores da maioria das sociedades. Devido à sua importância, os mores assumem tipicamente a forma de leis, com fortes sanções, tais como prisão, exílio, ostracismo e execução. Os três campos da moral Do mesmo modo que a ética, a moral pode ser dimensionada em três campos: (Esquema representativo dos três campos da moral) ÉTICA E LEGISLAÇÃO APLICADA NO PROCESSO DE AUDITORIA 6 Histórico - Sob a perspectiva clássica da moral como o “conjunto de regras de condutas admitidas em determinada época ou por um grupo social de pessoas” (ARANHA & MARTINS, p. 301), podemos constatar seu caráter coletivo e histórico, representados nas palavras “época” e “grupo social de pessoas”. Em ambas as nomenclaturas, observamos seus aspectos históricos, remetendo a um debate em torno dos processos de mudança e continuidade. Moral - Um sem númerode questões pode ser levantado, reconhecendo igualmente que certamente a nossa opinião será comandada por nossos valores morais, os quais aprendemos com os nossos pares no convívio social. Isso não significa que não tenhamos a possibilidade do questionamento de valores herdados pelos antepassados, como discutimos na aula anterior. Os valores são continuamente refeitos, reconfigurados, adaptados ao longo da história. A história da humanidade pressupõe um contínuo processo de permanência e conservação de valores, mas também de transformação e de mudanças; os valores também não estão isentos de tal processo eminentemente humano e social. Pessoal - Vamos lá, quais são as propostas de mudanças políticas, tecnológicas, culturais e sociais que estão de acordo com nossos valores, e quais são as proposições com as quais não concordamos? Algo bem prático e real à nossa reflexão: você é contra ou a favor do uso da palmada em crianças como recurso educativo? Temos aí um dilema. Em nossa sociedade, até quatro décadas atrás, era muito comum o uso da famosa “surra” como instrumento de reprimenda dos pais sobre os filhos. E hoje, tal procedimento é considerado razoável? Eis uma questão central! Social - No campo social, você é a favor ou contra políticas de inclusão de corte racial e\ou social? Quais são as principais vantagens e desvantagens presentes em tal programa de inclusão social? No que tange à tecnologia, quais são os benefícios e as desvantagens do aceleramento inovador no campo tecnológico? A inovação amplia ou reduz os níveis de empregabilidade? No que ÉTICA E LEGISLAÇÃO APLICADA NO PROCESSO DE AUDITORIA 7 diz respeito aos procedimentos eleitorais, você é a favor ou contra o procedimento eleitoral do voto obrigatório? Sim; não; talvez? E por quê? As quatro características básicas do comportamento da moral Jonhson (1997, p. 154) acrescenta que, sob a perspectiva sociológica, o comportamento moral apresenta quatro características básicas: Jamais tem o interesse pessoal do ator como objetivo principal; Inclui um aspecto de comando, o que faz com que todas as pessoas sintam obrigação de fazer o que é certo; É vivenciado como sendo desejável e dele se tira certa satisfação e prazer; É considerado como sendo sagrado, significando que sua autoridade é experimentada como além do controle humano. Mores X normas Acrescente-se que o mores, diferentemente de outras normas, são apresentados “como imutáveis e inerentes à vida social, e não como uma criação social sujeita a mudança” (p. 154). Jonhson (1997, p. 154) exemplifica tal contexto como o assassinato que “não pode ser legalizado sem romper a estrutura moral da sociedade ou então precisa ser apresentado como outra coisa que não o homicídio”. Em verdade, os mores representam os valores essenciais sem os quais a sociedade estaria em constante risco. Campos da ação moral Segundo Aranha e Martins (2003), ação moral pode ser classificada em dois campos, ou seja, a esfera normativa e a esfera fatual. ÉTICA E LEGISLAÇÃO APLICADA NO PROCESSO DE AUDITORIA 8 No que concerne ao campo normativo, são representados pelas regras, normas, de ação de maneira imperativa, o que podemos denominar como “dever ser”. Enquanto o fatual “são os atos humanos enquanto se realizam efetivamente” (2003, p. 303). Moral constituída X moral constituinte A moral também pode ser considerada como “constituída” e “constituinte”. Moral constituída - A abordagem primeira é expressa pelos valores que são herdados por nós, por meio da família e da própria sociedade. Moral constituinte - Enquanto a segunda, é representada pelo questionamento ou crítica dos valores herdados. Tal quadro revela que, como comentado anteriormente, a moral tem um caráter dinâmico e de transformação, e não apenas de conservação e de permanência (ARRUDA; ARANHA, s. d., p. 118). A moral tradicional e o pensamento de esquerda Marcondes (2009), ao abordar sobre a sociedade brasileira, afirma que entre nós prevaleceu uma dicotomia básica ao longo do século XX, representando consequentemente duas visões de mundo bastante diferentes: a moral tradicional e o pensamento de esquerda. Moral tradicional Compreende-se por moral tradicional um conjunto de valores representados pela nossa formação histórica cristã, em especial católica, pois o crescimento evangélico é relativamente recente comparado ao catolicismo, em nossa sociedade. A ideia central na referida visão é que a referência da ética para a sociedade deve ser a ética cristã. Como o nome diz, a moral tradicional tende a enfatizar os valores tradicionais e a enfatizar os procedimentos constitutivos da ÉTICA E LEGISLAÇÃO APLICADA NO PROCESSO DE AUDITORIA 9 tradição como a família nuclear. No embate entre mudança/transformação e conservação/continuidade, a moral tradicional tende a privilegiar as alterações sociais em relação ao que permanece (MARCONDES, 2009). Pensamento de esquerda O chamado pensamento de esquerda é expresso por um conjunto de pensadores, filósofos e cientistas sociais que considera que a questão ética é secundária, sendo incapaz de dar conta da transformação efetiva da sociedade. Consideram que é por meio da análise econômica e política que se faz possível entender a questão ética na sociedade brasileira e modificá-la. (MARCONDES, 2009). As três esferas da teoria social Conforme o Dicionário do Pensamento Social do Século XX (1996), os valores têm sido objeto de investigação em três esferas da teoria social. Em primeiro lugar, apresentam-se como objeto de investigação, como nas recentes discussões de valor dos valores materialistas e pós-materialistas entre as populações de sociedades capitalistas avançadas. Em segundo lugar, constituem uma categoria central para algumas perspectivas teóricas em sociologia... Em terceiro lugar, a teoria social trata o problema filosófico de relação entre enunciados factuais e avaliatórios em reflexões metodológicas que suscitam questões fundamentais em torno das relações entre teoria social sistemática e orientações e compromisso normativos de várias espécies (1996, p.791). Juízo de realidade X juízo de valor Veremos, então, que a questão dos valores perpassa o meio acadêmico, tal qual a moral e a ética. Nessa perspectiva, Aranha e Martins (2003) ao tratarem dos valores apresentam uma breve diferenciação em duas categorias. Conheça essas categorias de valor, clicando nos itens a seguir: ÉTICA E LEGISLAÇÃO APLICADA NO PROCESSO DE AUDITORIA 10 Juízo de realidade - Juízos de realidade dizem respeito a certos pressupostos dos quais partimos, como, por exemplo: pessoas e objetos existem e são concretos e reais. Juízo de valor - Os juízos de valor ocorrem quando atribuímos uma qualidade ou consideração sobre objetos e pessoas, gerando “atração ou repulsa” (2003, p. 300). Breve histórico da crise ética do século XX No campo político da sociedade brasileira, Marcondes (2009) elabora um breve histórico e contextualiza o que considera a crise ética do século XX. A tese central tem como argumento as profundas mudanças (políticas, econômicas e tecnológicas) acarretarem uma crise ética, crise que pode ser caracterizada por questões centrais, sobre o que é certo e errado, bem ou mal. Em geral, os processos de mudança ocasionam uma crise moral ou de valores. Anos 60-70 Na sociedade brasileira, em especial, nas últimas décadas do século XX, vivenciamos ao longo dos anos 60 e 70 um regime autoritário que gerou umasérie de restrições de direitos civis e políticos. Anos 70 O fim do regime ditatorial no Brasil, ou seja, o processo de redemocratização ao longo do final dos anos 70, veio acompanhado de uma crise econômica. Anos 80 Toda a década de 80 esteve associada a uma crise econômica. Os economistas até mesmo cunharam o termo estagflação, que caracterizaria uma sociedade pelo declínio do processo econômico em um contexto recessivo e de aumento inflacionário, resultando em consequências sociais, como desemprego e aumento da desigualdade social. ÉTICA E LEGISLAÇÃO APLICADA NO PROCESSO DE AUDITORIA 11 A geração de uma crise ética Tal contexto gerou uma crise ética acirrando a corrupção, conforme Giannetti citado por Marcondes (2009). A desorganização econômica vivida no final dos anos 1980 e início dos 1990, gerando desemprego e falta de oportunidades, provocou o descrédito das instituições e a justificativa de que cada um deve ‘se virar como pode’, para poder sobreviver a ‘lei da selva’, com o crescimento do subemprego e da economia informal. Práticas como ‘jeitinho’ e ‘levar vantagem’ que caracterizam notoriamente a falta de ética e oportunismo, se generalizam nesses contextos de informalidade. (MARCONDES, 2009). Marcondes (2009) destaca, contudo, que a corrupção e a falta de ética não são exclusivas dos países menos desenvolvidos, sendo encontradas nas nações mais desenvolvidas como EUA, Japão e Alemanha. Mas acrescenta que a forma com que tais casos são tratados é que constitui o principal critério da preponderância da ética em um determinado contexto social. Nostalgia do passado x necessidade de mudanças x ser paralisante No tocante à denominada crise ética o autor aponta que nos deparamos com duas atitudes e procedimentos. Nostalgia do passado De um lado, encontramos o fenômeno “nostalgia do passado”, que se caracterizaria em um sentimento de perda de valores e se traduz em observações do tipo “no passado era melhor”, ou seja, uma visão nostálgica e de certo modo ilusória que considera que tudo o que é do passado era melhor do que está sendo vivenciado no presente (MARCONDES, 2009). Tanto uma como outra estão presentes na vida social mais ampla e, de certo modo, restringem a efetiva compreensão da ética e suas implicações sociais políticas e históricas. ÉTICA E LEGISLAÇÃO APLICADA NO PROCESSO DE AUDITORIA 12 Necessidade de mudanças A outra visão aponta para a “necessidade de mudanças”, uma visão de amadurecimento político: na realidade, “o sentimento de que há mais escândalos hoje do que no passado resulta de que hoje somos talvez menos tolerantes com esse tipo de falta, há menos censura, o sucesso de denúncias e investigações leva a novas denúncias” (MARCONDES, 2009, p. 41). Por essa perspectiva, o aumento de casos de corrupção representaria uma maior preocupação com ética no meio social, uma maior divulgação via meios de comunicação, e não o contrário. Ser paralisante Outra consideração sinalizada por Marcondes (2009) trata das implicações da crise ética como “ser paralisante”. Tal postura poderia resultar em uma visão de que a crise ética não teria solução ou que a sua resolução estaria fora da alçada das ações humanas, resultando em uma postura fatalista ou derrotista. A ética deve ser integral Outro aspecto apontado por Marcondes (2009) aborda a aplicabilidade da ética nos vários campos de atuação, quer público, quer privado. Considera que a “ética deve ser integral, de que não é possível ser ético apenas em alguns aspectos de nossas condutas, de que a ética não pode ser compartimentalizada” (MARCONDES, 2009, p. 43). Atenção As duas últimas implicações citadas – a crise ética como algo paralisante e a ética não podendo ser fragmentada – revelam situações reais e as consequências sobre a vida de cada um de nós como seres individuais, mas também como seres coletivos que somos. ÉTICA E LEGISLAÇÃO APLICADA NO PROCESSO DE AUDITORIA 13 Atividade proposta Leia o artigo intitulado http://pepsic.bvsalud.org/pdf/aletheia/n22/n22a10.pdf “Assédio moral: a dignidade violada", de Roberto Heloani, e responda: quais medidas você considera necessárias para que possamos reduzir as práticas de assédio moral no interior das organizações? Chave de resposta: O autor sugere, além de medidas legais e normativas via código de ética, que as empresas, via departamento de Recursos Humanos, possam criar mecanismos que permitam a denúncia clara e objetiva sem constrangimentos àquele que denuncia. Outro fator que precisa ser lembrado é a questão da hipercompetição no interior das organizações; isso deve ser combatido por meio de um projeto de humanização organizacional. ÉTICA E LEGISLAÇÃO APLICADA NO PROCESSO DE AUDITORIA 14 Referências ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Temas de filosofia. São Paulo: Moderna, 1998. ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 2003. BICHUETTI, José Luiz. Gestão de pessoas não é com o RH! Disponível em: http://www.hbrbr.com.br/materia/gestao-de-pessoas-nao-e-com-o- rh - Acesso em: 15 de set. 2014. BLACKBURN, Simon. Dicionário Oxford de filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1997. CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2000. COMPARATO, Fábio Konder. Ética: direito, moral e religião no mundo moderno. São Paulo: Companhias das Letras, 2006. DICIONÁRIO DO PENSAMENTO SOCIAL DO SÉCULO XX. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1996. HELOANI, Roberto. Assédio moral: a dignidade violada. Aletheia, n. 22, p. 101-108, jul./dez. 2005. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/aletheia/n22/n22a10.pdf - Acesso em: 15 de set. 2014. JOHNSON, Allan G. Dicionário de sociologia: guia prático da linguagem sociológica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1997. MARCONDES, Danilo. Desafios da ética no Brasil contemporâneo. In. CHAUVEL, Marie Agnes; COHEN, Marcos (org.). Ética, sustentabilidade e sociedade: desafios da nossa era. Rio de Janeiro: Mauad X, 2009. ÉTICA E LEGISLAÇÃO APLICADA NO PROCESSO DE AUDITORIA 15 Exercícios de fixação Questão 1 Johnson (1997) ao tratar sociologicamente da conduta moral reconhece que ela tem um fundamento social, EXCETO na seguinte afirmação: a) Jamais tem o interesse individual do ator como finalidade maior. b) Inclui um aspecto de comando, que faz com que todos os indivíduos sintam-se obrigados a executar o que é considerado como correto. c) É vivido como sendo desejável e dele se tira certa satisfação e prazer. d) Sempre tem o interesse pessoal como objetivo principal. Questão 2 Segundo Aranha e Martins (2003), a ação moral de cunho NORMATIVO tem como base: a) Os atos humanos realizados concretamente. b) As regras de ação de modo imperativo, pelo “dever ser”. c) Exclusivamente os fundamentos religiosos. d) As ações dos indivíduos na vida social. Questão 3 Conforme Aranha e Martins (2003), a ação moral de cunho FATUAL tem como base: a) Os pensamentos humanos em seus aspectos ideais. b) As normas de ação idealizadas. c) Exclusivamente os fundamentos laicos. d) Ações humanas realizadas efetivamente. Questão 4 A moral é inerente à vida social; já a coletividade pode ser classificada como CONSTITUÍDA, revelando, consequentemente, momentos e expressões específicos da moral. Assinale a alternativa CORRETA em relaçãoà moral constituída. ÉTICA E LEGISLAÇÃO APLICADA NO PROCESSO DE AUDITORIA 16 a) Se ancora na constituição social. b) Está relacionada aos valores futuros que ajudam a vida em sociedade. c) É representada pelos valores da própria sociedade herdados por nós. d) Está associada aos valores sociais dos antepassados exclusivamente no momento em que estavam inseridos. Questão 5 A moral é referente ao agrupamento humano como coletividade e pode ser classificada como CONSTITUINTE, revelando, igualmente, momentos e expressões específicos da moral. Assinale a alternativa CORRETA. a) É representada pelo questionamento dos valores herdados. b) É a negação do futuro das sociedades. c) Opera exclusivamente no meio individual. d) É referente aos valores futuros da sociedade. Questão 6 Aranha e Martins (2003) ao tratarem dos valores apresentam uma breve diferenciação em duas categorias. Os juízos de realidade são referentes: a) Aos seres humanos e aos objetos que existem e são reais. b) Às qualidades atribuídas aos seres humanos e aos objetos. c) Aos valores que atribuímos à sociedade. d) Aos objetos que são construídos pelos seres humanos. Questão 7 Em relação aos juízos de valor, Aranha e Martins (2003) apontam que podemos afirmar que são eles referentes: a) Aos valores reais dos objetos. b) A uma qualidade que atribuímos às coisas e às pessoas. c) Aos momentos em que vivemos em sociedade. d) Aos indivíduos que existem coerentemente. ÉTICA E LEGISLAÇÃO APLICADA NO PROCESSO DE AUDITORIA 17 Questão 8 Marcondes (2009), ao abordar a crise ética, afirma que a falta de ética e a corrupção não são comportamentos únicos de uma determinada sociedade, mas algo presente em todas as sociedades. O fator diferenciador – maior ou menor grau - entre as sociedades, para o autor é: a) A lei mais rígida que trata da falta da ética. b) O comportamento mais benéfico das pessoas em geral. c) A maneira com que cada sociedade trata das referidas questões. d) A visão mais benévola dos indivíduos na vida coletiva. Questão 9 Marcondes (2009) afirma que uma das consequências da crise ética é o sentimento social muito comum de “nostalgia do passado”. Assinale a resposta CORRETA no que tange ao referido sentimento coletivo. a) “O futuro é sempre melhor do que o passado”, indicando que o que está por vir sempre será melhor. b) “O presente é pior do que futuro”, sinalizando que a atualidade está ruim e o melhor virá no futuro. c) “O passado era melhor, no entanto o futuro também”, indicando que o presente é efetivamente ruim. d) “O passado era melhor”, indicando que o passado era melhor do que o presente. Questão 10 No que tange à postura frente à ética como algo “paralisante” e que “não deve ser compartimentalizada”, podemos afirmar respectivamente que: a) A primeira concepção diz respeito ao sentimento de impotência diante da mudança, enquanto a segunda é referente ao fato de a ética dever ser integral. b) A primeira visão está relacionada à mudança dos valores, enquanto a segunda enfatiza a importância da fragmentação ética. c) A primeira concepção é referente ao valor que é dado ao ser humano, enquanto a segunda questiona a visão integral da ética. ÉTICA E LEGISLAÇÃO APLICADA NO PROCESSO DE AUDITORIA 18 Émile Durkheim: Em verdade, a abordagem de Émile Durkheim vai se direcionar para uma explicação social do nascimento das crenças morais, ou seja, o sociólogo reconhece que é na vida social que devemos buscar a explicação das experiências humanas, quer sejam individuais, quer sejam coletivas. Normas: Podemos considerar, portanto, que as normas são representadas, por exemplo, nas seguintes considerações: “não fale palavrão”, “fale a verdade”, “respeite o pai e a mãe”. O fatual é, então, representado pela efetivação ou não da regra na experiência do cotidiano. Embora diferentes, os dois campos estão relacionados, pois “a norma só tem sentido se orientada para a prática, e o fatual só adquire contorno moral quando se refere à norma” (2003, p. 303). ÉTICA E LEGISLAÇÃO APLICADA NO PROCESSO DE AUDITORIA 19 Aula 2 Exercícios de fixação Questão 1 - D Justificativa: Na realidade, o interesse pessoal é justamente o que não corresponde à definição de ética proposta por Johnson, que está relacionada ao bem comum, à coletividade e ao social. Questão 2 - B Justificativa: A base normativa da moral é justamente o que todos devem buscar e almejar, “o dever ser”, e não necessariamente os seus aspectos pragmáticos e práticos. Questão 3 - D Justificativa: A base fatual da moral é justamente a não idealização da moral e sim a concretização por meio de práticas sociais efetivas. Questão 4 - C Justificativa: A moral constituída decorre dos valores existentes desde os antepassados; por exemplo, quando nascemos, herdamos uma série de valores daqueles que vieram antes de nós os quais muitas vezes reproduzimos. Portanto, não é o isolamento dos valores no passado, mas a reprodução deles no presente. Questão 5 - A Justificativa: A moral constituinte se traduz no questionamento ou na crítica aos valores que nos foram passados, podendo ser revistos e refeitos de modo que possam ser contextualizados à realidade atual – não é simplesmente a negação dos passados, nem tampouco futuros. ÉTICA E LEGISLAÇÃO APLICADA NO PROCESSO DE AUDITORIA 20 Questão 6 - A Justificativa: Os juízos de realidade decorrem de uma visão concreta sobre os seres e as coisas, sem a idealização ou consideração do objeto em si. Questão 7 - B Justificativa: Os juízos de valor são referentes a uma consideração valorativa acerca do que está sendo considerado; há um quê de avaliação moral sobre o que é observado, não se constituindo apenas como uma constatação de existência. Questão 8 - C Justificativa: Sim, em todas sociedades são encontradas posturas corruptas ou antiéticas. O diferencial é o modo como as leis se aplicam e como a sociedade reage em torno de um comportamento considerado errado. Questão 9 - D Justificativa: A visão de senso comum que melhor representa a ideia de nostalgia do passado é a consideração de que o passado era melhor do que o presente. Questão 10 - A Justificativa: A primeira visão está associada a um sentimento de impotência frente à possibilidade de mudar e transformar a realidade, enquanto pela segunda há o reconhecimento de a ética ser integral (não devemos dividir o nosso comportamento ético em diferente áreas de nossas vidas).
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