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3 Unidade 1 - Histórico - Uso dos recursos hídricos ao longo dos séculos 1.1 Introdução O Histórico dos Recursos Hídricos revela um contexto que permite as pessoas conhecerem os eventos voltados a sustentabilidade da Água, destacando seus principais documentos resultantes deste processo, inserindo-se assim na onda civilizatória da sustentabilidade. Este histórico aborda três níveis de referência: internacional, nacional e local (estadual e municipal), revelando as relações da sociedade humana com a natureza. 1.2 Internacional Ano: 1960 Evento: Clube de Roma - Roma / Itália. Destaque: Primeira discussão internacional sobre a adoção de políticas envolvendo aspectos ambientais. Os critérios de uso dos recursos hídricos superficiais que, até então, eram utilizados sem nenhum tipo de regra, foram avaliados. Ano: março de 1977 Evento: Conferência das Nações Unidas sobre as Águas - Mar Del Plata/ Uruguai. Destaque: A Conferência das Nações Unidas sobre Água, lançou as bases para a tomada de posição da comunidade internacional em relação aos recursos hídricos, pela crescente poluição e por sua escassez em face do crescimento insustentável. Ano: janeiro de 1992 Evento: Conferência de Dublin / Irlanda. Destaque: - Preparatória à Conferência do Rio de Janeiro, a Conferência de Dublin sobre Água e Meio Ambiente, propôs, além do princípio de gestão integrada dos recursos hídricos, o reconhecimento do papel da mulher na gestão das águas, sua valoração econômica e os usos múltiplos da água, bem como, a gestão participativa, envolvendo os usuários, planejadores e políticos em todos os níveis. Ano: junho de 1992 Evento: Rio' 92 - Rio de Janeiro / Brasil. 4 Destaque: Foi adotada a Agenda 21, a qual dedica seu capítulo 18 à "Proteção da Qualidade e do Abastecimento dos Recursos Hídricos: Aplicação de Critérios Integrados no Desenvolvimento, Manejo e Uso dos Recursos Hídricos". Todavia, a Agenda 21 é um programa de ação, não contendo elementos em si, que configuram a formação de norma internacional obrigatória. Ano: junho de 1992 Evento: Declaração do Rio - Rio de Janeiro / Brasil. Destaque: Cristalizou princípios referentes à responsabilidade inter e intra gerações, a proteção dos recursos naturais no combate e controle da poluição, entre outros princípios. Em seu Preâmbulo, conclama a formação de novas e equilibradas parcerias globais, através da criação de novos níveis de cooperação entre os Estados e setores chaves da sociedade, como as ONG, entre outros, bem como a adoção de acordos que respeitem os interesses de todos, a integridade do meio ambiente global e o sistema de desenvolvimento. Ano: 1994 Evento: Conferência Ministerial e de Diplomatas sobre Água Potável e Saneamento Ambiental - Nordwijk / Holanda. Destaque: Adotou proposta da gestão integrada dos recursos hídricos. Mais tarde, no 8° Congresso da Associação Internacional de Recursos Hídricos, foi organizada sessão especial sobre o Conselho Mundial da Água. Ano: novembro de 1994 Evento: Assembléia Geral da Associação Internacional dos Recursos Hídricos (IWRA) - Cairo / Egito. Destaque: Realizada durante o Congresso do Cairo, decidiu criar o Conselho Mundial da Água. Portanto, entidade criada a partir da visão corporativa de profissionais da área de recursos hídricos, congregada na Associação Internacional de Recursos Hídricos, com forte participação de representantes dos diversos segmentos de mercado e apoiada por agências das Nações Unidas, e de países desenvolvidos. Ano: 1996 5 Evento: Davos / Suiça. Destaque: O Conselho foi criado com o propósito de ser um "Grupo de Reflexão” (Think Tank) sobre Política Internacional da Água, que consideraria a criação de Fóruns Internacionais de Água, usando como modelo o "Fórum Econômico de Davos". Ano: 1997 Evento: I Fórum Mundial da Água, em Marrakech / Marrocos. Destaque- Hospedado pelo Governo do Marrocos o Fórum contou com a presença de 500 participantes de 60 países e 23 organizações, entre as quais a própria ONU e de órgãos intergovernamentais, 15 associações científicas e de profissionais e representantes de governo, setor privado e ONGs. Na ocasião, o Conselho Mundial da Água, como consta na Declaração de Marrakech, foi incumbido de preparar trabalho intitulado, "Visão sobre a Água no Mundo, Vida e Meio Ambiente no Século XXI”. Também foram estabelecidas as bases para a criação da Comissão Mundial sobre a Água no Século XXI e Estrutura para Ação e a Parceria Global da Água. Ano: junho de 1997 Evento: Assembléia Geral das Nações Unidas - Nova Iork / EUA. Destaque- Importante ressaltar que esta Assembléia considerou a água como a "maior prioridade" para as atividades da Comissão para o Desenvolvimento Sustentável (CDS), durante o biênio 97/98. Ano: março de 1998 Evento: Conferência Internacional sobre Água e Desenvolvimento Sustentável - Paris / França. Destaque: Por ocasião desta Conferência, sob os auspícios do governo francês, foi elaborado o documento "Water in the 21st Century" (Água para o Século XXI), pelo Conselho Mundial da Água. Ano: 2000 Evento: II Fórum Mundial da Água - Haia / Holanda. 6 Destaque: Contou com cerca de 6000 participantes, de todas as partes do mundo. O Brasil esteve presente, mas sua participação não foi equivalente à sua importância estratégica quanto aos recursos hídricos. Ressalve-se a posição firme do País, apoiado por Costa Rica, Paraguai e Uruguai, exigindo que a questão da água fosse discutida exclusivamente e segundo os procedimentos das Nações Unidas. As conclusões do II Fórum Mundial da Água, fortemente marcadas pelo espírito e linguagem do mercado, foram balanceadas graças à posição do Brasil. Ano: setembro de 2000 Evento: Declaração da Cúpula do Milênio Destaque: Realizada durante a 55ª Sessão das Nações Unidas, a questão dos recursos hídricos está referida em especial quanto à universalização dos serviços de saneamento e água potável, com metas para 2015, ligada ao tema-chave da Cúpula, a erradicação da pobreza. Nessa mesma Declaração, a ONU determinou a reforma de sua estrutura, chamando grupos, como as ONGs, as forças de mercado, entre outros, para participarem desse esforço. Esse é um ponto importante que passa a ter reflexos nas relações e práticas internacionais, pois indica a quebra da exclusividade dos Estados e dos Organismos Internacionais enquanto únicos atores da cena mundial e, conseqüentemente, das regras de direito e práticas internacionais. Ano: setembro de 2001 Evento: IV Dialogo Interamericano de Recursos Hídricos - Foz do Iguaçu / Brasil. Destaque: Nos trabalhos preparatórios para a Cúpula do Desenvolvimento Sustentável, entre tantos eventos relativos à gestão das águas, o Diálogo realizado em Foz do Iguaçu, teve como tema “Em buscas de soluções”, quando abordou as seguintes questões 1- Interdependências transfronteiriças e segurança ambiental; 2- Anomalias climáticas, mudanças globais e redução de vulnerabilidade de acidentes naturais; 3- Gerenciamento integrado de recursos hídricos; 4- Megacidades e gerenciamento de seus recursos hídricos. Valoração econômica de água e políticas de águas; 6- Participação pública, alternativas para disputas de conflitos e prevenção de conflitos; 7-Gerenciamento costeiro; 8-Fortalecimento e mobilização institucional; 9-Governabilidade e políticas para recursos hídricos; Água e saúde; 10- Terras úmidas e outros ambientes sensíveis; Gênero e Recursos Hídricos; 11- 7 Gerenciamento de recursos hídricosem regiões áridas e semi-áridas e 12- Educação Ambiental. Ano: dezembro de 2001 Evento: Conferência de Bonn sobre Água Potável / Alemanha. Destaque: Conhecida como Dublin+10, realizada sob o patrocínio do Governo Alemão, introduziu o Diálogo Múltiplo entre Tomadores de Decisão, do qual participaram, além dos estados e organismos internacionais, as ONGs, academias, sindicatos, setor de negócios, povos indígenas, governos locais e o gênero humano. A Conferência foi precedida de consulta pública, realizada em nível mundial, graças aos recursos da internet. A Declaração de Bonn consolida, ainda, o princípio de não condicionar a processo de privatização dos serviços públicos, investimentos e financiamentos para projetos de fornecimento de água potável e saneamento. Ano: fevereiro de 2002 Evento: II Fórum Mundial Social e o Seminário Preparatório “Um Mundo Sustentável é Possível” - Porto Alegre / Brasil. Destaque: Realizado em Porto Alegre, onde as questões essenciais para a proteção dos recursos hídricos foram discutidas.(17) Ano: abril de 2002 Evento: “Dialogo entre Tomadores de Decisão sobre Gestão Sustentável da Água - prioridades para estruturas políticas e melhores práticas” - Ruschlikon / Suíça. Destaque: Realizado em Ruschlikon, a plataforma apresentada pelas ONGs tem foco na bacia hidrográfica, na proteção dos vulneráveis para acesso à água, respeitados os limites vitais, por ser o acesso à água um direito humano, e a indicação de sete passos com respeito à parceria entre os setores público e privado, quais sejam: transparência e controle democrático, aumento do acesso, em especial para os pobres aos serviços de água, melhor qualidade da água e confiabilidade no suprimento, sustentabilidade ecológica e social, eficiência; órgão colegiado regulatório forte e independente e balanço dos riscos. Propôs, ainda, uma convenção internacional sobre água potável. 1.2 Nacional 8 Destaque: O uso dos recursos hídricos no Brasil começou a tomar corpo a partir do final do século XIX, com o surgimento e consolidação da demanda de energia elétrica. Ano: 1934 Evento: Código das águas Destaque: As atribuições e competências sobre recursos hídricos eram afetas ao Ministério da Agricultura (MA). Refletia assim a prioridade dos recursos hídricos do país, uma vocação agrícola. Ano: A partir da década de 50 Destaque: As competências encontraram nicho específico no âmbito do setor elétrico, no Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica (DNAEE), órgão de administração direta do Ministério das Minas e Energia (MME), responsável por uma estratégia governamental voltada a infra-estrutura dos parques industriais. Ano: 1963 Destaque: Inicia-se a experiência com Bacias Hidrográficas no Brasil, com os primeiros Planos de Desenvolvimento de Bacias Hidrográficas no Nordeste brasileiro, realizado pela SUDENE, com a cooperação técnica dos franceses. No ano seguinte, os franceses aprovavam a sua lei nacional de gerenciamento da água, criando o hoje famoso e copiado sistema de Agências de Bacia. Ano: 19 de outubro de 1977 Destaque: com a organização da ABRH – Associação Brasileira de Recursos Hídricos, os estudos e debates sobre a institucionalização do Gerenciamento dos Recursos Hídricos se aceleraram. Ano: 13 de novembro de 1987 Evento: VII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos e Hidrologia Destaque: Carta de Salvador, emanada das discussões no Simpósio, apontava-se à necessidade de institucionalização do Sistema Nacional de Gestão de Recursos Hídricos, com a participação da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, divulgando a sociedade brasileira os fundamentos básicos sob os quais 9 a gestão de recursos hídricos deve ser implantada, com a esperança de contribuir para o desenvolvimento econômico e social do país se faça em harmonia com o uso racional e a conservação dos recursos hídricos. Ano: 1989 Evento: VIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos Destaque: Carta de Foz do Iguaçu, aprovada em Assembléia Geral Ordinária realizada em 30 de novembro de 1989, em Foz do Iguaçu, na seção de encerramento do Simpósio, a Associação Brasileira de Recursos Hídricos divulga a sociedade brasileira os princípios e diretrizes do gerenciamento dos recursos hídricos. Destaque: Os Comitês de Estudos Integrados, nos anos 70, os Consórcios Intermunicipais nos anos 80 e os Comitês de Gerenciamento nos anos 90, são as respostas às políticas Estaduais de Recursos Hídricos. Ano: 1991 Evento: IX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos Destaque: Carta do Rio de Janeiro - Aprovada em Assembléia Geral Ordinária realizada em 14 de novembro de 1991, durante a seção de encerramento do Simpósio, a Associação Brasileira de Recursos Hídricos divulga a sociedade brasileira que são indispensáveis o planejamento e gestão integrados, considerando as peculiaridades regionais. Ano: 1991 Destaque: Inicia-se no país um processo dinâmico de debates, estudos e intervenções sobre gestão de recursos hídricos. Esse processo deu origem ao Projeto de lei nº 2.249, encaminhado pelo Governo Federal ao Congresso Nacional em 14 de novembro de 1991. Esse projeto introduz princípios, objetivos e instrumentos para uma moderna gestão da água. Ano: 1993 Evento: X Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 10 Destaque: Carta de Gramado, aprovada em Assembléia Geral Ordinária realizada em 11 de novembro de 1993, em Gramado, na seção de encerramento do Simpósio, a Associação Brasileira de Recursos Hídricos com seu corpo associativo, contribua expressivamente para a formulação de uma política de desenvolvimento científico, tecnológico e de capacitação de recursos humanos na área de recursos hídricos. Ano: 1995 Destaque: A responsabilidade simultânea pela política de geração de energia elétrica e pela administração/gestão de recursos hídricos por parte do setor elétrico perdurou até 1995, quando foi criado espaço administrativo específico no âmbito do Ministério do Meio Ambiente (MMA), na forma de uma Secretaria de Recursos Hídricos (SRH). 1.4 Local Ano: 1985 Evento: Criação do Conselho Estadual dos Recursos Hídricos (CERH) Destaque: O processo de gerenciamento dos Recursos Hídricos no Estado de Santa Catarina mobilizou-se a partir das grandes enchentes de 1983 e 1984 no estado, principalmente no vale do Itajaí, com isso criou-se o CERH , como órgão de deliberação coletiva, vinculado ao Gabinete de Planejamento e Coordenação Geral. Ano: No período de 1985 e 1992 Destaque: O CERH promoveu estudos de implantação de Gerenciamento de Recursos Hídricos, só que na forma setorizada de algumas bacias hidrográficas, ou seja, através de órgãos como a CASAN, Secretarias do Meio Ambiente, entre outros. Ano: setembro de 1987 Destaque: Completam os estudo de viabilidade para construção da Usina Hidrelétrica de Campos Novos. Ano: 1992 Destaque: Criou-se a 1ª Gerência de Recursos Hídricos, onde juntamente com o CERH, iniciaram estudos para formação de uma Política Estadual de Recursos Hídricos (PERH). 11 Ano: 1993 Destaque: Fica instituído pela Lei Estadual nº 9.022/93, o Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hídricos, com o objetivo de implementar a Política Estadual de Recursos Hídricos e a formulação, atualização e aplicação do Plano Estadual dos Recursos Hídricos, congregando a sociedade civil, órgãos e entidades estaduais e municipais intervenientes no planejamento e no gerenciamento dos Recursos Hídricos. Ano: 1994Destaque: Foi criada a Política Estadual dos Recursos Hídricos (PERH), pela Lei Estadual nº 9.748/94 como instrumento de utilização racional da água compatibilizada com a preservação do meio ambiente. E com isso, começou a implantação de Comitês de Gerenciamento de Bacias Hidrográficas e outros projetos foram elaborados no estado, como macrozoneamentos e ocupação de solos. Destaque: Atualmente está sendo desenvolvido o 1º Plano de Bacias Hidrográficas, que será o “Plano Integrado da Bacia Hidrográfica do Tubarão e complexo Lagunar”, e ainda o processo de regulamentação onde deverão ser implementados os instrumentos do uso da água no estado como: outorga, cobrança pelo uso da água, enquadramento dos cursos d’água e sistema de informação. Ano: 2000 Evento: Assinado o Protocolo de Intenções visando a elaboração da Agenda 21 Catarinense Destaque: Assinado no dia 05 de julho, com o objetivo de oferecer diretrizes para o crescimento do Estado de Santa Catarina, visando o desenvolvimento que, além de aumentar as ofertas de bens e serviços, possa satisfazer as necessidades de grande parte da população, com baixos custos ambientais, alcançando principalmente as áreas sociais e culturais. Ano: 2000 Evento: Criação da Comissão Executiva da Agenda 21 Catarinense 12 Destaque: Criada no dia 06 julho. Composta por 14 instituições, sendo 4 do terceiro setor, 2 do setor privado, 3 do setor público direto, 4 do setor público indireto e a Universidade Federal de Santa Catarina. Ano: 2000 Evento: Constituída a Comissão Executiva Ampliada Destaque: Foi constituída em 05 de outubro de 2000, com 34 instituições, das quais 27 estarão coordenando diretamente os trabalhos de pesquisa e composição dos diversos assuntos da Agenda 21 Catarinense. Destaque: Atualmente no Estado de Santa Catarina estão em funcionamento os seguintes Comitês de Gerenciamento de Bacias Hidrográficas, em processo de mobilização ou a ser lançados, além dos consórcios intermunicipais, segundo sua data de criação: - Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Itajaí (12/03/1998); - Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Camboriu (29/04/1998); - Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão (14/10/1997); - Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Cubatão (06/09/2001); -Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Cubatão - Norte (23/11/1998); - Comitê de Gerenciamento da Lagoa da Conceição (20/11/2000); - Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio do Peixe (10/08/2001); - Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Itapocu (05/09/2001); - Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Tijucas (05/09/2001); - Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Canoas (05/09/2001; - Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Araranguá (12/12/2001); - Pró Comitê Rio Mampituba (em processo de mobilização); - Pró Comitê Rio Iguaçu (em processo de mobilização); - Pró Comitê Rio Jacutinga (em processo de mobilização); - Consórcio Intermunicipal de Gestão Ambiental Participativa do Alto Uruguai Catarinense – Consórcio Quiriri; - Consórcio Intermunicipal da Bacia Hidrográfica do Rio Canoinhas – Consórcio Bem-te-vi. 13 - Consórcio Intermunicipal de Gestão Ambiental Participativa do Alto Uruguai Catarinense - Consórcio Lambari. Unidade 2 - Projetos e Equipamentos de um Setor Aquático 2.1 Piscina O principal motivo de se construir uma piscina terapêutica é proporcionar reabilitação aquática para a pessoa lesada e deficiente. Portanto, é importante que o estabelecimento reflita esse propósito por meio de aspectos do projeto que abordem as necessidades fisiológicas e psicológicas de seus usuários (KOURY, 2000). Provavelmente o item de projeto mais inovador disponível para construtores de piscina hoje é o fundo móvel. Esse tipo de sistema permite que ocorram mudanças de profundidade em questão de minutos e que pacientes em cadeira de rodas sejam trazidos diretamente do deque para o piso da piscina, que em seguida pode ser abaixado a profundidade desejada (KOURY, 2000). Rampas podem ser instaladas para facilitar a entrada dos que não conseguem descer degraus ou uma escada. Degraus com corrimão em diferentes alturas (pelo menos duas) também devem ser incluídos em piscinas com entradas alternativas. Os degraus devem ser largos e baixos (KOURY, 2000). Elevadores podem ser úteis quando não é possível nenhum outro sistema de entrada, como numa piscina funda ou numa piscina acima do solo (KOURY, 2000). Deve-se também instalar barras em piscinas fundas como um auxílio para exercícios específicos ou para segurança (KOURY, 2000). O deque da piscina é construído de material antiderrapante (RUOTI e cols 2000). A piscina multiuso tem 22,5 m de comprimento e 13,5 m de largura, com uma temperatura media na faixa de 27,7ºC A 29,4ºC. uma rampa de dupla largura permite a entrada de cadeira de rodas com uma razão de descida de 1:24 (descida de 10 cm para cada 2,40 m de comprimento). O terapeuta pode usar a rampa para ajoelhar, deitar ou acomodar o paciente para tratamento (RUOTI e cols 2000). 2.2 Área de circulação A área de recepção e saguão devem ser próximos da área de estacionamento, e permitir aos usuários um entrada fácil. O acesso não deve ser dificultado por obstáculos aos usuários de cadeiras de rodas. Jarros de plantas, cadeiras extras, 14 estantes de revistas, portais estreitos ou portas pesadas causam dificuldade em chegar à área de tratamento. Equipamento essencial na área de recepção inclui estações de computadores, as necessárias máquinas de escritório, um câmera de vídeo de vigilância da área da piscina, e um sistema de comunicações interno do edifício (RUOTI e cols, 2000). O escritório do administrador deve ter fácil acesso e supervisão, a sala deve ser bem ventilada com todos os móveis construídos de materiais resistentes a ferrugem para contrabalançar os efeitos da umidade (RUOTI e cols, 2000). 2.3 Vestiários Um bom projeto de vestiário é aquele que proporciona visibilidade para a área exterior, não requer que os usuários andem no deque e permite acesso direto para a piscina. Isso evita a disseminação de doenças infecciosas que podem ser levadas para o deque nos calçados de passeio (KOURY, 2000). Deve ter um vestiário tanto para os pacientes quanto para a equipe (CAMPION, 2000). Os regulamentos do código de construções especificam que cada pessoa disponha de um espaço de 0,45m2 para vestir-se. Entretanto, uma instalação bem planejada concede até 1,8m2 para vestiário por pessoa. O número de vestiários e chuveiros é determinado pelas necessidades dos usuários e pelo número total de pessoas que passam pela unidade (CAMPION, 2000). Pias (devem atender os padrões para deficientes), toaletes e chuveiros são acessórios exigidos pelo código. As duchas devem ser posicionadas de modo que a água saia na transversal em vez de diretamente do chuveiro. Isso ajuda a manter a água longe do piso e permite ao usuário determinar a temperatura antes de molhar o corpo. Corrimões de aço inoxidável devem ser instalados nas áreas do chuveiro e vestiários (KOURY, 2000). Os chuveiros e sanitários devem estar localizados em áreas separadas das dos vestiários, porém essas áreas necessitam de um acesso fácil e devem ser suficientemente grandes de modo a receber as cadeiras de rodas (CAMPION, 2000). 2.4 Materiais e equipamentos Os equipamentos envolvem tanto aos itens internos da piscina – fixos e móveis– quanto os externos. 15 A utilização de equipamentos especiais para diferenciação de intensidade e com finalidades motivacionais é recomendável. Para uma melhor utilização destes equipamentos aconselha-se utilizá-los de acordo com sua classificação: EQUIPAMENTOS FLUTUANTES 1. Para assistência – movimento deve ser executado a favor da flutuação. 2. De apoio – servem de sustentação do cliente durante a sessão ou em determinados movimentos. 3. Para resistência – movimento deve se executado contra a ação da flutuação. EQUIPAMENTOS RESISTIVOS 1. Estes equipamentos não tem flutuabililidade, atuam de acordo com sua área de superfície frontal. 2. Para resistência – os movimentos devem ser executados contra a ação da resistência frontal ao movimento. EQUIPAMENTOS DE PESO 1. Devem ser utilizados como auxílio para clientes com muita flutuabilidade ou na transferência para a terapia em terra. 2. Para resistência – os movimentos devem ser realizados contra a ação da gravidade. EQUIPAMENTOS MISTOS 1. A utilização destes equipamentos estão diretamente realizadas com o objetivo do instrutor ou terapeuta. 2. São geralmente flutuantes e também resistivos. EQUIPAMENTOS CONSIDERADOS COM OUTROS 1. Exemplos de equipamentos considerados como outros: - Step - Bastão - Emborrachados 2.5 Equipe multidisciplinar O trabalho em equipe é tudo, mas é necessário abdicar de vaidades pessoais em prol do grupo, conhecer e respeitar a intersecção de conjuntos, ou seja, do espaço de cada integrante, dos seus direitos e deveres. Chegar a formar uma equipe multidisciplinar é o primeiro passo, mas de nada adiantaria se cada membro atuasse de modo individual, pois o ideal é a formação de um grupo interdisciplinar, com cada profissional ocupando-se de sua área 16 específica, mas também se preocupando com o que acontece paralelamente, de forma que o tratamento seja global, integrativo e interativo, sendo fundamental a troca de informações. É necessária a avaliação inicial abrangente, com o envolvimento de tantos profissionais quantos forem necessários. Serão traçadas a terapia de tratamento, as alternativas e reuniões periódicas para avaliar a evolução. Unidade 3 - Qualidades Físicas 3.1 Força É a capacidade máxima de um músculo ou grupo muscular tem de gerar um padrão específico de movimento em uma determinada velocidade. Como Desenvolver: Diferentes estratégias REGRA GERAL -tempo – 30seg máximo (Kruel/ 2002) 2 a 5 séries de 5 a 15 repetições ( ou /subjetivo) ACELERAÇÃO 3.2 Resistência É a capacidade de um músculo ou grupo muscular tem de realizar movimentos (contrações) durante um determinado tempo sem perda da qualidade de execução. Características principais para eficiência do trabalho de resistência muscular no meio aquático: - Intensidades: Baixas a moderadas - Amplitudes: Grandes Amplitudes ou máxima permitida - Repetições: Muitas repetições X Tempo - Tempo: Mínimo de 3 minutos e 30 segundos por grupo. - Velocidade. 3.3 Flexibilidade A flexibilidade corporal é uma das principais variáveis da aptidão física relacionada à saúde e ao desempenho físico, pode ser definida como a amplitude máxima passiva fisiológica de um dado movimento articular. A flexibilidade varia em 17 função da idade, do gênero e do padrão de exercício físico regular. A flexibilidade não se apresenta de modo uniforme nas diversas articulações e nos movimentos corporais, sendo comum, em um dado indivíduo, que sua amplitude máxima seja boa para determinados movimentos e limitada para outros, representando o que se convencionou denominar especificidade da flexibilidade. Unidade 4 - Propriedades Físicas da água 4.1 Densidade Relativa A Densidade Relativa de um corpo é a propriedade que determina se ele flutua ou não, ou seja é a relação entre a massa do corpo e a igual massa de volume de água deslocado. Se este valor for maior que 1, este corpo afundará; se for menor que 1 flutuará; e se for igual a 1 flutuará logo abaixo da superfície da água. A Densidade Relativa do Corpo Humano na água com os pulmões cheios de ar é de 0,95 e pode variar em função de alguns fatores como: sexo, idade, constituição muscular, composição corporal. 4.2 Gravidade Específica O princípio de Arquimedes afirma que quando um corpo está imerso total ou parcialmente em um líquido em repouso, ele experimenta um empuxo de baixo para cima igual ao volume de água deslocado. Um corpo na água está portanto submetido a duas forças em oposição: ação da GRAVIDADE X ação da FLUTUAÇÃO. É fundamental para os exercícios aquáticos, a conscientização por parte do instrutor / terapeuta, sobre as ações destas duas forças físicas durante todo o trabalho na água, pois embora a ação da Flutuação seja de suma importância para a determinação dos exercícios, esta “batalha” estará sendo vencida pela ação da Gravidade quando em posição vertical. E, ainda: a força que atua com maior intensidade dentre estas estará sendo determinada por outros fatores, como profundidade, temperatura, e o uso de diferentes tipos de equipamentos. 4.3 Flutuação Dentre as propriedades físicas de maior relevância para os exercícios aquáticos , a flutuação toma lugar importante, pois pode ser considerada como uma 18 das primeiras forças sentidas no momento em que o indivíduo entra no meio aquático. Define-se como sendo a força que atua em sentido oposto à ação da gravidade (experimentada como empuxo para cima). A Flutuação pode ser de assistência (assistiva), quando o movimento é executado na mesma direção desta força; de resistência (resistiva), quando o movimento é executado em oposição à força da flutuação; ou ainda de apoio, quando o movimento é executado perpendicularmente à força da flutuação. De acordo com a ação básica a utilização desta força implicará na ajuda ao fortalecimento muscular, “relaxação” articular, diminuição do stress mecânico, suporte de parte da massa corporal etc. 4.4 Pressão Hidrostática A Pressão Hidrostática aumenta 0,43psi (pressão atmosférica) por pé de profundidade, e por isso não é aconselhável que pessoas com comprometimentos respiratórios ou capacidade vital abaixo de 1500ml, (alguns autores consideram 1.000ml) sejam levadas para piscinas com profundidades em que a caixa torácica esteja submersa. Tais pessoas podem sentir dificuldades na respiração uma vez que a pressão da água resiste à expansão torácica. A utilização prática desta propriedade resulta em aproveitamento da sobrecarga natural do meio, estímulo à circulação periférica, fortalecimento da musculatura envolvida na respiração, facilitação do retorno venoso, estabilização das articulações instáveis, ajuda a redução de inchaços (edemas). 4.5 Viscosidade Definida como termo científico para medir o atrito que ocorre entre as moléculas de um determinado elemento e que será coadjuvante no efeito massageador da água e nas resistências oferecidas pelo meio líquido; ou como a refração – deflação de um raio de luz quando ele passa de um meio para outro de densidade diferente. Unidade 5 - Aspectos Biológicos da Terapia Aquática 5.1 Alterações cardiovasculares após imersão 19 Imediatamente após a imersão, como conseqüência da ação da pressão hidrostática, 700ml desangue são deslocados dos membros inferiores para a região do tórax, causando um aumento do retorno veno-linfático, significando um aumento de 60% do volume central. A pressão intratorácica aumenta de 0,4 mmHg para 3,4 mmHg e a pressão do átrio direito aumenta de 14mmhg para 18mmhg e a pressão venosa central aumenta de 2 a 4 mmHg para 3 a 16mmhg, sendo que a pressão arterial pulmonar aumenta de 5 mmHg no solo para 22 mmHg em imersão. O débito cardíaco (volume sangüíneo x a freqüência cardíaca) aumenta de 30 a 32% associado a uma diminuição de aproximadamente 10 batimentos por minuto ou de 4% a 5% da freqüência cardíaca em bipedestação no solo. As alterações circulatórias associadas com as modificações na pele e conseqüentemente na termoregulação vão exigir cuidados durante a terapia na água. Os idosos não só “sentem mais frio” como também perdem calor com mais rapidez, ficando o paciente pálido e com os lábios azulados. Em água em temperatura termoneutra, o calor precisa ser gerado pelo trabalho muscular, por isso os períodos de relaxamento devem ser mais curtos e o controle da perda de calor limitado por maiores períodos de imersão até o pescoço. Também pode ser preciso diminuir a duração das sessões, e se necessário aumentar sua freqüência. No caso da temperatura elevada da água (igual ou superior a 33°C) poderá ocorrer hipertermia e o paciente fica com a face hiperemiada, suada, e sensação de tontura ou fadiga. A observação constante dos idosos durante a terapia e a considerações de suas reclamações sobre a temperatura da água devem fazer parte da rotina de tratamento. Em caso desse tipo de intercorrência o paciente deverá ser retirado da piscina, colocado em repouso e ser monitorado enquanto cuida-se para que sua temperatura retorne ao normal. 5.2 Efeitos da imersão na respiração As alterações na função respiratória são desencadeadas pela ação da pressão hidrostática de duas maneiras diferentes (BECKER &COLE, 1997; TIPTON & GOLDEN, 1996; AGOSTINI et al., 1966): - Aumento de volume central - A compressão da caixa torácica e abdome O centro diafragmático desloca-se cranialmente, a pressão intratorácica aumenta de 0,4 para 3,4 mmHg; a pressão transmural nos grandes vasos aumenta 20 de 3 a 5 mmHg para 12 a 15 mmHg. Essas alterações por sua vez aumentam o trabalho respiratório em 65%. A capacidade vital sofre uma redução de 6% e o volume de reserva expiratório fica reduzido de 66%. A alteração da capacidade pulmonar se deve essencialmente à compressão sofrida pela pressão hidrostática (RUOTI et al, 2000). Um estudo de AGOSTINI et al. (1966) demonstrou que o volume de reserva expiratório fica reduzido, em média, de 1,86 para 0,56 litros e a capacidade vital ficou reduzida em torno de 9% do valor encontrado em terra, reduzindo sua cirtometria torácica (ou toracometria) em aproximadamente 10%. A média de pressão atuando sobre a parede torácica, em diferentes volumes pulmonares durante a imersão até o pescoço, no final de uma expiração espontânea é de 31 cmH²O a pressão na parede abdominal, imediatamente abaixo do diafragma é de 12 cmH²O (AGOSTINI et al., 1966). O sistema cardiovascular e respiratório do idoso respondem de forma menos eficientemente ao estresse fisico. Assim, a freqüência cardíaca máxima, que é aproximadamente 220 bpm menos a idade, é reduzida em um bpm por ano, diminuindo a freqüência de treinamento. O cuidado maior se dá em função de que alterações na freqüência cardíaca durante o exercício podem ficar mascaradas pela redução de 10 bpm decorrente da imersão (BAUM, 2000). Em função das perdas no sistema respiratório, a pressão hidrostática exercida pela água sobre o tórax pode significar uma sobrecarga exagerada, e portanto deverá ser avaliada no solo e em imersão (WILLIAMS, 1995). 5.3 Efeitos da imersão na excreção de sódio A resposta renal à imersão inclui o débito urinário aumentado (diurese) com perda de volume plasmático, sódio (natriurese), perda de potássio (potassiurese) e supressão de vasopressina, renina e aldosterona plasmática. A imersão em água fria potencializa a resposta. O papel da diurese de imersão é usualmente explicado como um forte mecanismo compensador homeostático para contrabalançar a distensão sofrida pelos receptores pressóricos cardíacos. A atividade simpática renal diminui devido a uma resposta vagal causada pela distensão atrial que por sua vez aumenta o transporte tubular de sódio, com diminuição de aproximadamente de um terço da resistência vascular renal. A excreção de sódio aumenta, acompanhada pelos hormônios renina, aldosterona e 21 hormônio antidiurético. A aldosteron controla a reabsorção de sódio nos túbulos distais, atingindo um máximo após três horas de imersão. Outro fator importante é a regulação de sódio nos túbulos distais, atingindo um máximo após três horas de imersão. Outro fator importante é a regulação do peptídeo atrial natiurético (ANP) que é suprimida em 50% de sua função no solo, após a imersão. Acompanhando as alterações em alguns neurotransmissores do sistema nervoso autônomo- catecolaminas (sendo as mais importantes nesse caso a epinefrina, a norepinefrina e a dopamina)- que agem regulando a resistência vascular, a freqüência cardíaca e a força de contração cardíaca e são ativadas logo após a imersão. Esses mecanismos são amenizados com o tempo de imersão, mas em situação terapêutica, de aproximadamente ema hora de imersão, os efeitos persistem após várias horas após a imersão (BOOKSPAN, 2000). 5.4 Modificações fisiológicas e terapêuticas durante o exercício em água aquecida Durante os exercícios em água aquecida ocorre algumas modificações fisiológicas no corpo, como aumento da freqüência respiratória e cardíaca, aumento da circulação periférica o que leva a um maior suprimento de sangue para o músculo, conseqüentemente aumenta o metabolismo muscular e a taxa metabólica, aumenta a quantidade de sangue retorno ao coração o que diminui a pressão arterial, diminuição de edema pela pressão hidrostática e redução da sensibilidade dos terminais nervosos que somadas com todas as outras causam um relaxamento muscular geral. Unidade 6 - Indicações e Contra Indicações da Hidroterapia A hidroterapia é indicada para todas as áreas da fisioterapia que envolvam problemas de ordem traumato-ortopedicos, esportivos, neurológicos, reumáticos, cardiopatas, pneumopatas, estéticos, etc. As indicações mais comuns para um tratamento hidroterápico são para os pacientes que apresentam os seguintes sinais e sintomas: - Elevado nível de dor - Edemas de extremidades - Desvios da marcha - Diminuição da mobilidade - Fraqueza muscular generalizada 22 - Baixa resistência muscular - Impossibilidade de sobrecarga nos membros inferiores - Resistência cardiovascular diminuída - Contraturas articulares - Disfunções posturais - Habilidades diminuídas - Interação social do paciente Outros.... 6.1 Condições que requerem cuidados Como em qualquer modalidade de tratamento, existem também as contra- indicações à terapia em piscina e em alguns casos são necessárias precauções a fim de prevenir a proliferação de doenças e constrangimentos ao paciente. As contra-indicações são consideradas absolutas ou relativas de acordo com a gravidade da patologia. As que devem ser mais observadas são: - Doenças transmitidas pela água (infecções de pele - tinea pedis e tinea capitis) - A - Febre acima de 38°C - A - Insuficiência cardíaca - A - Pressão arterial descontrolada- A - Incontinência urinária e fecal - R - Epilepsias - R - Baixa capacidade pulmonar vital - R - Doenças sistêmicas - R - Sintomas de trombose venosa profunda - A 6.2 Elaboração de uma sessão de hidroterapia e uso de equipamentos Fase I – Adaptação ao meio aquático Exercício 1: controle respiratório • Posicionamento: posição semi-sentada sem apoio posterior, com imersão no nível dos ombros. Ombros em flexão de 90º e cotovelos em extensão. • Atividade: expirar lenta e prolongadamente pela boca sobre a água, com boca imersa e posteriormente com boca e nariz imersos. Fase II – Alongamento. Os alongamentos são mantidos por 30 segundos 23 Exercício 2: alongamento dos músculos isquiotibiais • Posicionamento: posição ortostática com as costas apoiadas na parede. • Atividade: elevar um dos membros inferiores, manter extensão do joelho e flexão dorsal do tornozelo. Exercício 3: alongamento dos músculos tríceps sural e íliopsoas • Posicionamento: posição ortostática com as mãos apoiadas na borda da piscina. • Atividade: realizar um passo largo à frente, manter o joelho anterior em flexão, o joelho posterior em extensão e os pés em contato com o fundo da piscina. Fase III – Exercícios para equilíbrio estáticos e dinâmicos As velocidades e freqüências indicadas são médias aproximadas. Exercício 4: marcha em círculo com as mãos dadas e mudanças de sentido esporádicas. • Atividade: marchar lateralmente, de frente e de costas, alternando nos sentidos horário e anti-horário, três vezes em cada tipo de marcha (1’ para cada tipo de marcha, velocidade: 0,40m/s). Exercício 5: marcha em fila • Posicionamento: apoiar as mãos na cintura do indivíduo da frente. • Atividade: deslocar-se na piscina realizando curvas e mudanças de direção. Atividade conduzida pelo fisioterapeuta (3’, velocidade: 0,40m/s). Exercício 6: Marcha para frente impulsionando os membros inferiores com vigor. • Atividade: marchar com maior velocidade e impulsão (45m, velocidade: 0,50m/s). Exercício 7: Marcha para trás. (45m, velocidade: 0,50m/s) Exercício 8: Marcha lateral com passos largos. (45m, velocidade: 0,55m/s) Exercício 9: Marcha com um pé à frente do outro • Atividade: marchar apoiando um pé imediatamente à frente do outro, e assim sucessivamente (45m, velocidade: 0,20m/s). Exercício 10: Marcha com rotação de tronco • Atividade: caminhar para frente levando a mão ao joelho oposto em flexão, de forma alternada (45m, velocidade: 0,30m/s). Unidade 7 - Método dos Anéis de Bad Ragaz O método dos anéis de Bad Ragaz é uma coleção de técnicas terapêuticas efetuadas na água que foram desenvolvidas através dos anos nas águas termais de 24 Bad Ragaz, na Suíça. Desde a década de 1930, os pacientes têm usado as águas do spa de Bad Ragaz para terapia ativa. Em 1957, avanços técnicos desenvolvidos pelo Dr. Knupfer, de Wilbad, na Alemanha, foram introduzidos em Bad Ragaz por Nele Ipsen. O Dr. Zinn, diretor médico em Bad Ragaz, e sua equipe refinaram e modificaram os exercícios de Knufer, movimentos diagonais tridimensionais foram desenvolvidos e acrescentados aos padrões de exercícios originais de knupfer. Em 1967, os fisioterapeutas Bridget Davis e Verena Laggatt incorporaram os padrões de FNP (facilitação neuromuscular proprioceptiva) de Margaret Knott, resultando na técnica hoje conhecida como método dos anéis de Bad Ragaz. 7.1 Objetivos Em virtude da sua versatilidade, o MABR oferece infinitas possibilidades de variação de exercício para o paciente neurológico, ortopédico e reumatológico. Os objetivos de tratamento incluem redução do tônus, relaxamento, aumento da amplitude de movimento, reeducação muscular, fortalecimento, tração/alongamento espinhal, melhoria do alinhamento e estabilidade do tronco, preparação das extremidades inferiores para sustentação de peso, restaurações de padrões normais de movimento das extremidades superiores e inferiores, melhoria da resistência geral, treinamento da capacidade funcional do corpo como um todo. 7.2 Técnica Os exercícios do método dos anéis de Bad Ragaz podem ser divididos em padrões para o tronco, braços e pernas. Eles também podem ser classificados como unilaterais ou bilaterais. Os padrões bilaterais são adicionalmente definidos com simétricos ou assimétricos. A maioria dos padrões enfatiza padrões recíprocos de movimento. Movimentos recíprocos nem sempre são enfatizados com certas condições e circunstancias dos pacientes. Por exemplo, alguns pacientes com comprometimento neurológicos são incapazes de realizar movimentos recíprocos sem facilitar hipertonia. Em geral os padrões são efetuados em flutuação supino, todavia alguns padrões de braços são realizados em prono e outros padrões de tronco em decúbito lateral. Em virtude da flexibilidade dos padrões e da adaptabilidade da técnica, uma variedade quase infinita de exercícios pode ser desenvolvida pelo terapeuta para maximizar os resultados dos pacientes. 25 7.3 Indicações e Contra Indicações Indicações: O MABR é um método versátil de tratamento que se presta a uma larga variedade de problemas e diagnóstico dos pacientes. Ele é particularmente indicado para: - Condições ortopédicas e reumatológicas, incluindo condicionamento pré-cirúrgico e pós-cirúrgico do tronco e extremidades, fraturas e lesões de tecidos moles. O MABR é valioso para todas as condições artríticas, tais como artrite reumatóide, osteoartrite, fribromialgia e miosite. -Transtornos neurológicos, incluindo acidente vascular cerebral, traumatismo craniano, doença de Parkinson, paraplegia e tetraplegia. Deve-se tomar cuidado com pacientes que exibem hipertonia. Atividades rápidas e fatigantes devem ser evitadas porque aumentam a espasticidade. - Síndromes dolorosas das extremidades superiores e inferiores e das costas. - Distrofia simpática reflexa e problemas semelhantes nos quais dessensibilização sensitiva está indicada. - Pacientes de mastectomia e cirurgia cardíaca que se beneficiam com alongamento e fortalecimento dos quadrantes superiores do tronco bilateralmente. - Sintomas e atraso do desenvolvimento tais como defensividade táctil, uma vez que esses pacientes se beneficiam com o bombardeio sensitivo e compressão pela água. Contra-Indicações Os pacientes devem ser submetidos a uma triagem quanto a todas as contra- indicações médicas a atividades de reabilitação aquática. - Deve-se tomar precaução para evitar fadiga excessiva. Os pacientes recebem uma grande carga de estimulação vestibular quando são puxados, empurrados ou virados na água. - Se houver suspeita de problemas vestibulares em um paciente, o terapeuta deve movê-lo lentamente e vigiar continuamente o aparecimento de nistagmo. Alguns pacientes com má tolerância a estimulação vestibular aumentada podem ser contra- indicados por completo para o tratamento. - Cuidado especial deve ser tomado com pacientes com condições agudas das costas, pescoço e extremidades. Em muitos dos movimentos do MABR, os pacientes afastam-se do terapeuta em um movimento livre que pára somente 26 quando o limite de movimento articular é alcançado. Na articulação normal isso não é um problema, mas no paciente com comprometimento articular agudo poderia causar hiperalongamento e subseqüente lesão articular. Unidade 8 - Método Halliwick O método Halliwick é familiar para maioria dos profissionais de reabilitação aquática que durante algum tempo estiveram envolvidos em aquática. Os que tentaram pesquisar o assunto notaram que muito pouco foi publicado a respeito dessatécnica, e as descrições documentadas disponíveis normalmente eram confusas. O falecido James McMillan, o homem que desenvolveu e continuou a refinar essa técnica, oferecia regulamente cursos em toda a Europa, mais na realidade desenvolveu apenas dois trabalhos descrevendo os seus conceitos. No esforço de reunir informação relativa ao método Halliwick e compreender melhor as técnicas envolvidas, esta autora viajou a Bad Ragaz, na Suíça, para freqüentar o Curso Halliwick Básico em 1992 e o curso de Método Halliwick Avançado em 1993, ministrado pelo próprio McMillan. Cada curso durou 5 dias, com 8 horas de sessões diárias, divididas em palestras e aulas de laboratório. O curso básico explicou por completo o esquema esboçado com o qual a maioria dos profissionais americanos de reabilitação aquática está familiarizada. O curso ensinou habilidades de pré- natação por meio de jogos em um contexto de grupo para pediatria. O Curso Avançado acrescentou informações comumente não disponíveis nos Estados Unidos. Ele focalizou mais as técnicas com um terapeuta para um paciente a ser usadas com populações adultas e para tratar condições ortopédicas e neurológicas. 8.1 Objetivos Os objetivos em uso atual incluem: (1) fortalecer e/ou melhorar grupos musculares fracos, (2) aumentar amplitude de movimento, (3) facilitar reações posturais e de equilíbrio, (4) melhorar a condição física geral, (5) melhorar a adaptabilidade mental, (6) reduzir a dor, (7) reduzir a espasticidade. Técnicas de tratamento especificas para água são usadas para satisfazer esses objetivos. As seguintes técnicas podem ser usadas individualmente ou em conjunção com outras técnicas: 27 Empuxo/ Gravidade - Variar a profundidade da água sobre o paciente para aumentar ou diminuir o suporte pela flutuação. A profundidade critica parece ser ao nível de T11 no paciente. Turbulência - Pode ser usada para auxiliar ou perturbar o controle de equilíbrio de uma maneira muito sutil. Também pode ser usada para mover o paciente através da água e pode ser útil no treinamento de natação. Metacentro - Refere-se a teoria do equilíbrio de qualquer objeto flutuando na água. É uma técnica de exercício muito poderosa porém delicada. Ondas - Podem ser controladas para ser de grande ou pequeno tamanho e ou comprimento de onda e podem criar uma força de trabalho suave e forte. Além dos princípios da mecânica dos líquidos, outros fatores influentes incluem reações neurológicas, algumas das quais são impossíveis de aplicar ao tratamento terrestre: Estimulação da Pele - Muitas vezes usada para obter um grau muito delicado de controle de postura e/ou movimento. Desvio Ocular - Importante o controle da cabeça (p.ex., no paciente com atetose). Transferência - Uma técnica desenvolvida unicamente na água, que consiste na capacidade de criar movimento em uma área do corpo e transferi-lo para outra área. Um plano de tratamento deve ser desenvolvido, incluindo objetivos específicos e atividades para alcançar um resultado final. Uma técnica algorítmica simples pode ser usada para avaliar os resultados. 8.2 Técnica O método Hilliwick usa a “teoria geral dos sistemas” de ensino. Essa teoria, que sugere que nenhuma informação pertence exclusivamente a uma profissão qualquer, é um modelo multidisciplinar que reúne informações a partir de muitos campos de estudo. O programa de McMillan para ensinar os incapacitados a nadar combina informação de muitos campos, incluindo mecânica dos líquidos (engenharia), neurofisiologia (medicina), psicologia, pedagogia (educação) e dinâmica de grupo (sociologia). O método Halliwick tem duas finalidades principais: (1) ensinar aos nadadores a respeito deles mesmos seu controle de equilíbrio na água; (2) ensiná-los a nadar. O emprego de aparelhos de flutuação tais como bóias nos braços anularia esses objetivos. Em alguns casos, o seu uso poderia ser mesmo perigoso. 28 Quatro princípios de instrução foram estabelecidos: Adaptação Mental - Envolve o reconhecimento de duas forças atuando sobre o corpo na água: gravidade e empuxo. Os efeitos combinados dessas forças levam a movimento rotacional. Restauração do Equilíbrio - Enfatiza o uso de grandes padrões de movimento, particularmente com os braços, para restauras e/ou manter o equilíbrio. Esse uso dos momentos de inércia coincide com os ‘’reflexos primitivos’’. A instrução envolve o uso desses movimentos de larga amplitude para mover o corpo para diferentes posturas enquanto ‘e mantido o controle de equilíbrio. A mais importante dessas posturas ‘e a resposta imediata ao movimento em torno do eixo mediano. Inibição - A capacidade de criar e manter uma posição ou postura desejada. Quando a inibição ‘e desenvolvida, o nadador ‘e capaz de conter todo movimento indesejado. Facilitação - A capacidade de criar um movimento mentalmente desejado e fisicamente controlado (p. es., nadar) por quaisquer meios sem recursos de flutuação. Essas fases de aprendizado estão em uma ordem pela qual o córtex cerebral aprende todo movimento físico e são dispostas em uma estrutura conhecida como o Programa de Dez Pontos. Infelizmente, os professores muitas vezes lembram-se da estrutura, mas não da importância da sua seqüência. 8.3 Indicações e Contra Indicações As mesmas para hidroterapia. Unidade 9 - Método Watsu O Watsu, ou water shiatsu (aquashiatsu, hidroshiatsu), foi criado em 1980 quando o autor começou a fazer com que as pessoas flutuassem em uma piscina morna, aplicando os alongamentos e movimentos do shiatsu zen que ele havia estudado na terra, no Japão, e viera ensinar em Harbin Hot Springs. 9.1 Objetivos O Watsu foi criado como uma técnica de massagem ou bem estar que não era necessariamente destinada a pacientes tal como são classicamente definidos. 29 Entretanto terapeutas de reabilitação aquática aplicaram a abordagem a pacientes com uma variedade de distúrbios neuromusculares e musculoesqueléticos e relataram sucesso empírico. Um dos resultados mais benéficos do Watsu é o alongamento eficaz. Através do alongamento, admite-se que os meridianos fiquem mais perto da superfície do corpo, onde a energia que eles carregam pode ser liberada. Esses efeitos são embelezados por movimentos rotacionais que liberam energia bloqueada. O paciente permanece completamente passivo e muitas vezes experimenta um relaxamento profundo a partir a sustentação pela água e o continuo movimento rítmico dos vários fluxos. 9.2 Técnica Usualmente, o terapeuta estabiliza ou move um segmento do corpo através da água, resultando no alongamento de outro segmento em razão do efeito de arrasto. Um Watsu compreende uma transição e seqüência de movimentos especificamente prescritas. Uma vez que as transições sejam aprendidas, o terapeuta pode adaptar- se criativamente à maioria das restrições ou limitações especificas encontradas. De acordo com Morris, “o Watsu pode ser melhor descrito como uma abordagem de reeducação muscular porque os prejuízos específicos (usualmente músculos e articulações retesados ou encurtados) são visados para tratamento, com pouca atenção aos modelos de controle motor”. Além dos efeitos imediatamente aparentes dos alongamentos e mobilizaçòes na água morna, muitos dos princípios do zenshiatsu encontraram também um lugar no Watsu. Em particular, conectar com a respiração assume novas dimensões na água, em terra, a respiração é coordenada com o terapeuta reclinando-se sobre pontos no corpo do paciente, na águao movimento mais básico é a Dança da Respiração na Água, na qual o paciente flutua nos braços do terapeuta e, à medida que ambos expiram, eles afundam um pouco e a seguir deixam a água devolvê-los para cima à medida que ambos expiram, eles afundam um pouco e a seguir deixam a água devolvê-los para cima à medida que inspiram simultaneamente. Repetido várias vezes ao começo de um Watsu, esse exercício cria uma conexão que pode ser levada para todos os alongamentos e movimentos que se seguem. A essa Dança da Respiração na Água e à sua imobilidade retornam ambos, ou “voltam para casa”, através de toda a sessão. 30 9.3 Indicações e Contra Indicações As mesmas para hidroterapia. Unidade 10 - Patologias Ortopédicas 10.1 Objetivos e Aplicações da Hidroterapia nas seguintes patologias: 10.2 Osteoporose Osteoporose é uma condição que leva a perda de massa óssea, estreitamento do corpo ósseo e alargamento do canal medular. É resultado de uma imobilização prolongada, repouso no leito, doenças musculoesqueléticas ou neuromusculares associadas e disfunção hormonal. Essas mudanças são susceptível à fraturas. Depois da artose e principal causa de morte em idosos é a osteoporose. A atividade aquática possibilita a realização de exercícios sem o risco de quedas e fraturas, devido os benefícios da água discutidos adiante. 10.3 Artrose A artrose é um dos problemas mais comuns que afetam muitas pessoas na terceira idade. É uma doença degenerativa, inflamatória, progressiva e irreversível, que acomete as articulações de forma primária ou de forma secundária (traumas, lesões ligamentares, e meniscais, fraturas, infecções, etc). A hidroterapia, como uma modalidade de reabilitação, possui uma longa historia e vem ampliando os métodos de tratamento, evoluindo com a fisioterapia. A água, além de ser um meio prazeroso, constitui um fator importante para a reabilitação em virtude das suas propriedades físicas. Através do tratamento hidroterápico o paciente sente-se mais a vontade em realizar os exercícios em virtude do alívio do peso corporal, redução do impacto articular, redução de edema e diminuição da dor. 10.4 Lesões Traumáticas A Hidroterapia é benéfica quando se deseja pouca ou nenhuma sustentação de peso ou quando há inflamação, dor, retração e/ou espasmo muscular e limitação da amplitude de movimento, que podem de maneira isolada ou conjunta diminuir a função normal. A Hidroterapia também é uma opção para pacientes que estejam incapacitados d realizar exercícios no solo em razão de cirurgia recente, lesão 31 muscular, tendínea ou ligamentar, lesão neuromuscular ou Ortopédica aguda ou crônica, doença Reumatológica ou deficiência neurológica. Os pacientes relatam que na água os movimentos não só se tornam mais fáceis, mas também menos dolorosos, tornando a reabilitação mais rápida. Muitos experimentam aumento do relaxamento, diminuição do espasmo e dores musculares, além de um aumento da amplitude de movimento e força durante as sessões de Hidroterapia. A flutuação do corpo humano na água permite que os pacientes se exercitem mais independentemente durante as sessões, o que o incentiva a assumir maior responsabilidade por sua reabilitação e torna as sessões em grupo uma opção para alguns deles (a terapia em grupo ajuda a estabelecer novas relações sociais além de um compromisso, o que pode dispersar sentimentos de raiva, isolamento, depressão ou ansiedade, que comumente acompanham o processo de doença e recuperação). Benefícios Fisiológicos Após uma lesão, cirurgia ou imobilização, a Hidroterapia facilita o movimento por meio da redução das forças gravitacionais combinadas com os efeitos da flutuação, pressão hidrostática e temperatura mais elevada da água. Flutuação: propicia a redução da ação da gravidade sobre o corpo humano, permitindo a realização de exercícios após uma intervenção cirúrgica ou lesão, quando esta seria dolorosa ou até impossível se realizada fora da água. Também atua provendo estabilização para a coluna ou extremidades que podem estar enfraquecidas em virtude de doenças, cirurgia ou imobilização. A flutuação permite uma posição de conforto, em diversas posições, além de permitir o controle precoce do movimento. A marcha pode ser auxiliada na água, permitindo mais prontamente correções. Correções posturais podem ser feitas com menor esforço e desconforto para o paciente. Viscosidade: a viscosidade da água pode ser utilizada nos exercícios como forma de resistência, quando se visa a melhora do tônus muscular, o aumento de força ou resistência. Pode-se ajustar a resistência através da velocidade do movimento, comprimento e forma da alavanca, a amplitude de movimento e o grau de impulso devido à flutuação. Empuxo: quando o corpo está imerso em líquido, há uma força vertical que o empurra para cima diretamente proporcional ao peso do volume de líquido deslocado, é o chamado Princípio de Arquimedes, ou Empuxo. Ë este fenómeno que permite a diminuição da descarga de peso sobre as articulações. Pressão Hidrostática: o corpo imerso na água sofre pressão desta, esta pressão aumenta de maneira diretamente proporcional à profundidade, ou seja, quanto mais fundo maior a pressão sobre o corpo ou seu 32 segmento. Há então um aumento do retorno venoso das pernas pois estas estão sofrendo maior pressão da água pela profundidade quando o indivíduo está em pé. Temperatura da água: a água aquecida diminui a tensão e dores musculares, proporcionando um ambiente confortável e relaxante para o exercício terapêutico. Psicológicos A reabilitação pode ser bastante frustrante para o paciente, tanto mental quanto emocionalmente. A Hidroterapia pode ser útil como tratamento de lesões onde se estão associadas deficiências psicológicas, aumentando a adesão ao programa de reabilitação pois as pessoas se sentem mais bem-sucedidas na água, pois esta lhes permitiu a execução de movimentos antes não imaginados, ou de movimentos sem dor. A Hidroterapia pode proporcionar variedade e até algum divertimento ao programa de reabilitação, assim o paciente se sente mais confiante na sua recuperação além de tornar algo que poderia ser chato, entediante e dolorido em algo que lhe proporciona muito prazer. Desta maneira sua frequência às sessões é melhor, seu empenho nos exercícios é maior e a sua satisfação é completa. Além destes benefícios, a Hidroterapia oferece ainda diversas vantagens sobre outras técnicas de reabilitação. A flutuação garante suporte e estabilidade às articulações acometidas, além de proporcionar assistência e, progressivamente, resistência ao movimento. A pressão hidrostática também ajuda na estabilização das articulações além de ajudar à diminuir edemas e melhorar a circulação. O aumento da circulação melhora a condição da pele afetada pela cirurgia ou imobilização e acelera a cura ao implementar a nutrição na área lesada. A circulação também é melhorada em decorrência do aumento da temperatura mais elevada da água. Esta temperatura também ajuda à diminuir a espasticidade ou espasmo muscular, estimulando o relaxamento muscular, diminuindo então a dor e facilitando a realização de exercícios de alongamento e fortalecimento, visando a restauração das amplitudes normais de movimento precocemente. Ao permitir o movimento precoce, têm-se uma melhora da circulação, portanto das estruturas lesadas e das amplitudes de movimento. Se reestabelece precocemente a biomecânica articular, permitindo um funcionamento normal da articulação, evitando-se novas lesões, atrofias musculares e formação de fibroses cicatriciais,que limitariam os movimentos normais. Tem-se ainda que levar em consideração os efeitos sobre os diversos sistemas do corpo humano. Dentro da água há um aumento do retorno venoso, o que aumenta a função cardíaca, ou seja, o coração recebe mais sangue proveniente dos membros inferiores(e até superiores) e precisa trabalhar mais para conseguir levá-lo para os 33 pulmões, existe então um aumento do trabalho cardíaco. Quando tal fenômeno não é desejado há ainda a possibilidade de se realizar um trabalho na posição horizontal, onde se conta com todos os efeitos da água senão o aumento da frequência cardíaca, mas sim uma diminuição desta. Existem ainda os benefícios do condicionamento muscular, onde é postulado que enquanto a gravidade é minimizada na água, a viscosidade desta talvez atue oferecendo uma significativa resistência mediada pela velocidade aos movimentos que o indivíduo precise vencer. De uma maneira sucinta, a Hidroterapia na Ortopedia, Traumatologia e Medicina Desportiva atua: Diminuindo a dor; Mantendo ou aumentando a força muscular; Mantendo ou aumentando a resistência muscular à fadiga; Mantendo ou aumentando as amplitudes de movimento; Melhorando a postura; Mantendo ou melhorando o condicionamento cardiovascular; Melhorando o equilíbrio, coordenação e propriocepção; Diminuindo edemas; Promovendo o relaxamento; Promovendo a reabilitação precoce; Facilitando a execução de movimentos que são difíceis ou impossíveis de serem realizados fora da água; Diminuindo as forças compressivas nas articulações; Diminuindo inflamações crônicas; Mantendo a capacidade funcional do sistema locomotor; Melhorando a execução de atividades de vida diária; Melhorando a capacidade respiratória; Melhorando a circulação sanguínea; Prevenindo contraturas e deformidades; Melhorando a sociabilidade. 10.5 Problemas Posturas A hidroginástica, além dos benefícios proporcionados enquanto atividades físicas tornam-se um dos meios mais eficazes para prevenção e correção de problemas posturais, principalmente os desvios da coluna vertebral. O trabalho simétrico proporcionado pela movimentação alternada de membros e sua tração sobre a musculatura paravertebral têm extraordinária eficácia na redução desses desvios, especialmente no que tange à estrutura dos pés, região lombo-pélvica e região dorsal superior e cervical. Unidade 11 - Patologias Reumáticas 11.1 Espondilite Ancilosante A espondilite ancilosante é uma patologia inflamatória sistêmica que afeta, predominantemente, a coluna vertebral, quadris, ombros e articulações sacro-ilíacas, 34 acompanhada por inflamação dos tecidos conjuntivos. A doença evolui com erosão óssea, formação de tecido de granulação que é substituído por tecido fibroso, e conseqüente anquilose das articulações acometidas. O protocolo hidroterapeutico tem como objetivo promover alivio da dor e do espasmo muscular, manutenção da mobilidade da coluna, ombros e quadris, minimizar a rigidez e o encurtamento dos tecidos moles, promover fortalecimento muscular, trabalhar consciência corporal e postural. 11.2 Fibromialgia Um dos recursos da fisioterapia que vem sendo utilizado no combate à Fibromialgia é a Hidroterapia, ou seja, “ uma abordagem terapêutica abrangente que utiliza os exercícios aquáticos para ajudar na reabilitação de várias patologias”. As propriedades da água são ideais para alcança objetivos terapêuticos em um ambiente seguro e efetivo. Notou-se, através de estudos realizados, que a Hidroterapia em piscina é vantajosa para pacientes fibromiálgicos, pois os movimentos na água são mais lentos, devido a algumas propriedades físicas da mesma. Estas dão suporte às estruturas corporais e permitem maior mobilidade das mesmas, levando desta forma, a alongamentos eficientes, além dos benefícios da imersão do paciente em água aquecida, que deve estar em torno de 33-36º, favorecendo, assim, o relaxamento muscular global. Estes efeitos proporcionam grande alívio dos sintomas da SFM. A piscina fornece um meio sadio e menos arriscado para a reabilitação pois reduz o desgaste e o impacto visto nos exercícios em solo. 11.3 Artrites Reumatóides Segundo Hanson e Norm, (1998), a artrite reumatóide é uma doença progressiva que começa com um espaçamento da membrana sinovial e amolecimento da cartilagem articular. A cartilagem se desgasta gradualmente até que fique "osso com osso". A bainha dos tendões pode inflamar-se e tornar-se espessa e mole, o que pode causar ruptura dos tendões. Com a supervisão de profissionais treinados, as pessoas em reabilitação aquática podem ser tratadas com resultados positivos e aproveitar com segurança o exercício aquático. Além disso, como o paciente é capaz de efetuar exercícios em 35 pé na água, segurando na lateral da piscina, ou usando um aparelho de flutuação, habilidades de natação não constituem um pré-requisito (RUOTI ETAL, 2000). Unidade 12 - Patologia Neurológica 12.1 AVE A Hidroterapia nos casos de AVE é indicada onde há alterações do tônus muscular, perda ou dificuldade de movimentos, contraturas, perda de equilíbrio ou das reações de proteção e déficit na coordenação e associação de movimentos. O tratamento na piscina aquecida, para estes casos, exige especial atenção devido aos princípios físicos de hidrostática e hidrodinâmica e aos efeitos fisiológicos provocados pela imersão (temperatura da água, ritmo da atividade, tempo de permanência). Unidade 13 - Patologias Pediátricas 13.1 Artrite Juvenil O uso da hidroterapia como terapêutica nas doenças reumatológicas iniciou-se com Hipócrates (460-375). O entendimento dos princípios físicos e da termodinâmica da água proporciona o seu uso racional. A flutuação permite ao paciente caminhar com pouca sobrecarga articular devido à redução dos efeitos da gravidade e ao conseqüente aumento da amplitude de movimento articular. A pressão hidrostática exerce um efeito positivo, durante a imersão (a mesma pressão é exercida em todas as direções do corpo e aumenta com a profundidade), de diminuição de edemas, pois o sistema venoso redistribui o sangue das extremidades para o tórax. A resistência da água pode ser utilizada passiva e ativamente; movimentos passivos através da água facilitam o relaxamento e alongamento de tecidos moles; ativamente, a resistência da água aumenta o gasto energético necessário para movimentar as extremidades, promovendo fortalecimento muscular. A termodinâmica também deve ser levada em consideração e está relatada com a capacidade de o corpo submerso trocar energia (calor) com a água por meio da condução e convecção, tendo efeito positivo sobre tecidos moles que podem facilmente ser mobilizados, aumentando o grau de movimento e diminuindo a dor 36 articular. Os benefícios proporcionados pela água são: relaxamento muscular, aumento do fluxo sanguíneo e da flexibilidade, fortalecimento muscular, reeducação da marcha, melhora do equilíbrio e da coordenação e, finalmente, é uma atividade lúdica e de recreação. Templeton et al.(28), estudando os efeitos da terapia aquática na flexibilidade articular e capacidade funcional em pacientes com doenças reumáticas, observaram um decréscimo na percepção de dor e diminuição da dificuldade apresentada na realização das AVDs. Stenstrom et al.(29) seguiram por quatro anos dois grupos de 30 pacientes com diagnóstico de AR. Trinta pacientes realizaram treinamento dinâmico intensivo na água, com freqüência de uma vez por semana durante 40 minutos; o outro grupo não recebeu nenhum treinamento.Ao final do estudo, os pacientes tratados apresentavam aumento na força muscular e nos níveis de atividade física. Bacon et al.(30) estudaram os efeitos da hidroterapia em pacientes com AIJ e comprometimento de membros inferiores com idade entre 4 e 13 anos. O protocolo de treinamento foi de seis semanas e observou-se aumento significativo na ADM de rotações interna e externa de quadril bilateralmente, assim como aumento da força muscular. Takken et al.(3) realizaram um estudo-piloto em dez meninas com AIJ na tentativa de observar se o programa de treinamento aquático aeróbico (15 sessões de 60 minutos cada uma, uma vez por semana, durante 15 semanas) poderia aumentar não somente a resistência, mas também a capacidade funcional. Ao final do tratamento, foi observado aumento nas medidas de avaliação, entretanto sem diferença estatística. Nesse estudo, a aderência foi de 85%. Os mesmos autores avaliaram os efeitos de 200 Rev Bras Reumatol, v. 47, n.3, p. 197-203, mai/jun, 2007 Bueno e cols. um programa de treinamento aquático em 54 crianças com AIJ, randomizadas em dois grupos: controle e tratamento com um programa de treinamento supervisionado de 20 sessões uma vez por semana, com duração de uma hora. Ao final do treinamento, não foram encontradas diferenças estatisticamente significantes entre os dois grupos. Takken et al.(31) sugerem que os exercícios sejam realizados com uma freqüência maior do que três vezes por semana. Epps et al (32) estudaram pacientes com AIJ e compararam os efeitos da combinação da hidroterapia com a fisioterapia convencional em solo e somente fisioterapia em solo com o intuito de avaliar o custo–benefício da hidroterapia. O custo foi calculado de acordo com o número de faltas ao trabalho dos pais. Cem 37 pacientes faziam parte do grupo combinado e cem, do grupo solo. Os pacientes de ambos os grupos receberam tratamento durante dois meses, duas vezes por semana com duração de uma hora cada sessão. 13.2 Distrofia Muscular de Duchene Com a evolução da doença, uma das opções de tratamento pode ser a realização da atividade física para o meio aquático, isto é, hidroterapia. A hidroterapia é uma forma clássica de tratamento fisioterápico, utilizada em grandes variedades de disfunções. Neste tipo de atividade, as propriedades físicas da água aquecida promovem facilitação dos movimentos e alivio das dores, além de permitir o trabalho em grupo e tornar a terapia agradável, principalmente para crianças, as quais muitas vezes são impossibilitadas de realizar determinadas atividades em outro meio, senão o aquático. A hidroterapia realizada em piscina terapêutica é utilizada para manter a força muscular, a capacidade respiratória, as amplitudes articulares e evitar os encurtamentos musculares. Devido as propriedades físicas da água, a movimentação voluntária e adoção de diversas posturas podem ser facilitadas e os exercícios de alongamento muscular podem ser realizados com o alívio da dor. 13.3 Seqüelas de Encefalopatias e TCE A Hidroterapia contribui de maneira significativa para a integração dos pacientes no processo de reabilitação. Proporciona sociabilização, independência e prazer pela terapia em meio líquido. O setor atua nas áreas de reabilitação infantil e adulto, portadores das patologias: Encefalopatia Crônica não Progressiva (PC); Doenças Neuromusculares; Lesões Encefálicas Infantil Adquirida (LEIA); Acidente Vascular Cerebral (AVC); Traumatismo Crânio Encefálico (TCE); Lesão Medular; Mal Formação Congênita; Amputados; Doenças Reumatológicas. O atendimento é feito de forma individual ou em grupo, em piscina aquecida com temperatura variando entre 31 e 32 graus. A Hidroterapia desenvolve dois tipos de atendimento: a Natação Terapêutica e a Terapia Esportiva. 13.4 Autismo e Síndrome Hipercinética 38 Estudos demonstram que a hidroterapia é um intrumento relevante na intervenção com crianças que tenham necessidades especiais para melhorar o seu potencial em várias áreas. Tais como: · Estimulação motora e sensorial; · Tónus muscular; · Flexibilidade; · Desenvolvimento de comportamentos sociais. A água é um meio óptimo para exercícios e oferece oportunidades estimulantes para alguns movimentos que não estão dentro dos programas tradicionais de exercícios no solo. Para além disso, o meio aquático fornece uma sensação de bem-estar. James McMillan em 1949 na escola Halliwick em Londres, desenvolveu o Método de Halliwick com o pressuposto inicial de auxiliar pessoas com problemas físicos a se tornarem mais independentes para nadar. Recentemente esta técnica é usada por muitos terapeutas para tratar crianças e adultos com problemas neurológicos, na Europa e nos Estados Unidos da América. O Método Halliwick enfatiza as habilidades dos pacientes na água e não as suas limitações. O Método Halliwick é baseado em princípios de hidrostática, hidrodinâmica e cinésiologia. É uma abordagem holística, que reúne conhecimentos sobre a água e o corpo; ensino e aprendizagem; motivação; desafio; atividades, jogos e música; dinâmica de grupo; questões de igualdade; e natação. A atividade física no solo pode ser difícil para crianças com necessidades especiais, mas na água tudo se torna mais simples. A maioria das pessoas aprecia a água e querem aprender a nadar; e o sentimento de realização quando dominam a arte é enorme. Elas ganham confiança, auto-estima e interação social, porque na água são capazes de competir com os seus companheiros que não possuem necessidades especiais. A água pode ser vista como meio terapêutico e ou meio de lazer. Quando se trata de uma criança, a conjugação destes dois meios é uma abordagem valiosa. Esta terapia fornece muita estimulação visual, auditiva e através dos receptores da pele, devido aos efeitos da turbulência, calor e pressão hidrostática. Fornece também uma melhoria ao nível da respiração, um maior controlo do equilíbrio e controlo rotacional e vários efeitos psicológicos, tais como o aumento da auto-estima e a sensação de bem-estar. 39 Unidade 14 - Patologias Obstétricas e Ginecológicas 14.1 No pré e pós-parto Tem como objetivo estudar os efeitos maternos (composição corporal e capacidade cardiovascular) e perinatais (peso e prematuridade) da prática da hidroterapia na gestação. Os métodos de estudo prospectivo, coorte, aleatorizado, com 41 gestantes de baixo risco e gestação única, praticantes (grupo estudo, n=22) e não-praticantes (grupo controle, n=19) de hidroterapia. Avaliações antropométricas definiram-se os índices de peso corporal, massa magra e gordura absoluta e relativa. Por teste ergométrico, definiu-se os índices de consumo máximo de oxigênio (VO2máx), volume sistólico (VS) e débito cardíaco (DC). Como resultado perinatal observaram-se ocorrência de prematuridade e recém-nascidos pequenos para a idade gestacional. Compararam-se os índices iniciais e finais entre e dentro de cada grupo. As variáveis maternas foram avaliadas pelo teste t para amostras dependentes e independentes e empregou-se o 2 para estudo das proporções. Como resultados a comparação entre os grupos não evidenciou diferença significativa nas variáveis maternas no início e no final da hidroterapia. A comparação dentro de cada grupo confirmou efeito benéfico da hidroterapia: no grupo estudo os índices de gordura relativa foram mantidos (29,0%) e no grupo controle aumentaram de 28,8 para 30,7%; o grupo estudo manteve os índices de VO2máx (35,0%) e aumentou VS (106,6 para 121,5) e DC de (13,5
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