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FIANÇA 1 O CONTRATO DE FIANÇA Art. 818 do CC – Pelo contrato de fiança, uma pessoa garante satisfazer ao credor uma obrigação assumida pelo devedor, caso este não a cumpra, ou seja, a fiança é um instrumento de garantia em que uma terceira pessoa se obriga por outra, perante o seu credor, a responder pela obrigação contratada caso o devedor principal deixe de cumpri-la. A fiança é uma espécie de contrato de caução. Caução é toda forma de garantia, seja real ou fidejussória. Na garantia real uma determinada coisa garante a dívida, como no caso do penhor, da hipoteca. Já na garantia pessoal, uma pessoa garante a dívida como acontece na fiança. O contrato de fiança é: Unilateral: uma vez celebrado o contrato de fiança, impõe-se obrigação apenas para uma das partes, no caso, o fiador. Acessoriedade: sempre acompanha um contrato principal, criador da obrigação principal que é garantida. Por exemplo, um contrato de locação firmado com fiança locatícia: a locação é o contrato principal; a fiança, o contrato acessório. É um contrato definitivo, em relação às partes contratantes (fiador e afiançado, porque não é uma promessa de contrato, vai ser um contrato de fato. Gratuidade: apenas traz benefício para uma das partes (credor), sem que se lhe imponha contraprestação alguma. Forma: a fiança escapa ao princípio geral da liberdade da forma, pois, em virtude de dispositivo específico (art. 819 do CC-02), é exigido instrumento escrito, não admitindo interpretação extensiva. Por isso o contrato de fiança é solene que são aqueles que devem obedecer à forma prescrita em lei para se aperfeiçoar. 1.1. MODALIDADES A fiança pode ser convencional, legal e judicial. A convencional é a que resulta da vontade das partes, manifestada em contrato escrito, sendo muito comum no contrato de locação de imóveis. A fiança legal é aquela exigida pela lei para a prática de determinadas atividades, como consta (CC, arts.1.400, 1745, paragrafo único etc.). A fiança judicial é aquela determinada pelo Juiz, de ofício ou a requerimento das partes. A fiança possui caráter intuitu personae, pois deriva de uma relação de confiança entre as partes. É um contrato consensual, pois deriva da vontade das partes, independentemente da entrega da coisa. 2 EXTENSÃO DA FIANÇA A fiança está limitada ao valor da obrigação principal, ou seja, o fiador não pode ser obrigado a mais do que estipulado naquela obrigação. Porem admite a fiança parcial, quando o fiador é garantidor de um valor inferior a da obrigação principal. Se a fiança estabelecida tiver valor ou condição superior que a obrigação principal, só terá validade até o limite desta. A fiança que abrange os acessórios da obrigação é chamada de ilimitada, já a limitada é a fiança que estabelece restrições qualitativas e quantitativas. A fiança compreende todos os acessórios da dívida principal, inclusive despesas judiciais desde a citação do fiador. (art.822cc) Por ser uma obrigação acessória, segue o destino da principal. Assim, sendo nula a obrigação principal, não subsiste a fiança, que será inexigível. A fiança pode se dar em relação a qualquer dívida ainda não extinta, seja anterior, codominante ou posterior ao surgimento. Uma vez que a obrigação extinta, a fiança não tem eficácia. A fiança de dividas futuras é permitida, mas o fiador somente poderá ser demandado após definida a certeza da obrigação do devedor principal, se não a será considerada um direito eventual. (art.821cc) A fiança poderá ainda garantir obrigações de dar coisa diversa de dinheiro, bem como de fazer ou não fazer. Neste caso, constituirá uma garantia pecuniária com referência à inexecução, já que não pode o fiador ser pessoalmente constrangido a praticar ato prometido pelo devedor principal. A fiança possui caráter subsidiário, ou seja, o fiador só responderá pela dívida se o devedor principal não cumpri-la. No caso de pluralidade de fiadores haverá responsabilidade solidária entre eles, salvo se houver benefício de divisão. Havendo o benefício de divisão, cada um deles responderá apenas pela sua parte no pagamento, estabelecendo uma fiança parcial em relação a cada fiador. (art.829 paragrafo único CC) Por fim, vale ressaltar que a obrigação do fiador transmite-se aos herdeiros, limitando-se essa responsabilidade até a data do falecimento e às forças da herança. (art.836 CC) Fiança e obrigação natural Nessa obrigação não há responsabilidade, mas caso o devedor espontaneamente a cumpra, o pagamento será considerado legal, sem direito de se recobrar o que foi pago. A prestação é irrestitutivel e quando efetuada vale como cumprimento, mesmo não podendo se exigir o cumprimento. Quanto a operar-se a novação em relação a obrigação natural á obrigação natural, temos vários posicionamentos diferentes. Sendo ineficaz a fiança de obrigação natural. Não pode ser cobrado o fiador 3 REQUISITOS SUBJETIVOS, LEGITIMAÇÃO E OUTORGA CONJUGAL a) Capacidade genérica: podem ser fiadoras todas as pessoas que tenham livre disposição dos seus bens, exceto os incapazes em geral. O pródigo não pode prestar fiança porque o ato coloca o risco o seu patrimônio e está inibido de, sem curador, praticar atos que não sejam de mera administração (CC, Art. 1782). O analfabeto e o deficiente visual não estão impedidos, mas necessitam de escritura pública ou procuração por instrumento público para afiançarem por força das regras dos arts. 819 CC e 166 I e IV. O mesmo se aplica ao surdo- mudo que possua discernimento. b) “Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: III - prestar fiança ou aval; ” Um cônjuge não pode, sem consentimento do outro, exceto no regime da separação absoluta conforme art. 1647, III, CC. A falta da aludida (referida) autorização torna o ato anulável (art. 1649), estando legitimado a postular a anulação, “ até dois anos depois de terminada a sociedade conjugal” Somente o cônjuge que não deu outorga, ou os seus herdeiros, se já falecido, podendo, ainda, ser confirmado por ele, desde que “por instrumento público, ou particular, autenticado” (arts. 172, 1649, parágrafo único e 1650). 4 EFEITOS DA FIANÇA Art. 825. Quando alguém houver de oferecer fiador, o credor não pode ser obrigado a aceitá-lo se não for pessoa idônea, domiciliada no município onde tenha de prestar a fiança, e não possua bens suficientes para cumprir a obrigação O fiador, ao conceder a fiança, assume a obrigação de pagar a dívida do devedor, se este não o fizer no tempo e na forma devidos. Tal obrigação transmite-se aos seus herdeiros. “Art. 836. A obrigação do fiador passa aos herdeiros; mas a responsabilidade da fiança se limita ao tempo decorrido até a morte do fiador, e não pode ultrapassar as forças da herança”. O fiador garante, pois, com seu próprio patrimônio geral, o adimplemento do afiançado (devedor principal). 5 BENEFÍCIO DE ORDEM Art. 827. O fiador demandado pelo pagamento da dívida tem direito a exigir, até a contestação da lide, que sejam primeiro executados os bens do devedor. Parágrafo único. O fiador que alegar o benefício de ordem, a que se refere este artigo, deve nomear bens do devedor, sitos no mesmo município, livres e desembargados, quantos bastem para solver o débito. O benefício de ordem, legalmente previsto, é um direito que tem o fiador de só responder pela dívida se, primeiramente, for acionado o devedor principal e este não cumprir a obrigação de pagar.A obrigação do fiador é subsidiária, pois que não passa de uma garantia da dívida principal. Todavia, este benefício de ordem não aproveita ao fiador: Art. 828. Não aproveita este benefício ao fiador: I - se ele o renunciou expressamente; II - se se obrigou como principal pagador, ou devedor solidário; III - se o devedor for insolvente, ou falido • Se ele o renuncia expressamente ou se ele se obriga como principal pagador, ou devedor solidário, nestes casos, independentemente de o devedor ter patrimônio suficiente para honrar com a obrigação, o credor da obrigação poderá, a seu critério, em primeiro lugar, executar os bens do fiador. • O fiador não poderá aproveitar-se do benefício de ordem se o devedor se tornar insolvente ou falido (art. 828, CC). 6 SUB-ROGAÇÃO Efeito da fiança importante da fiança é a sub-rogação legal do fiador que paga integralmente a dívida nos direitos do credor Quando o fiador paga a dívida do afiançado, passa, a partir daí, a ocupar a posição do credor, substituindo-o". De modo que, o indivíduo (fiador) paga a dívida do afiançado (devedor) junto ao indivíduo (credor), assumindo, portanto, a posição de credor, podendo exigir o reembolso do que foi pago "por força de lei". Art. 831. O fiador que pagar integralmente a dívida fica sub-rogado nos direitos do credor; mas só poderá demandar a cada um dos outros fiadores pela respectiva quota. Parágrafo único. A parte do fiador insolvente distribuir-se-á pelos outros. O termo sub-rogação advém do latim subrogatio, designando substituição de uma coisa por outra, ou de uma pessoa por outra, (Que adquirirá os mesmos direitos de ações daquela.) Com os mesmos ônus e atributos. 7 EXONERAÇÃO DE FIANÇA Art. 835. O fiador poderá exonerar-se da fiança que tiver assinado sem limitação de tempo, sempre que lhe convier, ficando obrigado por todos os efeitos da fiança, durante sessenta dias após a notificação do credor. No que diz respeito à exoneração da fiança, primeiramente, deve-se analisar se o contrato foi assinado por tempo determinado ou indeterminado, pois no primeiro caso a fiança se extingue no momento em que se dá por encerrado o prazo contratado. No segundo caso, o fiador permanecerá responsável enquanto o contrato estiver vigorando, mas em ambos os casos o fiador pode dela se exonerar, o que permite ao devedor desonerar a qualquer tempo, tendo que observar os requisitos da lei. A exoneração pode estar configurada por mera expressão do fiador ou por meio de sentença judicial que determine a sua obrigatória exoneração. Nos termos do artigo 835 do Código atual, ainda que a fiança não tenha limite temporal, poderá o fiador dela se exonerar se assim lhe convier, responsabilizando-se, porém, por todos os efeitos dela decorrentes, ficando obrigado por todos os efeitos da fiança, durante sessenta dias após a notificação ao credor. Observa-se pela redação do artigo 835 do novo Código (artigo 1.500 do Código anterior), que o fiador poderá se exonerar da fiança sempre que lhe aprouver e de maneira bem mais simplificada, bastando para tanto enviar uma notificação ao credor cientificando-o da sua decisão. O espaço de tempo de sessenta dias, determinado pelo legislador, é tempo hábil para que o devedor possa constituir novo fiador. Importante ressaltar que, se um contrato foi assinado por tempo determinado e vindo a se transmudar para tempo indeterminado, o fiador deve ser comunicado para que manifeste a sua concordância em continuar ou não a prestar fiança. Caso não haja a expressa manifestação de vontade do fiador, ainda que conste no contrato a cláusula escrita de não renunciar, esta cláusula não deve prevalecer. No Art 39 da lei 8.245/91 dispõe: “ salvo disposição contratual em contrario, qualquer das garantias da locação se estende até a efetiva devolução do imóvel” , então não há possibilidade de exoneração do fiador antes da entrega do imóvel locado. No entanto o supremo tribunal de justiça adotou-se essas pretensões, aplicando em regra geral da fiança e não da lei especial. 8 FIANÇA NA LOCAÇÃO IMOBILIARIA A fiança é importante instrumento de garantia nas locações imobiliária, possui quatro modalidades conforme o art 37 do codigo civil: I – caução; II – fiança; III – seguro de fiança locatícia. IV – cessão fiduciária de quotas de fundo de investimento CAUÇÃO: QUE NO CASO DA CAUÇÃO NA LOCAÇÃO IMOBILIARIA E A REAL, AQUELA QUE PERMITI QUE SEJA PRESTADA EM BENS MOVEIS E IMOVEIS. A FIANÇA: A fiança pode decorrer de vontade das partes, mas também pode ser uma fiança judicial ou decorrer de determinação legal. SEGURO DE FIANÇA LOCATÍCIA: o seguro fiança é a modalidade de garantia na locação que apresenta maior segurança em relação ao demais, especialmente porque uma das exigências é que o locatário seja pessoa idônea e sem restrições no mercado financeiro, ou seja, o locatário é investigado pela empresa de seguros para melhor proteção do locador e este, em caso de inadimplência do inquilino, tem a segurança de que não sofrerá grandes perdas uma vez que a seguradora garantirá o pleno pagamento dos aluguéis e encargos contratuais. E CESSÃO FIDUCIÁRIA DE QUOTAS DE FUNDO DE INVESTIMENTO: Nada mais são do que aplicações financeiras de titularidade do locatário que são apresentadas em garantia ao locador por ocasião da assinatura do contrato, o qual passará a ter o direito sobre os títulos em caso de inadimplência do inquilino. Essa última espécie é a que apresenta menor utilização no mercado, seja para imóveis residenciais (sequer isso existe na prática para locações residenciais) ou comerciais. O fiador garante a pessoa do locatário a quem deu a garantia. 2.1. DAS MODALIDADES DE EXTINÇÃO DA FIANÇA Feita a exposição acerca da constituição válida e demais elementos inerentes a fiança, passo a expor brevemente as formas de se extinguir ela. As possibilidades de extinção da fiança estão previstas no Código Civil, Capítulo XVIII ? Seção III, elencados nos artigos 837 a 839. No entanto, deve-se destacar que tais hipóteses não são taxativas, mas exemplificativas, uma vez que outras existem que permitem a extinção de tal obrigação, como no caso de morte do fiador, onde a fiança se extingue, porém, a obrigação passa aos seus herdeiros, limitada às forças da herança e as dívidas existentes até o momento do falecimento. A Obrigação do devedor principal, contudo, não se extingue; os herdeiros substituem-no. Carlos Roberto Gonçalves continua sua lição, explicando que, quaisquer responsabilidades que surjam após o falecimento do fiador, ainda que cobertas pela garantia fidejussória, não podem atingir os sucessores. Neste sentido, o Código Civil estatui que: Art. 836. A obrigação do fiador passa aos herdeiros; mas a responsabilidade da fiança se limita ao tempo decorrido até a morte do fiador; e não pode ultrapassar as forças da herança. Então, além da morte do fiador, há outras causas extintivas do contrato de fiança, as quais podem ocorrer por causas terminativas das próprias obrigações em geral. Assim, demonstrar-se-á as formas e possibilidades de ocorrer a extinção previstas no nosso ordenamento jurídico. A forma mais simples de se verificar a possibilidade de extinção do contrato de fiança é quando ocorre a satisfação da prestação, ou seja, cumprida a obrigação principal assumida contratualmente, ocorrerá a extinção da mesma e, conseqüentemente, a extinção do contrato acessório (da fiança). Outra forma de extinção da fiança é através da novação, que é uma forma de extinção da obrigação originária, assumindo o credore o devedor uma nova obrigação, caso esta ocorra sem o consentimento/anuência do fiador, o contrato de fiança firmado no contrato originário estará extinto. Tal possibilidade vislumbra-se no Código Civil em seu: Art. 366. Importa exoneração do fiador a novação feita sem seu consenso com o devedor principal. Assim, diante deste preceito legal, resta evidente que a pessoa do fiador não pode responder por uma nova obrigação assumida pelo afiançado, sem ter previamente consentido com aquela renegociação. A confusão também extingue o contrato acessório, que ocorre quando o credor se confunde com o devedor, não existindo mais essas qualidades distintas naquela relação jurídica, tornando incabível a demanda contra si próprio. O Código Civil, de forma clara, conceitua a confusão como: Art. 381. Extingue-se a obrigação, desde que na mesma pessoa se confundam as qualidades de credor e devedor. Já a compensação, outra modalidade de extinção da fiança, igualmente amparada no Código Civil, é também modalidade de extinção de obrigações em geral, assim prevista: Art. 368. Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem. Denota-se que a diferença existente entre a compensação e a confusão, está na existência de duas obrigações diferentes que poderão ser equilibradas entre credor e devedor, extinguindo-se a mesma até onde se compensarem, estendendo-se à garantia firmada. A transação também é destacada pela doutrina como uma das formas de extinção da fiança, uma vez que em comum acordo e consentimento entre as partes, a obrigação é sanada. No tocante a este instituto, o Código Civil apresenta a sua definição em seu: Art. 840. É lícito aos interessados prevenirem ou terminarem o litígio mediante concessões mútuas. Verifica-se pelo dispositivo legal acima citado, que a transação produz efeitos apenas aos litigantes que mediante concessões mútuas terminam o litígio. No entanto, o Código Civil estabeleceu a sua extensão ao fiador, da seguinte forma: Art. 844. A transação não aproveita, nem prejudica senão aos que nela intervierem, ainda que diga respeito a coisa indivisível. § 1º. Se for concluída entre o credor e o devedor, desobrigará o fiador. Via de regra, verifica-se que os efeitos causados pela transação somente abrangerão as partes que a realizaram, não refletindo em terceiros que dela não integraram. Porém, conforme destacado no artigo da lei, a transação realizada entre credor e devedor, refletirá ao fiador, desobrigando-o. Outra possibilidade deslumbrada é a substituição do fiador, que pode ocorrer tanto na espécie voluntária (quando o fiador é escolhido pelas partes do contrato) ou na necessária (obedecidos os requisitos do artigo 825 do CC, o fiador é escolhido pelo devedor).[13] Referida substituição ocorrerá na hipótese do fiador tornar-se insolvente ou incapaz, conforme previsto no Código Civil em seu: Art. 826. Se o fiador se tornar insolvente ou incapaz, poderá o credor exigir que seja substituído. O objetivo primordial da fiança é de garantir a satisfação da dívida principal. Um dos requisitos que deverão ser observados pelo credor, é a sua solvência. No entanto, caso este venha a tornar-se insolvente no curso do contrato, este poderá exigir a sua substituição. Destaca-se o entendimento de Fábio Ulhoa Coelho[14]: Se o fiador é falido ou insolvente, essa finalidade não tem como se cumprir. Daí a prerrogativa do credor de impor a substituição do garante nesses casos. O devedor deve então submeter à análise do credor um ou mais candidatos, conforme tenha sido contratado entre eles. Estará dispensado do dever apenas se a fiança tiver sido contratada independentemente de sua vontade ou contra ela, na forma do art. 820 do Código Civil, caso em que o credor suporta sozinho a mudança do estado patrimonial do fiador. Desta forma, caso aconteça a falência, insolvência ou incapacidade da pessoa do fiador, este poderá ser substituído a pedido do credor, uma vez que a finalidade da garantia assumida não mais poderá ser cumprida, possuindo o devedor a obrigação de indicar substituto, salvo haja contratação de outro fiador pelo próprio credor que assumirá os riscos patrimoniais do novo garante. Outra causa extintiva da fiança, é quando ocorrerem as hipóteses previstas no Código Civil, ocasionadas pelo próprio credor, ainda que o fiador tenha assumido o encargo na forma solidária, que são: Art. 838. O fiador, ainda que solidário, ficará desobrigado: I – se, sem consentimento seu, o credor conceder moratória ao devedor; II – se, por fato do credor, for impossível a sub-rogação nos seus direitos e preferências; III – se o credor, em pagamento da dívida, aceitar amigavelmente do devedor objeto diverso do que este era obrigado a lhe dar, ainda que depois venha a perdê-lo por evicção. No tocante a hipótese do inciso I, verifica-se que o credor estendeu o prazo para cumprimento da obrigação ao devedor, sem o consentimento expresso do fiador acerca disso. No caso do inciso II, verifica-se a extinção da fiança nas hipóteses em que o fiador ver impossibilitado de exercer seu direito de sub-rogação ou direito de preferência, por conseqüência de fato causado pelo devedor. A terceira e última hipótese de extinção da fiança prevista no artigo 838, III, do Código Civil, se refere ao caso de o credor aceitar a realização da dação em pagamento, substituindo o cumprimento da obrigação principal com objeto diverso do convencionado inicialmente. Em que pese a caracterização da dação em pagamento, ensina Fábio Ulhoa Coelho[15] que: Se o credor aceita do devedor, em pagamento da dívida, objeto diverso do contratado, extingue-se a fiança, independentemente de ter ou não o fiador assentido com a mudança de objeto. A extinção ocorre mesmo que a coisa recebida em dação em pagamento seja posteriormente perdida pelo credor em razão de reivindicação de terceiro (evicção). No mesmo sentido está Maria Helena Diniz[16], ao entender que a fiança será extinta na ocorrência de dação em pagamento, mesmo com a posterior evicção pretendida por terceiro, uma vez que a interpretação da fiança não poderá ser realizada de forma que agrave a sua situação, vê-se: Esta última não se revigorará se a coisa dada em pagamento for evicta, embora a dívida se reabilite. Com a evicção a obrigação primitiva se restabelece, mas isso não provoca o reaparecimento da fiança. Tal ocorre porque o credor, apesar de ter o direito de exigir do fiador o pagamento do débito garantido, não poderá agravar a sua situação. No tocante a este ensinamento, a fiança prestada em contrato extinto em decorrência de dação em pagamento de bem que não poderia ser alienado, permanecerá extinta, mesmo caso ocorra a retomada do bem por terceiro, restando o credor prejudicado. Há divergência neste ponto entre a doutrina, uma vez que, conforme Pablo Stolze Gabliano[17], ao ensinar que na ocorrência do instituto da evicção do bem prestado em dação em pagamento, a legislação não trouxe uma resposta direta em seu texto: Ancoramos o nosso pensamento no fato de que a evicção, posto verificada a posteriori, traduz, em verdade, a perda do bem em face do reconhecimento do direito anterior de outrem. Vale dizer, o pagamento da dívida operou a transferência de algo que não poderia ser alienado, neutralizando completamente os efeitos do suposto adimplemento. Teríamos, pois, aqui, uma verdadeira alienação ?a non domino?. Portanto, neste tópico específico, reside uma divergência doutrinária, cujo entendimento majoritário é o de que a fiança não será restabelecidaindependentemente do prejuízo que sofrerá o credor, também na hipótese do inciso III, do artigo 838, do Código Civil.
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