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Apostila de Direito Civil - Obrigações

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/
jusbrasil.com.br
25 de Fevereiro de 2021
Apostila de Direito Civil: obrigações
Apostila de Direito Civil: Direito das Obrigações
Professora: Cláudia Mara de Almeida Rabelo Viegas[1]
TEORIA GERAL DAS OBRIGAÇÕES:
Introdução:
 
O Direito Civil rege as relações da pessoa humana antes, durante e
depois da sua existência. Vamos lembrar o que estudamos no Direito
Civil, até adentrarmos no Direito das Obrigações.
Em primeiro lugar, vimos a PESSOA, NATURAL e JURÍDICA, como
sendo, na forma do art. 1º do Código Civil, capaz de direitos e deveres
na ordem civil.
Logo a seguir, cuidamos das classes de BENS, sendo estes sobre os
quais, na maioria das vezes, se assentam os direitos da pessoa.
Posteriormente, tratamos dos FATOS JURÍDICOS, circunstâncias
naturais ou humanas, que fazem nascer, modificar ou extinguir
direitos. Estudamos o negócio jurídico, sedimentando a ideia de
relação jurídica que, pela vontade humana, relaciona as pessoas e os
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10731260/artigo-1-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
/
objetos, e em especial estabelece vínculos entre estas pessoas e os seus
respectivos direitos. a manifestação de vontade, dentro dos limites da
lei, que criam, modificam e extinguem direitos, por meio da relação
jurídica que estabelece vínculos jurídicos entre estas pessoas relaciona
as pessoas e os objetos, e em especial, e os seus respectivos direitos.
Retomando a redação do art. 1º do Código Civil, verifica-se
que toda pessoa é capaz não apenas de direitos, como
também de direitos, na ordem civil. Resulta concluir que a
todo direito corresponde uma obrigação, um dever.
Washington de Barros Monteiro afirma que “todo direito, seja qual for
sua natureza, encerra sempre uma ideia de obrigação, como antítese
natural”. A obrigação é o oposto natural do direito.
O Direito das Obrigações é o conjunto de normas que
disciplina a relação jurídica pessoal vinculativa de um credor
a um devedor, por meio da qual o sujeito passivo assume o
dever de cumprir uma prestação de interesse do outro.
O que o Direito das Obrigações regula é a relação jurídica existente
entre o sujeito ativo da relação obrigacional (credor – titular do
crédito) e o sujeito passivo (devedor). É a relação jurídica pessoal
que vincula credor e devedor.
Esta é uma relação horizontal (entre pessoas), que é diferente da
relação jurídica real – dos direitos reais, já que esta disciplina uma
relação jurídica vertical entre o sujeito e o objeto, relação esta (vertical)
que tem por característica a tipicidade, coisa que a relação jurídica
horizontal não precisa ter. Os direitos reais são típicos, ou seja, sempre
previstos na lei; já a relação obrigacional não prima pela tipicidade,
nela não precisa haver tipicidade.
Vejamos as principais diferenças entre o direito real e
obrigacional:
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10731260/artigo-1-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
/
Direito Real:
Recai sobre a coisa;
É absoluto, exclusivo, erga omnes;
É atributivo;
É permanente;
Direito de seqüela;
Rol numerus clausus.
Direito Obrigacional:
Recai sobre as relações humanas;
É relativo;
É cooperativo;
É transitório;
Rol de número indeterminado ou numerus apertus
A relação obrigacional é uma relação eminentemente pessoal
(não típica), que vincula credor e devedor.
Obrigação propter rem: existe um tipo de obrigação de
natureza híbrida, ou seja, trata-se de uma relação jurídica com
característica pessoal e real: a obrigação propter rem, também
chamada de obrigação ob rem. Este tipo de obrigação posto
vincule pessoas (credor e devedor) adere a uma coisa
acompanhando-a. Ex. clássico: é a obrigação de pagar taxa
condominial (se vincula ao imóvel, de maneira que não importa
quem seja o titular do imóvel, ele terá que pagá-la - ver REsp
846.187/SP); alguns citam também o IPTU e o IPVA como
exemplos.
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/22575/recurso-especial-resp-846187-sp-2006-0096197-4
/
Pelo fato de ter essa natureza real, a obrigação propter rem tem que
estar prevista em lei (a taxa condominial, por ex., tem previsão no CC).
Obs.: atenção – não se pode confundir obrigação propter rem com
obrigação de eficácia real. Esta última trata-se de uma obrigação que
levada a registro, passa a ter eficácia erga omnes (ex.: locação
registrada no Cartório de Imóveis – art. 8º, Lei 8.245/91).
Considerações Terminológicas:
→ A palavra Obrigação pode ter dois sentidos:
a) num sentido estrito, obrigação significa dever, dever jurídico;
b) num sentido amplo, obrigação traduz a própria relação
jurídica obrigacional que vincula credor e devedor.
→ Outras expressões importantes:
Haftung: significa responsabilidade;
Schuld: significa débito, dever.
O devedor, em geral, tem o schuld e também o haftung. Se o devedor
não cumprir com seu dever, ele terá responsabilidade, arcando com seu
próprio patrimônio.
Contudo, pode acontecer de o devedor ter o débito (schuld) e outra
pessoa ter assumido a responsabilidade (haftung), como, por ex., no
caso do fiador (terceiro que assumiu a responsabilidade).
Pode ocorrer também de o devedor possuir o débito sem
responsabilidade, como no caso das obrigações naturais, em que a
aposta, o jogo geram a dívida, no entanto, o credor não se utilizar da
execução forçada para cobrá-la, em face da ilicitude da avença.
/
Estrutura e Requisitos da Relação
Obrigacional
 
A estrutura da relação obrigacional no Brasil é assim disposta: há um
elemento ideal (espiritual), um elemento subjetivo, e um elemento
objetivo.
Para a doutrina, o fato que constitui a relação obrigacional não integra
a sua estrutura. Como toda e qualquer relação jurídica, a relação
obrigacional nasce de um fato jurídico.
O fato jurídico cria a relação obrigacional, ou seja, é a fonte da
obrigação. A fonte não é elemento da relação obrigacional. A fonte não
é intrínseca à relação obrigacional, mas dá origem a ela.
A lei é a fonte primária de toda relação obrigacional e entre a lei e a
relação obrigacional existe um fato jurídico que concretiza a obrigação.
Ex. contrato de compra e venda se torna perfeito quando comprador e
vendedor acordam o preço, a coisa, segundo a vontade deles. Entre a
lei e a obrigação que se constitui, há de haver o contrato.
A doutrina aponta as seguintes fontes para as obrigações
(classificação moderna):
Atos negociais (ex. contrato, testamento, promessa de
recompensa);
Atos não negociais (ex. fato da vizinhança);
Atos ilícitos.
Análise dos elementos da Relação Jurídica Obrigacional:
a) Elemento imaterial/ideal/espiritual: é o vínculo abstrato que
une o credor ao devedor. É o vínculo pessoal.
/
b) Elemento subjetivo: são os sujeitos da relação obrigacional:
credor e devedor. Estes sujeitos devem ser determinados ou ao
menos determináveis.
Obs.: a indeterminabilidade dos sujeitos da relação obrigacional é
sempre relativa ou temporária. Em uma relação obrigacional a
indeterminabilidade quer do sujeito ativo, quer do passivo, não pode
ser absoluta; ela é temporária, mas é possível. Ex. de
indeterminabilidade subjetiva ativa (de credores): título ao portador e
promessa de recompensa, que são exemplos de uma obrigação em que
o credor é relativamente ou temporariamente indeterminado. Ex. de
indeterminabilidade subjetiva passiva: na obrigação de pagar taxa de
condomínio, que é obrigação propter rem, o devedor é quem vier a
adquirir a coisa, não importa quem é o dono (há, portanto, também
uma margem de indeterminabilidade do devedor).
c) O elemento objetivo: o “coração”, o núcleo da relação
obrigacional (e, portanto, o seu elemento principal), é a prestação.
A prestação, elemento objetivo da relação obrigacional, deverá ser
lícita, possível e determinada (ou determinável). É o objeto direto ou
imediato da obrigação, da relação obrigacional. O bem davida é o
objeto direto da obrigação. A prestação é dinâmica, é a atividade do
devedor, voltada à satisfação do credor, podendo ser de dar, fazer ou
não fazer.
Em um contrato de compra e venda: o comprador é credor da coisa e
devedor do preço, e o vendedor é credor do preço e devedor da coisa.
Questão: A patrimonialidade é característica
essencial/obrigatória da prestação?
Em geral, a patrimonialidade é sentida nas relações obrigacionais.
Todavia, autores como Pontes de Miranda e Paulo Lobo anotam que,
excepcionalmente, há obrigação insuscetível de valorização econômica
/
– ex.: dever de cremar o corpo do autor da herança, que pode ser uma
prestação estabelecida em testamento, mas que não traz nenhuma
patrimonialidade.
Assim, tradicionalmente, no direito brasileiro a prestação é patrimonial
sim, mas há situações que escapam a essa regra.
Obs.: Embora o CC/02 nada diga a esse respeito, vale observar que o
Código Civil de Portugal, em seu art. 398, admite expressamente a não
patrimonialidade da prestação: “A prestação não necessita de ter valor
pecuniário; mas deve corresponder a um interesse do credor, digno
de protecção legal”.
O Princípio da Eticidade (Boa fé
Objetiva) e a Relação Obrigacional:
 
O vínculo obrigacional é uma relação complexa e dinâmica que
perdura, no tempo, mesmo após adimplido o dever principal. Trata-se
da aplicação do princípio da boa-fé objetiva, que se apresenta não só
durante a vigência do contrato, mas também nas fases pré e pós-
contratuais.
A releitura do princípio da relatividade nos impõem a interpretação de
que os contratos envolvem deveres anexos a serem cumpridos pelas
partes e por terceiros, estranhos à sua celebração.
A boa-fé objetiva veda o comportamento contraditório ou lesivo das
partes contratantes, exigindo das partes lealdade positivamente em
prol do cumprimento do contrato, cujas obrigações não mais se
exaurem em decorrência do término do vínculo negocial.
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10705814/artigo-398-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
/
Os deveres acessórios, laterais, secundários ou anexos nasceram da
jurisprudência alemã e visam à restauração do equilíbrio das relações
contratuais, garantindo o correto desenvolvimento da relação
contratual.
Podemos discriminar, exemplificativamente, os deveres de
esclarecimento, de informação, de lealdade, de cooperação, de cuidado,
de sigilo e de não concorrência.
O dever de cooperação é um desdobramento da boa-fé objetiva.
Aqui, vale o estudo de 2 institutos:
1. Do Direito Inglês: Duty to mitigate – significa o dever de mitigar.
É um instituto freqüente no direito norte-americano. Sob o
influxo do Princípio da boa fé na relação obrigacional, impõe o
dever de cooperação entre credor e devedor, na medida em que
veda ao sujeito ativo deixar de atuar para minimizar o prejuízo
(dever de mitigar o dano). Ex.: A bate no carro de B; B (que é o
credor da obrigação de indenizar) verifica que começa a sair
fumaça de seu veículo, ou seja, estaria para iniciar-se um
incêndio, e, assim, ele tem o dever de usar o extintor para evitá-lo,
sob pena de, não o fazendo, não receber o valor agregado à
indenização.
2. Do Direito Francês: Droit de suite – significa o direito de
seqüência. Segundo o prof. Rodrigo Morais, o direito de seqüência
reconhece ao artista plástico e a seus sucessores um crédito
(participação) no aumento do preço nas sucessivas revendas da
obra de arte (direito intelectual).
CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES:
 
1) Quanto às fontes: contratuais e extracontratuais
/
a) Contratuais: são obrigações oriundas de contratos.
b) Extracontratuais: são aquelas oriundas de atos ilícitos, de atos
unilaterais de vontade, ou de ato que enseja enriquecimento sem causa.
2) Quanto à prestação: A obrigação pode então ser:
a) positiva: As obrigações positivas têm como objeto uma prestação,
um agir, que pode ser dar ou fazer algo.
Obrigações de dar: coisa certa ou coisa incerta
Obrigações de fazer
b) negativa:
Obrigações de não fazer.
Atenção: Importante fazer a leitura dos artigos!
a) Positiva:
Obrigações de dar:
A obrigação de dar, em direito das obrigações, pode ter, juridicamente,
3 sentidos:
Pode significar transferir a posse e a propriedade da coisa;
Entregar a posse (ex. na locação, o locador tem a obrigação de
transferir apenas a posse e não a propriedade), ou, ainda;
Restituir a posse e a propriedade (ex. contrato de depósito). Em
qualquer desses sentidos, porém, a obrigação de dar significa
/
prestação de coisas.
A obrigação de dar se subclassifica em:
a) dar coisa certa: significa a obrigação em que a prestação refere-se
a um bem específico ou individualizado (dar coisa determinada,
especificada, qualificada). Ex. obrigação de compra de um
apartamento.
Na obrigação de dar coisa, o objeto é um objeto certo e determinado,
como casa, navio, soma em dinheiro.
Obs: Nas obrigações de dar coisa certa, o credor não pode
ser obrigado a receber outra, ainda que mais valiosa (art.
313), nem o devedor pode ser obrigado a entregar outra,
ainda que menos valiosa.
As obrigações de dar coisa certa abrangem seus acessórios,
salvo disposição contrária (arts. 92-97 e 233). Se Carlos vender seu
carro a João, todos os acessórios se presumem vendidos juntos. Assim,
rádio, rodas de liga leve, ar-condicionado etc. seguirão com o carro, a
não ser que Carlos e João expressamente combinem o contrário.
art. 233, CC: As obrigações de dar coisa certa abrangem
seus acessórios, salvo disposição contrária. A regra aqui é
a de que o acessório segue o principal.
A partir do art. 234, CC o codificador regulou a responsabilidade civil
pelo risco de perda ou deterioração da coisa na obrigação de dar coisa
certa.
Obs.: Se a perda resultar de caso fortuito ou força maior,
quem responde? A regra geral do Código brasileiro é a de que quem
suporta a perda ou deterioração da coisa por caso fortuito ou força
maior, é o seu dono (res perit domino – a coisa perece para o dono).
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10713724/artigo-233-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10713694/artigo-234-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
/
Caso fortuito e força maior são casos de isenção da
responsabilidade de indenizar. Caso fortuito e força
maior são acontecimentos que fogem da vontade do
indivíduo, que escapam de sua diligência, estranhos a
sua vontade.
O artigo 393 do Código Civil de 2002, in verbis:
“Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso
fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles
responsabilizado.
Parágrafo Único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no
fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir.”
Força maior: evento da natureza; são os eventos inevitáveis,
ainda que sejam previsíveis, se tratando de fatos superiores às
forças do agente, como os fatos da natureza, como terremotos,
enchentes, furacões, ciclones extra-tropicais e enchentes, por
exemplo.
Caso fortuito: evento humano; Por outro lado, o caso fortuito se
caracteriza pela imprevisibilidade. Um evento imprevisível, e
consequentemente, inevitável.
RESPONSABILIDADE CIVIL. TRANSPORTE COLETIVO.
Assalto à Mão Armada. Fato Doloso de Terceiro Equiparável à Força
Maior. O fato doloso de terceiro, como o assalto à mão armada, por ser
inevitável, equipara-se à força maior, excludente do próprio nexo
causal. É fato inteiramente estranho ao transporte, cabendo à
autoridade pública a prevenção dos atos lesivos da natureza do que se
cogita.A Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento
de REsp 435.865-RJ, pacificou a jurisprudência ao decidir: "Constitui
causa excludente da responsabilidade da empresa transportadorao
fato inteiramente estranho ao transporte em si, como é o assalto
ocorrido no interior do coletivo."Provimento do recurso.
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10706117/artigo-393-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/248952/recurso-especial-resp-435865-rj-2002-0065348-7
/
art. 234, CC – na forma da 1ª parte deste art., a regra é que
operada a perda da coisa sem culpa do devedor, a obrigação é
simplesmente resolvida; no entanto, o art., em sua parte final,
dispõe que, havendo culpa do devedor, ele responderá pelo preço
mais perdas e danos. Ou seja, se ficar provado que a obrigação se
prejudicou por culpa, isso significará que o culpado pagará perdas
e danos ao prejudicado (além da devolução do preço equivalente
que já tenha recebido). No caso em que não há culpa, caso o
credor já tiver dado o preço do objeto, este deverá ser restituído
para que não haja enriquecimento sem causa.
art. 235, CC – fala da deterioração da coisa: se não for o devedor
culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa,
abatido de seu preço o valor que perdeu. Não se fala aqui em
perdas e danos porque não é caso de culpa. Só há perdas e danos
quando há culpa.
art. 236, CC – “Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir
o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com
direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das
perdas e danos”. Aqui, se ficar provada a culpa, haverá a
obrigação de pagar perdas e danos.
Obs.: o princípio fundamental do direito obrigacional, no que tange à
responsabilidade pela coisa nas obrigações de dar é no sentido de que,
havendo culpa, consequentemente haverá obrigação de pagar perdas e
danos.
Atenção: há duas regras fundamentais na obrigação de dar
coisa certa:
Nos termos do art. 313, CC, o credor não está obrigado a receber
prestação diversa, ainda que mais valiosa.
Ainda que a prestação seja divisível, a regra geral é no sentido de
que o credor não dever receber por partes (☺art. 314, CC). A
regra, portanto, é a de que a obrigação deve ser cumprida por
inteiro.
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10713694/artigo-234-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10713655/artigo-235-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10713621/artigo-236-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10710048/artigo-313-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10710012/artigo-314-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
/
dar coisa incerta: também conhecida como obrigação genérica,
é aquela em que a prestação é relativa ou temporariamente
indeterminada. A obrigação de dar coisa incerta é uma obrigação
genérica indicada apenas pela espécie e quantidade, faltando a
qualidade da coisa. É uma prestação relativamente
indeterminada, porque falta a qualidade da coisa. Ex. típico: dar
10 sacas de arroz (espécie: arroz; quantidade: 10 sacas; mas não se
sabe a qualidade desse arroz). Esta obrigação é regulada no CC a
partir do art. 243: “A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo
gênero e pela quantidade”.
OBS. Parte respeitável da doutrina brasileira, encabeçada por Álvaro
Vilaça Azevedo (USP) critica duramente a palavra gênero, que é uma
expressão muito aberta, imprecisa, defendendo a sua substituição pela
palavra espécie. Ex. 10 sacas de arroz, seria espécie, enquanto que
cereal seria o gênero. O projeto de reforma do CC tenta consertar isso.
A indeterminação da qualidade é temporária.
Pergunta: quem faz a escolha da qualidade da coisa, o credor
ou o devedor?
No direito obrigacional a regra geral é a de que as escolhas devem ser
feitas pela parte menos favorecida (no caso, o devedor)
art. 244, CC. A escolha ou indicação da qualidade da coisa
incerta, também chamada de “concentração do débito” ou
“concentração da prestação devida”, deve ser feita pela média (o
devedor não poderá dar a coisa pior, mas também não está
obrigado a dar a melhor). A escolha pela média respeita a boa-fé
objetiva.
Vale lembrar, nos termos do art. 246 do CC, que o legislador firmou o
princípio de que o gênero não perece (ainda que nas hipóteses de caso
fortuito e força maior). A doutrina brasileira, e nessa linha a redação
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10713289/artigo-243-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10713254/artigo-244-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10713192/artigo-246-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
/
original do projeto de reforma do CC, ponderam que se tratar de um
gênero limitado na natureza, o devedor poderia se defender alegando
caso fortuito ou força maior.
b) de fazer:
A obrigação de fazer tem por objeto a prestação de um fato positivo,
traduzindo a própria atividade do devedor com o propósito de
satisfazer o crédito. Na obrigação de fazer interessa ao credor a própria
atividade do devedor; ela traduz a prestação de um fato pelo devedor.
Pode ser fungível ou infungível (se exige ou não o seu cumprimento por
uma pessoa determinada, se admite ou não a substituição do prestador
sem prejuízo da prestação).
A obrigação de fazer fungível é aquela em que a prestação pode ser
realizada por outra pessoa, não apenas o devedor; já a obrigação de
fazer infungível é personalíssima, não admitindo prestação por outrem.
art. 247, CC: obrigação de fazer personalíssima:“Incorre na
obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a
prestação a ele só imposta, ou só por ele exeqüível”.
art. 248 do CC: “Se a prestação do fato tornar-se impossível
sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa
dele, responderá por perdas e danos”.
Esta é a regra geral das obrigações de fazer: não havendo
culpa, resolve-se a obrigação; havendo culpa, converte-se em
perdas e danos.
É mais recomendável que, em sendo possível, o credor peça que o juiz
fixe multa diária, ao invés de perdas e danos, para forçar o
cumprimento da obrigação de fazer, ou seja, existem mecanismos de
execução mais efetivos.
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10713135/artigo-247-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10713101/artigo-248-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
/
art. 249 do CC: é mais efetivo: fato executável por terceiro. “Se o
fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor
mandá-lo executar a custa do devedor, havendo recusa ou mora
deste, sem prejuízo da indenização cabível”. Isso só é possível, é
claro, na obrigação não personalíssima.
P.U.: “em caso de urgência, pode o credor, independentemente
de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato,
sendo depois ressarcido” – forma de autotutela (havendo
urgência a autorização do juiz é dispensável).
2) Negativa:
a) de não fazer:
A obrigação de não fazer tem por objeto uma prestação de fato
negativo. Neste tipo de obrigação, o devedor assume juridicamente o
dever de realizar um comportamento omissivo de interesse do credor.
Essa obrigação é disciplinada a partir do art. 250, CC. Ex.: obrigação de
não concorrência entre duasempresas ou de não explorar determinada
atividade; obrigação de não construir acima de determinada altura
(direito real de servidão), etc.
Pode decorrer do Princípio da Boa-fé Objetiva (ou da Eticidade). Ex.:
uma construtora vende um apartamento cuja melhor propaganda é a
vista para o mar e depois de um tempo esta mesma construtora
constrói um outro empreendimento que retira a vista do primeiro
prédio, o que viola a boa-fé objetiva – neste caso, pois, há quebra da
boa-fé objetiva (já que se tratava de uma obrigação de não fazer
decorrente deste Princípio). Se, contudo, a área for vendida para outra
construtora, seria preciso instituir uma servidão para que o limite da
altura não fosse ultrapassado e não fosse retirada a vista; sendo, neste
caso, uma situação mais complicada.
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10713063/artigo-249-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10713001/artigo-250-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
/
Obs.: Guilherme Nogueira da Gama lembra que a obrigação de não
fazer pode ser temporária. Ex.: obrigação de não concorrência por 5
anos.
Artigos do CC que cuidam desta obrigação – ☺arts. 250 e 251
do CC:
Extingue-se a obrigação de não fazer (sem perdas e danos – já que não
há culpa do devedor), desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne
impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar – ex.: por
Fato do Príncipe (a AP obriga a pessoa a assumir a obrigação que antes
se obrigara a não fazer).
Art. 251 do CC: Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se
obrigara, o credor pode exigir dele (através de multa cominatória)
que o desfaça, sob pena de se desfazer a sua custa, ressarcindo o
culpado perdas e danos. Ex.: A se obriga a não levantar um muro,
mas, descumprindo a obrigação o levanta; isso permite ao credor
que obrigue o devedor a desfazer o muro, sem prejuízo de perdas e
danos.
P.U.: autotutela – independentemente de autorização do juiz
(em caso de urgência), pode o próprio credor desfazer ou mandar
desfazer a obrigação, correndo esta às custas do devedor, sem
prejuízo de perdas e danos.
Classificação Especial:
 
1) Obrigação Solidária:
Existe solidariedade quando, na mesma obrigação, concorre uma
pluralidade de credores ou devedores, cada um com direito ou
obrigado a toda a dívida. ☺art. 264, CC.
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10713001/artigo-250-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10712960/artigo-251-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10712960/artigo-251-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10712068/artigo-264-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
/
Há, basicamente, duas espécies de solidariedade: ativa (entre
credores) e passiva (entre devedores).
Na solidariedade ativa há mais de um credor com direito a toda
dívida ou a parte da dívida. O credor pode exigir apenas sua parte ou
todo o crédito.
Na solidariedade passiva há pluralidade de devedores, e o credor
pode cobrar a parte de cada um, ou cobrar de qualquer dos devedores
toda a dívida (como se houvesse para o credor um único devedor). O
devedor que pagar a dívida integral terá direito de regresso contra os
demais devedores.
*OBS. Na forma do artigo 265, CC, deve ficar claro que: a solidariedade
não se presume nunca, resultando da lei ou da vontade das partes.
Princípio da não-presumibilidade - ☺art. 265, CC:
“A solidariedade não se presume nunca, ou resulta da lei ou
da vontade das partes”.
Questão de concurso: o que se entende por obrigação in solidum?
Alguns autores, como Silvio Venoza e Guillermo Borda, diferenciam
Obrigação Solidária de Obrigação in solidum.
A Obrigação in solidum é aquela em que os devedores encontram-se
vinculados pelo mesmo fato, não havendo necessária solidariedade
entre eles (solidariedade passiva). Ex.: A causa um incêndio na casa de
B; A é devedor da obrigação de indenizar a vítima B, mas a seguradora
também está vinculada já que havia sido contratada por B. Não existe
solidariedade entre eles, é uma obrigação in solidum, ou seja, decorre
do mesmo fato, mas não há solidariedade entre eles (há dois
devedores, um pelo ato ilícito, e outro pelo contrato).
→ Solidariedade ativa:
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10712030/artigo-265-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10712030/artigo-265-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
/
Está prevista a partir do art. 267, CC:
“Cada um dos credores solidários tem o direito a exigir do devedor o
cumprimento da prestação por inteiro”.
Vale lembrar que o art. 272, CC admite ainda que qualquer dos
credores possa perdoar a dívida:
“O credor que tiver remitido (perdoado) a dívida ou recebido o
pagamento responderá aos outros pela parte que lhes caiba”.
Qualquer dos credores em solidariedade ativa pode perdoar toda a
dívida. Isso traduz um certo grau de risco para a atividade obrigacional
(porque esta solidariedade dá poderes demais a cada um dos credores
– ex.: um dos credores perdoa toda a dívida, sendo necessário, depois,
que os demais ingressem na via ordinária contra este credor para
reaver suas partes, correndo o risco de não consegui-lo).
A solidariedade ativa pode ser convencional ou legal.
Ex. de solidariedade ativa convencional: é a que se estabelece entre os
correntistas em conta corrente conjunta (☺Resp. 708.612/RO).
Ressalte-se que a emissão de cheque sem fundo acarreta
responsabilidade pessoal.
Exs. de solidariedade ativa que resulta da lei (são casos raros!): art. 12,
Lei 209/1948 (crédito de pecuaristas) e art. 2º, Lei do Inquilinato (Lei
8.245/91): “Havendo mais de um locador ou mais de um locatário,
entende-se que são solidários se o contrário não se estipulou”.
→ Solidariedade passiva:
A solidariedade passiva é muito mais abrangente.
Está regulada a partir do art. 275, CC:
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10711943/artigo-267-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10711742/artigo-272-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11734278/artigo-2-da-lei-n-8245-de-18-de-outubro-de-1991
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/109755/lei-do-inquilinato-lei-8245-91
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/109755/lei-do-inquilinato-lei-8245-91
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10711617/artigo-275-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
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“O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos
devedores, parcial ou totalmente a dívida comum; se o pagamento
tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados
solidariamente pelo resto”. PU.: “não importará renúncia da
solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um ou alguns
dos devedores”.
Se o credor propõe ação de cobrança contra apenas um dos devedores,
não significa que está renunciando à solidariedade dos demais
devedores.
A solidariedade passiva resulta da vontade das partes quando, por
exemplo, o contrato preveja este vínculo entre os devedores solidários
(ex. em geral, o contrato de locação contém a previsão de solidariedade
passiva). O art. 932, CC, por suavez, consagra situações de
solidariedade passiva, por força de lei.
Art. 279, CC: Se a obrigação solidária se tornar impossível,
respondem todos pelo equivalente (para evitar o enriquecimento
sem causa), mantendo-se a solidariedade pelo valor devido,
respondendo o culpado pelas perdas e danos.
Existem defesas, na mecânica obrigacional, que são pessoais (ex.:
incapacidade de um devedor, vítima de dolo ou coação), enquanto
outras são gerais, comuns a todos os devedores (ex.: a prescrição da
pretensão, o pagamento da dívida, etc.).
Um devedor solidário não pode manejar uma defesa pessoal de outro
devedor (ex. não pago porque o outro devedor, ao assinar o contrato
era incapaz). Ou seja, quanto às exceções (ou defesas) do devedor,
sendo pessoais, não podem ser aproveitadas pelo outro devedor - ☺art.
281, CC:
“O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem
pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções
pessoais a outro co-devedor”.
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10677562/artigo-932-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10711425/artigo-279-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10711371/artigo-281-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
/
Questões especiais envolvendo solidariedade passiva:
a) A obrigação de pagar alimentos, segundo o STJ no REsp
775.565/SP é conjunta e não solidária, ressalvada a situação do
estatuto do idoso. Há uma ordem para o pedido de alimentos (1º pede-
se ao pai, se não puder pagar, pede-se ao avô, que também pode
complementar o que o pai paga, os avós têm uma obrigação
complementar). No caso do estatuto do idoso, existe previsão de
solidariedade passiva. O idoso pode exigir alimentos de qualquer dos
parentes legitimados, não é necessário respeitar a ordem (o avô pode
exigir alimentos diretamente do neto, sem antes pedir ao filho).
b) O STJ tem firmado entendimento no sentido de que existe
solidariedade passiva entre o proprietário do veículo e o condutor pelo
fato da coisa (☺Resp. 577.902/DF).
c) *Não se pode confundir remissão (perdão) com renúncia à
solidariedade passiva – ☺arts. 277 e 282, CC.
Art. 277 do CC: “O pagamento parcial feito por um dos devedores
e a remissão por ele obtida não aproveitam aos outros
devedores, senão até a concorrência da quantia paga ou
relevada”.
Ex.: X, Y e Z são devedores de W, na quantia de 300. Se X paga 100, W
pode cobrar os outros 200 de Y e Z.
Obs. O devedor perdoado ainda fica exonerado da obrigação dos
devedores insolventes.
Art. 282 do CC: “O credor pode renunciar à solidariedade em favor de
um, de alguns ou de todos os devedores”. ☺P.U.: “Se o credor
exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos
demais”.
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/41882/recurso-especial-resp-775565-sp-2005-0138767-9
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028080/estatuto-do-idoso-lei-10741-03
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028080/estatuto-do-idoso-lei-10741-03
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10711509/artigo-277-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10711326/artigo-282-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10711509/artigo-277-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10711326/artigo-282-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
/
Assim, se o credor renuncia à solidariedade em face de todos os
devedores, isso significa que só poderá cobrar a quota parte de cada
um. Se, no entanto, renuncia à solidariedade em face de um só
devedor, dele só pode cobrar sua quota parte.
OBS. Os artigos 277 e 282, CC, têm sido interpretados à luz dos
enunciados 349 a 351 da 4ª JDC. Tem-se entendido que, renunciando à
solidariedade em face de um dos devedores, poderá cobrar em
solidariedade a dívida dos demais, abatida a quota do beneficiado pela
renúncia. Afasta a hipótese de chamamento ao processo do devedor
beneficiado pela renúncia.
2) Obrigação Alternativa:
As obrigações alternativas ou disjuntivas, disciplinadas a partir do art.
252, CC, são aquelas que têm objeto múltiplo, ou seja, têm por objeto
duas ou mais prestações, sendo que o devedor se exonera cumprindo
apenas uma delas.
Ela se notabiliza pelo conectivo “ou” – o devedor se exonera prestando
uma coisa ou outra.
Na obrigação cumulativa, diferentemente, o devedor tem que cumprir
uma obrigação cumulativamente com outra. O conectivo utilizado é e.
Veja a impossibilidade de cumprimento da obrigação
alternativa nos arts. 253 a 256, CC.
A escolha na obrigação alternativa, em regra, cabe ao devedor – art.
252, CC:
“Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra
coisa não se estipulou”.
Atenção para as seguintes “pegadinhas”:
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10711509/artigo-277-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10711326/artigo-282-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10712904/artigo-252-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10712711/artigo-253-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10712593/artigo-256-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10712904/artigo-252-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
/
§ 1º: “não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma
prestação e parte em outra”.
§ 3º: “no caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo
unânime entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado
para a deliberação”.
Obrigação Alternativa x Obrigação Facultativa
A doutrina, a despeito da omissão do CC, diferencia obrigação
alternativa de obrigação facultativa. A obrigação alternativa nasce com
o objeto múltiplo (devedor se obriga a prestar um ou outro). A
obrigação facultativa é uma obrigação simples de objeto único, embora
assista ao devedor a faculdade de, querendo, quando do pagamento,
substituir a prestação originária por outra.
Na obrigação alternativa, o próprio título da obrigação, o próprio
contrato, já delineia que a obrigação tem objeto múltiplo; há duas
prestações que podem ser cumpridas uma excluindo a outra. Ela já
nasce múltipla.
A obrigação facultativa, por sua vez, é uma obrigação com objeto único
– ela tem um único objeto, mas terá o devedor a faculdade de substituir
a obrigação de dar coisa certa, por ex., por uma entrega de dinheiro ou
outra coisa. É uma faculdade de substituição prevista no contrato. Se a
obrigação única e principal se extinguir por caso fortuito ou força
maior, ou seja, se o objeto perecer (ex.: o carro a ser entregue for
roubado) o credor não pode exigir a faculdade, a prerrogativa da
substituição (entrega do dinheiro), se não houver culpa. Assim, caso o
objeto da obrigação pereça, o credor não tem poder para forçar o
devedor a cumprir obrigação facultativa ou subsidiária.
Orlando Gomes aponta as seguintes características das obrigações
facultativas:
a) O credor não pode exigir a prestação facultativa.
/
b) A impossibilidade da prestação devida extingue a obrigação (isso
não acontecena alternativa, em que se uma das obrigações se tornar
impossível, subsiste a outra);
c) Somente a existência de defeito na prestação devida pode invalidar a
obrigação.
3) Obrigação Divisível e Indivisível:
As obrigações divisíveis são aquelas que admitem cumprimento
fracionado; ao passo que as indivisíveis só podem ser cumpridas por
inteiro.
☺arts. 257 e 258, CC.
Art. 257 do CC: “Havendo mais de um devedor ou mais de um
credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em
tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou
devedores”. Ex.: obrigação de dar dinheiro.
Art. 258 do CC: “A obrigação é indivisível quando a prestação
tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetível de divisão,
por sua natureza (ex.: um cavalo), por motivo de ordem
econômica (ex.: módulo rural, pequena propriedade rural, na
forma do Estatuto da Terra, não pode ser dividido), ou dada a
razão determinante do negócio jurídico (convencional,
decorrendo da vontade das partes – ex.: valor depositado num
banco)”.
Art. 259 do CC: “Se, havendo dois ou mais devedores, a
prestação não for divisível, cada um será obrigado pela dívida
toda” – parece uma solidariedade, mas não é – a solidariedade se
refere ao sujeito, a indivisibilidade se refere ao objeto (não
confundir!) – um só entregando a coisa, os demais deverão
ressarci-lo.
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10712567/artigo-257-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10712533/artigo-258-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10712567/artigo-257-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10712533/artigo-258-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/104451/estatuto-da-terra-lei-4504-64
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10712497/artigo-259-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
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Obs.: Se a obrigação é indivisível e solidária, o devedor se exonera se
pagar a um ou a todos. Mas, havendo pluralidade de credores, não
tendo sido pactuada a solidariedade ativa, o devedor somente se
exonera cumprindo a prestação nos termos do art. 260, CC. A caução
de ratificação é o documento, por meio do qual, os outros credores de
obrigação indivisível confirmam o pagamento feito a apenas um dos
credores. Se a obrigação fosse também solidária, não seria necessária
essa caução. Ver ainda o art. 261, CC). Art. 260, CC: “se a pluralidade
for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o
devedor ou devedores se desobrigarão, pagando: I – a todos
conjuntamente; II – a um, dando este caução de ratificação dos
outros credores.”
Atenção para não confundir solidariedade e indivisibilidade! A
indivisibilidade refere-se ao objeto, enquanto a solidariedade refere-se
aos sujeitos. Além disso, caso a prestação converta-se em perdas e
danos a indivisibilidade acaba, ao passo que a solidariedade pode
persistir. (Ou seja, perde a qualidade de indivisível; já, por outro lado,
se a obrigação fosse solidária, não perderia essa qualidade de solidária.
☺§§ do art.).
art. 263, CC: “Perde a qualidade de indivisível a obrigação que
se resolve em perdas e danos”.
4) Obrigação Natural:
A obrigação natural aparentemente é uma relação obrigacional comum,
todavia, é desprovida de exigibilidade jurídica, de coercibilidade, ou
seja, é uma obrigação de fundo moral, juridicamente inexigível.
Sugiro o livro do professor Sérgio Covelo para aprofundamento do
tema.
Ex.: dívidas de jogo (art. 814, CC); dívida prescrita, etc.
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10712436/artigo-260-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10712436/artigo-260-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10712197/artigo-263-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10684537/artigo-814-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
/
Embora não possa ser cobrada, o sistema jurídico reconhece um efeito
jurídico a esta obrigação: a irrepetibilidade do pagamento (soluti
retentio, que significa a retenção do pagamento) – a pessoa não pode
ser coagida a cumprir uma obrigação natural, o credor não tem poder
de subordinar o interesse do devedor ao dele, mas se o devedor
resolver pagar, pagando, o credor pode reter o pagamento. Uma vez
efetivado o pagamento, ele se torna irrepetível, com apenas uma
exceção:
☺art. 814, CC: “As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a
pagamento; mas não se pode recobrar a quantia, que
voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se o
perdente é menor ou interdito”.
☺art. 882, CC: “Não se pode repetir o que se pagou para solver
dívida prescrita, ou cumprir obrigação judicialmente inexigível”.
5) Obrigação de Meio e de Resultado:
A obrigação de meio é aquela em que o devedor se obriga a realizar
uma atividade sem garantir o resultado esperado; já a obrigação de
resultado é aquela que só se torna perfeita quando a meta proposta é
alcançada.
O prof. Paulo Lobo critica esta classificação, pois também nas
obrigações de meio busca-se um resultado. Ocorre que na obrigação de
meio, o prestador apenas não se responsabiliza pelo resultado final.
A doutrina cita a obrigação do advogado (inclusive o advogado
parecerista) como uma obrigação de meio. O empreiteiro, por sua vez,
assume uma obrigação de resultado, porque ele se obriga a realizar
uma obra. O engenheiro assume obrigação de fornecer a obra final,
portanto, assume uma obrigação de resultado.
Em regra, a obrigação do médico é de meio, ressalvando o cirurgião
que realiza cirurgia plástica estética que assume obrigação de
resultado. No entanto, o cirurgião plástico reparador assume obrigação
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10684537/artigo-814-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10680722/artigo-882-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
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de meio (☺Ag. Rg. no Resp. 256.174/DF).
Obs.: a cirurgia de miopia a laser traduz obrigação de meio ou de
resultado? Existe forte entendimento (ver informativo do consultor
jurídico no material de apoio) no sentido de que na cirurgia de miopia
a laser o médico também assume obrigação de meio (o
aperfeiçoamento da visão), não podendo garantir resultado final
perfeito (☺AC 1070701044481-8/001). Se houver melhora na acuidade
visual, o médico teve sucesso (não é preciso que a miopia desapareça
por completo).
TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES:
Segundo Clóvis do Couto e Silva, na obra: “A obrigação como um
processo” (Ed. FGV), a obrigação é dinâmica como uma relação
processual. A dinâmica não é enclausurada no direito civil. São três os
institutos de transmissão das obrigações: cessão de crédito, cessão de
débito e cessão de contrato.
1) Cessão de Crédito:
Consiste no negócio jurídico por meio do qual o credor (cedente)
transmite total ou parcialmente o seu crédito a um terceiro
(cessionário), a título gratuito ou oneroso, mantendo-se a mesma
relação obrigacional com o devedor (cedido). O devedor que devia o
credor originário passa a dever o novo credor. A cessão de crédito será
tratada no campo negocial.
A cessão de crédito nãopode ser confundida com a novação subjetiva
ativa (quando o novo credor entra, é considerada criada uma nova
obrigação), eis que não há o surgimento de uma nova obrigação.
☺art. 286, CC: a regra é a de que o credor pode ceder o seu
crédito, salvo em 3 situações, em que o crédito não poderá ser
cedido:
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10711132/artigo-286-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
/
quando a natureza do direito o impedir (ex.: direito aos alimentos,
ao salário);
se houver proibição da lei (ex.: art. 1749, III, CC: Ainda com a
autorização judicial, não pode o tutor, sob pena de nulidade: III -
constituir-se cessionário de crédito ou de direito, contra o
menor);
caso haja cláusula proibitiva, proibição decorrente da convenção
com o devedor (pacto de non cedendo), nos termos da parte final
do art. 286, CC.
Obs.: A cláusula proibitiva somente terá eficácia, em respeito ao
Princípio da Eticidade, se constar do título da obrigação (tem de
constar do contrato expressamente).
☺art. 287, CC: o acessório segue o principal – é uma regra
básica.
Questão: na cessão de crédito, faz-se necessária a autorização prévia do
devedor?
À luz do princípio da boa-fé, com amparo no dever anexo de
informação, é correto dizer que o devedor, embora não tenha
legitimidade ou não para autorizar a cessão, deve ser comunicado do
ato, como requisito de eficácia (art. 290, CC: “A cessão do crédito não
tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a este notificada;
mas por notificado se tem o devedor que, em escrito público ou
particular, se declarou ciente da cessão feita”). Esta comunicação ao
devedor é importante também para que ele saiba contra quem se
defender (arts. 292 e 294).
Obs.: nos termos do art. 294, CC, na linha do art. 1.474 do Código
Argentino, vale observar que o devedor pode opor ao novo credor as
defesas que têm em face do primeiro.
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10611053/artigo-1749-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10610922/inciso-iii-do-artigo-1749-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10711132/artigo-286-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10711077/artigo-287-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10710839/artigo-294-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10634654/artigo-1474-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
/
Questão: Na cessão de crédito, qual seria a dimensão da
responsabilidade do cedente? Ao ceder o crédito, ele
responderia apenas por sua existência ou também pela
solvência do devedor?
Interpretando sistematicamente os arts. 295 a 297, CC, podemos
concluir que, regra geral, a cessão opera-se pro soluto: o cedente é
responsável apenas pela existência do crédito. Mas, caso seja
estipulado que também responde pela solvência do devedor, a cessão é
pro solvendo.
2) Cessão de Débito:
É também chamada de “assunção de dívida”.
O CC/16 não tratava da matéria, que foi tratada especificamente no
CC/02.
A cessão de débito se opera por meio de um negócio jurídico por meio
do qual o devedor, com expresso consentimento do credor, transmite a
um terceiro o seu débito, na mesma relação obrigacional.
Não se confunde com novação subjetiva passiva, em que no momento
em que há a transferência, cria-se uma nova relação obrigacional. Aqui,
na cessão de débito, a relação obrigacional continua a mesma (pode-se
dar por delegação ou expromissão).
☺art. 299, CC: exige-se o consentimento expresso do credor.
Obs.: nos termos da parte final do art. 299, CC, é correto dizer que
o antigo devedor continuará responsável, caso o novo seja
insolvente e o credor de nada saiba.
☺P.U.: “qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para
que consinta na assunção da dívida, interpretando-se o seu
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10710812/artigo-295-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10710742/artigo-297-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://tre-pr.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/23169028/conflito-de-competencia-cc-16-pr-trepr
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10710674/artigo-299-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10710674/artigo-299-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
/
silêncio como recusa” (significa que ele não aceitou o novo
devedor).
☺ art. 300, CC: salvo consentimento expresso, as garantias que
o devedor originário deu desaparecem.
☺art. 301, CC.
E o novo devedor, ele tem como opor defesas ao credor?
☺art. 302, CC: o novo devedor não pode opor ao credor as exceções
(defesas) pessoais que só cabiam ao devedor primitivo (ex.: coação,
dolo, etc.).
3) Cessão de Contrato:
Também chamada “cessão de posição contratual”. O cedente cede sua
posição global no contrato (e não apenas um crédito ou um débito).
Emílio Betti ensina que a cessão de contrato realiza a forma mais
completa de substituição (sucessão a título particular) na relação
obrigacional.
O CC brasileiro não regulou essa matéria, diferentemente do Código de
Portugal (art. 424 a 427). Vejamos:
ART. 424º (Noção. Requisitos): 1. No contrato com prestações
recíprocas, qualquer das partes tem a faculdade de transmitir a
terceiro a sua posição contratual, desde que o outro contraente, antes
ou depois da celebração do contrato, consinta na transmissão. 2. Se o
consentimento do outro contraente for anterior à cessão, esta só
produz efeitos a partir da sua notificação ou reconhecimento.
ART. 425º (Regime): A forma da transmissão, a capacidade de dispor
e de receber, a falta e vícios da vontade e as relações entre as partes
definem-se em função do tipo de negócio que serve de base à cessão.
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10710601/artigo-300-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10710574/artigo-301-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10710539/artigo-302-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
/
ART. 426º (Garantia da existência da posição contratual): 1. O
cedente garante ao cessionário, no momento da cessão, a existência
da posição contratual transmitida, nos termos aplicáveis ao negócio,
gratuito ou oneroso, em que a cessão se integra. 2. A garantia do
cumprimento das obrigações só existe se for convencionada nos
termos gerais.
ART. 427º (Relações entre o outro contraente e o cessionário): A
outra parte no contrato tem o direito de opor ao cessionário os meios
de defesa provenientes desse contrato, mas não os que provenham de
outras relações com o cedente, a não ser que os tenha reservado ao
consentir na cessão.
É o que ocorre quando se “passa um contrato pra frente”.
Conceito: diferentemente da cessão de crédito ou de débito, na cessão
de contrato, o cedente transfere a sua própria posição contratual, a sua
situação no contrato como um todo, a um terceiro (cessionário),
mediante a anuência da outra parte, que passará a substituí-lo na
relação contratual.
→ Teorias Explicativas da Cessão de Contrato:1. Teoria da Decomposição, ou Atomística, ou
Zerlegungskonstruktion: para esta corrente, a cessão de contrato
não seria global, única, mas sim várias cessões de crédito e débito
reunidas. Não é a teoria aceita.
2. Teoria Unitária: é defendida por Pontes de Mirante e Antunes
Varela; esta teoria afirma que a cessão de contrato se dá
globalmente, de forma unitária, em um único ato. É a melhor
teoria.
Requisitos da cessão de contrato:
1. A celebração de um negócio jurídico entre cedente e cessionário;
/
2. A integralidade da cessão. A cessão deve ser global.
3. *A anuência da outra parte, como condição de eficácia do ato.
Obs.1: a regra geral, na cessão de contrato, é no sentido de que deve
haver a anuência da outra parte contratante (a doutrina em situação
excepcional dispensa essa anuência na denominada cessão legal ou
imprópria) – ver art. 31, § 1º, lei 6.766/79 (lei de parcelamento de solo
urbano): A cessão independe da anuência do loteador, mas, em
relação a este, seus efeitos só se produzem depois de cientificado, por
escrito, pelas partes ou quando registrada a cessão.
Obs.2: consoante dissemos, no âmbito do sistema financeiro, para
efeito de cessão de contrato, a instituição financeira deve ser ouvida
como regra (☺Ag. Rg. no Resp. 934.989/RJ). Mas, excepcionalmente,
diante do grande número de “contratos de gaveta” celebrados no
Brasil, a Lei 10.150/00, nos termos e nas condições do seu art. 20,
passou a admitir a regularização dos negócios celebrados sem a
anuência do agente financeiro - ☺Resp. 653.415/SC e Ag. Rg. no Resp.
838.127/DF.
Art. 20. As transferências no âmbito do SFH, à exceção daquelas que
envolvam contratos enquadrados nos planos de reajustamento
definidos pela Lei no 8.692, de 28 de julho de 1993, que tenham sido
celebradas entre o mutuário e o adquirente até 25 de outubro de 1996,
sem a interveniência da instituição financiadora, poderão ser
regularizadas nos termos desta Lei.
P.U.: A condição de cessionário poderá ser comprovada junto à
instituição financiadora, por intermédio de documentos formalizados
junto a Cartórios de Registro de Imóveis, Títulos e Documentos, ou de
Notas, onde se caracterize que a transferência do imóvel foi realizada
até 25 de outubro de 1996.
Cessão de contrato imprópria: é a cessão que se opera por força de lei.
É uma exceção, trata-se, pois, de hipótese atípica (figura anômala). Ex.
dado pelo prof. Luis Borrelli: art. 8º, Lei 8.245/91 (Lei do Inquilinato):
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11696119/artigo-31-da-lei-n-6766-de-19-de-dezembro-de-1979
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11696083/par%C3%A1grafo-1-artigo-31-da-lei-n-6766-de-19-de-dezembro-de-1979
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/109566/lei-lehmann-lei-6766-79
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103053/lei-10150-00
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11254447/artigo-20-da-lei-n-10150-de-21-de-dezembro-de-2000
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8692.htm
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/104296/lei-8692-93
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11734018/artigo-8-da-lei-n-8245-de-18-de-outubro-de-1991
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/109755/lei-do-inquilinato-lei-8245-91
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/109755/lei-do-inquilinato-lei-8245-91
/
Art. 8º Se o imóvel for alienado durante a locação, o adquirente
poderá denunciar o contrato, com o prazo de noventa dias para a
desocupação, salvo se a locação for por tempo determinado e o
contrato contiver cláusula de vigência em caso de alienação e estiver
averbado junto à matrícula do imóvel.
§ 1º Idêntico direito terá o promissário comprador e o promissário
cessionário, em caráter irrevogável, com imissão na posse do imóvel e
título registrado junto à matrícula do mesmo.
§ 2º A denúncia deverá ser exercitada no prazo de noventa dias
contados do registro da venda ou do compromisso, presumindo - se,
após esse prazo, a concordância na manutenção da locação.
- Notícias:
REsp 1.071.861: discute o prazo prescricional do DPVAT.
TEORIA DO PAGAMENTO:
O pagamento significa, em direito das obrigações, adimplemento ou
cumprimento voluntário da prestação devida (não é a mera entrega do
dinheiro, a simples entrega da coisa, etc., é preciso que haja a
voluntariedade).
É possível pagar dando, fazendo ou não fazendo, de acordo com o tipo
de obrigação.
O sujeito ativo do pagamento é o devedor, e o sujeito passivo é o credor
(é o contrário da relação obrigacional).
→ Natureza jurídica do pagamento:
É um fato jurídico.
Uma 1ª corrente diz que é um ato jurídico em sentido estrito.
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/6061840/recurso-especial-resp-1071861-sp-2008-0143233-9
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/127799/lei-do-seguro-dpvat-lei-8441-92
/
Por outro lado, respeitável parcela da doutrina (Caio Mário, e
Roberto Ruggiero) afirma que o pagamento é um fato jurídico de
natureza negocial. E há uma grande vantagem em se reconhecer a
natureza negocial do pagamento, já que se assim se entende, será
possível aplicar ao pagamento os defeitos do negócio jurídico (ex.:
feito um pagamento por erro, pede-se o estorno do valor no
banco).
Numa perspectiva civil-constitucional, que privilegia o Princípio
da Boa-fé Objetiva, podemos perceber que este princípio
influencia fortemente o pagamento.
→ Pergunta: o que se entende por adimplemento
substancial?
(Para esta teoria, à luz do princípio da boa-fé, não se considera
razoável resolver a obrigação, quando a prestação, posto não adimplida
de forma perfeita, fora substancialmente atendida, aproximando-se
consideravelmente do seu resultado final. A despeito do que dispõe o
art. 763, CC, no contrato de seguro, é defensável, para evitar injustiça,
a aplicação da teoria do adimplemento substancial, pagando-se ao
segurado o valor da indenização devida, abatido o prêmio que ainda
não havia sido pago. O STJ, inclusive, já aplicou a teoria para o
contrato de alienação fiduciária (REsp 469.577/SC)).
Assim, a mais importante aplicação desta Teoria opera-se nos
contratos de seguro. Ex.: X fez um contrato de seguro de carro, tendo
sido convencionado com a seguradora que o prêmio (aquilo que se
paga à seguradora) seria pago em 4 parcelas de R$ 500,00. X pagou as
3 primeiras parcelas corretamente, mas atrasou 2 dias para pagar a 4ª
parcela e o seu carro foi roubado. Por esta teoria, a seguradora deve
pagar o seguro a X, já que se aproximou muito do pagamento (claro
que se descontando o valor devido). Mas existe posicionamento
contrário na doutrina e na jurisprudência. Existe entendimento
jurisprudencial, inclusive, dizendo que a seguradora não pode cancelar
o contrato por inadimplemento sem noticiar o segurado devedor.
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10687457/artigo-763-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/249971/recurso-especial-resp-469577-sc-2002-0115629-5
/
- Condições ou Requisitos do
Pagamento:
Apenas observando essas condições ou requisitos evita-se o famoso
ditado: “quem paga mal paga duas vezes”.
Há dois tipos de condições:
1. Condições subjetivas:
Quem deve pagar;
A quem se deve pagar.
2. Condições objetivas:
Objeto do pagamento;
Prova do pagamento;
Tempo do pagamento;
Lugar do pagamento.
→ Condições subjetivas do pagamento:
- Quem deve pagar?
O pagamento pode ser feito pelo devedor ou por terceiro.
☺arts. 304 e 305, CC.
Em primeiro plano, o pagamento deve ser feito pelo próprio devedor
ou pelo seu representante. No entanto, o sistema brasileiro admite que
o pagamento seja feito também por terceiro (interessado ou não
interessado).
Existem dois tipos de terceiro: o terceiro interessado e o terceiro não
interessado. O terceiro interessado é aquele que se vincula
juridicamente à obrigação, posto não seja parte dela. A obrigação
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10710470/artigo-304-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10710398/artigo-305-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
/
repercute na sua esfera. Ex. fiador e avalista. O fiador, quando paga,
sub-roga-se em todos os direitos e garantias do antigo credor. O
terceiro não interessado, por sua vez, é desprovido de interesse jurídico
quanto à obrigação. Tem um interesse moral, meta-jurídico no
pagamento. Ex.: pagamento de conta da TV a cabo para a mãe – neste
caso o terceiro não se sub-roga nos direitos do credor.
Quais são os efeitos jurídicos que decorrem do pagamento
feito pelo terceiro interessado? O devedor, afinal, pode se opor ao
pagamento feito por terceiro?
O terceiro interessado, a exemplo do fiador, ao efetuar o pagamento,
sub-roga-se em todos os direitos, ações, privilégios e garantias do
credor originário. O terceiro interessado tem interesse jurídico, tem
muita força, por isso substitui-se nos direitos do credor.
No caso do terceiro não interessado, duas situações podem
ocorrer, na forma dos arts. 304 e 305, CC:
a) Se o terceiro não interessado pagar em seu próprio nome, terá pelo
menos direito ao reembolso. Ex. pagamento pela internet ou pelo caixa
eletrônico é emitido em nome do terceiro não interessado.
b) Se o terceiro não interessado, todavia, pagar apenas em nome do
devedor, não terá direito a nada.
Questão: O devedor pode se opor ao pagamento feito por
terceiro?
Nos termos do art. 306, CC, é possível a oposição do pagamento, desde
que o devedor indique ter meios de satisfazer o credor. Art. 306:
“O pagamento feito por terceiro, com desconhecimento ou oposição
do devedor, não obriga a reembolsar aquele que pagou, se o
devedor tinha meios para ilidir a ação”.
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10710470/artigo-304-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10710398/artigo-305-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10710332/artigo-306-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
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Também é possível a oposição quando há fundamento relevante a
exemplo da prescrição da dívida, ou da invalidade da obrigação. O
devedor poderá, ainda, se opor ao pagamento pelo terceiro, baseando-
se nos direitos da personalidade, no caso em que o terceiro queira
pagar somente para menosprezar o devedor diante da sociedade (ex.: o
maior desafeto do devedor paga sua dívida para colocar o devedor
numa situação vexatória).
- A quem se deve pagar?
Esta é a segunda condição subjetiva do pagamento.
☺arts. 308 e 309, CC.
O CC estabelece que o pagamento deve ser feito ao credor ou a quem,
de direito o represente. É juridicamente possível também o pagamento
feito a terceiro, observando-se as seguintes condições:
a) o credor deverá ratificar o pagamento, ou, caso não o faça, poderá o
devedor demonstrar que o pagamento reverteu em seu proveito (art.
308);
b) *também será considerado eficaz o pagamento feito a terceiro, nos
termos do art. 309, à luz da teoria da aparência, no caso do credor
putativo. O que dá base principiológica a esta teoria é o Princípio da
Boa-fé. O que existe aqui é um pagamento feito de boa-fé, segundo o
princípio da confiança, a quem aparenta ser credor sem ser. Art. 309.
O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido (melhor dizer
eficaz), ainda provado depois que não era credor. É uma aplicação do
Direito Civil Constitucional (eticidade e boa fé) – em respeito à
confiança que se tem na relação jurídica e à boa fé.
OBS. Guilherme Calmon Nogueira da Gama lembra interessante
hipótese de aplicação da teoria, no caso do mandatário putativo, como
na hipótese do devedor de boa-fé locatário que efetua o pagamento, por
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10710220/artigo-308-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10710185/artigo-309-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
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falta de informação devida, à antiga administradora de imóveis do
locador.
→ Condições Objetivas do Pagamento:
Tempo do pagamento: a regra geral é no sentido de que as
obrigações devem ser pagas no vencimento da dívida. Caso a obrigação
não tenha vencimento certo, salvo norma especial em contrário, o
credor pode exigi-la de imediato. ☺ arts. 331 e 332 do CC.
☺ art. 331 do CC: “Salvo disposição legal em contrário, não
tendo sido ajustada época para o pagamento, pode o credor
exigi-lo imediatamente”.
☺ art. 332 do CC: “As obrigações condicionais cumprem-se na
data do implemento da condição, cabendo ao credor a prova de
que deste teve ciência o devedor”.
Obs.: No caso do mútuo de dinheiro existe uma regra específica
(☺art. 592, II), de forma que, não tendo sido estipulado o
vencimento, o prazo mínimo legal para pagamento é de 30 dias.
☺art. 333 – cuida das hipóteses de vencimento antecipado das
dívidas:
“Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes de vencido o
prazo estipulado no contrato ou marcado neste Código: I - no caso de
falência do devedor, ou de concurso de credores; II - se os bens,
hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por
outro credor; III - se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as
garantias do débito, fidejussórias (pessoais), ou reais, e o devedor,
intimado, se negar a reforçá-las”.
P.U.: “Nos casos deste artigo, se houver, no débito, solidariedade
passiva, não se reputará vencido quanto aos outros devedores
solventes”.
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10709268/artigo-331-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10709234/artigo-332-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10709268/artigo-331-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10709234/artigo-332-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
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https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10709201/artigo-333-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
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Lugar do pagamento: nos termos do art. 327, CC, a regra geral do
Direito Brasileiro é a de que as dívidas devem ser pagas no domicílio do
devedor, portanto, as dívidas são quesíveis ou “querables”. Por
exceção, se o pagamento é feito no domicílio do próprio credor, as
dívidas são portáveis ou portable.
Art. 327 do CC: “Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do
devedor, salvo se as partes convencionarem diversamente, ou se
o contrário resultar da lei, da natureza da obrigação ou das
circunstâncias”.
OBS. Se no título da obrigação houver dois ou mais lugares para o
pagamento, a escolha deverá ser feita pelo credor (P.U. do art. 327).
E se for caso de transferência de imóvel, o pagamento é feito no lugar
em que for situado o bem (☺art. 328, CC: “Se o pagamento consistir
na tradição de um imóvel, ou em prestações relativas a imóvel, far-se-
á no lugar onde situado o bem”).
☺art. 329, CC.
OBS.2. O art. 330, ainda se referindo ao lugar do pagamento, consagra
o princípio do “venire contra factum proprium”, que proíbe o
comportamento contraditório da parte, ou seja, evita que o credor,
quebrando o princípio da confiança, adote comportamento
contraditório. Este artigo guarda conexão com este princípio, pois
dispõe que “o pagamento reiteradamente feito em outro local faz
presumir renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato”.
Prova do pagamento: opera-se por meio de um ato jurídico
denominado “Quitação”. Quitação é diferente de recibo. O recibo é o
documento.
☺art. 319, CC: “O devedor que paga tem direito a quitação
regular, e pode reter o pagamento, enquanto não lhe seja dada”.
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10709454/artigo-327-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10709454/artigo-327-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
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https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10709329/artigo-329-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
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https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10709304/artigo-330-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10709819/artigo-319-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
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☺art. 320: “A quitação, que sempre poderá ser dada por
instrumento particular, designará o valor e a espécie da dívida
quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo e o
lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu
representante”.
P.U.: “Ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo valerá
a quitação, se de seus termos ou das circunstâncias resultar
haver sido paga a dívida” – é aceita, neste caso, em face do
Princípio da Socialidade.
OBS.: Ver o artigo 108, CC: escritura pública não se confunde com
quitação particular.
Admite-se ainda a quitação eletrônica, nos termos do EN 18 da 1ª JDC.
Presunções de pagamento (pressupõem que a quitação não foi dada):
mesmo não havendo a quitação, há uma presunção relativa de que
houve o pagamento, podendo o credor efetuar prova em contrário – ☺
arts. 322 a 324, CC.
Art. 322 do CC: “Quando o pagamento for em quotas
periódicas, a quitação da última estabelece, até prova em
contrário, a presunção de estarem solvidas as anteriores”.
Art. 323 do CC: “Sendo a quitação do capital sem reserva dos
juros, estes presumem-se pagos”. Os juros são bens acessórios do
capital.
Art. 324 do CC: “A entrega do título ao devedor firma a
presunção do pagamento”. P.U.: “Ficará sem efeito a quitação
assim operada se o credor provar, em 60 dias, a falta do
pagamento”.
Objeto do pagamento:
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10723015/artigo-108-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10709665/artigo-322-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10709606/artigo-324-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10709665/artigo-322-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10709627/artigo-323-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10709606/artigo-324-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
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Aqui estudamos regras básicas para o objeto do pagamento. O que a
doutrina chama de objeto do pagamento, dentro das condições
objetivas, são, na verdade, regras básicas objetivas para o cumprimento
da obrigação. Essas regras básicas estão previstas nos arts. 313 a 317,
CC.
a) Nos termos do art. 313, o credor não é obrigado a receber prestação
diversa, ainda que mais valiosa.
b) À luz do princípio da indivisibilidade, nos termos do art. 314, o
credor não é obrigado a receber, nem o devedor a pagar por partes, se
assim não se convencionou.
c) O art. 315 consagra o princípio do nominalismo, segundo o qual, nas
obrigações pecuniárias, o devedor libera-se pagando a mesma
quantidade de moeda prevista no título da obrigação. Este princípio,
sob certo aspecto utópico, é relativizado pelos mecanismos de correção
monetária.
OBS.1. Esses mecanismos de correção monetária (que inclusive se
tornaram obrigatórios para débitos decorrentes de decisão judicial por
meio da lei 6.899/81) atuam atualizando o valor das dívidas em
dinheiro. Ex. IGPM, INPC, TR, IPCA.
☺art. 315, CC: “As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no
vencimento, em moeda corrente e pelo valor nominal, salvo o
disposto nos arts. subseqüentes”.
OBS.2. O credor não está obrigado a receber em cheque nem em
cartões de crédito ou débito, se assim não se ajustou, uma vez que é a
moeda nacional que tem cunho forçado.
Questão: a variação cambial pode ser adotada como índice de correção
monetária? A regra do direito brasileiro é negativa. Salvo em situações
excepcionais, como na hipótese do leasing ou quando houver
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10710048/artigo-313-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10709890/artigo-317-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/128292/lei-da-corre%C3%A7%C3%A3o-monet%C3%A1ria-em-ju%C3%ADzo-lei-6899-81
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10709973/artigo-315-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
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autorização específica prevista em lei (ver lei 8.880/94, art. 6º e AgRg
no Ag 845.988/SP).
d) Parte da doutrina, a exemplo do professor Mário Delgado, afirma
que a possibilidade de atualização das dívidas de dinheiro está
consagrada no art. 316, CC.
☺art. 316: “É lícito convencionar o aumento progressivo de
prestações sucessivas”.
A redação do artigo é infeliz. Para o prof., o art. 316 refere-se ao
aumento da base do débito e não à atualização do débito. Segundo
Mário Delgado, o art. não falou nada demais. Na obrigação pecuniária,
assim, pode haver atualização monetária.
Questões especiais de concurso:
- O que é tabela Price?
É também chamada de Sistema Francês de Amortização. Foi criada por
Richard Price (teólogo, físico e matemático). Trata-se de um sistema de
amortização que incorpora juros a um empréstimo ou financiamento,
mantendo, entretanto, o valor homogêneo das prestações (quando
alguém faz um contrato incide juros, mas a prestação durante todo o
financiamento é igual). Grande parte da doutrina, a exemplo de Luiz
Scavone Júnior sustenta a ilegalidade da tabela Price, uma vez que a
sua fórmula matemática praticaria anatocismo (juros sobre juros). A
redação do art. 316 pode dar fôlego aos defensores da tabela Price. O
STJ, em diversos julgados, como se lê no AgRg no Ag 1.118.850/MG,
não tem posição apriorística a respeito da legalidade ou não da tabela,
defendendo que dependerá da análise do caso concreto. Ele adota uma
postura de neutralidade quando enfrenta a questão, argumentando ser
uma questão de matéria financeira, que escapa da órbita do recurso
especial (☺Ag. Rg. No Ag. 67099/RJ).
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/108637/lei-8880-94
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11637311/artigo-6-da-lei-n-8880-de-27-de-maio-de-1994
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/2046369/agravo-regimental-no-agravo-de-instrumento-agrg-no-ag-845988
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10709935/artigo-316-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/3984351/agravo-regimental-no-agravo-de-instrumento-agrg-no-ag-1118850-mg-2008-0255589-5
https://trf-3.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/17783861/agravo-de-instrumento-ag-67099-sp-20030300067099-5-trf3
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- O salário mínimo pode ser usado como índice de correção de pensão
alimentícia? A regra geral é a de que o SM não pode ser usado como
critério de correção monetária em face do art. 7º, IV, CR (“salário
mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado (...) sendo vedada sua
vinculação para qualquer fim”). Mas esta regra admitira uma
flexibilização. ☺art. 475-Q, § 4º, CPC: “Quando a indenização por ato
ilícito incluir prestação de alimentos,

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