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FACULDADE PITÁGORAS DE TEIXEIRA DE FREITAS CURSO DE DIREITO ALINE NOVAIS ONOFRE DHENNIFA SOARES GUSMÃO KATARINE S. ARGÔLO MOREIRA MIQUÉIAS S. ARAUJO VILAS BOAS STHEPHANY GUIMARÃES SANTOS VIOLAÇÃO DE DOMICILIO TEIXEIRA DE FREITAS 2017 ALINE NOVAIS ONOFRE DHENNIFA SOARES GUSMÃO KATARINE S. ARGÔLO MOREIRA MIQUÉIAS S. ARAUJO VILAS BOAS STHEPHANY GUIMARÃES SANTOS VIOLAÇÃO DE DOMICILIO Trabalho apresentado Curso de Direito da Faculdade Pitágoras de Teixeira de Freitas como requisito parcial para Avaliação na disciplina Direito Penal – Dos crimes contra a pessoa e patrimônio. Orientador: Professor Vinicius Ribeiro TEIXEIRA DE FREITAS 2017 VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO (ART. 150, CP). Fazendo uma leitura do tipo penal, podemos conceituá-lo como o ato de entrar ou permanecer, de maneira clandestina ou astuciosa, em casa alheia, contra a vontade do seu habitante. O professor Damásio nos explica que há tipificado no CP, apenas um delito de violação de domicílio como crime autônomo e não uma pluralidade de delitos nesse aspecto, pois, embora a Seção II do Capítulo VI do Título I do CP se refira a "crimes contra a inviolabilidade do domicílio", tem-se apenas um tipo penal autônomo que resguarda o domicílio, e que se desdobra em formas simples e qualificadas. É importante lembrar que a discussão desse tipo penal torna-se inócua se não fizermos alusão à sua referência Constitucional e Histórica, que, aliás, estão congregadas numa evolução conjunta. Assim podemos dizer que, a proteção ao domicílio tomou força devido às ameaças e constantes invasões a que estava sujeita em tempos pretéritos, por isso, a inviolabilidade domiciliar, trata-se de um preceito de natureza histórica, conhecido desde a Idade Média, principalmente na ordem jurídica inglesa. OBJETIVIDADE JURÍDICA É de extrema importância lembrar que o tipo penal não protege a posse, nem mesmo a propriedade, mas tão somente a tranquilidade doméstica. Damásio ressalta que só constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia habitada, ou, quando ausente seus moradores; o que não ocorre quando for a casa desabitada, pois estaria aí cometendo o agente, o crime de usurpação, delimitado pelo art. 161, do Código Penal. Como lembra Regis Prado, houve aqueles que sustentaram que o delito em estudo violava essencialmente a propriedade (Beling), além daqueles que destacavam uma violação à ordem pública (inspiração germânica). Contudo na atualidade predomina o entendimento de que a violação do domicílio classifica-se entre os crimes contra a liberdade individual, tendo, portanto, o escopo de preservar a paz doméstica. DOMICÍLIO O CP, na espécie, não protege o domicílio definido pelo legislador civil, conceituado como o lugar onde a pessoa reside como ânimo definitivo. Para efeitos civis, domicílio não é só o lugar onde a pessoa reside com ânimo definitivo. É também a sede das operações, o centro das ocupações habituais. Assim, podemos dizer que determinado cidadão tem domicilio em Santos, Bauru ou são Paulo. Não é este, entretanto, o domicilio tutelado pela definição do art. 150, caput, do CP. O legislador procurou proteger o lar, a casa, o barraco do favelado ou o rancho do pescador. Tutela-se o direito ao sossego, no local de habitação, seja permanente, seja transitório ou eventual. Assim, a expressão “casa” não tem as dimensões da expressão “domicílio” contida no Direito Civil. SUJEITOS DO DELITO O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, sendo que até mesmo o proprietário do imóvel pode ser agente do delito quando a posse estiver de forma legitima com terceiro. É o caso do locador que invade sua própria propriedade, mas desrespeitando a posse do locatário. Tendo em vista esse aspecto é delito comum. Sujeito passivo é o titular da tranquilidade doméstica que na circunstância da violação pode permitir ou impedir a entrada ou permanência de outrem em seu domicílio. O professor Luiz Regis Prado lembra a respeito dessa titularidade quando existe mais de um morador, ressaltando os regimes da subordinação e da igualdade. Em relação ao primeiro regime cabe ao superior hierárquico permitir ou proibir, ou delegar essa autoridade, para que terceiro possa adentrar no domicílio, temos o caso dos dois conjugues, em relação à empregada doméstica. Quanto ao segundo, todos os moradores têm autonomia a permitir ou proibir a entra de terceiro, quanto às suas dependências; como exemplo, tem-se a república de estudantes. "Havendo conflito de vontades, predomina a vontade da maioria ou, em caso de empate, a negativa"; (Prado). CONCEITO DE CASA Nos termos do Art. 150 §4º do CP expressão casa compreender que: - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências: § 4º - A expressão "casa" compreende: I - qualquer compartimento habitado; II - aposento ocupado de habitação coletiva; III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade. Júlio Fabbrini Mirabete (2005, p. 1197/1198), aduz que o conceito de casa pode ser dado como o de qualquer construção, aberta ou fechada, imóvel ou móvel, de uso permanente ou ocupada transitoriamente. Em interpretação autêntica, prevê o § 4º do art. 150 compreendendo no conceito de casa (a) qualquer compartimento habitado (moleca, barraca etc.), (b) aposento ocupado de habitação coletiva (quartos de pensão, hotel, motel etc.), (c) compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade (consultório, escritório, oficina, ateliê etc.). Assim pode-se concluir que o compartimento aberto ao público não é protegido pela lei, como o museu, cinema, bar, loja, teatro etc. Compartimentos não abertos ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade, é o consultório médico, do dentista, o escritório do advogado etc. Esses locais podem possuir uma parte aberta ao público, como a sala de espera de uma recepção onde as pessoas podem entrar livremente. Quem entrar em consultórios, escritórios e entre outros disso sem o consentimento do dono está cometendo violação de domicilio. Não admite proteção penal em hospedagem, estalagem ou outros ambientes enquanto aberto. Exemplo: um hotel enquanto aberto não tem proteção penal, mais se estiver fechado, merece proteção penal. ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO Essa entrada ou permanência, segundo o artigo em estudo, pode ser: a) Clandestina: quando são realizadas as escondidas, sem que o morador perceba. b) Astuciosa: quando o agente emprega algum artifício para induzir o morador em erro, e com isso, obtendo o consentimento para adentrar na residência. c) Ostensiva: quando a entrada é realizada sem a anuência do morador. Nessa hipótese, o agente pode ter usado de violência contra o morador. Ressalta-se que a entrada ou permanência deve ser realizada contra a vontade expressa ou tácita do morador, ou de quem representa essa faculdade. Portanto a proteção legal é destinada àquele que ocupa o espaço, não sendo necessariamente o titular da propriedade, pois o que é protegido são a tranquilidade e a segurança no espaço doméstico, não o direito a posse ou propriedade. A doutrina afirma que, em regra, em casa habitada por família, cabe aos conjugues em igualdade de condições exercerem o direito de admissão ou exclusão (art. 226, §5º, CF/88). Na faltadeles, cabe aos seus ascendentes, descendentes, primos, tios, sobrinhos, empregados ou qualquer um que os represente. QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA O crime de violação de domicílio é de mera conduta, ou seja, basta a conduta do sujeito para se configurar o crime. No caput do artigo 150 do código penal, o legislador somente define o comportamento do agente, sem falar do resultado que poderia causar depois da conduta. O tipo penal não descreve qualquer consequência da entrada ou permanência. Em matéria penal, resultado é a modificação do mundo externo causada pelo comportamento. Na espécie, a figura não se refere a qualquer mudança do aspecto material da residência da vítima causada pela entrada ou permanência. É claro que a simples entrada do sujeito já muda o mundo exterior. Todavia, o resultado de que se cuida não é aquele contido no próprio comportamento. É necessário que a mudança do mundo exterior seja causada pela conduta do sujeito ativo. A violação de domicílio, na modalidade “entrar”, é delito instantâneo; na modalidade “permanecer”, como a expressão já indica é permanente. MOMENTO CONSUMATIVO E TENTATIVA O delito consuma-se com a entrada e permanência. É necessário que o sujeito entre com o corpo inteiro na casa da vítima. A permanência, para constituir delito consumado, requer duração juridicamente relevante. A violação de domicílio admite tentativa, por exemplo, o sujeito tenta entrar na residência da vítima, sendo impedido por esta. Porém na modalidade permanecer a doutrina entende que não há tentativa. ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO O crime só é punível a titulo de dolo. Abrange o elemento normativo de ser contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito. O erro de tipo que incide os elementos do crime exclui o dolo, pois, não há tipicidade do fato, inexistindo crime. Ex: homem que supõe entrar na própria casa, mas por erro entra em casa alheia. . O STF entende que não há crime na entrada do amante da esposa infiel no lar conjugal, com o consentimento daquela e na ausência do marido, para fins amorosos. (RTJ, 47/734) Cabe a tentativa, inclusive para tentar permanecer. Não há violação de domicílio em casa abandonada. Contudo, não se pode confundir casa abandonada, com casa temporariamente desabitada. Ex. Casa de praia. FIGURAS TIPICAS QUALIFICADAS Se o crime cometido durante a noite (período de obscuridade, em face a falta de luz), ou em lugar ermo (vazio, desocupado...), com emprego de violência ou arma, por duas ou mais pessoas (ART 150 CP) a pena será de 6 meses a 2 anos, além da violência cometida. 1- O legislador fala em noite como repouso noturno, já o conceito de noite como qualificação é diverso de repouso noturno. Nessa qualificadora deve ser obrigacional que aconteça a violação no período escuridão completa.; 2- So há qualificadora quando é habitualmente ermo, não eventualmente; 3- O emprego de violência na invasão de domicilio exclui a grave ameaça. So diz espeito a força física, não abrange violência moral. Pode ser exercida contra pessoa ou contra coisa; 4- No caso das qualificadoras do emprego de armas e concurso de agentes, se reporta ao constrangimento ilegal; 5- Quando o crime é cometido por funcionário público, fora os casos legais., ou com inobservância das formalidades estabelecidas em lei, ou com abuso do poder. Aumenta um terço. (ART.150 parágrafo segundo). 1- Diz respeito ao fato cometido por funcionário publico fora dos casos legais (previstos no art.150, parágrafo terceiro); 2- Refere sobre a inobservância das formalidades legais, quando a lei permite a entrada do funcionário público para efetuar determinada diligencia. Assim uma penhora, um sequestro, busca e apreensão deve ser cumprida conforme a lei. 3- Ocorre abuso de poder quando agindo voluntariamente, excede-se no cumprimento legal. CAUSAS ESPECIAIS DE EXCLUSÃO DA ANTIJURICIDADE O crime de violação de domicílio possui três causas de exclusão de antijuridicidade, todas previstas na CF/88 em seu art. 5º, XI (), sendo que duas delas ganham destaque no próprio CP no §3º, do art. 150. Art. 150 - § 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia ou em suas dependências: I - Durante o dia, com observância das formalidades legais, para efetuar prisão ou outra diligência; II - A qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está sendo ali praticado ou na iminência de o ser. O primeiro inciso diz respeito à entrada ou permanência em casa alheia, ou em suas dependências, durante o dia, com observância das formalidades legais, para efetuar prisão ou outra diligencia. Durante o dia, o funcionário público pode entrar ou permanecer em casa alheia, ou em suas dependências, para realizar qualquer diligencia, de natureza policial, judicial, fiscal ou administrativa, desde que haja autorização judicial (CF, art. 5º, XI, in fine). O CP se refere ao fato cometido “durante o dia”. Em face disso, não é ilícita a entrada ou permanência em casa alheia, ou em suas dependências, durante a noite a noite, para efetuar diligencia, a não ser que haja o consentimento do morador. No inciso II do § 3º do art. 150, é licita a entrada ou permanência em casa alheia, a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está sendo ali praticado ou na iminência de o ser. O CP se refere à prisão em flagrante por prática de crime ou de contravenção, mesmo contra a vontade do morador. Por fim a entrada é permitida, por previsão constitucional, quando o fato é cometido em estado de necessidade, sem autorização do titular do jus prohibendi, no caso de “desastre ou para prestar socorro” (art. 5º, XI, da CF/88). PENA E AÇÃO PENAL A pena para crime de violação de domicilio simples é de detenção, de um a três meses, ou multa (CP, art.150, caput). Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou com o emprego de violência ou de arma, ou por duas ou mais pessoas, a pena é de detenção, de seis meses a dois anos, além da pena correspondente à violência (§ 1º). Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é cometido por funcionário público, fora dos casos legais, ou com inobservância das formalidades estabelecidas em lei, ou com abuso do poder. (§ 2º). A ação penal, é pública incondicionada. Ação Penal Pública Incondicionada será promovida por denúncia do Ministério Público – e não é preciso a autorização ou representação de ninguém. O promotor de Justiça não tem um querer, mas um dever de promover a denúncia. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS JESUS, Damásio de. Direito Penal, 2º volume: parte especial; Dos crimes contra a pessoa e dos crimes contra o patrimônio / Damásio de Jesus. – 31. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2011. FONTE DO SABER. Violação de Domicílio. Disponível em: <http://www.fontedosaber.com/direito/violacao-de-domicilio.html>. Acesso em: 17/05/2017.
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