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DISCIPLINA: CG0567 - METODOLOGIA EM GEOCIÊNCIAS HISTÓRIA DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO: GRÉCIA E A RACIONALIDADE Prof. Wellington Ferreira DEGEO-UFC MITO X RAZÃO “Saturno devorando seu filho”. Jose de Goya (1819-1823) “A morte de Sócrates”. Jacques-Louis David (1787) MITO Narrativa que pretende explicar, por meio de forças ou seres considerados superiores aos humanos, a origem, seja de uma realidade complexa como o cosmos, seja de partes dessa realidade; pretende também explicar os efeitos provocados pela interferência desses seres ou forças. Não é questionada, não é criticada, é objeto de crença, fé. Comunicação de um sentimento coletivo, transmitido por meio de gerações (ANDERY et al., 2014, p. 20). RAZÃO Logos – em seu sentido original – significa, por um lado, reunir e ligar e, por outro, calcular e medir. É função do pensamento objetivo, conhecimento que não se apresenta como acabado e que ultrapassa a aparência, buscando a realidade. Explicação demonstrada por meio da discussão, argumentação, justificação e crítica, que possibilita ao homem participar ativamente no governo de seu destino (ANDERY et al., 2014, p. 20-21). OS GREGOS AS EXPLICAÇÕES RACIONAIS DA REALIDADE Os gregos foram os primeiros a propor explicações racionais para os fenômenos naturais, sociais e humanos. Pergunta: Quais as relações dessa mudança com as condições de vida que marcaram esse período da história? RACIONALIDADE GREGA ANTECEDENTES (SÉCULOS XV a.C. a XI a.C.) • Ocupação pelos aqueus (hindo- europeus) dominando os pelágios • Civilização Micênica • Agricultura, artesanato, comércio • Bronze (cobre e estanho relativamente raros), cavalo • Nobreza militar enriquecida por saques e posse de terra • Organização política, social, militar e religiosa ao redor do palácio (realeza) • Clãs rurais (genos) mais ou menos independentes do poder central (pagavam tributos) • Culto aos mortos e antepassados • Escrita burocrática (Linear B) RACIONALIDADE GREGA PERÍODO HOMÉRICO (SÉCULOS XII a.C. a VIII a.C.) • Ocupação pelos dóricos, substituindo o domínio aqueu • Bases da civilização grega • Agricultura, artesanato, comércio • Ferro (relativamente abundante): armas e ferramentas • Organização política e econômica ao redor dos genos • Realeza substituída pela aristocracia em cidades ou pólis (cidadãos) • Decisões políticas tomadas através de discussões em praça pública (ágora) pelos cidadãos • Culto aos deuses humanizados (mitos) • Escrita substituída por tradições orais • Homero e Hesíodo RACIONALIDADE GREGA PERÍODO ARCAICO (SÉCULOS VII a.C. a VI a.C.) • Desenvolvimento da pólis (cidade- estado): unidades econômicas, políticas e culturais independentes • Supremacia do comércio, fundação de colônias, economia monetária • Aristocracia fundiária, oficinas artesanais, concentração de riquezas • Trabalho escravo amplamente difundido: cidadãos libertos do trabalho produtivo • Regulação dos direitos políticos pela riqueza (ampliação da cidadania) • Leis escritas e democracia • Conhecimento através de discussão, debate, divergência, em contraponto ao mito (dogma, fé) • Filosofia centrada no entendimento da natureza. RACIONALIDADE GREGA PERÍODO ARCAICO-PENSADORES Escola de Mileto: explicações sobre origem e evolução do universo através de um elemento único, retirado do quotidiano, banal. Rompimento com o mito. Tales: água como elemento primordial. Introdutor da matemática na Grécia (vindo do Egito) Anaxímenes: ar como princípio (ilimitado e sensível) Anaximandro: apéiron (ilimitado) como princípio de todas as coisas RACIONALIDADE GREGA PERÍODO ARCAICO-PENSADORES Pitágoras: noção de números (formadores do universo e todos os seus fenômenos), harmonia e alma. Parmênides: Concepção abstrata do ser como “o que é, é e não pode não-ser”. Não contradição para avaliar a qualidade do conhecimento. Demócrito: Universo composto por um número infinito de partículas materiais finitas, indivisíveis, eternas, indestrutíveis , os átomos. Heráclito: Concepção do universo e todos os seus fenômenos como uma unidade que só permanece enquanto movimento de transformação contínua. RACIONALIDADE GREGA PERÍODO CLÁSSICO (SÉCULOS V a.C. a IV a.C.) • Apogeu de cidades-estado (Atenas cosmopolita) • Economia de importação de escravos, matérias primas e alimentos; exportação de vinho, azeite e cerâmica. • Consolidação da democracia fundada no trabalho escravo: desprezo dos cidadãos pelo trabalho manual • Restrição à cidadania • Conflitos entre cidades-estado: Atenas x Esparta • Conflitos com a Pérsia • Desenvolvimento das artes, ciência e filosofia • Escolas filosóficas centradas no homem: Sofistas, Sócrates, Platão e Aristóteles RACIONALIDADE GREGA PERÍODO CLÁSSICO-PENSADORES Sofistas: mestres itinerantes da retórica e da oratória, acreditavam que a verdade é múltipla, relativa e mutável (Protágoras). Sócrates: Contrário ao relativismo sofista. Valores e virtudes permanentes. Primordialmente, todos os homens são iguais e podem descobrir em sua alma bondade e sabedoria, através do autoconhecimento. Aristóteles: Construção do conhecimento (lógica) em diversos temas, como astronomia, física, biologia, antropologia, sociologia e filosofia. Contemplação de verdades imutáveis (mundo físico acabado, fechado, finito). Historiou o pensamento grego. Platão: Obras em forma de diálogos. Formação de bons cidadãos para a política. Verdadeiro saber é contemplativo (ideias ou formas essenciais e imutáveis) e existe na alma de cada um. RACIONALIDADE GREGA PERÍODO HELENÍSTICO (323 a.C. a 146 a.C.) • Declínio da pólis grega (Império Macedônico) • Centralização do poder (Monarquia) • Fusão da cultura grega com a cultura oriental (Helenismo) • Segregação entre a filosofia e uma nova organização do trabalho de produção de conhecimento, com infraestrutura planejada e mantida pelo estado: ciência. • Escolas filosóficas: estoicismo, epicurismo e ceticismo. • Museu de Alexandria e sua biblioteca. RACIONALIDADE GREGA PERÍODO HELENÍSTICO Escolas Filosóficas: Concentradas em Atenas. Abandono da preocupação com a política e pólis. Centralidade no indivíduo: salvação e felicidade possíveis de serem obtidas de forma individual e subjetiva. Estoicismo: Felicidade por meio das pazes com a natureza. Obediência à ordem dos acontecimentos (vontade divina). Fundador: Zenão de Cítio. Epicurismo: Concordância com estoicismo quanto à fonte de felicidade. Discordância quanto ao papel divino (indiferente) na ordem do universo. Fundador: Epicuro. Ceticismo: Felicidade pela eliminação da inquietação e admissão da impossibilidade de conhecimento do mundo (instabilidade das coisas) .Fundador: Pirron. RACIONALIDADE GREGA PERÍODO HELENÍSTICO Museu de Alexandria: Formou-se no governo dos primeiros Ptolomeus (305 a.C. a 247 a.C.). Durou seiscentos anos. Financiado pelo estado para produção e perpetuação de conhecimento (útil na organização do império). Laboratórios de pesquisa, jardim botânico, zoológico, observatório astronômico, sala de dissecação e biblioteca. Centrava-se na investigação da natureza. Euclides:Sistematização da matemática e geometria dos antigos. Arquimedes: Matemática, geometria e física. Princípio de Arquimedes. Ptolomeu: Sistema geocêntrico (Terra como centro do universo). Hipátia: Primeira matemática mulher. Chefe da escola platônica em Alexandria, astrônoma. Assassinada por uma multidão após conflito com o bispo Cirilo de Alexandria (415 d. C.).
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