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Apostila HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGA

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HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGA 
BELO HORIZONTE / MG 
HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGA 
2 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO FILOSOFIA ANTIGA ............................................................................................... 3 
2 CONTEXTO HISTÓRICO ................................................................................................................ 8 
2.1 Polis Grega ...................................................................................................................................8 
2.2 Nascimento e Desenvolvimento da Polis .......................................................................................8 
2.3 Períodos da Grécia Antiga.............................................................................................................9 
2.4 Características do Período Arcaico ................................................................................................9 
2.5 Características da Polis Grega .................................................................................................... 10 
2.6 Origem da Democracia................................................................................................................ 10 
2.7 Características da Democracia Ateniense ................................................................................... 11 
3 A ORIGEM E O NASCIMENTO DA FILOSOFIA E SUA HERANÇA PARA O MUNDO OCIDENTAL
 11 
3.1 A História da Filosofia.................................................................................................................. 12 
4 FILÓSOFOS PRÉ-SOCRÁTICOS ..................................................................................................16 
4.1 Filosofia Grega ............................................................................................................................ 17 
5 PLATONISMO, A FILOSOFIA DE PLATÃO ....................................................................................18 
5.1 Dialética de Platão ...................................................................................................................... 19 
6 LÓGICA ARISTOTÉLICA ...............................................................................................................20 
7 CONDIÇÕES HISTÓRICAS DO NASCIMENTO DA ANTIGA FILOSOFIA NA GRÉCIA E ROMA 
ANTIGAS E A CARACTERÍSTICA GERAL DESSA FILOSO- FIA .....................................................22 
8 OS PRIMEIROS MATERIALISTAS DA GRÉCIA ANTIGA E A GERMINAÇÃO DO IDEALISMO .....24 
8.1 A Filosofia Naturalista de Mileto .................................................................................................. 24 
8.2 A Escola Pitagórica ..................................................................................................................... 27 
8.3 Os Eleáticos ................................................................................................................................ 29 
9 A LUTA ENTRE O MATERIALISMO E O IDEALISMO DURANTE O PERÍODO DO 
FLORESCIMENTO DA GRÉCIA ESCRAVISTA ................................................................................30 
9.1 Anaxágoras ................................................................................................................................. 31 
9.2 Empédocles ................................................................................................................................ 31 
9.3 Demócrito ................................................................................................................................... 32 
10 OS SOFISTAS .............................................................................................................................34 
11 SÓCRATES .................................................................................................................................35 
12 PLATÃO 36 
13 ARISTÓTELES ............................................................................................................................37 
14 A FILOSOFIA DURANTE O PERÍODO DA DECADÊNCIA DO MUNDO ANTIGO ........................41 
15 BIBLIOGRAFIA BÁSICA...............................................................................................................45 
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR ...................................................................................................45 
 
HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGA 
3 
 
1 INTRODUÇÃO FILOSOFIA ANTIGA 
ALGUNS ASPECTOS DE NATUREZA 
CIENTÍFICA E PEDAGÓGICA 
A disciplina de Filosofia Antiga tem-se 
mantido desde sempre no primeiro ano dos 
currículos dos Cursos de Filosofia, constituindo-
se como uma das áreas âncora de qualquer 
plano de estudos filosóficos. O primeiro ano 
representa assim o lugar adequado e o tempo 
propício a uma iniciação ao estudo das origens 
do pensamento filosófico ocidental. 
Todavia, isso não significa que a tarefa 
não se apresente como de grande complexidade, 
a qual só irá sendo ultrapassada através da 
experiência adquirida ao longo de anos de 
docência, concretamente de docência da cadeira 
de Filosofia Antiga. De facto, o ensino da filosofia 
grega no ensino secundário revela-se 
extremamente deficiente, uma vez que os 
programas não o contemplam ou, se o fazem, 
realizam-no de uma forma insuficiente porque 
demasiado ligeira. Assim, ao docente da cadeira 
de Filosofia Antiga, hoje mais do que há décadas 
atrás, coloca-se a obrigatoriedade da 
consideração de uma série de fatores sem os 
quais os conteúdos e objetivos fundamentais da 
disciplina se perdem e se frustram. 
Nesse sentido, será necessário 
sublinhar, por exemplo, que a emergência do 
filosofar não se dá num deserto vazio de 
acontecimentos, ou seja, é necessário identificar 
os alunos não só com o que é contemporâneo à 
filosofia, mas também com o que está antes da 
própria filosofia. Concretamente, impõe-se a 
apresentação dos fatores de ordem histórica, 
política, social, económica e cultural que 
influenciaram e configuraram o perfil do novo 
filosofar. Esta digressão que a Filosofia Antiga 
até certo ponto se impõe, por razões de ordem 
científica e pedagógica, uma vez que 
anteriormente este campo se encontrava 
curricularmente coberto pela cadeira, entretanto 
extinta, de Cultura Clássica, “atrasa” 
necessariamente a entrada na Filosofia Antiga 
propriamente dita. 
Todavia, este atraso não se revelará 
tempo perdido. Pelo contrário, os alunos 
demonstrarão, posteriormente, uma maior 
destreza na compreensão e interpretação dos 
textos, testemunhos ou fragmentos, revelando, 
inclusive, uma inesperada agilidade na 
descoberta de uma segunda linha informativa, 
avançando frequentemente com propostas 
interpretativas que só podem acontecer mediante 
uma reserva de conhecimentos anteriormente 
adquiridos. 
Aliás, “atraso” é uma maneira de dizer, 
uma forma de ver, muito mais uma força de 
expressão, do que uma firme convicção. De 
facto, para que a disciplina de Filosofia Antiga 
não surja aos alunos como uma pura abstração à 
solta num universo de disciplinas que lhes falam 
de um tempo que lhes é muito mais próximo e 
familiar, é necessário que as aulas se constituam, 
também, como um certo regresso ao passado, 
um passado que rapidamente se revelará como 
algo de inesperadamente presente. Esta 
regressão progressivamente compreensiva na 
ordem dos acontecimentos, conduz os alunos até 
ao ponto, até ao lugar vivido da filosofia. 
Esta introdução de uma componente, 
chame-se lhe sensitiva ou afetiva, no interior 
daquilo que se pretende que sejam as origens da 
razão, não afeta nem subverte o rigor, a ordem e 
a coerência lógica na análise do pensamento dos 
filósofos. Ao contrário, concomitantemente com o 
conhecimento dos grandes acontecimentos que 
determinarão as origens da filosofia, o acesso à 
peripécia, ao episódio, ao conto, ao dito, ao lugar, 
ao traço biográfico daquilo que, numa primeira 
análise,seria considerado como marginal à 
questão, conduz os alunos, mediante uma certa 
razão sentida, à análise metódica e rigorosa do 
fragmento, do testemunho, do texto, do conceito 
ou da teoria, tal como a uma compreensão mais 
rápida das mesmas. 
Na Filosofia Antiga, as questões, os 
diferendos que constantemente ocorrem entre os 
diferentes intervenientes no processo filosófico 
em curso, não podem ser exclusiva e 
competentemente resolvidos e compreendidos 
através de uma única linha explicativa. É 
necessário entender que se está perante uma 
trama que como tal representa o cruzamento e o 
conflito de interesses, de pontos de vista e de 
interpretações que compete à análise rigorosa e 
interessada esclarecer. 
A título exemplificativo Tales, 
Anaximandro e Anaxímenes não constituíram 
escola filosófica nenhuma; Tales, Anaximandro e 
Anaxímenes não sabiam propriamente a 
importância do que andavam a fazer; Tales, 
Anaximandro e Anaxímenes nunca virão a saber 
onde virão a ser mais tarde colocados. 
A ruptura profunda empreendida por 
Aristóteles relativamente a Platão leva-nos a 
HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGA 
4 
 
querer ler mais Platão e a procurar saber mais 
das razões de Aristóteles. A completa 
descredibilização da sofística levada a cabo pela 
crítica tenaz e implacável de Platão, logo seguida 
pela não menos demolidora censura do 
circunspecto Aristóteles, não deve ser passada 
como se de mais um ponto do programa se 
tratasse. É altura de dar a palavra aos sofistas, 
de voltar a ler o testemunho de Platão, e de fazer 
as pazes com os sofistas, e de continuar a 
admirar Platão, uma vez que o seu pensamento 
vai surgindo cada vez mais pujante e claro à 
medida que a reabilitação dos sofistas vai 
avançando. À primeira vista, poderá parecer 
contraditório esta súbita e igual admiração pelo 
pensamento dos Sofistas e pelo pensamento de 
Platão. Mas não é. Os alunos descobrem-no 
através de um conhecimento de causa. 
Enfim, a disciplina de Filosofia Antiga é, 
igualmente, um instrumento precioso na 
abordagem e compreensão da História da 
Filosofia passada e futura, ensinando- nós o grau 
de envolvimento e a distância adequada 
relativamente a batalhas que são e já não são 
nossas. Do encontro e da posse dessa desejável 
equidistância dependerá a compreensão mais ou 
menos precisa da própria Filosofia Antiga. Ou 
seja, a Filosofia Antiga é, também, uma 
introdução à História da Filosofia, uma vez que 
nos dá a percepção aproximada das 
circunstâncias em que devemos abandonar o 
presente para, colocando-nos do lado do 
passado, melhor o compreendermos ou, ao 
contrário, quando nos devemos aproximar do 
presente para melhor entendermos o passado. 
Anteriormente, referia-se o atraso, a 
demora da entrada em cena da Filosofia Antiga, 
decorrente da necessidade de uma 
contextualização prévia à emergência do 
filosofar. Essa questão ocorre novamente 
quando se trata de saber qual o ponto de partida 
de um programa de Filosofia Antiga, que peso 
deverá ser atribuído a cada um desses pontos e 
em que medida devem ser mais ou menos 
aprofundados os conteúdos desse programa. A 
resposta à questão não é linear. Ainda que a 
disciplina de Filosofia Antiga se enquadre num 
período bem determinado e claramente datado 
da História da Filosofia, o entendimento e a 
apreciação que se podem fazer dos diferentes 
momentos desse período é tão variável que 
consente diferentes pontos de vista sobre a 
questão. 
Assim, poder-se-á “adiantar” ou “atrasar” 
a entrada no programa de Filosofia Antiga 
conforme o ponto de vista que se adopte sobre o 
assunto. Se se considerar que o essencial desse 
período da História da Filosofia é Platão e 
Aristóteles, tudo o que sejam considerações mais 
detalhadas sobre os chamados Pré-Socráticos, 
Sofistas ou Sócrates, será considerado como 
uma demora, um dispersar de tempo que deveria 
ser inteiramente consagrado ao estudo das duas 
grandes referências do pensamento filosófico 
antigo e ocidental. 
Ao contrário, se se considerar que um 
programa de Filosofia Antiga nunca poderá 
ignorar algumas das mais originais e inesperadas 
aventuras do espírito representadas por toda a 
linha pré-socrática, sofística e socrática, sem a 
qual, aliás, a compreensão segura e consistente 
do pensamento de Platão e Aristóteles nunca 
seria inteiramente conseguida, tenderá a 
considerar que uma linha programática como a 
inicialmente referida, representa um falso 
avanço, um salto incorretamente dimensionado, 
porque ignora e não preenche uma retaguarda já 
profundamente tocada pelo espírito da Filosofia. 
O programa de uma cadeira é algo que é 
pensado e redigido em função dos seus 
destinatários. No caso vertente, os alunos. 
Todavia, se é verdade que um programa não 
pode ser totalmente condicionado pelos alunos a 
quem se dirige, não é menos verdade que não 
deve ser pensado nem criado na pura ignorância 
ou não querer saber do público a que se destina, 
sob pena de ver a sua efetiva exequibilidade 
perigosamente ameaçada. Desta maneira, o 
programa de Filosofia Antiga tem de contemplar 
conteúdos, no caso em análise, as origens da 
filosofia e todo o pensamento filosófico pré-
platónico, que, de antemão, sabe que os alunos 
desconhecem e cuja compreensão é 
absolutamente necessária para o entendimento 
dos períodos subsequentes. Não é pedagógica 
nem cientificamente correto partir do princípio de 
que os alunos sabem aquilo que não sabem ou 
vão por sua livre iniciativa tratar de saber aquilo 
que qualquer docente com alguns anos de 
docência da cadeira sabe que dificilmente e só 
em casos muito excepcionais será levado a cabo. 
A disciplina de Filosofia Antiga favorece, 
inclusivamente, a adopção e a prática de um 
modelo que contempla e associa de uma forma 
equilibrada a componente teórica e a 
componente prática da aula. Existem, 
HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGA 
5 
 
concretamente, extensas partes do programa 
onde se consegue uma constante alternância e 
circulação pelos dois modelos. Todo o extenso 
período referente ao pensamento pré-platónico 
representa um bom exemplo dessa possibilidade. 
Assim, o estudo de qualquer filósofo pré-
socrático deverá partir sempre da distribuição 
pelos alunos, dos seguintes elementos de 
consulta: um mapa representativo da geografia 
da filosofia, uma vez que a filosofia pré-socrática 
se distribui ao longo de uma extensa área 
geográfica com três centros de capital 
importância: a Grécia do oriente, a Grécia do 
continente e a Grécia do ocidente ou Grande 
Grécia; uma grelha cronológica, uma vez que os 
filósofos ditos pré-socráticos distribuem-se ao 
longo de um período que vai do século VII a. C. 
ao século V a. C.; uma compilação dos 
testemunhos, fragmentos e textos existentes. A 
partir daí, é possível passar-se em revista datas, 
vida, obra e pensamento do filósofo em causa. 
Depois de uma primeira leitura dos diferentes 
elementos de consulta, passa-se à fase da 
marcação do texto. Ou seja, trata-se de uma 
segunda aproximação ao fundo do texto, 
procurando-se agora proceder a uma triagem, 
separação, escolha ou escrutínio, de modo a 
conseguir uma progressiva ordenação temática 
em ordem ao estabelecimento de um logos do 
filósofo. Por logos do filósofo entenda-se o fio 
condutor, o discurso, a razão (de ser), a estrutura 
do seu pensamento. 
A partir de agora, é possível olhar o texto 
como algo coerentemente articulado e proceder 
a uma terceira investida na base de uma análise 
diferenciada de cada um dos seus elementos. 
Assim, o pensamento do filósofo que, numa 
primeira leitura corrida, tinha surgido como algo 
que, de tão fragmentado, parecia não dispor dos 
meios necessários a uma recomposição 
verosímil, surge agora dotado de uma clara 
unidade e coerência. 
Esta metodologia é igualmente aplicável 
ao estudo do pensamento dos sofistas, através 
de umacompilação dos testemunhos, 
fragmentos, passagens mais ou menos extensas 
dos diálogos de Platão e referências diretas ou 
indiretas na obra de Aristóteles. É claro que cada 
sofista é um caso e, nessa medida, não há uma 
estratégia de aproximação, mas estratégias. 
Tomando como exemplo os casos de 
Protágoras e de Górgias, diremos que, 
relativamente ao primeiro, não temos 
praticamente nada no que respeita a fragmentos 
ou passagens fidedignas e o que existe levanta 
sérias dificuldades de interpretação. Assim, como 
é óbvio, temos de nos socorrer de testemunhos 
de terceiros e, neste caso, de uma forma muito 
extensa, do testemunho de Platão. Mas então 
agora, já não se trata unicamente de proceder à 
reconstituição e compreensão do pensamento do 
sofista; trata-se de, prioritariamente, descortinar 
o que se oculta por detrás do testemunho de 
Platão, encontrar através do dito o que não é dito 
e tentar uma aproximação a Protágoras 
exatamente por esse lado não mostrado, oculto. 
Igualmente, com Aristóteles, ainda que 
de uma forma não tão intensa, uma vez que ele 
não exerce uma pressão tão forte sobre o sofista, 
é necessário um redobrar de cuidados 
interpretativos. Não se trata já de ler por detrás 
do dito o não dito ou de mostrar o 
deliberadamente encoberto. Mas, mesmo assim, 
há que ler bem a palavra séria e convicta de 
Aristóteles, para, através e além da mesma, 
chegar à palavra igualmente séria, convicta e 
original de Protágoras. 
Ao contrário, a existência de um conjunto 
de passagens de considerável extensão de 
algumas obras de Górgias, irá permitir uma 
abordagem do pensamento do sofista em moldes 
bastante diferentes e, cremos, mais seguros. 
Assim, a aproximação ao sofista será feita não só 
pelo lado dos testemunhos, mas, 
essencialmente, pelo centro do seu pensamento. 
A título de exemplo, o Tratado Da Natureza ou 
Acerca do Não Ser, tal como o Elogio de Helena, 
constituem uma fonte preciosa de informação 
que permite uma reconstituição do pensamento 
do sofista em bases bem mais seguras do que 
aquelas que serviram de apoio à recomposição 
do pensamento de Protágoras. 
Por último, refira-se que, já 
anteriormente, no capítulo sobre Introdução à 
terminologia filosófica, na abordagem do conceito 
de Ser, e na sequência da oposição entre razão 
trágica e razão filosófica, a sofística já havia sido 
convocada tal como a sua relação difícil com 
Platão. Na altura, e em termos genéricos, a 
questão colocada era seguinte: não haverá uma 
relação estreita entre o desprezo e a rapidez com 
que Platão procede à expurgação da tragédia e a 
violência de que se reveste o seu combate sem 
tréguas contra a sofística? Ou seja, Platão ter-se-
á dado conta de que, tanto o pensamento trágico 
como o pensamento dos sofistas, partilhavam de 
HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGA 
6 
 
um terreno, de um fundo problemático comum, e 
mais, de que ambos seguiam no sentido de que 
a solução desse fundo problemático comum era 
insolucionável. Mas, enquanto a tragédia se tinha 
posicionado de maneira a poder ser arrumada no 
dossier das artes, ficando imediatamente de lado, 
isto é, do lado das manifestações artísticas 
proibidas, a questão da sofística parecia de 
solução mais difícil. Não sendo possível ignorar a 
sofística, era necessário arranjar-lhe um lugar, 
para, posteriormente, eliminá-lo e, com ele, a 
própria sofística. Ora, a sofística parecia aspirar 
ou mesmo estar segura do seu lugar na filosofia. 
Platão ter-se-á apercebido, então, de uma forma 
clara, da força e do perigo desta candidatura, 
uma vez que havia ali filosofar, mau, é certo, 
segundo o projeto platónico, mas, ainda assim, 
filosofar… 
Entretanto, já relativamente a Sócrates a 
situação é diferente, uma vez que aí temos de 
nos socorrer exclusivamente de fontes indiretas, 
de testemunhos, concretamente, das fontes 
tradicionalmente consideradas (Aristófanes, 
Platão, Xenofonte e Aristóteles), não sem antes 
ter de proceder a uma análise e discussão 
rigorosa da validade das mesmas. 
Assim, relativamente à fonte Aristófanes, 
a leitura e interpretação de algumas passagens 
da Comédia As Nuvens revela-se duplamente 
producente. Mostra como, na época, um sector 
extremamente influente da opinião pública 
ateniense via a filosofia, mas ajuda a 
compreender, também, como a série de 
acusações que impendem sobre Sócrates em 
399 a. C., já se encontravam formuladas, no 
essencial, anos antes, na peça de Aristófanes. 
Por outro lado, Sócrates funciona como uma 
primeira introdução a Platão, uma vez que, para 
ensaiarmos uma aproximação ao seu 
pensamento, temos de ler Platão, e, a partir daí 
tentar estabelecer a fronteira exequível entre o 
Sócrates histórico, autêntico, propriamente 
socrático e o Sócrates visto, sonhado, 
marcadamente platónico. 
Em síntese, a tentativa de reconstrução 
de um pensamento propriamente socrático 
implica, por um lado, a derivação e incursão por 
áreas não diretamente contempladas no 
programa (Aristófanes e Xenofonte), ao mesmo 
tempo que antecipa outras que hão de vir (Platão 
e Aristóteles). Assim, quando chegamos a 
Platão, é como se, de uma certa forma, já lá 
tivéssemos estado; e, no momento em que 
iniciamos o estudo do seu pensamento, é como 
se, de alguma maneira, o dossier Sócrates não 
se encontrasse ainda definitivamente encerrado. 
Entretanto, relativamente a Platão e a 
Aristóteles, adopta-se uma estratégia que, numa 
primeira análise, poderá parecer menos 
aconselhável, senão mesmo pedagogicamente 
incorreta. Tentaremos demonstrar, ao contrário, 
com base numa continuada prática docente, que 
se trata de uma metodologia não só inteiramente 
defensável como pedagogicamente indicada. 
Concretamente, numa primeira fase, 
elege-se um conjunto de temas que, não só do 
nosso ponto de vista como tradicionalmente, são 
considerados pilares fundamentais do 
pensamento desses filósofos, senão mesmo de 
todo o pensamento que atravessa a História da 
Filosofia. Nomeadamente, a teoria do 
conhecimento, a teoria do Ser, a teoria das 
origens, a teoria política e a ética são temas 
sempre presentes ao longo de toda a História da 
Filosofia. 
Obviamente que, nesta fase, na 
sequência da abordagem dessas temáticas, 
surgem referências a aspectos muito específicos 
das doutrinas de cada um dos filósofos: teoria 
das ideias, reminiscência, teologia, intelecto 
ativo, intelecto passivo, motor imóvel, etc. Trata-
se de um primeiro contato com o pensamento, 
mas não ainda com a obra; pretende-se uma 
aproximação e uma progressiva identificação 
com uma determinada linguagem e terminologia 
específica que favoreça uma crescente 
compreensão do pensamento dos filósofos e que 
funcione como um primeiro estímulo para a 
posterior abordagem das obras. 
Ora, geralmente, esta estratégia, neste 
momento, já apresenta resultados, uma vez que 
os alunos começam a manifestar uma certa 
agitação ou curiosidade, um certo querer saber 
mais, ou seja, começam a interrogar-se e a 
interrogar: que estatuto atribuir ao mundo das 
ideias? E ao mundo sensível? 
Que tipo de relação/participação se 
estabelece entre ambos? Como articular a teoria 
do conhecimento com a teoria da reminiscência? 
Até que ponto há pitagorismo a correr nas veias 
do platonismo? Em que bases e a partir de que 
pressupostos introduz Platão uma teoria da 
reminiscência? Que tipo de relação se 
estabelece entre o demiurgo e o mundo sensível 
e inteligível? Como compatibilizar a crítica de 
Aristóteles à teoria das ideias de Platão e à 
HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGA 
7 
 
consequente duplicação dos mundos, com a sua 
concepção de Motor Imóvel e da relação deste 
com o Mundo? Ou seja, como entender e 
conciliar o carácter transcendente e ignorante do 
Motor Imóvel, com a crítica de Aristóteles à deriva 
transcendente de Platão patente no mundo das 
ideias? Qual o estatuto dointelecto activo ou 
agente? Trata-se da parte imortal da alma 
racional? Que tipo de relação se pode 
estabelecer entre intelecto agente e intelecto 
paciente? Existe alguma relação entre a ideia 
platónica e a forma aristotélica? Por que razão 
Platão é tão severo com a cultura clássica e com 
as artes em geral? E que posição adopta 
Aristóteles relativamente à mesma questão? 
Como é que a utopia política de A República, 
ainda que posteriormente temperada pelas Leis, 
deve ser considerada como uma obra de um 
cidadão que vive a Cidade não de fora, mas do 
mais fundo dentro, não concebendo, inclusive, 
outro espaço possível de civilidade? E como é 
que a extrema razoabilidade de A Política de 
Aristóteles é redigida por alguém que, não sendo 
cidadão, sentindo fundo o seu estatuto de 
estrangeiro, sabe tão bem da Cidade, e que, tal 
como Platão, não admite outro espaço de 
civilidade? 
Enfim, estão criadas as condições para 
pôr em marcha a fase seguinte que consiste 
numa abordagem direta das obras dos filósofos. 
Ou seja, conseguiu-se, de uma forma 
relativamente próxima, um conhecimento dos 
aspectos e tendências fundamentais do 
pensamento do filósofo. Essa possibilidade ficou 
a dever-se à abertura ou conquista de um espaço 
de saber que consente uma determinada 
mobilidade ou liberdade de escolha das obras e 
das respectivas passagens que poderão 
responder às questões inicialmente suscitadas. 
Assim, rapidamente, verifica-se a 
existência de um conjunto de diálogos de Platão 
que se constituem não só obras de consulta 
obrigatória como de consulta recorrente. Ou seja, 
podemos ter de abordar determinada parte de um 
diálogo a propósito de determinada problemática 
e, logo a seguir, sair para entrar num outro 
diálogo que toca a mesma temática; 
posteriormente, outras questões poderão impor 
um regresso aos diálogos já consultados, através 
de outras passagens. 
Um só exemplo, A República funciona 
sempre como um ponto de partida e um lugar de 
regresso. A problemática gnosiológica, os níveis 
do conhecimento, a importância das diferentes 
ciências, o próprio processo do conhecimento, 
levam-nos a entrar pelo lado das alegorias do 
Sol, da Linha Dividida ou da Caverna. Mas 
remete-nos, igualmente, para incursões no 
Ménon, Parménides, Teeteto ou Sofista. E, uma 
vez que esta abordagem vai suscitar 
necessariamente a teoria da reminiscência, abre- 
se uma nova frente que irá incidir no estudo do 
papel da alma no processo do conhecimento. Na 
decorrência deste processo, verificar-se-á que é 
necessário ir mais longe e averiguar qual a 
concepção de alma defendida por Platão. O 
estudo desta questão, entretanto, irá fazer surgir 
uma outra, que se prende com a compreensão do 
estatuto do mito no contexto da sua produção 
filosófica. Ou seja, nesta altura, uma série de 
diálogos já terão sido pela primeira vez 
consultados, enquanto outros terão sido objeto 
de uma segunda ou terceira leitura. Em concreto, 
verifica-se que foram convocados, novamente, o 
Ménon e a República, enquanto se estabeleceu 
um primeiro contato com, entre outros, o Fédon, 
o Fedro ou mesmo o Timeu. Por outro lado, a 
questão das origens conduz-nos novamente ao 
Timeu, mas sugere, igualmente, uma passagem 
pelo Crítias e, mais uma vez, um regresso ao 
Timeu. 
A teoria política traz-nos de volta à 
República, mas convida, ao mesmo tempo, a um 
rápido regresso e consulta do Protágoras ou do 
Górgias, entre outros, tal como aconselha a ir 
mais à frente, consultar O Político, e, inclusive, a 
ir mais além, até às Leis, para confirmar que, da 
parte de Platão, se procedeu a uma certa revisão 
tardia de alguns aspectos mais polémicos e 
dificilmente aceitáveis, defendidos, 
anteriormente, em A República. 
Entretanto, relativamente a Aristóteles, 
ainda que o seu pensamento e a sua obra 
signifiquem uma maior estabilidade e clareza de 
procedimentos, ou não estivéssemos perante «o 
criador da prosa científica e da forma 
expositiva»1, não decorre daí que, muito 
frequentemente, não surja a necessidade de, a 
propósito de determinada questão, percorrermos 
e confrontarmos mais do que uma obra do 
filósofo. 
Assim, e a título meramente indicativo, se 
se trata do estudo do pensamento político, 
obviamente que o mesmo remete diretamente 
para a Política, mas, não dispensa, igualmente, 
uma incursão pela Constituição dos Atenienses 
HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGA 
8 
 
ou pelas éticas Nicomachea ou Eudemia. Se a 
questão se prende com o esclarecimento do 
estatuto do Motor Imóvel, no contexto da filosofia 
aristotélica, então é necessário recorrer à leitura 
da Física e da Metafísica e, posteriormente, 
proceder a um confronto, análise e interpretação 
das respectivas passagens, nas duas obras. 
Por outro lado, a teoria do conhecimento, 
que remete diretamente para a relação entre 
intelecto ativo e intelecto passivo, levanta, 
obrigatoriamente, a questão da concepção 
aristotélica de alma. Esta, por sua vez, suscita 
outras questões que se prendem com a eventual 
separabilidade dos intelectos, a possibilidade da 
sobrevivência da alma ou intelecto individual ou, 
ainda, a eventual existência/presença de um 
intelecto divino. Ora, todas estas questões 
impõem, necessariamente, uma consulta e 
confrontação de diversas passagens de 
diferentes obras, tais como, o De Anima, a 
Metafísica, Parva Naturalia, os Analíticos 
Posteriores ou, inclusive, a Ética Eudemia. 
Enfim, é evidente que, pese embora a 
importância e a extensão dos conteúdos 
abordados, o estudo do pensamento de 
Aristóteles, através da sua obra, não ficou ainda 
concluído, como, aliás, já antes havia sucedido 
com Platão. Mas, como vem sendo salientado ao 
longo desta rápida digressão, a qual visava, 
essencialmente, a apresentação da aplicação 
prática de alguns dos pontos do programa 
proposto para Filosofia Antiga, trata-se, 
simultaneamente, de uma inevitabilidade e de um 
risco ou opção ponderada. 
De fato, a partir de um núcleo fixo ou 
central de questões de abordagem obrigatória, 
questões que são já em si o resultado de uma 
opção de carácter científico- pedagógico, decorre 
o progressivo aparecimento de uma periferia 
temática, a qual remete necessariamente para a 
análise e interpretação de um conjunto de obras 
que se vêm a revelar de consulta não só 
recorrente como igualmente obrigatória. 
A Filosofia Antiga Corresponde ao 
período do surgimento da filosofia grega no 
século VII a.C. Ela surge da necessidade de 
explicar o mundo e encontrar respostas para a 
origem das coisas, dos fenômenos da natureza, 
da existência e da racionalidade humana. O 
termo filosofia é de origem grega e significa “amor 
ao saber”, ou seja, a busca pela sabedoria. De tal 
modo, no momento de sua origem os filósofos 
possuíam esse dom de interpretação, uma vez 
que eles acreditavam conseguir transmitir a 
mensagem dos deuses. Por esse motivo, no 
início, a filosofia estava intimamente relacionada 
com a religião: mitos, crenças, etc. Assim, o 
pensamento mítico foi dando lugar ao 
pensamento racional, ou ainda, do mito ao logos. 
2 CONTEXTO HISTÓRICO 
A filosofia antiga surge com a 
substituição do saber mítico ao da razão e isso 
ocor- reu com o surgimento da polis grega 
(cidade-estado). Com essa nova organização 
social e política pelo qual a Grécia passava, foi 
fundamental para dar lugar a raciona- lidade 
humana e, com isso, as reflexões dos filósofos. 
Mais tarde, as discussões que ocorriam em praça 
pública juntamente com o poder da palavra e da 
razão (logos) levaram a criação da democracia. 
2.1 Polis Grega 
A polis grega eram as cidades estados da 
Grécia Antiga, as quais foram fundamentais para 
o desenvolvimento da cultura grega no final do 
período homérico, perí- odo arcaico e período 
clássico. Sem dúvida Atenas e Esparta merecem 
destaque como as cidades gregas (polis) mais 
importantesdo mundo grego. O termo “polis” em 
grego significa “cidade”. Note que as polis gregas 
representam a base do desenvolvi- mento do 
conceito de cidade tal qual conhecemos hoje. 
2.2 Nascimento e Desenvolvimento 
da Polis 
As polis surgem no século VIII a.C. e 
atingem seu apogeu nos séculos VI e V a.C. 
Anteriormente, as pessoas se reuniam em 
pequenas aldeias (comunidade gentílicas 
agrícolas denominadas “genos”) com terras de 
uso coletivo, as quais floresceram durante o 
período homérico. A expansão demográfica e do 
comércio foram as principais causas para o 
surgimento da Polis, que incluía o campo e a 
cidade (centro). Foram, portanto, essenciais para 
fortalecer a organização dos membros da 
sociedade grega. 
A polis era controlada por uma oligarquia 
aristocrática e possuía uma organização própria 
e, portanto, independência social, política e 
econômica. A organização social da polis era 
constituída basicamente por homens livres (os 
cidadãos gregos) nascidos na polis, mulheres, 
estrangeiros (metecos) e escravos. Sendo assim, 
em Atenas os denominados Eupátridas ou “Bem-
nascidos” pertenciam a pequena classe 
HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGA 
9 
 
dominante que detinham as maiores terras sendo 
responsáveis por administrar a política da polis. 
Depois deles, estavam os Georgoi, 
agricultores proprietários de terra. E, por fim, os 
Thetas (ou marginais), os trabalhadores que não 
detinham nenhum poder sobre as terras e que 
representavam a maior parte da população 
grega. Já a sociedade em Esparta era dividida 
em Esparciatas (os aristocratas soldados), 
responsáveis pelo desenvolvimento da política 
da polis. Os denominados Periecos 
representavam os homens livres, (comerciantes, 
agricultores e artesãos). E por fim, os escravos, 
chamados de Hilotas, que constituíam a maior 
parte da polução espartana. As polis gregas eram 
divididas em duas partes: a Ástey (zona urbana) 
e a Khora (zona rural), sendo formadas por 
casas, ruas, muralhas e espaços públicos. 
Como espaços públicos, podemos 
destacar a Acrópole, ponto mais alto da cidade, 
formada por palácios e templos dedicados aos 
deuses; e a Ágora, a praça principal donde 
ocorriam as feiras e diversos atos públicos como 
as manifestações cívicas e religiosas. 
A economia na polis era baseada na 
agricultura e no comércio sendo um núcleo 
urbano autossuficiente. Já a política na polis 
girava em torno da Assembleia do Povo, o 
Conselho Aristocrático e os Magistrados, embora 
em cada local ela apresentasse características 
peculiares. Por exemplo, em Atenas o poder 
político provinha da Eclésia, as Assembleias 
populares, que em Esparta eram chamadas da 
Apela (formado por espartanos acima de 30 
anos) e Gerúsia (composto por 28 anciãos com 
mais de 60 anos). 
PERÍODO ARCAICO 
O Período Arcaico, entre os anos de 800 
a.C. e 500 a.C., corresponde ao terceiro período 
histórico da Grécia Antiga, logo após o período 
homérico. Esta época guarda profundas 
mudanças políticas e econômicas devido à 
consolidação das cidades-estados, das quais se 
destacam Esparta e Atenas. 
2.3 Períodos da Grécia Antiga 
Para fins de estudo, a história da 
sociedade grega, na Antiguidade, está dividida 
em quatro períodos: 
• Período Pré-Homérico (séculos XX - XII a.C.) 
• Período Homérico (séculos XII - VIII a.C.) 
• Período Arcaico (séculos VIII - VI a.C.) 
• Período Clássico (séculos V - IV a.C.) 
2.4 Características do Período 
Arcaico 
As primeiras moedas gregas, como a 
dracma, foram cunhadas no Período Arcaico. 
Com o fim do período homérico e do declínio das 
comunidades patriarcas dos genos, a expansão 
das cidades-estados dominou esse período da 
história grega. Estudos apontam que nesse 
período existiam mais de cem cidades-estados 
na Grécia Antiga. Começa a despontar a 
democracia, principalmente na cidade de Atenas, 
e também a surgir uma sistematização das 
legislações. Surge o conceito de sociedade 
privada na sociedade grega, a qual era 
comandada pelos proprietários de terra. 
ECONOMIA 
Foi a partir desse período que os antigos 
genos foram transformados em uni- dades 
políticas maiores chamadas de polis ou cidade-
estado. Controladas por uma aristocracia 
proprietária de terras, esses núcleos urbanos, 
aos poucos se tornaram importantes centros 
comerciais do mundo grego. Cada uma delas 
possuía autonomia e independência das quais as 
maiores e mais prósperas foram Esparta e 
Atenas. Além disso, de uma economia 
agropastoril que predominou o período anterior, 
o comércio passa a ser uma das mais 
importantes fontes econômicas. Como a 
população aumentava e as terras cultiváveis 
disponíveis eram limitadas, as cidades-gregas 
fundam colônias ao longo do Mar Mediterrâneo. 
CULTURA E FILOSOFIA 
Nessa fase, a arte grega atinge o apogeu 
com a construção de templos, a expansão da 
pintura, da escultura e do artesanato (sobretudo 
dos objetos de cerâmica). Trata-se de um 
período crucial para a filosofia, pois os autores 
deixam de buscar as explicações em mitos e usar 
a razão para entender o mundo. 
RELIGIÃO 
HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGA 
10 
 
O período arcaico é o apogeu das 
consultas aos deuses, especialmente através 
dos oráculos. O mais conhecido era o Oráculo de 
Delfos, onde pessoas de todas as condições 
sociais, acudiam para receber mensagens, ditas 
pelas pitonisas, do próprio deus Apolo. 
2.5 Características da Polis Grega 
As principais características das polis 
gregas eram: 
• Possuía autonomia e detinha o poder; 
• Eram autossuficientes (política, social e 
economicamente); 
• Tinham leis e organização sociais próprias; 
• Propulsionou o surgimento da propriedade 
privada; 
• Possuía Complexidade social. 
DEMOCRACIA ATENIENSE 
A democracia ateniense representou um 
dos momentos mais emblemáticos da história de 
Atenas. Ela foi desenvolvida por meio dos 
legisladores e políticos Dracon e Sólon e 
consolidada por volta de 510 a.C., quando o 
político aristocrata Clístenes derrota o tirano 
Hípias. Sua implementação foi essencial no 
desenvolvimento das polis gregas, a qual foi 
espalhada pelas outras cidades-estados. 
POLIS GREGA: FILOSOFIA 
Uma vez que a polis representava um 
dos modelos de organização social, política e 
econômica do mundo grego, ela foi essencial 
para o desenvolvimento da sociedade bem como 
do pensamento humano, mediados pelos 
processos de socialização que ocorriam entre os 
cidadãos nos locais públicos. 
Foi a partir dessas teias de relações que 
a filosofia grega representou uma das 
importantes vertentes que foram desenvolvidas 
por filósofos que habitavam a polis. 
Com o advento da democracia, essas 
relações sociais foram consolidadas pelas re- 
flexões realizadas pelos cidadãos gregos. Essa 
evolução racional da mente foi a chave para o 
desenvolvimento da filosofia grega em 
detrimento da visão mitológica que dominava a 
mentalidade grega anteriormente. 
DEMOCRACIA 
Democracia é uma organização social 
em que o controle político é exercido pelo povo. 
É um sistema de governo que resulta da livre 
escolha de governantes, a qual é expressa pela 
união e a vontade da maioria dos governados, 
confirmada por meio de votos. Um sistema de 
governo democrático abrange todos os 
elementos da organização política de um país. 
Nesse sentido, democracia não é apenas uma 
forma de Estado ou de Constituição, mas a 
ordem constitucional, eleitoral e administrativa, o 
equilíbrio dos poderes e órgãos do Estado, a 
prioridade política do Parlamento, o sistema 
alternativo de grupos governamentais e de 
oposição. 
A democracia é uma forma de governo 
que tem como fundamentos uma conjugação de 
princípios de organização política, dentro de um 
sistema social, em que prevalece a liberdade do 
indivíduo diante de todos os representantes do 
poder político, especialmente face ao Estado a 
liberdade de opinião e de expressão davontade 
política igualdade dos direitos políticos e 
oportunidades favoráveis para que o povo e os 
partidos se pronunciem sobre todas as decisões 
de interesse geral. 
2.6 Origem da Democracia 
O conceito de democracia surgiu na 
Grécia Antiga, em 510 a.C., quando Clístenes, 
aristocrata progressista, liderou uma rebelião 
contra o último tirano, derrubando-o e iniciando 
reformas que implantaram a democracia em 
Atenas. Atenas foi dividida em dez unidades 
denominadas chamadas “demos”, que era o 
elemento principal dessa reforma. Por isso, o 
novo regime passou a se chamar “demokratia”, 
que é formada do radical grego “demo” (povo), e 
de “kratia” (poder). 
DEMOCRACIA ATENIENSE 
A Democracia Ateniense foi um regime 
político criado e adotado em Atenas, no período 
da Grécia Antiga. Ela foi essencial para a 
organização política das cidades-estados grega, 
sendo o primeiro governo democrático da 
história. O termo “Democracia” é formado pelo 
radical grego “demo” (povo) e de “kratia” (poder), 
que significa “poder do povo”. 
Anterior a implementação da Democracia 
em Atenas, a cidade-estado era controlada por 
uma elite aristocrática oligárquica denominada de 
“eupátridas” ou “bem-nascidos”, os quais 
detinham o poder político e econômico na polis 
grega. Entretanto, com o surgimento de outras 
classes sociais (comerciantes, pequenos 
proprietários de terra, artesãos, camponeses, 
etc.), as quais pretendiam participar da vida 
política, a aristocracia resolve rever a 
HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGA 
11 
 
organização política das cidades-estados, o que 
mais tarde resultou na implementação da 
“Democracia”. De tal maneira, por volta de 510 
a.C. a democracia surge em Atenas através da 
vitória do político aristocrata grego Clístenes. 
Considerado o "Pai da Democracia", ele liderou 
uma revolta popular contra o último tirano grego, 
Hípias, que governou entre 527 a.C. e 510 a.C.. 
Após esse evento, Atenas foi dividida em 
dez unidades denominadas chamadas “demos”, 
que era o elemento principal dessa reforma e, por 
esse motivo, o novo regime passou a se chamar 
“demokratia”. Atenas possuía uma democracia 
direta, onde todos os cidadãos atenienses 
participavam diretamente das questões políticas 
da polis. 
De tal modo, Clístenes, baseada nas 
legislações anteriormente apresentadas por 
Dracon e Solon, iniciou reformas de ordem 
política e social que resultariam na consolidação 
da democracia em Atenas. Como forma de 
garantir o processo democrático na cidade, 
Clístenes adotou o “ostracismo”, onde os 
cidadãos que demostrassem ameaças ao regime 
democrático sofreriam um exílio de 10 anos. Isso 
impediu a proliferação de tiranos no governo 
grego. 
Sendo assim, o poder não estava 
somente concentrado na mão dos eupátridas. 
Com isso, os demais cidadãos livres maiores de 
18 anos e nascidos em Atenas poderiam 
participar das Assembleias (Eclésia ou 
Assembleia do Povo), embora as mulheres, 
estrangeiros (metecos) e escravos estavam 
excluídos. Diante disso, podemos intuir que a 
democracia ateniense não era para todos os 
cidadãos sendo, portanto, limitada, excludente e 
elitista. Estima-se que somente 10% da 
população desfrutavam dos direitos 
democráticos. 
Além de Clístenes, Péricles deu 
continuidade à política democrática. Ele foi um 
importante democrata ateniense que permitiu 
ampliar o leque de possibilidades para os 
cidadãos menos favorecidos. Por volta de 404 
a.C., a democracia ateniense sofreu grande 
declínio, quando Atenas foi derrotada por Esparta 
na Guerra do Peloponeso, evento que durou 
cerca de 30 anos. 
2.7 Características da Democracia 
Ateniense 
• Democracia direta 
• Reformas políticas e sociais 
• Reformulação da antiga Constituição 
• Igualdade perante a lei (isonomia) 
• Igualdade de acesso aos cargos públicos 
(isocracia) 
• Igualdade para falar nas Assembleias 
(isegoria) 
• Direito de voto aos cidadãos atenienses 
DIFERENÇAS ENTRE A DEMOCRACIA 
GREGA E DEMOCRACIA ATUAL 
A democracia ateniense foi um modelo 
político que fora copiado por várias sociedades 
antigas, e que influencia até hoje o conceito de 
democracia no mundo. No entanto, a democracia 
atual é um modelo mais avançado e moderno da 
democracia ateniense, em que todos os cidadãos 
(maiores de 16 ou 18 anos), inclusive mulheres, 
podem votar e aceder a cargos públicos, sem que 
seja excludente e limitada. 
Além disso, na democracia ateniense, os 
cidadãos tinham uma participação direta na 
aprovação das leis e nos órgãos políticos da 
polis, enquanto na democracia atual (democracia 
representativa) os cidadãos elegem um 
representante. 
DEMOCRACIA LIBERAL E DEMOCRACIA 
SOCIAL 
As concepções sobre a extensão 
atribuída às garantias de liberdade oscilam entre 
dois polos: o da democracia liberal e o da 
democracia social (socialista). Também é o que 
acontece com a participação dos cidadãos dos 
grupos sociais e do conjunto do povo na 
formação das vontades políticas. 
A democracia liberal é aquela em que o 
desenvolvimento das organizações econômicas 
e financeiras não está sujeito a restrições. Nela 
os indivíduos desfrutam de completa liberdade de 
contrato entre si. A democracia liberal se 
caracteriza pela não interferência do Estado nos 
assuntos econômicos e financeiros dos cidadãos. 
Os negócios estão entregues à iniciativa privada 
e a produção está sujeita a lei da oferta e da 
procura. 
3 A ORIGEM E O NASCIMENTO DA 
FILOSOFIA E SUA HERANÇA PARA O 
MUNDO OCIDENTAL 
A origem da palavra Filosofia é grega e 
composta por: 
 
HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGA 
12 
 
 
 
 
 
 
Atribui-se a Pitágoras a invenção da 
palavra, no sec. V a. C.. Significa amor e respeito 
pela sabedoria, desejo pelo saber, vontade de 
saber e compreender a realidade. Com o tempo 
filosofia passou a designar não apenas amor à 
sabedoria, mas um tipo especial de sabedoria: 
aquela que nasce do uso metódico da razão. 
3.1 A História da Filosofia 
Começaremos a estudar Filosofia pela 
sua história, caracterizando os diferentes 
períodos dentro do contexto histórico. A Filosofia 
é uma instituição cultural tipicamente grega, que 
surgiu em um dado momento histórico, a partir de 
determinadas condições históricas e tornou-se o 
modo de pensar do mundo ocidental, inicialmente 
na Europa e, com a colonização, expandiu-se 
para a América e o mundo. 
A Filosofia é apresentada em grandes 
períodos que correspondem às vezes de modo 
aproximado, aos períodos da história ocidental. 
Principais períodos da história da 
Filosofia 
1º. Filosofia Grega: História do pensamento 
filosófico grego, 
• Sec. VI ao V a.C. - Período pré-socrático 
• Sec. V ao sec. IV a. C. – Período Socrático: 
Sócrates e Platão 
• Sec. IV ao sec. III a.C. – Período Sistemático 
– Aristóteles 
• Sec. III a.C. ao sec. VI d. C. – Período 
Helenístico 
2º. Filosofia Medieval – sec. I ao sec. XIV 
3º. Filosofia Moderna - do século XVII ao século 
XVIII 
4º. Filosofia Contemporânea – do século XX aos 
dias atuais. 
NASCIMENTO 
A Filosofia nasce na Antiguidade, no final 
do sec. VI a.C, com Tales de Mileto, nas colônias 
gregas da Ásia menor, em uma cidade chamada 
Mileto. Os pensadores perguntavam sobre o 
mundo questões como: 
O PENSAMENTO MÍTICO 
Em um período anterior ao surgimento 
dos primeiros filósofos, todas as explicações 
eram dadas pela mitologia, lendas, tradições. Era 
em um momento em que o homem estava 
fortemente ligados à terra, às arvores, aos rios, 
às montanhas, à natureza. O homem vivia em 
tribos. Não se fazia distinção entre o real e o 
irreal. A explicação de toda realidade universal 
era baseada na imaginação e no sobrenatural. O 
pensamento mítico consiste em uma forma pela 
qual um povo explica aspectos essenciais da 
realidade em que vive: a origem, o 
funcionamento e os processos do mundo e da 
natureza, suas origens e seus valores. O mitoé 
um discurso, uma narrativa imaginaria e ficcional. 
Pertence às tradições culturais e não são 
elaborados por uma pessoa. Faz parte da 
tradição cultural e representa a própria visão de 
mundo das pessoas. O mito não tem um 
fundamento, não se submete a críticas e aos 
questionamentos. São simplesmente aceitos 
como parte da experiência real. 
O mito explica a realidade por meio do 
sobrenatural, do mistério, do símbolo, do divino. 
O mito é algo aceito e interiorizado pelo povo. É 
preciso lembrar que o pensamento e as 
instituições humanas refletem as condições 
sociais, econômicas e históricas de uma 
sociedade em uma determinada época. Na 
Grécia daquele momento as explicações sobre 
as origens do mundo e da natureza baseadas na 
mitologia já não correspondiam a realidade. A 
Filosofia surge então como a busca de uma 
explicação racional e ordenada do mundo ou da 
natureza: cosmologia. 
O que tornou possível o surgimento da 
Filosofia na Grécia no final do sec. VI antes de 
Cristo? Quais as condições sociais, políticas, 
econômicas e históricas que permitiram o 
surgimento da Filosofia? 
As condições históricas que 
possibilitaram o surgimento da Filosofia na 
Grécia A mudança de papel do pensamento 
mítico resulta de um longo período de transição e 
de transformação da própria sociedade grega, 
tornando possível o surgimento do pensamento 
filosófico em VI a.C. As condições históricas que 
favorecem ao surgimento do pensamento 
filosófico-científico: 
• O comércio e as viagens marítimas levaram à 
desmitificação do mundo. Revelaram que não 
existiam deuses, monstros, titãs. O homem 
Philo: amizade, amor fraterno 
Sophia: sabedoria 
HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGA 
13 
 
começou a conhecer concretamente o mundo 
e outras culturas. 
• Invenção do calendário: o tempo deixou de 
ser incompreensível e divino, passou a ter 
dias, anos, estações. 
• Invenção da moeda 
• Surgimento da vida urbana: predomínio do 
comércio e artesanato. Surge uma classe 
comerciante que, para se contrapor a 
aristocracia da época, vai apoiar as artes, as 
técnicas, o conhecimento e assim a filosofia. 
Surge um novo tipo de organização social. 
• Invenção da escrita alfabética: a 
capacidade de abstração se desenvolve. É 
independente, racional e pode ser usada por 
todos. 
• Invenção da política: surge a lei como 
expressão da vontade coletiva humana, o 
direito de cada um se expressar 
racionalmente. Surge o espaço público, onde 
se realizam discussões e tomam-se decisões 
racionais. A política valoriza o ser o humano e 
o pensamento. 
Diante dessa realidade histórica, o mito 
como explicação real através do elemento 
sobrenatural e misterioso é insatisfatório. É 
preciso compreender essa nova realidade. Os 
filósofos foram reformulando e racionalizando as 
narrativas míticas e transformando as 
explicações do mundo em algo novo. Não houve 
uma ruptura brusca nessa passagem do saber 
mítico ao pensamento racional. 
Em relação aos conhecimentos, os 
gregos transformaram em ciência o que era 
prática para uso na vida: as curas viraram a 
medicina. Criaram a organização social e política 
que conhecemos hoje, ou seja, as sociedades 
até então desconheciam a separação entre poder 
público, privado e religioso. Foram os gregos que 
fizeram essa separação através da organização 
de leis e instituições como forma de poder e 
governo. Criaram a ideia de justiça e lei, 
características da organização política atual. 
Criaram a ideia de que o pensamento segue 
regras, normas e leis universais, ou seja, que o 
pensamento pode ser racional. 
A FILOSOFIA GREGA 
O marco foi o filósofo Sócrates. A 
Filosofia Antiga, do sec. VI a. C. ao século VI d.C, 
corresponde à História do pensamento filosófico 
grego e se divide em quatro grandes momentos: 
• Período pré-socrático - sec. VI ao V a.C. 
• Período Socrático: Sócrates e Platão - sec. V 
ao sec. IV a. C. 
• Período Sistemático: Aristóteles - sec. IV ao 
sec. III a.C. 
• Período Helenístico - sec. III a.C. ao sec. VI d. 
C. 
• Período pré-socrático ou cosmológico, do sec. 
VI ao final do século V a. C. 
É o nascimento da Filosofia, momento 
em que se investiga o mundo e as 
transformações da natureza. Os principais 
filósofos foram Tales de Mileto, Anaximandro de 
Mileto, Anaxímenes de Mileto, Pitágoras de 
Samos, Heráclito de Éfeso, Parmênides de Eléia, 
e Zenão de Eléia, que fizeram parte de várias 
escolas. É denominado período Cosmológico, 
pois buscava uma visão ordenada do mundo, a 
explicação racional e sistemática sobre origem, 
ordem e transformação da natureza e seres 
humanos. Investigava o princípio universal, 
imutável e eterno que gerou todas as coisas e 
seres: de onde tudo vem e para onde tudo 
retorna. 
 
 
 
O novo pensamento filosófico possui 
características centrais que rompem com a 
narrativa mítica. Esses pensadores 
desenvolveram um conjunto de noções que 
constituem o ponto de partida de uma visão de 
mundo que, apesar de terem sofrido profundas 
transformações, foram as raízes do nosso 
pensamento filosófico-científico de hoje. 
• A physis – o mundo natural. A compreensão 
da realidade natural está nela mesma e não 
no mundo sobrenatural 
• A causalidade – tudo tem uma causa natural 
e não mais mítica misteriosa. 
• A arqué – existe um elemento primordial que 
serviria de ponto de partida para todo o 
processo, o que dá uma unidade à natureza. 
Ex- água para Tales de Mileto, o ar para 
Anaxímenes. Empédocles afirma a existência 
de 4 elementos: ar, água, terra e fogo... isso 
dá a ideia de caráter geral que inaugura a 
ciência. 
• O cosmo - surge a ideia de ordem, harmonia 
e beleza. O mundo natural é uma realidade 
ordenada de acordo com os princípios 
racionais. 
• O logos – não é mais uma narrativa de 
caráter poético e mítico logos é a explicação 
Cosmo=ordem e organização do mundo, 
lógico=conhecimento racional. 
 
HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGA 
14 
 
fundamentada na razão. É um discurso 
racional. 
• O caráter crítico – as verdades não eram 
apresentadas como verdades absolutas, de 
forma dogmática, mas passiveis de serem 
discutidas, discordadas, criticadas. Não se 
trata de verdades absolutas, mas da 
construção do pensamento de um filosofo e 
pode e deve ser questionado. Surge a atitude 
crítica em lugar da transmissão dogmática da 
verdade. 
Os chamados “filósofos pré-socráticos” 
são os primeiros filósofos que viveram antes de 
Sócrates, e alguns foram contemporâneos deste. 
Sócrates é considerado um marco por sua 
influência e por introduzir as questões humanas 
e sociais na discussão filosófica. 
Período socrático – final do século V e todo 
século IV a. C., em Atenas. 
A Filosofia passa a investigar as 
questões humanas, deixando de se preocupar 
apenas com as questões da natureza e suas 
transformações. Esse período é marcado pela 
presença de Sócrates (470-399 a.C), cujo 
pensamento rompe com a temática central da 
realidade natural dos filósofos anteriores e passa 
a investigar as questões éticas e políticas. 
É a época da democracia em Atenas, em 
que o cidadão começa a exercer a cidadania, 
precisa opinar, discutir, falar, persuadir nas 
assembleias. Surgem os chamados sofistas, que 
foram contemporâneos de Sócrates e 
compartilharam assim da mesma realidade 
histórica e, apesar das visões diferentes, tiveram 
o mesmo interesse pela problemática ético-
política. 
O pensamento de Sócrates e os Sofistas 
deve ser entendido dentro do contexto histórico e 
sociopolítico de sua época, pois tem um 
compromisso bastante direto e explicito com 
essa realidade. A sociedade grega está 
estabilizada, com a consolidação de várias 
cidades-estados. Há o enriquecimento através do 
comércio, surge uma classe mercantil 
politicamente influente. Começam a se introduzir 
as primeiras regras democráticas, há quebra do 
poder das oligarquias, quebrada autoridade 
divina, é o fim das imposições autoritárias. 
Coexistem diferentes interesses e as decisões 
são tomadas em assembleias. É preciso saber 
falar bem, persuadir, convencer, argumentar e 
justificar as diferentes propostas. É o momento 
de passagem da tirania para a democracia. 
Os Sofistas 
Os Sofistas ensinavam a arte da oratória, 
a arte da persuasão. Ensinavam um modo de 
defender uma opinião por meio de argumentos. 
Eram mestres na arte da argumentação. Sofista 
significa sábio, entretanto ganhou o sentido de 
impostor. Eles eram professores que vendiam 
ensinamentos práticos da filosofia. Os mais 
conhecidos sofistas foram Protágoras e Górgias. 
Protágoras afirma que “O homem é a 
medida de todas as coisas”, as coisas são como 
nos parecem ser, como se mostram a nossa 
percepção sensorial e não temos nenhum outro 
critério para decidir essa questão. Os sofistas 
foram criticados principalmente por Platão, que 
considerava os sofistas artistas manipuladores 
de raciocínios. Os Sofistas contribuíram para 
desenvolvimento da linguagem na tradição 
cultural grega. 
Nesse contexto, surge então Sócrates, 
considerado o patrono da filosofia. Ele 
discordava dos antigos poetas (mitologia), dos 
antigos filósofos (cosmologia) e dos sofistas 
(oradores). 
Sócrates (470-399 a.C), 
Sócrates nasceu em Atenas e é 
considerado um marco divisório da história da 
filosofia grega. Seu pensamento marca o 
nascimento da filosofia clássica, que foi 
posteriormente desenvolvida por Platão e 
Aristóteles. É considerado o “patrono da 
filosofia”. As divergências inerentes à democracia 
da época levaram Sócrates a refletir em seu 
interior. Refletindo sobre si mesmo, Sócrates 
descobriu que apesar da variedade de coisas, 
somos capazes de criar conceitos universais. 
Ele pensou que poderíamos criar um 
conceito universal de justiça que, por ser igual 
para todos, seria capaz de dissolver as 
divergências e discórdias nas assembleias de 
cidadãos. As praças públicas eram suas salas de 
aula. 
Buscava conhecer a si próprio e ajudava 
as pessoas a encontrar a verdade das coisas e 
conceitos, por meio do diálogo. Em um primeiro 
momento ele interrogava (processo chamado 
ironia, em grego significa interrogar). Depois ele 
conduzia o “aluno” a buscar em seu interior os 
conceitos verdadeiros (processo chamado de 
maiêutica, arte de dar a luz). 
HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGA 
15 
 
Sócrates valorizava o debate e o 
ensinamento oral, sem nunca haver escrito nada. 
É Platão quem registra seus ensinamentos. Não 
existe o registro do pensamento original de 
Sócrates e sim a visão de Platão. Ele buscava a 
definição essencial de coragem, virtude, etc. é ir 
alem da opinião que se tem a respeito de algo. 
Ele não respondia às perguntas e sim procurava 
ensinar um caminho, que é origem de método. 
Por isso ele sempre usava o diálogo, pois 
acreditava que pelo diálogo a pessoa começa a 
revisar as crenças, opiniões, transformando à 
sua maneira de ver as coisas. 
Sócrates desenvolveu o saber filosófico 
em praças conversando e mostrando que era 
preciso unir a vida concreta ao pensamento. Para 
ele, o homem é sua alma, a alma é o desejo da 
razão, e isso distingue o ser humano de todos os 
outros seres da natureza. Ele dialogava com 
ricos e pobres, cidadãos ou escravos e dava 
importância às características internas de cada 
pessoa. Assim, foi considerado uma ameaça a 
sociedade, pois não fazia distinção de classe ou 
posição social. Ele estava interessado na prática 
da virtude e na busca da verdade, e contrariava 
os valores dogmáticos da sociedade ateniense. 
Era considerado um grande sábio e 
contrariou os interesses de muitos poderosos. 
Sócrates, em 399 a.C., é acusado de graves 
crimes por desrespeito às tradições religiosas e 
por corrupção da juventude, mas na verdade 
queriam puni-lo por suas críticas à democracia 
grega. Ele foi julgado por 501 cidadãos ema 
Atenas e não se declarou inocente, ao contrário, 
permanece coerente com suas ideias. É 
condenado à morte, por meio de envenenamento 
– cicuta. 
Platão ( 428 – 348 a. C.) 
A filosofia de Platão desenvolve-se a 
partir dos ensinamentos de seu mestre Sócrates, 
por meio dos diálogos socráticos. Ainda nesse 
período, Platão, principal discípulo de Sócrates 
por 10 anos, escreveu sobre os ensinamentos 
dele mesmo e de Sócrates. 
Platão nasceu em Atenas e era de família 
nobre. Foi um dos maiores pensadores da 
história da filosofia. Após longas viagens, fundou 
sua própria escola - a Academia, nos jardins 
construídos por Acadamus. Era uma espécie de 
universidade de ensino do mundo ocidental. 
Desenvolve sua concepção filosófica que tem 
como núcleo a teoria das ideias ou formas. Para 
Platão, existia um mundo sensível – da 
aparência, das opiniões, da ilusão, imperfeito, 
incompleto e o mundo das ideias – eterno, 
essencial, belo, pleno, perfeito. Para se alcançar 
o mundo das ideias, é preciso o conhecimento 
racional e filosófico. Ele explica este pensamento 
por meio da alegoria O Mito da Caverna. 
Para Platão a filosofia é uma forma de 
saber que possui um caráter prático ético- político 
e, por outro lado, filosofia é essencialmente teoria 
capaz de levar a natureza essencial das coisas. 
Principais obras: Apologia de Sócrates, 
Eutífron, Críton, Laques, Mênon,O Banquete, A 
República e Parmênides. 
Características do período socrático: 
A filosofia se volta para as questões 
humanas: ações, comportamento, crença, valor, 
o lugar do homem no mundo. 
O homem como ser racional capaz de 
conhecer-se a si mesmo, capaz de refletir e 
estabelecer procedimentos que o levem a 
verdade. Definição das virtudes morais e virtudes 
políticas. As ideias e práticas que norteiam o 
comportamento dos seres humanos. Encontrar a 
essência dessas virtudes e valores: justiça, 
coragem, amizade, piedade, amor. A opinião, as 
percepções e imagens sensoriais são 
consideradas falsas, mentirosas, contraditórias 
para se conseguir a verdade. 
Período sistemático do final do século IV ao final 
do século II antes de Cristo 
Dizemos que sistemático é o que se 
caracteriza pela organização e articulação, 
formando um todo coerente. A obra de Aristóteles 
(384 - 322 a..C.) é sistemática. No chamado 
período sistemático, seu principal pensador foi 
Aristóteles, um dos mais importantes filósofos 
gregos da Antiguidade. Ele falou sobre o homem, 
a alma, classificou animais e plantas, criou o 
método, falou de política, leis, comportamentos. 
Aristóteles nasceu em 384 a.C., em 
Estagira, na Macedônia. Era filho de Nicômaco, 
médico do rei da Macedônia. Ainda muito jovem 
foi para Atenas, onde foi para a Academia de 
Platão, tornando-se seu discípulo. Estudou 
quase 20 anos na Academia, tornou-se 
professor, e, mais tarde, foi professor de 
Alexandre da Macedônia. Com a morte de Platão 
deixou a Academia e sai de Atenas. 
Mais tarde ele volta para Atenas e funda 
sua própria escola, o Liceu. O pensamento 
aristotélico desenvolveu-se a partir de uma crítica 
HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGA 
16 
 
tanto aos pré-socráticos quanto a Platão. Sua 
principal obra filosófica Metafísica busca elaborar 
uma concepção filosófica original. Aristóteles 
redefine a filosofia e apresenta a construção de 
um grande sistema de saber, muito influente no 
desenvolvimento da ciência antiga. Aristóteles 
critica o dualismo representado na teoria das 
ideias de Platão e vai apresentar sua concepção 
de real, evitando o dualismo dos dois mundos – 
sensível e inteligível, e desenvolve uma 
concepção de realidade substancial. 
Aristóteles rompe com os ensinamentos 
de seu mestre Platão e desenvolve uma 
concepção sistemática de saber. Desenvolve seu 
próprio sistema e propõe uma concepção de real 
que parte da substancia individual, composta de 
matéria e forma. Ele valoriza o saber empírico e 
a ciência geral (do ser) e aciência natural (da 
realidade natural). Valorizou as questões 
metodológicas e desenvolveu a lógica. 
Aristóteles desenvolveu a lógica para servir de 
ferramenta do raciocínio. 
A filosofia de Aristóteles é sistemática – 
coerente e precisa integrada, é uma visão 
integrada de saber, com diversas áreas 
especificas. Ele dedicou anos de seus estudos 
para classificar seres da natureza, ao mesmo 
tempo que se dedicava ao estudo do espírito 
humano, do universo interior e exterior do ser 
humano, incluindo política, sociedade, etc. 
Ele desenvolveu o conceito essencial 
que diferencia o homem de todos os seres no 
mundo: a capacidade de buscar sempre fazer 
melhor, ser feliz – a ética. Sua obra foi 
fundamental para a difusão e desenvolvimento 
da Filosofia e Ciência, por meio da questão 
metodológica do saber científico, abrangendo a 
valorização da ciência empírica, a ética, a política 
e a estética. 
A HERANÇA DA FILOSOFIA GREGA PARA O 
OCIDENTE 
A Filosofia grega possui características, 
apresenta formas de pensar e estabelece 
concepções diferentes das de outros povos e 
culturas. Os gregos instituíram bases e princípios 
fundamentais do que chamamos razão, 
racionalidade, ciência, ética, política, técnica, 
arte. Essas bases e princípios passaram a 
influenciar decisivamente o pensamento e as 
instituições de todo ocidente até os dias atuais. 
A Filosofia surge quando a explicação da 
realidade universal dada pelos mitos já não 
satisfaz a alguns pensadores gregos. A verdade 
do mundo e dos homens passa a não ser algo 
secreto e misterioso, torna-se algo que podia ser 
conhecido por todos através do pensamento, da 
sabedoria, do uso metódico da razão. O 
momento histórico da Grécia Antiga em que 
surge a Filosofia está vinculado à organização da 
polis – cidade-estado. A cidade foi criação dos 
homens e não dos deuses e podia se organizada, 
dirigida e pelos homens, pela razão. Os filósofos 
queriam uma explicação para o mundo, uma 
ordem para o caos. 
4 FILÓSOFOS PRÉ-SOCRÁTICOS 
Os filósofos pré-socráticos fazem parte 
do primeiro período da filosofia grega. Eles 
desenvolveram suas teorias do século VII ao V 
a.C. Recebem esse nome, posto que são os 
filósofos que antecederam Sócrates. Os filósofos 
pré-socráticos buscavam nos elementos 
natureza as respostas sobre a origem do ser e do 
mundo. Focando principalmente nos aspectos da 
natureza, eram chamados de “filósofos da 
physis”. 
SÓCRATES 
Sócrates (470 a.C-399 a.C.) foi um 
importante filósofo grego do segundo período da 
filosofia. Nasceu em Atenas sendo considerado 
um dos fundadores da filosofia ocidental. A 
filosofia de Sócrates, baseada no diálogo, era 
chamada de filosofia socrática. Era marcada pela 
expressão “conhece-te a ti mesmo”, em virtude 
da busca da verdade através do 
autoconhecimento. Ademais, da filosofia do 
“diálogo” de Sócrates, destaca-se a 
“maiêutica”, que significa literalmente “trazer a 
luz”. Esta faz relação com a iluminação da 
verdade que, para ele, está contida no próprio 
ser. Sócrates nasceu em Atenas, que em 
meados do século V a.C tornou-se a metrópole 
da cultura grega. Da sua infância nada se sabe. 
Homem feito, chamava atenção não só pela sua 
inteligência, mas também pela estranheza de sua 
figura e seus hábitos. Corpulento, olhos saltados, 
vestes rotas, pés descalços, costumava ficar 
horas mergulhado em seus pensamentos. 
Quando não estava meditando solitário, 
conversava com seus discípulos, procurando 
ajudá-los na busca da verdade. 
Nessa época teve início a segunda fase 
da filosofia grega, conhecida como socrática ou 
antropológica, onde Sócrates foi o principal 
filósofo desse período. Nessa fase os filósofos 
passaram a se preocupar com os problemas 
HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGA 
17 
 
relacionados ao indivíduo e a organização da 
humanidade. Passaram a perguntar: O que é 
verdade? O que é o bem? O que é a Justiça? 
Uma vez que na primeira fase da filosofia grega 
a preocupação era com a origem do mundo, fase 
que ficou conhecida como pré-socrática. 
A VERDADE PARA SÓCRATES 
Para Sócrates existiam verdades 
universais, válidas para toda a humanidade em 
qualquer espaço e tempo. Para encontrá-las era 
necessário refletir sobre elas, descobrir suas 
razões. O princípio da filosofia de Sócrates 
estava na frase "Conhece-te a ti mesmo". Antes 
de lançar-se em busca de qualquer verdade, o 
homem precisa auto analisar-se e reconhecer 
sua própria ignorância. Sócrates inicia uma 
discussão e conduz seu interlocutor a tal 
reconhecimento, através do diálogo: é a primeira 
fase de seu método, chamada de ironia ou 
refutação. 
Na segunda fase, a "maiêutica" (técnica 
de trazer à luz), Sócrates solicita vários exemplos 
particulares do que está sendo discutido. Por 
exemplo, se está procurando definir a coragem, 
pede descrições de atos considerados corajosos. 
Em seguida, analisa esses casos com a 
finalidade de descobrir o que é comum a todos 
eles. Esse algo comum é a coragem, a essência 
dos atos heroicos, e existirá em qualquer ato 
corajoso, independente das circunstâncias que o 
cercarem. 
A "técnica de trazer à luz" pressupõe uma 
crença de Sócrates, segundo a qual a verdade 
está no próprio homem, mas ele não pode atingi-
la porque não só está envolto em falsas ideias, 
em preconceitos, como está desprovido de 
métodos adequados. Derrubado esses 
obstáculos, chega-se ao conhecimento 
verdadeiro, que Sócrates identifica como virtude, 
contraposta ao vício, o qual se deve unicamente 
à ignorância. Daí sua frase famosa: "Ninguém 
faz o mal voluntariamente". 
Por causa do incentivo ao raciocínio, 
Sócrates foi perseguido pelas autoridades de 
Atenas. Acusado de renegar os Deuses e 
corromper os jovens, foi julgado e condenado a 
suicidar-se ingerindo cicuta. 
FONTES PARA O ESTUDO DE SÓCRATES 
Sócrates não deixou obra escrita, achava 
mais eficiente o intercâmbio de ideias, mediante 
perguntas e respostas entre duas pessoas. São 
quatro as fontes básicas para o conhecimento de 
Sócrates: o filósofo Platão, seu discípulo, em 
cujos Diálogos o mestre figura sempre como 
personagem central. A segunda fonte é o 
historiador Xenofonte, amigo e frequentador 
assíduo das reuniões que Sócrates participava. 
O dramaturgo Aristófanes cita Sócrates como 
personagem em algumas de suas comédias, mas 
sempre o ridiculariza. A última fonte é Aristóteles, 
discípulo de Platão, e que nasceu 15 anos após 
a morte de Sócrates. Essas fontes nem sempre 
são coerentes entre si. 
4.1 Filosofia Grega 
Para melhor entender a filosofia grega, 
vale lembrar como ela está dividida: 
• Período Pré-Socrático: fase naturalista 
• Período Socrático: fase antropológica-
metafísica 
• Período Helenístico: fase ética e cética 
CORRENTES OU ESCOLAS PRÉ-
SOCRÁTICAS 
Segundo o foco e o local de desenvolvimento da 
filosofia, o período pré-socrático está dividido 
em Escolas ou Correntes de pensamento, a 
saber: 
• Escola Jônica: desenvolvida na colônia 
grega Jônia, na Ásia Menor (atual Turquia), 
seus principais representantes são: Tales de 
Mileto, Anaxímenes de Mileto, Anaximandro 
de Mileto e Heráclito de Éfeso. 
• Escola Pitagórica: também chamada de 
"Escola Itálica", foi desenvolvida no sul da 
Itália, e recebe esse nome posto que seu 
principal representante foi Pitágoras de 
Samos. 
• Escola Eleática: desenvolvida no sul da 
Itália, sendo seus principais representantes: 
Xenófanes de Colofão, Parmênides de Eléia e 
Zenão de Eléia. 
• Escola Atomista: também chamada de 
“Atomismo”, foi desenvolvida na região da 
Trácia, sendo seus principais representantes: 
Demócrito de Abdera e Leucipo de Abdera. 
PRINCIPAIS FILÓSOFOS PRÉ-SOCRÁTICOS 
Segue abaixo os principais filósofos do 
período pré-socrático: 
Tales de Mileto (624 a.C.-548 a.C.): nascido na 
cidade de Mileto, região da Jônia, Tales 
acreditava que a água era o principal elemento,ou seja, era a essência de todas as coisas. 
Anaximandro de Mileto (610 a.C.-547 a.C.): 
discípulo de Tales nascido em Mileto, para 
HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGA 
18 
 
Anaximandro o princípio de tudo estava no 
elemento denominado “ápeiron”, uma espécie de 
matéria infinita. 
Anaxímenes de Mileto (588 a.C.-524 a.C.): 
discípulo de Anaximandro nascido em Mileto, 
para Anaxímenes o princípio de todas as coisas 
estava no elemento ar. 
Heráclito de Éfeso (540 a.C.-476 a.C.): 
considerado o “Pai da Dialética”, Heráclito 
nasceu em Éfeso e explorou a ideia do devir 
(fluidez das coisas). Para ele, o princípio de todas 
as coisas estava contido no elemento fogo. 
Pitágoras de Samos (570 a.C.-497 a.C.): 
filósofo e matemático nascido na cidade de 
Samos, para ele os números foram seus 
principais elementos de estudo e reflexão, do 
qual se destaca o “Teorema de Pitágoras”. 
Xenófanes de Cólofon: (570 a.C.-475 a.C.): 
nascido em Cólofon, Xenófanes foi um dos 
fundadores da Escola Eleática, se opondo contra 
o misticismo na filosofia e o antropomorfismo. 
Parmênides de Eléia (530 a.C.-460 a.C.): 
discípulo de Xenófanes, Parmênides nasceu em 
Eléia. Focou nos conceitos de “aletheia” e “doxa”, 
donde o primeiro significa a luz da verdade e o 
segundo, é relativo à opinião. 
Zenão de Eléia (490 a.C.-430 a.C.): discípulo de 
Parmênides, Zenão nasceu em Eléia. Foi grande 
defensor das ideias de seu mestre filosofando, 
sobretudo, acerca dos conceitos de “Dialética” e 
“Paradoxo”. 
Demócrito de Abdera (460 a.C.- 370 a.C.): 
nascido na cidade de Abdera, Demócrito foi 
discípulo de Leucipo. Para ele, o átomo era o 
princípio de todas as coisas, desenvolvendo 
assim, a “Teoria Atômica”. 
5 PLATONISMO, A FILOSOFIA DE 
PLATÃO 
ACADEMIA DE PLATÃO 
A “Academia de Platão” foi fundada em 
Atenas pelo filósofo por volta de 385 a.C., 
primeiramente designada para cultuar as Musas 
Gregas e o Deus Apolo. Embora ele tenha 
fundado com características de culto aos deuses, 
o local foi considerado a primeira universidade da 
história do ocidente. De tal modo, na Academia 
Platônica, os filósofos se reuniam para discutir o 
desenvolvimento da filosofia e do pensamento de 
Platão, um dos pilares mais importantes da 
filosofia ocidental. Ocorriam, assim, debates 
sobre os mais diversos temas da filosofia. A 
Academia de Platão durou cerca de 9 séculos e 
foi encerrado em 529 d.C., pelo imperador 
bizantino Justiniano I. 
PERÍODOS DO PLATONISMO 
O Platonismo reúne as diversas 
abordagens da teoria de Platão: metafísica, 
retórica, ética, estética, lógica, política, dialética e 
da dualidade (corpo e alma), sendo classifica em 
três períodos, a saber: 
• Platonismo Antigo (século IV a.C. até a 
primeira metade do século I a.C.) 
• Médio Platonismo (séculos I e II d.C.) 
• Neoplatonismo (séculos III d.C. e VI d.c) 
TEORIA DAS IDEIAS 
Sem dúvida, a Teoria das Ideias ou 
Teoria das Formas é a proposição desenvolvida 
por Platão que mais se destaca, posto que dela 
surgem vários outros pensamentos relacionados 
com sua filosofia. Para Platão, existem dois 
mundos, ou seja, a realidade estava dividida em 
duas partes: O mundo sensível (mundo material), 
mediados pelas formas autônomas que 
encontramos na natureza, percebido pelos cinco 
sentidos; e o mundo das ideias (realidade 
inteligível) denominado de “mundo ideal”, ou 
seja, aproxima-se da ideia de perfeição de algo. 
Assim, segundo ele a verdade suprema e 
absoluta além da felicidade, somente é possível 
encontrar a partir do mundo das ideias, donde 
localiza-se a essência das coisas. 
De tal maneira, o que percebemos no 
mundo sensível ou material é enganoso, ilusório 
e instável, enquanto no mundo das ideais atinge-
se a felicidade pelo encontro do conhecimento 
supremo da realidade, o que correspondente a 
ideia de bem. 
Em resumo, através do conhecimento é 
possível transcender do mundo material ao 
mundo das ideais e contemplar as ideias 
perfeitas, alcançando assim, a felicidade. Leia 
Mito da Caverna. 
TEORIA DAS ALMAS 
Na filosofia de Platão encontramos a 
dualidade entre a alma e o corpo. Segundo ele, o 
ser humano era imortal e essencialmente alma, 
donde ela pertencia ao mundo inteligível 
(apreendido pelo intelecto) e não o mundo 
sensível (apreendido sobre os sentidos). De 
acordo com o filósofo, a alma estava dividida em 
HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGA 
19 
 
três partes e, ao harmonizar essas três partes era 
possível encontrar a felicidade, o bem: 
• Alma Concupiscente: localizada no ventre, a 
alma concupiscente estava relacionada com 
os desejos carnais. 
• Alma Irascível: localizada no peito, a alma 
irascível estava relacionada às paixões. 
• Alma Racional: localizada na cabeça, a alma 
racional estava relacionada ao conhecimento. 
Assim, com a elevação da alma ao 
mundo das ideias, através da contemplação das 
ideias perfeitas, seria possível alcançar a ideia 
suprema do bem. 
PLATÃO E A POLÍTICA 
Na política Platão contribuiu com sua 
maneira humanista de refletir sobre o homem e 
uma sociedade justa. Para ele, a Política era 
considerada uma das mais nobres atividades, 
posto que estava relacionada com a pólis, ou 
seja, as cidades gregas e a organização da vida 
dos cidadãos. Em sua obra “A República”, reflete 
sobre a construção do bem para todos os 
cidadãos, a função social de cada um, tal qual 
como as atividades básicas realizadas na pólis. 
Sendo assim, Platão caracterizou as 
atividades essenciais da pólis em três instâncias, 
as quais levavam em conta a aptidão de cada um: 
• Administração da pólis 
• Defesa da cidade 
• Produção de materiais e alimentos 
Observe abaixo um trecho da Obra “A 
República”: 
“Ao fundarmos a cidade, não tínhamos 
em vista tornar uma única classe 
eminentemente feliz, mas, tanto quanto 
possível, toda a cidade. De fato, 
pensávamos que só numa cidade assim 
encontraríamos a justiça e na cidade pior 
constituída, a injustiça. (...). Agora 
julgamos modelar a cidade feliz, não 
pondo à parte um pequeno número dos 
seus habitantes para torna-los felizes, 
mas considerando-o como um todo. ” 
OS DIÁLOGOS DE PLATÃO 
A maior parte da obra de Platão foi 
desenvolvida através dos Diálogos, textos em 
que ele desenvolve suas ideias, filosofando sobre 
a natureza e existência humana, bem como da 
sociedade que o envolve. Dos diálogos 
destacam-se: Apologia a Sócrates, O Banquete, 
Górgias, Filebo, Fédon, República, Protágoras, 
dentre outros. 
5.1 Dialética de Platão 
Platão define a dialética como a arte de 
pensar, questionar e hierarquizar ideias. O termo 
dialética é utilizado por Platão na referência a 
qualquer método que possa ser recomendado 
como veículo da filosofia. 
Para Platão, a dialética é um instrumento 
que permite o alcance a verdade. É preciso 
ressaltar que sua obra está ligada à preocupação 
com a ciência (considerada o conhecimento 
verdadeiro), a moral e a política. 
O trabalho de Platão envolve a função 
pedagógica e política quando o assunto é o 
conhecimento, considerado a materialização do 
real. A materialização da pedagogia ocorre pelo 
método usado para superar o senso comum. 
MÉTODO DIALÉTICO DE PLATÃO 
• Opinião x verdade 
• Desejo x razão 
• Interesse particular x interesse universal 
• Senso comum x filosofia 
É o senso comum o ponto de partida da 
dialética platônica, não para ser reafirmado, mas 
refutado e que deve ser superado. Platão propõe 
que o senso comum e a opinião sejam 
questionados para a descoberta da verdade a 
partir do indivíduo sem a interferência externa. 
A hierarquia do método da dialética 
platônica tem como objetivo demonstrar a 
fragilidade, a falta de fundamentação e os 
preconceitos que formam o senso comum. É, 
ainda, objetivo, que o indivíduo tenha a 
consciência do funcionamento do método. A 
dialética admite as contradições somente como 
meio para superá-las, exige atitude

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