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TÍTULOS DE CRÉDITO
PROFESSOR: CLÁUDIO CALO
2004 / 2005
1a aula 
04/11/2004
Livros que o professor indica:
Professor Luis Emydio Ed. Renovar; (é o melhor)
Fran Martins, Títulos de Crédito - volume I e volume II;
Rubens Requião – Títulos de Crédito. 
Salvador Paes de Almeida 
Fabio Ulhoa Coelho 
LEGISLAÇÃO:
(TC = TÍTULOS DE CRÉDITO)
( Letra de Câmbio (LC) e Nota Promissória (NP)= Decreto 57663/66 que é a Lei Uniforme de Genebra -> LUG e há também o Decreto 2044/1908 que está parcialmente revogado, como veremos adiante.
( Cheque – Lei 7357/85 (o Decreto 57595/66 é uma lei uniforme sobre cheque que, segundo o STF, se aplica subsidiariamente à lei do cheque, pq este decreto é oriundo de um tratado internacional e anterior à lei do cheque);
( Duplicata = Lei 5474/68; 
( Conhecimento de Depósito e Warrant = Decreto 1102/1903; (são títulos de crédito armazeneiros pq estão relacionados aos armazéns em geral);
( Conhecimento de transporte = Decreto 19473/30
(Títulos de Credito Rurais (NP rural e Duplicata rural) = Decreto 167/67 (são títulos de financiamento, procuram financiar a atividade rural)
( Novo Código Civil – art. 887 e seguintes 
Vejamos alguns artigos importantes do NCC:
O art. 903 do NCC é o artigo mais importante do NCC pq ele indica que o NCC só será utilizado quando não houver legislação especial sobre o tema. Ou seja, o NCC será utilizado em ultimo lugar. Primeiro é preciso observar a lei especial. Se esta for omissa, ou se ela não puder ser aplicada, o NCC será aplicado, subsidiariamente, à matéria cambiária.
	EX: a Lei 5474/68 é uma lei que contém poucos artigos. Se esta lei for omissa é preciso olhar para o art. 25 da própria lei 5474/68 que dispõe que nas omissões desta lei, aplicam-se os atos normativos que regulam as LC. Então, havendo omissão na lei da duplicata será aplicada a LUG e se ainda assim continuar havendo omissão será aplicado o NCC. Por esta razão é que as duplicatas são consideradas TC cambiariformes, pq é TC equiparado, assemelhado à Letra de Câmbio.
	O art. 903 do NCC deve ser lido com muito cuidado.
	Ele diz que em primeiro lugar aplica-se a lei especial. Apenas no que a lei especial for omissão ou quando a lei especial não puder ser aplicada, é que o NCC será aplicado. 
	EX: ENDOSSO - A Lei prevê que os cheques não podem ser ao portado caso o valor do cheque seja superior a 100 reais. Mas o NCC, no seu art. 904, prevê a possibilidade do cheque ser ao portador. A maioria dos alunos pensa que o NCC por ser posterior à lei do cheque teria revogado a lei 7357/85, entretanto isto está errado. Vejam que o art. 907 do NCC diz que é nulo o TC emitido ao portador em desacordo com a legislação especial. Então, alem do art. 903 há também o art. 907 do NCC que nos manda aplicar a lei especial e somente subsidiariamente que o NCC será aplicado. 
( Façam remissão do art. 907 do NCC ao art. 2 da lei 8021/90; art. 69 da lei 9069/95; art. 19 da lei 8088/90. 
EX: AVAL PARCIAL - Art. 897, PU do NCC fala em aval como garantia do pagamento do valor constante no TC. E o parágrafo único diz expressamente que é vedado o aval parcial. Então imaginemos a seguinte situação: 
A emite uma NP à B e promete pagar à B 100 reais.
C assina a NP e esta assinatura garante o pagamento desta NP. C não disse quanto ele garantia. Se não disse é pq ele garantiu o pagamento integral daquele TC. Mas fora do TC o C fala para B que só está garantindo 50 reais.
Pergunta-se: é possível o aval parcial no direito brasileiro? Sendo possível, neste caso apresentado seria possível? Por quê? 
No direito brasileiro o aval parcial é permitido em algumas hipóteses. Se há um titulo atípico que não possui lei especial o regulando, aplica-se o NCC e neste caso o aval parcial é proibido. Mas se há um titulo típico, com lei especial o regulando e permitindo o aval parcial, neste caso há a possibilidade do aval parcial. Tudo depende da lei que regulará o Título. O NCC vedou o aval parcial, mas não é em todos os casos que o NCC será aplicado. O NCC não se aplica à LC nem à NP, nem ao cheque, porque estes títulos possuem lei especial.
A LUG diz que é possível haver o aval no todo ou em parte. Logo, prevalece o art. 30 da LUG (que é uma lei especial) e não o art. 897, PUnico do NCC. É possível o aval parcial pq prevalece a lei especial e o art. 30 da LUG é expresso neste sentido. Entretanto, neste caso concreto, o aval parcial não seria possível pq o C não colocou no corpo do Titulo que aquele aval é parcial. Prevalece o Principio da Literalidade, ou seja, vale o que está escrito no Título de Crédito. E mesmo nos casos em que é permitido o aval parcial, este deve estar escrito no Titulo de Crédito, em razão do princípio da literalidade.
 Em matéria cambiária, a legislação exige que a assinatura seja feita em determinados locais do Título. Desta forma, a simples assinatura na face (na frente) do título caracteriza o aval. A assinatura no verso corresponde ao endosso. Mas nada impede que alguém assine no verso do título e escreva ao lado desta assinatura que ela corresponde a um aval. Neste caso o aval valerá da mesma forma, desde que seja indicado que se trata de um aval. Isto tudo existe justamente em razão do principio da literalidade. 
Outro artigo do NCC que é muito importante é o art. 914 que trata dos Títulos à Ordem. 
Os TC circulam através da simples tradição. Os contratos não são TC propriamente ditos. É possível a transmissão dos créditos decorrentes de um contrato através da cessão ordinária de crédito, que é um instituto do direito civil. Nos TC a transferência dos direitos ao crédito se dá através de endosso.
De acordo com o art. 914 do NCC, em regra o endossante (aquele que transfere o Titulo de Credito ) não garante o pagamento, salvo se houver cláusula expressa no TC dispondo em contrário.
Exemplo: A é o emitente de uma NP que promete pagar à B o valor descrito na NP. B é o credor de A. Ocorre que o B está devendo exatamente aquela quantia ao C. Para pagar a sua dívida com C, o B endossa aquela NP para o C (endossatário que recebe o TC). O devedor propriamente dito é o A (devedor principal). 
O art. 914 do NCC diz que em regra, quando o B endossa o TC para o C ele não garante o pagamento, ele garante apenas a existência da obrigação, tal como disposto no art.295 do NCC. Logo, de acordo com o art. 914 do NCC o B não é devedor cambiário pq ele apenas endossou o TC. Para que B fosse devedor cambiário ele teria que assinar aquele TC e escrever ao lado de sua assinatura que iria garantir o pagamento.
Ocorre que a lei especial dispõe justamente o contrário. A lei especial dispõe que o endosso garante tanto a existência como o pagamento do título de credito, salvo se houver expressa disposição em contrário. 
Ora, o art. 914 do NCC só será aplicado se não houver lei especial regulando o endosso. Se o B tivesse endossado para o C um TC atípico que não tivesse lei especifica, haveria a aplicação do art. 914 do NCC e neste caso sim, o endosso não garantiria o pagamento. Entretanto o TC em questão era uma NP e este TC tem lei especial regulando-o. Por sua vez, a lei especial é expressa ao dizer que, em regra o endosso garante tanto a existência como também o pagamento do TC, salvo se houver disposição em contrário. Logo, neste caso aplica-se a lei especial e o B irá garantir o pagamento, eis que de acordo com a lei especial, o B só estaria livre do pagamento se houvesse disposição expressa neste sentido. Sendo assim, o C que é o credor deste TC poderá cobrar tanto de A como de B. Para cobrar de A (devedor principal) o C precisará apenas apresentar o TC, entretanto para cobrar de B que é o endossante e devedor cambiário indireto, o C precisará protestar o TC.
Então, eu lhes pergunto:
O C (credor) cobra do A o valor daquele TC (amigavelmente), entretanto A não paga. C após protestar o TC poderá ingressar com uma ação contra ambos. Entretanto ele ingressa com uma ação apenas em face do B, endossante,que é o devedor cambiário indireto. Neste contexto, pode o B chamar o A para ingressar no processo, ao argumento de que há solidariedade entre os credores, com fundamento no art. 77, III do CPC? Ou seja, cabe a intervenção de terceiros nesta hipótese?
Essa resposta será dada na próxima aula!!! Só há um livro que trate deste assunto.
( Façam remissão no art.914 NCC, ao art. 21 da lei 7357/85, ao art. 15 da LUG, ao art. 25 da Lei das Duplicatas, e art. 295 do NCC e art. 12, §1 da lei da duplicata e ao art. E art. 903 do NCC. => Estes artigos que estão fora do art. 914 do NCC dispõem que o endossante em regra garante o pagamento, salvo se houver disposição em contrário.
TÍTULOS DE CRÉDITO PRÓPRIOS
Os TC próprios têm a finalidade de documentar (representar, materializar) um crédito. O crédito é materializado através de um cheque, ou de uma letra de cambio, ou de uma nota promissória... O TC próprio materializa o próprio crédito (ao passo que os TC impróprios materializam outros direitos, como veremos adiante).
( CONCEITO ECONÔMICO DE CRÉDITO: “Crédito é a possibilidade de se utilizar no presente de um recurso próprio ou de terceiro que estará disponível no futuro”. É o que os alunos fazem aqui no Master quando emitem o popular cheque “pré-datado”. Na verdade o que a maioria das pessoas chama de cheque pré-datado é um cheque pós-datado. O aluno emite um cheque hoje e esse pagamento só será efetuado daqui a um mês, ou seja, o aluno coloca uma data para o futuro. O termo pré-datado é usual no comércio. Mas não é a expressão correta. Até existe o cheque pré-datado, é aquele em que você emite hoje com uma data anterior, emite o cheque hoje com data de ontem ou de um mês atrás. Isso sim é o cheque pré-datado. O cheque que vocês emitiram hoje datado para daqui a um mês para pagar este curso, na verdade é um cheque pós-datado. O problema do cheque pré-datado propriamente dito é que o prazo de apresentação dele é menor pq a data constante no titulo é anterior à data da emissão, e como vale o que está escrito (literalidade), o prazo para a apresentação daquele cheque será contado a partir da data que constar no cheque, ainda que esta data seja anterior à data da sua emissão.
O importante deste conceito econômico é que vocês saibam que o crédito tem dois elementos cumulativos: Fidúcia (confiança) e tempo. 
Vejam bem, o art. 32 da lei do cheque diz que o cheque é ordem de pagamento a vista. Do ponto de vista cambiário, ninguém está obrigado a aceitar um cheque para ser apresentado apos 1 mês, 2 meses após a sua emissão. Entretanto, em razão da confiança, nada impede que exista acordo entre as partes para que aquele cheque seja apresentado no decorrer de certo tempo.
Vamos analisar agora os TC próprios em seu sentido mais restrito.
Nos TC em sentido amplo, os créditos decorrem da vontade, como por exemplo, o contrato de locação, o carnê das Casas Bahia, etc ... 
Os TC em sentido estrito são TC em virtude da lei ou por possuir atributos cambiários.
Atributo do TC é tudo aquilo que é inerente ao TC.
EX: A lei de cheque, em momento nenhum diz que o cheque é um TC. Entretanto o art. 1 diz o que o cheque deve conter. Aí está estampado o principio da literalidade. O art. 13 diz que as obrigações contraídas através do cheque são autônomas e independentes e aí está estampado o principio da autonomia dos TC. O art. 17 trata do endosso, que é um instituto próprio das operações cambiárias. O art. 21 trata do aval que é outro instituto próprio das operações cambiárias. Autonomia e literalidade, endosso e aval são atributos dos TC. Ora se o cheque possui atributos de TC é pq ele pode ser considerado um TC.
A finalidade dos Títulos de Créditos é conferir segurança aos credores. Se o Título não for pago, o credor poderá executar o devedor.
( CONCEITO JURÍDICO DE TÍTULO DE CRÉDITO => Está no art. 887 do NCC.
Este artigo copia o conceito de Vivant, que analisou o TC sob o aspecto jurídico e não sob o aspecto econômico. O aspecto econômico do TC foi analisado por José Maria __(não entendi)___ .
Título de Crédito é um documento formal necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele mencionado (aspecto jurídico – Cezar Vivant – art. 887, NCC), capaz de realizar imediatamente o seu valor (aspecto econômico).
O art. 887 NCC prevê na sua parte final que os TC somente produzem efeitos quando preenchidos os requisitos da lei. Ora, esta frase final significa os TC devem obedecer aos requisitos essenciais previstos em lei, pois somente quando estes requisitos forem respeitados é que o TC produzirá efeitos. Os requisitos essenciais dos TC estão nas leis específicas de cada TC. Desta forma, o cheque tem seus requisitos essenciais mencionados na lei do cheque. A NP e a LC possuem requisitos essenciais dispostos na LUG etc...
Normalmente as leis cambiárias colocam logo no art. 1 todos os requisitos do TC (essenciais ou não essenciais) e depois lá no meio da lei, ou logo no artigo subseqüente as leis dizem quais são os requisitos não essenciais ou os essenciais. 
Por exemplo: o Art. 1 do anexo I da LUG diz o que contem uma Letra de Cambio. Logo no art. 2o há menção aos requisitos que a lei suprirá caso não conste na LC. Por exemplo: a LC que não indique a data do pagamento será considerada pagável a vista. A não indicação da data do vencimento não descaracteriza a LC.
Por exemplo: A esteve num papel que promete pagar esta Promissória (não escreve nota promissória). O nome do Título é um requisito essencial que não pode ser suprido pela lei. Logo, a falta deste requisito descaracteriza a NP e o credor terá que ingressar com uma ação monitória para formar o título executivo e assim, poder executar aquele valor.
	 ( Fazer remissão: na palavra “efeito” do art. 887, NCC, puxe uma seta e combinem com o art. 1102-A, do CPC e com o art. 585 do CPC para saberem que o efeito a que se refere o art. 887 CPC é o efeito executório dos TC.
11/11/04
“Título de Crédito é um documento formal necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele mencionado, capaz de realizar imediatamente o seu valor (aspecto econômico)”
A expressão “nele contido” descrita no art. 887 do NCC é uma expressão que deve ser lida com cuidado. O art. 36 do Dec 2044/08 prevê a possibilidade de ser proposta ação para ser exercido o direito mencionado no TC mesmo após a sua destruição. AÇÃO DE SUBSTITUIÇÃO DE TÍTULO NOMINAL EXTRAVIADO OU DESTRUÍDO! Esta ação vai permitir que o titular do direito mencionado no TC o exerça. Esta é uma situação excepcional prevista para os casos em que o TC for extraviado ou destruído. Então, na palavra contido, escrita no art. 887 NCC façam uma remissão ao art. 36 do Decreto 2044/08.
Para determinado documento ter eficácia cambiária e eficácia executiva, é necessário que o documento preencha os requisitos da lei. E isto se chama formalismo.
Caso o documento não contenha os requisitos da lei será necessária a propositura de uma ação de conhecimento ou uma ação monitória a fim de que se forme o titulo executivo.
	A ação de execução fundada em um TC é chamada de ação cambiária. Para ser uma ação cambiária, o titulo que fundamenta esta ação tem que preencher os requisitos da lei. 
( Combinar o art. 887 do NCC com o art. 585 do CPC e com a Sumula 387 do STF. 
EX: A quer emitir uma NP para B e escreve num papel em branco que promete pagar àquela “PROMISSÓRIA” à B, e, além disso, escreve a data de vencimento, a quantia devida, a assinatura do emitente, credor identificado e a data de emissão da NP. Entretanto, este documento não possuía o nome do Título. Ou seja, em nenhum momento o A escreveu qual era este Título que ele estava emitindo para o B. Ele apenas escreveu que prometia pagar uma promissória. Não escrever que prometia pagar uma “Nota Promissória”. Este documento pode fundamentar uma ação cambiária?
	O art. 887 do NCC em sua parte final diz que o TC somente produz efeito se preencher os requisitos da lei. Esta frase nosdiz que para sabermos se a NP produzirá os efeitos cambiários precisaremos olhar a lei que trata da NP. A lei que trata da NP é a LUG que em seu art. 75 dispõe sobre os requisitos da NP. Pelo art. 75 da LUG nós podemos observar que está faltando um requisito exigido pela lei, que é o nome do título. Ora, se falta um requisito ao TC é pq ele não poderá produzir os seus devidos efeitos. Neste caso não será possível executar o A fundamentando a ação neste documento. Para que B possa executar o A ele terá que formar um título executivo e a ação adequada para isto é a ação monitória. Por esta razão que é preciso combinar o art. 1102-A do CPC com o art. 887 NCC. Se o documento não preencher os requisitos da lei ele não será hábil para fundamentar uma ação cambiária, mas poderá ensejar a propositura de ação monitória.
O nome do título é importante para que se saiba qual a lei que regulará a matéria. A falta deste requisito desafia ação monitória para a formação do titulo executivo, pois embora a NP não seja um TC padronizado, (NP pode ser constituída em qualquer papel) ela exige que sejam atendidos todos os seus requisitos essenciais para que se transforme num TC.
TC é documento formal pq ele tem que atender aos requisitos essenciais, sob pena de perder a sua eficácia cambiária. Quem diz quais são os requisitos essenciais dos TC é a lei.
Existem três requisitos que são essenciais a quase todos os TC: 
Nome do titulo, para saber a legislação aplicável;
Data de emissão, para saber se o emitente estava vivo na época da emissão e para saber se o emitente na época da emissão era capaz.
Assinatura, para saber quem é o emitente, garantidor, endossante.
( Existem requisitos que não são essenciais aos TC, ou seja, são requisitos supríveis. A falta de um requisito não essencial não descaracteriza aquele documento como sendo um TC. Em outras palavras, o documento não deixa de ser um TC caso falte um requisito não essencial. E isto se dá porque a própria lei supre a falta destes requisitos não essenciais.
Data de vencimento é um requisito dos TC. Entretanto a data de vencimento é um requisito não essencial à NP. Faltando a data de vencimento, a lei diz que a NP passará a ser a vista. Então, a lei supre a falta deste requisito dizendo que na falta de data de vencimento, a NP vencerá a vista, ou seja, na data em que for apresentada para pagamento. Se o legislador supriu a falta do requisito “data de vencimento” é pq este requisito não é essencial. 
Para saber quais são os requisitos não essenciais, é preciso ler a lei.
Normalmente os requisitos essenciais dos TC, via de regra, estão logo nos primeiros artigos da sua respectiva lei. E no artigo subseqüente a lei dirá quais são os requisitos supríveis. Ou seja, a própria lei dirá que a falta de alguns requisitos será suprida de acordo com o que estiver estabelecido na própria lei.
Vamos ver, por exemplo, a lei do cheque – Lei 7357/85, art.1, caput diz: “O cheque contém:” e os incisos deste artigo 1o enumeram todos os requisitos do cheque. Ocorre que com a simples leitura do art. 1o não saberemos quais os requisitos essenciais e quais os requisitos não essenciais. Para sabermos isto precisaremos olhar para o artigo subseqüente. O art. 2 da lei do cheque nos diz quais são os requisitos supríveis pela lei. 
		Vejam o art. 1, inciso I exige a denominação “cheque”, que é o nome do título. O inciso II diz que é requisito do cheque a ordem incondicional de pagar uma quantia. Não é admissível que o cheque contenha qualquer condição para que se realize o pagamento. O inciso III exige que o cheque contenha o nome do banco ou da instituição financeira que deva pagar o cheque - onde está a palavra instituição financeira, façam uma remissão ao art. 17 da lei 4595/64. O inciso IV exige que o cheque contenha a indicação do lugar do pagamento. O inciso V exige a data e lugar da emissão. E o inciso VI exige a assinatura do emitente.
	O art. 2 supre a falta de alguns destes requisitos elencados no art. 1. 
	O inciso I do art. 2 supre a falta da indicação do lugar do pagamento, logo, este é um requisito não essencial. O inciso II do art. 2o supre a falta da indicação do lugar do pagamento, previsto no art.1, V da lei 7357/85, logo, este é outro requisito não essencial.
	( PERGUNTA: Em que momento os requisitos essenciais devem constar na cártula do TC?
	A sumula 387 do STF diz que os requisitos essenciais devem constar na cártula, no documento. Mas se faltar algum requisito, a falta deve ser suprida antes do protesto ou antes da cobrança. 
( Combinar a sumula 387 do STF com o art. 891 do NCC e com o art. 1 do Decreto 2044/08, para saberem que mesmo faltando um requisito essencial, o TC pode circular e o TC terá eficácia cambiária desde que os requisitos sejam preenchidos antes da cobrança ou do protesto.
TC em branco e TC incompleto:
No TC incompleto os requisitos não são preenchidos involuntariamente. EX: sujeito esqueceu de preencher um requisito. 
No TC em branco os requisitos não são preenchidos voluntariamente. Ex: O sujeito não colocou no TC um requisito exigido pela lei, pq não quis. 
	PRINCÍPIO DA CARTULARIDADE:
	O TC é um documento que representa um direito. O direito deve estar representado, incorporado em um papel, em um documento, em uma cártula. Os TC são documentos formais pq eles representam direitos e precisam obedecer a algumas formas previstas em lei.
Via de regra o TC representa um direito de crédito. Os TC próprios representam sempre o direito de crédito. Pode existir um TC que represente outro direito, diferente do direito de crédito, neste caso, temos os TC impróprios, um documento formal que documenta outro direito, que não é o direito de crédito, como por exemplo, o direito pignoratício, o direito de propriedade etc... 
	
	PRINCÍPIO DA LITERALIDADE:
	Os TC são documentos formais que representam um direito. O principio da Literalidade significa que vale o que estiver escrito no TC. Ou seja, o que não estiver no TC não está no mundo cambiário. O TC não pode representar um direito que não esteja nele previsto. (O pensamento é idêntico ao que ocorre no processo, pois o que não estiver nos autos não servirá de fundamento para a sentença).
Exemplo: Se eu te devo 500 reais e emito uma NP em seu favor onde digo que prometo pagar 50 reais, você só poderá me cobrar através desta NP os 50 reais que estão escritos na cártula. (Os outros 450 reais que eu te devo, você terá que cobrar de outra forma, pois nos TC só vale o que estiver escrito).
Em princípio todas as assinaturas constantes na cártula são importantes, ou seja, não há assinaturas inúteis, conseqüentemente para uma pessoa se vincular à relação jurídica cambiária, é necessário que assine na cártula. 
Exemplo: X quer avalizar uma NP. Ele pode escrever na NP a seguinte expressão: “avalizo o título” e assina em seguida. Mas também é possível que o X apenas assine na face do título, sem colocar expressão nenhuma ao lado de sua assinatura e isto equivalerá ao aval. 
Exemplo: Y quer endossar o TC para W. Para tanto ele poderá apenas assinar o verso da cártula e esta assinatura equivalerá ao endosso. Mas nada impede que ao lado de sua assinatura ele escreva a expressão “pague à W”.
Então, a simples assinatura na cártula manifesta uma declaração de vontade relacionada àquela relação cambiária. A assinatura tem que estar na cártula em razão do princípio da cartularidade.
PRINCÍPIO DA AUTONOMIA:
TC é documento formal, necessário ao exercício de um direito literal e autônomo, nele mencionado (art. 887 NCC, primeira parte).
( Princípio da autonomia é o princípio segundo o qual as obrigações cambiárias (constantes no TC) são autônomas e independentes (art.13 da lei 7353/85), ou seja, eventuais defeitos ou vícios intrínsecos ou não visíveis, existentes em uma obrigação não contaminam as demais obrigações cambiárias, tendo cada devedor cambiário (avalista, emitente, endossante) a sua própria obrigação cambiária,embora sejam devedores solidários. 
Exemplo: A é locador e celebra contrato de locação com o locatário B em que Y presta fiança para garantir a obrigação constante no contrato de locação. Neste contrato há uma obrigação principal de A com B e uma obrigação acessória de Y com A. Se A não cumprir o contrato, B poderá executar o A. Se Y renunciou ao benefício de ordem, B poderá executar tanto o A como o Y pq ambos se obrigaram ao pagamento daquela obrigação. O B poderá executar os dois, como pode escolher qualquer um dos dois para executar. Na fiança não existe o principio da autonomia pq a fiança não é um instituto cambiário. Na fiança incide o principio da acessoriedade onde o contrato acessório segue o principal. Se o B executar o Y, ele pode em sua defesa alegar que não vai pagar pq o contrato de locação celebrado entre A e B (contrato principal) é um contrato nulo pq A foi compelido, obrigado a assinar aquele contrato de locação com B que ameaçou matar a mãe de A.. 
Nos TC isso não seria possível. Eventuais vícios intrínsecos do TC não contaminam as demais obrigações.
A emite uma NP em favor de B pq este está ameaçando matar a mãe do A caso ele não emita aquela NP em favor do B. A emite a NP e pede o aval para Y. Então, Y concorda e se torna o avalista de A. Neste contexto, B ajuíza uma ação cambiária em face do A. Cabe ao A embargar a execução e alegar o vício de consentimento. Este vício é uma defesa pessoal que A tem contra o B. Mas se o B resolve executar o Y, este não poderá alegar o vício existente no momento da formação do TC. Trata-se de um vício intrínseco do TC. Vício intrínseco é aquele que não pode ser verificado com a mera análise do título. vício intrínseco não contamina a obrigação. Ou seja, o Y não poderia embargar a execução alegando o vício existente de A com B justamente por causa do princípio da autonomia.
Seria diferente se houvesse algum vício de forma, como por exemplo, a falta de algum requisito essencial do TC. Neste caso caberiam os embargos para opor aqueles defeitos extrínsecos, defeitos que podem ser verificados com a mera análise do TC.
PRINCÍPIO DA INOPONIBILIDADE DAS EXCEÇÕES:
As defesas pessoais podem ser opostas. Mas nenhum obrigado poderá se utilizar de defesas pessoais de outros co-obrigados. 
Na verdade a inoponibilidade das exceções é um sub-principio do princípio da autonomia. Ele indica que nenhum co-obrigado pode utilizar exceções pessoais de terceiros para eximir-se da sua própria obrigação.
Neste exemplo acima nós verificamos que o Y não poderia alegar o vício existente entre A e B. esta vedação decorre do principio da inoponibilidade das exceções. Ou seja, o Y querendo se desobrigar não poderia se utilizar de uma defesa pessoal do A.
Com base nisso, vou fazer uma questão para ser respondida em casa:
Qual o tipo de cognição dos embargos à execução, propostos no processo de execução fundado em título executivo extrajudicial, precisamente, de um TC em que se faz presente o princípio da autonomia? Exige-se cognição ampla?
( CONTRATO DE FACTORING 
	O contrato de factoring é um negocio jurídico bilateral em que uma das partes denominada factorizada, visando obter capital de giro (liquidez), transfere à outra parte, denominada Factorizador, títulos de crédito a prazo, mediante o pagamento de uma remuneração denominada comissão, tendo o factorizador que assumir o risco de os devedores originários do título não pagarem os títulos no vencimento. O risco é inerente à este contrato. Portanto, não pode o Factorizador cobrar a importância constante nos títulos do factorizado eis que este não garante o pagamento. No entanto, na prática é comum o factorizador, quando da celebração do contrato, exigir do factorizado a emissão de uma NP com o fim de garantir o negócio jurídico realizado, pois se os devedores originários não pagarem o título, o factorizador poderá executar a NP em desfavor do factorizado, inclusive é comum o requerimento de falência do factorizado com base na NP protestada. Neste caso, a suposta NP apesar de ser um documento, não tem eficácia executiva, pois o título executivo tem como atributos a liquidez e a certeza, ou seja, a obrigação nele constante deve ser certa quanto à existência e determinada quanto ao valor. Neste caso, como o risco é inerente ao factoring, bem como pelo fato do factorizado não garantir a obrigação quanto à certeza da NP. 
EX: Di Santini é credora de vários TC a prazo, mas precisa de dinheiro agora para renovar o seu estoque. Ela tem 100.00 reais em TC a prazo e precisa de dinheiro vivo. Para tanto, a Di Santini vai realizar um contrato de factoring com uma sociedade de fomento mercantil, que é chamada de factorizador. A Sociedade de fomento mercantil vai pegar aqueles 100.000 reais da Di Santini traduzidos em TC a prazo e vai pagar, à vista, 80.000. Quando isso acontece a sociedade de fomento passa a ser a credora daqueles TC. Caso o devedor do TC não pague, a sociedade de fomento não poderá cobrar da Di Santini pq o risco é inerente ao contrato de factoring. Ou seja, a sociedade de fomento só poderá cobrar aqueles créditos dos devedores originários e não poderá executar a Di Santini. 
Como há este risco inerente ao contrato de factoring as sociedades de fomento via de regra, fazem uma NP como garantia de que aqueles créditos sejam pagos. A Di Santini seria a emitente desta NP e a sociedade de fomento seria a beneficiária. Uma vez que aqueles TC objeto do contrato de factoring não foram pagos, a sociedade de fomento pega a NP e executa a Di Santini, que emitiu a NP. Mas isso não é possível!!! Essa NP não poderá servir de fundamento para a execução pq lhe falta liquides.
O TC representa uma dívida líquida e certa. Certa quanto à existência e determinada quanto ao valor.
Ou seja, não existe obrigação do factorizado de garantir o valor daqueles TC negociados. Ele só possui a obrigação de garantir a existência dos TC negociados.
Para obter capital de giro, o factorizado transfere ao factorizador Títulos com vencimento a prazo, recebendo antecipadamente um valor. Neste contrato, chamado de factoring há o elemento risco, que é inerente ao contrato.
Há controvérsia se o contrato de factoring tem natureza bancária, ou seja, se o factorizador tem que ser instituição financeira, havendo duas posições:
1) De Lucca entende que se trata de um contrato bancário, sendo o factorizador considerado uma instituição financeira, pois esta instituição financeira, precisamente as suas operações, também tem o risco como uma das suas características, o que é inerente ao factoring. (Livro: Obrigações e contratos da Falência – Ed. Renovar)
2) Penalva Santos entende que não se trata de contrato bancário e, portanto o Factorizador não é instituição financeira, este apenas antecipa um valor, mediante o recebimento de uma remuneração, porém não intermedia nem aplica recursos financeiros de terceiros, bem como não mantém em custódia valores pecuniários, ou seja, não se adequa ao conceito de instituição financeira do art. 17 da lei 4595/64. O outro argumento desta posição é a LC 105/01 que trata do sigilo. O art. 1 da LC 105 elenca as instituições financeiras pára os efeitos da LC 105. no art. 1, §2 da LC 105/01 trata das empresas de factoring (empresas de fomento mercantil) e diz que elas são equiparadas à instituições financeiras. Ora, se elas são equiparadas às instituições financeiras é pq elas não são instituições financeiras. A lei apenas equipara o factorizador às instituições financeiras, demonstrando assim que não se confunde com estas ultimas, pois do contrário, não precisaria estender a disciplina jurídica. 
O contrato de factoring não se confunde com a operação de desconto bancário, pois esta operação envolve necessariamente uma instituição financeira e a transferência se faz mediante endosso, significando que o credor originário garante o pagamento, o que não ocorre no factoring. 
18/11/04
1a questão que caiu no MP (15/11/04):
Cristiano emitiu um chequeno valor de 5.000 reais em favor de Marlene. Esta emissão ocorreu em 10/10/2003 para pagamento na mesma praça. Marlene guardou o cheque consigo e em 16/11/2003 fez um endosso em favor de Roberto. Com o cheque em seu poder, Roberto moveu ação cambiária em face de Cristiano. Após assegurar o juízo, Cristiano propôs embargos à execução argüindo e comprovando ter pago diretamente à Marlene 2.500 reais no dia 13/11/2003. Roberto, embargado, argumentou que o pagamento parcial do cheque não poderia ser oposto contra ele em razão das normas de direito cambiário.
Bom, a resposta aqui não é o gabarito pq não se sabe o que o examinador quer.
O principio da autonomia significa que as obrigações cambiárias são autônomas e independentes. Ou seja, os vícios intrínsecos em uma obrigação cambiária não se estendem às demais obrigações. Os vícios intrínsecos não se propagam. Apenas os vícios extrínsecos se propagam e podem ser opostos. Do princípio da autonomia decorre o princípio da inoponibilidade das exceções pessoais, ou seja, uma defesa pessoal sua em relação ao devedor é uma defesa autônoma e não pode ser oposta à terceiros. Só pode ser oposta ao próprio devedor.
 Quando o título circula através de endosso tempestivo, incide o principio da autonomia. Endosso tempestivo é aquele realizado antes do protesto ou, antes do prazo para o protesto. O endosso tempestivo tem o efeito purificador, ou seja, havendo o endosso há a transferência de um direito originário, limpo, sem vícios. Além disso, o endosso tempestivo garante o pagamento.
O endosso tempestivo difere do endosso póstumo. O endosso póstumo é aquele em que a transferência ocorre após o protesto ou após o prazo para o protesto. O endosso póstumo corresponde à uma cessão ordinária de crédito. A cessão é um instituto civil onde o cedente não garante o pagamento, garante apenas a existência do direito que transfere e transfere um direito derivado, ou seja, não há o efeito purificador. O cedente transfere ao cessionário o mesmo direito que ele tem.
Nesta questão da prova, houve o endosso póstumo. Marlene endossou o cheque após o prazo de protesto. O cheque tem prazo para apresentação. Prazo decadencial de apresentação de 30 na mesma praça ou 60 dias se em praças diversas, a contar da data da emissão. Na verdade Marlene realizou uma cessão de crédito e transferiu para o Roberto o direito que ela tinha. Marlene transferiu o cheque depois de transcorridos 30 dias da data da emissão e esta questão falava que o cheque havia sido emitido na mesma praça. Quando ocorre uma cessão de crédito não há autonomia nas obrigações assumidas e conseqüentemente não incide o principio da inoponibilidade das exceções pessoais. Na cessão de crédito não existe o efeito purificador que é inerente ao endosso. Se o Cristiano havia pagado 2.500 para Marlene, aquela defesa poderia ser oposta contra o Roberto, eis que neste caso houve um endosso póstumo. Aquelas exceções poderiam ser opostas em face do Roberto. 
2a questão da prova do MP (15/11/04):
É possível a habilitação de crédito na falência, representado por duplicatas que foram protestadas sem aceite e sem o comprovante de entrega das mercadorias?
A habilitação de crédito na falência exige que o credor demonstre a legitimidade do crédito. Cada credor vai instaurar um processo de habilitação de seus créditos na falência. As habilitações vão tramitar apensadas ao processo falimentar e após a habilitação, haverá a fase da verificação dos créditos. Apenas os créditos legítimos serão admitidos no quadro geral de credores. 
A habilitação do credito na falência exige a legitimidade do credito, mas não há necessidade da habilitação ser através de um TC. Basta a demonstração da existência e legitimidade de um crédito, ou seja, é preciso demonstrar a condição de credor. Nesta fase não é preciso que haja necessariamente um título executivo, pois o que se exige é que fique demonstrada a condição de credor. Por exemplo, o locador do falido tem um contrato de locação que demonstra a existência de um crédito, porém ele não possui um título executivo. Mesmo assim ele pode se habilitar e ter o seu crédito admitido na falência, pois o que se exige nesta fase é a demonstração da legitimidade e existência do crédito, independentemente do título em que este crédito se fundamente.
Nesta questão da prova do MP, na opinião do professor, o credito estava representado numa duplicata protestada sem aceite e o comprovante de entrega das mercadorias. 
A duplicata é um TC causal. As suas causas estão previstas na lei da duplicata, ou seja, compra e venda e prestação de serviço. A questão da prova se referia a uma compra e venda de mercadorias. Então vou dar um exemplo de duplicatas que possuem como causa a compra e venda de mercadorias: 
Lojas Americanas compram 100 bolas da Estrela, no valor de R$ 1.000,00. A Estrela que vendeu é a sacadora e as Lojas Americanas que compraram são a sacada. A Estrela pode documentar este crédito de mil reais através de um TC e resolve fazê-lo através de uma duplicata. Então a Estrela saca uma duplicata. Quem saca a duplicata é a sacadora, credora, que neste caso é a Estrela. Então a Estrela saca uma duplicata no valor de R$ 1.000,00 e a encaminha para as Lojas Americanas, que são o sacado, o devedor.
As Lojas Americanas podem analisar aquela duplicata, verificar se está tudo correspondendo à compra e venda das mercadorias (as 100 bolas) e assinar a duplicata. Ao assinas a duplicata as Lojas Americanas aceitam aquele título, ou seja, a assinatura do aceite significa que as Lojas Americanas aceitam pagar mil reais no prazo estabelecido na duplicata. 
As Lojas Americanas também podem não assinar a duplicata. Pode alegar um dos motivos estabelecidos na lei de duplicatas e desta forma, devolve as mercadorias, explicando que comprou bolas de uma marca e recebeu bolas de outra marca, ou que contratou o prazo de 90 dias e a duplicata previa prazo de 10 dias para o pagamento... Enfim, o art. 8 da lei das duplicatas elenca os motivos que podem ser alegados para a o não aceite da duplicata.
A terceira hipótese que pode acontecer é a retenção indevida da duplicata. Ou seja, as Lojas Americanas não devolvem as mercadorias e não assinam a duplicata. Neste caso, nós veremos mais adiante, que será o caso de protesto por indicação que é uma exceção ao principio da cartularidade. 
A quarta hipótese que pode acontecer é das Lojas Americanas ficarem com as mercadorias e devolverem a duplicata sem a assinar. Neste caso, com base no art. 15, II há a figura do aceite tácito ou presumido. A Estrela terá que ir ao cartório e comprovar que não houve o aceite. Esta comprovação se faz através do protesto. O primeiro requisito do art. 15 é o protesto por falta de aceite. O segundo requisito é a comprovação da entrega das mercadorias ou da prestação de serviço. E o terceiro requisito, cumulativo, é a comprovação de que não houve justificativa para a falta de aceite. 
No caso da prova, a duplicata teve o protesto por falta de aceite, mas não teve a comprovação da entrega das mercadorias. A falta de comprovação da entrega das mercadorias não impede que o crédito seja habilitado, mas impedirá que ele seja admitido na falência pq este credito não terá legitimidade, ou seja, não comprovará a condição de credor daquele que habilita o crédito. 
	
NATUREZA JURÍDICA DOS TÍTULOS DE CRÉDITO:
( Título de Crédito é um título executivo extrajudicial = art. 585 do CPC. Os TC possibilitam a ação executiva que é denominada ação cambiária. A ação cambiária nada mais é do que uma ação de execução fundada em um TC.
( O TC, por ser um título executivo extrajudicial, também é denominado como título falimentar ou falencial. A falência do devedor pode ser decretada com base na impontualidade (art.1, LF) com base na prática de atos de falência (art.2, LF) e com base no art. 8 da LF que trata da auto-falência. 
O requerimento de falência com base na impontualidade (art.1 LF) é de suma importância que haja umtítulo executivo judicial ou extrajudicial. O título falimentar configura um titulo executivo judicial ou extrajudicial que documenta uma obrigação líquida, certa e exigível pecuniária (obrigação de dar dinheiro). Título idôneo (hábil) ao requerimento de falência com base no art.1 da LF (correspondente ao art. 94 do Projeto de Lei de Falências = PLF), desde que devidamente protestado (art. 10 da LF). 
Para fins de falência, não basta o simples descumprimento da obrigação constante no TC. Para fins de falência é necessário que haja a chamada impontualidade qualificada, que é configurada através do Protesto. Ou seja, o protesto vai comprovar a impontualidade. O protesto vai comprovar o não cumprimento da obrigação no seu vencimento. Este protesto trará a certeza de que houve uma impontualidade, por isto se diz que na falência exige-se a impontualidade qualificada.
( Os TC também têm natureza de bens móveis. Uma vez caiu uma questão na Magistratura perguntando o que era o endosso mandato. O endosso mandato é um endosso impróprio. E o mandato é uma representação. Quem realiza um endosso mandato transfere o exercício do direito existente na cártula, mas não transfere o crédito. É endosso impróprio pq houve a transferência da cártula sem haver a transferência do direito de credito representado no TC.
Como já caiu uma questão sobre o endosso mandato, que é uma espécie de endosso impróprio, pode ser que daqui a pouco caia uma questão sobre outro endosso impróprio, que é o endosso pignoratício. 
ENDOSSO PIGNORATÍCIO também chamado de endosso caução. O endosso pignoratício é outra espécie de endosso impróprio onde há uma garantia. Penhor é garantia. Endosso é transferência. Se o TC é um bem móvel, ele pode ser objeto de um direito real de garantia, tal como o penhor. É o que ocorre quando a cártula é entregue (empenhado) ao credor de alguém como forma de garantir uma dívida. Quando há este endosso não ocorre a transferência do direito de crédito constante no TC. Ocorre apenas a transferência da cártula que fica em mãos do credor pignoratício como forma de garantir um direito real, por isso é um endosso impróprio. EX: eu compro um relógio raro e pago este relógio em várias prestações. Para garantir que eu vou pagar todas as prestações eu entrego ao vendedor um título de crédito que eu possuo, ou seja, eu realizo um endosso pignoratício. No dia em que eu acabar de pagar as prestações, aquele TC voltará para mim, eis que ele só foi entregue mediante um endosso pignoratício, como forma de garantir o pagamento daquelas prestações. Mas caso eu não cumpra as prestações o vendedor poderá se valer daquela garantia para não ficar no prejuízo. 
CARACTERÍSTICAS (OU ATRIBUTOS) DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
	Alguns autores chamam os atributos de características, outros chamam as características de atributos, e outros entendem que atributos e características são sinônimos. Então, se cair uma questão na prova perguntando o que são os atributos dos TC o melhor a ser feito é escrever sobre todos os atributos e todas as características.
 As duas primeiras características dos TC são chamadas por Fabio Ulhoa de atributos.
1) AUTO-EXECUTORIEDADE -> Os TC que preencham todos os requisitos exigidos em lei, não exigem a propositura de uma ação de conhecimento para serem cobrados. Os TC são auto-executáveis. Basta ajuizar a ação de execução. Art. 585, I c/c 618, I ambos do CPC.
2) NEGOCIABILIDADE => O TC deve ser apto a circular. Não pode haver óbice à circulação do TC. Pode acontecer do TC não circular, mas isso não pode acontecer em razão de alguma vedação constante no TC proibindo-o de circular. Quando um TC não circula, é pq o credor não quis ou não lembrou de endossá-lo, mas a razão da não circulação do TC não pode ser uma cláusula expressa no próprio TC vedando a sua circulação. Daí surge uma pergunta: É possível o endosso condicional? Combinar o art. 12 da LUG c/c art. 912 do NCC c/c art. 18 da lei 7357/85. o endosso condicionado pode até existir, mas a condição será considerada como não escrita. Em outras palavras, o endosso será válido, mas a condição será tida como não escrita.
Outra pergunta: O endosso pode ser parcial?
Todos sabemos que o pagamento pode ser parcial e que o aval pode ser parcial, mas o endosso NÃO pode ser parcial. O endosso parcial afetaria a negociabilidade dos TC eis que prejudicaria a circulação do TC, portanto não pode haver endosso parcial.
3) FORMALISMO => Significa que o TC tem que preencher os requisitos legais essenciais sob pena do TC perder sua eficácia cambiária. Isso está no art. 887 do NCC parte final. Aqui é bom lembrar da Sumula 387 do STF que diz que os requisitos essenciais podem ser preenchidos após a emissão do título, desde que antes de protestar o titulo ou desde que antes de cobrar o título. 
4) OBRIGAÇÃO LÍQUIDA, CERTA E EXIGÍVEL => Título de Crédito documenta uma obrigação líquida, certa e exigível (art. 618,I do CPC). Obrigação certa quanto à existência (an debeatur) e determinada ou determinável quanto ao valor (quantum debeatur). Ou seja, a obrigação constante no TC deve existir. O valor desta obrigação deve ser ao menos determinável. 
( TÍTULOS INDEXADOS: Os TC indexados subsistem quanto à sua liquidez? 
Os títulos de crédito indexados com índices que não sejam o salário mínimo, possuem um valor determinável. Há entendimento de que os valores determináveis não traduzem uma obrigação líquida pq faltaria justamente a determinação deste valor. Outros entendem que a determinação deste valor dependeria apenas da conversão do índice indexador para o real e isto não descaracteriza a liquidez do título. 
A posição amplamente dominante do STJ e da maioria da doutrina entende que os títulos indexados subsistem quanto à sua liquidez, sendo que apesar da obrigação não estar determinada, a mesma é passível de determinação através de simples operação aritmética. 
Fran Martins isoladamente entende que o TC indexado não possui liquidez. A obrigação passa a ser ilíquida e o título perde a sua executoriedade. Para ele, o TC se caracteriza pelo formalismo e apesar do Direito empresarial ser um direito informal, o direito cambiário exige certas formalidades que são os requisitos essenciais dos TC, e dentre estas formalidades está a necessidade do TC descrever uma quantia determinada a ser paga. Se a quantia tem que ser determinada, ela não pode ser determinável através de um índice indexador. A falta de determinação desta quantia descaracteriza o TC. Por exemplo: O art. 1, II da lei 7357/85 diz que o cheque contém a ordem incondicional de pagar quantia determinada (e não determinável). O art. 897 do NCC diz que o pagamento do TC que contenha obrigação de pagar quantia determinada pode ser garantido por aval. Outra vez a lei nos mostra que a quantia tem que ser determinada e não determinável. 
Pergunta: Zezinho é credor de uma NP no valor de 1 salário mínimo. Na NP estava escrito que havia ali uma promessa de pagamento de um salário mínimo. Zezinho poderá cobrar aquela NP? 
A CF veda a indexação através do salário mínimo no art. 7, IV, parte final. O salário mínimo não pode servir de índice indexador. Sendo assim, o Zezinho não poderia cobrar aquela NP. Entretanto se aquela NP estivesse indexada através de outro índice, como por exemplo, a UFIR, ele poderia cobrar a NP. Bastaria converter a UFIR para Real e executar o título. 
	5) OBRIGAÇÃO QUERABLE => Obrigação quérable, ou quesível é aquela que para ser cumprida, ou satisfeita é necessário que o credor procure o devedor. É o oposto da obrigação portable. 
6) TC SÃO TÍTULOS DE APRESENTAÇÃO => Esta característica (ou atributo) tem a ver com a cartularidade, literalidade e com o formalismo. O valor do TC só será pago se o próprio TC for apresentado ao devedor. O TC tem que ser apresentado no original para que o devedor possa analisar se aquele TC realmente é o título que representa a sua dívida e também para saber se quem está cobrando tem legitimidade, ou seja,para que o devedor tenha como saber se quem cobra aquele pagamento realmente é o credor. O credor tem que apresentar o TC original pq uma fotocópia pode não retratar a verdade sobre o TC. O devedor não é obrigado a pagar um TC se o credor apresentou-lhe uma fotocópia. A cartularidade significa o documento. A literalidade significa que vale o que está escrito no TC. E o formalismo significa a necessidade de preencher os requisitos essenciais do TC. O devedor tem que ter a chance de analisar tudo isso, e por esta razão que se exige a apresentação do documento original.
7) TC SÃO TÍTULOS DE RESGATE => em um determinado momento a obrigação tem que ser satisfeita. Há um prazo para a satisfação da obrigação. Títulos de resgate se contrapõem aos títulos permanentes. As ações de uma S.A são títulos permanentes pois o titular das ações permanentemente auferem lucro através das ações. Mas os TC são títulos de resgate onde há um momento para a obrigação ser satisfeita mesmo que a data do vencimento não seja um requisito essencial. Se o TC não tiver data de vencimento, a lei supre este requisito e o TC será válido e seu vencimento se dará a vista. 
8) EFICÁCIA PROCESSUAL ABSTRATA => A ação cambiária que é uma ação de execução, se fundamenta em um TC e é instruída com a cártula. Uma vez que a ação é interposta e fundamentada com a cártula, as questões prévias desta ação devem ser analisadas pelo juiz, tais como as condições da ação e os pressupostos processuais. Depois disso o juiz vai analisar se o documento que instrui a inicial possui algum vício de forma. Se houver algum vício de forma, o juiz deve reconhecê-lo de ofício. Entretanto, se não houver nenhum vício de forma o juiz mandará citar o réu. isso acontece justamente pq o TC tem eficácia processual abstrata. 
Se houver algum vício intrínseco, que não seja um vício de forma, o juiz não poderá reconhecê-lo de oficio. Os vícios intrínsecos só podem ser reconhecidos mediante provocação do executado, mediante embargos à execução ou exceção de pré-executividade. 
Segundo Libmam, o TC caracteriza-se por ter eficácia processual abstrata, significando que o juiz não pode de oficio, reconhecer vícios intrínsecos, não aparentes ou não visíveis, eis que estes dependem da provocação do executado. Em sendo assim, estando presentes as condições para o legítimo exercício do direito de ação, os pressupostos processuais, bem como não existindo qualquer vício de forma (art.887, parte final do NCC), deve o juiz proceder a execução, proferindo despacho liminar positivo (cite-se). 
9) NATUREZA PRO SOLVENDO => Os TC tem natureza pró solvendo (e não pró soluto). 
Todo TC tem uma causa debend, ou seja, todo TC tem uma causa que lhe deu origem, uma razão, um motivo que ensejou a criação do TC. Existem TC que são causais, ou seja, estas causas estão previstas em lei, como é o caso da duplicata. Outros TC não são causais pq a lei não estabelece as causa que poderão lhe dar origem, como é o caso do cheque (o cheque pode ser emitido pq houve uma compra e venda, ou pq houve uma doação, ou pq houve a prestação de um serviço etc... a lei não se importa com a causa que deu origem ao cheque). 
Por exemplo: A e B realizaram a compra e venda de um videocassete usado a ser pago em 30 dias. A que comprou o vídeo, prometeu pagar ao B o valor do vídeo através de uma NP. Então A emitiu uma NP para o B prometendo pagar-lhe 200 reais com vencimento em 30 dias. Aqui há uma relação que deu causa ao nascimento de uma NP. Quando se emitiu a NP não houve novação da dívida. A emissão da NP não extinguiu a relação causal. Ambas as relações continuam existindo. A extinção da obrigação causal não extingue a obrigação cambiária. 
A compra e venda do videocassete é uma relação jurídica realizada por A e B. Esta relação jurídica deu origem à uma NP. Portanto a compra e venda é, neste caso, uma relação causal. 
Quando eu digo que um TC é pro solvendo significa que quando se emitiu o TC não houve a novação da dívida. Ou seja, a emissão do TC não extinguiu a relação causal. As duas relações jurídicas coexistem. 
Se o pagamento do vídeo tivesse sido feito através de dinheiro vivo, aquela relação jurídica estaria extinta com o pagamento. Mas como foi emitida uma NP, aquela relação jurídica não se extinguiu. Vejam que no NCC, no livro que trará das obrigações não há nenhum artigo dizendo que a emissão de um TC é causa de extinção das obrigações. Vocês não vão encontrar isso em nenhum lugar justamente pq a emissão de um TC caracteriza uma novação.
Se o TC fosse pró-soluto, aí sim, a emissão da NP extinguiria a obrigação que lhe deu origem. Mas isso não acontece. Pelo fato dos TC ser pró-soluto as duas obrigações coexistem, ou seja, tanto a relação causal quanto a relação cambiária continuam existindo.
Digamos que essa NP foi emitida pelo B (devedor de 200 reais) e o A esqueceu de cobrá-la. Transcorreram 5 anos e o A lembrou-se daquela NP. Neste caso, já houve a prescrição. Se o A ingressar com uma ação cambiária em face do B este poderá alegar que aquele crédito já está prescrito e desta forma o juiz terá que julgar o pedido improcedente em razão da prescrição. Entretanto, houve uma compra e venda realizada há 5 anos atrás e houve o enriquecimento do B e um empobrecimento do A. nada impede que o A proponha uma ação de enriquecimento ilícito em face do B, tendo como fundamento a relação causal.
Isso está muito claro no art. 48 do decreto 2044/08 e no art. 61 da lei 7357/85. Estes artigos dizem que o credor, mesmo após perder a possibilidade de ajuizara ação cambiária, pode receber o que é devido através da ação de enriquecimento ilícito, que é uma ação ordinária que tem por base a relação causal. 
TC representa um valor que pode ser traduzido em dinheiro, mas TC não é pagamento.
Pergunta de uma aluna: uma vez que o credor perde a possibilidade de ajuizar a ação cambiária em face do devedor, o credor pode ajuizar a ação de enriquecimento ilícito contra o avalista?
Resposta: não, pq neste caso o avalista não enriqueceu ilicitamente. O avalista apenas garantiu o pagamento sem auferir nenhuma vantagem naquele TC. Sendo assim a ação de enriquecimento ilícito só pode ser proposta em face do devedor.
Questão para a próxima aula:
O cheque no direito brasileiro tem curso forçado? É obrigatória a aceitação do cheque? Qual o dispositivo legal? E se a relação for de consumo, baseada no CDC? Analise inclusive o art. 39, IX do CDC. 
25/11/2004
Respondendo à pergunta que foi deixada na aula passada, imaginemos a seguinte situação: 
Você vai ao posto de gasolina, abastece o tanque do seu carro e na hora de efetuar o pagamento o frentista te diz que não aceita cheques. O posto só aceita dinheiro e cartão de crédito. Mas você que é um advogado apresenta ao frentista o art. 39 IX do CDC. Este dispositivo diz que o fornecedor de bens e serviços não pode recusar a venda de bens ou a prestação de serviços diretamente a quem se dispõe a adquiri-los, ressalvados os casos previstos em lei especial. Este dispositivo do CDC interpretado literalmente dentro de uma visão coloquial, pode levar ao entendimento de que a aceitação do cheque como forma de pagamento é uma obrigação do fornecedor de produtos e serviços. Entretanto, a questão é controvertida pois o cheque por si só, não extingue a obrigação eis que o cheque pode não ter fundos. O cheque tem natureza pro solvendo, ou seja, não extingue a relação causal. Quando o cheque é emitido, não há a extinção da relação causal. O que extingue a relação causal é o pagamento com dinheiro em espécie.
Embora o CDC seja uma lei especial, neste caso em exame temos que analisar também as demais leis especiais que tratam do cheque. O cheque também possui uma lei especial. Por esta razão, a pergunta formulada deve ser respondida através da compatibilização das duas leis.
Daí surgiram controvérsias:
( Com o advento da lei 8002/90 o cheque passou a ter curso forçado no direito brasileiro, ou seja, não se poderia recusá-lo.No entanto, após a lei 8884/94, aparentemente o cheque deixou de ter curso forçado, pois o art. 92 desta lei revogou expressamente a lei 8002/90. No entanto, a questão tornou-se controvertida.
1a corrente, minoritária, sustenta que o cheque nas relações de consumo tem curso forçado por força do art. 39, IX do CDC, que considera prática abusiva a recusa ao consumidor que queira o produto ou serviço e se disponha a fazer através de “pronto” pagamento.
2a corrente, majoritária, inclusive defendida por Fábio Ulhoa Coelho, sustenta que o cheque deixou de ter curso forçado por força do art. 92 da lei 8884/94 que revogou a lei 8002/90 (esta lei 8002/90 determinava que o cheque tinha curso forçado). Além disso, também se pode acrescentar outros argumentos à esta posição, 1o argumento: o cheque caracteriza-se por ser pro solvendo, o que significa que ao emiti-lo não há o pronto pagamento, pois não se extingue a obrigação principal (ou o negócio subjacente, ou a causa debend, ou o negócio ao qual o cheque se originou). Ou seja, não há novação da dívida (art.61 da lei 7357/85); o 2o argumento está no próprio art. 39, IX do CDC eis que a sua redação foi dada justamente pela lei 8884/94 que revogou a lei 8002/90, portanto não faz sentido a lei acabar com o curso forçado do cheque através daquela revogação e ao mesmo tempo, ressuscitá-lo no CDC.
OBS: não há nenhum dispositivo legal dizendo expressamente que o cheque não tem curso forçado. Entretanto este é o entendimento da interpretação das leis 8884/94, art. 92 que revogou a lei 8002/90 que dizia expressamente que o cheque tinha curso forçado e da lei 7357/85, art. 61 que diz que o cheque tem natureza pró solvendo e, portanto não extingue a obrigação. Além disso, o próprio art. 39, IX do CDC que se refere ao pronto pagamento teve a sua redação dada pela lei 8884/94 que revogou a lei 8002/90. Ou seja, tudo leva a crer que a segunda corrente tem razão ao dizer que o cheque não tem curso forçado e ninguém pode ser compelido à recebê-lo como forma de pagamento.
PRINCÍPIOS CAMBIÁRIOS:
PRINCÍPIO DA CARTUALRIDADE
PRINCÍPIO DA LITERALIDADE
PRINCÍPIO DA AUTONOMIA (Inoponibilidade de exceções pessoais em face de terceiros de boa-fé)
PRINCÍPIO DA INDEPENDÊNCIA 
PRINCÍPIO DA ABSTRAÇÃO
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE OU RESERVA LEGAL (questão polêmica)
 PRINCÍPIO DA CARTULARIDADE:
O princípio da cartularidade também é chamado de princípio da INCORPORAÇÃO CAMBIÁRIA. 
Cartularidade decorre de cártula. Cártula é papel. 
Alguns autores chamam este principio de Incorporação pq antes do papel há o direito. E o direito é incorporado ao papel (cártula). Mas na prática esta distinção é inócua pq ambos significam a mesma coisa.
( O Princípio da cartularidade ou incorporação significa que o direito deve estar incorporado, materializado, representado, corporificado, num documento formal (em uma cártula) que preencha, obrigatoriamente, todos os requisitos essenciais previstos na lei para que tenha eficácia cambiária (art. 887 parte final do NCC c/c a sumula 387 do STJ).
E é justamente por causa do princípio da cartularidade que é necessário que o documento seja apresentado no seu original ao devedor. Isto é exigido para que o devedor possa analisar se os requisitos foram preenchidos, conforme manda a lei. A fotocópia do documento poderia prejudicar a analise por parte do devedor destes requisitos exigidos.
Para exercer o direito de credito é necessário que o credor apresente a cártula. É imprescindível que o credor tenha o documento em seu poder para que ele possa exercer o direito constante no TC.
( É possível o exercício do direito de crédito sem que o credor apresente a cártula, (o documento original)? 
Sim, de acordo com o art. 36 do Decreto 2044/1908 que prevê a ação de substituição de título nominal destruído ou extraviado. O § 3 deste dispositivo prevê a possibilidade de executar o devedor ainda que o credor não possua o TC em seu poder. ( Art. 887 NCC, na palavra documento façam remissão ao art. 36 do Decreto 2044 para que vocês saibam que existe esta ação de substituição de TC.
( O art. 36 do Decreto 2044/08 é uma exceção ao P. da Cartularidade. 
( O art. 82, §1 da LF (DL 7661/45) prevê outra hipótese de substituição dos TC, ou seja, é outra exceção ao principio da cartularidade. Na habilitação do credor na falência, se o título onde se fundamenta o seu crédito estiver instruindo um outro processo, o credor não precisará retirar o TC daquele outro processo para poder se habilitar na falência. O credor vai pedir uma certidão àquele juízo onde tramita o outro processo e esta certidão irá substituir o TC na habilitação na falência. A certidão vai substituir o TC e com base naquela certidão o credor vai poder exercer o seu direito de crédito na da habilitação na falência. ( Art. 887 NCC, na palavra documento fazer remissão ao art. 82, §1 LF.
( O art. 21, §3 da lei 9492/97 prevê o protesto por indicação. Este artigo 21 revogou o art. 13 §1 da lei das duplicatas (lei 5474/68). O protesto por indicação é uma outra exceção ao princípio da cartularidade.
A duplicata é uma ordem de pagamento. A duplicata é um TC causal que só pode ser emitido se houver uma compra e venda de mercadorias ou a prestação de serviço. a emissão da duplicata pressupõe o aceite. O aceite é a aceitação da ordem de pagamento. Se aquele que recebe a ordem de pagamento, emite o aceite, ele está dizendo que reconhece a obrigação de pagar aquele valor. Na duplicata o sacado recebe o TC para aceitá-la ou para devolvê-la. Caso o sacado não devolva a duplicata, haverá a retenção da mesma e o credor não terá aquele TC em seu poder. Neste caso caberá o protesto por indicação.
Para que vocês entendam melhor esta sistemática, vou falar um pouco da Letra de Câmbio para depois voltar para a Duplicata.
A LC também é uma ordem de pagamento. A (Sacador) dá uma ordem de pagamento para B (sacado) para pagar C (credor). Por exemplo, o B deve 100 reais para o A e ao mesmo tempo A deve 100 reais para C. Ou seja, A é, ao mesmo tempo, credor de B e devedor de C. A não tem dinheiro, mas tem um crédito, eis que B lhe deve 100 reais. Então A resolve mandar B pagar ao C aquele valor de 100 reais. Para tanto, A emite uma LC, ou seja, A dá uma ordem de pagamento ao B para que pague ao C.
Esta LC fica na posse do C. Antes do vencimento o C terá que apresentar a cártula ao sacado B. Se B assinar aquela cártula ele assume a obrigação de pagar. Se ele não assinar ele não assume obrigação nenhuma, pois quem não assina, em regra, não se vincula. O B não é obrigado a assinar aquela LC, ele não é obrigado a se vincular àquela obrigação cambiária. A relação jurídica do B é com o A, logo, ele não pode ser obrigado a aceitar (assinar) aquela LC.
Pode acontecer também do C apresentar a LC ao B e ele pedir um prazo de 24 horas para pensar se irá aceitar ou não aquela LC. Isso é chamado pela doutrina de prazo de respiro. Durante este prazo de respiro a LC fica na posse do B que por sua vez resolve não devolvê-la ao C, retendo a LC. Sendo assim, de acordo com a regra geral, o C não poderá cobrar aquela LC pq ele não está no poder da cártula. 
Para tentar evitar os casos de retenção indevida, a lei procura regularizar esta questão.
De acordo com o art. 9 da LUG o C poderá cobrar do A (devedor principal) desde que prove que B reteve a LC indevidamente (sem autorização). E isso se faz através do chamado PROTESTO POR FALTA DE DEVOLUÇÃO. 
O Protesto por falta de devolução se faz através da 2a via da LC. Na LC não existe a figura do protesto por indicação. 
O protesto por falta de indicação é instituto da duplicata.
Exemplo: As Lojas Americanas compram mercadorias da Estrela S.A. Trata-se de um contrato de compra e venda de 1000 bonecas no valor de 500 reais a serem pagos no dia 30/12/2004. As Lojas Americanas devem dinheiro à Estrela. A Duplicata é uma ordem de pagamento. Ora, se é uma ordem de pagamento, o credor é quem ordena ao devedor que lhe pague. Com basena fatura daquela venda a Estrela pode sacar uma duplicata dando uma ordem de pagamento às Lojas Americanas, que devem 500 reais à Estrela. 
As Lojas Americanas podem receber as mercadorias e realizar o aceite expresso, devolvendo a cártula à Estrela.
As Lojas Americanas também podem não receber as mercadorias e não realizar o aceite, justificando o porquê. Por exemplo, as Lojas Americanas podem não receber as mercadorias ao argumento de que as bonecas vieram quebradas e sendo assim não aceitarão aquela ordem de pagamento constante na duplicata. Qualquer divergência na relação causal pode ser uma justificativa para o não recebimento das mercadorias, na forma do art. 8 da Lei das Duplicatas e no prazo do art.7 da mesma lei. Neste caso, as Lojas Americanas não serão devedoras da Estrela pq ela terá justificado o não recebimento das mercadorias e não terá assinado a duplicata.
As Lojas Americanas ainda podem receber as mercadorias e reter “indevidamente” a duplicata. Se as Lojas Americanas retivera a duplicata, ela terá que utilizar-se do art. 21, §3 da lei 9492/97. Este artigo trata do PROTESTO POR FALTA DE DEVOLUÇÃO.
O protesto por falta de devolução da LC é diferente do protesto por falta de devolução da duplicata.
Na LC o protesto por falta de devolução se faz através da 2a via da LC. 
Na duplicata o protesto por falta de devolução se faz por INDICAÇÃO.
Ou seja, a retenção indevida da duplicata se comprova através das indicações das características da duplicata retida, comprovando a relação jurídica causal que deu origem à emissão da duplicata. Com a comprovação da entrega da mercadoria, e com o instrumento do protesto, a Estrela poderá executar as Lojas Americanas. A indicação das características possui a presunção relativa da verdade existente na duplicata. Nada impede que as Lojas Americanas provem que a estrela realizou indicações de características inexistentes na duplicata.
Na verdade o protesto por indicação é uma sub-espécie do protesto por falta de devolução, com a peculiaridade de que o protesto por indicação é próprio da duplicata retida indevidamente. No art. 21, §3 da lei 9492/97 sublinhem “indicações da duplicata” para saberem que o protesto por indicações é próprio das duplicatas e que na LC o protesto por falta de devolução se faz através da 2a via da LC.
PROTESTO POR INDICAÇÕES ( É uma modalidade de protesto especifico para as duplicatas, configurando um ato do cartório, extrajudicial, solene e público, realizado pelo credor e instrumentalizado pelo oficial do cartório, que tem por finalidade comprovar a falta de devolução da duplicata retida indevidamente pelo sacado, consistindo no apontamento pelo credor das características que continha a duplicata retida indevidamente, devendo o credor provar a relação jurídica causal, eis que a duplicata é TC causal. Portanto, o protesto por indicações é uma especificidade, ou seja, uma forma de se fazer o protesto por falta de devolução na duplicata. Este protesto acarreta uma presunção relativa, iuris tantum, de veracidade quanto às características apontadas pelo credor, ensejando uma inversão do ônus da prova, ou seja, o sacado é que terá que desconstituir as indicações das características apontadas pelo credor.
( Outra exceção ao Princípio da Cartularidade está no art. 17 da Medida Provisória 2160-25/2001. ( Art. 887 NCC, na palavra documento façam remissão ao art. 17 da MP 2160-25/2001.
Cédula de credito bancário (cujo conceito está no art. 1 desta MP) admite o protesto da própria cártula ou o protesto da fotocópia da cártula, na forma do art. 17 da MP 2160-25/01. 
( Outra exceção à cartularidade das os TÍTULOS VIRTUAIS previstos no art. 889, §3 do NCC.
( No art. 889, §3 fazer remissão ao art. 223, PU, do NCC, ao art. 8 e ao art. 21, §3 da Lei 9492/97, remissão também ao art. 19 da Lei 5474/68; ao art. 1102-A do CPC e ao art. 618, I do CPC c/c art. 585, I do CPC.
Os TC virtuais são aqueles emitidos a partir de caracteres criados por computador ou meios técnicos equivalentes, exigindo-se no mínimo, os requisitos do art. 889, caput do NCC.
Para visualizar um titulo virtual, vamos imaginar a seguinte situação hipotética:
A Estrela e as Lojas Americanas celebraram contrato de compra e venda. Ambas possuem conta corrente no banco ITAÚ. Nada impede que Estrela emita uma duplicata virtual. Esta duplicata será sacada virtualmente através do computador e neste caso, as Lojas Americanas receberão uma senha previamente ajustada para que emitam o aceite. As Lojas Americanas aceitam a duplicata virtual e assim se obrigam a pagar. A possibilidade de existir um TC virtual é inquestionável. O problema está no litígio versando sobre um título virtual pq estes TC não possuem a cártula.
Se a Estrela emitisse uma duplicata do modo tradicional, através de uma cártula, e as Lojas Americanas aceitassem a duplicata e não a pagasse, a Estrela poderia ingressar com uma ação de execução em face das Lojas Americanas, fundamentando esta ação com a duplicata aceita e não paga.
No caso de uma duplicata virtual, o aceite é feito através de uma senha e uma simples senha não é hábil para fundamentar uma ação de execução. Por esta razão, é necessário que exista uma reforma na legislação cambiária de modo que se permita a execução de um TC virtual sem a cártula. O art. 887 NCC traz o fenômeno clássico de Vivant e dispõe sobre a cartularidade. Concomitantemente ao art. 889, §3 o NCC traz o art. 223, PU que diz que a prova não supre a ausência do TC. Então, ao mesmo tempo em que o NCC admite os TC virtuais no art. 889, §3 ele exige a demonstração do TC no art. 223, PU. Ou seja, estes artigos são contraditórios pq o TC virtual não possui a cártula e assim, não pode ser juntado aos autos de um processo. Por esta razão, o professor acha que deve haver uma mudança na legislação.
5a aula
02/12/2004
 PRINCÍPIO DA LITERALIDADE:
O TC se manifesta, se expressa pelo seu conteúdo literal. Isso significa que o direito de crédito corresponde àquilo que estiver escrito na cártula. Por esta razão que o aval parcial, precisa ser colocado na cártula, literalmente, pois se o aval não descrever o valor parcial que está avalizado, entender-se-á que o valor total do crédito foi avalizado.
( A primeira afirmativa que decorre do principio da literalidade é a seguinte: “Vale o que estiver escrito na cártula, no documento. O que não estiver escrito no título não está no mundo cambiário”. Esta afirmativa existe justamente para dar segurança às relações cambiárias.
( A segunda afirmativa que decorre do princípio da literalidade é que: “Em princípio, para se vincular à relação jurídica cambiária, ou seja, para se tornar devedor cambiário, em regra, é necessário assinar na cártula, portanto, em princípio, todas as assinaturas são úteis.”. Esta afirmativa é importante pq a assinatura no TC atesta a manifestação de uma vontade. A lei determina que o aval deve ser feito através da assinatura do avalista No verso ou no anverso do TC (art.898 NCC) e o endosso deve ser feito com a assinatura no verso do TC (art. 910, §1 do NCC). o art. 898, §1 do NCC diz que para o aval ser válido basta a simples assinatura do avalista no anverso (face) do TC. Se o aval estiver no verso do TC ele deve indicar a intenção do assinante de ser avalista para que esta assinatura não se confunda com a assinatura dos endossantes que também devem assinar no verso do TC.
A regra geral é que não é possível cobrar de quem não assinou o TC assim como não é possível cobrar parcela que não conste na cártula.
( EXCEÇÕES AO PRINCÍPIO DA LITERALIDADE:
Excepcionalmente é possível cobrar de alguém que não assinou a cártula assim como é possível cobrar uma parcela que não consta na cártula. 
( Para saber as exceções, combinar no Art. 887 do NCC onde está a palavra literal, fazer remissão ao art. 15,II da lei 5474/68; ao art. 7, §1 e art.9, §1 da lei 5474/68; art. 29, 2a alínea da LUG; art.7 da MP 21060-25/91. E combinem também a palavra literalcom a sumula 248 do STJ.
( A primeira exceção está no art. 15, II da Lei da Duplicata (LD) que trata do aceite tácito, ficto ou presumido. 
Na duplicata o sacador é o credor (vendedor das mercadorias) que dá uma ordem de pagamento ao sacado (devedor e comprador das mercadorias). O aceite ordinário é aquele em que o devedor aceita a duplicata e a devolve ao credor. Pode acontecer do devedor não aceitar a duplicata justificando a falta de aceite de acordo com art. 7 e 8 da LD e sendo assim a duplicata perde a sua força executiva tendo em vista que ela não foi aceita justificadamente. Também pode acontecer do devedor receber as mercadorias e não devolver a cártula, retendo-a sem justificativa. Neste caso será possível efetuar o protesto por indicação. 
Por fim há a possibilidade do devedor não aceitar a cártula injustificadamente. Se o devedor devolve a duplicata sem o aceite e sem nenhuma justificativa para a falta do aceite esta cártula não possui a assinatura do devedor. Aqui a recusa do aceite é injustificada e o art. 15, II da lei 5474/68 diz que neste caso, presentes três condições cumulativas há a presunção do aceite. Ou seja, embora a duplicata não contenha a assinatura do devedor referente ao aceite, se forem preenchidos os requisitos todos do art. 15, II da LD o legislador presume o aceite.
Caiu na PGE a seguinte questão: Em que hipótese a duplicata sem aceite configura Titulo executivo extrajudicial? 
Caiu no MP a seguinte questão: A duplicata sem aceite mas que foi protestada é TC hábil ao requerimento de falência?
Estas questões possuem a mesma resposta: A duplicata é Título executivo extrajudicial se preencher os requisitos do art. 15, II da LD que trata do aceite tácito. E sendo Título executivo extrajudicial, esta duplicata sem aceite mas que preencha os requisitos do art. 15, II da LD é hábil ao requerimento de falência!!! Isso está na sumula 248 do STJ. Esta sumula deve ser lida com atenção pq a falta de aceite a que se refere a sumula 248 do STJ é a falta de aceite que preencha os requisitos do art. 15, II da LD. Se não ocorrer o aceite expresso e não forem preenchidos TODOS os requisitos do art. 15, II da LD, mesmo protestada, esta duplicata não será hábil para fundamentar o pedido de falência. 
Presentes os três requisitos do art. 15, II da LD, não obstante a falta de assinatura do aceitante, ele será um devedor cambiário. É uma exceção ao principio da literalidade pq embora ele não assine a cártula, ele se vincula. 
( A 2a exceção ao principio da Literalidade está no art. 20 CPC e Lei 6899/81. Na ação de execução fundada no TC é possível cobrar os juros, a correção monetária, despesas judiciais e os honorários advocatícios, que são parcelas que não constam na cártula mas que podem ser cobradas.
( A 3a exceção ao Principio da Literalidade é o aceite por comunicação prevista no art. 7, da LD.
Exemplo: o Sacador pode contratar um serviço de uma instituição financeira para que esta cobre a duplicata do devedor. A instituição financeira vai apresentar a duplicata ao devedor para o aceite e para o pagamento. O art. 7, §1 da LC trata da comunicação do aceite ou aceite por comunicação. Desta forma, quando a duplicata é apresentada ao devedor, este poderá retê-la ate a data do vencimento desde que comunique por escrito à Instituição Financeira que aceita aquela duplicata. Neste caso, se o devedor reteve a cártula, haverá o aceite por escrito em um documento que não é a cártula. Aqui há uma exceção à literalidade pq o aceite constará em outro documento diferente da cártula. ( Sublinhar no art. 7, §1 da LD as palavras “comunique” e “aceite”.
( Outra exceção está no art. 9, §1 da LD que trata da quitação em separado. Isto significa o seguinte: Quem paga o valor do TC quer o documento e quer a quitação do credor na própria cártula. Entretanto, o art. 9, §1 da LD admite a quitação fora da cártula, em documento em separado. 
( Outra exceção está no Art. 29, 2a alínea da LUG (Dec. 57663/66) que trata da desconstituição do cancelamento do aceite.
Exemplo: O Sacado de uma LC aceita o TC e depois cancela (risca) o aceite e depois desconstitui o cancelamento (conseqüentemente, aceitando o TC novamente). 
A LC só tem uma modalidade de aceite, que é o expresso. 
EX: Numa LC há o Sacador A, o Sacado B e o credor C. 
A é credor de B fora do TC e ao mesmo tempo o A é devedor de C. Então o A dá uma ordem de pagamento para o B, para que o B pague ao C. Nesta relação jurídica o B é apenas o Sacado, que recebe a ordem de pagamento. O B só vai se obrigar a pagar esta LC se ele aceitar pagar este crédito. Para aceitar o B tem que assinar o título. Então, antes do vencimento o C vai apresentar a LC ao B para ver se ele aceita. Se o B aceitar o TC, assinado na cártula, ele se obriga ao pagamento. Se o B não aceitar, o C terá que executar o A, devedor originário. 
Mas também pode acontecer do B querer ficar com a LC por 24 horas para pensar se vai aceitar ou não aquela LC. Este prazo de 24h é chamado pela doutrina de “PRAZO DE RESPIRO”. Se no prazo de 24 horas o B não devolver a LC, o C terá que fazer o protesto por falta de devolução, realizado na 2a via da LC. Mas também pode acontecer do B assinar a cártula e aceitar a LC durante este prazo de 24h, e antes de devolvê-la ao C, o B pode se arrepender de ter aceitado a LC. Arrependido de ter aceitado a LC o B pode cancelar o aceite (riscando-o) e devolver a cártula para o C com o aceite riscado e cancelado. Entretanto, depois da restituição da LC ao C o B se arrepende de novo e aceita aquela LC. Neste caso o B realizará a desconstituição do cancelamento do aceite.
Isso tudo está no art. 29, 1a alínea da LUG.
Ocorre que se o Sacado, durante o prazo de 24h em que ele estiver com a LC, informar por escrito que aceita a LC, ele fica obrigado a aceitá-la. Nos termos do art.29, 2a alínea da LUG. Este aceite por escrito não estará na LC mas em outro documento. Por isso esta é uma exceção ao principio da literalidade.
( Outra exceção está no art. 7 da MP 21060-25/91 que dispõe que a garantia do TC pode ser dada fora da cártula. normalmente a garantia da obrigação vem descrita na própria cártula, todavia a MP 21060-25/91 admite que a garantia seja feita em documento separado.
 PRINCÍPIO DA AUTONOMIA:
Questões: 
1) Caio credor de uma Nota Promissória, após o vencimento, ajuíza ação de execução em face de Tício, seu devedor. Tício, após segurar o juízo, embarga a execução a fim de se defender alegando todas as matérias possíveis em razão do principio da ampla defesa, face ao exposto no art. 745 do CPC.
O embargante está correto?
Qual a natureza jurídica dos embargos à execução do art 745?
Resposta: O embargante está errado!!! Nos embargos à execução fundada em titulo extrajudicial é possível alegar qualquer matéria. Trata-se de uma ação de conhecimento amplo, na forma do art. 745 do CPC. Entretanto, é o art. 745 do CPC se aplica à todos os títulos extrajudiciais, com exceção dos TC informados pela autonomia. O Principio da autonomia traz consigo seu sub-princípio da inoponibilidade das exceções que diz que o devedor não pode opor exceções pessoais perante terceiros. Logo, se há o principio da inoponibilidade das exceções algumas matérias não poderão ser opostas em face do credor pois a defesa do devedor continua a ser limitada. A limitação nesta defesa encontra fundamento no principio da inoponibilidade das exceções e não no CPC.
2) Caio emite uma NP para Tício, que foi endossada para Mévio, tendo sido avalizada por Paulo, que indicou Caio como seu avalista. Após o vencimento, tendo havido o protesto, Mévio quis cobrar de Tício e Paulo, tendo estes pleiteado a aplicação do art. 77, III do CPC, alegando que como são devedores cambiários, são também solidários. Analise.
Resposta: O art. 77, III do CPC dispõe sobre solidariedade civil e o caso acima descrito versa sobre a solidariedade cambiária. A solidariedade civil é diferente da solidariedade cambiária. No direito

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