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3 CAP relacoes_obrigacionais_contrat (2)

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CAPÍTULO 3
Teoria das Obrigações 
Extracontratuais: Obrigações por 
Declaração Unilateral de Vontade
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
� A definição de obrigações extracontratuais e de declaração unilateral de vontade.
� As principais espécies de obrigações extracontratuais unilaterais.
� A identificação das obrigações extracontratuais unilaterais, diferenciando-as das 
obrigações firmadas em contrato, especialmente quanto aos efeitos.
116
 Relações Obrigacionais Contratuais e Extracontratuais
117
Teoria das Obrigações Extracontratuais: Obrigações 
por Declaração Unilateral De Vontade Capítulo 3 
Contextualização
Neste capítulo, estudaremos outro tipo de obrigação civil, também oriunda 
da vontade individual, mas independente da existência de um credor: que são 
os atos unilaterais de vontade, institutos que se diferenciam sobremaneira dos 
contratos, assunto estudado nos capítulos anteriores. 
Embora a vontade individual esteja presente para a caracterização dos atos 
unilaterais, ela dispensa a existência de duas ou mais pessoas, bastando que um 
indivíduo, sozinho, manifeste seu desejo de agir em determinadas condições. 
Imaginemos que quando um animal de estimação desaparece e seu dono 
oferece uma quantia em dinheiro para quem o resgatar ou quando alguém emite um 
cheque para pagamento de dívidas, estamos diante de atos unilaterais de vontade 
– emitidos por um sujeito, individualmente, e que poderão gerar benefícios para um 
eventual credor, que é totalmente dispensável para o início do ato. Este capítulo 
será dedicado ao estudo destas figuras jurídicas tão presentes em nosso dia a dia. 
Conceitos Introdutórios
As obrigações civis, hodiernamente conceituadas como o vínculo jurídico 
entre credor e devedor a respeito de uma prestação, têm como fonte a lei. 
É a legislação que irá determinar os efeitos dos contratos, impor o dever de 
indenizar quando alguém comete ato ilícito e, ainda, obrigar o declarante a pagar 
recompensa prometida, como veremos adiante neste capítulo.
A lei, porém, poderá originar obrigações de forma direta ou indireta. No 
primeiro caso, nos referimos àquelas situações regidas especificamente pela 
legislação, por exemplo, a pensão alimentícia. Independentemente da vontade 
do sujeito, o fato de se ter um filho gera por si só, em razão da lei, o dever de 
alimentá-lo. 
Entretanto, existem casos em que a vontade do indivíduo é levada em 
consideração para a criação de obrigações. A lei disciplina os efeitos que irão 
se originar com essa declaração de vontade, atuando assim como fonte indireta 
das obrigações. Enquadram-se nessa categoria os contratos, já estudados nos 
capítulos anteriores; os atos ilícitos, relativos às ações contrárias à lei e aos atos 
unilaterais de vontade, categoria a que iremos nos ater neste capítulo. 
118
 Relações Obrigacionais Contratuais e Extracontratuais
Como o nome já adianta, os atos unilaterais de vontade são 
aqueles emitidos por um só indivíduo, independentemente da 
existência ou não de credor. São criados especificamente por lei, que 
irá disciplinar as consequências jurídicas da manifestação da vontade 
desde indivíduo. Como afirma Diniz (2011, p. 812):
A declaração unilateral de vontade é uma das fontes das 
obrigações resultantes da vontade de uma só pessoa, formando-
se a partir do instante em que o agente se manifesta com a 
intenção de se obrigar, independentemente da existência ou não 
de uma relação creditória, que poderá surgir posteriormente. 
[...] As obrigações nascem da declaração unilateral da vontade 
manifestada em circunstâncias tidas pela lei como idôneas para 
determinar sua imediata constituição e exigibilidade, desde que 
o declarante emita com a intenção de obrigar-se, e desde que 
chegue ao conhecimento da pessoa a quem se dirige, e seja 
esta determinada ou pelo menos determinável.
Conforme Gonçalves (2014), o Código Civil de 2002 elenca, entre os artigos 
854 e 909, cinco atos unilaterais de vontade: 1) Promessa de recompensa; 2) 
Gestão de negócios; 3) Pagamento indevido; 4) Enriquecimento sem causa; 5) 
Títulos de crédito. 
Neste capítulo, estudaremos em detalhes cada um deles.
Promessa de Recompensa
A promessa de recompensa pode ser conceituada como ato 
obrigacional de um sujeito que promete recompensa a quem preencher 
certo requisito ou desempenhar algum tipo de atividade. Trata-se, 
assim, de um negócio jurídico unilateral que gera obrigações a quem 
manifestar a vontade de recompensar, independentemente se outra 
parte irá ou não cumprir os requisitos para auferir o prometido. Neste 
sentido, o artigo 854 do Código Civil (BRASIL, 2002) assim determina: 
“aquele que, por anúncios públicos, se comprometer a recompensar, 
ou gratificar, a quem preencha certa condição, ou desempenhe certo 
serviço, contrai obrigação de cumprir o prometido”.
Imaginemos, pois, que Alice perdeu seu querido gato Cheshire. Seu pai, com 
pena da garota, distribuiu cartazes por toda a vizinhança e se comprometeu a 
pagar R$ 500,00 (quinhentos reais) a quem quer que traga o gato de volta. Eis a 
promessa de recompensa. 
Os atos unilaterais 
de vontade são 
aqueles emitidos 
por um só indivíduo, 
independentemente 
da existência ou 
não de credor. 
São criados 
especificamente 
por lei, que irá 
disciplinar as 
consequências 
jurídicas da 
manifestação da 
vontade desde 
indivíduo.
A promessa de 
recompensa pode 
ser conceituada 
como ato 
obrigacional de um 
sujeito que promete 
recompensa a 
quem preencher 
certo requisito ou 
desempenhar algum 
tipo de atividade.
119
Teoria das Obrigações Extracontratuais: Obrigações 
por Declaração Unilateral De Vontade Capítulo 3 
Para que essa promessa seja obrigatória, entretanto, são necessários três 
requisitos: 1) Publicidade da promessa; 2) Especificação da condição ou do 
serviço a serem realizados; 3) Indicação da recompensa. 
O primeiro requisito encontra fundamento na expressão “anúncios públicos”, 
do art. 854 do CC, sendo irrelevante a maneira pela qual a publicidade será 
fornecida (se por meio de mídias, imprensa, cartazes ou folhetos). Deve ser 
direcionada ao público em geral, de maneira indeterminada, sob pena de ser 
caracterizada como negócio bilateral. 
É necessário, ainda, que a condição ou serviço a serem realizados sejam 
expressamente indicados, já que são os objetos da promessa. Assim, a promessa 
pode se referir a uma ação (por exemplo, ofereço quinhentos reais para quem 
fornecer informações sobre o gato de Alice) ou a uma omissão (por exemplo, os 
alunos que não faltarem a nenhuma aula ganharão 20 pontos extras).
Por fim, cumpre mencionar qual será a recompensa entregue ao sujeito que 
cumprir os requisitos da promessa. É possível, assim, que a recompensa seja a 
entrega de um bem (por exemplo, dinheiro), ou a realização de alguma atividade por 
parte do promitente (por exemplo, pagamento de cursinho pré-vestibular). Caso a 
recompensa não esteja indicada na promessa, será necessário que um juiz a arbitre. 
Quanto à exigibilidade da recompensa, o Código Civil dispõe que o simples 
cumprimento da condição ou do serviço objeto da promessa já torna o indivíduo apto para 
seu recebimento (art. 855, CC). Assim, mesmo que o sujeito não tenha conhecimento 
prévio de que havia uma promessa para a ação que realizou, ou ainda que tenha agido 
com único interesse em receber a recompensa, ele poderá exigi-la conforme prometido.
Se a pessoa que preencher os requisitos da promessa for menor incapaz, 
ainda assim fará jus à recompensa, como afirma Lucca (2003, p. 17): 
o executante deve estar legitimado a recebê-la, 
independentemente de sua capacidade civil. A criança de dez 
anos que encontra o cachorro perdido terá direito ao prêmio 
oferecido. A quitação será dada pelo seu representante legal, 
dada a incapacidade absoluta do menor de dezesseis anos 
(art. 3º, inciso I, do CC).
Casoo objeto da promessa tenha sido executado por mais de uma pessoa, 
a recompensa será de quem o realizou primeiro (art. 857, CC); se a execução 
foi simultânea, cada um receberá quinhão igual; se o bem for indivisível, haverá 
sorteio (art. 858, CC).
É possível que a promessa seja revogada desde que a revogação tenha a 
mesma publicidade que o negócio unilateral; se na promessa ele tiver estipulado 
prazo, deverá aguardar o fim deste para fazer a revogação (art. 856, CC). 
120
 Relações Obrigacionais Contratuais e Extracontratuais
Cumpre destacar que a promessa de recompensa pode ser realizada em 
concursos, como os concursos literários, artísticos ou científicos. Neste caso, o 
prazo de vigência é obrigatório e ela não poderá ser revogada antes de seu fim 
(art. 859, CC). Além disso, segundo Gonçalves (2014, p. 418):
A decisão da “pessoa nomeada nos anúncios como juiz obriga 
os interessados”, proclama o § 1º do aludido art. 859 do Código 
Civil. Ao participar do concurso as pessoas se submetem 
às suas condições, dentre elas a de concordarem com o 
veredito do juiz ou dos juízes cujos nomes em regra constam 
do edital. Em falta de pessoa designada para julgar o mérito 
dos trabalhos que se apresentarem, “entender-se-á que o 
promitente se reservou essa função” (CC, art. 859, § 2º). Se os 
trabalhos tiverem mérito igual, “proceder-se-á de acordo com 
os arts. 857 e 858” (art. 859, § 3º), isto é, far-se-á a partilha, se 
a recompensa é divisível, e sorteio, se indivisível. A promessa 
visa estimular o trabalho intelectual. As obras premiadas só 
ficarão pertencendo ao promitente, “se assim for estipulado na 
publicação da promessa” (CC, art. 860).
Vejamos, agora, o segundo ato unilateral elencado no Código: a gestão de 
negócios. 
Atividade de Estudos:
 1) Agora que já estudamos a promessa de recompensa, avalie o 
caso a seguir e forneça sua resposta juridicamente fundamentada. 
Laura, de 15 anos, está andando pela rua quando encontra 
Smoke, um belo coelho de cor cinza vagando na rua. Com pena 
do animal, ela o resgata e o mantém em sua casa por alguns 
dias. Passado um tempo, Júlia, sua vizinha, a procura dizendo 
que o coelho na verdade lhe pertence. Laura, de boa-fé, entrega 
o animal a Júlia acreditando estar fazendo a coisa certa. Acontece 
que na verdade o coelho originalmente pertencia a Alissa, uma 
rica empresária, que oferecia por ele uma generosa recompensa 
a quem o devolvesse. Isto posto, responda: se Júlia efetivamente 
entregar o coelho a Alissa, ela terá direito à promessa de 
recompensa? E Laura? Justifique sua resposta. 
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Teoria das Obrigações Extracontratuais: Obrigações 
por Declaração Unilateral De Vontade Capítulo 3 
Gestão de Negócios
 
A gestão de negócios é o ato unilateral segundo o qual um 
indivíduo administra negócios alheios, sem procuração, agindo, porém, 
no interesse do dono. Tem por base o altruísmo, já que o sujeito pratica 
atos de administração com o objetivo de evitar prejuízos para o dono. 
Conforme Gonçalves (2014, p. 420):
Dá-se a gestão de negócios, por exemplo, quando alguém, 
presenciando em prédio alheio estragos capazes de o destruir, 
ajusta em nome do proprietário ausente, mas sem sua 
autorização, um empreiteiro para o reparar. Ou ainda quando 
alguém socorre pessoa desconhecida, vítima de um acidente, 
conduzindo-a ao hospital e tomando todas as providências 
para o seu atendimento, realizando inclusive o depósito exigido 
pelo nosocômio.
Disciplinada no art. 861 do Código Civil, a gestão de negócios só se concretiza 
com a junção dos seguintes elementos: a) Negócio alheio, ainda que o gestor 
confunda os donos ou que acredite erroneamente que o negócio lhe pertence; 
b) Ausência de autorização do dono, já que o gestor agirá espontaneamente, 
sem acordo prévio, por algum motivo de urgência; c) Preservação do interesse e 
vontade presumida do dono, já que o gestor deve agir conforme desejo do dono. 
LEI INCENTIVA DENÚNCIAS ANÔNIMAS E 
RECOMPENSA QUEM AJUDAR A SOLUCIONAR CRIMES
Já está em vigor a lei que incentiva denúncias anônimas 
e permite recompensas em dinheiro para quem auxiliar nas 
investigações policiais, com informações que levem à prevenção, à 
repressão ou à solução de crimes e ilícitos administrativos. O texto, 
sancionado neste mês, estabelece que as empresas de transporte 
coletivo divulguem o número do disque-denúncia. Os recursos para 
financiar as atividades e as recompensas sairão do Fundo Nacional 
de Segurança Pública, e os valores pagos devem ser definidos pelo 
governo federal, estados e cidades. 
Fonte: Disponível em:<https://www12.senado.leg.br/noticias/
audios/2018/01/lei-incentiva-denuncias-anonimas-e-recompensa-
quem-ajudar-a-solucionar-crimes>. Acesso em: 6 fev. 2018.
A gestão de 
negócios é o ato 
unilateral segundo 
o qual um indivíduo 
administra negócios 
alheios, sem 
procuração, agindo, 
porém, no interesse 
do dono.
122
 Relações Obrigacionais Contratuais e Extracontratuais
Se a gestão for ruim, o dono pode não ratificar os atos realizados e tornar o gestor 
pessoalmente responsável por eles; se for iniciada contra a vontade presumida 
do dono, o gestor será responsabilizado até mesmo pelos casos fortuitos (art. 
862, CC); d) Realização de atos unicamente patrimoniais passíveis de serem 
executados pelo gestor, ou seja, que não exijam mandato expresso (doação, 
repúdio de herança etc.); e) Necessidade ou utilidade da intervenção. Sobre este 
último ponto, Gonçalves (2014, p. 421) exemplifica:
[...] a atuação do despachante, que recolhe imposto para 
cliente de outro negócio, no último dia do prazo. Este último 
pressuposto constitui a razão de ser do referido contrato. 
Com efeito, a utilidade é elemento fundamental na gestão 
de negócios. Sendo proveitosa a administração, o dono do 
negócio ficará vinculado aos compromissos assumidos pelo 
gestor, ainda que tal fato o desagrade. Tal ocorrerá mesmo 
que a gestão se haja iniciado contra a sua vontade presumível 
e mesmo que tenha consistido em “operações arriscadas”, 
excedentes da mera administração. Nesta última hipótese, 
se o dono do negócio quiser aproveitar-se da gestão, “será 
obrigado a indenizar o gestor” por todas as despesas e 
prejuízos sofridos (CC, art. 868, parágrafo único).
Quanto às obrigações do gestor, estas se confundem com as obrigações do 
mandatário, no contrato de mandato, conforme estudado em capítulo anterior. Ainda 
assim, cumpre destacar os seguintes deveres do gestor: a) Comunicar a gestão 
ao dono do negócio (art. 864, CC); o gestor deve esperar resposta do dono, só 
podendo agir caso a demora acarrete em prejuízo. Após a comunicação, o dono 
poderá adotar as seguintes soluções, elencadas por Monteiro (1997, p.427):
[...] desaprovará a gestão, caso em que a situação se 
regerá pelo art. 874 do Código Civil; aprová-la-á expressa 
ou tacitamente, caso em que a gestão se converterá em 
mandato expresso ou tácito; aprová-la-á na parte já realizada, 
desaprovando-a, porém, para o futuro; constituirá procurador, 
que assumirá o negócio no pé em que se achar, extinguindo-se 
assim a gestão; assumirá pessoalmente o negócio, cessando 
igualmente a gestão, como no caso anterior.
No caso de morte do dono, a gestão continua até que os herdeiros 
apresentem as devidas instruções (art. 865, CC). 
O gestor tem como dever, ainda, b) Agir com diligência e ressarcir o dono por 
eventuais prejuízos (art. 866, CC); c) Não realizar operações de risco, ainda que o 
dono as fizesse regularmente.
Quanto ao dono do negócio, suas obrigações são: a) Indenizar o gestor pelas 
despesas necessárias e por eventuais benfeitorias úteis (art. 868 e 869, CC); b) 
Cumprir as obrigações contraídas pelo gestor em seu nome (art. 869, § 1º e §2º e 
123
Teoria das ObrigaçõesExtracontratuais: Obrigações 
por Declaração Unilateral De Vontade Capítulo 3 
art. 870, CC); c) Reembolsar o gestor que pagar alimentos devidos por ele (dono) 
(art. 871 e 872, CC). Gonçalves (2014, p. 423) elenca mais um dever, oriundo do 
art. 875, CC: “se os negócios de outrem forem conexos com os do gestor, de tal 
modo que se não possam gerir separadamente, o gestor será considerado sócio 
daquele na respectiva gerência; mas o beneficiado com a gestão só é obrigado na 
razão das vantagens que lograr”.
Por fim, cumpre tecer comentários a respeito da ratificação do dono do 
negócio. A ratificação nada mais é que a aprovação e concordância do dono 
com os atos realizados pelo gestor, de forma expressa ou tácita. Ela tem efeito 
retroativo, contando, quando emitida, desde o início da gestão – momento em que 
a gestão passa, juridicamente, a contar como mandato, devendo ser analisada 
conforme as regras deste contrato (art. 873, CC).
Estudaremos, agora, o pagamento indevido e o enriquecimento sem causa. 
Atividade de Estudos:
 1) Walcir, senhor já idoso e acometido de Alzheimer, adentra 
uma mercearia que não lhe pertence, acreditando ser um 
antigo comércio que outrora lhe pertencera. Informando a todos 
os funcionários que havia comprado o imóvel do antigo dono 
(fazendo com que estes acreditem em sua história), Walcir passa 
a gerir o negócio como se fosse seu, sem a anuência do dono, 
durante um dia inteiro. A gestão é bem feita e, inclusive, gera 
mais lucro que o habitual ao estabelecimento, até que a família 
de Walcir o encontra e o mal-entendido é desfeito. Pergunta: 
nesta situação hipotética, houve gestão de negócio? Por que?
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124
 Relações Obrigacionais Contratuais e Extracontratuais
Pagamento Indevido e 
Enriquecimento Sem Causa 
O pagamento indevido e o enriquecimento sem causa têm uma 
íntima relação, já que este último é um gênero do qual o primeiro é 
espécie. Em outras palavras, o pagamento indevido é um tipo de 
enriquecimento sem causa, especificamente disciplinado pelo Código 
Civil, conforme veremos. 
O enriquecimento sem causa, também chamado de enriquecimento 
ilícito, refere-se a um ganho monetário injusto. O indivíduo não tem 
direito ao lucro que é obtido, gerando desarmonia no sistema jurídico. 
Neste sentido, o artigo 884 do Código Civil assim determina:
Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa 
de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, 
feita a atualização dos valores monetários.
Parágrafo único. Se o enriquecimento tiver por objeto coisa 
determinada, quem a recebeu é obrigado a restituí-la, e, se a 
coisa não mais subsistir, a restituição se fará pelo valor do bem 
na época em que foi exigido (BRASIL, 2002).
Assim, é possível afirmar que a caracterização do enriquecimento ilícito 
depende dos seguintes fatores: a) Enriquecimento do accipiens (ou seja, de quem 
lucra), que engloba qualquer vantagem por ele obtida, ainda que não patrimonial; 
b) Empobrecimento do solvens (de quem sofre o prejuízo), seja a diminuição de 
seu patrimônio, seja o não recebimento de valor que lhe é devido; c) Causalidade 
entre os dois fatos, já que o lucro de um geralmente ocasiona o prejuízo do outro. 
Sobre este ponto, porém, Gonçalves (2014, p. 433) alerta que, quando os valores 
não coincidirem
[...] a indenização se fixará pela cifra menor. Se o enriquecimento 
foi de dez e o empobrecimento de quinze, o accipiens não 
pode ser obrigado a devolver mais do que recebeu. Assim, 
a indenização será de dez. Se a situação for a contrária, 
também a indenização será de dez, porque o solvens não pode 
pretender mais do que perdeu. Na I Jornada de Direito Civil 
promovida pelo Conselho da Justiça Federal, foi aprovado o 
Enunciado 35, de seguinte teor: “A expressão ‘se enriquecer à 
custa de outrem’ do art. 884 do novo Código Civil não significa, 
necessariamente, que deverá haver empobrecimento”.
Por fim, cumpre mencionar o último requisito, qual seja d) Ausência de causa 
jurídica. Se não há contrato firmado entre as partes nem obrigação legal que 
justifique o fato, há enriquecimento sem causa. É o caso do pagamento indevido. 
O enriquecimento 
sem causa, 
também chamado 
de enriquecimento 
ilícito, refere-se a 
um ganho monetário 
injusto. O indivíduo 
não tem direito ao 
lucro que é obtido, 
gerando desarmonia 
no sistema jurídico.
125
Teoria das Obrigações Extracontratuais: Obrigações 
por Declaração Unilateral De Vontade Capítulo 3 
Ocorrerá pagamento indevido quando um indivíduo realiza 
pagamento de forma errada a outrem, sem causa, gerando assim 
um indébito. O erro poderá recair sobre o objeto da relação (indébito 
objetivo), ou sobre a pessoa do credor (indébito subjetivo). No primeiro 
caso, o devedor pode se enganar em relação à quantia ou bem a ser 
entregue, ou mesmo em relação à existência da obrigação (achar que 
deve, mas na verdade não deve). No segundo, ele se engana em 
relação à pessoa do credor, pagando para a pessoa errada. 
Os requisitos para a configuração do pagamento indevido são o erro, a ser 
provado por quem pagou, e a voluntariedade do pagamento (inexistência de 
obrigação) (art. 881, CC). O devedor ficará dispensado de provar seu equívoco nas 
hipóteses em que não poderia agir de forma distinta, por exemplo, na exigência 
de tributos não devidos. Embora não devesse o tributo, de fato, se não realizasse 
o pagamento na hora arcaria com consequências prejudiciais a si mesmo, por 
isso não teve como agir de outra forma. 
Se o credor receber o pagamento indevido de boa-fé, ou seja, sem saber que 
se tratava de pagamento injusto, terá direito aos frutos que perceber do bem, à 
indenização por benfeitorias necessárias e úteis com direito de retenção, e estará 
livre de responsabilidade por perda ou deterioração. Se o credor estiver de má-fé, 
sabendo tratar-se de pagamento indevido, terá direito de ser ressarcido apenas 
pelas benfeitorias necessárias (art. 878, CC). 
No caso de recebimento indevido de imóvel, o art. 879 do Código Civil dispõe 
da seguinte forma:
Art. 879 Se aquele que indevidamente recebeu um imóvel o 
tiver alienado em boa-fé, por título oneroso, responde somente 
pela quantia recebida; mas, se agiu de má-fé, além do valor do 
imóvel, responde por perdas e danos.
Parágrafo único. Se o imóvel foi alienado por título gratuito, ou 
se, alienado por título oneroso, o terceiro adquirente agiu de 
má-fé, cabe ao que pagou por erro o direito de reivindicação 
(BRASIL, 2002).
 
Quando o pagamento é a entrega de um imóvel, este deve ser devolvido ao 
dono. Entretanto, é possível que o credor já o tenha repassado a terceiro. Se esse 
repasse foi de boa-fé, ou seja, sem que o credor soubesse que a entrega do bem 
era indevida, deverá devolver apenas o valor correspondente ao imóvel. Se agiu de 
má-fé, porém, sabendo da injustiça do ato, deverá arcar, ainda, com perdas e danos. 
E quanto ao terceiro, que recebeu o imóvel injustamente? Se o recebimento 
foi oneroso e de boa-fé, o terceiro permanece com o imóvel. Se tiver recebido o 
bem de forma gratuita ou por má-fé (em qualquer das duas hipóteses), o imóvel 
retorna ao dono. 
Ocorrerá pagamento 
indevido quando 
um indivíduo realiza 
pagamento de forma 
errada a outrem, 
sem causa, gerando 
assim um indébito.
126
 Relações Obrigacionais Contratuais e Extracontratuais
 Existem hipóteses, no Código Civil, nas quais o pagamento indevido não 
poderá ser reparado via repetição de indébito. 
A primeira delas refere-se ao devedor que, após o pagamento da dívida, 
descobre que não era, de fato, devedor.O documento relativo à dívida, porém, é 
destruído ou prescrito, de forma que o credor não pode mais exigir o pagamento 
do verdadeiro devedor; por isso o credor não está obrigado a devolver o valor 
recebido, mas quem o pagou pode exigi-lo, por ação de regresso contra o real 
devedor (art. 880, CC).
A segunda ocorre quando o devedor paga algum tipo de obrigação natural, 
aquelas obrigações que embora existam, não podem ser juridicamente exigidas, 
como a dívida de jogo ou dívida vencida (art. 883, CC). Uma vez paga a obrigação 
natural, o devedor não pode alegar pagamento indevido, pois embora a dívida 
não fosse juridicamente exigível, existia e era legítima. 
Por fim, não há que se falar em repetição de indébito nos casos em que o 
valor pago se destina a fins ilícitos ou imorais. Se alguém contrata um matador 
de aluguel para que assassine alguém e o matador embolsa o dinheiro, mas 
não cumpre o combinado, o contratante nada poderá fazer, mesmo que haja um 
enriquecimento sem causa por parte do matador (art. 883, CC). 
Sobre o enriquecimento sem causa, é importante mencionar que mesmo que 
houvesse justificativa para o ato em um momento passado, mas que por algum 
motivo ela deixe de existir, ainda estará caracterizado o enriquecimento sem 
causa (art. 885, CC). O Código Civil estabelece ainda que o prejudicado poderá 
ajuizar ação in rem verso, se não houver outro remédio processual para sua 
situação (art. 886, CC).
 
Estudaremos, agora, os títulos de crédito. 
Atividade de Estudos:
 1) Sobre o enriquecimento sem causa, marque a alternativa 
correta:
 a) Se o enriquecimento tiver por objeto coisa indeterminada, 
quem a recebeu é obrigado a restituí-la, e, se a coisa subsistir, a 
restituição se fará pelo valor do bem na época em que foi exigido.
127
Teoria das Obrigações Extracontratuais: Obrigações 
por Declaração Unilateral De Vontade Capítulo 3 
Títulos de Crédito 
Embora a disciplina dos títulos de crédito esteja situada em título distinto 
daquele relativo aos atos unilaterais no Código Civil, os títulos também fazem 
parte do estudo dos atos unilaterais. Como afirma Gonçalves (2014, p. 435), 
tal fato é “uma questão de ordem prática, baseada na consideração de que o 
grande número daquelas normas demandaria sua disciplina em título próprio”. 
Além disso, os títulos de crédito são regulados por diversas legislações esparsas, 
abrangendo, ainda, matéria de direito empresarial. Trata-se, assim, de um assunto 
rico e minucioso, motivo pelo qual, aqui, trataremos de uma introdução geral a 
respeito do tema. 
Os títulos de crédito são conceituados pelo art. 887 do CC como 
“documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo 
nele contido [...] (que) somente produz efeitos quando preenche os 
requisitos da lei” (BRASIL, 2002). Trata-se de um ato unilateral no qual 
um indivíduo manifesta sua vontade em um instrumento, obrigando-se 
a pagar determinada prestação independentemente da manifestação 
da vontade de outrem. 
Para que tenha valor, nele devem estar contidas data de emissão, 
indicação dos direitos que confere e assinatura do emitente (art. 
889, CC); seus efeitos são produzidos a partir do momento em que 
são colocados em circulação. O título, assim, representa a existência de uma 
obrigação, provando que uma pessoa é credora de outra. Segundo Gonçalves 
(2014, p. 436), diferencia-se de outros documentos porque:
 b) Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de 
outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a 
atualização dos valores monetários.
 c) A restituição é indevida, não só quando não tenha havido causa 
que justifique o enriquecimento, mas também se esta deixou de 
existir.
 d) Caberá a restituição por enriquecimento, se a lei conferir ao 
lesado outros meios para se ressarcir do prejuízo sofrido.
Os títulos de crédito 
são conceituados 
pelo art. 887 do CC 
como “documento 
necessário ao 
exercício do direito 
literal e autônomo 
nele contido [...] 
(que) somente 
produz efeitos 
quando preenche 
os requisitos da lei” 
(BRASIL, 2002).
128
 Relações Obrigacionais Contratuais e Extracontratuais
Em primeiro lugar, refere-se o título de crédito unicamente a 
relações creditícias. Pela própria interpretação literal, verifica-
se que o termo “título de crédito” diz respeito a documento 
representativo de um crédito (creditum, credere), ato de fé, 
confiança do credor de que irá receber uma prestação futura 
a ele devida. A segunda diferença está ligada à facilidade 
na cobrança do crédito em juízo, pois o título de crédito é 
definido pela lei processual como título executivo extrajudicial 
(CPC, art. 585, I). E, em terceiro lugar, ostenta ele o atributo 
da negociabilidade, estando sujeito a certa disciplina jurídica 
que torna mais fácil a circulação do crédito, a negociação do 
direito nele mencionado, como sucede corriqueiramente nas 
operações de descontos bancários.
Os títulos de crédito são regidos por princípios específicos, sendo os 
principais deles cartularidade, literalidade e autonomia das obrigações cambiais. 
A cartularidade refere-se à incorporação do direito pelo título, também 
chamado de cártula. Com isso, a cártula torna-se documento indispensável para 
satisfação do direito, independentemente de qual negócio jurídico tenha lhe 
dado origem. Imaginemos, assim, que Roberto vendeu um carro para Ricardo, 
que pagou com a emissão de um título de crédito. Para que Roberto receba a 
prestação acordada, ele deverá ter o título sob sua posse, independentemente da 
compra e venda que originou o título. Este princípio garante que quem busca seu 
direito é seu titular legítimo (pois possui o título). 
Segundo o princípio da literalidade, os títulos de crédito devem conter 
expressamente os efeitos que originarão. Não há que se falar em interpretação 
extensiva, ou em efeitos não escritos no título; só vale o que nele consta. Tal 
princípio protege o credor, que poderá exigir todas as obrigações elencadas no 
título, e também o devedor, que saberá não dever nada além do que está na cártula. 
O princípio da autonomia das obrigações cambiais diz respeito à 
independência entre o título e as eventuais obrigações que o originam. Se a 
obrigação contém algum tipo de vício, este não irá invalidar o título de crédito, que 
é documento autônomo. Gonçalves (2014, p. 438) menciona o seguinte exemplo:
[...] bse o veículo objeto do negócio originário é portador de 
algum vício redibitório, tal fato não exonera quem o recebeu 
e emitiu a nota promissória de honrar o seu pagamento junto 
ao terceiro, a quem o vendedor o transferiu mediante endosso. 
O defeito do veículo pode influir somente na relação jurídica 
entre os participantes da relação originária do título, mas não 
tem influência no tocante aos direitos dos terceiros de boa-fé, a 
quem a cártula foi transferida.
São várias as espécies de títulos de crédito, podendo ser classificados de 
diversas formas. 
129
Teoria das Obrigações Extracontratuais: Obrigações 
por Declaração Unilateral De Vontade Capítulo 3 
Quanto ao modelo, existem títulos de modelo livre que podem adotar 
qualquer forma, desde que respeitados os requisitos legais, como a letra de 
câmbio e a nota promissória, e títulos de modelo vinculado, que devem obedecer 
a um padrão obrigatório. O cheque é um exemplo de título com modelo vinculado, 
pois obrigatoriamente deve ser emitido em papel fornecido pelo banco. 
Quanto à estrutura, temos os títulos em ordem de pagamento e em 
promessa de pagamento. Nos primeiros, o emitente ordena ao sacado que 
pague determinada importância ao tomador (beneficiário da ordem). No caso 
dos cheques, por exemplo, o emitente ordena ao banco (sacado) que entregue 
determinada prestação ao beneficiário. Já no segundo caso, o devedor promitente 
assume o compromisso de pagar um valor ao credor beneficiário; não há a figura 
de um sacado sendo ordenado a pagar quantia. 
Os títulos poderão ainda serclassificados de acordo com as hipóteses de 
emissão. Neste sentido, teremos os títulos causais, limitados e abstratos. Os 
causais só poderão ser emitidos quando a lei expressamente permitir (exemplo: 
duplicata mercantil); os limitados só podem ser emitidos em alguns casos 
(exemplo: letra de câmbio); e os abstratos são aqueles que podem ser emitidos a 
qualquer momento (como o cheque e a nota promissória). 
Por fim, os títulos de crédito são classificados segundo sua circulação. 
Temos, assim, os títulos ao portador, que são emitidos sem o nome do beneficiário 
e que circulam mediante tradição (art. 904, CC); e os nominativos, que podem ser 
à ordem ou não à ordem. 
Os títulos de crédito nominativos à ordem identificam o titular do crédito 
e podem ser transferidos a terceiros, por endosso (ato típico de circulação 
cambiária). Já os nominativos não à ordem identificam o credor, mas não podem 
ser transferidos por endosso, em razão da cláusula não à ordem, que, em regra, 
deve estar escrita expressamente no título (art. 890, CC). 
 
a) Títulos à ordem 
Os títulos à ordem, como já abordado, identificam o titular do 
crédito e podem ser transferidos a terceiros. No Brasil, temos quatro 
títulos à ordem: letra de câmbio, nota promissória, cheque e duplicata. 
Falaremos um pouco sobre cada um deles. 
A letra de câmbio, disciplinada pela Lei Uniforme de Genebra 
(Decreto nº 57.663/96), possui a forma de ordem de pagamento, já que 
uma vez emitida, deve ser paga, mediante aceite. O título, para que 
produza efeitos, precisa conter os seguintes requisitos:
Os títulos à ordem, 
como já abordado, 
identificam o titular 
do crédito e podem 
ser transferidos a 
terceiros. No Brasil, 
temos quatro títulos 
à ordem: letra 
de câmbio, nota 
promissória, cheque 
e duplicata.
130
 Relações Obrigacionais Contratuais e Extracontratuais
a) as palavras “letra de câmbio”, insertas no próprio texto do 
título, na língua empregada para a sua redação; b) uma ordem 
incondicional de pagar quantia determinada; c) o nome da 
pessoa que deve pagar (sacado); d) o nome da pessoa a quem, 
ou à ordem de quem, deve ser feito o pagamento (tomador); e) 
a assinatura de quem dá a ordem (sacador); f) data do saque; 
g) lugar do pagamento ou a menção de um lugar ao lado do 
nome do sacado; h) lugar do saque ou a menção de um lugar 
ao lado do nome do sacador (GONÇALVES, 2014, p. 444).
Esse título funciona da seguinte forma: suponhamos que Amanda (sacador) 
emita uma letra de câmbio na qual consta que o valor de R$ 100,00 (cem reais) 
deve ser entregue a Rodolpho (beneficiário ou tomador) por dívidas passadas. 
Mas quem irá realizar esse pagamento será Andressa (aceitante ou sacado), pois 
Amanda não tem dinheiro. Se Andressa aceitar, irá fazer o pagamento a Rodolpho 
e será credora de Amanda, pela quantia paga. 
 
No exemplo acima, é possível ainda que um dos envolvidos ocupe mais de 
uma posição (art. 3º Lei Uniforme). Amanda poderia ter emitido letra de câmbio em 
seu próprio benefício, ordenando Andressa a pagá-la ou, ainda, Amanda poderia 
emitir letra de câmbio a qual deveria ela própria pagar a Rodolpho.
Observe-se, ainda, no exemplo dado, que Andressa (aceitante ou sacado) 
precisa aceitar efetivar o pagamento solicitado por Amanda (sacador). O aceite 
não é obrigatório, podendo o sacado consentir ou não. Se Andressa concordar, 
será necessário escrever na própria letra cambial expressões como “aceito” ou 
“aceita-se” (art. 25 Lei Uniforme). Se ela recusar, Amanda (sacador) torna-se 
responsável pelo pagamento do título, que terá seu vencimento antecipado pela 
recusa. Em razão deste efeito, é possível que o sacador (Amanda) introduza 
no título uma cláusula proibindo a apresentação do título ao sacado (Andressa) 
antes da data de vencimento, como forma de se precaver em caso de vencimento 
antecipado (art. 22, Lei Uniforme). 
O sacado poderá, ainda, emitir aceite parcial de dois tipos: aceite limitativo, 
dizendo que assume a obrigação até determinado valor; ou aceite modificativo, 
alterando a data de vencimento ou lugar de pagamento. Em ambos os casos há o 
vencimento antecipado do título, já que houve recusa de certas circunstâncias, de 
forma que o tomador (no caso do nosso exemplo, Rodolpho) poderá executá-lo 
integralmente contra o sacador (Amanda). Se isso acontecer, Amanda terá direito 
de regresso em relação à parte assumida por Andressa (sacado) (art. 26, Lei 
Uniforme). 
131
Teoria das Obrigações Extracontratuais: Obrigações 
por Declaração Unilateral De Vontade Capítulo 3 
Fonte: Disponível em:<http://www.protesto.com.br/gifs/ltaceita.gif>. Acesso em: 06 fev. 2018.
Figura 1 – Exemplo de Letra de Câmbio
Antes de prosseguir na explicação dos demais títulos de crédito à ordem, 
abordaremos alguns institutos gerais concernentes a todos eles (como o endosso, 
o aval, o protesto e a ação cambial de execução de título extrajudicial), a partir do 
exemplo da letra de câmbio já explicada. 
Os títulos de crédito podem ser transferidos pelo credor (tomador) 
a terceiros, de forma simples e, geralmente, onerosa por meio de 
endosso. O endosso é feito com a assinatura do credor no título (art. 
910, CC), podendo conter o nome do endossatário (endosso em preto) 
ou não (endosso em branco) (art. 893, CC). Neste último caso, deixa de 
ser título à ordem e passa a ser título ao portador, pois já que não há 
indicação de quem é o novo credor, será considerado aquele que porta 
o título. Importante mencionar que não é possível a efetivação de endosso parcial 
ou de estipulação de condição que subordine o endossante – serão consideradas 
disposições nulas.
Têm-se ainda duas espécies de endosso denominadas de endosso-impróprio: 
a primeira delas é o endosso-mandato; a segunda, endosso-caução. No primeiro 
caso, o credor não transfere o título e os direitos dele decorrentes a um terceiro, 
mas apenas o exercício destes direitos; como afirma Gonçalves (2014, p. 446), 
“em geral, é concedido a instituições financeiras para fins de cobrança do título”. 
No segundo caso, o credor utiliza o título como uma garantia pelo pagamento de 
dívida, dado em penhor. Cumprida a obrigação garantida, o título volta para o 
proprietário, credor original. 
Os títulos de 
crédito podem ser 
transferidos pelo 
credor (tomador) 
a terceiros, de 
forma simples 
e, geralmente, 
onerosa por meio de 
endosso.
132
 Relações Obrigacionais Contratuais e Extracontratuais
Se o endosso é realizado após o vencimento do título, continua válido; mas, 
se além de vencido, o prazo para protesto por falta de pagamento já se passou, 
o endosso terá os efeitos da cessão de crédito, ou seja, o endossante não 
responderá pelo pagamento. Este é o chamado endosso-póstumo (art. 920, CC). 
Os títulos de crédito podem ter seus pagamentos garantidos por 
aval (art. 897, CC), que podem ser feitos de maneira parcial nas letras de 
câmbio, notas promissórias, duplicatas e cheques (art. 30 Lei Uniforme). 
O aval é uma declaração unilateral própria do direito cambiário, em que 
um terceiro (ou um figurante do título) garante o pagamento do título, 
gerando responsabilidade solidária entre ele e o devedor. Caso haja 
indicação do avalizado, temos aval em preto; caso contrário, temos o 
aval em branco, relativo ao devedor final (art. 899, CC). 
O aval é regulado por dois princípios basilares: autonomia substancial e 
acessoriedade formal. O avalista assume obrigação autônoma, mas equivalente 
ao do avalizado (art. 899, §2º, CC); em razão da autonomia, porém ainda que o 
título seja eivado de alguma invalidade, o aval não é comprometido, devendo ser 
pago no vencimento. Ele pode ser feito de forma antecipada, emitido antes de 
aceite ou endosso, ou após o vencimento do título (art. 900, CC). 
Em caso de não pagamento dos títulos de crédito ou de recusa por parte do 
aceitante, o credor pode se utilizar do protesto, conceituado como “ato praticado 
pelo credor, perante o competente cartório, para fins de incorporarao título de 
crédito a prova de fato relevante para as relações cambiais, como a falta de aceite 
ou pagamento da letra de câmbio” (COELHO, 2002, p. 423). 
Em relação à letra de câmbio, caso o credor (tomador) procure o devedor 
(sacador) para que este pague o título em razão de recusa do aceitante (que 
gera vencimento antecipado), o devedor poderá exigir a prova da falta de aceite, 
mediante protesto. Da mesma forma, afirma Gonçalves (2014, p. 449-450):
O protesto é o “ato praticado pelo credor, perante o competente 
cartório, para fins de incorporar ao título de crédito a prova de fato 
relevante para as relações cambiais, como a falta de aceite ou 
pagamento da letra de câmbio” (COELHO, 2002, p. 423).
O aval é uma 
declaração unilateral 
própria do direito 
cambiário, em 
que um terceiro 
(ou um figurante 
do título) garante 
o pagamento do 
título, gerando 
responsabilidade 
solidária entre ele e 
o devedor.
133
Teoria das Obrigações Extracontratuais: Obrigações 
por Declaração Unilateral De Vontade Capítulo 3 
Se o aceitante não paga a letra de câmbio no vencimento, o 
credor deve protestá-la por falta de pagamento nos dois dias 
seguintes àquele em que é pagável (Lei Uniforme, art. 44). Se 
tal não foi feito, ou se a apresentação do título em cartório se 
deu fora desse prazo, a consequência será a inexigibilidade 
do crédito nele mencionado contra os demais coobrigados 
cambiários, quais sejam, sacador, endossantes e seus 
respectivos avalistas (art. 53). O endossatário, por exemplo, 
que perde o prazo para a efetivação do protesto por falta de 
pagamento, não pode cobrar a letra do sacador, endossante 
e seus avalistas, embora possa fazê-lo contra o aceitante e o 
avalista do aceitante, perante os quais a falta do protesto não 
produz efeitos.
Assim, é possível inferir que o protesto por falta de pagamento do título é 
necessário para conservar o direito do credor (tomador). O pagamento da letra de 
câmbio para evitar a efetivação do protesto deve ser feito no cartório, com juros, 
correção monetária e eventuais despesas do credor. Efetuado o pagamento, o 
devedor pode solicitar o cancelamento do protesto, apresentando o próprio título 
como prova (art. 26 da Lei n. 9.492/97).
Se ainda assim o título não for pago, o credor poderá buscar a satisfação 
de seu direito por meio judicial, através da execução de títulos extrajudiciais (art. 
784 do Novo Código de Processo Civil). A execução é considerada uma espécie 
de ação cambial, ou seja, trata-se de um procedimento no qual a defesa do 
devedor é extremamente restrita; não se discute nessas ações a existência ou 
não da dívida, já comprovada pela mera existência do título. O intuito é atingir o 
patrimônio do devedor para que o crédito seja satisfeito. 
Passamos agora às considerações a respeito da nota promissória. 
Diferentemente da letra de câmbio, não se trata de uma ordem, mas de uma 
promessa de pagamento. Como consequência, teremos apenas dois indivíduos 
figurando na relação estabelecida pelo título: o emitente (sacador) e o beneficiário 
(tomador). Não há sacado nem aceite, mas há endosso (motivo pelo qual o 
emitente se responsabiliza a pagar a terceiro, endossatário do beneficiário 
original), aval (inclusive, se houver aval em branco considera-se avalizado o 
emitente original), protesto e ação cambial. 
Para que produza efeitos cambiais, a nota promissória precisa atender aos 
seguintes requisitos, elencados nos arts. 75 e 76 da Lei Uniforme:
a) a expressão “nota promissória”, inserta no texto do título, 
na mesma língua utilizada para a sua redação; b) a promessa 
incondicional de pagar quantia determinada; c) nome do 
tomador; d) data do saque; e) assinatura do subscritor; f) 
lugar do saque, ou menção de um lugar ao lado do nome do 
subscritor. Como é exigido o “nome do tomador”, não produzirá 
efeitos cambiais a nota promissória emitida ao portador 
(GONÇALVES, 2014, p. 451).
134
 Relações Obrigacionais Contratuais e Extracontratuais
A nota promissória é disciplinada pelo Decreto n. 2.044/1908 (Lei Saraiva, 
arts. 54 a 56) e pela Lei Uniforme, incidindo sobre este título todas as disposições 
relativas à letra de câmbio, desde que preservadas as suas particularidades. 
Figura 2 – Exemplo de Nota Promissória
Fonte: Disponível em:<http://recibopronto.com/wp-content/uploads/2015/02/
Formul%C3%A1rio-Nota-Promiss%C3%B3ria3.jpg>. Acesso em: 6 fev. 2018.
Passamos agora ao título de crédito mais difundido no Brasil, o 
cheque. Assim como a letra de câmbio, o cheque é uma ordem de 
pagamento; a diferença é que o pagamento deve ser efetuado à vista, 
ou seja, imediatamente. Ele é emitido contra um banco ou instituição 
financeira, que deverá pagar o valor estabelecido para terceiro ou 
mesmo para o próprio emitente. 
Assim, o cheque funciona da seguinte forma: Nathália emite um 
cheque em favor de Beatriz (sacador), ou a seu próprio favor, que deverá 
ser paga pelo Banco do Amanhã (sacado). Observa-se que o sacado 
sempre será um banco ou uma instituição financeira, já que sua forma 
é padronizada e exige que seja emitida por uma dessas instituições, em 
talonário, avulso, ou ainda por meio eletrônico (Resolução 885/83 do 
Banco Central; Lei Uniforme e Lei 7.357/85, a Lei do Cheque).
Conforme Gonçalves (2014, p. 452), são essenciais ao cheque:
 
a) a palavra “cheque”, escrita no texto do título, na língua 
empregada para a sua redação; b) a ordem incondicional de 
pagar quantia determinada; c) o nome do banco a quem a 
ordem é dirigida (sacado); d) data do saque; e) lugar do saque 
ou menção de um lugar junto ao nome do emitente; f) assinatura 
do emitente (sacador). Esta pode ser mecânica ou por processo 
equivalente, por exemplo, eletrônico (art. 2º, parágrafo único). O 
emitente deve estar identificado no cheque pelo nome e número 
O cheque é 
uma ordem de 
pagamento; a 
diferença é que o 
pagamento deve 
ser efetuado à 
vista, ou seja, 
imediatamente. Ele 
é emitido contra um 
banco ou instituição 
financeira, que 
deverá pagar o valor 
estabelecido para 
terceiro ou mesmo 
para o próprio 
emitente.
135
Teoria das Obrigações Extracontratuais: Obrigações 
por Declaração Unilateral De Vontade Capítulo 3 
de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF), por exigência 
do art. 3º da Lei n. 6.268/75 e respectiva regulamentação pelo 
Banco Central. A Lei n. 9.069/95 exige ainda, no art. 69, um 
requisito essencial para os cheques superiores a R$ 100,00, que 
é a identificação do tomador ou beneficiário.
Para que se efetive, o emitente e o sacado precisam ter um acordo prévio, 
mediante o qual o emitente abre uma conta corrente na qual deverá estar o dinheiro 
para pagamento do beneficiário. Assim, levando em consideração o exemplo 
acima, se Beatriz apresentar o cheque ao Banco do Amanhã e for informada de 
que a conta corrente de Nathália não tem dinheiro o bastante para cobrir o valor 
indicado, o título será ineficaz e o banco não poderá ser responsabilizado.
CHEQUE VIRA RARIDADE E TEM MENOR CIRCULAÇÃO NO 
PERÍODO DE 20 ANOS
No período, quantidade reduziu 78%; em um ano, são R$ 1,8 
bilhão a menos
Entre os objetos que José Rosa, 45 anos, afirma que precisa 
jogar fora estão dois talões de cheques. “A última vez que usei 
cheque foi há oito anos”, estimou o mototaxista, em menção a uma 
forma de pagamento cada vez mais em desuso. Em 2017, a queda 
foi recorde: a quantidade e o valor das transações com cheques em 
Mato Grosso do Sul foram os menores dos últimos 20 anos.
Dados do Banco Central mostram que, de janeiro a dezembro 
do ano passado, foram trocados 6,73 milhões de cheques em todo o 
Estado com movimentação correspondente a R$ 11,97 bilhões. O 
volume de documentos vem caindo ininterruptamente há sete anos e 
recuou, em 2017, para a menor marca desde 1997, quando teve início 
a série histórica do levantamento. Nesse período, a retração foi de 78%.
Fonte: Disponível em:<https://www.campograndenews.com.br/economia/cheque-vira-raridade-e-tem-menor-circulacao-no-periodo-de-20-anos>. Acesso em: 6 fev. 2018.
136
 Relações Obrigacionais Contratuais e Extracontratuais
Assim como os demais títulos de crédito à ordem, o cheque pode ser 
transferido por endosso. O emitente pode, porém, incluir a cláusula “não à 
ordem”, que fará com que a circulação do título tenha efeitos de cessão civil. O 
endossante é codevedor do cheque, podendo se desobrigar dessa função quando 
inserir a cláusula “sem garantia” no título. 
Existem quatro tipos de cheque: cheque visado, cheque administrativo, 
cheque cruzado e cheque para se levar em conta. O cheque visado é aquele 
que a instituição financeira, a pedido do emitente, lança no verso do cheque 
ainda não endossado, a existência de fundo suficiente em conta corrente para 
quitação do título (Lei do Cheque, art. 7º). Conforme Gonçalves (2014, p. 453): 
“O lançamento do visto no cheque não importa nenhuma obrigação cambial do 
banco, que apenas efetua uma espécie de bloqueio do valor nele indicado. O 
sacado somente poderá ser responsabilizado civilmente se deixar de realizar o 
referido bloqueio.”.
O cheque administrativo é emitido pelo próprio banco, ele também atuará 
como sacado em favor de terceiro (Lei do Cheque, art. 9º, III). É utilizado nos 
negócios de maior valor, pois afasta a insuficiência de fundos para sua quitação. 
O cheque cruzado é caracterizado pela inserção de dois traços paralelos 
no anverso do título no intuito de possibilitar a identificação da pessoa em favor 
de quem ele foi liquidado. Pode ser geral, devendo ser apresentado ao banco 
em que o beneficiário possui conta, ou especial, que constará entre os traços, a 
identificação de um banco específico, só podendo ser pago por este. 
Por fim, o cheque para se levar em conta é aquele em que o pagamento em 
dinheiro pelo banco e sua circulação são vedados pelo emitente. Para tanto, este 
deve inserir no cruzamento a transcrição do número da conta do credor, sendo 
que só poderá obter o valor indicado com o depósito do cheque em conta. 
Há que se falar ainda do chamado cheque pré-datado, tipo que não encontra 
respaldo legal, originando-se do costume das relações comerciais. Conforme 
Gonçalves (2014, p. 453), “Nas vendas a prazo é comum o pagamento ser 
realizado mediante a entrega ao vendedor de vários cheques, tantos quantos forem 
as parcelas, emitidos com data futura”. Como o cheque é ordem de pagamento à 
vista, se for apresentado ao banco antes da data combinada, a instituição deverá 
fazer o pagamento, o que pode acarretar diversos prejuízos para o emitente. Por 
isso, a súmula 370 do STJ diz expressamente que “caracteriza dano moral a 
apresentação antecipada de cheque pré-datado”.
137
Teoria das Obrigações Extracontratuais: Obrigações 
por Declaração Unilateral De Vontade Capítulo 3 
Figura 3 – Exemplo de cheque cruzado
Fonte: Disponível em:<https://blog.rebel.com.br/wp-content/
uploads/2018/01/image2-5.jpg>. Acesso em: 6 fev. 2018.
Súmula 370 STJ – “CARACTERIZA DANO MORAL A 
APRESENTAÇÃO ANTECIPADA DE CHEQUE PRÉ-DATADO.”
Recurso especial – Ação de indenização por danos morais em 
razão da apresentação antecipada de cheque pré-datado, ensejando 
a inscrição do nome do emitente no Banco Central – Procedência – 
Prova do dano – Desnecessidade – Incidência do enunciado n. 83/
STJ – Quantum indenizatório – Razoabilidade – Recurso a que se 
nega seguimento. (Nota da Redação INR: ementa oficial)
EMENTA
RECURSO ESPECIAL – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS 
MORAIS EM RAZÃO DA APRESENTAÇÃO ANTECIPADA DE 
CHEQUE PRÉ-DATADO, ENSEJANDO A INSCRIÇÃO DO NOME DO 
EMITENTE NO BANCO CENTRAL – PROCEDÊNCIA – PROVA DO 
DANO – DESNECESSIDADE – INCIDÊNCIA DO ENUNCIADO N. 83/
STJ – QUANTUM INDENIZATÓRIO – RAZOABILIDADE – RECURSO 
A QUE SE NEGA SEGUIMENTO. (STJ – REsp nº 1.222.180 – AL – 3ª 
Turma – Rel. Min. Massami Uyeda – DJ 25.03.2011)
DECISÃO MONOCRÁTICA
Cuida-se de recurso especial interposto pelo BANCO 
SANTANDER BRASIL S/A INCORPORADOR DO BANCO ABN 
AMRO REAL S/A fundamentado no art. 105, inciso III, alíneas “a” 
138
 Relações Obrigacionais Contratuais e Extracontratuais
e “c”, da Constituição Federal, em que se alega violação dos arts. 
160, I, 186 e 884 do CC; 4º, § 1º da Lei 7357/85; 5º, II da CF/88 e 
divergência jurisprudencial.
O v. acórdão recorrido está assim ementado:
“DIREITO CIVIL, EMPRESARIAL E CONSUMERISTA. 
APELAÇÃO. CONTRATAÇÃO DE SERVIÇO BANCÁRIO 
CONSUBSTANCIADO EM “PAGAMENTO DE CONTA 
PROGRAMADA COM CHEQUE”. APRESENTAÇÃO DE CHEQUE 
PÓS-DATADO ANTES DA DATA AVENÇADA. DEVOLUÇÃO POR 
INSUFICIÊNCIA DE FUNDOS. REAPRESENTAÇÃO AINDA ANTES 
DA DATA AVENÇADA. NOVA DEVOLUÇÃO. INSERÇÃO DO NOME 
DA EMPRESA NO CADASTRO DE CHEQUES SEM FUNDOS (CCF). 
DANO MORAL CONFIGURADO. SÚMULA 370, STJ. ADEQUAÇÃO 
DO QUANTUM INDENIZATÓRIO ARBITRADO. APELAÇÃO 
ADESIVA. PRETENSÃO DE MAJORAÇÃO DO MONTANTE 
ARBITRADO A TÍTULO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. 
MATÉRIA JÁ APRECIADA NO APELO PRINCIPAL.
1. De forma assente, na doutrina e na jurisprudência, observa-se 
uma aceitação da ampliação da definição legal, de modo a admitir-
se a utilização do cheque, não só para pagamentos à vista, mas 
também na modalidade pós-datada, na qual, pode-se dizer, esse 
título de crédito assume ares de nota promissória.
2. Tão recorrente é a matéria em debate, e tão sólido é o 
entendimento do STJ sobre o tema, que a referida Corte Superior editou, 
em fevereiro de 2009, a Súmula 370, cujo teor especifica: “caracteriza 
dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado”.
3. Ao arbitrar o valor atinente à indenização por danos morais, 
o Magistrado deve levar em consideração não apenas os interesses 
do ofendido – exercendo, aí, um juízo de valor acerca do potencial 
ofensivo da conduta causadora do dano e das proporções da 
repercussão desse evento em sua vida. Também não se poderá 
olvidar que, em relação ao ofensor, a indenização arbitrada deve ter, 
proporcionalmente ao seu patrimônio, a função de inibir reiteradas 
condutas danosas, estimulando um maior cuidado deste em relação 
a novas situações futuras. Por fim, mas não menos importante, o 
aplicador do direito não pode permitir que o montante por ele aplicado 
a título de indenização se afigure como forma de enriquecimento ilícito.
139
Teoria das Obrigações Extracontratuais: Obrigações 
por Declaração Unilateral De Vontade Capítulo 3 
4. Promovendo, in casu, a análise de todas as circunstâncias 
pontuadas acima, entende-se como adequado o valor da indenização 
imposta pelo Magistrado a quo, cujo montante, por certo, apresenta-
se razoável em relação a todas as suas finalidades, não sendo 
pertinente, portanto, a sua modificação.
5. Apelação principal conhecida e não provida.
6. No que se refere à Apelação Adesiva, verifica-se que o tema 
nela abordado já foi devidamente debatido e decidido ao final da 
análise da Apelação principal, razão pela qual se consigna, nesse 
momento, a título de apreciação deste Apelo adesivo, a reiteração 
das considerações ali explanadas quanto ao referido assunto, 
as quais concluíram pela adequação do montante indenizatório 
estabelecido em sede de primeiro grau. 
7. Apelo Adesivo conhecido e não provido.
Sustenta o recorrente, em síntese, que, sendo o cheque ordem 
de pagamento à vista, sua conduta reputa-se legal, não havendo que 
se falar em indenização. Alega, ainda, a exorbitância do quantum 
indenizatório.
É o relatório.
O inconformismo não merece prosperar.
Com efeito.
Cuida-se, na origem, de ação de indenização por dano moral 
proposta pelo ora recorrido em face do recorrente, em razão da 
apresentação antecipada de cheque pré-datado, ocasionando a 
devolução dos títulos por falta de fundos e a consequente inscrição 
de seu nome no Banco Central.
Bem de ver, na espécie, que o Tribunal de origem, com base 
no acervo probatório reunido nos autos, reconheceu a indevida 
apresentação do cheque pré-datado em data anterior à avençada, 
ocasionando a inscriçãodo nome do agravado no Banco Central e 
ensejando a este, por conseguinte, dano moral. É o que se denota do 
seguinte excerto:
“Diante de tais considerações, irrelevante se torna a alegação 
do Apelante de que a segunda apresentação do cheque emitido 
pela Apelada se deu em razão de autorização expressa de um 
140
 Relações Obrigacionais Contratuais e Extracontratuais
representante desta nesse sentido, mormente porque não consta, 
dos autos, qualquer comprovação de que tal autorização tenha, de 
fato, ocorrido.
[...]
No caso em tela, o fato narrado pela empresa ora Apelada – 
emissão de cheque pós-datado e apresentação deste pelo Apelante 
antes da data avençada – apresenta-se, indubitavelmente, verossímil, 
até porque o Recorrente, em momento algum, contesta tal situação e 
o documento de fl. 22 a corrobora.
Quanto ao dano sofrido pela empresa Recorrida, é inegável 
que não se trata de dano hipotético, pois para ela, assim como para 
qualquer outra empresa que atue em qualquer ramo, a credibilidade 
perante a clientela é de vital importância, sendo certo que a inserção 
de seu nome no Cadastro de Cheques sem Fundos (CCF) é fato 
que abala a sua imagem perante terceiros, além de provocar-lhe 
restrições no mercado.
Assim, é de se concluir que caberia, ao Banco Apelante, na 
condição de fornecedor do serviço, promover a comprovação de que os 
fatos não ocorreram conforme a narrativa da Apelada, o que, contudo, 
não se observa. Até mesmo o frágil argumento de que a reapresentação 
do cheque em questão teria sido expressamente autorizada por um 
representante da empresa recorrida é apenas lançado, sem que se 
verifique, nos autos, qualquer prova nesse sentido.
Diante de tais considerações, não há como negar que a conduta 
do Apelante, diferentemente do que por ele é defendido, revestiu-se do 
caráter de negligência, pois a ele caberia o cuidado para que não se 
desse a apresentação antecipada do cheque emitido pelo seu cliente, 
mormente quando se trata da contratação de um serviço por ele 
oferecido, qual seja, o “Pagamento de Conta Programada com Cheque”.
Constata-se que o Tribunal de origem, ao assim decidir, adotou 
entendimento consonante com o posicionamento pacificado desta 
Corte que é no sentido de que a apresentação de cheque pós-
datado em data anterior à estipulada, acarretando a devolução do 
título por ausência de fundos e o consequente registro nos cadastros 
de emitentes de cheques sem fundos, gera o dever de indenizar, 
independentemente da prova do prejuízo.
141
Teoria das Obrigações Extracontratuais: Obrigações 
por Declaração Unilateral De Vontade Capítulo 3 
Nesse sentido, assim já se decidiu:
“Civil Recurso especial. Cheque pré-datado. Apresentação 
antes do prazo. Compensação por danos morais.
[...]
– A apresentação do cheque pré-datado antes do prazo 
estipulado gera o dever de indenizar, presente, como no caso, a 
devolução do título por ausência de provisão de fundos. Recurso 
especial não conhecido.” (REsp 707272/PB, Relatora Ministra Nancy 
Andrighi, DJ 21/03/2005)
E, ainda: REsp 659760/MG, relator Ministro Aldir Passarinho 
Júnior, DJ de 29.5.2006 e REsp 678878/MT, relator Ministro Fernando 
Gonçalves, DJ de 6.6.2005.
Assim, inarredável, na espécie, a aplicação do Enunciado n. 83/STJ.
Assinala-se, por fim, que a revisão do quantum indenizatório 
por esta Corte exige que ele tenha sido arbitrado de forma irrisória 
ou exorbitante, fora dos padrões de razoabilidade, circunstância que 
não se verifica no caso concreto. Nesse sentido, esta augusta Corte 
assim já se pronunciou:
“AGRAVO INTERNO – AGRAVO DE INSTRUMENTO – RECURSO 
ESPECIAL – INSCRIÇÃO INDEVIDA NO SERASA – AUSÊNCIA 
DE CULPA DO BANCO – REVISÃO DA PROVA – INDENIZAÇÃO – 
DANOS MORAIS – QUANTUM INDENIZATÓRIO – RAZOABILIDADE 
– SÚMULA 7/STJ. (...) III – É possível a intervenção desta Corte para 
reduzir ou aumentar o valor indenizatório por dano moral apenas nos 
casos em que o quantum arbitrado pelo acórdão recorrido se mostre 
irrisório ou exagerado, situação que não ocorreu no caso concreto. 
IV – Em âmbito de recurso especial, não há campo para se revisar 
entendimento assentado em provas, conforme está sedimentado no 
enunciado 7 da Súmula desta Corte. Agravo improvido.” (AgRg/Ag 
634288/MG, Rel. Min. Castro Filho, DJU de 10.09.2007).
Na hipótese, o valor arbitrado, pela Corte de origem, em R$ 
6.000,00 (seis mil reais), a título de danos morais, em razão da 
apresentação de cheque pós-datado antes do prazo estipulado e a 
consequente anotação do nome do autor nos cadastros de emitentes 
de cheques sem fundos (CCF), não se apresenta manifestamente 
142
 Relações Obrigacionais Contratuais e Extracontratuais
exorbitante, a ponto de atrair a intervenção excepcionalíssima deste 
Sodalício Superior.
Ressalte-se, por oportuno, que a simples existência de julgados 
em que a verba indenizatória foi arbitrada em valor superior ou inferior 
ao caso concreto não autoriza, por si só, o seguimento do recurso, 
quando verificado que a Instância ordinária, em análise do contexto 
fático-probatório, fixou a indenização em quantia que não extrapola 
o critério de razoabilidade. Nesse sentido, estes precedentes: REsp 
992.421/RS, 3ª Turma, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, Rel. p/ 
acórdão João Otávio de Noronha, DJe 12/12/2008; Ag 1066779/PR, 
Rel. Ministra Nancy Andrighi, DJ 30/10/2008.
Nega-se, pois, seguimento ao recurso.
Publique-se. Intimem-se.
Brasília (DF), 04 de março de 2011.
MINISTRO MASSAMI UYEDA – Relator.
Fonte: Disponível em:<http://www.mundonotarial.org/
sumula370.html>. Acesso em: 6 fev. 2018.
Resta-nos agora algumas observações a respeito da duplicata. Trata-se de 
título à ordem oriundo do costume brasileiro. Conforme Gonçalves (2014, p. 455):
Sua regulamentação remonta ao Código Comercial de 1850, 
que impunha aos comerciantes atacadistas, na venda aos 
retalhistas, a emissão da fatura ou conta, isto é, a relação por 
escrito das mercadorias entregues. O instrumento devia ser 
emitido em duas vias (“por duplicado”, dizia a lei), as quais, 
assinadas pelas partes, ficariam uma em poder do comprador, 
e outra do vendedor. A conta assinada pelo comprador, por sua 
vez, era equiparada aos títulos de crédito, inclusive para fins 
de cobrança judicial.
Disciplinada na Lei 5.474/68 (Lei das Duplicatas) e no Decreto-Lei n. 
436/69, sua função é de natureza comercial. O título é emitido e entregue 
pelo vendedor (credor) ao comprador (devedor, sacado e aceitante), 
nas vendas mercantis a prazo, com aceite obrigatório, diferentemente 
da letra de câmbio. Em geral, a duplicata é negociada pelo comerciante 
com instituições financeiras mediante cessão de crédito. 
O título é emitido 
e entregue pelo 
vendedor (credor) 
ao comprador 
(devedor, sacado 
e aceitante), nas 
vendas mercantis 
a prazo, com 
aceite obrigatório, 
diferentemente da 
letra de câmbio. Em 
geral, a duplicata 
é negociada 
pelo comerciante 
com instituições 
financeiras mediante 
cessão de crédito.
143
Teoria das Obrigações Extracontratuais: Obrigações 
por Declaração Unilateral De Vontade Capítulo 3 
É passível de endosso, aval, protesto e ação cambial. Sobre o protesto, 
ele poderá ser feito pela falta de aceite; quando o título não for devolvido pelo 
comprador e pela falta de pagamento. 
Há que se mencionar ainda a possibilidade de emissão de duplicata por 
prestação de serviços (art. 20 da Lei n. 5.474/68), que podem ter o aceite negado 
caso os serviços prestados não forem os efetivamente contratados; forem eivados 
de vícios; ou comportarem divergência quanto aos prazos e preços. 
Figura 4 – Exemplo de Duplicata
Fonte: Disponível:<http://cosif.com.br/imgs/leisfn/dm.jpg>. Acesso em: 6 fev. 2018.
DUPLICATA VIRTUAL:
Previsão legal
A Lei de Duplicatas (Lei n° 5.474/68) não previu as chamadas 
duplicatas virtuais, até mesmo porque naquela época os sistemas 
informatizados ainda não estavam tão desenvolvidos.
A Min. Nancy Andrighiafirma, contudo, que as duplicatas 
virtuais encontram previsão legal no art. 8º, parágrafo único, da Lei 
n° 9.492/97 e no art. 889, § 3º do CC-2002.
144
 Relações Obrigacionais Contratuais e Extracontratuais
Como funciona
1) O contrato de compra e venda ou de prestação de serviços é 
celebrado.
2) Ao invés de emitir uma fatura e uma duplicata em papel, o 
vendedor ou fornecedor dos serviços transmite em meio magnético 
(pela internet) a uma instituição financeira os dados referentes a 
esse negócio jurídico (partes, relação das mercadorias vendidas, 
preço etc.).
3) A instituição financeira, também pela internet, encaminha ao 
comprador ou tomador de serviços um boleto bancário para que o 
devedor pague a obrigação originada no contrato. Ressalte-se que 
esse boleto bancário não é o título de crédito. O título é a duplicata 
que, no entanto, não existe fisicamente. Esse boleto apenas contém 
as características da duplicata virtual.
4) Se chegar o dia do vencimento e não for pago o valor, o credor 
ou o banco (encarregado da cobrança) encaminharão as indicações 
do negócio jurídico ao Tabelionato, também em meio magnético, e o 
Tabelionato faz o protesto do título por indicações.
5) Após ser feito o protesto, se o devedor continuar inadimplente, 
o credor ou o banco ajuizarão uma execução contra ele, sendo que 
o título executivo extrajudicial será: o boleto de cobrança bancária + 
o instrumento de protesto por indicação + o comprovante de entrega 
da mercadoria ou da prestação dos serviços.
A duplicata virtual é válida?
1ª corrente: NÃO. Wille Duarte Costa.
2ª corrente: SIM. Fábio Ulhoa Coelho e a maioria da doutrina.
O STJ considera válida a duplicata virtual?
SIM. Havia alguns julgados contrários, mas ano passado foi 
proferido precedente favorável (REsp 1.024.691-PR) e agora a 2ª Seção 
do STJ pacificou o tema afirmando ser legítima a duplicata virtual.
(EREsp 1.024.691-PR, Rel. Min. Raul Araújo, julgados em 
22/8/2012)
145
Teoria das Obrigações Extracontratuais: Obrigações 
por Declaração Unilateral De Vontade Capítulo 3 
b) Títulos nominativos
O artigo 921 do Código Civil afirma que os títulos nominativos são aqueles 
emitidos “em favor de pessoa cujo nome conste no registro do emitente”. Sua 
transferência ocorre por termo, em registro do emitente, assinado pelo proprietário 
e pelo adquirente (art. 922, CC) ou por endosso, desde que contenha o nome do 
endossatário (art. 923, CC). Também poderá ser transformado em título à ordem 
ou ao portador, por solicitação do proprietário (art. 924, CC). 
É interessante pontuar a crítica de Coelho (2002, p. 384) aos títulos 
nominativos:
[...] além de não existir título de crédito nenhum, no direito 
brasileiro, que atenda aos requisitos para se considerar 
nominativo, confunde, nos títulos ao portador, efeito com 
conceito da classe (o título ao portador é o que não identifica o 
credor e por isso se transfere pela simples tradição).
Algumas Considerações 
Conforme mencionado, as obrigações civis encontram fundamento na lei, 
disciplinando os contratos, os atos ilícitos e, ainda, os atos unilaterais de vontade. 
Compreendidos como atos jurídicos oriundos da manifestação individual de 
vontade, os atos unilaterais independem da figura prévia de um credor. 
Segundo decidiu o STJ, as duplicatas virtuais emitidas e 
recebidas por meio magnético ou de gravação eletrônica podem ser 
protestadas por mera indicação, de modo que a exibição do título não 
é imprescindível para o ajuizamento da execução, conforme previsto 
no art. 8º, parágrafo único, da Lei n. 9.492/1997.
Os boletos de cobrança bancária vinculados ao título virtual 
devidamente acompanhados dos instrumentos de protesto por 
indicação e dos comprovantes de entrega da mercadoria ou da 
prestação dos serviços suprem a ausência física do título cambiário 
eletrônico e constituem, em princípio, títulos executivos extrajudiciais.
Fonte: Disponível em:<http://www.dizerodireito.com.br/2012/09/a-
duplicata-virtual-e-admitida-pela.html>. Acesso em: 6 fev. 2018.
146
 Relações Obrigacionais Contratuais e Extracontratuais
Disciplinados nos artigos 854 a 909, do Código Civil, o direito brasileiro conta 
com cinco atos unilaterais de vontade: 1) Promessa de recompensa; 2) Gestão de 
negócios; 3) Pagamento indevido; 4) Enriquecimento sem causa; 5) Títulos de crédito. 
Nos primeiros, o indivíduo promete uma contraprestação a quem quer que se 
enquadre nos requisitos estabelecidos; no segundo, um perigo iminente compele o 
terceiro a administrar negócio que não é seu, no intuito de evitar maiores prejuízos 
ao dono efetivo; o terceiro e quarto referem-se às hipóteses de erro no pagamento 
da contraprestação que irá gerar um prejuízo indevido para uma parte e um lucro 
injusto para a outra. Por fim, temos os títulos de crédito, que, uma vez emitidos, 
representam em si mesmos uma obrigação a ser quitada, independentemente do 
negócio jurídico que lhe tenha originado. 
Desta forma, o presente capítulo teve por objetivo apresentar as principais 
características dos atos unilaterais de vontade, permitindo que o jurista estudante 
saiba como agir nas causas em que tais atos estejam presentes. 
Referências
BRASIL. Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário 
Oficial da União. Brasília, 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
CCivil_03/Leis/2002/L10406.htm>. Acesso em: 10 fev. 2018.
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro – Teoria das Obrigações 
Contratuais e Extracontratuais. São Paulo: Saraiva, 2011.
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial. São Paulo: Saraiva, 2002.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: contratos e atos 
unilaterais. São Paulo: Saraiva, 2014.
LUCCA, Newton de. Comentários ao novo Código Civil. Coord. de Sálvio de 
Figueiredo Teixeira. Rio de Janeiro: Forense, 2003. 
MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil. São Paulo: Saraiva, 
1997.

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