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Direito das Obrigações II - Volume I Menezes Leitão
Direito (Universidade de Lisboa)
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Direito das Obrigações II - Volume I Menezes Leitão
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1 
 
ÍNDICE. 
Capítulo I. Obrigações e Contratos. ........................................................................................... 3 
1. Classificação das Obrigações.......................................................................................... 3 
a) Obrigações Simples e complexas................................................................................ 3 
b) Obrigações principais, secundárias e acessórias. ........................................................ 3 
c) Obrigações naturais e civis. ........................................................................................ 4 
2. Classificação das Obrigações em função dos tipos de prestações. .................................. 6 
2.1. Prestação de coisa e de facto. ................................................................................ 6 
2.2. Prestações fungíveis e infungíveis. ......................................................................... 7 
2.3. Obrigações instantâneas e prestações duradouras. ................................................ 7 
2.4. Prestações de resultados e prestações de meios. ................................................... 8 
2.5. Prestações divisíveis e prestações indivisíveis. ....................................................... 9 
2.6. Prestações determinadas e prestações indeterminadas. ........................................ 9 
2.7. Prestações genéricas e prestações específicas. .................................................... 10 
2.8. As Obrigações Pecuniárias. .................................................................................. 13 
2.9. As Obrigações de Juros. ....................................................................................... 14 
3. Indeterminação e pluralidade de partes na relação obrigacional. ................................ 15 
3.1. A Indeterminação do credor na relação obrigacional. .......................................... 15 
3.2. A pluralidade de partes na relação Obrigacional. ................................................. 15 
3.2.1. Solidariedade passiva: ...................................................................................... 17 
3.2.2. As Obrigações Plurais indivisíveis. .................................................................... 18 
Secção I – Contratos. ............................................................................................................... 20 
1. Contratos Mistos. ........................................................................................................ 21 
2. União de contratos. ..................................................................................................... 23 
3. Contractos preliminares. ............................................................................................. 23 
3.1. Contrato-promessa .............................................................................................. 24 
3.2. Pacto de preferência ............................................................................................ 34 
4. O conteúdo dos contratos ........................................................................................... 41 
4.1. Contrato a favor de terceiro ................................................................................. 41 
4.2. O contrato para pessoa a nomear ........................................................................ 45 
 
 
 
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2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3 
 
Direito das Obrigações II 
Capítulo I. Obrigações e Contratos. 
1. Classificação das Obrigações. 
a) Obrigações Simples e complexas. 
 Obrigação Simples = só há um crédito, uma só dívida. Exemplo: quando A deve a B 
(vinculo de prestar entre A e B) – art.397ºC.C. 
 Relação obrigacional complexa = a obrigação é um conjunto de vínculos emergentes do 
mesmo facto jurídico.  A obrigação não pode ser reconduzível estruturalmente 
apenas aos elementos do direito de crédito e do dever de prestação, mas incluir 
também um conjunto de situações jurídicas que se unem num fim que é a realização do 
próprio interesse do credor. 
b) Obrigações principais, secundárias e acessórias. 
Exemplo: Compra e venda de máquina de lavar loiça.  Não se trata apenas de entregar a 
máquina, há outras obrigações: montar a máquina, garantir assistência técnica, etc. 
OU SEJA, de um lado temos: 
 Deveres principais; 
 Deveres secundários; 
 Deveres acessórios; 
 Sujeições. 
E do outro temos: 
 Direitos subjetivos; 
 Direitos potestativos; 
 Expectativas. 
 
Assim: 
 Deveres Principais = o dever de efetuar a prestação principal, que por sua vez pode 
analiticamente ainda ser decomposto em sub-deveres relativos a diversas condutas 
materiais e jurídicas.  São o núcleo da relação obrigacional (ex.: entrega da coisa); 
 Deveres secundários = são auxiliares do dever principal ou acessório deste.  Deveres 
que correspondem a prestações autónomas ainda que especificamente acordadas com 
o fim de complementar a prestação principal Servem para preparar o cumprimento ou 
para assegurar a sua realização (ex.: embalar, transportar, por a funcionar); 
o NOTA: poderá também haver deveres acessórios em obrigações 
simples. 
 Deveres secundários com prestações autónomas = são sucedâneos ou coexistentes do 
dever principal (ex.: dever de indemnizar no caso de impossibilidade do cumprimento 
da prestação); 
 Deveres acessórios de conduta = podem derivar de cláusulas contratuais ou podem 
resultar da boa-fé Permitem que a prestação seja feita de acordo com o interesse do 
credor e que não signifique danos para nenhuma das partes (ex.: deveres de cuidado, 
segurança, aviso). 
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TER EM CONTA: 
 Direito subjetivo do credor – direito relacionado com os deveres do devedor; 
 Direito potestativo\ expetativas – por exemplo de resolver o contrato quando a 
máquina não tinha as dimensões adaptáveis. 
O dever de prestar a prestação e o direito subjetivo do credor decorrem normalmente da 
situação obrigacional. O que traz mais dificuldade na concretização da obrigação são os deveres 
acessórios. 
c) Obrigações naturais e civis. 
 Obrigações Civis = o devedor está vinculado a prestar e se a obrigação não for 
voluntariamente cumprida, o credor poderá recorrer aos meios de coerção. 
 Obrigações Naturais (402ºCC e ss) = fundadas em deveres de ordem moral ou social e 
deveres de justiça: 
o Existem sem expressa consagração legal  Basta ser um dever social\moral 
que ponha em causa o princípio da justiça; 
o São verdadeiras obrigações sujeitas ao regime comum, com as especificidades 
constantes nos Artigos 403º e 404º CC; 
o Consagram a regra do soluti retentio – não pode ser devolvido o que foi 
prestado espontaneamente em cumprimento de obrigação natural. Considera-
se como uma obrigação cumprida. (Artigo 403º\1CC); 
 NOTA: mesmo que o devedor esteja convencido de que está a cumprir 
uma obrigação civil, nada altera a situação. 
o Por ser obrigação natural não pode ser imposta a sua realização coativamente, 
ou seja, não é judicialmente exigível. Exemplo: Artigo 754ºCC. 
 MAS, existem mecanismos lícitos por via não judicial como por exemplo 
o direito de Retenção (Artigo 754ºCC) e a Compensação de crédito 
(Artigo 847º\1\a); 
 Exemplo: 
 A credor de 1000€ por compra realizada no dia 1/04 a B 
 B credor por venda do bem Y 2000€ no dia 1/05 a A 
 A só estará a dever 1000€ - “encontro de contas”. – 
art.848ºC.C. 
 Menezes Cordeiro: em relação a A (emite declaração que só vai pagar a diferença- 
compensante) e B (compensado)  Efeitos da declaração – art.854ºC.C. – créditos 
consideram-se extintos a partir do momento em que se tornaram compensáveis. Como 
o crédito tem de ser exigível judicialmente, então não se aplica às obrigações naturais. 
A =Compensante B = Compensado 
A deve a B Obrigação Civil B deve a A Obrigação Civil 
A deve a B Obrigação Natural B deve a A Obrigação Civil (1) 
A deve a B Obrigação Civil B deve a A Obrigação Natural (2) 
(1) Se fosse A tiver a obrigação natural, não pode haver compensação porque não 
satisfaz o requisito do art.847º/1/a) 
(2) Se A declarar uma compensação, B fica beneficiado, porque o crédito deste não era 
exigível. 
 
 
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5 
 
o Exemplo típicos de obrigações naturais: 
 Dívidas prescritas (Artigo 304º\2CC) – Não determina a extinção da 
obrigação, simplesmente faz com que não seja judicialmente exigível. 
 Dívidas de jogo ilícito (Artigo 1245ºCC) 
 Obrigação de alimentos (Artigo 495º\3CC) 
o TER EM CONTA Artigo 845ºCC. 
 
 Menezes Leitão: as obrigações naturais não são verdadeiras obrigações jurídicas. 
Nelas não existe um vínculo jurídico em virtude do qual uma pessoa fique adstrita para 
com outra à realização da prestação (art.397ºC.C.). Não basta a mera existência de um 
dever moral e social para se considerar que existe um vínculo jurídico, visto que a 
própria lei recusa ao credor a possibilidade de exigência judicial.  Não existindo essa 
faculdade nas obrigações naturais, o direito de crédito não tem conteúdo, não se 
podendo considerar como um ativo no património do credor. Parece que na realidade, 
a obrigação natural aproxima-se mais de uma doação, apesar de não ser aplicável o 
regime das doações. O art.403º/1 não reside na juridificação da obrigação natural, mas 
antes na tutela da aquisição pelo credor natural, em consequência da prestação, à qual 
se atribui assim causa jurídica. 
IMOPORTANTE: IMPUGNAÇÃO PAULIANA: o credor poderá impugnar quando o devedor pagou 
uma prestação que ainda não era exigível ou que era natural a outro. – art.615º/2C.C. 
 
 Romano Martinez: Na versão atual do C.C., o legislador deixou de fazer depender 
a obrigação natural de uma previsão específica, ou seja, já não é necessário que 
haja a qualificação legislativa, assente no dever de justiça.  ASSIM, há 
obrigações naturais qualificadas e outras que não estão qualificadas. 
 
 Princípio da Equiparação 
 Aplica-se o regime das obrigações civis às obrigações naturais, exceto no que se relacione 
com a prescrição coativa e as prescrições especiais da lei. 
o Art.403º e 404º: as obrigações naturais seguem o regime das obrigações civis, exceto na 
parte da execução especial. 
 Então qual é a sua tutela jurídica? 
É a mera possibilidade de o credor conservar a prestação espontaneamente realizada – soluti 
retentio – art.403ºC.C. Exclui-se: 
o Prazos de prescrição; 
o Impugnação pauliana – passar os bens de A para B para não serem executados, 
podendo esta transmissão ser impugnada – art.610ºC.C. 
o A possibilidade de repetição do indevido – art.476º C.C. – salvo no caso de o devedor 
não ter a capacidade para realizar a prestação 
 Romano Martinez: a prestação neste caso não pode ser devolvida, se for feita 
espontaneamente, pois trata-se do cumprimento. O credor não recebeu uma 
doação, mas sim algo que tinha direito. 
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6 
 
2. Classificação das Obrigações em função dos tipos de prestações. 
 
 Objeto da Obrigação = Prestação, ou seja, a conduta a que o devedor está vinculado. 
NO ENTANTO, essa conduta pode consistir numa série de situações, as quais são por 
vezes objeto de um regime específico. 
Conteúdo da obrigação (art.397º): 
a) Meios: de modo diligente; 
b) Resultado: determinado fim; 
c) Garantia: de que o resultado seja obtido mesmo contra as vicissitudes externas. Foi 
acordado que haveria que obter uma determinada consequente independente das 
vicissitudes, vender um produto que tem a garantia que é garantido o resultado. 
 
2.1. Prestação de coisa e de facto. 
 Prestações de coisa – realizar a entrega de uma coisa ou devolver a coisa, associada a 
um quid. Aplica-se a classificação das coisas: fungíveis [se tem de ser exatamente 
aquele livro porque tinha uma dedicatória] e infungíveis [se pode ser qualquer 
exemplar daquele livro]; coisa presente ou futura. Prestação de dare, praestare e 
restituere  Dar, prestar e restituir. 
o NOTA: Nos casos de prestação de coisa o credor não tem qualquer tipo de 
direito sobre a coisa (só sucede sobre os direitos reais), mas antes um direito a 
uma prestação, que consiste na entrega dessa coisa. 
o Coisas futuras – Artigo 211ºCC: 
 Coisas ainda inexistentes 
 Coisas ainda não autónomas de outras coisas, mas que irão ser 
separadas 
 Coisas ainda não pertencentes ao sujeito 
NOTA: O artigo 399ºCC admite a prestação de coisas futuras, mas 
admite a existência de casos em que a lei o proíbe (Exemplo: Doação 
Artigo 942º\1 CC) 
 Prestações de facto – não é o bem em si, mas sim a realização de uma atividade onde 
poderá estar em causa uma coisa; material [pintar uma parede] ou jurídico [contrato 
por conta de outrem através de um mandato, o advogado que representa o cliente]; 
positivo [facere] ou negativo [non facere, ex: não concorrência, abstenção de não 
realizar, omissão]. 
 Menezes Leitão: mesmo nas prestações de coisa, o que acontece é o direito a um 
comportamento do devedor, neste caso entregar a coisa, e não propriamente dito 
a coisa. Mesmo no caso de por uma execução específica o credor conseguir que 
seja entregue a coisa, na realidade o que está em causa é o direito à prestação 
(art.827ºC.C.). 
o NOTA: normalmente as prestações e facto e de coisa aproximam-se dadistinção entre bens e serviços. 
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7 
 
2.2. Prestações fungíveis e infungíveis. 
 Fungível: são aquelas em que a prestação pode ser realizada por outrem que não o 
devedor, podendo assim este fazer-se substituir por outrem. É permitida a execução 
específica. 
 Infungível: são aquelas em que só o devedor pode realizar a prestação, não sendo 
permitido que este se faça substituir. Não é permitida a execução específica, pois a 
substituição do devedor não é permitida, extinguindo-se a prestação.  Admite-se, no 
entanto, em determinados casos, uma sanção pecuniária compulsória que visa coagir o 
devedor (art.829º-A C.C.) 
o A infungibilidade da prestação, não significa que o devedor não possa se fazer 
socorrer de auxiliares, mas não poderá fazer-se substituir. 
 
 NOTA: art.767º/1C.C.  regra geral o devedor pode fazer-se substituir! 
o Normalmente as prestações de coisa são fungíveis, pois é irrelevante para o credor 
quem realiza a prestação, desde que seja entregue o que o credor quer (a coisa 
poderá ser fungível ou infungível). 
 Só não será se devido à natureza das circunstâncias ou por acordo das partes 
é que terá que ser o devedor a entregar a coisa. Se o credor recusar que um 
terceiro vá entregar, quem incorre em incumprimento é o credor, 
normalmente é mais fácil recorrer à penhora. 
o Na prestação de facto é que se distingue se estamos perante uma prestação 
fungível ou não  Importa saber se a prestação terá que ser realizada pelo 
devedor ou não. 
 Se tiver de ser realizada pelo devedor estamos perante uma infungível, 
se poder ser feita por terceiro então é fungível. Pressupondo uma 
atividade, não é irrelevante quem a realiza.  Exemplo: A contrata um 
determinado advogado que depois é substituído. Tem consequências a 
nível do cumprimento e do incumprimento. Se aparecer terceiro para 
fazer, há um incumprimento do devedor e o credor poderá 
legitimamente recusar. – art.827º e ss C.C.. 
IMPORTANTE: Sempre que a substituição venha a prejudicar o credor a prestação feita por 
terceiro não é admitida. (art.767º/2 C.C.) 
 Ao abrigo da autonomia privada, as partes poderão definir que o devedor não se poderá 
fazer substituir ou que o poderá fazer, fazendo com que as prestações que são 
naturalmente fungíveis deixem de o ser. 
2.3. Obrigações instantâneas e prestações duradouras. 
 Permanentes – A execução se prolonga no tempo, em virtude de terem um um 
conteúdo ou comportamento prolongado no tempo ou uma repetição 
sucessiva de prestações isoladas num período de tempo. 
o EXEMPLO: contrato de arrendamento, tem de manter as condições de 
habitabilidade da casa  O inquilino paga todos os meses a renda e 
não se trata de uma nova prestação, decorre do contrato já existente. 
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8 
 
 Instantâneas – a entrega do livro faz-se num preciso momento em que é 
realizada a prestação  Consequências: a extinção dos vínculos – art.434ºC.C. 
o Ex: compra e venda: A vendeu a B um livro, de execução instantânea, o 
legislador determina que se haver resolução do contrato o efeito é 
retroativo, destrui o contrato, as prestações têm que ser devolvidas -
art.434º/1 
 Se for num contrato de execução continuada, se houver resolução, a eficácia não é 
retroativa, o que quer dizer, que resolvido o contrato, não há que devolver o gozo da 
coisa nem das rendas que foram feitas. -art.434º/2 
 
 Mas todas as prestações se vão circunscrever neste âmbito? 
o Por exemplo: pintar uma parede  Não se faz num momento, não será instantânea 
em sentido técnico, mas também não é uma prestação de execução continuada, 
será para um período relativamente curto. 
o Outro Exemlpo: Prestações de facto em que essa prestação poderá ser realizada 
durante um determinado período de tempo. 
Qual é o melhor mecanismo a aplicar? No caso da construção da casa que durou 2 anos, parece 
que é continuada. O segundo exemplo será de execução instantânea. 
 
 Menezes Leitão: diz que o critério para averiguar se se trata de uma prestação 
duradoura é que a sua realização global dependa de um determinado decurso do 
tempo em que a prestação deve ser continuada ou repetida. Neste sentido é 
possível distinguir dois tipos de prestações duradouras: 
 Periódicas = prestação é sucessivamente repetida em certos períodos 
de tempo; 
 Contínuas= prestação não tem qualquer interrupção. 
No que diz respeito às prestações instantâneas, estas não têm o seu conteúdo 
delimitado pelo período de tempo, podendo ser: 
 Integrais = realizadas de uma vez só (exemplo: entrega da coisa pelo 
vendedor) 
 Fracionadas= uma única obrigação cujo objeto é dividido em frações, 
havendo uma definição prévia do seu montante final, sendo que o 
percurso temporal não influi no conteúdo da prestação [apenas 
determina o vencimento], mas apenas no modo da sua realização; 
integral – é momentânea. 
 
2.4. Prestações de resultados e prestações de meios. 
 Prestação por resultado: o devedor vincula-se em obter determinado resultado, 
respondendo por incumprimento no caso de o resultado não ser obtido. 
o Exemplo: Transportado é obrigado a entregar a coisa num determinado lugar, 
num determinado tempo.  O devedor obriga-se apenas a uma prestação 
correta tendo apenas que cumprir os parâmetros de diligentes, ainda que o 
credor não fique satisfeito. O devedor só fica desvinculado se o credor alcançar 
a finalidade pretendida. 
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9 
 
 Prestação de meios: o devedor não estaria obrigado à obtenção de resultados, mas sim 
em atuar com a diligência necessária para que esse resultado seja obtido. 
o Exemplo: médico tem apenas uma obrigação de meios  Está obrigado a fazer 
um tratamento correto (com base no seu conhecimento), mas a cura do doente 
não é uma obrigação do médico. ENTÃO, se ele tiver atuado segundo o 
parâmetro de diligente não há incumprimento. 
 
Esta distinção tem uma tradição jurídica, mas não encontramos na lei qualquer alusão a este 
contra ponto. O legislador não quis incluir na nossa lei. 
 Romano Martinez: A mera obrigação de meios poderá não ser usado nestes 
termos para todos as realidades, ex: intervenção estética e médico dentista 
 
 O art.799º C.C.- presunção de culpa só vale para as obrigações de resultado e não para as 
de meio. 
 Romano Martinez: discorda que apenas nas obrigações de resultado, diz que não 
faz sentido ser só num tipo de obrigação que há culpa. 
o As obrigações de garantia não se transformam em responsabilidade objetiva. 
 
NOTA: Os tipos de obrigações são importantes na apreciação da culpa. -art.486º ver que tipo de 
obrigação. Prestações que obrigam a um determinado resultado ou que são meramente de 
meios. 
 
2.5. Prestações divisíveis e prestações indivisíveis. 
 Divisíveis: pode fracionar-se em diversas parcelas. Ex: 1000€ 
 Indivisíveis: não podem fracionar-se. Não é uma questão científica, tendo em conta a 
prestação, na realidade obrigacional, se para os sujeitos a prestação é divisível ou não. 
Ex: o automóvel é divisível, mas a prestação é de entregar o todo. A natureza do 
contrato. 
NOTA: Aplica-se tanto às prestações de facto como de coisa. 
 Art.534º e ss – No caso de pluralidade de sujeitos. 
2.6. Prestações determinadas e prestações indeterminadas. 
 Determinadas = A prestação encontra-se completamente determinada no momento da 
constituição da obrigação. 
 Indeterminadas=A determinação da prestação ainda não se encontra realizada, pelo 
que essa determinação terá que ocorrer até ao momento do cumprimento, 
o Já se ultrapassou a invalidade do art.280º É uma indeterminação tolerável 
que o legislador aceita. ASSIM, é válida a prestação indeterminada desde que 
haja critérios de determinação. 
 Há data da constituição ainda não estava concretizado o respetivo 
objetivo, terá que ser até à data da realização 
 Determinada à data da constituição estava determinada. 
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10 
 
o IMPORTANTE: não há prestações indeterminadamente indeterminadas! 
EXEMPLO: Alguém pede a um mecânico que lhe repare o carro.  Trata-se de uma prestação 
indeterminada pois apenas o mecânico pode saber que tipo de reparação é exigida e o quanto 
cobrará por ela. As partes poderão é acordar que essa informação seja fornecida à outra parte 
antes da celebração do contrato.  A prestação vem a ser determinada durante as 
negociações. 
OUTRO EXEMPLO: As partes delegam numa delas a faculdade de determinar o conteúdo da 
prestação  Regime do art.400º: A determinação da prestação pode ser confiada a uma das 
partes ou a terceiros, devendo ser feita segundo juízos de equidade, se outros critérios não 
tiverem sido estipulados. Há que considerar simultaneamente o interesse do credor em relação 
à prestação e as suas especiais relações económicas. 
 As obrigações genéricas e alternativas constituem as categorias mais importantes de 
obrigações com prestações indeterminadas. 
 
2.7. Prestações genéricas e prestações específicas. 
 Especificas – determinada. 
 Genéricas (art.539º e ss ) – Aquelas em que o objeto da prestação apenas se encontra 
determinado quanto ao gênero. Só terá referência a uma certa quantidade e a um certo 
tipo de coisa/ serviço. 
o EXEMPLO: Entrega de 20 garrafas de vinho. 
 O facto de a prestação ser genérica significa que terá que haver um processo de 
individualização dos espécimes dentro do género – escolha, art.400ºC.C. – sendo que, 
por regra, essa escolha cabe ao devedor – art.539º, exceção art.542º. 
Será que o devedor é completamente livre nessa escolha? 
 Menezes Cordeiro: obrigação é de entregar uma coisa de classe e qualidade média, 
invocando-se o regime da integração de negócios segundo os ditames da boa-fé -
art.239ºC.C. 
 Menezes Leitão: defende que a solução se retira do art.400ºC.C., pois está previsto que 
a determinação da prestação deve ser feita segundo juízos de equidade, implica que 
esta deve ser adequada à satisfação do interesse do credor, o que só acontecerá se as 
coisas forem determinadas com uma qualidade mínima. 
 E quando é que se dá a transferência de propriedade? 
 Na obrigação genérica, a transferência de propriedade não se pode dar aquando a 
celebração do contrato – art.408º/1C.C. -, pois um direito real só pode ter um objeto 
determinado e corpóreo, pelo que o direito a uma quantidade de coisas a escolher de 
um certo género seria sempre um direito de crédito.  Na realidade, a transferência de 
propriedade nas obrigações genéricas dá-se no momento da concentração (quando 
passam de obrigações genéricas a especificas), passando o risco associado à propriedade 
para o credor nesse momento. 
 
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E quando é que se dá a concentração? 
i. Teoria da escolha: a concentração ocorre no momento em que o devedor procede 
à separação dentro do género das coisas que pretende usar para o cumprimento da 
obrigação. No momento em que o devedor escolher as coisas, a prestação deixa de 
ser genérica e passa a ser especifica, ou seja, se posteriormente perecesse a coisa, 
o risco corria pelo credor 
ii. Teoria do envio: a simples separação não basta, sendo necessário que o devedor 
envie para o credor as coisas com as quais tenciona cumprir a obrigação. Nesse 
caso, no momento em que as coisas abandonam o domicílio do devedor, dá-se a 
concentração 
iii. Teoria da entrega: a concentração da obrigação só ocorre com o cumprimento da 
mesma. Só nesse momento é que o risco passaria para o credor. 
A nossa lei parece ter escolhido a teoria da entrega, sendo que essa solução resulta do art.540º, 
pois se o devedor continua a ter de entregar coisas do mesmo género significa que a obrigação 
ainda não se concentrou, sendo que será então no momento do cumprimento que se dará a 
transferência da propriedade, visto ser esse o momento da concentração -art.408º/2C.C. ex vi 
art.540º/2. 
NOTA: É, no entanto, admissível por lei exceções que permitem que a obrigação se concentre 
antes do cumprimento: 
 Acordo das partes; 
 Género se extinguiu, só há uma coisa – extingue-se a obrigação, concentra-se; 
 O credor incorre em mora – o credor não aceita, entra em mora a obrigação fica 
concentrada; 
 Promessa de envio - Art.797º a prestação foi realizada numa localização diferente. 
Exemplo: quando o vendedor entrega ao transportador, já se dará a concentração. 
 
 Menezes Cordeiro: os casos previstos no art.541ºC.C., tratam-se de casos em que o 
legislador cedeu à teoria da escolha e do envio. 
 Menezes Leitão: diz que não é isso que acontece: 
1- O que acontece é que o contrato entre as partes é modificativo da obrigação, pois as 
partes modificam uma obrigação genérica para especifica 
2- A concentração ocorre por mero facto de natureza, sendo que se as coisas sobrantes 
também desaparecessem, ao ponto de não existir nenhuma, deixaria a prestação de ser 
possível – art.790º 
3- A concentração por mora é uma mera ficção estabelecida para estender a aplicação às 
obrigações genéricas o art.814º/1C.C. fazendo cair sobre o credor em mora os riscos. 
Permanece a obrigação como genérica, pois a mora do credor, não impede a nova 
escolha do devedor. 
4- Como Almeida Costa refere, o que acontece nestes casos é que há uma deslocação do 
local do cumprimento, não havendo, no entanto, uma concentração anterior ao 
cumprimento. 
 
 
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 As principais consequências da concentração: 
 Titularidade de direito – só há titularidade de direitos sobre bens determinados, ou seja, 
a titularidade mantém-se no alienante até se dar a concentração 
 Risco – art.796ºC.C. – isto é, o risco relativo ao bem é do alienante até se dar a 
concentração. 
IMPORTANTE: se a escolha for feita pelo credor é IRREVOGÁVEL, havendo nesse caso, e no caso 
de a escolha ser feita por terceiro, uma concentração imediata da obrigação – art.542º. Se o 
credor não fizer a escolha durante o prazo estipulado, passa a ser o devedor a ter essa 
competência – art.542º/2C.C. – passando a ser aplicável o regime previsto nos art.540º e 
541ºC.C. 
2.7.1. Obrigações Alternativas. Distinção das obrigações com faculdade alternativa. 
 Obrigações Alternativas = modalidades de prestações indeterminadas que se 
caracterizam por existirem duas ou mais prestações de natureza diferente, mas em 
que o devedor dispensa com a mera realização de uma delas que, por escolha, vier a 
ser designada (Artigo 543ºCC)  OU SEJA, o devedor obriga-se à realização de uma, 
entre várias prestações. DEVERÁ HAVER UMA ESCOLHA ENTRE PRESTAÇÕES. 
o EXEMPLO: Devedor obriga-se a entregar ao credor o barco Y ou o carro X  
Cumpre a obrigação de entregar um destes objetos. 
o NOTA: Quem deverá escolher – Artigo 544ºCC. 
 Quando a escolha compete ao devedor, a determinação da prestação só ocorrerá no 
momento do cumprimento? NÃO. É a designação do devedor, desde que conhecida da 
outra parte, que determina a prestação devida – Artigo 543º\1 e 548ºCC.  Dá-se a 
transferência do risco, desde que declara ao credor. 
o IMPORTANTE:A escolha é irrevogável quer tenha sido feita pelo devedor, credor 
ou terceiro. – Artigo 549ºCC remete para o 542ºCC. 
o CONTUDO, se alguma das partes não realizar a escolha no tempo estipulado, a lei 
prevê a devolução dessa faculdade à outra parte. – Artigo 542º\2. 
 NOTA: Até à escolha pelo devedor, o direito do credor não incide sobre 
ambas as prestações isoladamente consideradas. Assim, não lhe será 
permitido exigir ao devedor apenas uma das prestações antes de, na ação 
executiva, se lhe devolver o direito de escolha. 
 O que acontece em caso de impossibilidade de prestação, antes de a escolha ter ocorrido? 
o Impossibilidade Causal = Não é imputável a nenhuma das partes – Artigo 545ºCC. 
Ainda se trata de uma prestação indeterminada logo não se deu a transmissão 
para o credor. LOGO, o risco corre por conta do devedor.  Em virtude da 
impossibilidade causal ocorre um fenómeno de redução da obrigação alternativa à 
prestação que ainda seja possível. 
o Impossibilidade imputável ao devedor = Artigo 546ºCC – Se a escolha da 
prestação fosse sua deverá efetuar uma das prestações possíveis; Se a escolha 
competisse ao credor, ele pode exigir uma das prestações possíveis ou exigir uma 
indemnização pelos danos de não ter sido realizada a prestação que se tornou 
impossível, ou pode ainda resolver o contrato.  Perdeu o direito à escolha. 
o Impossibilidade imputável ao credor = Artigo 547ºCC – Se a escolha pertencesse 
ao credor, considera-se a obrigação cumprida; Se a escolha pertencia ao devedor, 
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a obrigação também se considera cumprida, a menos que o devedor prefira 
realizar outra prestação e ser indemnizado pelos danos que sofreu. 
o Impossibilidade imputável a uma das partes, cabendo a escolha a um terceiro = A 
lei não resolve. 
 Menezes Cordeiro & Menezes Leitão: O 3º perde a faculdade de escolha  
Ele só escolhe entre prestações possíveis logo a escolha passará a caber às 
partes. 
 Culpa imputável ao devedor – Artigo 546ºCC; 
 Culpa imputável ao credor – Artigo 547ºCC. 
 
 Obrigações com faculdade alternativa = A prestação já se encontra determinada, mas 
dá-se ao devedor a faculdade de substituir o objeto da prestação por outro.  
Abrange apenas uma prestação, tendo a outra parte a faculdade de a substituir. 
 
2.8. As Obrigações Pecuniárias. 
 Obrigações Pecuniárias = obrigações que têm dinheiro por objeto, visando proporcionar 
ao credor o valor que as respetivas espécies monetárias possuam. 
o ASSIM, se a obrigação tem dinheiro por objeto mas não visa proporcionar ao 
credor o valor dele não estaremos perante uma obrigação pecuniária. Exemplo: 
Entrega de determinadas moedas para integrar uma coleção. 
 Função das obrigações pecuniárias: meio geral de trocas; meio legal de pagamento; 
unidade de conta. 
 As obrigações pecuniárias podem dividir-se em três modalidades: 
1. Obrigações de Quantidade = Tem por objeto uma quantidade de moeda com curso 
legal no país. Atualmente, no nosso país, essa moeda é o euro. 
o Regime - Artigo 550º CC  Daqui resultam dois princípios reguladores: 
o Princípio do curso legal = O cumprimento da obrigação pecuniária deve 
realizar-se apenas com espécies monetárias a que o Estado reconheça 
função liberatória genérica, cuja aceitação é obrigatória aos particulares. 
 Dogmaticamente as obrigações de quantidade correspondem a 
obrigações genérica  Assim, neste tipo de obrigações é impossível 
a extinção do género, logo não será possível que a falta de 
possibilidades económica do devedor para efetuar o pagamento 
sejam suficientes para que se extinga a obrigação. 
o Princípio do nominalismo monetário = O cumprimento das obrigações 
pecuniárias faz-se pelo valor nominal da moeda no momento do 
cumprimento.  Deve-se tomar em consideração somente o valor 
nominal da moeda, independentemente de qual seja o seu valor de troca 
no momento de cumprimento. 
ASSIM, Uma obrigação pecuniária com um longo prazo de cumprimento 
acarreta um risco de desvalorização da moeda, sendo este risco 
suportado pelo credor. 
 EXECEÇÕES: Autonomia privada (partes podem convecionar que seja 
de outra maneira) ; casos em que a lei prevê a atualização das 
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obrigações pecuniárias ( Exemplo: Artigo 1075ºCC)  Artigo 551ºCC – 
Adota-se o critério do indice de preços para atualização da obrigação. 
2. Obrigações em moeda específica = Situações em que a obrigação é 
convencionalmente limitada a espécies metálicas ou ao valor delas, afastando-se a 
possibilidade do pagamento por notas (Tem a ver com o valor intrínseco e 
extrínseco da moeda) – Artigo 552ºCC.  Dois tipos de obrigações em moedas 
específicas: 
o Obrigações em certa moeda específica (Artigo 553ºCC); 
o Obrigações em valor de uma espécie monetária (Artigo 554ºCC). 
3. Obrigações em moeda estrangeira. = Aquelas em que a prestação é estipulada em 
relação a espécies monetárias que têm curso legal apenas no estrangeiro. 
2.9. As Obrigações de Juros. 
 Juros = Prestação devida como compensação ou indemnização pela privação 
temporária de uma quantidade de coisas fungíveis denominada capital e pelo risco do 
reembolso desta. 
 Obrigações de Juros = Correspondem à renumeração da cedência ou do deferimento da 
entrega de coisas fungíveis (capital) por um certo lapso de tempo.  Pressupõe uma 
obrigação de capital, sem a qual não se pode constituir e tem o seu conteúdo e 
extensão delimitados em função do tempo.  “Frutos Civis” Artigo 212ºCC. 
o “Uma obrigação que se constitui tendo como referencia outra obrigação”  
São na verdade duas obrigações distintas a partir do momento em que o 
crédito de juros adquire autonomia em relação ao crédito de capital, podendo 
qualquer um deles ser cedido ou exigido sem o outro – Artigo 561ºCC. 
1. Juros Legais – Artigo 559º\1CC = Aplicáveis sempre que há uma norma legal que 
determina a atribuição de juros em consequência do diferimento na realização 
de uma prestação.  Funcionam supletivamente sempre que as partes 
estipulem a atribuição de juros sem determinarem a sua taxa ou quantitativo. 
2. Juros Convencionais = Aqueles em que a taxa ou quantitativo é estipulada pelas 
partes. Limites (Artigos 559-A e 1146ºCC) – São usurários quaisquer juros 
anuais que excedam os juros legais acima de 3% ou 5% conforme exista ou não 
garantia real. Apenas serão permitidos se se tratar de uma cláusula penal 
moratória em que os juros máximos serão de 7% e 9% - Artigo 1146º\2CC. 
o Caso sejam estipulados juros fora destes limites a lei determina a 
fixação de juros nesses montantes máximos, mesmo que contra a 
vontade dos contraentes. 
 Tipos de juros: 
 Juros remuneratórios = Finalidade remuneratória. O credor priva-se do capital 
por tê-lo cedido ao devedor por meio mútuo, exigindo uma renumeração por 
essa cedência (Artigo 1145º\1 CC); 
 Juros compensatórios = Destinam-se a proporcionar ao credor um pagamento 
que compense uma temporária privação de capital, que ele não deveria ter 
suportado; 
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 Juros moratórios = Natureza indemnizatória dos danos causados pela mora, 
visando recompensar o credor pelos prejuízos sofridos, em virtude do 
retardamento no cumprimento da obrigação (Artigo 809ºCC); 
 Juros indemnizatórios = Destinam-se a indemnizar os danos sofridos por outro 
facto praticado pelo devedor. 
IMPORTANTE: Em qualquer dos casos é PROÍBIDO O ANATOCISMO, ou seja, a cobrança de juros 
sobre juros, uma vez que essa cobrança poderia ser uma forma de indiretamente violar a 
proibição de juros usurários. REGRA  O juro não vence juros a menos que haja convenção posterior ao vencimento – 
Artigo 560º\1 CC. Só o capital reverte juros. 
3. Indeterminação e pluralidade de partes na relação obrigacional. 
3.1. A Indeterminação do credor na relação obrigacional. 
 Uma situação específica que pode ocorrer nas obrigações é a possibilidade de 
indeterminação do credor. O credor poderá não estar determinado no momento da 
constituição da obrigação (art.511ºC.C.), mas terá de ser determinável, sob pena de o 
negócio ser nulo.  No entanto, o devedor tem de ser OBRIGATÓRIAMENTE determinado 
no momento em que a obrigação é constituída. 
 Porque é que o credor poderá ser indeterminado? 
Poderá resultar de se aguardar por um determinado facto futuro e incerto 
(promessa pública  EXEMPLO: Alguém oferece 100$ a quem encontrar o 
objecto X – já existe uma obrigação, mas a determinação da pessoa do credor 
fica dependente da verificação desse facto) ou da relação do credor com a 
obrigação se mostrar indirecta ou mediata (bilhetes de lotaria – a pessoa do 
credor apenas é determinada em função da posse do titulo). 
 Ribeiro de Faria: contesta a existência destas obrigações tendo por base o facto 
que os sujeitos têm sempre que ser necessariamente determinados, existindo 
antes dessa determinação apenas vinculações de bens. 
3.2. A pluralidade de partes na relação Obrigacional. 
Tendo por base o número de sujeitos que participa na relação obrigacional, podemos ter 
obrigações: 
1. Singular: um credor e um devedor – art.397ºC.C. – dois sujeitos 
2. Pluralidade passiva ou ativa: podemos ter mais que dois credores ou dois ou 
mais devedores: 
 Vinculação de várias pessoas a outra (pluralidade passiva)- A, B e C 
obrigam-se perante B a entregar-lhe 900$; 
 Vinculação de uma pessoa a outras (pluralidade ativa) – A obriga-se 
perante D,E e F a entregar-lhes os 900$; 
 Vinculação de várias pessoas a outras (pluralidade mista) – A, B e C 
assumem a obrigação de entregar 900$ a D, E e F. 
 
Então como é que se realiza a prestação? 
 
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 Nas obrigações conjuntas ou parciárias: cada devedor só está vinculado a prestar ao 
credor(es) a sua parte na prestação e cada um dos credores só pode exigir do 
devedor(es) a parte que lhe cab – art.786º/3C.C.  Cada um dos devedores presta a 
parte a que se vinculou; cada um dos credores recebe a parte que lhe compete. 
Ex: A, B, C são devedores e G, H e I são credores, ou seja, existem nove vínculos (3x3). Sendo 
que a prestação integral é de 900€, então cada um deve 100€ a cada um dos credores. 
 Obrigação é divisível: Ex: A, B e C deve 900€ a D, E e F, prossupondo que a divisão é 
equitativa, então cada um deve 300€, ou seja, 100€ a cada um. 
 
 Nas obrigações solidárias: 
 Na solidariedade passiva: Cada um dos devedores encontra-se obrigado 
perante o credor a realizar a prestação integral  a realização da 
prestação integral por um dos devedores libera os outros em relação 
ao credor (art.512ºC.C.), adquirindo aquele devedor um direito de 
regresso sobre os outros devedores (art.524ºC.C.) – uma nova 
obrigação ex novum 
 Na solidariedade ativa: Um credor poder exigir do devedor a prestação 
integral  a realização integral da prestação a um dos credores libera o 
devedor no confronto com todos os credores (art.512ºC.C.) embora 
que o credor que recebeu mais do que lhe compete esteja obrigado a 
satisfazer os outros a parte que lhes abe do crédito comum 
(art.533ºC.C.) 
 Na solidariedade mista: Qualquer um dos credores poder exigir de 
qualquer um dos devedores a prestação integral concorrem 
simultaneamente as duas situações, pelo que a realização integral da 
prestação por um dos devedores a um dos credores libera todos os 
credores em relação aos credores. O que prestou tem direito de 
regresso pela parte que compete aos restantes devedores e o credor 
que recebeu está obrigado a entregar aos restantes credores a parte 
que lhes compete. 
 Características da solidariedade: 
1. Identidade da prestação em relação a todos os sujeitos da obrigação – mesmo que as 
quotas sejam diferentes no âmbito das relações internas – art.512º/2 (Antunes Varela) 
2. A extensão integral do dever de prestar ou do direito à prestação em relação 
respectivamente a todos os devedores e credores 
3. Efeito extintivo comum da obrigação caso se verifique a realização da prestação 
4. Há unificação das frações. 
 
IMPORTANTE: No caso de haver uma pluralidade de sujeitos, qual o regime? 
 A regra consagrada no art.513º é que a solidariedade dos devedores ou dos credores só 
existe quando resulte da lei ou da vontade das partes, caso contrário aplica-se o regime 
da conjunção. 
 Excepcionalmente a lei manda aplicar a solidariedade passiva – art.100º Código 
Comercial e art.467ºC.C. e art.497º e 507º, art.1139º, art.1169º 
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o Havendo a questão se no caso da comissão se trata de solidariedade ou não, 
podendo falar-se de solidariedade imperfeita (o comitente tem direito de 
regresso, mas o comissário não). 
TER EM CONTA: quando a lei consagra a solidariedade passiva, não significa obrigatoriamente a 
solidariedade ativa, sendo presumível o inverso através do art.513ºC.C. 
NOTA: Beneficio da divisão – não diz respeito aos devedores acessórios, mas ao devedor 
principal -art.518º; Beneficio da excussão art.638º; Beneficio da repartição – art.526º 
 
3.2.1. Solidariedade passiva: 
 Nas relações externas (em relação ao credor): 
 Maior eficácia, em relação ao credor, do seu direito, que se pode exercer 
integralmente contra qualquer um dos devedores -art.512º/1 e art.519º/1 – não 
podendo no caso de ser demandada a prestação integralmente, invocar o 
benefício da divisão, tendo assim que satisfazer a prestação integral (art.518ºC.C.). 
 CONTUDO isto não possibilita que o credor repita essa pretensão contra todos 
os devedores, a não ser nos casos de insolvência do demandado ou de risco dessa 
-art.519º/1. 
o No entanto, se um dos devedores se opuser ao credor um meio de 
defesa pessoal, continua ele a poder reclamar dos outros a prestação 
integral -art.519º/2C.C. 
TER EM CONTA: 
 Os meios de defesa do devedor que pode opor, poderão ser próprios ou os 
comuns a todos os devedores. Mas não poderá utilizar meios de defesa pessoais 
dos outros devedores -art.514º/1 – EXEMPLO: a prestação que ocorra em relação 
a um dos devedores não se estende aos demais -art.521º - com exceção do 
art.522ºC.C. 
 O credor poderá também optar por demandar conjuntamente a todos os 
devedores, caso em que renuncia à solidariedade -art.517º-, sendo admitida a 
renúncia da solidariedade apenas a alguns devedores -art.527º. 
 
 Os devedores solidários têm de satisfazer a prestação ao credor: 
 Por cumprimento, dação em cumprimento, novação, consignação em 
depósito ou compensação  Mesmo que seja desencadeada por um 
dos devedores exonera a divida – art.523º 
 Impossibilidade objetiva da prestação -art.790º  Exonera todos os 
devedores 
 Remissão concebida apenas a um dos obrigados -art.864º/1 – ou na 
confusão com a divida deste -art.869º/1C.C.  Dá-se a extinção parcial 
da divida limitada à parte desse devedor 
o NOTA: o devedor poderá reservar o seu direito por inteiro 
contra os restantes devedores, caso em que eles conservam 
também o seu direito de regresso por inteiro sobre o devedor 
exonerado, não afetando o conteúdo da obrigação -art.864º/2 
 A remissão será limitada às relações externas, não 
afetando o conteúdo da obrigação. 
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 Se a prestação NÃO vier a ser cumprida por causa imputável a um dos 
devedores, todos eles são responsáveis pelo seu valor, mas só o 
devedor ou devedores a quem o facto é imputável respondem pelos 
danos acima desse valor -art.520ºC.C. 
 
 Nas relações internas (entre devedores): 
 O devedor que cumprir com uma prestação acima daquilo que lhe competia 
adquire um direito de regresso sobre os outros devedores – Artigo 524ºCC; 
o O direito de regresso é limitado à parte de cada um dos outros 
devedores na obrigação comum  Não se estende o regime de 
Solidariedade às relações internas. 
 NO ENTANTO, o devedor que pagou não irá suportar integralmente o de 
insolvência ou de impossibilidade subjetiva de cada um dos devedores.  
Nesses casos, a quota-parte do devedor que não cumpra é dividida pelos 
restantes, incluindo o credor de regresso e os devedores que pelo credor hajam 
sido dispensados da obrigação ou do vínculo de solidariedade – Artigo 526º\2 
CC. 
o Se o pagamento não ocorreu por culpa do credor de regresso, deixa de 
haver este benefício de repartição. 
 Os meios de defesa que cada um dos condevedores possuía em relação ao 
cumprimento da obrigação podem ser igualmente opostos ao credor de 
regresso – Artigo 525º\1CC  Exceção = 525º\2CC. 
 
 Relativamente à Prescrição – não funciona em pé de igualdade para os três.  Não 
funciona em bloco, porque a interrupção poderá ter percorrido no prazo da prescrição 
de um dos devedores e não dos outros, ou seja, os outros não poderão ainda invocar a 
prescrição desse devedor. 
o Artigo 521ºCC.  A prescrição que ocorra em relação a um dos devedores não 
se estende aos demais. 
 Já o caso julgado entre o credor e um dos devedores pode ser oposto 
pelos restantes, desde que não se baseie em fundamento pessoal 
daquele devedor. 
3.2.2. As Obrigações Plurais indivisíveis. 
As obrigações conjuntas ou parciárias pressupõem a indivisibilidade da prestação, já que se 
a prestação fosse indivisível, não seria possível exigir apenas uma parte a um dos devedores, 
sem prejuízo para o interesse do credor. 
E se for uma obrigação indivisível? 
EXEMPLO: A,B e C comprometem-se a entregar automóvel a D  Poderá D pedir a prestação a 
qualquer um deles? 
 Artigo 535ºCC: A prestação tem de ser entregue pelos três em conjunto. O credor tem 
de juntar os três devedores para entregarem a sua prestação em simultâneo. Se não 
estiverem presentes os três cria-se o problema de ter de esperar. 
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EXCEPÇÃO: Se tiver sido estipulada solidariedade por acordo das partes ou por a lei o obrigar 
(relação comercial). Nesses casos já será permitido a D exigir apenas a um deles a entrega do 
automóvel. 
 NOTA: Através do mandato também se poderá resolver o problema, no caso das 
obrigações indivisíveis. 
 
 Regime das obrigações indivisíveis: 
 Se se verificar a extinção da obrigação em relação a algum dos devedores, o credor não 
fica inibido de exigir a prestação dos restantes obrigados, desde que lhes entregue o 
valor da parte que cabia ao devedor exonerado. – Artigo 536ºCC. 
o OU SEJA, apesar da referida indivisibilidade da prestação, o facto de ela se 
extinguir em relação a um dos devedores não levará necessariamente á 
extinção integral da obrigação 
 No caso de impossibilidade de prestação por facto imputável a um dos devedores, 
ficam os restantes exonerados – Artigo 537ºCC. 
o Se apenas um deles impossibilita a prestação só ele deverá ser sujeito á 
indemnização por impossibilidade culposa- Artigo 801º\1 CC.  Em relação aos 
outros, uma vez que a impossibilidade de prestação deriva de uma causa que 
não lhes é imputável, deverão ver extinta a sua obrigação – Artigo 790ºCC. 
 No caso de haver pluralidade de credores, qualquer um deles tem o direito de exigir a 
prestação por inteiro, MAS, o devedor, para ser exonerado, terá de ter presente todos 
os devedores. SOLUÇÃO= Citação judicial do devedor. 
 MENEZES CORDEIRO: A citação judicial do devedor por um dos 
credores transforma a obrigação conjunta em solidária. 
o É possível a extinção da obrigação em relação apenas a um dos credores?  
Aplicação analógica do Artigo 536ºCC.  Os restantes credores só podem exigir 
a prestação do devedor se lhe entregarem o valor da parte que cabia à parte do 
crédito que se extinguiu. 
 
Fontes de obrigações baseadas no princípio da autonomia privada. 
 
 
 
 
 
 
 
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20 
 
Secção I – Contratos. 
 Contratos = Negócios Jurídicos que possuem duas ou mais partes. Um acordo 
vinculativo, assente sobre mais que uma declaração de vontade, contrapostas, mas 
harmonizáveis, que visam estabelecer uma regulamentação unitária dos interesses. 
o Devem ser consensuais e sem forma especial – Artigo 219ºCC (Regra geral) 
 Classificações: 
1. Efeitos: reais ou obrigacionais: 
 Reais – a situação jurídica em questão reconduz-se a um direito real sobre uma 
coisa corpórea.  Pode acontecer que a sua eficácia não seja imediata, o que 
sucede sempre que não estejam preenchidos, no momento da celebração do 
contrato, os requisitos necessários para que o contrato dê origem a uma 
situação jurídica de natureza real. 
IMPORTANTE: A regra geral é a de que a transmissão dos direitos reais sobre coisas 
determinada ocorre por mero efeito do contrato (art. 408.º, n.º1). É de notar, no entanto, que 
esta transmissão da propriedade no momento da celebração do contrato apenas ocorre 
relativamente a coisas que já possuem os requisitos necessários do art. 408º/1 (coisas 
presentes, determinadas e autónomas de outras coisas). Se as coisas ainda não possuírem 
esses requisitos, (coisas futuras, indeterminadas, coisas ligadas a outras) refere-nos o art 
408º/2 que a transferência da propriedade é diferida para um momento posterior ao da 
celebração do contrato. 
 Obrigacionais - a situação jurídica dá origem a direitos de crédito.  Eficácia 
sobre a esfera jurídica das partes imediata. 
2. Formação: quoad effectum ou quoad constitutionem; 
 Quoad effectum: O direito real transmite-se por mero efeito do contrato. É o 
princípio geral do 408º\1CC. TER EM CONTA: 
i. Apesar da regra geral, nem todos os contratos relacionados com 
alineação de bens pressupõem a transferência de direitos sobre coisas. 
ii. Associada com a transmissão imediata do efeito real, nestes termos, 
encontra-se a transferência do risco.  O risco do perecimento ou 
deterioração das coisas alienadas é assumido pelo adquirente no 
momento da celebração do contrato. EXECEÇÕES: 796º e 408º\2CC. 
iii. Com as obrigações genéricas é com a concentração que se dá a 
transferência de propriedade. 
iv. Como o princípio do Artigo 408ºCC não é imperativo, por via 
convencional, a transmissão do direito real pode ser diferida para 
momento posterior à celebração do contrato, dependendo de facto 
futuro ou incerto. Exemplo: Condição ou termo – Artigos 270º e ss. 
NOTA: Cláusula de Reserva de propriedade – Artigo 409ºCC = serve para evitar o não 
cumprimento da prestação, sendo que a transmissão só se dá aquando o pagamento. A função 
deste acordo é proteger o vendedor, pois caso contrário a lei não tutela a sua proteção: 
 Assim os credores do comprador não podem executar o bem, podendo ainda o 
vendedor embargar terceiros – art.351º C.P.C. 
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 Em caso de incumprimento pelo comprador, o vendedor pode resolver o contrato – 
art.801º/2C.C. – pois a exclusão deste direito só se dá após a transmissão da coisa -
art.886ºC.C. – exceção art.934º.C.C. 
 Qual a posição do comprador? 
o GalvãoTelles, Antunes Varela e Almeida Costa: está sujeito a uma condição 
suspensiva, pois a transmissão da coisa está dependente do pagamento, que é 
um acontecimento incerto e futuro – art.273º e 274ºC.C. 
 
 Quoad constitutionem: O ato de entrega material é um requisito para a 
transmissão de propriedade. 
3. Efeitos recíprocos: sinalagmáticos ou não. 
 Sinalagmáticos: Faz nascer para ambas as partes direitos e deveres, recíprocos e 
interdependentes. Exemplo: Compra e venda. 
 Não sinalagmáticos: Só há deveres para uma das partes. Exemplo: Contrato-
promessa unilateral. 
4. Nominados (têm nome na lei) ou inominados 
5. Típicos ou atípicos – art.755ºC.C. 
 Típicos: A tipicidade advém da existência de uma regulamentação legal. Não 
impedem a autonomia privada  As partes são livres de negociar o conteúdo. 
 Atípicos: Ausência de regulamentação legal – Também podem ser nominados 
(hospedagem) ou inominados (franchising). 
6. Gratuitos ou Onerosos. 
 Gratuitos: Uma das partes retira vantagens, sendo os sacrifícios suportados pela 
contraparte. Exemplo: Doação; 
 Onerosos: Há vantagens e sacrifícios para ambas as partes, ainda que não haja 
equilíbrio entre elas.  Distinguem-se em: 
i. COMUTATIVOS: O objeto e o valor da prestação a realizar está 
determinado, ainda que estas sejam indeterminadas. Exemplo: 500kg 
de laranjas por 250$ - É oneroso e comutativo. 
ii. ALEATÓRIOS: Uma das prestações é de realização incerta. Exemplo: 
seguros e apostas. 
1. Contratos Mistos. 
 Contratos mistos = aqueles que reúnem em si regras de dois contratos total ou 
parcialmente típicos, passando assim a ser um contrato atípico, havendo conflito de 
regimes. 
 Podem ser: 
1. Múltiplos ou combinados – são aqueles em que as partes estipulam que uma delas 
deve realizar prestações correspondentes a dois contratos típicos distintos, 
enquanto a outra realiza uma única contraprestação.  Vários contratos 
dependentes. 
2. Duplo ou geminado – uma parte obriga-se a uma prestação típica de um certo tipo 
contratual, enquanto que a contraparte se encontra obrigada a uma 
contraprestação oriunda de outro tipo contratual. 
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o Ex: arrendar uma casa e a outra parte ficar obrigada a limpá-la.  Um só 
contrato. 
o NOTA: não existem situações típicas deste contrato 
3. Misto stricto sensu, cumulativos ou indiretos – é utilizada uma estrutura típica de 
um tipo contratual para preencher uma função típica de outro tipo contratual. 
o Ex: vender a casa por 100€, tem cariz de doação e de compra e venda 
4. Complementares – adotados os elementos essenciais de um determinado contrato, 
mas aparecem simultaneamente como acessórios elementos típicos de outro(s) 
contrato(s). 
o Ex: venda do automóvel com a obrigação acessória de manutenção. 
 
Artigo 405º\2 CC – Ao reunir no mesmo contrato regimes de dois ou mais negócios típicos, as 
partes não acompanham as formas típicas da lei. 
 Como é que é resolvido o problema do regime jurídico? 
 Teoria da absorção: Deve-se escolher um regime único, aquele que fosse predominante, 
que “absorveria” as regulações respeitantes aos outros tipos contratuais; 
 Teoria da combinação: Deve ser feita uma aplicação combinada dos dois regimes; 
 Teoria da analogia: Deve aplicar a não aplicação de qualquer um dos regimes, configura-
se assim o contrato misto como um contrato integralmente atípico. Regula-se pela 
parte geral do Direito das Obrigações, sendo assim, as suas questões encaram-se 
lacunas na lei, devendo-se recorrer à analogia. 
 
 
 Galvão Telles: os contratos múltiplos ou combinados e de tipo duplo, devem-se reger 
pela teoria da combinação. Já os contratos cumulativos e os complementares devem-se 
reger pela teoria da absorção. 
 Antunes Varela: deve ser ponderado, tendo em conta o caso, o regime aplicável. 
 Almeida Costa: apela ao recurso a critérios de integração dos negócios jurídicos – 
art.239ºC.C.. No entanto, deve ser averiguada a possibilidade de aplicação analógica de 
algum tipo de contrato típico, teoria da analogia. 
 Menezes Cordeiro: a aplicação preferencial da teoria da absorção, sendo admitida a 
subsidiariedade da teoria da combinação e da teoria da analogia, quando a aplicação 
daquela teoria é afastada por uma regra injuntiva, vontade das partes ou quando seja 
inviável. 
 Menezes Leitão: afasta a teoria da analogia, pois desvaloriza o contrato misto. Sempre 
que na economia de um contrato misto haja uma preponderância dos elementos de um 
contrato, deverá ser o regime desse a ser aplicado. 
o Contratos múltiplos e geminados – teoria da combinação 
o Contratos cumulativos e complementares – teoria da absorção 
 
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2. União de contratos. 
 Distingue-se de contrato misto na medida em que é a celebração conjunta de diversos 
contratos unidos entre si. Cada contrato mantêm a sua autonomia, possibilitando-se 
assim a sua individualização face ao conjunto. 
 Há um nexo de ligação 
 União Externa - A união dos contratos resulta do simples facto de serem celebrados ao 
mesmo tempo, as partes não convencionam nenhum nexo entre eles. Existe uma mera 
ligação material. 
 União interna - Os contratos estão ligados entre si por uma dependência estalecida 
aquando a celebração. Uma parte poderá ter estabelecido que não celebraria um 
contrato sem o outro, ou seja, a validade de um dos contratos fica dependente do 
outro. – Uma ligação contratual em sentido técnico.  Tem a mesma finalidade 
económica e, em regra, completam-se na prossecução de um objetivo comum. 
o Isto vai significar que as vicissitudes de um contrato se repercutem no outro. 
 União alternativa - As partes declaram querer um outro contrato consoante condição. 
Assim os contratos encontram-se ligados inicialmente, mas é apenas por uma mera 
circunstância e virá a ser resolvida com a permanência de apenas um contrato 
 
A coligação contratual também poderá ser: 
 Bilateral – os dois estão dependentes de forma reciproca; 
 Unilateral – apenas um contrato está dependente do outro; 
 Genética – Um dos contratos produz efeitos na fase formativa do outro, mas esses 
efeitos não persistem na fase de execução; 
 Funcional – O destino de ambos os contratos está ligado, não só na sua formação, como 
também no desenvolvimento e funcionamento das respetivas relações.  A MAIS 
IMPORTANTE EM RAZÃO DE EFEITOS E DE COMPLEXIDADE; 
 Voluntária – Aquela que depende unicamente da vontade dos contraentes. 
TER COM CONTA: Para haver união de contratos não é necessário que sejam os mesmos 
sujeitos partes em ambos os contratos. Mas é necessário que haja um sujeito comum aos dois 
negócios jurídicos, ou seja, parte em um e outro contrato. 
 Romano Martinez: É possível haver ação direta por uma das partes num contrato a 
reclamar o cumprimento da prestação a realizar pela parte do outro contrato. 
 
3. Contractos preliminares. 
 Contratos preliminares = Aqueles cuja sua celebração pressupõe a celebração de outros 
contratos. 
o Ex: pacto de preferência (art.414ºC.C.) e contrato promessa (art.410º e ss)  
Verifica-se a assunção da obrigação de celebração de um futuro contrato, ou da 
obrigação de dar preferência a outrem na celebração de contrato futuro. 
 
 Menezes Cordeiro: Os contratos preliminares diferem da contratação mitigada, pois nela 
falta uma verdadeira vinculação ao compromisso. 
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24 As cartas de intenção: correspondem à expressão da intenção de celebrar um 
contrato futuro, sem assunção de uma obrigação nesse sentido. 
 Acordos de base: as partes referem o acordo existente sobre os pontos 
essenciais, embora as negociações prossigam para acertar questões 
complementares 
 Acordos de negociação: correspondem à definição de parâmetros em que 
devem decorrer as negociações, expressando a intenção de prosseguir. 
 Acordo-quadro: as partes numa negociação que envolve múltiplos contratos 
estabelecem um enquadramento comum a todos eles. 
 Protocolo complementar: celebração de uma convenção acessória de um 
determinado contrato, visando a sua completação 
Sempre um destes compromissos que não resulte a assunção de uma obrigação de contratar, a 
responsabilidade só dera ser estabelecida com base na culpa in contrahendo – art.227ºC.C. 
IMPORTANTE: sempre que exista a obrigação de contratar assumida pelas partes, já se estará 
perante um contrato-promessa1, aplicando-se assim o regime da execução específica do 
contrato, desse que isso não se oponha à natureza da obrigação assumida. 
3.1. Contrato-promessa 
 Contrato-promessa = convenção pela qual alguém se obriga a celebrar novo 
contrato, ou seja, há uma obrigação de contratar. As partes em vez de celebrarem o 
contrato definitivo, comprometem-se à sua posterior celebração. Artigo 410º\1 CC 
o É a emissão de uma declaração negocial (prestação de facto jurídico). 
 Funções do Contrato- promessa: 
o Partes querem vincular-se mas não tem oportunidade no momento  Celebram 
contrato-promessa, ou seja, obrigam-se a celebrar, no futuro, o contrato em causa. 
o Partes tem mais margem para recusar a celebração do contrato permitido – em caso 
de arrependimento e desejar cancelar o contrato, só tem de indemnizar a outra 
parte. 
 
É uma convenção autónoma do contrato prometido, pois tem eficácia obrigacional, seja 
qual for a eficácia do contrato definitivo.  AUTONOMIA entre os dois contratos. 
 
CONTUDO: 
 Princípio da equiparação: O contrato-promessa está sujeito ao mesmo regime que o contrato 
definitivo -art.410º/1. 
 Exceções: 
 Disposições relativas à forma: Poderá ter uma forma menos solene que a do 
contrato definitivo. Baseando-se no princípio da liberdade de forma – art.219ºC.C. – 
a não ser que a lei exija um documento para o contrato prometido – art.410º/2C.C. 
 
 
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 Disposições que pela sua razão de ser não devam considerar-se extensivas ao 
contrato-promessa. Afastamento de todas as disposições relativas ao contrato 
prometido. 
ASSIM: 
 A venda de bens alheios é nula sempre que o vendedor não tenha 
legitimidade para a realizar (Artigo 892ºCC), MAS O CONTRATO- PROMESSA 
DE BENS ALHEIOS É VÁLIDO, uma vez que está em causa uma mera 
obrigação de contratar, não se exigindo em relação ao promitente-
vendedor qualquer requisito de legitimidade; 
 Não há qualquer obstáculo á celebração de dois contratos promessa 
incompatíveis sobre o mesmo bem, uma vez que há apenas a constituição 
de dois direitos de crédito, os quais não se hierarquizam entre si pela data 
da constituição, mas antes concorrem simultaneamente sobre o património 
do vendedor – Artigo 604º\1 CC. 
3.1.1. Modalidades de contrato-promessa. 
Poderá ser unilateral ou bilateral, consoante apenas uma das partes se vincule à celebração do 
contrato-futuro, ou se essa vinculação ocorra para ambas as partes: 
 Bilateral: Ambas as partes vinculam-se à celebração do contrato- futuro= Sinalagmático. 
 Exemplo: alguém prometer vender a outrem determinado imóvel por certo preço e 
esse outrem, simultaneamente, se comprometer a comprar-lho; 
 Unilateral: Apenas uma das partes se vincule à celebração do contrato-futuro = Não- 
Sinalagmático. Ex: A promete vender a casa a B, mas B não se compromete a comprá-
la. 
o Pode ser remunerado sempre que a outra parte assuma a obrigação de pagar 
ao promitente determinada quantia pelo facto de se manter vinculado à 
celebração do contrato durante determinado tempo – preço de imobilização. 
o Em qualquer caso, a lei considera que o direito à celebração do contrato 
definitivo apenas deve poder ser exercido dentro de um prazo limite, pelo que, 
sempre que as partes não o estipulem, é possível ao promitente fixar à outra 
parte um prazo de exercício do direito, findo o qual este caducará – Artigo 
411ºCC. 
 
 Romano Martinez: 
 Contrato- Promessa meramente obrigacional; 
 Contrato- Promessa com eficácia real (Artigo 413ºCC). 
3.1.2. Forma do contrato-promessa. 
 A forma não é abrangida pelo princípio da equiparação.  O CP segue assim o regime 
geral que se baseia na liberdade de forma – Artigo 219ºCC. 
o EXEÇÃO: Artigo 410º\2 CC – Quando a lei exige um documento, autêntico ou 
particular, para o contrato prometido também será exigido esse documento para o 
CP, BASTANTO, porém, UM DOCUMENTO PARTICULAR. 
 Deverá se apenas assinado pela parte que se vincula à celebração do 
contrato definitivo. Ou seja, apenas se exige a assinatura de ambos os 
comitentes nos contratos bilaterais. 
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CONTUDO: 
Artigo 410º\3 CC – Se o contrato definitivo respeitar à transmissão ou constituição de 
direito real sobre edifícios ou fração autónoma dele, o contrato promessa, que deve 
constar de documento escrito, tem de ter o reconhecimento presencial da assinatura do 
promitente ou promitentes, sendo igualmente necessária a licença de utilização ou 
construção. 
 O objetivo é o controlo dos contratos promessas relativos a edifícios ou frações autónomas e 
clandestinas. 
 Menezes Leitão: Caso estes requisitos não sejam cumpridos ocorrerá invalidade do 
contrato promessa que só poderá ser invocada pelo promitente adquirente, a menos 
que seja provocada por sua culpa exclusiva, caso em que o promitente alienante 
também poderá invocar.  A INVALIDA NÃO PODE SER INVOCADA POR TERCEITOS, 
NEM CONHECIDA OFICIOSAMENTE PELO TRIBUNAL. 
ASSIM, a omissão destas formalidades não constitui uma verdadeira nulidade, mas sim uma 
situação de nulidade mista. 
 O contrato promessa assinado apenas por um dos promitentes poderá ser válido como 
promessa unilateral, permitindo a conservação da obrigação por quem assinou o 
documento? 
 
I. Tese da transmutação automática desse contrato em promessa unilateral: Caso 
faltasse ao contrato promessa bilateral a assinatura de uma das partes, ele valeria 
automaticamente como promessa unilateral; 
II. Tese da nulidade total do contrato: A falta de assinatura de uma das partes é um 
elemento essencial para a forma do contrato promessa, e que atenta a natureza 
sinalagmática desse contrato, a invalidade de uma das obrigações irá 
necessariamente afetar a outra. 
III. Tese da Conversão: Seria injusto não permitir o aproveitamento do negócio, 
devendo-se por isso utilizar um mecanismo de conversão e não de redução, já que 
a redução pressupõe invalidade parcial, o que levaria à nulidade de todo o 
contrato promessa (Artigo 292ºCC). Assim, proceder-se-á à transformação num 
negócio de tipo ou, pelo menos, de conteúdo diferente, situação por isso sujeita 
ao Artigo 293ºCC. 
IV. Tese da Redução: Se no contrato promessa a lei só exige a assinatura para a 
declaração negocial do contraente que se vincula à promessa, a nulidade por falta 
de forma no contrato promessa bilateral será parcial se apenas um dos 
contraentes não assinar o contrato, o que justifica a aplicação do regime da 
redução – Artigo 292ºCC. 
 Este é o regime que melhor tutela os interesses da parte que pretende o 
aproveitamentodo negócio, uma vez que estabelece em princípio essa 
solução, apenas a afastando quando se demonstre que a vontade 
hipotética das partes iria em sentido contrário. 
 
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 Menezes Leitão & Doutrina Maioritária: Tese da Redução. Nela é ao interessado na 
nulidade total do negócio que caberá alegar e provar que o contrato não teria sido 
concluído sem a parte viciada – Artigo 292ºCC. 
 
3.1.3. Transmissão dos direitos e obrigações emergentes do contrato-promessa. 
 Artigo 412ºCC: os direitos e obrigações emergentes do contrato-promessa, que não 
sejam exclusivamente pessoais, transmitem-se por morte aos sucessores das partes 
(n.º 1), ficando a transmissão por ato entre vivos sujeitas às regras gerais (n.º 2). 
 
OU SEJA, nada impede que, em caso de morte de uma das partes, o cumprimento da 
obrigação respetiva seja exigida dos herdeiros, ou que seja requerida pelos herdeiros 
do defunto. 
 Caso, no entanto, as partes tenham celebrado o contrato-promessa tomando em 
consideração especificamente a pessoa do outro contraente, a própria natureza da 
relação impedirá a transmissão por morte Artigo 2025º. 
 
3.1.4. A execução específica 
 No contrato-promessa os promitentes vinculam-se a uma prestação de facto jurídico. 
Contudo, esta não é coercível, ou seja, o devedor não pode ser coagido pela força a emitir a 
declaração negocial a que se obrigou. 
No entanto, a lei admite a execução específica desta obrigação = consiste em o devedor ser 
substituído no cumprimento, obtendo o credor a satisfação do seu direito por via judicial. O 
Tribunal emitir uma sentença que produza os mesmos efeitos jurídicos da declaração negocial 
que não foi realizada, operando-se assim a constituição do contrato definitivo. 
 Artigo 830º: O não cumprimento da promessa atribui à outra parte o direito a recorrer 
à execução específica. 
o IMPORTANTE: A referência legal a “não cumprimento” deve ser entendida em 
sentido amplo, uma vez que para efeitos da execução específica é suficiente a 
simples mora, já que o credor mantém interesse na prestação, exercendo o seu 
direito a ela. 
o A execução específica deixa de ser possível, a partir do momento em que se 
verifique uma impossibilidade definitiva de cumprimento. 
Há duas situações em que é excluída a execução específica do contrato-promessa: 
1. A existência de convenção em contrário: a possibilidade de execução específica da 
obrigação de contratar não se apresenta como um regime imperativo, pelo que as 
partes podem derrogá-lo através de convenção; 
 Presume-se que tal sucede no caso de as partes estipularem sinal ou uma 
penalização para o incumprimento (830º/2), por se presumir que, nessa 
situação, o que as partes pretendem em caso de incumprimento é 
unicamente a obtenção de indemnização convencionada e não a execução 
específica. 
 Esta presunção é ilidível por prova em contrário (350º/2). 
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 Nada impede que as partes convencionem a aplicação dos dois regimes, 
cabendo nesse caso ao credor optar pela alternativa que lhe for mais 
conveniente. 
IMPORTANTE: Tal acontecerá imperativamente na situação do Artigo 830º/3: Nas promessas a 
que se refere o art 410º/3 o direito à execução específica não pode ser afastado pelas partes. 
OU SEJA, nestas promessas não podem as partes estipular convenções contrárias à execução 
específica, pelo que nunca será atribuído esse efeito à convenção de sinal ou cláusula penal. 
2. A execução específica ser incompatível com a natureza da obrigação assumida: 
casos em que a execução específica se apresenta como incompatível com a 
obrigação assumida por índole específica do processo de formação do contrato 
prometido ou a sua natureza pessoal não se apresentar como compatível com a 
sua constituição por sentença judicial; 
 
 Dois problemas que a execução específica poderia desencadear: 
o O bem ter sido prometido vender livre de ónus ou encargos, mas se encontrar 
presentemente hipotecado  Nesse caso a execução específica não protegeria 
adequadamente os interesses do adquirente, que ficaria sujeito a ver o bem 
posteriormente executado para pagamento da dívida ao credor hipotecário. Por 
esse motivo admite-se que na ação de execução específica seja simultaneamente 
pedida a condenação do promitente faltoso na quantia necessária para expurgar a 
hipoteca, assim se conseguindo a sua extinção, necessária para o beneficiário da 
promessa (830º/4). 
o Hipótese de o promitente faltoso poder invocar a exceção de não cumprimento do 
contrato, caso em que a ação improcede se ele não consignar em depósito a sua 
prestação no prazo que lhe for fixado pelo Tribunal (830º/5).  Pretende-se com 
esta norma evitar que quando o promitente faltoso beneficie da exceção de não 
cumprimento do contrato (428º) o Tribunal pode emitir a sentença de execução 
específica sem assegurar que o promitente faltoso venha a receber a prestação a 
que tem direito.  Para esse efeito, permite-se que o tribunal imponha ao autor o 
ónus de proceder à consignação em depósito da sua prestação, em prazo por ele 
fixado, sob pena de a ação ser julgada improcedente. 
 
3.1.5. Articulação com o regime do sinal. 
A) Sinal e antecipação do cumprimento. 
 O regime do contrato-promessa deve ser articulado com o regime do sinal. 
 
 Sinal = Cláusula acessória dos contratos onerosos, mediante a qual uma das partes 
entrega à outra, por ocasião da celebração do contrato, uma coisa fungível, que pode 
ter natureza diversa da obrigação contraída ou a contrair. Artigo 442ºCC 
o Se a parte que constitui o sinal deixou de cumprir a sua obrigação, a outra parte 
tem o direito de fazer sua a coisa entregue. Se o não cumprimento partir de quem 
recebeu o sinal, tem este que o devolver em dobro (442º/2, 1ª parte). 
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o Caso se verifique o cumprimento do contrato, a coisa entregue será imputada na 
prestação devida – valendo como princípio de pagamento – ou restituída, caso 
essa imputação não seja possível (442º/1). 
 
 Menezes Leitão: O sinal é um caso típico de datio rei (entrega da coisa) que transmite a 
propriedade com uma função confirmatória-penal, podendo nessa medida qualificar-se 
como um contrato real simultaneamente quoad constitutionem e quoad effectum. 
TER EM CONTA: Artigo 440º  Normalmente a realização de uma datio rei, por uma das partes, 
na altura da celebração do contrato ou em data posterior, não implica a presunção de 
constituição de sinal, sempre que se verifique coincidência entre a datio realizada e o objecto da 
obrigação a que aquela parte está adstrita. Nesta situação, entende-se que o que visou com a 
datio foi antecipar o cumprimento da obrigação e não a constituição do sinal. Se as partes 
quiserem que a prestação entregue tenha o carácter de sinal, deverão atribuir-lhe 
especificamente essa natureza. 
 Em sede de contrato-promessa: 
o A datio rei realizada pelo promitente-comprador nunca pode ser coincidente com a 
prestação a que fica adstrito, pelo que nunca pode se poderia qualificar como 
antecipação do cumprimento de uma obrigação vigente. 
 O contrato-promessa institui apenas obrigações a prestações de facto 
jurídico (celebrar o contrato definitivo)  A entrega de uma coisa nunca 
poderia constituir cumprimento. Por esse motivo, é excluída a aplicação do 
440º. 
o O art 441º dispõe que a entrega de quantias em dinheiro pelo promitente-
comprador ao promitente vendedor constitui presunção de estipulação de sinal. 
 Efetivamente, uma vez que a obrigação de pagamento do preço só

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