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EXTINÇÃO DO CONTRATO Autor: Roberto Senise Lisboa CAUSAS EXTINTIVAS A terminação natural do contrato ocorre com a quitação de todas as obrigações pactuadas. Todavia, há casos em que subsistem os efeitos da relação, ante a ausência do cumprimento integral dos dispositivos negociais: a) As causas anteriores ou concomitantes acarretam a anulação do contrato. b) As causas supervenientes geram a dissolução do negócio jurídico. Sob o aspecto de imputabilidade da responsabilidade contratual, o contrato pode ser extinto: a) Por fatores não imputáveis às partes, descabendo a indenização por perdas e danos. Ex: morte, caso fortuito, força maior b) Por fatores imputáveis às partes, onde o responsável será obrigado à indenização por perdas e danos. Ex: resolução voluntária FATORES NÃO IMPUTÁVEIS ÀS PARTES São: a morte, a força maior e o caso fortuito. a) A morte: ordinariamente proporciona a extinção do contrato, mas algumas obrigações pactuadas que não chegaram a ser cumpridas pelo de cujus poderão ser exigidas dos seus herdeiros, até os limites das forças da herança, ou seja, até o valor que integra o patrimônio deixado aos sucessores. Ex: contrato de empreitada b) A força maior: o evento inevitável que pode ou não ser imprevisível, conhecido como fenômeno divino (act of God), cuja impossibilidade de prosseguimento com o contrato acarreta a sua extinção c) O caso fortuito: evento imprevisível devido à atuação humana alheia à vontade das partes que poderia até ter sido evitado, ordinariamente, cuja impossibilidade de prosseguimento com o contrato acarreta a sua extinção. Nos dois últimos casos, o CC diz que o devedor não responde por caso fortuito ou força maior, salvo se expressa a sua responsabilidade. FATORES IMPUTÁVEIS ÀS PARTES A extinção do contrato também pode ter como causa algum fator imputável a uma das partes. É o caso do vício de consentimento ou vício social, pela vontade de um ou de ambos os contratantes e pela mora. a) Vícios de consentimento (erro, o dolo, a coação, a lesão e o estado de perigo): geram a extinção do contrato por defeito da manifestação da vontade de uma das partes, que se sujeita à ineficácia (efeito ex nunc). b) Vícios sociais: proporcionam a extinção do negócio jurídico por defeito grave da manifestação da vontade e os prejuízos que disso podem resultar sobre terceiros. I. A simulação absoluta, a simulação relativa e a fraude à lei ensejam a invalidade absoluta do negócio jurídico (efeito ex tunc). II. A fraude contra credores sujeita-se à ineficácia (efeito ex nunc). c) Pela vontade válida e eficaz de uma ou de ambas as partes. I. Pela vontade de uma das partes: esta ofereceu denúncia (declarou que não pretende prosseguir com o negócio, sujeitando-se aos efeitos da sua desistência). II. Pela vontade recíproca das partes: fala-se em distrato (um novo acordo de vontades que põe termo àquilo que havia sido tratado pelas partes). d) Incorrer em mora: quando há retardamento culposo no cumprimento da obrigação. RESCISÃO CONTRATUAL Rescisão é o rompimento do vínculo negocial decorrente da ineficácia do negócio jurídico, que só pode ser obtida por meio de ação judicial, não podendo ser reconhecido de ofício. Diferença entre rescisão por anulação e nulidade absoluta: A nulidade absoluta pode ser reconhecida pelo juiz ex officio e a qualquer tempo e gera efeitos ex tunc, referindo-se às hipóteses de invalidade por: a) Incapacidade absoluta de uma das partes, b) Ilicitude do objeto, c) Não observância da forma prescrita ou a adoção de forma vedada em lei Já o contrato se sujeitará à rescisão por anulação quando: a. O agente for relativamente incapaz; b. For celebrado com algum vício de consentimento (erro, dolo, coação); c. For celebrado com algum vício social caracterizador da fraude contra credores; ou d. Causar lesão a uma das partes, havendo o aproveitamento da situação de inexperiência, e. Leviandade ou premência da vítima, para a obtenção de vantagem indevida; e f. A conclusão do contrato se verificar em estado de perigo para um dos contraentes. A rescisão por invalidade relativa gera efeitos ex nunc, equiparando-se à ineficácia. Por isso, toda rescisão cessa a eficácia do negócio jurídico tão somente a partir do momento em que é declarada judicialmente (efeito ex nunc). RESILIÇÃO CONTRATUAL Resilição é o rompimento do vínculo negocial decorrente da declaração de vontade, que pode ser feita mediante denúncia ou distrato. A resilição pode ser: unilateral ou bilateral. ESPÉCIES 1. Resilição Unilateral Dá-se mediante a denúncia notificada à outra parte. Se, contudo, uma das partes houver efetuado investimentos consideráveis para a sua execução, a denúncia somente terá efeitos após o transcurso do prazo compatível com a natureza e o vulto do investimento. A resilição unilateral pode ocorrer nos contratos: a) Por prazo indeterminado; b) De execução continuada; c) Cuja execução não tenha se iniciado; d) Benéficos; e) De atividade humana. 1.1. Denúncia É a extinção do contrato por força da manifestação da vontade de uma das partes, com eficácia ex nunc, gerando efeitos a partir do momento da cientificação da outra parte. Ela pode ser motivada ou imotivada: a) Denúncia motivada ou denúncia cheia: com fundamento em lei, em regra libera o denunciante do pagamento de indenização por perdas e danos. Exemplo: no contrato de locação, cabe o despejo por falta de pagamento, que se dá por ato de resilição unilateral. b) Denúncia imotivada ou vazia: sem fundamento legal, em regra possibilita àquele que vier a sofrer prejuízos dela decorrentes a indenização por perdas e danos. 1.2. Algumas distinções a) Despedida: ato jurídico unilateral de desfazimento do vínculo contratual, cujo objeto é a atividade humana remunerada, que importa ou não na entrega de uma obra. b) Revogação: ato jurídico unilateral que importa em retratação da declaração da vontade anteriormente expedida pela parte. c) Renúncia: ato jurídico unilateral e irrevogável que importa na extinção do direito do renunciante, decorrente de sua abdicação. d) Resgate é ato unilateral de pagamento ou de liberação de pagamento, existente nos contratos de enfiteuse e de constituição de renda, respectivamente. 2. Resilição bilateral Forma de extinção do negócio jurídico por acordo de ambas as partes, tendo por forma mais comum o distrato. 2.1. Distrato É a extinção do contrato por força da manifestação da vontade de ambas as partes; é um negócio jurídico que põe termo a negócio jurídico anteriormente celebrado, que deve adotar a mesma forma do contrato que se pretende extinguir. Gera eficácia ex tunc, ressalvada a vontade das partes em sentido contrário, para tão somente configurar contrato modificativo do anterior. 2.2. Característica principal O distrato não possibilita, em regra, a percepção de indenização por perdas e danos, porque por meio dele se opera a compensação (forma indireta de extinção das obrigações, mediante a realização de concessões mútuas que têm por objetivo dar fim a essas obrigações, liberando-se as partes). RESOLUÇÃO CONTRATUAL Resoluçãoé o rompimento do vínculo negocial decorrente da inexecução das obrigações pactuadas, que pode decorrer de fatores imputáveis ou não imputáveis às partes. São fatores não imputáveis às partes e não acarretam, em regra, perdas e danos: a) A impossibilidade física ou jurídica do cumprimento da prestação; b) A força maior, já estudada; c) O caso fortuito, já apreciado; d) A morte; e) A prescrição e a decadência, que extinguem o direito de ação judicial ou o próprio direito material, respectivamente, pelo decurso do tempo. Obs.1: se o cumprimento da obrigação não for impossível, mas se revestir de extrema dificuldade, nos contratos comutativos de execução continuada, há a onerosidade excessiva. Obs.2: A impossibilidade temporária da execução do contrato pode ensejar a sua suspensão, e não propriamente a sua extinção. EFEITOS a) A eficácia da resolução por descumprimento involuntário da avença é ex tunc. b) A resolução contratual possui eficácia ex tunc, se o contrato for de execução única. c) Caso o contrato seja de execução continuada, a eficácia será ex nunc. MORA A inexecução voluntária da obrigação decorre do retardamento, geralmente, culposo, de seu cumprimento por uma das partes, o que é conhecido por mora. RISCO Nos contratos unilaterais, o risco da resolução é, em regra, do credor (res perit creditori). Nos contratos bilaterais, a parte liberada do cumprimento de suas obrigações deve restituir o que recebeu, sob pena de enriquecimento ilícito (res perit creditori) e o inadimplente responde por perdas e danos.
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