Buscar

printhandler EXTINÇÃO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Direito Civil - Contratos
Campus Campo Grande / West Shopping - Curso de Direito
Rio de Janeiro, 2021.2
Educar para transformar
Semana 04
Extinção contratual
Objetivos:
- Detalhar as causas de extinção contratual.
- Determinar as consequências jurídicas da extinção contratual.
Situação-problema:
Cristina Firmeza, renomada sanfoneira no Nordeste, firmou contrato de prestação de serviço com a Banda Sucesso do
Forró, para tocar sanfona em um Festival junino que acontecerá no ano corrente.
No dia designado, Cristina comparece, toca sanfona no palco juntamente com a banda e, ao final da festa, recebe o valor
acordado.
a) Quais as consequências jurídicas do cumprimento do contrato firmado entre Cristina Firmeza e a Banda Sucesso do
Forró?
b) Considerando que Cristina tenha descumprido o contrato, qual a consequência deste descumprimento?
Estudo de caso:
Concreta Transportes Ltda. celebrou um contrato de arrendamento mercantil (leasing) de 20 carretas com San Diego
Transportadora Ltda., a ser pago em 36 parcelas iguais e sucessivas. As primeiras 28 parcelas foram pagas de forma
tempestiva, contudo, a partir daí os pagamentos cessaram, tendo a Concreta Transportes Ltda. buscado de forma
amigável sanar o problema por diversas vezes, sem êxito. Isto motivou o ajuizamento de uma ação de reintegração de
posse, que fora negada judicialmente, com respaldo na teoria do adimplemento substancial.
Analise a situação narrada sob a ótica da doutrina e jurisprudência, tomando por base as seguintes premissas:
I) o intuito do contrato é o seu efetivo cumprimento;
II) o descumprimento contratual gera sua extinção;
III) busca-se preservar a relação contratual tano quanto seja possível;
IV) havendo cumprimento de grande parcela da obrigação, o contrato não será extinto (adimplemento substancial).
1. Extinção contratual:
1.1. Extinção natural:
Segundo Humberto Theodoro Junior:
“ao contrário dos direitos reais, que tendem à perpetuidade, os direitos obrigacionais gerados pelo contrato caracterizam-se pela temporalidade. Não há contrato
eterno. O vínculo contratual é, por natureza, passageiro e deve desaparecer, naturalmente, tão logo o devedor cumpra a prestação prometida ao credor”
O cumprimento da prestação libera o devedor e satisfaz o credor. Este é o meio normal de extinção do contrato. Comprova-se o pagamento pela
quitação fornecida pelo credor, observados os requisitos exigidos no art. 320, CC:
Art. 320. A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular, designará o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por
este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu representante.
1.2. Causas anteriores ou contemporâneas à formação do contrato:
a) Nulidade absoluta e relativa:
A nulidade absoluta decorre de ausência de elemento essencial do ato, com transgressão a preceito de ordem pública, impedindo que o contrato
produza efeitos desde a sua formação (ex tunc).
Se a hipótese for de nulidade parcial ou relativa, só quanto a ela poderá ser exercido o direito (art. 184). Quando cabível a conversão (art. 170), a
procedência do pedido extintivo de nulidade será apenas parcial, devendo o juiz declarar qual o negócio jurídico que subsiste.
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
IV - não revestir a forma prescrita em lei;
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma.
§1º Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem;
II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira;
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados.
§2º Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado.
Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo.
Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam
querido, se houvessem previsto a nulidade.
Art. 184. Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta for separável; a invalidade da
obrigação principal implica a das obrigações acessórias, mas a destas não induz a da obrigação principal.
A anulabilidade advém da imperfeição da vontade: ou porque emanada de um relativamente incapaz não assistido (prejudicando o interesse particular
de pessoa que o legislador quis proteger), ou porque contém algum dos vícios do consentimento, como erro, dolo, coação etc. Como pode ser sanada
e até mesmo não arguida no prazo prescricional, não extinguirá o contrato enquanto não se mover ação que a decrete, sendo ex nunc os efeitos da
sentença. Malgrado também contenha vício congênito, é eficaz até sua decretação pelo juiz.
A anulabilidade, diversamente da nulidade, não pode ser arguida por ambas as partes da relação contratual, nem declarada ex oficio pelo juiz.
Legitimado a pleitear a anulação está somente o contraente em cujo interesse foi estabelecida a regra (CC, art. 177). Tratando-se apenas de proteger o
interesse do incapaz, do lesado, do enganado ou do ameaçado, só a estes – e, nos casos de incapacidade, devidamente assistidos por seu
representante legal – cabe decidir se pedem ou não a anulação.
Art. 177. A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença, nem se pronuncia de ofício; só os interessados a podem alegar, e aproveita
exclusivamente aos que a alegarem, salvo o caso de solidariedade ou indivisibilidade.
b) Direito de arrependimento:
Quando expressamente previsto no contrato, o arrependimento autoriza qualquer das partes a rescindir o ajuste, mediante declaração unilateral da
vontade, sujeitando-se à perda do sinal, ou à sua devolução em dobro, sem, no entanto, pagar indenização suplementar. Configuram-se, in casu, as
arras penitenciais, previstas no art. 420, CC:
Art. 420. Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento para qualquer das partes, as arras ou sinal terão função unicamente indenizatória. Neste caso,
quem as deu perdê-las-á em benefício da outra parte; e quem as recebeu devolvê-las-á, mais o equivalente. Em ambos os casos não haverá direito a indenização
suplementar.
O direito de arrependimento deve ser exercido no prazo convencionado ou antes da execução do contrato, se nada foi estipulado a esse respeito, pois o
adimplemento deste importará renúncia tácita àquele direito.
1.3. Causas supervenientes à formação do contrato:
a) Resolução:
A obrigação visa à realização de um determinado fim. Nem sempre, no entanto, os contraentes conseguem cumprir a prestação avençada, em razão de
situações supervenientes, que impedem ou prejudicam a sua execução. A extinção do contrato mediante resolução tem como causa a inexecução ou
incumprimento por um dos contratantes.
A resolução por inexecução voluntária decorre de comportamento culposo de um dos contraentes, com prejuízo ao outro. Produz efeitos ex tunc,
extinguindo o que foi executado e obrigando a restituições recíprocas, sujeitando ainda o inadimplente ao pagamento de perdas e danos e da cláusula
penal, convencionada para o caso de total inadimplemento da prestação (cláusula penal compensatória), em garantia de alguma cláusula especial ou
para evitar o retardamento (cláusula penal moratória), conforme os arts. 475 e 409 a 411 do Código Civil
Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedira resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos,
indenização por perdas e danos.
Art. 409. A cláusula penal estipulada conjuntamente com a obrigação, ou em ato posterior, pode referir-se à inexecução completa da obrigação, à de alguma
cláusula especial ou simplesmente à mora.
Art. 410. Quando se estipular a cláusula penal para o caso de total inadimplemento da obrigação, esta converter-se-á em alternativa a benefício do credor.
Art. 411. Quando se estipular a cláusula penal para o caso de mora, ou em segurança especial de outra cláusula determinada, terá o credor o arbítrio de exigir a
satisfação da pena cominada, juntamente com o desempenho da obrigação principal.
Entretanto, se o contrato for de trato sucessivo, como o de prestação de serviços de transporte e o de locação, por exemplo, a resolução não produz
efeito em relação ao pretérito, não se restituindo as prestações cumpridas. O efeito será, nesse caso, ex nunc.
O devedor acionado por resolução pode apresentar várias defesas, de direito material ou de natureza processual, como, por exemplo, que o contrato
não é bilateral; que o cumpriu integralmente ou de modo substancial, suficiente para impedir a sua resolução (não foi paga apenas pequena parcela do
preço); que não o cumpriu porque o credor, que deveria cumprir antes a sua parte, não o fez (exceção do contrato não cumprido - exceptio non
adimpleti contractus); que o credor já não está legitimado à ação, porque houve cessão da posição contratual, ou que o réu já não é o devedor, em
virtude de assunção dessa posição, com exclusão da responsabilidade; prescrição do direito de crédito; advento de circunstâncias que alteraram a base
do negócio, tornando inexigível a prestação (onerosidade excessiva) etc
I – Da exceção do contrato não cumprido:
Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro.
Art. 477. Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes diminuição em seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a
prestação pela qual se obrigou, pode a outra recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante de
satisfazê-la.
Em princípio, as prestações prometidas pelos contratantes devem ser cumpridas simultaneamente, passo a passo; por exemplo, na venda à vista, a
mercadoria é entregue após o pagamento do preço. Caso não seja pago o preço a mercadoria não precisa ser entregue.
A exceção de contrato não cumprido ou inexecução contratual (art. 476, CC) é um mecanismo de defesa de boa-fé, através da justiça privada, que faz
com que um contratante não possa reclamar a execução do que lhe é devido pelo outro contratante, sem antes pagar o que deve.
Segundo Caio Mario da Silva Pereira:
“nos contratos bilaterais as obrigações das partes são recíprocas e interdependentes: cada um dos contraentes é simultaneamente credor e devedor um do outro,
uma vez que as respectivas obrigações têm por causa as do seu cocontratante, e, assim, a existência de uma é subordinada à da outra parte”
Conforme Silvio Rodrigues, “é mister que as prestações sejam simultâneas, pois, caso contrário, sendo diferente o momento da exigibilidade, não
podem as partes invocar tal defesa”.
Aduz que a exceptio non adimpleti contractus “paralisa a ação do autor, ante a alegação do réu de não haver recebido a contraprestação devida; não se
debate o mérito do direito arguido, nem o excipiente nega a obrigação; apenas contesta sua exigibilidade, em face de não haver o excepto adimplido o
contrato”.
Quando as prestações, em vez de simultâneas, são sucessivas, a exceção não pode ser oposta pela parte a que caiba o primeiro passo. Se não foi
estipulado o momento da execução, entendem-se simultâneas as prestações. Se ambas mostram-se inadimplentes, impõe-se a resolução do contrato,
com restituição das partes à situação anterior.
É requisito, para que a exceção do contrato não cumprido seja admitida, que a falta cometida pelo contraente, que está exigindo a prestação do outro
sem ter antes cumprido a sua, seja grave, bem como que haja equilíbrio e proporcionalidade entre as obrigações contrapostas.
A aplicação da exceptio non adimpleti contractus não pode prescindir da boa-fé e não deve ser feita sem levar em conta a diversidade de obrigações. Se
o inadimplemento do credor for de leve teor, não poderá ele servir de fundamento ou justificar a oposição da aludida defesa.
Se um dos contraentes cumpriu apenas em parte, ou de forma defeituosa, a sua obrigação, quando se comprometera a cumpri-la integral e
corretamente, cabível se torna a oposição, pelo outro, da exceção do contrato parcialmente cumprido ou exceptio non rite adimpleti contractus.
Diferencia-se da exceção non adimpleti contractus porque esta pressupõe completa e absoluta inexecução do contrato. Na prática, porém, a primeira é
abrangida pela segunda.
Como decorrência do princípio da autonomia da vontade, admite-se a validade de cláusula contratual que restrinja o direito de as partes se utilizarem
do aludido art. 476 do Código Civil. Trata-se da cláusula solve et repete, pela qual obriga-se o contratante a cumprir a sua obrigação, mesmo diante do
descumprimento da do outro, resignando-se a, posteriormente, voltar-se contra este, para pedir o cumprimento ou as perdas e danos. Importa em
renúncia ao direito de opor a exceção do contrato não cumprido.
A mencionada cláusula não é muito comum, sendo encontrada em alguns contratos administrativos, para proteger a Administração, bem como em
contratos de locação de imóveis residenciais, de compra e venda de móveis (em geral, de máquinas) e de sublocações (em favor do locador). Nas
relações de consumo deve ser evitada, em razão da cominação de nulidade a toda cláusula que coloque o consumidor em desvantagem exagerada
(CDC, art. 51, IV).
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a
eqüidade;
Verifica-se, do exposto, que o contratante pontual pode, ante o inadimplemento do outro, tomar, a seu critério, três atitudes, uma passiva e duas
ativas: a) ou permanecer inerte e defender-se, caso acionado, com a exceptio non adimpleti contractus; b) ou pleitear a resolução do contrato, com
perdas e danos, provando o prejuízo sofrido; c) ou, ainda, exigir o cumprimento contratual, quando possível a execução específica (CPC, arts. 497, 499,
500, 501, 536, § 1º, e 537).
A resolução pode também decorrer de fato não imputável às partes, como sucede nas hipóteses de ação de terceiro ou de acontecimentos inevitáveis,
alheios à vontade dos contraentes, denominados caso fortuito ou força maior, que impossibilitam o cumprimento da obrigação.
A inexecução involuntária caracteriza-se pela impossibilidade superveniente de cumprimento do contrato. Há de ser objetiva, isto é, não concernir à
própria pessoa do devedor, pois deixa de ser involuntária se de alguma forma este concorre para que a prestação se torne impossível.
A impossibilidade deve ser, também, total, pois se a inexecução for parcial e de pequena proporção, o credor pode ter interesse em que, mesmo assim,
o contrato seja cumprido. Há de ser, ainda, definitiva. Em geral, a impossibilidade temporária acarreta apenas a suspensão do contrato. Somente se
justifica a resolução, neste caso, se a impossibilidade persistir por tanto tempo que o cumprimento da obrigação deixa de interessar ao credor. Mera
dificuldade, ainda que de ordem econômica, não se confunde com impossibilidade de cumprimento da avença, exceto se caracterizar onerosidade
excessiva.
O inadimplente não fica, no caso de inexecução involuntária, responsável pelo pagamento de perdas e danos, salvo se expressamente se obrigou a
ressarcir os “prejuízos resultantesde caso fortuito ou força maior”, ou estiver “em mora” (CC, arts. 393 e 399)
Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado.
Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir.
Art. 399. O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito ou de força maior, se estes
ocorrerem durante o atraso; salvo se provar isenção de culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada.
Outra forma de resolução é a resolução por onerosidade excessiva. É a chamada Teoria da Imprevisão.
Embora o princípio pacta sunt servanda seja fundamental para a segurança nos negócios e fundamental a qualquer organização social, os negócios
jurídicos podem sofrer as consequências de modificações posteriores das circunstâncias, com quebra insuportável da equivalência. Tal constatação deu
origem ao princípio da revisão dos contratos ou da onerosidade excessiva, que se opõe àquele, pois permite aos contratantes recorrerem ao
Judiciário, para obterem alteração da convenção e condições mais humanas, em determinadas situações.
Originalmente chamada de “contractus qui habent tractum succesivum et dependentiam de futuro rebus sic stantibus intelliguntur”, essa cláusula
difundiu-se resumidamente como rebus sic stantibus, sendo considerada implícita em todo contrato comutativo de trato sucessivo.
Consiste em presumir, nos contratos comutativos, de trato sucessivo e de execução diferida, a existência implícita (não expressa) de uma cláusula, pela
qual a obrigatoriedade de seu cumprimento pressupõe a inalterabilidade da situação de fato. Se esta, no entanto, modificar-se em razão de
acontecimentos extraordinários, como uma guerra, por exemplo, que tornem excessivamente oneroso para o devedor o seu adimplemento, poderá
este requerer ao juiz que o isente da obrigação, parcial ou totalmente
Embora a resolução por onerosidade excessiva se assemelhe ao caso fortuito ou força maior, visto que em ambos os casos o evento futuro e incerto
acarreta a exoneração do cumprimento da obrigação, diferem, no entanto, pela circunstância de que o último impede, de forma absoluta, a execução
do contrato (impossibilitas praestandi), enquanto a primeira determina apenas uma dificultas, não exigindo, para sua aplicação, a impossibilidade
absoluta, mas a excessiva onerosidade, admitindo que a resolução seja evitada se a outra parte se oferecer para modificar equitativamente as
condições do contrato.
Em linha geral, o princípio da resolução dos contratos por onerosidade excessiva não se aplica aos contratos aleatórios, porque envolvem um risco,
sendo ínsita a eles a álea e a influência do acaso, salvo se o imprevisível decorrer de fatores estranhos ao risco próprio do contrato.
Conforme Caio Mario:
“nunca haverá lugar para a aplicação da teoria da imprevisão naqueles casos em que a onerosidade excessiva provém da álea normal e não do acontecimento
imprevisto, como ainda nos contratos aleatórios, em que o ganho e a perda não podem estar sujeitos a um gabarito determinado”
Em nosso Código Civil atual, pode-se notar essa hipótese de resolução nos seguintes artigos:
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a
outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar
retroagirão à data da citação.
Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar eqüitativamente as condições do contrato.
Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-
la, a fim de evitar a onerosidade excessiva.
Os requisitos para a resolução do contrato por onerosidade excessiva são os seguintes: a) vigência de um contrato comutativo de execução diferida ou
de trato sucessivo; b) ocorrência de fato extraordinário e imprevisível; c) considerável alteração da situação de fato existente no momento da execução,
em confronto com a que existia por ocasião da celebração; d) nexo causal entre o evento superveniente e a consequente excessiva onerosidade.
Sobre o tema:
https://www.migalhas.com.br/depeso/322291/teoria-da-imprevisao-coronavirus#:~:text=extraordin%C3%A1rios%20e%20imprevis%C3%ADveis.-
,Art.,pedir%20a%20resolu%C3%A7%C3%A3o%20do%20contrato.
b) Resilição:
A resilição não deriva de inadimplemento contratual, mas unicamente da manifestação de vontade, que pode ser bilateral ou unilateral. Resilir, do latim
resilire, significa, etimologicamente, “voltar atrás”
A resilição bilateral denomina-se distrato, que é o acordo de vontades que tem por fim extinguir um contrato anteriormente celebrado.
A unilateral pode ocorrer somente em determinados contratos, pois a regra é a impossibilidade de um contraente romper o vínculo contratual por sua
exclusiva vontade.
I – Resilição bilateral ou distrato:
Art. 472. O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato.
Art. 320. A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular, designará o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por
este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu representante.
Qualquer contrato pode cessar pelo distrato. É necessário, todavia, que os efeitos não estejam exauridos, uma vez que o cumprimento é a via normal
da extinção. Contrato extinto não precisa ser dissolvido. Se já produziu algum efeito, o acordo para extingui-lo não é distrato, mas outro contrato que
modifica a relação. O mecanismo do distrato é o que está presente na celebração do contrato: a mesma vontade humana, que tem o poder de criar,
atua na direção oposta, para dissolver o vínculo e devolver a liberdade àqueles que se encontravam compromissados.
Juridicamente, o distrato é, em substância, um caso de retratação bilateral do contrato que se perfaz mediante um novo contrato (solutório e
liberatório) de conteúdo igual e contrário ao do contrato originário e celebrado entre as mesmas partes do contrato que se irá dissolver; razão pela qual
deve revestir igual forma, produzindo efeitos ex nunc.
A exigência de observância da mesma forma exigida para o contrato, feita no citado art. 472, não deve ser interpretada, contudo, de forma literal, mas
com temperamento: o distrato deve obedecer à mesma forma do contrato a ser desfeito quando este tiver forma especial, mas não quando esta for
livre. Desse modo, a compra e venda de imóvel de valor superior à taxa legal, que exige escritura pública, só pode ser desfeita, de comum acordo, por
outra escritura pública. Mas o contrato de locação, que tem forma livre, pode ser objeto de distrato verbal, mesmo tendo sido constituído mediante
contrato escrito, por exemplo.
II – Resilição unilateral:
Art. 473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente o permita, opera mediante denúncia notificada à outra parte.
Parágrafo único. Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só
produzirá efeito depois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos.
A resilição, como já se disse, não deriva de inadimplemento contratual, mas unicamente da manifestação de vontade.
A resilição unilateral pode ocorrer somente nas obrigações duradouras, contra a sua renovação ou continuação, independentemente do não
cumprimento da outra parte, nos casos permitidos na lei (p. ex., denúncia prevista nos arts. 6º, 46, § 2º, e 57 da Lei n. 8.245/1991) ou no contrato (que
faz lei entre as partes):
Art. 6º O locatário poderá denunciar a locação por prazo indeterminado mediante aviso por escritoao locador, com antecedência mínima de trinta dias.
Art. 46. Nas locações ajustadas por escrito e por prazo igual ou superior a trinta meses, a resolução do contrato ocorrerá findo o prazo estipulado,
independentemente de notificação ou aviso.
§ 2º Ocorrendo a prorrogação, o locador poderá denunciar o contrato a qualquer tempo, concedido o prazo de trinta dias para desocupação.
Art. 57. O contrato de locação por prazo indeterminado pode ser denunciado por escrito, pelo locador, concedidos ao locatário trinta dias para a desocupação.
A faculdade de resilição unilateral é suscetível de ser exercida: a) nos contratos por tempo indeterminado; b) nos contratos de execução continuada, ou
periódica; c) nos contratos em geral, cuja execução não tenha começado; d) nos contratos benéficos; e) nos contratos de atividade. A resilição é o meio
próprio para dissolver os contratos por tempo indeterminado. Se não fosse assegurado o poder de resilir, seria impossível ao contratante libertar-se do
vínculo se o outro não concordasse.
A resilição unilateral independe de pronunciamento judicial e produz efeitos ex nunc, não retroagindo. Para valer, deve ser notificada à outra parte,
produzindo efeitos a partir do momento em que chega a seu conhecimento. É, destarte, declaração receptícia da vontade.
c) Morte:
A morte de um dos contratantes só acarreta a dissolução dos contratos personalíssimos (intuitu personae), que não poderão ser executados pela
morte daquele em consideração do qual foi ajustado.
Subsistem as prestações cumpridas, pois o seu efeito opera-seex nunc.
Nesses casos, a impossibilidade da execução do contrato sem culpa tem como consequência a sua resilição automática, dado que é insubstituível a
parte falecida.
d) Rescisão:
Embora o termo rescisão seja usado como sinônimo de resolução e de resilição, ele deve ser empregado apenas nas hipóteses de dissolução de
determinados contratos, como aqueles em que ocorreu lesão ou que foram celebrados em estado de perigo.
A lesão é defeito do negócio jurídico que se configura quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação
manifestamente desproporcional ao valor da prestação assumida pelo outro contraente (CC, art. 157):
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da
prestação oposta.
O estado de perigo assemelha-se à anulação pelo vício da coação e caracteriza-se quando a avença é celebrada em condições desfavoráveis a um dos
contratantes, que assume obrigação excessivamente onerosa, em situação de extrema necessidade, conhecida da outra parte (CC, art. 156). Os efeitos
da sentença retroagem à data da celebração do contrato, em ambos os casos. Destarte, a parte que recebeu fica obrigada a restituir.
Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra
parte, assume obrigação excessivamente onerosa.
A ocorrência de lesão ou de estado de perigo tornam anulável o contrato (art. 178, II):
Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado:
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico;
Exercício 1: Marília firmou contrato com Romeu, objetivando a realização de reforma em sua residência. Ocorre que Marília, muito exigente, não
estava satisfeita com a qualidade do serviço prestado por Romeu. Diante disto, estes, por mútuo consenso, resolveram encerrar a relação contratual.
Nessa situação, considerando o que dispõe a doutrina majoritária sobre a matéria, caracterizou-se a:
a) resolução bilateral do contrato;
b) revogação do contrato;
c) anulação do contrato;
d) inexistência contratual;
e) resilição bilateral do contrato.
Atividade autônoma AURA - Semana 04:
Exercício 2: José decidiu adquirir seu primeiro imóvel próprio, contudo, necessitava de um financiamento bancário para viabilizar a aquisição, pois não
dispunha do valor integral, inobstante possuísse um valor considerável para entrada.
Após consultar as condições de algumas instituições financeiras, bem como as taxas de juros, optou pelo Banco Intermedium, que lhe apresentou a
opção do financiamento com pacto de alienação fiduciária, que foi aceita por José, comprometendo-se ao pagamento de 360 prestações de R$
1.200,00 (mil e duzentos reais).
José honrou 290 parcelas, mas perdeu seu emprego e não conseguiu honrar as parcelas restantes. Diante disto, é correto afirmar que:
a) não se aplica a teoria do adimplemento substancial, dada a sua incompatibilidade com as regras da alienação fiduciária, podendo o Banco
proceder com os trâmites para a retomada do imóvel;
b) aplica-se a teoria do adimplemento substancial, podendo o Banco cobrar as parcelas faltantes, mas não podendo retomar o imóvel;
c) a aplicação da teoria do adimplemento substancial depende da previsão do contrato, que deve estipular o número de parcelas mínimas para que
o instituto possa aproveitar ao comprador;
d) aplica-se a teoria do adimplemento substancial, pela qual, estando José de boa-fé, caberá ao Banco arcar com o prejuízo das parcelas restantes e
outorgar quitação a José;
e) aplica-se a teoria da imprevisão, liberando-se o devedor completamente do cumprimento da obrigação.
Atividade autônoma AURA - Semana 04:
Exercício 1 e) resilição bilateral do contrato.
A extinção do contrato por resolução tem como causa a inexecução ou o descumprimento por um dos contratantes. A resilição não deriva de
inadimplemento contratual, mas da manifestação de vontade, que pode ser bilateral (distrato) ou unilateral.
O contrato não é existente, pois preenche todos os requisitos.
Não há causa de anulação contratual e não há revogação.
Exercício 2 b) aplica-se a teoria do adimplemento substancial, podendo o Banco cobrar as parcelas faltantes, mas não podendo retomar o imóvel.
A teoria do adimplemento substancial se aplica sempre que a obrigação tiver sido cumprida em sua maior parte, no intuito da preservação do vínculo 
contratual e cumprimento integral das condições anteriormente pactuadas, não havendo que se falar em resolução.
Segundo o Enunciado n° 361, aprovado na IV Jornada de Direito Civil, “o adimplemento substancial decorre dos princípios gerais contratuais, de modo 
a fazer preponderar a função social do contrato e o princípio da boa-fé objetiva, balizando a aplicação do art. 475”.
Atividade autônoma AURA - Semana 03 - Gabarito:

Outros materiais