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HISTORIA DO PARANA CEA

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HISTÓRIA DO PARANÁ
Prof. Arnaldo Martin Szlachta Junior
História
 
História 
 
 
Paraná
 
Paraná
 
do
 
 
do
 
 
Prof. Arnaldo Martin Szlachta Junior
 
Prof. Arnaldo Martin Szlachta Junior
 
Abordagens para os vestibularesAbordagens para os vestibulares
 
 
 Prof. Arnaldo Martin Szlachta Junior Curso de História do Paraná 
 
2 
 
Unidade 1 
 
Os primeiros habitantes 
 
 
 Em qualquer estudo 
sobre o novo mundo, devemos 
partir do principio que estas 
terras eram ocupadas pelos 
povos nativos. E no Paraná 
encontramos duas grandes 
nações: os tapuias ou Jês e os 
tupi-guaranis. 
Os indígenas de uma região são 
classificados por grupos culturais. Os antropólogos 
se baseiam em fatos ecológicos, geográficos e 
definem essa classificação. 
O grupo em que classificamos os cativos 
paranaenses são os: de floresta tropical, que já 
utilizavam peças de cerâmica, redes, navegação 
fluvial e praticas de agricultura como os tupi-
guaranis. Existem também tribos na classificação 
marginal, que desconhecem a rede, tendo sua 
sobrevivência através da caça e da pesca com 
apenas uma cerâmica e uma agricultura muito 
rudimentar já nesse exemplo se encaixa os 
tapuias ou Jês. 
 
Localização dos Indígenas no 
Paraná 
 
 
 
 Os tupis-guaranis e suas tribos estão no 
noroeste, como exemplo dos Caiuás, oeste e no 
litoral do estado. Já os tapuias estão presentes no 
norte e no centro do estado como exemplos da 
tribo Caigangue. 
 
Leitura Complementar 
 
 Os indígenas muito contribuíram para a 
formação da nossa cultura, desde utilização de 
plantas nativas como uso de técnicas, e costumes. 
 Um traço marcante e presente no dia-a-
dia de todas as pessoas que moram na região do 
Paraná são os termos de origem tupi-guarani e 
Je. Como exemplos temos o próprio nome Paraná 
além de Paranapanema, Tibagi, Iguaçu, Curitiba 
entre outros. A grande parte da contribuição 
lingüística é nos nomes das vilas e cidades e de 
acidentes geográficos. 
 Na alimentação temos o destaque da 
mandioca e fabricação e utilização da sua farinha. 
A erva mate também é um exemplo interessante, 
pois seu uso pelo homem branco, tão comum na 
região sul do país é herdado dos tupi-guaranis 
assim como a canjica, mingau, Biscoito de Biju e 
paçoca, são algumas das técnicas de produção de 
alimentos herdados dos indígenas. Outros 
alimentos que merecem destaque São o Milho, 
amendoim, pipoca, pinhão entre outros. 
 No nosso cotidiano diário, temos o uso 
da rede, ou eni para os nativos. O fumo tão 
presente no mundo era utilizado em rituais sendo 
fumado em cachimbos de barro. Outro costume 
importante foi o banho diário 
 
Os primeiros exploradores 
 
Após o final do século XV, quando 
Espanha e Portugal celebram o tratado de 
Tordesilhas que dividia as terras descobertas de 
norte a sul e por esse tratado, a maior parte das 
terras brasileiras, inclusive o Paraná ficaria sob 
jurisdição espanhola. 
 
 
 
 
Portugal começaria a colonização por 
volta de três décadas após o reconhecimento das 
terras por Cabral em 1500. Já a coroa espanhola 
começa organizar expedições por volta de 1515, a 
procura de uma passagem interoceânica no 
estuário da Prata. Numa dessas expedições que foi 
encontrado o caminho do Peabiru. 
 O caminho do Peabiru foi descoberto pelo 
naufrago Aleixo Garcia, batizando-o como caminho 
de São Tomé. Viveu entre os indígenas 
aprendendo sua língua e vivenciando sua cultura, 
como o primeiro europeu a percorrer o caminho 
 
 
 Prof. Arnaldo Martin Szlachta Junior Curso de História do Paraná 
 
3 
na sentido oeste chegou ao que hoje seria o 
Paraguai onde foi morto pelos índios da região por 
volta de 1524. Segundo os indígenas da época o 
caminho era tão antigo que eles não sabiam quem 
teria aberto. Sua extensão partia da capitania de 
São Vicente, que hoje seria São Paulo, atravessava 
o território paranaense, entrava na região do 
Chaco no Paraguai e seguia pelos planaltos 
peruanos. 
 
 Foram comuns expedições 
espanholas adentrando o 
território paranaense. Como 
exemplo do famoso Álvar 
Nuñes Cabeza de Vaca que 
fora enviado pela coroa 
espanhola por volta de 1540, 
para reconhecimento da região. Álvar Nuñes 
Cabeza de Vaca 
Percorreu por via terrestre com sua expedição que 
contava com cerca de quatrocentos homens e 
quarenta cavalos, sendo guiados por índios 
guaranis. Percorrendo basicamente o mesmo 
caminho de Aleixo Garcia do planalto curitibano a 
região de foz do Iguaçu. 
 
Adelantados, os responsáveis pelo 
início da colonização. 
 
A coroa Espanhola delegava autoridade a 
algumas pessoas providas de alguns bens, para 
ocuparem as terras indígenas, esses 
conquistadores eram conhecidos como 
adelantados. De acordo com as ordens da coroa 
de Castela (Entende-se por Espanha), Eles 
deveriam ensinar os índios trabalhos e 
garantirem um ofício, como era comum a 
situação de mestre e aprendiz durante muito 
tempo na Europa, Além disso, ficava a cargo 
desses conquistadores a responsabilidade de 
catequização dessa população indígena. 
Entretanto os índios não receberiam isso somente 
de bom grado, eles pagariam com taxas ou 
serviços a esses conquistadores, esse trabalho 
em troca da ―civilização‖ era conhecido como 
Encomiendas. Na prática esse sistema coloca o 
índio na condição de escravo, surgindo núcleos de 
revolta de índios guerreiros na região Del Guairá. 
Devidos aos repetidos casos de violência a Carta 
Régia de 1605 estabelecia nas terras ao ocidente 
do Paraná até o rio Tibagi Reduções Jesuíticas. 
 
Objetivo das expedições 
 Após os reconhecimentos, 
as primeiras expedições 
espanholas buscavam encontrar 
ouro e fundar vilas de 
povoação, as missões e 
reduções, surgiram então 
povoações como Ciudad Real 
(Guairá) e Vila Rica do Espírito 
Santo por volta Já a costa 
leste o interesse dos 
 de 1570, 
portugueses 
pelo território acontecerá por volta de 30 anos 
após o reconhecimento, por ações de contrabando 
efetuado nas costas brasileiras por piratas. 
 
Leitura Complementar 
 
 A redução era o núcleo de povoamento 
formado e organizado pelos jesuítas. As 
características das reduções estão tanto na 
organização social que deixavam as autoridades 
administrativa, judicial e militar aos indígenas 
sendo o chefe nativo da redução o pai-tuia. 
 
 
 
 Planta típica de uma missão jesuítica. No 
centro, havia a igreja, ladeada pelo colégio, pelas 
oficinas, pela enfermaria e pelo cemitério. O 
restante do espaço era ocupado pelas habitações 
dos índios, haviam também áreas destinadas ao 
cultivo, uma parte ficava com as famílias e outra 
eram a propriedade de Deus, ou em indígena 
tupã-bé 
 A missa era uma celebração a todos, os 
adultos dividiam seu tempo em trabalho, 
catequese e defesa da redução. As mulheres e 
crianças faziam trabalhos domésticos, artesanato, 
participavam do coral da igreja e destinavam mais 
tempo ao catequese que os homens. 
 
O Fim das Missões e Reduções 
 Os bandeirantes paulistas a procura 
de mão-de-obra mais fácil, devido às pressões 
feitas pela coroa britânica ao trafico negreiro, 
chegaram às missões e reduções para capturar 
os nativos, e isso ocorria de forma bem 
violenta, chegavam atrás de homens e jovens 
acostumados com o trabalho de lavoura, e 
mulheres que já conheciam a culinária. Os 
primeiros ataques às reduções del Guairá 
foram realizados pelas bandeiras chefiadas 
por Manoel Preto. Em 1623, ele e seu 
irmão, Sebastião Preto, prepararamuma 
expedição que deixou São Paulo 
praticamente despovoada de homens. O 
ataque rendeu cerca de três mil cativos, que 
foram levados para as fazendas do 
planalto e para outras praças. No ano de 
 
 
 Prof. Arnaldo Martin Szlachta Junior Curso de História do Paraná 
 
4 
1628, as reduções del Guairá foram 
arrasadas e reduzidas a cinzas. Uma 
bandeira formada por noventa mestiços e 
mais de dois mil indígenas Tupi deixou a vila 
de São Paulo, comandada por Antônio 
Raposo Tavares. 
 
 
Eles foram diretamente para Guairá 
e no vale do rio Ivaí arrasaram as reduções 
e prenderam mais de quatro mil Guaranis. 
Queimaram as casas, a igreja, 
destruíram os roçados e invadiram o 
convento. Dois padres jesuítas foram 
presos com os índios e também marcharam 
até o planalto paulista. Os padres ficaram 
chocados pela alegria com que essa 
expedição foi recebida em São Paulo. Um 
deles escreveu: 
 “(...) A vida toda desses bandidos é ir ao 
sertão, trazendo presos [os índios] com 
tanta crueldade e violência para vendê-los 
como porcos! (...)” 
Esperando escapar dos paulistas, os 
jesuítas transferiram-se para o Tape, no 
atual Rio Grande do Sul e Mato Grosso. Os 
bandeirantes igualmente arrasaram a nova 
missão, aprisionaram 1.500 Guarani, 
levando-os como prisioneiros para São 
Paulo. Podemos entender as atividades dos 
bandeirantes através de alguns pontos. Como o 
não sucesso de uma primeira tentativa dos 
espanhóis e jesuítas na colonização, Tensões e a 
incorporação do território as posses 
portuguesas pelos tratados de Madri e Santo 
Ildefonso e o abandono de uma grande região 
com uma estrutura e um desenvolvimento relativo. 
 
Bandeirantes levando Índios Aprisionados (Debret) 
 
A colonização e a divisão territorial 
do Paraná 
 
 O atual litoral norte do estado pertencia 
ao domínio português, e fazia parte da capitania 
de São Vicente, que foi doada a Martin Afonso 
de Souza. Já a capitania de Sant´ana ficou aos 
cuidados de Perô Lopes de Souza. Uma disputa 
sucessória viria a dividir em 1660 a capitania, 
criando a Capitania de Paranaguá. Mas o coroa 
a readquiriu dos herdeiros e incluindo-a na 
capitania de São Paulo. Sendo que após a carta 
régia de 17 de junho de 1723 a capitania de São 
Paulo passou a contar com duas comarcas: a de 
Paranaguá e a de São Paulo. 
 Essa nova comarca foi extensa, no litoral 
as vilas Cananéia, Iguape, São Francisco e a Ilha 
de Santa Catarina, Laguna indo até o rio da prata 
formando seu território. Contudo essa formação só 
duraria até 1738 quando a provisão régia 
separaria o Rio Grande do sul e a ilha de santa 
Catarina da parte paulista. Em 1741, Laguna 
também foi retirada da jurisdição da capitania de 
São Paulo, uma outra carta régia, criaria mais 
tarde em 1749 a Ouvidoria de Santa Catarina. 
Mesmo após separações, desmembramentos de 
território a Capitania de Paranaguá ainda 
pertenceria a São Paulo como sua 5ª Comarca. 
 
 
O Ouro no Paraná, o primeiro do 
Brasil. 
 
À volta do interesse português em 
colonizar o Brasil está em parte relacionado ao 
interesse de encontrar reservas de ouro. 
Entretanto serão localizadas minas no litoral 
paranaense em Cananéias, Iguape e Paranaguá 
em meados do século XVII. 
Pela determinação da Coroa, a exploração 
de ouro não seguia a mesma autoridade das 
capitanias e seus donatários, ou seja, de cunho 
particular. Era de interesse do estado português. 
Unidade 2 
 
 
 Prof. Arnaldo Martin Szlachta Junior Curso de História do Paraná 
 
5 
Ilustração de uma casa de 
fundição do século XVIII 
 Tratava-se de um 
monopólio real com 
governadores indicados 
pelo rei, que Pela 
determinação da Coroa, 
a exploração de ouro, 
mais tarde, por volta de 
1650 se instalou uma 
―Casa de Fundição‖ 
em Paranaguá, que 
segundo regimento real 
o ouro legal era aceito 
somente em barras com 
o selo da casa real de 
Bragança devidamente 
enumerado. A parte que 
cabia a coroa e era 
fiscalizada por governadores nomeados pelo rei 
com o titulo: ―Capitão das Canoas de Guerra das 
Costas dos Mares do Sul‖. Sendo Eleodoro Ébaro 
Pereira o primeiro para administrar as minas. 
 
 
Os Impostos da Capitação 
 
Devido ao contrabando e a diminuição da 
extração de ouro na colônia a quantidade que 
chegava a metrópole do metal precioso estava 
diminuindo cada vez mais. Neste cenário a corte 
portuguesa institui o chamado “Imposto da 
capitação” para os exploradores das minas como 
também para os agricultores e comerciantes 
paranaenses. Esse imposto consistia em 4 1/2 
oitavas de ouro por trabalhador escravo nas 
minas, essas oitavas equivaliam a cerca de 17g 
por cabeça de escravo. 
 O Paraná contava com as minas de 
Marumbi, Uvaparanouva, Limoeiro, tagaçaba e 
Serra Negra. As mais produtivas eram a do 
Pantanal e Panajóias. Devido à baixa produção em 
Paranaguá, a exploração do ouro subia a serra do 
mar pelos rios Nhundiaquara que mais tarde daria 
origem a picadas pela mata surgindo assim a 
Estrada da Graciosa, e pelo rio da Ribera que 
chegava ao território Paulista. 
A presença do ouro foi importante para o 
desenvolvimento e povoação da Região. Para a 
Leitura Complementar 
 
 As Casas de Fundição recolhiam o ouro 
extraído pelos mineiros, purificavam-no e o 
transformavam em barras, nas quais era aposto um 
cunho que a identificava como "ouro quintado". isto 
é, do qual já fora deduzido o tributo do "quinto". 
 
 
Barras de ―Ouro quintado‖ de 1796 
 
 Era também expedido um certificado que deveria 
acompanhá-la daí em diante. As Casas de Fundição 
eram dirigidas por um Provedor, auxiliado por 
Escrivães, fundidores, ensaiadores, cunhadores, 
meirinhos, tesoureiros e fiscais. Estes últimos eram 
nomeados por indicação das Câmaras Municipais. No 
decorrer do século XVII, duas outras casas de 
fundição foram instaladas na capitania de São 
Vicente: uma em Iguape e outra em Paranaguá, 
ambas por volta de 1650. 
 Com a deflagração do Ciclo do Ouro em Minas 
Gerais, a partir de 1691. 
Essas três casas, pela sua localização, não podiam 
atender ao novo Eldorado. 
 Criou-se, então, em 1695, a Casa de 
Fundição de Taubaté, também chamada de Oficina 
Real dos Quintos. A seguir, foi instalada outra 
Oficina Real dos Quintos no Rio das Velhas, em 
Minas Gerais (possivelmente em Sabará), por volta 
de 1701. 
 No decorrer do século XVIII, 
especialmente em razão da lei de 11 de fevereiro 
de 1719, numerosas outras casas de fundição 
foram criadas em Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso 
e Bahia. Em 1737, porém, foram todas extintas, 
em virtude da adoção do sistema da capitação, 
para tributar a atividade mineradora. Entretanto, 
nova mudança na política fiscal portuguesa 
determinou o seu restabelecimento em 1751 (por 
força de alvará de 3 de dezembro de 1750), com a 
volta do "quinto". Nessa ocasião, outras casas 
foram criadas em lugares onde antes não existiam. 
Curiosamente, foram mantidos os Intendentes do 
Ouro, cargo criado para gerir o sistema da 
capitação, os quais passaram a reger as Casas de 
Fundição. No final do século XVIII e princípio do 
século XIX, com a decadência das jazidas auríferas, 
as casas de fundição passaram a ser abolidas. A 
última delas, a de Goiás, foi extinta já no Primeiro 
Império. Mas, a abolição formal das Casas de 
Fundição só ocorreu em 1834. 
 
FONTES: ARRUDA, A Circulação, as Finanças e as 
Flutuações Econômicas, 192 - PEREIRA E SOUSA, 
Dicionário Jurídico ("Casas") - SIMONSEN, História 
Econômica do Brasil. 
 
 
 Prof. Arnaldo Martin Szlachta Junior Curso de História do Paraná 
 
6 
história ela aparececomo o 1º ciclo econômico 
do Estado. 
Graças ao metal mais cobiçado pelos 
homens deu origem a Cidade de Paranaguá e fez 
surgirem inúmeros ―Arraias‖ dando origem a 
muitas cidades como Bocaiúva do Sul, São José 
dos Pinhais e a futura cidade de Curitiba que mais 
tarde se tornaria a capital do estado. 
 
 
 
O Tropeirismo no Paraná 
Monumento ao Tropeiro na cidade da Lapa (PR) 
O crescimento da Pecuária e a necessidade 
do gado de corte para transporte adquirissem um 
maior destaque, dessa forma o tropeirismo 
tornou-se uma atividade lucrativa. O caminho 
percorrido pelos tropeiros no transporte do gado e 
muares era conhecido como a estrada da mata 
até meados do século XVIII, passando a ser 
conhecido como caminho do Viamão. 
O seu nome está associado a cidade Viamão 
no Rio Grande do Sul, passava por Curitiba, 
Campos Gerais no Paraná e seguia para a cidade 
de Sorocaba em São Paulo, Os Muares eram 
comercializados e levados a Minas Gerais, Goiás e 
Mato Grosso. 
 
Leitura Complementar 
 (...) Quem vai concretizar plenamente a 
iniciativa da estrada é o fidalgo português 
Cristóvão Pereira de Abreu, nascido em Ponte de 
Lima, em 1580 e que, no Brasil, se tornara 
arrematador e principal exportador de couros da 
Colônia do Sacramento. Em 1727, Francisco de 
Souza Faria, português de nascimento e sargento-
mor em São Paulo, recebe ordem do governador 
Caldeira Pimentel para iniciar uma estrada entre a 
Colônia do Sacramento e Curitiba. Galgando a 
serra na altura do Morro dos Conventos, ainda no 
Rio Grande do Sul, chega com ela à atual capital 
do Paraná em 1730. No ano seguinte, saiu 
Cristóvão Pereira de Abreu com uma tropa de 800 
cavalos e muares da Colônia do Sacramento e, 
seguindo o roteiro de Souza Faria, chegou a 
Curitiba, passou por Sorocaba em 1733 e foi 
terminar sua jornada em São Paulo. 
 O caminho havia sido rasgado mas 
Cristóvão Pereira de Abreu não estava satisfeito. 
Por isso, em São Paulo, buscou e conseguiu o 
apoio do capitão-general da Capitania, que era 
então o Conde de Sarzedas, levantou os recursos 
necessários junto a financiadores particulares e 
retornou ao Rio Grande do Sul. 
 
Leitura Complementar 
 
A intendência do Ouro em Paranaguá 
 Estabelecida em 28 de janeiro de 1736, no 
primeiro instante do sistema da capitação, em 
substituição à velha casa de fundição local, abolida 
nessa oportunidade. Em 175l, quando as fundições 
foram restabelecidas, Paranaguá, pela sua 
produção, já não justificava a volta dessa 
instituição. Por isso, sua Intendência ficou limitada 
a expedir guias para acompanhar o ouro até a Casa 
de Fundição de São Paulo. Ainda foi referida em 
1769, 1771, 1778 e 1790. (FONTES: SALLES 
OLIVEIRA, Moedas do Brasil, I, 1:149 - SANTOS, 
Memórias Históricas de Paranaguá, 1:147 - 
RIHG/SP, 20:711 e 26:S/N - Documentos 
Interessantes, 69:56) 
Unidade 3 
 
 
 Prof. Arnaldo Martin Szlachta Junior Curso de História do Paraná 
 
7 
 De lá partiu novamente em 1738, agora 
com uma tropa 3.000 animais, conduzidos por 130 
tropeiros. Para encurtar o caminho, em vez de ir 
até o Morro dos Conventos, abriu, como conta 
Barbosa Lessa, ―um novo roteiro, diretamente 
entre os campos de Viamão e os campos de 
Lajes‖, dando origem aos ―primeiros esboços de 
povoações: Santo Antônio da Patrulha, São 
Francisco de Paula e Nossa Senhora da Oliveira da 
Vacaria. Na viagem, alargou e consolidou os 
caminhos e construiu quase 300 pontilhões. Foi 
uma empreitada enorme mas lucrativa. Segundo 
Lessa, somente os quintos para a Fazenda Real 
somaram 10.000 cruzados. 
 Fonte:http://site.cruzeironet.com.br/sorocaba/ 
 
As características dos tropeiros 
 
Entender esse nosso personagem da 
sociedade Paranaense típico da nossa sociedade 
Foram comuns expedições espanholas adentrando 
o território paranaense durante o sécuxo XVII e 
XVIII os tropeiros faziam parte das zonas rurais e 
das pequenas cidades aqui na região sul, na 
maioria das vezes vestidos como os Gaúchos da 
época, utilizando botas, chapéus e ponchos. Os 
tropeiros encaminhavam rebanhos de gado para o 
interior de São Paulo, principalmente Sorocaba, já 
na província de São Paulo os animais juntamente 
com as mercadorias iam para as províncias de 
Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. As mercadorias 
para a região de Goiás deveriam ser transportadas 
no lombo dos animais já que a região não 
colaborava muito devido geografia íngreme. Na 
região do Mato Grosso onde encontramos o 
pantanal os produtos eram transportados seguindo 
o sentido dos rios nas conhecidas monções. 
Devemos ter em mente que não era uma 
função muito agradável já que havia riscos nas 
viagens, muitos desses homens de origem 
portuguesa, mestiça e da capitania de são Vicente 
se viram obrigados a procurar outras formas de 
sobreviverem já que do desenvolvimento de São 
Vicente era limitado, muito subiram as serras 
chegando ao interior, era fundada a capitania de 
São Paulo, uma pobre vila com uma economia de 
substancia dependente do comercio de artesanato, 
cereais e o bandeirantismo. 
Assim temos o tropeirismo integrando 
essas regiões já que era uma possibilidade de um 
pequeno comércio, praticado no lombo de mulas. 
Também havia os interesses dos 
portugueses que envergavam a necessidade de 
povoar a região sul, evitando fundações de vilas 
espanholas, assim o governo real fez com que 
facilitasse o acesso à terra garantindo um grau de 
liberdade certa autonomia administrativa para a 
região, mas ainda prevalecia uma continuidade do 
processo de ocupação territorial nacional presente 
no século XVII, com o predomínio do latifúndio 
durante o século 17, o que beneficiou poucas 
famílias e marginalizava grande parte do sociedade 
que estava ali se formando. 
 
 
 
O que chega até nós é uma imagem idealizada dos 
tropeiros, muitas vezes vista como uma salvador da 
colonização. 
 
 
Leitura Complementar 
 
 
 (...) O tropeiro iniciava-se na profissão 
por volta dos 10 anos, acompanhando o pai, que 
era o negociante (compra e venda de animais) o 
condutor da tropa. Usava chapelão de feltro 
cinza ou marrom, de abas viradas, camisa de cor 
similar ao chapéu de pano forte, manta ou beata 
com uma abertura no centro, jogada sobre o 
ombro, botas de couro flexível que chegavam 
até o meio da coxa para proteger-se nos 
terrenos alagados e matas. 
 No Rio Grande, a cidade de Viamão 
tornou-se um dos principais centros de comércio 
 
 
 Prof. Arnaldo Martin Szlachta Junior Curso de História do Paraná 
 
8 
e formação de tropas que tinham como destino 
os mercados de São Paulo. (...) Nesses trajetos, 
os tropeiros procuravam seguir o curso dos rios 
ou atravessar as áreas mais abertas, os "campos 
gerais" e mesmo conhecendo os caminhos mais 
seguros, o trajeto envolvia várias semanas. Ao 
final de cada dia era acesso o fogo, para depois 
construir uma tenda com os couros que serviam 
para cobrir a carga dos animais, reservando 
alguns para colocar no chão, onde dormiam 
envoltos em seu manto. Chamava-se "encosto" o 
pouso em pasto aberto e "rancho" quando já 
havia um abrigo construído. Ao longo do tempo 
os principais pousos se transformaram em 
povoações e vilas. (...) A alimentação dos 
tropeiros era constituída por toucinho, feijão 
preto, farinha, pimenta-do-reino, café, fubá e 
coité (um molho de vinagre com fruto cáustico 
espremido). Nos pousos comiam feijão quase 
sem molho com pedaços de carne de sol e 
toucinho (feijão tropeiro) que era servido com 
farofa e couve picada. Bebidas alcoólicas só 
eram permitidas em ocasiões especiais: quando 
nos dias muitos frios tomavam um pouco de 
cachaça para evitar constipaçãoe como remédio 
para picada de insetos. 
 
Fonte: http://www.historianet.com.br/conteudo/ 
default.aspx?codigo=496 
 
 
 
O Povoamento do Paraná 
O Paraná foi formado por muitos povos, das 
mais variadas origens, para poder entender melhor 
esse processo vamos dividir a formação das duas 
principais vilas ainda no século XIX, a de Paranaguá 
no litoral e a de Curitiba no interior. 
Paranaguá, O litoral. 
 Por se tratar de uma região litorânea é 
complicado determinarmos que não houvesse 
ocupação antes do século XVII com a presença de 
Martin Afonso de Souza, existem alguns relatos 
isolados de tribos de indígenas de brancos na 
região que poderiam ser aventureiros ou náufragos. 
Segundo relatos do livro de Hans Staden 
um naufrago alemão, a região do litoral do Paraná 
já era conhecida e habitada pelo homem branco 
por volta 1555, Foi-se efetivando uma povoação, e 
em segundo alguns relatos já em 1578, havia uma 
pequena capela denominada Nossa Senhora do 
Rosário. 
Em 1614, o tabelião de São Vicente Diogo 
de Unhate, obtém o direito da primeira a primeira 
sesmaria território paranaense. Em 1646 Gabriel 
de Lara, ergueu o pelourinho que funcionava 
como símbolo da justiça, da ordem e da 
autoridade, tal atitude garante a Gabriel de Lara o 
título de "capitão-povoador", de Paranaguá, sendo 
que após seu estabelecimento, fez erguer o 
Pelourinho em 1646, símbolo máximo da justiça e 
do poder lusitano. Neste mesmo ano o capitão 
povoador anuncia o descobrimento de ouro em 
território paranaense. 
 
 
Porto de Paranaguá no fim do século XIX, pintura de 
Alfredo Andersen, com forte influência impressionista. 
Em 1648, Paranaguá é elevada à 
categoria de Vila e recebe o nome de Vila Nossa 
Senhora do Rosário de Paranaguá, sendo Gabriel 
de Lara seu primeiro administrador. 
Curitiba, O interior. 
 O Povoamento de Curitiba esta 
relacionado com dois fatores principais, um deles 
era encontrar o caminho do Peabiru e dominar o 
interior, outro fator é o crescente número de 
pessoas que chegam à região devido às 
informações da descoberta de ouro em Paranaguá, 
chegam formando os ―arraias de mineradores‖ 
como o arraial Queimado, Borda do Campo e o 
Arraial Grande. 
Foi fundado o povoado de Nossa Senhora 
da Luz e Bom Jesus dos Pinhais, em 1654, ficando 
num local onde havia o encontro entre os 
mineradores e os criadores de gado. Logo em 
seguida em 1668, a pequena vila foi incorporada a 
Paranaguá. Em 1693, o povoado é elevado a vila. 
Durante o início do século XIX, o povoado 
já então chamado de Nossa Senhora dos Pinhais 
de Curitiba. Possuía pouco mais que 200 casas. 
Mas com o início da exploração e do comércio da 
erva-mate com apoio da extração de madeiras 
nobres temos um novo impulso de crescimento e 
já em meados do Século XIX em 1842 Curitiba já 
possuía 5.819 habitantes, era elevada a categoria 
de cidade. Já em 1853, era criada a província do 
Paraná. No ano seguinte, já com o nome de 
Curitiba, foi escolhida para sua capital. 
Unidade 4 
 
 
 Prof. Arnaldo Martin Szlachta Junior Curso de História do Paraná 
 
9 
Mapa do centro da vila Nossa Senhora do Rosário de 
Curitiba 1830- 1850 
Já como Província Curitiba promove uma 
colonização através dos emigrantes europeus com 
foco em italianos e poloneses. Por volta de 1870 
foram fundados 35 núcleos coloniais de terras de 
mata em torno dos campos de Curitiba. A cidade 
conhecia um novo crescimento e progresso 
desenvolvendo atividades agrícolas e a indus-
trialização. 
 
E emancipação Política e a 
definição territorial 
Boa parte das definições territoriais das 
províncias no Brasil aconteceram basicamente de 
forma natural através de caminhos indígenas, 
tropas e tropeiros. No Paraná temos um destaque 
grande para os caminhos indígenas, podemos 
destacar vários como o Peabiru, que era a ligação 
do Peru cortando todo o Paraná, chegando ao sul 
de São Paulo. Um caminho pronto para adentrar 
em regiões e conquistá-las. O Caminho da graciosa 
que ligava Antonina até Curitiba, essa caminho foi 
aberto totalmente em 1807. Havia também 
caminhos como Itupava e Cubatão, o primeiro era 
conhecido como o menor percurso saindo de 
Curitiba passando a serra chegando ao porto tendo 
ramificação para a cidade de Antonina, o segundo 
era conhecido como caminho da morte, já que 
havia pontos perigosíssimos, ligava as cidades de 
São José dos Pinhais, Morretes, Cubatão e 
Paranaguá. 
Com tamanhas redes de comunicação 
Curitiba estava à frente de muitas cidades de 
outras províncias do Brasil, algumas possuíam 
apenas um caminho como comunicação com as 
capitais e outras vilas. O processo de emancipação 
política paranaense foi iniciado muito cedo na 
nossa história, mas foi um processo lento levando 
em conta as situações políticas que se encontrava 
no Brasil do século XIX. 
Com a criação em 1811 da comarca de 
Paranaguá e Curitiba integrados ao território da 
Capitania de São Paulo. A Câmara Municipal de 
Paranaguá no mesmo ano apelou ao príncipe 
regente, Dom João IV, presente no Brasil devido às 
invasões napoleônicas, a câmara solicitou a 
emancipação da comarca e a criação de uma 
capitania do Paraná independente a de São Paulo. 
As situações do Brasil naquele momento não 
possibilitaram um cenário político adequado e 
mesmo após a Independência do Brasil, os 
paranaenses continuavam submetidos à comarca 
de São Paulo. 
 
Cartografia do Século XIX, mostra a província de São 
Paulo fazendo fronteira com a província do Rio Grande do 
Sul, Santa Catarina também estava confinada a uma 
pequena porção territorial junto a costa atlântica. 
Dentre os episódios políticos, temos 
destaque para dois que Dois episódios tornaram 
evidente a importância política e estratégica da 
região: a Guerra dos Farrapos e as Revoltas 
Liberais de 1842. 
A Guerra dos Farrapos que aconteceu de 
1835 a 1845 começou no Rio Grande do Sul e 
chegou até a província de Santa Catarina, esse 
movimento era contra a centralização política 
imposta e pelas exigências do governo do Brasil e o 
encarecimento da criação bovina devido aos altos 
impostos. Já as conhecidas Revoltas Liberais de 
1842, foram promovidas em Minas Gerais e São 
Paulo pelo Partido Liberal, que era contrário ao ato 
de Dom Pedro II que havia dissolvido a Assembléia 
Geral. 
Como já vimos no capítulo anterior em 
1842, uma lei provincial de São Paulo, eleva 
Curitiba à categoria de cidade. 
Unidade 5 
 
 
 Prof. Arnaldo Martin Szlachta Junior Curso de História do Paraná 
 
10 
A economia paranaense estava se 
expandindo com a uma grande produção de erva-
mate, O produto da erva possuía grandes mercados 
como o argentino, uruguaio, paraguaio e chileno, 
sem contar no número de negociações e ouro que 
chegavam à província com o comércio de gado. O 
mate era o principal produto de exportação e de 
fonte de renda do Paraná, na época. 
 
 
Erva Mate, produto nativo da região sul do Brasil com 
grandes quantidades no Paraná. O mate era interessante 
já que os caudilhos dos países vizinhos apreciavam o chá 
preto da índia, mas que possuía um valor muito alto e 
deveria ser comprada da Cia das índias ocidentais da 
Inglaterra. 
 
No dia 29 de agosto de 1853, o projeto de 
criação da Província do Paraná é Aprovado com a 
força da lei imperial nº 704, que foi assinada e 
promulgada por Dom Pedro II. Embora a lei da 
criação da província tivesse sido promulgada pelo 
Imperador, a Emancipação política do Paraná 
demorou ainda quatro meses para se tornar real de 
fato. Então em 19 de dezembro de 1853, a 
província do Paraná separe-se deixando de fazer 
parte da 5ª Comarca de São Paulo. 
 
Quadro da Primeira Sessão da Assembléia Legislativada 
Província do Paraná. 1854 
 
 Curitiba foi escolhida como capital da 
nova província e em seguida a emancipação política 
da província, chega nesse momento à nova capital 
Zacarias de Góis e Vasconcelos, o primeiro 
presidente provincial do Paraná escolhido pelo 
império, em seu primeiro discurso na província 
paranaense disse que todos os seus problemas de 
poderiam serem transformados num só: povoar um 
território de cerca de 200.000 km², que contava 
com pouco mais de 60 mil habitantes sendo que a 
grande maioria (cerca de 90%) dessa população 
distribuída nas cidades de Curitiba e Paranaguá. 
 
Leitura Complementar 
 
 
Considerações Sobre Zacarias de Góes e 
Vasconcelos: 
 
 (...) Aproximadamente quatro meses após, 
em 19 de dezembro, toma posse o primeiro 
presidente, Zacarias de Góes e Vasconcellos, 
então com 38 anos. Nascido em Valença, Bahia, 
graduado em Direito pelo Curso Jurídico de 
Olinda, em sua biografia podem ser notadas 
qualidades de um estadista preparado para 
ocupar essa árdua tarefa organizacional, já que 
previamente passara pelo parlamento como 
deputado provincial pela Bahia (1843), pelo 
executivo como presidente do Piauí (1845/1847) 
e de Sergipe (1848/1849), e pelo ministério 
imperial ao ocupar, em 1852, a pasta de ministro 
da Marinha. 
 O programa inicial do governo lhe foi 
passado por Luiz Pereira do Couto, ministro do 
Império, que encarregou o novo presidente de 
instalar e organizar o governo provincial, o que 
foi cumprido com rigoroso empenho e dedicada 
atenção. Tendo sido nomeado para um governo 
de conciliação, presidiu as eleições de senador, 
deputado geral, e membros da Assembléia 
Legislativa Provincial, criando as comarcas de 
Curitiba, Paranaguá e Castro, nomeando 
magistrados 
 Zacarias, desde os primeiros atos, 
mostrou ser homem de visão invulgar. Assim, 
escolheu Curitiba como capital provincial, por 
possuir o maior número de casas (cerca de 200), 
melhores condições climáticas, sanitárias e 
privilegiada localização. Fundou uma Companhia 
Policial e proibiu o uso de armas nas cidades, 
visando a redução da criminalidade. Deu ordens 
para a construção de cemitérios, opondo-se ao 
antigo costume de se enterrarem os cadáveres 
nos templos. Incentivou a organização de várias 
escolas primárias e a criação das cadeiras de 
francês e inglês no Liceu Paranaense, pagando 
bons salários à docência. Preocupado com a 
vastidão da nova província, incentivou o 
povoamento e a imigração de estrangeiros. 
Procurando melhorar a ligação com os portos de 
embarque no litoral, deu início à construção da 
imprescindível estrada da Graciosa. Essas obras, 
entre outras tantas, verdadeiramente 
alavancaram o desenvolvimento do Paraná. 
 Quando deixou o governo provincial, em 
 
 
 Prof. Arnaldo Martin Szlachta Junior Curso de História do Paraná 
 
11 
3 de maio de 1855, Zacarias saiu aclamado. Na 
viagem de Curitiba a Paranaguá, onde embarcou 
para o Rio de Janeiro, foi cercado em todos os 
lugares por efusivas manifestações de gratidão e 
respeito. (...) 
Luiz Fernando Tomasi Keppen é juiz de 
Direito, mestre em Direito pela UFPR, 
diretor cultural da Amapar e professor 
universitário. 
Fonte: KEPPEN, Luiz Fernando Tomasi, in Jornal 
Gazeta do Povo, Opinião do dia 2, página 22, 20 
de dezembro de 2008 
 
O Paraná como província 
Os 35 anos que o Paraná passou como 
província foi um período de grande instabilidade 
política, Nesse período estiveram à frente da 
administração 41 presidentes, cerca de 8 meses a 
para cada administração. O primeiro presidente 
como já vimos foi Zacarias de Góes e Vasconcelos, 
como todos os outros presidentes que estiveram a 
frente do governo até a guerra do Paraguai não 
eram paranaenses, dentre os feitos de Zacarias 
temos como destaque o início do calçamento da 
Estrada da graciosa. Entre outros destacamos 
alguns que tiveram feitos importantes a frente do 
governo provincial. 
João José Pedrosa foi responsável por 
organizar e construir uma sede para a câmara 
legislativa do Paraná, incentivou a imigração com 
tratados firmados junto a Europa e cuidou do 
abastecimento de água e luz para a recente capital. 
Carlos Augusto de carvalho organizou um 
plano econômico para melhorar as finanças 
colocando o ―imposto do vintém‖, Criou escolas 
noturnas em Curitiba e introduziu a disciplina de 
educação física no colégio do Paraná. 
Alfredo d´Esragnolle Taunay importante 
figura do império naquele momento, de família 
nobre seu avó era Nicolas-Antoine Taunay, pintor 
que chegou junto com missão artística Francesa em 
1810. Sua função era ―civilizar‖ a capital do estado 
cuidando de um projeto de urbanização e 
Saneamento de Curitiba, Reorganiza a Biblioteca 
pública e inicia as construções do passeio público e 
inicia as construções das primeiras estradas de 
Ferro. 
Joaquim de Almeida Faria entra para 
terminar as obras de Alfredo Taunay que fora 
requisitado na corte imperial no Rio de Janeiro, 
inaugura o serviço de bondes de tração animal e 
incentiva a instrução primária para a população da 
província no colégio do Paraná. 
O último presidente do período provincial foi 
Jesuíno Marcondes de Oliveira e Sá era grande 
figura política do império a frente do partido liberal, 
fez os melhoramentos na estrada da graciosa, teve 
de entregar o governo ao general Francisco 
Cardoso Júnior que foi o comandante das tropas 
republicanas no Paraná e primeiro governador foi 
Dr. Generoso Marques dos Santos. 
 
 
As estradas de ferro iniciadas no governo de 
Alfredo Taunay foram fundamentais para um 
desenvolvimento posterior do estado. 
 
O Paraná república 
Apesar de o Paraná possuir alguns clubes 
de debates republicanos e a tiragem de dois 
jornais republicanos, ―Livre Paraná‖, na cidade de 
Paranaguá e a ―A República‖, em Curitiba, o 
movimento republicano paranaense era muito 
fraco. Para se ter ideia na Assembléia Legislativa 
Provincial existia apenas um deputado, Vicente 
Machado da Silva Lima com inspirações republicas, 
ele se destacaria na política paranaense nos 
primeiros anos após a proclamação da republica. 
No Paraná encontramos a mesma situação 
de indiferença da população em ralação a 
republica como se viu no Rio de Janeiro após o 
golpe derrubar o gabinete Ouro Preto. O nosso 
estado herdou a crise pós-golpe que se viu no 
Brasil. O Dr. Generoso Marques dos Santos, que 
substituiu a junta que governara o estado desde o 
golpe foi deposto, pois apoiava o golpe de 
Deodoro da Fonseca, Floriano assume o poder em 
novembro de 1891, e em fevereiro de 1892 o 
governador eleito pelo voto direto é Francisco 
Xavier da Silve e para Vice o Dr. Vicente Machado 
que já se destacava como líder republicano. 
No dia 9 de janeiro de 1892, o Paraná 
aprova pela assembléia legislativa a primeira 
bandeira, pelo do Decreto Estadual nº 8, da 
mesma data em que foi promulgada. 
 
 
Primeira bandeira do Paraná de 1892 a 1905. 
 
 
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12 
 
Conflitos no Paraná 
A Revolução Federalista 
Para entendermos bem a história política do 
Brasil império, devemos sempre se lembrar das 
disputas que aconteciam entre os conservadores e 
liberais, mas após a proclamação da republica 
esses dois partidos somem criando os partidos 
Nacional Federalista surgido no Rio Grande do Sul 
através da união de Liberais e Conservadores, e o 
Partido Republicano que possuía como liderança o 
jovem político Julio Prates de Castilhos que estava 
a frente da administração do estado do Rio 
Grande do Sul. 
Com essa situação temos A Revolução 
Federalista, um conflito interno que ocorreu logoem seguida a Proclamação da República, sua 
origem estava na instabilidade política gerada 
pelos chamados federalistas, que pretendiam 
"libertar o Rio Grande do Sul da tirania de Júlio 
Prates de Castilhos", então presidente do Estado. 
Surgiu uma série de conflitos que 
culminaram com uma série de disputas sangrentas 
que por conseqüência geraram uma guerra civil, 
que foi de fevereiro de 1893 a agosto de 1895, e 
que foi vencida pelos simpatizantes de Júlio Prates 
de Castilhos, conhecidos como pica paus. 
 
 
Julio Prates de Castilhos, Presidente do estado do Rio 
Grande do Sul eleito em 1891, um dos personagens 
mais importantes da revolução Federalista. 
As divergências tiveram inicio com atritos 
ocorridos os que procuravam a autonomia 
estadual, acima do poder federal e seus 
opositores. Houve conflitos com luta armada nas 
regiões do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e 
Paraná. 
Fundado em 1892 por Gaspar Silveira 
Martins, o Partido Federalista do Rio Grande do 
Sul defendia o sistema parlamentar de governo e 
a revisão da Constituição promulgada por Julio 
Prates de Castilhos. Desse modo a concepções 
políticas e filosóficas chocava-se contra a 
constituição do Rio Grande do Sul de 1891 que era 
inspirada no positivismo de conte e no 
presidencialismo, dando uma maior autonomia 
estadual, 
Formada as ideologias dos dois lados 
convencionou denominar os grupos de seguinte 
forma: os que se simpatizavam com Gaspar da 
Silveira Martins eram chamados de Gasparistas ou 
maragatos, eram totalmente opostos aos 
seguidores de Júlio de Castilhos, conhecidos como 
castilhistas ou Pica-paus. 
As desavenças iniciaram-se com a 
concentração de tropas maragato em campos da 
Carpintaria, no Uruguai, localidade próxima a 
Bagé. Em seguida o negociante (potreiro) de Ana 
Correia, vindo do Uruguai em direção ao Rio 
Grande do Sul, encontrava o coronel caudilho 
federalista Gumercindo Saraiva, que seria uma das 
principais figuras a frente do exercito rebelde dos 
maragato. 
 
 
Gumercindo Saraiva, caudilho defensor dos ideais 
republicanos. 
 
Com ataques relâmpagos e estratégicos, 
os maragatos dominaram rapidamente a fronteira 
e exigiam a deposição de Júlio Prates de Castilhos, 
que fora eleito pelo voto direto. Havia a idéia de 
promover um plebiscito para que o povo 
escolhesse que governo. 
As batalhas estavam se tornando tão 
violentas e o numero de mortes crescia numa 
proporção assustadora, sem perspectiva de fim a 
rebelião adquiriu âmbito nacional e rapidamente, 
ameaçou a estabilidade do regime republicano em 
todo o país. Floriano Peixoto se posicionou em 
―defesa dos ideais republicanos‖ enviando tropas 
federais para socorrer Júlio Prates de Castilhos. 
Unidade 6 
 
 
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13 
Gumercindo ao lado de Aparício, ambos ao centro, na 
Revolução Federalista 1894. 
Gumercindo Saraiva com sua tropa 
fizeram vários ataques em Dom Pedrito. De lá 
iniciaram uma série de ataques relâmpagos contra 
vários pontos do estado Rio-grandense, dando 
uma desestabilizada nas posições conquistadas 
pelos legalistas. 
 
 
Cruz dos Degolados, homenagem do município de São 
Martinho da Serra no Rio Grande do Sul, a cruz lembra 
os mortos degolados na revolução, a degola foi uma 
prática comum entre ambos os lados como uma atitude 
revanchista. 
 
Você caro leitor deve estar se 
perguntando nesse momento, o que um conflito 
ocorrido no Rio Grande do Sul tem relação com o 
Paraná? Essa pergunta é respondida com o rumo 
que tomaram as tropas, indo ao norte para 
ganharem mais força, avançaram em novembro 
sobre Santa Catarina e chegando ao Paraná, 
sendo detidos na cidade da Lapa, que fica cerca 
de 60 Km a sudoeste de capital paraense. 
As tropas legalistas da republica foram 
cercadas na Lapa, em um dos mais célebres 
episódios da vida militar brasileira, que ficou 
conhecido como "O Cerco da Lapa". Num total de 
24 dias de resistência, com uma tropa oito vezes 
menor que a dos adversários maragato, 
comandados pelo rio-grandense Gumercindo 
Saraiva. Os legalistas são derretodos após a morte 
do Coronel Carneiro que segundo as lendas deu 
ordens até a morte, E apesar da derrota de 
Carneiro, o período de combates definiu o lado 
vencedor, pois atrasou o avanço de Gumercindo, 
já que carneiro não havia revelado a posição das 
outras tropas legalistas, assim foi possível uma 
organização do lado republicano legalista que 
derrotou posteriormente os federalistas. 
 
 
Encenação de ―O Cerco‖ por um grupo de teatro da lapa 
em 2009 relembrando 115 anos do cerco de 24 dias. 
 
Com a morte do Coronel Carneiro, em 
1894, as pretensões dos rebeldes federalistas de 
chegarem à capital da República foi frustrada, e a 
resistência da Lapa estancou o avanço da 
revolução. 
Sem opção Gumercindo, bate em retirada 
em direção ao Rio Grande do Sul. Mas um tiro sem 
autor o mata em 10 de agosto de 1894. 
 
 
Panteão dos Heróis na Lapa, onde jazem os corpos dos 
legalistas que combateram no Cerco da Lapa 
A revolução federalista foi vencida em 
junho de 1895 no combate de Campo Osório. 
Saldanha da Gama, um dos últimos lideres 
legalistas possuidor de um contingente de 400 
homens, lutou até a morte contra os Pica-paus. A 
paz finalmente foi assinada em na cidade Pelotas 
em 23 de agosto de 1895. Nessa ocasião O 
presidente da República era Prudente de Morais. 
Este conflito propiciou pelo menos 10.000 mortos 
e incontáveis feridos. 
 
 
 Prof. Arnaldo Martin Szlachta Junior Curso de História do Paraná 
 
14 
Lima Barreto, na sua obra de ficção "O 
Triste Fim de Policarpo Quaresma", faz uma 
referência ao cerco da Lapa, colocando inclusive 
sua opinião, Observe: 
"só a Lapa resistia tenazmente, uma das poucas 
páginas dignas e limpas de todo aquele enxurro 
de paixões. A pequena cidade tinha dentro de 
suas trincheiras o Coronel Gomes Carneiro, uma 
energia, uma vontade, verdadeiramente isso, 
porque era sereno, confiante e justo. Não se 
desmanchou em violências de apavorado e soube 
tornar verdade a gasta frase grandiloqüente: 
resistir até a morte". 
Lima Barreto, techo retirado do Capítulo III. 
 
 
 
 
 Conflitos no Paraná 
O Contestado 
O Conflito que ficou conhecido como 
contestado foi um conflito ocorrido entre os 
estados do Paraná e Santa Catarina, esse 
movimento ganhou grande notoriedade na história 
do Brasil dentre aqueles movimentos que 
misturam interesses políticos, econômicos e 
questões sociais ligados ao messianismo. O 
movimento ocorre de 1912 até 1916 de um lado a 
população cabocla dos dois estados e do outros os 
governos estaduais com o apoio do então 
presidente da república Hermes da Fonseca. 
O chamado contestado é uma região 
disputada entre os estados Catarinense e 
Paranaense, de acordo com as divisões atuais dos 
estados ocupava a região sul do Paraná e quase 
70% do estado Catarinense. A disputa era travada 
por se tratar de uma região rica em Erva mate e 
Madeira sendo os pequenos proprietários 
posseiros que viviam do comércio desses 
produtos. 
Lapa
Ponta Grossa
Curitiba
N
Paraná
 Santa
Catarina
 Rio Grande do Sul
Florianópolis
Porto Alegre
 Região 
do Contestado
 
 
O governo brasileiro no final do século 
XIX possuía um ambicioso projeto para a época, 
que seria interligar os estados de São Paulo e Rio 
Grande do Sul através de uma estrada de ferro. 
 Com o projeto da construção pronto o 
governo brasileiro autoriza a construção, mas para 
isso desapropriaria uma faixa de terras de 
aproximadamente 30 quilômetros de largura, que 
Leitura Complementar 
 
 
Observe umtrecho de uma carta do Dr. 
Bagueira, observe como ocorre a 
comunicação em momentos de guerra: 
 
 (...) Dizia-se em Paranaguá que os 
federais do Rio Grande já tinham feito a invasão 
e que muitos corpos do Exército já tinham se 
juntado a eles. Em Santa Catarina dizia-se que 
três cidades já tinham sido tomadas: Erval, 
Santana e Bagé. Mesmo fazendo grande redução 
nesses boatos, ainda ficava o bastante para 
inquietar-me. Via que dificilmente eu poderia 
escapar de servir com as tropas em operações e 
que nesse caso eu teria de ausentar-me de minha 
família. 
 (...) Além disso ser-me-ia bem 
desagradável servir em um batalhão que se 
passasse para os invasores. Formei então o plano 
de deixar minha família no Rio Grande, lugar 
sossegado, onde temos parentes; e ir eu só 
apresentar-me em Porto Alegre e seguir para 
onde me mandassem 13 e só levaria para junto 
de mim se fosse designado para Pelotas ou Porto 
Alegre. 
 
PEZAT, Paulo Ricardo, A REVOLUÇÃO 
FEDERALISTA NA PERSPECTIVA DE UM 
MÉDICO POSITIVISTA: CARTAS DO DR. 
BAGUEIRA LEAL A MIGUEL LEMOS E A 
TEIXEIRA MENDES, In: História em revista, 
UFPel, volume 09, Dezembro de 2003. 
Unidade 7 
 
 
 Prof. Arnaldo Martin Szlachta Junior Curso de História do Paraná 
 
15 
atravessaria os estados do Paraná , Santa 
Catarina, até chegar no Rio Grande do sul, essa 
área seria uma espécie de reserva para os 
trabalhos da construção da linha férrea. 
Curitiba
N
Paraná
 Santa
Catarina
Porto Alegre
Vacara
Florianópolis
Palmares do Sul
Região do Contestado
Estrada de Ferro São Paulo-
Rio Grande do Sul
Divisão Política atual
São Paulo
Uruguaiana
São Paulo
Santa Maria
 
 
A construção foi realizada pela empresa 
estadunidense Brazil Railway Company, presidida 
por Percival Farquhar, que atuava também no 
ramo de extração de madeira através da empresa 
Southern Brazil Lumber and Colonization 
Company, também de sua propriedade. 
Com a construção da estrada em 
andamento, vários trabalhadores foram atraídos 
para a região, mas com a finalização das obras, os 
trabalhadores migrantes ficaram sem emprego e 
numa situação muito precária. 
 
 
Apólice de seguro de viagens das ferrovias da Brazil 
Railaway Company, 1914 
Sem contar no grande numero de 
posseiros que foram expulsos de suas terras já 
que o governo brasileiro atribuiu à região como 
devoluta, como se ninguém estivesse na região, o 
que permitiu a Brazil Railway, tomar todas as 
terras nas faixas dos 30 quilômetros. Com as 
terras nas mãos, Farquhar, passa a explorar a 
madeira através da Southern Brazil Lumber, 
exportando-a para os Estados Unidos, Assim os 
pequenos fazendeiros que se sustentavam da 
extração da madeira foram arruinados pelo 
domínio de Lumber sobre as florestas da região. 
O empreendimento da construção da 
estrada de ferro ligando São Paulo ao Rio Grande 
do Sul formou o cenário de conflito através de 
problemas políticos, econômicos e sociais. As 
empresas de Farquhar na região com contrato 
com o governo brasileiro gerou a expulsão dos 
posseiros da região, junto a eles somam o 
contingente de trabalhadores que ficaram sem 
emprego após o termino das obras. 
Outro elemento de extrema importância 
para entender a gravidade desse conflito foi à 
questão do messianismo. Nesse momento da 
nossa história haviam monges que freqüentavam 
os ambiente promovendo trabalhos sociais e 
espirituais, é claro que em muito momentos havia 
uma envolvimento político muito forte, dando um 
destaque grande desses beatos na região. 
 
 
Suposta foto de José Maria de Santo Agostinho, sem 
data 
 
No ano de 1912, José Maria de Santo 
Agostinho (mais tarde a polícia descobre que seu 
nome era falso), aparece na região dizendo que 
era a ressurreição de outro beato que pregava no 
local até 1908, seu discurso era baseado na idéia 
de um grande líder que estava voltando. 
Ganha fama muito rapidamente como um 
homem com poder de cura, em meio a todos os 
acontecimentos começa em suas pregações a se 
envolver a outras questões que não são religiosas, 
 
 
 Prof. Arnaldo Martin Szlachta Junior Curso de História do Paraná 
 
16 
inicia uma série de críticas sobre os problemas 
políticos e econômicos provocados pelas atividades 
das empresas de Percival Farquhar. 
A guerra 
 
José Maria consegue através de seu 
discurso unir os pequenos fazendeiros expulsos 
de suas terras junto com os antigos trabalhadores 
da Brazil Railway. Formam uma organização 
organizaram que visava solucionar os problemas 
ocasionados pelo desemprego e roubo das terras. 
Esse movimento se organiza baseado no discurso 
messiânico do monge José Maria, que numa de 
suas pregações teria dito que essa comunidade 
que liderava era como um governo independente. 
O poder de persuasão do Monge passou 
a incomodar e muito o governo federal, não pelo 
fato de crescer rapidamente, Mas um dos motivos 
principais seriam as críticas as atitudes da 
república, o movimento se declara monarquista e 
defende a volta de Dom Sebastião ao trono (O 
Sebastianismo foi um movimento místico-secular 
que ocorreu em Portugal na segunda metade do 
século XVI como consequência da morte do rei 
Dom Sebastião na Batalha de Alcácer-Quibir, em 
1578.). 
 
 
 
Bandeira da "Monarquia Celestial". Branca com uma cruz 
verde evoca os estandartes das antigas ordens 
monásticos militares como as dos templários, por 
exemplo. 
 
Nesse mesmo momento tempos a figura 
dos coronéis locais que estavam incomodados com 
o surgimento dessas lideranças paralelas. Até a 
Igreja não enxergavam o messianismo com bons 
olhos e defendia a intervenção do exército na 
região. 
Os ataques dos governos de Santa 
Catarina e Paraná, juntamente com o presidente 
Hermas da Fonseca foram acontecendo de forma 
autoritária e repressiva, era válido tudo para 
combater os rebeldes. Com grandes dificuldades 
nos primeiros anos do conflito as forças oficiais a 
partir de 1914 obtiveram sucessivas vitórias, isso 
graças aos investimentos que o governo possuía 
para colocar nos equipamentos bélicos e ao 
efetivo formado por homens do Exército brasileiro 
e das polícias dos dois estados. 
O contestado foi um conflito longo, 
chegou a 46 meses, superando até Canudos em 
duração de meses, como também em número de 
mortes. Sem suprimento de comida, e com baixas 
freqüentes dos soldados revoltosos, o exercito 
brasileiro atuava a cada momento mais cruel, uma 
epidemia de tifo atacou os dois lados, mas os 
revoltos acabaram caminhando para a derrota 
final, acontecida em agosto de 1916 com a prisão 
de Deodato Manuel Ramos, o último líder do 
Contestado. 
 
Movimento Tenentista, a Campanha 
do Paraná 
Os Anos 20 são conhecidos na história do 
Brasil como um período de uma série de levantes 
militares, gerados pela baixa oficialidade vão 
manter um clima de tensão até próxima a 
revolução de 1930 que colocou fim a política do 
café com leite da republica velha. Contudo o inicio 
dessa crise se encontra no governo de Epitácio 
Pessoa iniciado em 1922, Pessoa teria intervindo 
em questões militares quando havia nomeado 
alguns civis para altos cargos militares. 
O movimento tenentista teria se formado 
a partir do episódio das ―Cartas Falsas‖ em que 
estava envolvido o ex-presidente da republica 
Hermes da Fonseca, juntamente com o então 
candidato a presidência Dr. Artur Bernardes. O 
levante do Dezoito do Forte é o inicio do 
tenentismo e a Coluna Miguel Costa-Luis Carlos 
Prestes é o símbolo da persistência e resistência. 
 
A Revolta dos 18 do Forte de Copacabana ocorreu em 5 
de julho de 1922, na cidade do Rio de Janeiro, então 
Distrito Federal.―Os Tenentes‖ ocupam a capital paulista 
nos dias 05 e 29 de junho de 1924, entretanto se 
viram cercados mudando sua marcha para o Mato 
Grosso, sendo barrados em seguida pelas forças 
Unidade 8 
 
 
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17 
governistas, decide então marchar em direção a 
região oeste do Paraná uma região com uma 
densidade populacional baixa o que facilitaria o 
deslocamento rápido das forças rebeldes, estava 
iniciado a Campanha do Paraná. 
Já no Paraná por volta de setembro 
conquistam Guairá e Foz do Iguaçu local que 
servirá como quartel-general em seguida é 
conquistada Catanduvas. Permanecendo nessa 
região até meados 1925 enfrentando as forças 
federais comandadas pelo então general Cândido 
Rondon numa série de combates. 
Ainda no início da campanha paranaense, 
alguns líderes como Juarez Távora e João Alberto 
partiram para o Rio Grande do Sul, a fim de 
colaborar com oficiais que lá serviam na 
preparação da revolta militar que abriria nesse 
estado uma nova frente de combate ao governo. 
Em outubro de 1924, a insurreição foi finalmente 
deflagrada no Rio Grande, com o levante, 
comandado pelo capitão Luís Carlos Prestes, do 1º 
Batalhão Ferroviário, sediado em Santo Ângelo. 
Ao mesmo tempo, sublevaram-se tropas 
nas cidades gaúchas de São Luís, São Borja e 
Uruguaiana, chefiadas respectivamente por Pedro 
Gay, Rui Zubaran e Juarez Távora. Em São Borja, 
o capitão Zubaran contou com a colaboração de 
Siqueira Campos, que retornara clandestinamente 
do exílio em Buenos Aires. O movimento atingiu 
ainda várias outras cidades. Em Alegrete, o 
levante foi chefiado por João Alberto e, em 
Guaçuboi, as forças comandadas pelo caudilho 
libertador Honório Lemes foram derrotadas pelas 
tropas legalistas de Flores da Cunha. 
Obedecendo às instruções do general 
Isidoro Dias Lopes, as forças rebeladas no Rio 
Grande do Sul marcharam em seguida para o 
norte do estado, visando a alcançar Foz do Iguaçu 
e unir-se aos revoltosos paulistas. Em abril de 
1925, após atravessarem Santa Catarina e parte 
do Paraná, travando com as tropas legalistas 
seguidos combates em que perderam quase 
metade de seu contingente, as forças gaúchas 
chegaram a seu destino. 
No dia 12 de abril, em reunião que 
contou com a presença de Isidoro Dias Lopes, 
Miguel Costa, Luís Carlos Prestes e do general 
Bernardo Padilha, foi tomada a decisão de 
prosseguir a marcha e invadir Mato Grosso, 
contrariando a opinião do general Isidoro, 
favorável à cessação da luta. Formada a 1ª 
Divisão Revolucionária, assumiu seu comando o 
general comissionado Miguel Costa, tendo como 
chefe de estado-maior o coronel comissionado Luís 
Carlos Prestes. Estava formada aquela que ficaria 
conhecida como Coluna Miguel Costa-Prestes ou 
simplesmente Coluna Prestes. 
A coluna era composta de quatro 
destacamentos, comandados por Cordeiro de 
Farias, João Alberto, Siqueira Campos e Djalma 
Dutra, que foi promovido a coronel pelo comando 
revolucionário. Decidiu-se também na reunião que 
o general Isidoro partiria para a Argentina, onde 
deveria coordenar a ação dos revolucionários 
exilados ou inativos no sul do país. 
 
 
Combatentes da Coluna Prestes 
 
Iniciando a marcha, a coluna concluiu a 
travessia do rio Paraná em fins de abril de 1925 e 
penetrou no Paraguai rumo a Mato Grosso. Em 
seguida, percorreu Goiás, entrou em Minas Gerais 
e retornou a Goiás. Seguiu em direção ao 
Nordeste e em novembro atingiu o Maranhão, 
onde o tenente-coronel Paulo Krüger foi preso e 
enviado a São Luís. Em dezembro, penetrou no 
Piauí e travou em Teresina sério combate com as 
forças do governo. Rumando então para o Ceará, 
a coluna teve outra baixa importante: na serra de 
Ibiapina, Juarez Távora foi capturado. 
Em janeiro de 1926, a coluna atravessou 
o Ceará, chegou ao Rio Grande do Norte e, em 
fevereiro, invadiu a Paraíba, enfrentando na vila 
de Piancó séria resistência comandada pelo padre 
Aristides Ferreira da Cruz, líder político local. Após 
ferrenhos combates, a vila acabou ocupada pelos 
revolucionários. 
 
 
Fotographia de um grupo do Bte. de P. Bahianos ao 
chegar em Barreiras, após 11 meses de campanha 
contra os rebeldes (coluna prestes) através dos Estados 
de Bahia, Pernambuco, Piauhy e Maranhão. Em 10 de 
setembro de 1926 -O primeiro à direita é o prof. 
Coquelin Ayres Leal. 
 
Prosseguindo a marcha rumo ao sul, a 
coluna atravessou Pernambuco e Bahia e dirigiu-se 
para o norte de Minas Gerais. Encontrando 
 
 
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18 
vigorosa reação legalista e precisando remuniciar-
se, o comando da coluna decidiu interromper a 
marcha para o sul e, em manobra conhecida como 
"laço húngaro", retornar ao Nordeste através da 
Bahia. Cruzou o Piauí, alcançou Goiás e finalmente 
chegou de volta a Mato Grosso em outubro de 
1926. Àquela altura, o estado-maior revolucionário 
decidiu enviar Lourenço Moreira Lima e Djalma 
Dutra à Argentina, para consultar o 
general Isidoro Dias Lopes quanto ao futuro da 
coluna: continuar a luta ou rumar para o exílio. 
Entre fevereiro e março de 1927, afinal, após uma 
penosa travessia do Pantanal, parte da coluna, 
comandada por Siqueira Campos, chegou ao 
Paraguai, enquanto o restante ingressou na 
Bolívia, onde encontrou Lourenço Moreira Lima, 
que retornava da Argentina. Tendo em vista as 
condições precárias da coluna e as instruções de 
Isidoro, os revolucionários decidiram exilar-se. 
Durante sua marcha de quase dois anos, 
haviam percorrido cerca de 25.000 quilômetros. 
Miguel Costa seguiu para Libres, na Argentina, 
enquanto Prestes e mais duzentos homens 
rumaram para Gaiba, na Bolívia, onde trabalharam 
por algum tempo para uma companhia inglesa, a 
Bolívia Concessions Limited. Em 5 de 
julho de 1927, os exilados inauguraram em Gaiba 
um monumento em homenagem aos mortos da 
campanha da coluna. Instadas pelos protestos do 
governo brasileiro, autoridades bolivianas 
tentaram destruir o monumento, mas foram 
impedidas de fazê-lo ante a atitude enérgica de 
Luís Carlos Prestes. 
 
 
Revolução 1930 
Os partidários da Revolução de 1930, que 
levou Getúlio Vargas à presidência da República, 
dominaram com facilidade o Paraná. O estado 
ficou até 1935 sob intervenção federal. Neste ano, 
realizaram-se eleições. Mas em 1937, Vargas deu 
um golpe de Estado, iniciando um período de oito 
anos de ditadura. Durante toda essa época, 
destacou-se no Paraná a figura de Manuel Ribas, 
que dirigiu o estado de 1932 até 1935, como 
interventor, de 1935 até 1937, como governador 
eleito, e de 1937 até 1945, novamente como 
interventor. Durante sua administração foram 
construídas estradas, o Hospital das Crianças, 
escolas rurais e de pescadores e foi ampliado o 
cais do porto de Paranaguá. 
Somente no século XX o território 
paranaense foi efetivamente ocupado. Na década 
de 1920, toda a região centralizada pelas cidades 
de Tomazina, Siqueira Campos e Jacarezinho já 
estava povoada. 
 
 
Pintura de Manuel Ribas na galeria dos governadores do 
Paraná. 
 
Em 1927, uma companhia inglesa iniciou 
a colonização do norte paranaense. Fundaram-se 
cidades, entre as quais, Londrina (1931) e Maringá 
(1948). Descendentes de imigrantes italianos e 
alemães do Rio Grande do Sul, a partir da década 
de 1940, subindo de sul para norte, ultrapassavam 
o rio Iguaçu, avançando pelo oeste paranaense, 
ao longo do rio Paraná, até encontrar os 
plantadores de café, a outra fonte de migração 
interna que descia do norte para o sul. 
A Guerra de Porecatu 
A guerra de Porecatu foi um conflito 
entre posseiros e policiais do Estado que se deu 
nacidade de Porecatu — Paraná nos anos 1940. 
Apesar de não ter sido efetivamente uma guerra, 
segundo convenções internacionais, este conflito 
foi difundido na mídia com a alcunha de guerra 
devido a intensidade do confronto. 
Na época vários posseiros ocupavam as 
terras do município, então o governo resolveu 
fazer uma distribuição de terras se utilizando de 
meios lícitos e ilícitos, os posseiros não aceitaram 
perder as terras ocupadas e resistiram aos 
mandatos de reintegração de posse expedidos 
pelo governo federal, forças policiais foram 
convocadas para expulsar os invasores, houve 
resistência e conflitos que deixaram vários mortos, 
a situação piorou muito e regimentos maiores da 
polícia foram mandados para combater e expulsar 
os posseiros, do lado destes ficaram os comunistas 
que contribuiram materialmente na luta. 
Entretanto os invasores foram derrotados 
deixando um saldo enorme de destruição e 
mortes.No início da década de 40, o então 
interventor do Paraná, Manoel Ribas, mandou 
lotear 120 mil hectares de terras devolutas, 
pertencentes, na época, a Porecatu, hoje 
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19 
espalhadas pelos municípios de Centenário do Sul, 
Miraselva, Florestópolis, Jaguapitã e Guaraci. O 
objetivo era o desenvolvimento mais acelerado da 
região. Para tanto, fez publicar em órgãos de 
divulgação nacional anúncio de terras gratuitas, de 
primeira qualidade, para quem derrubasse a mata, 
plantasse, produzisse, pagasse impostos e nelas 
vivesse, no mínimo, por seis anos; após o que, o 
outorgado receberia o título definitivo da 
propriedade. Diante do anúncio, não foram poucos 
os pequenos lavradores que acreditaram e vieram 
para a área, como não faltaram especuladores de 
todos os níveis. 
 
 
Ocupantes das terras devolutas da região de Porecatu, 
1949 
 
Sabedores da existência das terras de 
ninguém, grandes proprietários avançaram sobre 
elas de forma desordenada, o mesmo 
acontecendo com inúmeros pequenos lavradores. 
Nem tudo, porém, eram terras devolutas. Havia 
muitas propriedades particulares, devidamente, 
escrituradas. Na extensão da mata virgem que 
cobria a região, tornava-se impossível distinguir 
estas terras das terras devolutas de que o governo 
falava. Como conseqüência, o local transformou-se 
num caos. 
Com o fim da interventoria de Manoel 
Ribas e a entrada do governo seguinte, a confusão 
cresceu, com as autoridades fazendo doações de 
forma indiscriminada daquelas áreas a 
apaziguados políticos e a amigos, desrespeitando 
os compromissos do governo anterior de titulação 
das terras a quem nelas estivesse trabalhando e 
produzindo, por mais de seis anos. Na terra sem 
leis – o sertão – tornaram-se constantes os 
assassinatos, as brigas, as escaramuças e as 
ameaças. Este ambiente de confusão é que foi 
escolhido pelos próceres do Partido Comunista 
para testar suas teorias de guerrilha rural, através 
das chamadas ligas camponesas, objetivando 
assumir por aí o poder da Nação. Teorias estas 
sintetizadas, a posteriori, no Manifesto Comunista 
de 1º de agosto de 1950, assinado pelo Secretário 
Geral do Partido, Luiz Carlos Prestes. 
Dentre os inúmeros e lamentáveis fatos 
ocorridos no local, quando dos possíveis acertos 
na disputa de quem era o dono de que. O conflito 
só se encerrou em 1951, com a intervenção 
policial do Estado. 
A disputa que se arrastou, durante quase 
dois lustros, travou-se entre posseiros que 
defendiam direitos legítimos; grileiros, grandes e 
pequenos, que não passavam de invasores de 
terras dos posseiros, ainda não tituladas, ou de 
particulares; e fazendeiros que defendiam as 
próprias terras e, com freqüência, alargavam suas 
divisas por terras alheias protegidas pela força dos 
jagunços, durante a noite, ou pela conivência de 
autoridades desinteressadas, imponentes ou 
corruptas, à luz do dia. 
 
Ocupação e Colonização dos 
Ingleses no Paraná 
A partir de então, um programa oficial de 
imigração européia contribuiu para a expansão do 
povoamento e o aparecimento de novas atividades 
econômicas. As maiores levas de imigrantes que 
chegaram foram os poloneses, ucranianos, alemães 
e italianos e, os menores contingentes, suíços, 
franceses e ingleses. Para receber os novos 
habitantes para a região, foram fundados núcleos 
coloniais, principalmente no Planalto de Curitiba. 
Iniciou-se a exploração da madeira. 
 
 
Cartilha do Programa de Tipografia, organizado pela 
faculdade de engenharia do Paraná. 
 
 
O novo impulso de desenvolvimento 
ocorreu com a implantação de ferrovias na 
Província. Em 1880, iniciavam-se as obras de 
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20 
construção da Estrada de Ferro Curitiba-Paranaguá, 
atravessando um dos trechos mais íngremes da 
Serra do Mar. Entre picos abruptos e abismos, 
engenheiros brasileiros construíram uma das obras-
primas da engenharia mundial. Em 1885, os trens 
passaram a correr pela primeira vez entre 
Paranaguá e Curitiba. 
A indústria madeireira desenvolveu-se com 
o aparecimento de outras ferrovias, ligando as 
regiões das Mata de Araucárias aos portos, 
principalmente de Paranaguá, e à São Paulo. 
Grande número de serrarias ia acompanhando as 
ferrovias em direção ao interior do Estado. Com o 
avanço das estradas de ferro que acompanhavam a 
expansão do café de São Paulo, o transporte com 
mulas foi desaparecendo. O declínio do comércio 
de muares acarretou uma crise na sociedade 
pastoril paranaense. 
A partir de 1922, o governo estadual 
começa a conceder terras a empresas privadas de 
colonização, preferindo usar seus recursos na 
construção de escolas e estradas. 
Naquele ano, atendendo a um convite do 
governo brasileiro - que sabia do interesse dos 
ingleses em abrir áreas para o cultivo de algodão 
no exterior - chega a Missão Montagu, chefiada 
por Lord Lovat, técnico em agricultura e 
reflorestamento. Lord Lovat ficou impressionado 
com o solo norte-paranaense e acabou adquirindo 
duas glebas para instalar fazendas e máquinas de 
beneficiamento de algodão, com o apoio de "Brazil 
Plantations Syndicate", de Londres. 
O empreendimento fracassou, devido aos 
preços baixos e à falta de sementes sadias no 
mercado, obrigando a uma mudança nos planos. 
Foi criada, assim, em Londres, a Paraná 
Plantations e sua subsidiária brasileira, a 
Companhia de Terras Norte do Paraná, que 
transformaria as propriedades do empreendimento 
frustrado em projetoimobiliários. Na verdade, era 
uma tentativa de ressarcir o grupo inglês do 
prejuízo do projeto anterior. 
 
 
Sede Parana Plantation Ltd em Londrina, denominado 
Companhia de terras Norte do Paraná. 
 
Já de início, a Companhia concedeu todos 
os títulos de propriedade da terra, medida 
inusitada para as condições da região e mesmo do 
Brasil. Por isso, os conflitos entre colonos antigos 
e os recém-chegados praticamente não existiram 
na zona colonizada pelos ingleses. 
 Porém, a grande novidade introduzida 
pela Companhia e que lhe valeria o "slogan" de "a 
mais notável obra da colonização que o Brasil já 
viu" foi a repartição dos terrenos em lotes 
relativamente pequenos. Os ingleses promoveram, 
desta forma, uma verdadeira reforma agrária, sem 
intervenção do Estado, no Norte do Paraná, 
oferecendo aos trabalhadores sem posses a 
oportunidade de adquirirem os pequenos lotes, já 
que as modalidades de pagamento eram 
adequadas às condições de cada comprador. 
 
 
Produção familiar muito presente nas propriedades do 
norte do Paraná. 
 
A Companhia explicitaria a sua política: 
"Favorecer e dar apoio aos pequenos 
fazendeiros,sem por isso deixar de levar em 
consideração aqueles que dispunham de maiores 
recursos". 
Este sistema estimulou muito a 
concentração da produção - principalmente 
cafeeira -, a explosão demográfica, a expansão de 
núcleos urbanos e o aparecimento de classes 
médias rurais. 
O projeto de colonização, além disto, 
trouxe outras inovações, como a propaganda em 
larga escala, transporte gratuito para os colonos, 
posse das terras em quatro anos, alguma 
assistência técnica e financeira, levantamento de 
toda a área e até o mapeamento do solo em 
algumas zonas. 
Londrina surgiu em 1929 como primeiro 
posto avançado deste projeto inglês. Na tarde do 
dia 21 de agosto de 1929, chega a primeira 
expedição da Companhia de Terras Norte do 
Paraná ao local denominado Patrimônio Três 
Bocas, onde o engenheiro Dr. Alexandre 
Razgulaeff fincou o primeiro marco nas terras 
onde surgiria Londrina. 
A Companhia possuía ainda um braço que 
era um empreendimento Ferroviário, denominado 
Cia ferroviaária São Paulo-Paraná, começa a 
espalhar a colonização do norte do estado. A partir 
da compra da linha férrea que ligava Ourinhos ao 
 
 
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21 
centro da Parana Plantations, com posto em 
Londrina, a ferrovia fez com que os 
assentamentos urbanos surgissem alinhados ao 
longo dos trilhos. Pioneiros e imigrantes ocuparam 
as terras em torno do trilho. 
 
 
Logo da Rede Viação Paraná e Santa Catarina, Presente 
na antiga estação de Londrina, hoje o atual Museu 
Histórico Pe. Carlos Weiss em Londrina-PR. 
 
A linha férrea foi a norteadora de 
praticamente todo o empreendimento da Parana 
Plantation. Na época, a ferrovia ligava municípios 
próximos de Londrina até Mandaguari, as cidades 
não foram ―plantadas‖ aleatoriamente, mas 
seguiam uma configuração. Em toda cidade existia 
uma estação ferroviária onde a cidade crescia em 
volta do terminal. E em torno de cada município 
existiam as áreas verdes com as plantações 
agrícolas, principalmente as de café. 
 
 
Foto da década de 1930 da Estação ferroviário de 
Jataizinho. 
 
 
Foto de 2001 do prédio desativado e abandonado da 
antiga estação ferroviária. 
 
As novas cidades seguiram o padrão 
urbano britânico: uma estação ferroviária como 
ponto de origem da cidade; igreja, escola e 
prefeitura na área central; e cemitério afastado do 
Centro. Todas as cidades ‗plantadas‘ pela 
companhia tinham a mesma identidade. Além da 
estrutura padronizada, os municípios eram 
rodeados pelas plantações, como uma espécie de 
―cinturão verde‖, Além de Londrina, temos as 
cidades Apucarana, Cambé, Rolândia, Arapongas 
como exemplo da padronização. 
Fundada por Lovat, a companhia britânica 
Parana Plantation Ltd., com sede em Londres, foi 
responsável pelas grandes transformações 
territoriais empreendidas na porção superiror do 
estado. A empresa atuou no Paraná entre os anos 
de 1924 e 1944, quando foi liquidada e vendida a 
Companhia Melhoramentos Norte do Paraná. 
 
O Paraná dos últimos tempos 
 Ney Braga: Em 1961 
elege-se governador do 
Estado do Paraná e 
governará entre 1961 a 
1965, agora já como uma 
das maiores lideranças 
políticas nacionais, do 
Partido Democrata Cristão. 
Em 1963 atinge o posto 
de general do Exército. De 
1961 a 1964 Ney Braga 
transforma o Estado do Paraná numa economia 
moderna. 
O estado viverá seu momento de maior 
prosperidade e de criação da infra-estrutura 
econômica que o caracterizará nos trinta anos 
seguintes. Ney Braga foi o responsável pela 
criação do Plano de Desenvolvimento Econômico 
do Paraná, projeto ousado de industrialização 
baseando em financiamento com recursos próprios 
do Estado.Criou empresas como Sanepar, Celepar 
que funcionariam como instrumentos de apoio ao 
gigantesco projeto de modernização, fortaleceu a 
Companhia a Copel; reestruturou o Banestado. 
No de 1967 foi eleito senador do Paraná 
pela ARENA. Esse é um período crítico na vida 
política brasileira. Em 1968, Ney faz parte de um 
grupo de senadores da ARENA que se manifesta 
publicamente contra o Ato Institucional n. 5 
mesmo sendo militar, Ney era convicto democrata, 
e, por sua oposição ao AI-5, foi inclusive 
ameaçado de cassação, permanecendo no 
ostracismo político durante o governo de Emílio 
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22 
Médici. Será senador até 1974, quando assumirá o 
Ministério da Educação do Governo Ernesto Geisel, 
voltou ao governo do Paraná em 1979 para um 
novo período de operosa administração voltada 
para o aumento da renda per capita do 
paranaense e para o desenvolvimento social do 
Estado. Sua segunda gestão dedicou particular 
atenção à interiorização do apoio à produção, a 
melhorias do setor de transportes. Ainda no 
segundo governo Ney Braga, a Copel idealizou um 
programa de eletrificação rural com custos 
razoavelmente baixos para os proprietários rurais. 
Batizado de Clic Rural, o programa foi financiado 
pelo Banco Mundial e implantado pelos governos 
que o sucederam. 
 
Paulo Pimentel, foi 
secretário da agricultura 
no governo de Ney 
Braga. Candidato a 
governador pelo Partido 
Trabalhista Nacional foi 
eleito em outubro de 
1965. Na administração 
continuou com 
programas de expansão 
econômica, estendeu 
para o interior o serviço de luz e energia. Diversas 
usinas elétricas entre elas Capivari-Cachoeira, Júlio 
Mesquita e Salto Grande do Iguaçu. Promoveu 
financiamentos de empresas da indústria e outras 
companhias, ampliou a rede do Banestado. A 
saúde pública foi um dos setores que teve uma 
boa atenção. Fez assentamentos rurais em termos 
pacíficos. Estimulou o desfavelamento e bons 
projetos de assistência social, obras públicas, 
agricultura, rodovias novas e pavimentação de 
muitas outras. Implantou a Telepar.Foi eleito 
deputado federal, tendo participado da Assembleia 
Nacional Constituinte, de 1987. 
José Richa: Em 1962, 
elegeu-se deputado federal e, 
após o golpe militar de 1964, 
filiou-se ao MDB, tendo sido 
um de seus fundadores. Foi 
reeleito em 1966. Dois anos 
depois, foi eleito prefeito de 
Londrina, ficando no cargo 
entre 1973 e 1977. Em 1978, 
elegeu-se senador. Nas 
eleições de 1982, Richa foi 
eleito governador do Paraná. 
No mandato, desenvolveu uma série projetos 
sociais como o leite das crianças, e o uso da soja 
comprada pelo estado para beneficiamento em 
Carne Vegetal distribuída as famílias de baixa 
renda, engajando-se também na campanha das 
eleições Diretas Já para a Presidência da República. 
Fui um dos principais críticos a ações da ditadura e 
dos projetos da ARENA defendia a abertura 
democrática nas andanças e comícios pelo estado, 
foi um dos responsáveis em popularizar o adesivo 
e broche no peito no Paraná como sinal de amor. 
Em 1986, afastou-se do governo 
paranaense para candidatar-se a uma vaga no 
Senado Federal. Em 1990, concorreu ao governo 
do Paraná, ficando em 3º lugar. Richa cumpriu 
mandato no Senado até 1995. 
Álvaro Dias: foi Eleito 
governador do estado do 
Paraná em 1986, disputou 
também em 1989 a 
indicação do candidato do 
PMDB à presidência da 
República com Ulysses 
Guimarães, Waldyr Pires e 
Íris Rezende. Logo depois 
deixou o partido e filiou-se 
ao PST. Em 1998, já pelo 
PSDB, é novamente eleito para o Senado. 
Em seu governo inicia uma série de reformas e 
atualizações das vias do Paraná, é um dos 
primeiros governadores do estado que segue uma 
tendência surgida no Brasil no fim da década de 
1980 de estampar uma marca ao seu governo. 
Placa de cimento de propaganda com a logo marca do 
governo de Álvaro Dias que mistura a letra

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