Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
HISTÓRIA DO PARANÁ Prof. Arnaldo Martin Szlachta Junior História História Paraná Paraná do do Prof. Arnaldo Martin Szlachta Junior Prof. Arnaldo Martin Szlachta Junior Abordagens para os vestibularesAbordagens para os vestibulares Prof. Arnaldo Martin Szlachta Junior Curso de História do Paraná 2 Unidade 1 Os primeiros habitantes Em qualquer estudo sobre o novo mundo, devemos partir do principio que estas terras eram ocupadas pelos povos nativos. E no Paraná encontramos duas grandes nações: os tapuias ou Jês e os tupi-guaranis. Os indígenas de uma região são classificados por grupos culturais. Os antropólogos se baseiam em fatos ecológicos, geográficos e definem essa classificação. O grupo em que classificamos os cativos paranaenses são os: de floresta tropical, que já utilizavam peças de cerâmica, redes, navegação fluvial e praticas de agricultura como os tupi- guaranis. Existem também tribos na classificação marginal, que desconhecem a rede, tendo sua sobrevivência através da caça e da pesca com apenas uma cerâmica e uma agricultura muito rudimentar já nesse exemplo se encaixa os tapuias ou Jês. Localização dos Indígenas no Paraná Os tupis-guaranis e suas tribos estão no noroeste, como exemplo dos Caiuás, oeste e no litoral do estado. Já os tapuias estão presentes no norte e no centro do estado como exemplos da tribo Caigangue. Leitura Complementar Os indígenas muito contribuíram para a formação da nossa cultura, desde utilização de plantas nativas como uso de técnicas, e costumes. Um traço marcante e presente no dia-a- dia de todas as pessoas que moram na região do Paraná são os termos de origem tupi-guarani e Je. Como exemplos temos o próprio nome Paraná além de Paranapanema, Tibagi, Iguaçu, Curitiba entre outros. A grande parte da contribuição lingüística é nos nomes das vilas e cidades e de acidentes geográficos. Na alimentação temos o destaque da mandioca e fabricação e utilização da sua farinha. A erva mate também é um exemplo interessante, pois seu uso pelo homem branco, tão comum na região sul do país é herdado dos tupi-guaranis assim como a canjica, mingau, Biscoito de Biju e paçoca, são algumas das técnicas de produção de alimentos herdados dos indígenas. Outros alimentos que merecem destaque São o Milho, amendoim, pipoca, pinhão entre outros. No nosso cotidiano diário, temos o uso da rede, ou eni para os nativos. O fumo tão presente no mundo era utilizado em rituais sendo fumado em cachimbos de barro. Outro costume importante foi o banho diário Os primeiros exploradores Após o final do século XV, quando Espanha e Portugal celebram o tratado de Tordesilhas que dividia as terras descobertas de norte a sul e por esse tratado, a maior parte das terras brasileiras, inclusive o Paraná ficaria sob jurisdição espanhola. Portugal começaria a colonização por volta de três décadas após o reconhecimento das terras por Cabral em 1500. Já a coroa espanhola começa organizar expedições por volta de 1515, a procura de uma passagem interoceânica no estuário da Prata. Numa dessas expedições que foi encontrado o caminho do Peabiru. O caminho do Peabiru foi descoberto pelo naufrago Aleixo Garcia, batizando-o como caminho de São Tomé. Viveu entre os indígenas aprendendo sua língua e vivenciando sua cultura, como o primeiro europeu a percorrer o caminho Prof. Arnaldo Martin Szlachta Junior Curso de História do Paraná 3 na sentido oeste chegou ao que hoje seria o Paraguai onde foi morto pelos índios da região por volta de 1524. Segundo os indígenas da época o caminho era tão antigo que eles não sabiam quem teria aberto. Sua extensão partia da capitania de São Vicente, que hoje seria São Paulo, atravessava o território paranaense, entrava na região do Chaco no Paraguai e seguia pelos planaltos peruanos. Foram comuns expedições espanholas adentrando o território paranaense. Como exemplo do famoso Álvar Nuñes Cabeza de Vaca que fora enviado pela coroa espanhola por volta de 1540, para reconhecimento da região. Álvar Nuñes Cabeza de Vaca Percorreu por via terrestre com sua expedição que contava com cerca de quatrocentos homens e quarenta cavalos, sendo guiados por índios guaranis. Percorrendo basicamente o mesmo caminho de Aleixo Garcia do planalto curitibano a região de foz do Iguaçu. Adelantados, os responsáveis pelo início da colonização. A coroa Espanhola delegava autoridade a algumas pessoas providas de alguns bens, para ocuparem as terras indígenas, esses conquistadores eram conhecidos como adelantados. De acordo com as ordens da coroa de Castela (Entende-se por Espanha), Eles deveriam ensinar os índios trabalhos e garantirem um ofício, como era comum a situação de mestre e aprendiz durante muito tempo na Europa, Além disso, ficava a cargo desses conquistadores a responsabilidade de catequização dessa população indígena. Entretanto os índios não receberiam isso somente de bom grado, eles pagariam com taxas ou serviços a esses conquistadores, esse trabalho em troca da ―civilização‖ era conhecido como Encomiendas. Na prática esse sistema coloca o índio na condição de escravo, surgindo núcleos de revolta de índios guerreiros na região Del Guairá. Devidos aos repetidos casos de violência a Carta Régia de 1605 estabelecia nas terras ao ocidente do Paraná até o rio Tibagi Reduções Jesuíticas. Objetivo das expedições Após os reconhecimentos, as primeiras expedições espanholas buscavam encontrar ouro e fundar vilas de povoação, as missões e reduções, surgiram então povoações como Ciudad Real (Guairá) e Vila Rica do Espírito Santo por volta Já a costa leste o interesse dos de 1570, portugueses pelo território acontecerá por volta de 30 anos após o reconhecimento, por ações de contrabando efetuado nas costas brasileiras por piratas. Leitura Complementar A redução era o núcleo de povoamento formado e organizado pelos jesuítas. As características das reduções estão tanto na organização social que deixavam as autoridades administrativa, judicial e militar aos indígenas sendo o chefe nativo da redução o pai-tuia. Planta típica de uma missão jesuítica. No centro, havia a igreja, ladeada pelo colégio, pelas oficinas, pela enfermaria e pelo cemitério. O restante do espaço era ocupado pelas habitações dos índios, haviam também áreas destinadas ao cultivo, uma parte ficava com as famílias e outra eram a propriedade de Deus, ou em indígena tupã-bé A missa era uma celebração a todos, os adultos dividiam seu tempo em trabalho, catequese e defesa da redução. As mulheres e crianças faziam trabalhos domésticos, artesanato, participavam do coral da igreja e destinavam mais tempo ao catequese que os homens. O Fim das Missões e Reduções Os bandeirantes paulistas a procura de mão-de-obra mais fácil, devido às pressões feitas pela coroa britânica ao trafico negreiro, chegaram às missões e reduções para capturar os nativos, e isso ocorria de forma bem violenta, chegavam atrás de homens e jovens acostumados com o trabalho de lavoura, e mulheres que já conheciam a culinária. Os primeiros ataques às reduções del Guairá foram realizados pelas bandeiras chefiadas por Manoel Preto. Em 1623, ele e seu irmão, Sebastião Preto, prepararamuma expedição que deixou São Paulo praticamente despovoada de homens. O ataque rendeu cerca de três mil cativos, que foram levados para as fazendas do planalto e para outras praças. No ano de Prof. Arnaldo Martin Szlachta Junior Curso de História do Paraná 4 1628, as reduções del Guairá foram arrasadas e reduzidas a cinzas. Uma bandeira formada por noventa mestiços e mais de dois mil indígenas Tupi deixou a vila de São Paulo, comandada por Antônio Raposo Tavares. Eles foram diretamente para Guairá e no vale do rio Ivaí arrasaram as reduções e prenderam mais de quatro mil Guaranis. Queimaram as casas, a igreja, destruíram os roçados e invadiram o convento. Dois padres jesuítas foram presos com os índios e também marcharam até o planalto paulista. Os padres ficaram chocados pela alegria com que essa expedição foi recebida em São Paulo. Um deles escreveu: “(...) A vida toda desses bandidos é ir ao sertão, trazendo presos [os índios] com tanta crueldade e violência para vendê-los como porcos! (...)” Esperando escapar dos paulistas, os jesuítas transferiram-se para o Tape, no atual Rio Grande do Sul e Mato Grosso. Os bandeirantes igualmente arrasaram a nova missão, aprisionaram 1.500 Guarani, levando-os como prisioneiros para São Paulo. Podemos entender as atividades dos bandeirantes através de alguns pontos. Como o não sucesso de uma primeira tentativa dos espanhóis e jesuítas na colonização, Tensões e a incorporação do território as posses portuguesas pelos tratados de Madri e Santo Ildefonso e o abandono de uma grande região com uma estrutura e um desenvolvimento relativo. Bandeirantes levando Índios Aprisionados (Debret) A colonização e a divisão territorial do Paraná O atual litoral norte do estado pertencia ao domínio português, e fazia parte da capitania de São Vicente, que foi doada a Martin Afonso de Souza. Já a capitania de Sant´ana ficou aos cuidados de Perô Lopes de Souza. Uma disputa sucessória viria a dividir em 1660 a capitania, criando a Capitania de Paranaguá. Mas o coroa a readquiriu dos herdeiros e incluindo-a na capitania de São Paulo. Sendo que após a carta régia de 17 de junho de 1723 a capitania de São Paulo passou a contar com duas comarcas: a de Paranaguá e a de São Paulo. Essa nova comarca foi extensa, no litoral as vilas Cananéia, Iguape, São Francisco e a Ilha de Santa Catarina, Laguna indo até o rio da prata formando seu território. Contudo essa formação só duraria até 1738 quando a provisão régia separaria o Rio Grande do sul e a ilha de santa Catarina da parte paulista. Em 1741, Laguna também foi retirada da jurisdição da capitania de São Paulo, uma outra carta régia, criaria mais tarde em 1749 a Ouvidoria de Santa Catarina. Mesmo após separações, desmembramentos de território a Capitania de Paranaguá ainda pertenceria a São Paulo como sua 5ª Comarca. O Ouro no Paraná, o primeiro do Brasil. À volta do interesse português em colonizar o Brasil está em parte relacionado ao interesse de encontrar reservas de ouro. Entretanto serão localizadas minas no litoral paranaense em Cananéias, Iguape e Paranaguá em meados do século XVII. Pela determinação da Coroa, a exploração de ouro não seguia a mesma autoridade das capitanias e seus donatários, ou seja, de cunho particular. Era de interesse do estado português. Unidade 2 Prof. Arnaldo Martin Szlachta Junior Curso de História do Paraná 5 Ilustração de uma casa de fundição do século XVIII Tratava-se de um monopólio real com governadores indicados pelo rei, que Pela determinação da Coroa, a exploração de ouro, mais tarde, por volta de 1650 se instalou uma ―Casa de Fundição‖ em Paranaguá, que segundo regimento real o ouro legal era aceito somente em barras com o selo da casa real de Bragança devidamente enumerado. A parte que cabia a coroa e era fiscalizada por governadores nomeados pelo rei com o titulo: ―Capitão das Canoas de Guerra das Costas dos Mares do Sul‖. Sendo Eleodoro Ébaro Pereira o primeiro para administrar as minas. Os Impostos da Capitação Devido ao contrabando e a diminuição da extração de ouro na colônia a quantidade que chegava a metrópole do metal precioso estava diminuindo cada vez mais. Neste cenário a corte portuguesa institui o chamado “Imposto da capitação” para os exploradores das minas como também para os agricultores e comerciantes paranaenses. Esse imposto consistia em 4 1/2 oitavas de ouro por trabalhador escravo nas minas, essas oitavas equivaliam a cerca de 17g por cabeça de escravo. O Paraná contava com as minas de Marumbi, Uvaparanouva, Limoeiro, tagaçaba e Serra Negra. As mais produtivas eram a do Pantanal e Panajóias. Devido à baixa produção em Paranaguá, a exploração do ouro subia a serra do mar pelos rios Nhundiaquara que mais tarde daria origem a picadas pela mata surgindo assim a Estrada da Graciosa, e pelo rio da Ribera que chegava ao território Paulista. A presença do ouro foi importante para o desenvolvimento e povoação da Região. Para a Leitura Complementar As Casas de Fundição recolhiam o ouro extraído pelos mineiros, purificavam-no e o transformavam em barras, nas quais era aposto um cunho que a identificava como "ouro quintado". isto é, do qual já fora deduzido o tributo do "quinto". Barras de ―Ouro quintado‖ de 1796 Era também expedido um certificado que deveria acompanhá-la daí em diante. As Casas de Fundição eram dirigidas por um Provedor, auxiliado por Escrivães, fundidores, ensaiadores, cunhadores, meirinhos, tesoureiros e fiscais. Estes últimos eram nomeados por indicação das Câmaras Municipais. No decorrer do século XVII, duas outras casas de fundição foram instaladas na capitania de São Vicente: uma em Iguape e outra em Paranaguá, ambas por volta de 1650. Com a deflagração do Ciclo do Ouro em Minas Gerais, a partir de 1691. Essas três casas, pela sua localização, não podiam atender ao novo Eldorado. Criou-se, então, em 1695, a Casa de Fundição de Taubaté, também chamada de Oficina Real dos Quintos. A seguir, foi instalada outra Oficina Real dos Quintos no Rio das Velhas, em Minas Gerais (possivelmente em Sabará), por volta de 1701. No decorrer do século XVIII, especialmente em razão da lei de 11 de fevereiro de 1719, numerosas outras casas de fundição foram criadas em Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Bahia. Em 1737, porém, foram todas extintas, em virtude da adoção do sistema da capitação, para tributar a atividade mineradora. Entretanto, nova mudança na política fiscal portuguesa determinou o seu restabelecimento em 1751 (por força de alvará de 3 de dezembro de 1750), com a volta do "quinto". Nessa ocasião, outras casas foram criadas em lugares onde antes não existiam. Curiosamente, foram mantidos os Intendentes do Ouro, cargo criado para gerir o sistema da capitação, os quais passaram a reger as Casas de Fundição. No final do século XVIII e princípio do século XIX, com a decadência das jazidas auríferas, as casas de fundição passaram a ser abolidas. A última delas, a de Goiás, foi extinta já no Primeiro Império. Mas, a abolição formal das Casas de Fundição só ocorreu em 1834. FONTES: ARRUDA, A Circulação, as Finanças e as Flutuações Econômicas, 192 - PEREIRA E SOUSA, Dicionário Jurídico ("Casas") - SIMONSEN, História Econômica do Brasil. Prof. Arnaldo Martin Szlachta Junior Curso de História do Paraná 6 história ela aparececomo o 1º ciclo econômico do Estado. Graças ao metal mais cobiçado pelos homens deu origem a Cidade de Paranaguá e fez surgirem inúmeros ―Arraias‖ dando origem a muitas cidades como Bocaiúva do Sul, São José dos Pinhais e a futura cidade de Curitiba que mais tarde se tornaria a capital do estado. O Tropeirismo no Paraná Monumento ao Tropeiro na cidade da Lapa (PR) O crescimento da Pecuária e a necessidade do gado de corte para transporte adquirissem um maior destaque, dessa forma o tropeirismo tornou-se uma atividade lucrativa. O caminho percorrido pelos tropeiros no transporte do gado e muares era conhecido como a estrada da mata até meados do século XVIII, passando a ser conhecido como caminho do Viamão. O seu nome está associado a cidade Viamão no Rio Grande do Sul, passava por Curitiba, Campos Gerais no Paraná e seguia para a cidade de Sorocaba em São Paulo, Os Muares eram comercializados e levados a Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Leitura Complementar (...) Quem vai concretizar plenamente a iniciativa da estrada é o fidalgo português Cristóvão Pereira de Abreu, nascido em Ponte de Lima, em 1580 e que, no Brasil, se tornara arrematador e principal exportador de couros da Colônia do Sacramento. Em 1727, Francisco de Souza Faria, português de nascimento e sargento- mor em São Paulo, recebe ordem do governador Caldeira Pimentel para iniciar uma estrada entre a Colônia do Sacramento e Curitiba. Galgando a serra na altura do Morro dos Conventos, ainda no Rio Grande do Sul, chega com ela à atual capital do Paraná em 1730. No ano seguinte, saiu Cristóvão Pereira de Abreu com uma tropa de 800 cavalos e muares da Colônia do Sacramento e, seguindo o roteiro de Souza Faria, chegou a Curitiba, passou por Sorocaba em 1733 e foi terminar sua jornada em São Paulo. O caminho havia sido rasgado mas Cristóvão Pereira de Abreu não estava satisfeito. Por isso, em São Paulo, buscou e conseguiu o apoio do capitão-general da Capitania, que era então o Conde de Sarzedas, levantou os recursos necessários junto a financiadores particulares e retornou ao Rio Grande do Sul. Leitura Complementar A intendência do Ouro em Paranaguá Estabelecida em 28 de janeiro de 1736, no primeiro instante do sistema da capitação, em substituição à velha casa de fundição local, abolida nessa oportunidade. Em 175l, quando as fundições foram restabelecidas, Paranaguá, pela sua produção, já não justificava a volta dessa instituição. Por isso, sua Intendência ficou limitada a expedir guias para acompanhar o ouro até a Casa de Fundição de São Paulo. Ainda foi referida em 1769, 1771, 1778 e 1790. (FONTES: SALLES OLIVEIRA, Moedas do Brasil, I, 1:149 - SANTOS, Memórias Históricas de Paranaguá, 1:147 - RIHG/SP, 20:711 e 26:S/N - Documentos Interessantes, 69:56) Unidade 3 Prof. Arnaldo Martin Szlachta Junior Curso de História do Paraná 7 De lá partiu novamente em 1738, agora com uma tropa 3.000 animais, conduzidos por 130 tropeiros. Para encurtar o caminho, em vez de ir até o Morro dos Conventos, abriu, como conta Barbosa Lessa, ―um novo roteiro, diretamente entre os campos de Viamão e os campos de Lajes‖, dando origem aos ―primeiros esboços de povoações: Santo Antônio da Patrulha, São Francisco de Paula e Nossa Senhora da Oliveira da Vacaria. Na viagem, alargou e consolidou os caminhos e construiu quase 300 pontilhões. Foi uma empreitada enorme mas lucrativa. Segundo Lessa, somente os quintos para a Fazenda Real somaram 10.000 cruzados. Fonte:http://site.cruzeironet.com.br/sorocaba/ As características dos tropeiros Entender esse nosso personagem da sociedade Paranaense típico da nossa sociedade Foram comuns expedições espanholas adentrando o território paranaense durante o sécuxo XVII e XVIII os tropeiros faziam parte das zonas rurais e das pequenas cidades aqui na região sul, na maioria das vezes vestidos como os Gaúchos da época, utilizando botas, chapéus e ponchos. Os tropeiros encaminhavam rebanhos de gado para o interior de São Paulo, principalmente Sorocaba, já na província de São Paulo os animais juntamente com as mercadorias iam para as províncias de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. As mercadorias para a região de Goiás deveriam ser transportadas no lombo dos animais já que a região não colaborava muito devido geografia íngreme. Na região do Mato Grosso onde encontramos o pantanal os produtos eram transportados seguindo o sentido dos rios nas conhecidas monções. Devemos ter em mente que não era uma função muito agradável já que havia riscos nas viagens, muitos desses homens de origem portuguesa, mestiça e da capitania de são Vicente se viram obrigados a procurar outras formas de sobreviverem já que do desenvolvimento de São Vicente era limitado, muito subiram as serras chegando ao interior, era fundada a capitania de São Paulo, uma pobre vila com uma economia de substancia dependente do comercio de artesanato, cereais e o bandeirantismo. Assim temos o tropeirismo integrando essas regiões já que era uma possibilidade de um pequeno comércio, praticado no lombo de mulas. Também havia os interesses dos portugueses que envergavam a necessidade de povoar a região sul, evitando fundações de vilas espanholas, assim o governo real fez com que facilitasse o acesso à terra garantindo um grau de liberdade certa autonomia administrativa para a região, mas ainda prevalecia uma continuidade do processo de ocupação territorial nacional presente no século XVII, com o predomínio do latifúndio durante o século 17, o que beneficiou poucas famílias e marginalizava grande parte do sociedade que estava ali se formando. O que chega até nós é uma imagem idealizada dos tropeiros, muitas vezes vista como uma salvador da colonização. Leitura Complementar (...) O tropeiro iniciava-se na profissão por volta dos 10 anos, acompanhando o pai, que era o negociante (compra e venda de animais) o condutor da tropa. Usava chapelão de feltro cinza ou marrom, de abas viradas, camisa de cor similar ao chapéu de pano forte, manta ou beata com uma abertura no centro, jogada sobre o ombro, botas de couro flexível que chegavam até o meio da coxa para proteger-se nos terrenos alagados e matas. No Rio Grande, a cidade de Viamão tornou-se um dos principais centros de comércio Prof. Arnaldo Martin Szlachta Junior Curso de História do Paraná 8 e formação de tropas que tinham como destino os mercados de São Paulo. (...) Nesses trajetos, os tropeiros procuravam seguir o curso dos rios ou atravessar as áreas mais abertas, os "campos gerais" e mesmo conhecendo os caminhos mais seguros, o trajeto envolvia várias semanas. Ao final de cada dia era acesso o fogo, para depois construir uma tenda com os couros que serviam para cobrir a carga dos animais, reservando alguns para colocar no chão, onde dormiam envoltos em seu manto. Chamava-se "encosto" o pouso em pasto aberto e "rancho" quando já havia um abrigo construído. Ao longo do tempo os principais pousos se transformaram em povoações e vilas. (...) A alimentação dos tropeiros era constituída por toucinho, feijão preto, farinha, pimenta-do-reino, café, fubá e coité (um molho de vinagre com fruto cáustico espremido). Nos pousos comiam feijão quase sem molho com pedaços de carne de sol e toucinho (feijão tropeiro) que era servido com farofa e couve picada. Bebidas alcoólicas só eram permitidas em ocasiões especiais: quando nos dias muitos frios tomavam um pouco de cachaça para evitar constipaçãoe como remédio para picada de insetos. Fonte: http://www.historianet.com.br/conteudo/ default.aspx?codigo=496 O Povoamento do Paraná O Paraná foi formado por muitos povos, das mais variadas origens, para poder entender melhor esse processo vamos dividir a formação das duas principais vilas ainda no século XIX, a de Paranaguá no litoral e a de Curitiba no interior. Paranaguá, O litoral. Por se tratar de uma região litorânea é complicado determinarmos que não houvesse ocupação antes do século XVII com a presença de Martin Afonso de Souza, existem alguns relatos isolados de tribos de indígenas de brancos na região que poderiam ser aventureiros ou náufragos. Segundo relatos do livro de Hans Staden um naufrago alemão, a região do litoral do Paraná já era conhecida e habitada pelo homem branco por volta 1555, Foi-se efetivando uma povoação, e em segundo alguns relatos já em 1578, havia uma pequena capela denominada Nossa Senhora do Rosário. Em 1614, o tabelião de São Vicente Diogo de Unhate, obtém o direito da primeira a primeira sesmaria território paranaense. Em 1646 Gabriel de Lara, ergueu o pelourinho que funcionava como símbolo da justiça, da ordem e da autoridade, tal atitude garante a Gabriel de Lara o título de "capitão-povoador", de Paranaguá, sendo que após seu estabelecimento, fez erguer o Pelourinho em 1646, símbolo máximo da justiça e do poder lusitano. Neste mesmo ano o capitão povoador anuncia o descobrimento de ouro em território paranaense. Porto de Paranaguá no fim do século XIX, pintura de Alfredo Andersen, com forte influência impressionista. Em 1648, Paranaguá é elevada à categoria de Vila e recebe o nome de Vila Nossa Senhora do Rosário de Paranaguá, sendo Gabriel de Lara seu primeiro administrador. Curitiba, O interior. O Povoamento de Curitiba esta relacionado com dois fatores principais, um deles era encontrar o caminho do Peabiru e dominar o interior, outro fator é o crescente número de pessoas que chegam à região devido às informações da descoberta de ouro em Paranaguá, chegam formando os ―arraias de mineradores‖ como o arraial Queimado, Borda do Campo e o Arraial Grande. Foi fundado o povoado de Nossa Senhora da Luz e Bom Jesus dos Pinhais, em 1654, ficando num local onde havia o encontro entre os mineradores e os criadores de gado. Logo em seguida em 1668, a pequena vila foi incorporada a Paranaguá. Em 1693, o povoado é elevado a vila. Durante o início do século XIX, o povoado já então chamado de Nossa Senhora dos Pinhais de Curitiba. Possuía pouco mais que 200 casas. Mas com o início da exploração e do comércio da erva-mate com apoio da extração de madeiras nobres temos um novo impulso de crescimento e já em meados do Século XIX em 1842 Curitiba já possuía 5.819 habitantes, era elevada a categoria de cidade. Já em 1853, era criada a província do Paraná. No ano seguinte, já com o nome de Curitiba, foi escolhida para sua capital. Unidade 4 Prof. Arnaldo Martin Szlachta Junior Curso de História do Paraná 9 Mapa do centro da vila Nossa Senhora do Rosário de Curitiba 1830- 1850 Já como Província Curitiba promove uma colonização através dos emigrantes europeus com foco em italianos e poloneses. Por volta de 1870 foram fundados 35 núcleos coloniais de terras de mata em torno dos campos de Curitiba. A cidade conhecia um novo crescimento e progresso desenvolvendo atividades agrícolas e a indus- trialização. E emancipação Política e a definição territorial Boa parte das definições territoriais das províncias no Brasil aconteceram basicamente de forma natural através de caminhos indígenas, tropas e tropeiros. No Paraná temos um destaque grande para os caminhos indígenas, podemos destacar vários como o Peabiru, que era a ligação do Peru cortando todo o Paraná, chegando ao sul de São Paulo. Um caminho pronto para adentrar em regiões e conquistá-las. O Caminho da graciosa que ligava Antonina até Curitiba, essa caminho foi aberto totalmente em 1807. Havia também caminhos como Itupava e Cubatão, o primeiro era conhecido como o menor percurso saindo de Curitiba passando a serra chegando ao porto tendo ramificação para a cidade de Antonina, o segundo era conhecido como caminho da morte, já que havia pontos perigosíssimos, ligava as cidades de São José dos Pinhais, Morretes, Cubatão e Paranaguá. Com tamanhas redes de comunicação Curitiba estava à frente de muitas cidades de outras províncias do Brasil, algumas possuíam apenas um caminho como comunicação com as capitais e outras vilas. O processo de emancipação política paranaense foi iniciado muito cedo na nossa história, mas foi um processo lento levando em conta as situações políticas que se encontrava no Brasil do século XIX. Com a criação em 1811 da comarca de Paranaguá e Curitiba integrados ao território da Capitania de São Paulo. A Câmara Municipal de Paranaguá no mesmo ano apelou ao príncipe regente, Dom João IV, presente no Brasil devido às invasões napoleônicas, a câmara solicitou a emancipação da comarca e a criação de uma capitania do Paraná independente a de São Paulo. As situações do Brasil naquele momento não possibilitaram um cenário político adequado e mesmo após a Independência do Brasil, os paranaenses continuavam submetidos à comarca de São Paulo. Cartografia do Século XIX, mostra a província de São Paulo fazendo fronteira com a província do Rio Grande do Sul, Santa Catarina também estava confinada a uma pequena porção territorial junto a costa atlântica. Dentre os episódios políticos, temos destaque para dois que Dois episódios tornaram evidente a importância política e estratégica da região: a Guerra dos Farrapos e as Revoltas Liberais de 1842. A Guerra dos Farrapos que aconteceu de 1835 a 1845 começou no Rio Grande do Sul e chegou até a província de Santa Catarina, esse movimento era contra a centralização política imposta e pelas exigências do governo do Brasil e o encarecimento da criação bovina devido aos altos impostos. Já as conhecidas Revoltas Liberais de 1842, foram promovidas em Minas Gerais e São Paulo pelo Partido Liberal, que era contrário ao ato de Dom Pedro II que havia dissolvido a Assembléia Geral. Como já vimos no capítulo anterior em 1842, uma lei provincial de São Paulo, eleva Curitiba à categoria de cidade. Unidade 5 Prof. Arnaldo Martin Szlachta Junior Curso de História do Paraná 10 A economia paranaense estava se expandindo com a uma grande produção de erva- mate, O produto da erva possuía grandes mercados como o argentino, uruguaio, paraguaio e chileno, sem contar no número de negociações e ouro que chegavam à província com o comércio de gado. O mate era o principal produto de exportação e de fonte de renda do Paraná, na época. Erva Mate, produto nativo da região sul do Brasil com grandes quantidades no Paraná. O mate era interessante já que os caudilhos dos países vizinhos apreciavam o chá preto da índia, mas que possuía um valor muito alto e deveria ser comprada da Cia das índias ocidentais da Inglaterra. No dia 29 de agosto de 1853, o projeto de criação da Província do Paraná é Aprovado com a força da lei imperial nº 704, que foi assinada e promulgada por Dom Pedro II. Embora a lei da criação da província tivesse sido promulgada pelo Imperador, a Emancipação política do Paraná demorou ainda quatro meses para se tornar real de fato. Então em 19 de dezembro de 1853, a província do Paraná separe-se deixando de fazer parte da 5ª Comarca de São Paulo. Quadro da Primeira Sessão da Assembléia Legislativada Província do Paraná. 1854 Curitiba foi escolhida como capital da nova província e em seguida a emancipação política da província, chega nesse momento à nova capital Zacarias de Góis e Vasconcelos, o primeiro presidente provincial do Paraná escolhido pelo império, em seu primeiro discurso na província paranaense disse que todos os seus problemas de poderiam serem transformados num só: povoar um território de cerca de 200.000 km², que contava com pouco mais de 60 mil habitantes sendo que a grande maioria (cerca de 90%) dessa população distribuída nas cidades de Curitiba e Paranaguá. Leitura Complementar Considerações Sobre Zacarias de Góes e Vasconcelos: (...) Aproximadamente quatro meses após, em 19 de dezembro, toma posse o primeiro presidente, Zacarias de Góes e Vasconcellos, então com 38 anos. Nascido em Valença, Bahia, graduado em Direito pelo Curso Jurídico de Olinda, em sua biografia podem ser notadas qualidades de um estadista preparado para ocupar essa árdua tarefa organizacional, já que previamente passara pelo parlamento como deputado provincial pela Bahia (1843), pelo executivo como presidente do Piauí (1845/1847) e de Sergipe (1848/1849), e pelo ministério imperial ao ocupar, em 1852, a pasta de ministro da Marinha. O programa inicial do governo lhe foi passado por Luiz Pereira do Couto, ministro do Império, que encarregou o novo presidente de instalar e organizar o governo provincial, o que foi cumprido com rigoroso empenho e dedicada atenção. Tendo sido nomeado para um governo de conciliação, presidiu as eleições de senador, deputado geral, e membros da Assembléia Legislativa Provincial, criando as comarcas de Curitiba, Paranaguá e Castro, nomeando magistrados Zacarias, desde os primeiros atos, mostrou ser homem de visão invulgar. Assim, escolheu Curitiba como capital provincial, por possuir o maior número de casas (cerca de 200), melhores condições climáticas, sanitárias e privilegiada localização. Fundou uma Companhia Policial e proibiu o uso de armas nas cidades, visando a redução da criminalidade. Deu ordens para a construção de cemitérios, opondo-se ao antigo costume de se enterrarem os cadáveres nos templos. Incentivou a organização de várias escolas primárias e a criação das cadeiras de francês e inglês no Liceu Paranaense, pagando bons salários à docência. Preocupado com a vastidão da nova província, incentivou o povoamento e a imigração de estrangeiros. Procurando melhorar a ligação com os portos de embarque no litoral, deu início à construção da imprescindível estrada da Graciosa. Essas obras, entre outras tantas, verdadeiramente alavancaram o desenvolvimento do Paraná. Quando deixou o governo provincial, em Prof. Arnaldo Martin Szlachta Junior Curso de História do Paraná 11 3 de maio de 1855, Zacarias saiu aclamado. Na viagem de Curitiba a Paranaguá, onde embarcou para o Rio de Janeiro, foi cercado em todos os lugares por efusivas manifestações de gratidão e respeito. (...) Luiz Fernando Tomasi Keppen é juiz de Direito, mestre em Direito pela UFPR, diretor cultural da Amapar e professor universitário. Fonte: KEPPEN, Luiz Fernando Tomasi, in Jornal Gazeta do Povo, Opinião do dia 2, página 22, 20 de dezembro de 2008 O Paraná como província Os 35 anos que o Paraná passou como província foi um período de grande instabilidade política, Nesse período estiveram à frente da administração 41 presidentes, cerca de 8 meses a para cada administração. O primeiro presidente como já vimos foi Zacarias de Góes e Vasconcelos, como todos os outros presidentes que estiveram a frente do governo até a guerra do Paraguai não eram paranaenses, dentre os feitos de Zacarias temos como destaque o início do calçamento da Estrada da graciosa. Entre outros destacamos alguns que tiveram feitos importantes a frente do governo provincial. João José Pedrosa foi responsável por organizar e construir uma sede para a câmara legislativa do Paraná, incentivou a imigração com tratados firmados junto a Europa e cuidou do abastecimento de água e luz para a recente capital. Carlos Augusto de carvalho organizou um plano econômico para melhorar as finanças colocando o ―imposto do vintém‖, Criou escolas noturnas em Curitiba e introduziu a disciplina de educação física no colégio do Paraná. Alfredo d´Esragnolle Taunay importante figura do império naquele momento, de família nobre seu avó era Nicolas-Antoine Taunay, pintor que chegou junto com missão artística Francesa em 1810. Sua função era ―civilizar‖ a capital do estado cuidando de um projeto de urbanização e Saneamento de Curitiba, Reorganiza a Biblioteca pública e inicia as construções do passeio público e inicia as construções das primeiras estradas de Ferro. Joaquim de Almeida Faria entra para terminar as obras de Alfredo Taunay que fora requisitado na corte imperial no Rio de Janeiro, inaugura o serviço de bondes de tração animal e incentiva a instrução primária para a população da província no colégio do Paraná. O último presidente do período provincial foi Jesuíno Marcondes de Oliveira e Sá era grande figura política do império a frente do partido liberal, fez os melhoramentos na estrada da graciosa, teve de entregar o governo ao general Francisco Cardoso Júnior que foi o comandante das tropas republicanas no Paraná e primeiro governador foi Dr. Generoso Marques dos Santos. As estradas de ferro iniciadas no governo de Alfredo Taunay foram fundamentais para um desenvolvimento posterior do estado. O Paraná república Apesar de o Paraná possuir alguns clubes de debates republicanos e a tiragem de dois jornais republicanos, ―Livre Paraná‖, na cidade de Paranaguá e a ―A República‖, em Curitiba, o movimento republicano paranaense era muito fraco. Para se ter ideia na Assembléia Legislativa Provincial existia apenas um deputado, Vicente Machado da Silva Lima com inspirações republicas, ele se destacaria na política paranaense nos primeiros anos após a proclamação da republica. No Paraná encontramos a mesma situação de indiferença da população em ralação a republica como se viu no Rio de Janeiro após o golpe derrubar o gabinete Ouro Preto. O nosso estado herdou a crise pós-golpe que se viu no Brasil. O Dr. Generoso Marques dos Santos, que substituiu a junta que governara o estado desde o golpe foi deposto, pois apoiava o golpe de Deodoro da Fonseca, Floriano assume o poder em novembro de 1891, e em fevereiro de 1892 o governador eleito pelo voto direto é Francisco Xavier da Silve e para Vice o Dr. Vicente Machado que já se destacava como líder republicano. No dia 9 de janeiro de 1892, o Paraná aprova pela assembléia legislativa a primeira bandeira, pelo do Decreto Estadual nº 8, da mesma data em que foi promulgada. Primeira bandeira do Paraná de 1892 a 1905. Prof. Arnaldo Martin Szlachta Junior Curso de História do Paraná 12 Conflitos no Paraná A Revolução Federalista Para entendermos bem a história política do Brasil império, devemos sempre se lembrar das disputas que aconteciam entre os conservadores e liberais, mas após a proclamação da republica esses dois partidos somem criando os partidos Nacional Federalista surgido no Rio Grande do Sul através da união de Liberais e Conservadores, e o Partido Republicano que possuía como liderança o jovem político Julio Prates de Castilhos que estava a frente da administração do estado do Rio Grande do Sul. Com essa situação temos A Revolução Federalista, um conflito interno que ocorreu logoem seguida a Proclamação da República, sua origem estava na instabilidade política gerada pelos chamados federalistas, que pretendiam "libertar o Rio Grande do Sul da tirania de Júlio Prates de Castilhos", então presidente do Estado. Surgiu uma série de conflitos que culminaram com uma série de disputas sangrentas que por conseqüência geraram uma guerra civil, que foi de fevereiro de 1893 a agosto de 1895, e que foi vencida pelos simpatizantes de Júlio Prates de Castilhos, conhecidos como pica paus. Julio Prates de Castilhos, Presidente do estado do Rio Grande do Sul eleito em 1891, um dos personagens mais importantes da revolução Federalista. As divergências tiveram inicio com atritos ocorridos os que procuravam a autonomia estadual, acima do poder federal e seus opositores. Houve conflitos com luta armada nas regiões do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Fundado em 1892 por Gaspar Silveira Martins, o Partido Federalista do Rio Grande do Sul defendia o sistema parlamentar de governo e a revisão da Constituição promulgada por Julio Prates de Castilhos. Desse modo a concepções políticas e filosóficas chocava-se contra a constituição do Rio Grande do Sul de 1891 que era inspirada no positivismo de conte e no presidencialismo, dando uma maior autonomia estadual, Formada as ideologias dos dois lados convencionou denominar os grupos de seguinte forma: os que se simpatizavam com Gaspar da Silveira Martins eram chamados de Gasparistas ou maragatos, eram totalmente opostos aos seguidores de Júlio de Castilhos, conhecidos como castilhistas ou Pica-paus. As desavenças iniciaram-se com a concentração de tropas maragato em campos da Carpintaria, no Uruguai, localidade próxima a Bagé. Em seguida o negociante (potreiro) de Ana Correia, vindo do Uruguai em direção ao Rio Grande do Sul, encontrava o coronel caudilho federalista Gumercindo Saraiva, que seria uma das principais figuras a frente do exercito rebelde dos maragato. Gumercindo Saraiva, caudilho defensor dos ideais republicanos. Com ataques relâmpagos e estratégicos, os maragatos dominaram rapidamente a fronteira e exigiam a deposição de Júlio Prates de Castilhos, que fora eleito pelo voto direto. Havia a idéia de promover um plebiscito para que o povo escolhesse que governo. As batalhas estavam se tornando tão violentas e o numero de mortes crescia numa proporção assustadora, sem perspectiva de fim a rebelião adquiriu âmbito nacional e rapidamente, ameaçou a estabilidade do regime republicano em todo o país. Floriano Peixoto se posicionou em ―defesa dos ideais republicanos‖ enviando tropas federais para socorrer Júlio Prates de Castilhos. Unidade 6 Prof. Arnaldo Martin Szlachta Junior Curso de História do Paraná 13 Gumercindo ao lado de Aparício, ambos ao centro, na Revolução Federalista 1894. Gumercindo Saraiva com sua tropa fizeram vários ataques em Dom Pedrito. De lá iniciaram uma série de ataques relâmpagos contra vários pontos do estado Rio-grandense, dando uma desestabilizada nas posições conquistadas pelos legalistas. Cruz dos Degolados, homenagem do município de São Martinho da Serra no Rio Grande do Sul, a cruz lembra os mortos degolados na revolução, a degola foi uma prática comum entre ambos os lados como uma atitude revanchista. Você caro leitor deve estar se perguntando nesse momento, o que um conflito ocorrido no Rio Grande do Sul tem relação com o Paraná? Essa pergunta é respondida com o rumo que tomaram as tropas, indo ao norte para ganharem mais força, avançaram em novembro sobre Santa Catarina e chegando ao Paraná, sendo detidos na cidade da Lapa, que fica cerca de 60 Km a sudoeste de capital paraense. As tropas legalistas da republica foram cercadas na Lapa, em um dos mais célebres episódios da vida militar brasileira, que ficou conhecido como "O Cerco da Lapa". Num total de 24 dias de resistência, com uma tropa oito vezes menor que a dos adversários maragato, comandados pelo rio-grandense Gumercindo Saraiva. Os legalistas são derretodos após a morte do Coronel Carneiro que segundo as lendas deu ordens até a morte, E apesar da derrota de Carneiro, o período de combates definiu o lado vencedor, pois atrasou o avanço de Gumercindo, já que carneiro não havia revelado a posição das outras tropas legalistas, assim foi possível uma organização do lado republicano legalista que derrotou posteriormente os federalistas. Encenação de ―O Cerco‖ por um grupo de teatro da lapa em 2009 relembrando 115 anos do cerco de 24 dias. Com a morte do Coronel Carneiro, em 1894, as pretensões dos rebeldes federalistas de chegarem à capital da República foi frustrada, e a resistência da Lapa estancou o avanço da revolução. Sem opção Gumercindo, bate em retirada em direção ao Rio Grande do Sul. Mas um tiro sem autor o mata em 10 de agosto de 1894. Panteão dos Heróis na Lapa, onde jazem os corpos dos legalistas que combateram no Cerco da Lapa A revolução federalista foi vencida em junho de 1895 no combate de Campo Osório. Saldanha da Gama, um dos últimos lideres legalistas possuidor de um contingente de 400 homens, lutou até a morte contra os Pica-paus. A paz finalmente foi assinada em na cidade Pelotas em 23 de agosto de 1895. Nessa ocasião O presidente da República era Prudente de Morais. Este conflito propiciou pelo menos 10.000 mortos e incontáveis feridos. Prof. Arnaldo Martin Szlachta Junior Curso de História do Paraná 14 Lima Barreto, na sua obra de ficção "O Triste Fim de Policarpo Quaresma", faz uma referência ao cerco da Lapa, colocando inclusive sua opinião, Observe: "só a Lapa resistia tenazmente, uma das poucas páginas dignas e limpas de todo aquele enxurro de paixões. A pequena cidade tinha dentro de suas trincheiras o Coronel Gomes Carneiro, uma energia, uma vontade, verdadeiramente isso, porque era sereno, confiante e justo. Não se desmanchou em violências de apavorado e soube tornar verdade a gasta frase grandiloqüente: resistir até a morte". Lima Barreto, techo retirado do Capítulo III. Conflitos no Paraná O Contestado O Conflito que ficou conhecido como contestado foi um conflito ocorrido entre os estados do Paraná e Santa Catarina, esse movimento ganhou grande notoriedade na história do Brasil dentre aqueles movimentos que misturam interesses políticos, econômicos e questões sociais ligados ao messianismo. O movimento ocorre de 1912 até 1916 de um lado a população cabocla dos dois estados e do outros os governos estaduais com o apoio do então presidente da república Hermes da Fonseca. O chamado contestado é uma região disputada entre os estados Catarinense e Paranaense, de acordo com as divisões atuais dos estados ocupava a região sul do Paraná e quase 70% do estado Catarinense. A disputa era travada por se tratar de uma região rica em Erva mate e Madeira sendo os pequenos proprietários posseiros que viviam do comércio desses produtos. Lapa Ponta Grossa Curitiba N Paraná Santa Catarina Rio Grande do Sul Florianópolis Porto Alegre Região do Contestado O governo brasileiro no final do século XIX possuía um ambicioso projeto para a época, que seria interligar os estados de São Paulo e Rio Grande do Sul através de uma estrada de ferro. Com o projeto da construção pronto o governo brasileiro autoriza a construção, mas para isso desapropriaria uma faixa de terras de aproximadamente 30 quilômetros de largura, que Leitura Complementar Observe umtrecho de uma carta do Dr. Bagueira, observe como ocorre a comunicação em momentos de guerra: (...) Dizia-se em Paranaguá que os federais do Rio Grande já tinham feito a invasão e que muitos corpos do Exército já tinham se juntado a eles. Em Santa Catarina dizia-se que três cidades já tinham sido tomadas: Erval, Santana e Bagé. Mesmo fazendo grande redução nesses boatos, ainda ficava o bastante para inquietar-me. Via que dificilmente eu poderia escapar de servir com as tropas em operações e que nesse caso eu teria de ausentar-me de minha família. (...) Além disso ser-me-ia bem desagradável servir em um batalhão que se passasse para os invasores. Formei então o plano de deixar minha família no Rio Grande, lugar sossegado, onde temos parentes; e ir eu só apresentar-me em Porto Alegre e seguir para onde me mandassem 13 e só levaria para junto de mim se fosse designado para Pelotas ou Porto Alegre. PEZAT, Paulo Ricardo, A REVOLUÇÃO FEDERALISTA NA PERSPECTIVA DE UM MÉDICO POSITIVISTA: CARTAS DO DR. BAGUEIRA LEAL A MIGUEL LEMOS E A TEIXEIRA MENDES, In: História em revista, UFPel, volume 09, Dezembro de 2003. Unidade 7 Prof. Arnaldo Martin Szlachta Junior Curso de História do Paraná 15 atravessaria os estados do Paraná , Santa Catarina, até chegar no Rio Grande do sul, essa área seria uma espécie de reserva para os trabalhos da construção da linha férrea. Curitiba N Paraná Santa Catarina Porto Alegre Vacara Florianópolis Palmares do Sul Região do Contestado Estrada de Ferro São Paulo- Rio Grande do Sul Divisão Política atual São Paulo Uruguaiana São Paulo Santa Maria A construção foi realizada pela empresa estadunidense Brazil Railway Company, presidida por Percival Farquhar, que atuava também no ramo de extração de madeira através da empresa Southern Brazil Lumber and Colonization Company, também de sua propriedade. Com a construção da estrada em andamento, vários trabalhadores foram atraídos para a região, mas com a finalização das obras, os trabalhadores migrantes ficaram sem emprego e numa situação muito precária. Apólice de seguro de viagens das ferrovias da Brazil Railaway Company, 1914 Sem contar no grande numero de posseiros que foram expulsos de suas terras já que o governo brasileiro atribuiu à região como devoluta, como se ninguém estivesse na região, o que permitiu a Brazil Railway, tomar todas as terras nas faixas dos 30 quilômetros. Com as terras nas mãos, Farquhar, passa a explorar a madeira através da Southern Brazil Lumber, exportando-a para os Estados Unidos, Assim os pequenos fazendeiros que se sustentavam da extração da madeira foram arruinados pelo domínio de Lumber sobre as florestas da região. O empreendimento da construção da estrada de ferro ligando São Paulo ao Rio Grande do Sul formou o cenário de conflito através de problemas políticos, econômicos e sociais. As empresas de Farquhar na região com contrato com o governo brasileiro gerou a expulsão dos posseiros da região, junto a eles somam o contingente de trabalhadores que ficaram sem emprego após o termino das obras. Outro elemento de extrema importância para entender a gravidade desse conflito foi à questão do messianismo. Nesse momento da nossa história haviam monges que freqüentavam os ambiente promovendo trabalhos sociais e espirituais, é claro que em muito momentos havia uma envolvimento político muito forte, dando um destaque grande desses beatos na região. Suposta foto de José Maria de Santo Agostinho, sem data No ano de 1912, José Maria de Santo Agostinho (mais tarde a polícia descobre que seu nome era falso), aparece na região dizendo que era a ressurreição de outro beato que pregava no local até 1908, seu discurso era baseado na idéia de um grande líder que estava voltando. Ganha fama muito rapidamente como um homem com poder de cura, em meio a todos os acontecimentos começa em suas pregações a se envolver a outras questões que não são religiosas, Prof. Arnaldo Martin Szlachta Junior Curso de História do Paraná 16 inicia uma série de críticas sobre os problemas políticos e econômicos provocados pelas atividades das empresas de Percival Farquhar. A guerra José Maria consegue através de seu discurso unir os pequenos fazendeiros expulsos de suas terras junto com os antigos trabalhadores da Brazil Railway. Formam uma organização organizaram que visava solucionar os problemas ocasionados pelo desemprego e roubo das terras. Esse movimento se organiza baseado no discurso messiânico do monge José Maria, que numa de suas pregações teria dito que essa comunidade que liderava era como um governo independente. O poder de persuasão do Monge passou a incomodar e muito o governo federal, não pelo fato de crescer rapidamente, Mas um dos motivos principais seriam as críticas as atitudes da república, o movimento se declara monarquista e defende a volta de Dom Sebastião ao trono (O Sebastianismo foi um movimento místico-secular que ocorreu em Portugal na segunda metade do século XVI como consequência da morte do rei Dom Sebastião na Batalha de Alcácer-Quibir, em 1578.). Bandeira da "Monarquia Celestial". Branca com uma cruz verde evoca os estandartes das antigas ordens monásticos militares como as dos templários, por exemplo. Nesse mesmo momento tempos a figura dos coronéis locais que estavam incomodados com o surgimento dessas lideranças paralelas. Até a Igreja não enxergavam o messianismo com bons olhos e defendia a intervenção do exército na região. Os ataques dos governos de Santa Catarina e Paraná, juntamente com o presidente Hermas da Fonseca foram acontecendo de forma autoritária e repressiva, era válido tudo para combater os rebeldes. Com grandes dificuldades nos primeiros anos do conflito as forças oficiais a partir de 1914 obtiveram sucessivas vitórias, isso graças aos investimentos que o governo possuía para colocar nos equipamentos bélicos e ao efetivo formado por homens do Exército brasileiro e das polícias dos dois estados. O contestado foi um conflito longo, chegou a 46 meses, superando até Canudos em duração de meses, como também em número de mortes. Sem suprimento de comida, e com baixas freqüentes dos soldados revoltosos, o exercito brasileiro atuava a cada momento mais cruel, uma epidemia de tifo atacou os dois lados, mas os revoltos acabaram caminhando para a derrota final, acontecida em agosto de 1916 com a prisão de Deodato Manuel Ramos, o último líder do Contestado. Movimento Tenentista, a Campanha do Paraná Os Anos 20 são conhecidos na história do Brasil como um período de uma série de levantes militares, gerados pela baixa oficialidade vão manter um clima de tensão até próxima a revolução de 1930 que colocou fim a política do café com leite da republica velha. Contudo o inicio dessa crise se encontra no governo de Epitácio Pessoa iniciado em 1922, Pessoa teria intervindo em questões militares quando havia nomeado alguns civis para altos cargos militares. O movimento tenentista teria se formado a partir do episódio das ―Cartas Falsas‖ em que estava envolvido o ex-presidente da republica Hermes da Fonseca, juntamente com o então candidato a presidência Dr. Artur Bernardes. O levante do Dezoito do Forte é o inicio do tenentismo e a Coluna Miguel Costa-Luis Carlos Prestes é o símbolo da persistência e resistência. A Revolta dos 18 do Forte de Copacabana ocorreu em 5 de julho de 1922, na cidade do Rio de Janeiro, então Distrito Federal.―Os Tenentes‖ ocupam a capital paulista nos dias 05 e 29 de junho de 1924, entretanto se viram cercados mudando sua marcha para o Mato Grosso, sendo barrados em seguida pelas forças Unidade 8 Prof. Arnaldo Martin Szlachta Junior Curso de História do Paraná 17 governistas, decide então marchar em direção a região oeste do Paraná uma região com uma densidade populacional baixa o que facilitaria o deslocamento rápido das forças rebeldes, estava iniciado a Campanha do Paraná. Já no Paraná por volta de setembro conquistam Guairá e Foz do Iguaçu local que servirá como quartel-general em seguida é conquistada Catanduvas. Permanecendo nessa região até meados 1925 enfrentando as forças federais comandadas pelo então general Cândido Rondon numa série de combates. Ainda no início da campanha paranaense, alguns líderes como Juarez Távora e João Alberto partiram para o Rio Grande do Sul, a fim de colaborar com oficiais que lá serviam na preparação da revolta militar que abriria nesse estado uma nova frente de combate ao governo. Em outubro de 1924, a insurreição foi finalmente deflagrada no Rio Grande, com o levante, comandado pelo capitão Luís Carlos Prestes, do 1º Batalhão Ferroviário, sediado em Santo Ângelo. Ao mesmo tempo, sublevaram-se tropas nas cidades gaúchas de São Luís, São Borja e Uruguaiana, chefiadas respectivamente por Pedro Gay, Rui Zubaran e Juarez Távora. Em São Borja, o capitão Zubaran contou com a colaboração de Siqueira Campos, que retornara clandestinamente do exílio em Buenos Aires. O movimento atingiu ainda várias outras cidades. Em Alegrete, o levante foi chefiado por João Alberto e, em Guaçuboi, as forças comandadas pelo caudilho libertador Honório Lemes foram derrotadas pelas tropas legalistas de Flores da Cunha. Obedecendo às instruções do general Isidoro Dias Lopes, as forças rebeladas no Rio Grande do Sul marcharam em seguida para o norte do estado, visando a alcançar Foz do Iguaçu e unir-se aos revoltosos paulistas. Em abril de 1925, após atravessarem Santa Catarina e parte do Paraná, travando com as tropas legalistas seguidos combates em que perderam quase metade de seu contingente, as forças gaúchas chegaram a seu destino. No dia 12 de abril, em reunião que contou com a presença de Isidoro Dias Lopes, Miguel Costa, Luís Carlos Prestes e do general Bernardo Padilha, foi tomada a decisão de prosseguir a marcha e invadir Mato Grosso, contrariando a opinião do general Isidoro, favorável à cessação da luta. Formada a 1ª Divisão Revolucionária, assumiu seu comando o general comissionado Miguel Costa, tendo como chefe de estado-maior o coronel comissionado Luís Carlos Prestes. Estava formada aquela que ficaria conhecida como Coluna Miguel Costa-Prestes ou simplesmente Coluna Prestes. A coluna era composta de quatro destacamentos, comandados por Cordeiro de Farias, João Alberto, Siqueira Campos e Djalma Dutra, que foi promovido a coronel pelo comando revolucionário. Decidiu-se também na reunião que o general Isidoro partiria para a Argentina, onde deveria coordenar a ação dos revolucionários exilados ou inativos no sul do país. Combatentes da Coluna Prestes Iniciando a marcha, a coluna concluiu a travessia do rio Paraná em fins de abril de 1925 e penetrou no Paraguai rumo a Mato Grosso. Em seguida, percorreu Goiás, entrou em Minas Gerais e retornou a Goiás. Seguiu em direção ao Nordeste e em novembro atingiu o Maranhão, onde o tenente-coronel Paulo Krüger foi preso e enviado a São Luís. Em dezembro, penetrou no Piauí e travou em Teresina sério combate com as forças do governo. Rumando então para o Ceará, a coluna teve outra baixa importante: na serra de Ibiapina, Juarez Távora foi capturado. Em janeiro de 1926, a coluna atravessou o Ceará, chegou ao Rio Grande do Norte e, em fevereiro, invadiu a Paraíba, enfrentando na vila de Piancó séria resistência comandada pelo padre Aristides Ferreira da Cruz, líder político local. Após ferrenhos combates, a vila acabou ocupada pelos revolucionários. Fotographia de um grupo do Bte. de P. Bahianos ao chegar em Barreiras, após 11 meses de campanha contra os rebeldes (coluna prestes) através dos Estados de Bahia, Pernambuco, Piauhy e Maranhão. Em 10 de setembro de 1926 -O primeiro à direita é o prof. Coquelin Ayres Leal. Prosseguindo a marcha rumo ao sul, a coluna atravessou Pernambuco e Bahia e dirigiu-se para o norte de Minas Gerais. Encontrando Prof. Arnaldo Martin Szlachta Junior Curso de História do Paraná 18 vigorosa reação legalista e precisando remuniciar- se, o comando da coluna decidiu interromper a marcha para o sul e, em manobra conhecida como "laço húngaro", retornar ao Nordeste através da Bahia. Cruzou o Piauí, alcançou Goiás e finalmente chegou de volta a Mato Grosso em outubro de 1926. Àquela altura, o estado-maior revolucionário decidiu enviar Lourenço Moreira Lima e Djalma Dutra à Argentina, para consultar o general Isidoro Dias Lopes quanto ao futuro da coluna: continuar a luta ou rumar para o exílio. Entre fevereiro e março de 1927, afinal, após uma penosa travessia do Pantanal, parte da coluna, comandada por Siqueira Campos, chegou ao Paraguai, enquanto o restante ingressou na Bolívia, onde encontrou Lourenço Moreira Lima, que retornava da Argentina. Tendo em vista as condições precárias da coluna e as instruções de Isidoro, os revolucionários decidiram exilar-se. Durante sua marcha de quase dois anos, haviam percorrido cerca de 25.000 quilômetros. Miguel Costa seguiu para Libres, na Argentina, enquanto Prestes e mais duzentos homens rumaram para Gaiba, na Bolívia, onde trabalharam por algum tempo para uma companhia inglesa, a Bolívia Concessions Limited. Em 5 de julho de 1927, os exilados inauguraram em Gaiba um monumento em homenagem aos mortos da campanha da coluna. Instadas pelos protestos do governo brasileiro, autoridades bolivianas tentaram destruir o monumento, mas foram impedidas de fazê-lo ante a atitude enérgica de Luís Carlos Prestes. Revolução 1930 Os partidários da Revolução de 1930, que levou Getúlio Vargas à presidência da República, dominaram com facilidade o Paraná. O estado ficou até 1935 sob intervenção federal. Neste ano, realizaram-se eleições. Mas em 1937, Vargas deu um golpe de Estado, iniciando um período de oito anos de ditadura. Durante toda essa época, destacou-se no Paraná a figura de Manuel Ribas, que dirigiu o estado de 1932 até 1935, como interventor, de 1935 até 1937, como governador eleito, e de 1937 até 1945, novamente como interventor. Durante sua administração foram construídas estradas, o Hospital das Crianças, escolas rurais e de pescadores e foi ampliado o cais do porto de Paranaguá. Somente no século XX o território paranaense foi efetivamente ocupado. Na década de 1920, toda a região centralizada pelas cidades de Tomazina, Siqueira Campos e Jacarezinho já estava povoada. Pintura de Manuel Ribas na galeria dos governadores do Paraná. Em 1927, uma companhia inglesa iniciou a colonização do norte paranaense. Fundaram-se cidades, entre as quais, Londrina (1931) e Maringá (1948). Descendentes de imigrantes italianos e alemães do Rio Grande do Sul, a partir da década de 1940, subindo de sul para norte, ultrapassavam o rio Iguaçu, avançando pelo oeste paranaense, ao longo do rio Paraná, até encontrar os plantadores de café, a outra fonte de migração interna que descia do norte para o sul. A Guerra de Porecatu A guerra de Porecatu foi um conflito entre posseiros e policiais do Estado que se deu nacidade de Porecatu — Paraná nos anos 1940. Apesar de não ter sido efetivamente uma guerra, segundo convenções internacionais, este conflito foi difundido na mídia com a alcunha de guerra devido a intensidade do confronto. Na época vários posseiros ocupavam as terras do município, então o governo resolveu fazer uma distribuição de terras se utilizando de meios lícitos e ilícitos, os posseiros não aceitaram perder as terras ocupadas e resistiram aos mandatos de reintegração de posse expedidos pelo governo federal, forças policiais foram convocadas para expulsar os invasores, houve resistência e conflitos que deixaram vários mortos, a situação piorou muito e regimentos maiores da polícia foram mandados para combater e expulsar os posseiros, do lado destes ficaram os comunistas que contribuiram materialmente na luta. Entretanto os invasores foram derrotados deixando um saldo enorme de destruição e mortes.No início da década de 40, o então interventor do Paraná, Manoel Ribas, mandou lotear 120 mil hectares de terras devolutas, pertencentes, na época, a Porecatu, hoje Unidade 9 Prof. Arnaldo Martin Szlachta Junior Curso de História do Paraná 19 espalhadas pelos municípios de Centenário do Sul, Miraselva, Florestópolis, Jaguapitã e Guaraci. O objetivo era o desenvolvimento mais acelerado da região. Para tanto, fez publicar em órgãos de divulgação nacional anúncio de terras gratuitas, de primeira qualidade, para quem derrubasse a mata, plantasse, produzisse, pagasse impostos e nelas vivesse, no mínimo, por seis anos; após o que, o outorgado receberia o título definitivo da propriedade. Diante do anúncio, não foram poucos os pequenos lavradores que acreditaram e vieram para a área, como não faltaram especuladores de todos os níveis. Ocupantes das terras devolutas da região de Porecatu, 1949 Sabedores da existência das terras de ninguém, grandes proprietários avançaram sobre elas de forma desordenada, o mesmo acontecendo com inúmeros pequenos lavradores. Nem tudo, porém, eram terras devolutas. Havia muitas propriedades particulares, devidamente, escrituradas. Na extensão da mata virgem que cobria a região, tornava-se impossível distinguir estas terras das terras devolutas de que o governo falava. Como conseqüência, o local transformou-se num caos. Com o fim da interventoria de Manoel Ribas e a entrada do governo seguinte, a confusão cresceu, com as autoridades fazendo doações de forma indiscriminada daquelas áreas a apaziguados políticos e a amigos, desrespeitando os compromissos do governo anterior de titulação das terras a quem nelas estivesse trabalhando e produzindo, por mais de seis anos. Na terra sem leis – o sertão – tornaram-se constantes os assassinatos, as brigas, as escaramuças e as ameaças. Este ambiente de confusão é que foi escolhido pelos próceres do Partido Comunista para testar suas teorias de guerrilha rural, através das chamadas ligas camponesas, objetivando assumir por aí o poder da Nação. Teorias estas sintetizadas, a posteriori, no Manifesto Comunista de 1º de agosto de 1950, assinado pelo Secretário Geral do Partido, Luiz Carlos Prestes. Dentre os inúmeros e lamentáveis fatos ocorridos no local, quando dos possíveis acertos na disputa de quem era o dono de que. O conflito só se encerrou em 1951, com a intervenção policial do Estado. A disputa que se arrastou, durante quase dois lustros, travou-se entre posseiros que defendiam direitos legítimos; grileiros, grandes e pequenos, que não passavam de invasores de terras dos posseiros, ainda não tituladas, ou de particulares; e fazendeiros que defendiam as próprias terras e, com freqüência, alargavam suas divisas por terras alheias protegidas pela força dos jagunços, durante a noite, ou pela conivência de autoridades desinteressadas, imponentes ou corruptas, à luz do dia. Ocupação e Colonização dos Ingleses no Paraná A partir de então, um programa oficial de imigração européia contribuiu para a expansão do povoamento e o aparecimento de novas atividades econômicas. As maiores levas de imigrantes que chegaram foram os poloneses, ucranianos, alemães e italianos e, os menores contingentes, suíços, franceses e ingleses. Para receber os novos habitantes para a região, foram fundados núcleos coloniais, principalmente no Planalto de Curitiba. Iniciou-se a exploração da madeira. Cartilha do Programa de Tipografia, organizado pela faculdade de engenharia do Paraná. O novo impulso de desenvolvimento ocorreu com a implantação de ferrovias na Província. Em 1880, iniciavam-se as obras de Unidade 10 Prof. Arnaldo Martin Szlachta Junior Curso de História do Paraná 20 construção da Estrada de Ferro Curitiba-Paranaguá, atravessando um dos trechos mais íngremes da Serra do Mar. Entre picos abruptos e abismos, engenheiros brasileiros construíram uma das obras- primas da engenharia mundial. Em 1885, os trens passaram a correr pela primeira vez entre Paranaguá e Curitiba. A indústria madeireira desenvolveu-se com o aparecimento de outras ferrovias, ligando as regiões das Mata de Araucárias aos portos, principalmente de Paranaguá, e à São Paulo. Grande número de serrarias ia acompanhando as ferrovias em direção ao interior do Estado. Com o avanço das estradas de ferro que acompanhavam a expansão do café de São Paulo, o transporte com mulas foi desaparecendo. O declínio do comércio de muares acarretou uma crise na sociedade pastoril paranaense. A partir de 1922, o governo estadual começa a conceder terras a empresas privadas de colonização, preferindo usar seus recursos na construção de escolas e estradas. Naquele ano, atendendo a um convite do governo brasileiro - que sabia do interesse dos ingleses em abrir áreas para o cultivo de algodão no exterior - chega a Missão Montagu, chefiada por Lord Lovat, técnico em agricultura e reflorestamento. Lord Lovat ficou impressionado com o solo norte-paranaense e acabou adquirindo duas glebas para instalar fazendas e máquinas de beneficiamento de algodão, com o apoio de "Brazil Plantations Syndicate", de Londres. O empreendimento fracassou, devido aos preços baixos e à falta de sementes sadias no mercado, obrigando a uma mudança nos planos. Foi criada, assim, em Londres, a Paraná Plantations e sua subsidiária brasileira, a Companhia de Terras Norte do Paraná, que transformaria as propriedades do empreendimento frustrado em projetoimobiliários. Na verdade, era uma tentativa de ressarcir o grupo inglês do prejuízo do projeto anterior. Sede Parana Plantation Ltd em Londrina, denominado Companhia de terras Norte do Paraná. Já de início, a Companhia concedeu todos os títulos de propriedade da terra, medida inusitada para as condições da região e mesmo do Brasil. Por isso, os conflitos entre colonos antigos e os recém-chegados praticamente não existiram na zona colonizada pelos ingleses. Porém, a grande novidade introduzida pela Companhia e que lhe valeria o "slogan" de "a mais notável obra da colonização que o Brasil já viu" foi a repartição dos terrenos em lotes relativamente pequenos. Os ingleses promoveram, desta forma, uma verdadeira reforma agrária, sem intervenção do Estado, no Norte do Paraná, oferecendo aos trabalhadores sem posses a oportunidade de adquirirem os pequenos lotes, já que as modalidades de pagamento eram adequadas às condições de cada comprador. Produção familiar muito presente nas propriedades do norte do Paraná. A Companhia explicitaria a sua política: "Favorecer e dar apoio aos pequenos fazendeiros,sem por isso deixar de levar em consideração aqueles que dispunham de maiores recursos". Este sistema estimulou muito a concentração da produção - principalmente cafeeira -, a explosão demográfica, a expansão de núcleos urbanos e o aparecimento de classes médias rurais. O projeto de colonização, além disto, trouxe outras inovações, como a propaganda em larga escala, transporte gratuito para os colonos, posse das terras em quatro anos, alguma assistência técnica e financeira, levantamento de toda a área e até o mapeamento do solo em algumas zonas. Londrina surgiu em 1929 como primeiro posto avançado deste projeto inglês. Na tarde do dia 21 de agosto de 1929, chega a primeira expedição da Companhia de Terras Norte do Paraná ao local denominado Patrimônio Três Bocas, onde o engenheiro Dr. Alexandre Razgulaeff fincou o primeiro marco nas terras onde surgiria Londrina. A Companhia possuía ainda um braço que era um empreendimento Ferroviário, denominado Cia ferroviaária São Paulo-Paraná, começa a espalhar a colonização do norte do estado. A partir da compra da linha férrea que ligava Ourinhos ao Prof. Arnaldo Martin Szlachta Junior Curso de História do Paraná 21 centro da Parana Plantations, com posto em Londrina, a ferrovia fez com que os assentamentos urbanos surgissem alinhados ao longo dos trilhos. Pioneiros e imigrantes ocuparam as terras em torno do trilho. Logo da Rede Viação Paraná e Santa Catarina, Presente na antiga estação de Londrina, hoje o atual Museu Histórico Pe. Carlos Weiss em Londrina-PR. A linha férrea foi a norteadora de praticamente todo o empreendimento da Parana Plantation. Na época, a ferrovia ligava municípios próximos de Londrina até Mandaguari, as cidades não foram ―plantadas‖ aleatoriamente, mas seguiam uma configuração. Em toda cidade existia uma estação ferroviária onde a cidade crescia em volta do terminal. E em torno de cada município existiam as áreas verdes com as plantações agrícolas, principalmente as de café. Foto da década de 1930 da Estação ferroviário de Jataizinho. Foto de 2001 do prédio desativado e abandonado da antiga estação ferroviária. As novas cidades seguiram o padrão urbano britânico: uma estação ferroviária como ponto de origem da cidade; igreja, escola e prefeitura na área central; e cemitério afastado do Centro. Todas as cidades ‗plantadas‘ pela companhia tinham a mesma identidade. Além da estrutura padronizada, os municípios eram rodeados pelas plantações, como uma espécie de ―cinturão verde‖, Além de Londrina, temos as cidades Apucarana, Cambé, Rolândia, Arapongas como exemplo da padronização. Fundada por Lovat, a companhia britânica Parana Plantation Ltd., com sede em Londres, foi responsável pelas grandes transformações territoriais empreendidas na porção superiror do estado. A empresa atuou no Paraná entre os anos de 1924 e 1944, quando foi liquidada e vendida a Companhia Melhoramentos Norte do Paraná. O Paraná dos últimos tempos Ney Braga: Em 1961 elege-se governador do Estado do Paraná e governará entre 1961 a 1965, agora já como uma das maiores lideranças políticas nacionais, do Partido Democrata Cristão. Em 1963 atinge o posto de general do Exército. De 1961 a 1964 Ney Braga transforma o Estado do Paraná numa economia moderna. O estado viverá seu momento de maior prosperidade e de criação da infra-estrutura econômica que o caracterizará nos trinta anos seguintes. Ney Braga foi o responsável pela criação do Plano de Desenvolvimento Econômico do Paraná, projeto ousado de industrialização baseando em financiamento com recursos próprios do Estado.Criou empresas como Sanepar, Celepar que funcionariam como instrumentos de apoio ao gigantesco projeto de modernização, fortaleceu a Companhia a Copel; reestruturou o Banestado. No de 1967 foi eleito senador do Paraná pela ARENA. Esse é um período crítico na vida política brasileira. Em 1968, Ney faz parte de um grupo de senadores da ARENA que se manifesta publicamente contra o Ato Institucional n. 5 mesmo sendo militar, Ney era convicto democrata, e, por sua oposição ao AI-5, foi inclusive ameaçado de cassação, permanecendo no ostracismo político durante o governo de Emílio Unidade 11 Prof. Arnaldo Martin Szlachta Junior Curso de História do Paraná 22 Médici. Será senador até 1974, quando assumirá o Ministério da Educação do Governo Ernesto Geisel, voltou ao governo do Paraná em 1979 para um novo período de operosa administração voltada para o aumento da renda per capita do paranaense e para o desenvolvimento social do Estado. Sua segunda gestão dedicou particular atenção à interiorização do apoio à produção, a melhorias do setor de transportes. Ainda no segundo governo Ney Braga, a Copel idealizou um programa de eletrificação rural com custos razoavelmente baixos para os proprietários rurais. Batizado de Clic Rural, o programa foi financiado pelo Banco Mundial e implantado pelos governos que o sucederam. Paulo Pimentel, foi secretário da agricultura no governo de Ney Braga. Candidato a governador pelo Partido Trabalhista Nacional foi eleito em outubro de 1965. Na administração continuou com programas de expansão econômica, estendeu para o interior o serviço de luz e energia. Diversas usinas elétricas entre elas Capivari-Cachoeira, Júlio Mesquita e Salto Grande do Iguaçu. Promoveu financiamentos de empresas da indústria e outras companhias, ampliou a rede do Banestado. A saúde pública foi um dos setores que teve uma boa atenção. Fez assentamentos rurais em termos pacíficos. Estimulou o desfavelamento e bons projetos de assistência social, obras públicas, agricultura, rodovias novas e pavimentação de muitas outras. Implantou a Telepar.Foi eleito deputado federal, tendo participado da Assembleia Nacional Constituinte, de 1987. José Richa: Em 1962, elegeu-se deputado federal e, após o golpe militar de 1964, filiou-se ao MDB, tendo sido um de seus fundadores. Foi reeleito em 1966. Dois anos depois, foi eleito prefeito de Londrina, ficando no cargo entre 1973 e 1977. Em 1978, elegeu-se senador. Nas eleições de 1982, Richa foi eleito governador do Paraná. No mandato, desenvolveu uma série projetos sociais como o leite das crianças, e o uso da soja comprada pelo estado para beneficiamento em Carne Vegetal distribuída as famílias de baixa renda, engajando-se também na campanha das eleições Diretas Já para a Presidência da República. Fui um dos principais críticos a ações da ditadura e dos projetos da ARENA defendia a abertura democrática nas andanças e comícios pelo estado, foi um dos responsáveis em popularizar o adesivo e broche no peito no Paraná como sinal de amor. Em 1986, afastou-se do governo paranaense para candidatar-se a uma vaga no Senado Federal. Em 1990, concorreu ao governo do Paraná, ficando em 3º lugar. Richa cumpriu mandato no Senado até 1995. Álvaro Dias: foi Eleito governador do estado do Paraná em 1986, disputou também em 1989 a indicação do candidato do PMDB à presidência da República com Ulysses Guimarães, Waldyr Pires e Íris Rezende. Logo depois deixou o partido e filiou-se ao PST. Em 1998, já pelo PSDB, é novamente eleito para o Senado. Em seu governo inicia uma série de reformas e atualizações das vias do Paraná, é um dos primeiros governadores do estado que segue uma tendência surgida no Brasil no fim da década de 1980 de estampar uma marca ao seu governo. Placa de cimento de propaganda com a logo marca do governo de Álvaro Dias que mistura a letra
Compartilhar