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GESTÃO DE PROJETOS DE MUDANÇA AULA 4 Profª Erika Gisele Lotz 2 CONVERSA INICIAL Seja bem-vindo à aula que tratará da mudança na esfera organizacional. Vamos olhar para as forças presentes no ambiente externo da organização e o modo pelo qual elas impactam nas mudanças do ambiente interno. Para tanto, você irá conhecer os stakeholders e as áreas da organização impactadas por eles; aprenderá sobre a cultura organizacional e a importância dela como geradora de mudanças; diferenciará cultura de clima organizacional e aprenderá sobre o estágio de prontidão a mudanças e de que modo os gestores podem utilizar essas informações para empreender o processo de mudança organizacional. CONTEXTUALIZANDO Será que o sucesso do passado assegura bons resultados no futuro? Quais os elementos do ambiente interno são passíveis de mudança? Qual é o papel da cultura organizacional no processo de mudança? A cultura organizacional pode favorecer a mudança ou ser um fator de resistência a elas? E o clima organizacional, pode sinalizar que existe o imperativo de mudança no ambiente de trabalho? É possível utilizar as mudanças de modo a fomentar a aprendizagem organizacional que promova a inovação e competitividade? Essas são algumas reflexões com as quais você tomará contato ao longo do estudo desta aula. Por que as organizações mudam? Elas o fazem para ganhar ou para não perder. Simples assim. Ganhar ou não perder em produtividade, ganhar ou não perder em imagem, ganhar ou não perder em penetração e participação de mercado, ganhar ou não perder em relações interpessoais; ganhar ou não perder rentabilidade. E tal relação de ganhos e perdas que envolvem o que mudar, como mudar, quando mudar, por que mudar perpassa pela identificação das forças que impulsionam as mudanças, entre as quais destacamos as forças do ambiente externo (política, economia, demografia, legislação, entre outros) e o reflexo dessas no ambiente interno da organização, estrutura, tecnologia, das políticas internas, dos processos e das pessoas. 3 Outro aspecto a considerar é a habilidade de gestores para estimular, engajar e manter comprometidos os colaboradores no processo de mudança. O resultado da mudança está diretamente ligado às habilidades comportamentais do gestor e também do estágio de prontidão a mudanças nos quais se encontram os colaboradores. Portanto, identificar qual o estágio, ou seja, nível de motivação a mudanças, permite identificar estratégias para sensibilizar, estimular e engajar as pessoas no processo. PESQUISE A inovação tecnológica promove mudanças em processos, produtos e serviços, extirpando do mercado as organizações que não as acompanhe. Pesquise sobre empresas e produtos que ficaram de fora ou para trás na corrida pela competitividade. Comece sua investigação visitando os sites a seguir. <https://www.tecmundo.com.br/empresas-e-instituicoes/56240-perdidas- tempo-10-grandes-empresas-estiveram-no-topo.htm> <https://conteudo.startse.com.br/mundo/felipe/7-empresas-gigantes-que- morreram-nos-ultimos-anos-por-nao-inovar/> TEMA 1 – POR QUE AS ORGANIZAÇÕES MUDAM? Por que as organizações mudam? Será que o êxito, os feitos e os sucessos do passado asseguram êxitos, feitos e sucesso no futuro? Se você respondeu “não”, acertou! Tudo muda o tempo todo e tudo está em constante transformação. E as organizações não são exceções à regra. Não há como dormir em berço esplêndido embalado pelos êxitos do passado e acreditar que serão sempre majestades e que terão assegurados mercados, rentabilidade e sustentabilidade. Mudanças em tecnologias, mercados (globalização), estratégias de comercialização de produtos e serviços (virtuais), processos produtivos (cada vez mais enxutos e otimizados), estrutura organizacional (cada vez mais enxutas) e modelos de gestão (antes bastava apenas maximizar lucros, hoje a responsabilidade social e ambiental são imperativos de uma gestão eficaz) são apenas alguns exemplos de mudanças que assolam as organizações hoje. O quadro a seguir apresenta um texto que corre nas redes sociais e ilustra o 4 quanto empresas e segmentos ficaram rapidamente comprometidos e obsoletos em virtude de mudanças tecnológicas, culturais e sociais. O Mp3 faliu as gravadoras; O Netflix faliu as locadoras; O Booking comprometeu as operações das agências de turismo; O Google faliu a Listel, páginas amarelas e as enciclopédias; O Airbnb está impactando diretamente as operações dos hotéis; O Whatsapp está comprometendo as operadoras de telefonia; As mídias sociais estão complicando os veículos de comunicação; O Uber está impactando diretamente nas operações dos taxistas; A OLX acabou com os classificados de jornal; O celular condenou ao declínio as revelações fotográficas com as câmeras amadoras. (Autor desconhecido) As mudanças no século XX foram maiores e mais aceleradas do que as que ocorreram em todo o período da história. E isso promove um grande desafio às organizações: ...não há mais tempo entre a ideia e a sua prática: o tempo é real, instantâneo – há que se pensar e realizar, sob o risco de a ideia ser ultrapassada em seu lançamento. O acerto tem que ser imediato, o custo é alto, a concorrência é esperta, ágil e feroz. Para sobreviver tem que mudar. É fácil entender a mudança depois que ela aconteceu, mas aí já é passado, não há mais o que fazer. É preciso antever,antecipar liderar as mudanças. Há que se perceber as mudanças enquanto elas ocorrem e no mínimo acompanhá-las. (Simoes, 2005, p. 18) Mas o que impulsiona mudanças organizacionais? O primeiro passo para esclarecer essa questão é compreender que as organizações são sistemas abertos, o que significa que elas são impactadas e impactam diretamente pelo ambiente externo em um processo infinito e cada vez mais acelerado de intercâmbio. As mudanças organizacionais são deflagradas, sobretudo, pelas forças presentes no ambiente externo. São elas que, em grande medida, impactam o ambiente interno. Observe a figura a seguir. Figura 1 – Sistemas abertos 5 O ambiente externo é composto por “elementos que, atuando fora de uma organização, são relevantes para suas operações; incluem elementos de ação direta e de ação indireta”, explicam Stoner e Freeman (1985, p. 46). O ambiente externo pode ser dividido em dois substratos: o ambiente operacional e o ambiente contextual. O ambiente operacional é diretamente relevante para o alcance dos objetivos da organização. Nele estão os grupos que influenciam diretamente as atividades de uma organização, denominados stakeholders, que se dividem em externos e internos. Os stakeholders externos são grupos de indivíduos do ambiente externo que afetam diretamente as atividades da organização. São eles: o governo, os grupos de interesses especiais, os clientes, os concorrentes, os fornecedores, as instituições financeiras, a mídia e os sindicatos de trabalhadores. Os stakeholders internos, ou seja, de dentro da organização, são os acionistas e colaboradores (Stoner; Freman, 1885). O ambiente contextual engloba todos os fatores que existem fora dos limites da organização, mas que independem da ação dela, tais como: fatores políticos, sociais, econômicos, políticos e tecnológicos legais, que criam cenários sobre os quais as organizações precisam antecipar tendências e agir ou reagir. Você sabia que as variáveis sociais são constituídas por três categorias: a demografia, o estilo de vida e os valores sociais?As mudanças demográficas são facilmente identificadas por meio da composição da população, estrutura etária, emprego, status educacional, renda, entre outros. Observe que o envelhecimento da população brasileira. Este impacta nos hábitos de consumo, na oferta da mão de obra (a força de trabalho está envelhecendo), molda mercados para novos produtos e serviços, apresenta novas configurações de família, gera questões sociais que afetam diretamente as organizações. O estilo de vida é expresso por meio de comportamentos, hábitos, padrões de consumo, valores, entre outros. Tomemos, por exemplo, que há algumas décadas não tínhamos a participação massiva das mulheres no mercado de trabalho nem o acesso facilitado à educação de camadas 6 economicamente menos favorecidas da população. Esses aspetos impactam diretamente em consumo, moradia, lazer, relações sociais, entre outros. Os valores sociais, o conjunto de aspectos importantes para um grupo, comunidade ou país, abrangem costumes, tradições, heranças, atitudes sociais. Por exemplo, hoje, com o nível de informação que detemos, é inadmissível qualquer forma de discriminação por gênero, raça, religião, escolha afetiva... As variáveis econômicas envolvem todo o ambiente econômico, dado que as empresas fazem uso de recursos para produzir bens e serviços, e toda essa transação ocorre no ambiente econômico geral que afeta cada fator de produção. Ao tomar decisões, as organizações devem estar atentas aos aspectos da econômica, por exemplo, inflação, desemprego, taxa de juros, câmbio e ambiente político. As variáveis políticas são de suma importância, dado que as organizações operam em ambientes regulamentados por leis municipais, estaduais e federais. Influências ideológicas, corporativas, novas tendências de comportamento social e tecnologias interferem no ambiente político e reconfiguram o mercado, trazendo ameaças e oportunidades. As variáveis tecnológicas, de acordo com Charnov (2003), produzem efeito importante nos negócios, pois as mudanças nesse ambiente são rapidamente sentidas pelas empresas e impactam fortemente a inovação. Imagine uma empresa altamente comprometida com um tipo de tecnologia, que realizou elevados investimentos em máquinas, equipamentos e treinamento dos colaboradores. De repente surge uma nova tecnologia muito mais inovadora e mais barata. Isso coloca em cheque toda a sustentabilidade e rentabilidade da operação da organização. O fato é que as empresas que não conseguem se ajustar às mudanças tecnológicas estão condenadas. Portanto, as empresas “que conseguem e manter fortes são aquelas que têm a capacidade de acompanhar pari passu as mudanças constantes do ambiente”, enfatizam Lacombe e Heilborn (2003, p. 419). É fundamental que as organizações considerem esses ambientes e, especialmente, as mudanças que neles ocorrem. Pois, ao planejar o futuro da organização, elas devem considerar as diferenças culturais, bem como a ética de trabalho dos funcionários, e a pesquisa possibilita aos gestores que antecipem a mudança social em vez de apenas reagir a ela (Charnov, 2003). 7 “O novo contexto competitivo faz com que as empresas tenham que se adaptar rapidamente às mudanças do ambiente, o que diminui cada vez mais a distância entre planejamento e execução”, explica Andion (2002, p. 42). O desafio enfrentado pelas organizações é, sobretudo de identificar as mudanças, interpretá-las, planejar e agir de modo a assegurar a rentabilidade, a competitividade e a sustentabilidade. Curiosidade “Evolução da tecnologia”, disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=eJTQGym1Hl4>. Acesso em: 17 jul. 2017. TEMA 2 – MUDANÇAS NO AMBIENTE INTERNO: PARA ONDE OLHAR? O ambiente interno é composto pelos elementos internos da organização, a exemplo da estrutura organizacional, os processos, as tecnologias, as políticas e as pessoas. 2.1 Estrutura Estrutura organizacional é a definição dos órgãos, dos seus nomes, dos seus níveis, das suas chefias e suas respectivas atribuições; das relações formais entre eles; das autoridades e responsabilidades de cada um e da forma como se coordenam e comunicam as pessoas na organização. (Lacombe, 2004, p. 141) Ela é representada pelo organograma. A estrutura organizacional pode sofrer mudanças em virtude de diversos fatores, entre os quais destacamos: as mudanças tecnológicas, o comportamento do consumidor, as novas oportunidades de negócios e o cenário político econômico. As mudanças tecnológicas podem refletir na redução ou aumento do número de colaboradores. Quando isso ocorre, a estrutura organizacional passa por um rearranjo ou então redesenho, tendo em vista a extinção ou o aumento de setores. O comportamento do consumidor, sobretudo na significativa elevação das compras pela internet, pressiona criar setores para atender a demandas do comércio eletrônico e as demandas online. A globalização e internacionalização dos negócios geram oportunidades de atuação em mercados internacionais, requerendo áreas para dar suporte a essas operações. Períodos de crise ou instabilidade econômica e política 8 podem levar as empresas ao downsizing, “redução planejada do número de empregados e de níveis hierárquicos com o objetivo de diminuir os custos e aumentar a flexibilidade e adaptabilidade da organização”, explica Lacombe (2004, p. 117). Em síntese, toda a produtividade é afetada de maneira vital pela estrutura de organização e pelo equilíbrio entre as diversas atividades. A estrutura organizacional por si só não produz desempenho, mas a ausência dela leva a uma organização deficiente, o que dificulta sensivelmente seu desempenho e a performance, mesmo que exista excelência de cada gestor individualmente (Drucker citado por Lacombe; Heilborn, 2003, p. 339). 2.2 Processos Processo é a “ordenação das atividades de trabalho no tempo e no espaço, com começo, meio e fim e inputs (entradas) e outputs (saídas) claramente identificados e quase sempre atravessando as unidades organizacionais” (Lacombe, 2004, p. 254). Os processos são conjuntos de atividades realizadas em sequência lógica, de modo a gerar resultados. Os processos podem ser registrados em fluxogramas, ou descritos passo a passo em documentos de procedimentos operacionais ou manuais de procedimentos ou ainda em protocolos, dependendo do ramo de atividade. Imagine que uma empresa tenha optado por descontinuar a participação em mercado externo ou por descontinuar a prestação de um serviço ou a oferta de um produto. Por consequência dessas decisões, os processos relativos a tais atividades serão descontinuados. E a extinção desses processos provoca diversas mudanças. O efeito dessa descontinuidade pode impactar nas pessoas que neles atuavam. A empresa se verá às voltas de realocar aquele pessoal, ou treinar para que desenvolvam outras atividades ou, ainda, caso a empresa não consiga absorvê-los em outras áreas, terá de desligá-los da organização. Acompanhando o raciocínio, imagine que 90% das vendas ocorram em lojas físicas e 10%, em comércio virtual. Com a crescente popularização de ferramentas de pagamentos seguros (que elevam o nível de confiança em transações virtuais e o exíguo tempo de que dispõem para dedicar a compra de determinados produtos), os consumidores passem a aderir às compras virtuais. 9 Essa empresa passa a ter processos em relação a vendas virtuais, que incluem todo o processo de distribuição, logística, segurança, entre outros. Em outras palavras, a venda exigiu mudanças nos processos. Outra situaçãoemblemática que influencia na mudança de processos é aquela gerada por fatores econômicos e políticos. Imagine uma empresa que importa grande parte das matérias-primas que utiliza para fazer os produtos. Agora imagine que ocorra uma mudança na política cambial e, em decorrência da alta do dólar, elevando o custo de produção e tornando o produto final pouco atraente ao mercado consumidor. Tal situação também demandará mudanças nos processos, dado que a área de compras irá buscar fornecedores internos, nacionais, de modo a substituir matéria-prima e/ou componentes importados por nacionais. Observe que existe aí uma mudança de processo, pois, em vez de comprar do mercado internacional com todos os processos alfandegários, passará a desenvolver fornecedores no mercado nacional. Portanto, alteram-se as políticas, alteram-se também os processos, de modo a atender à nova operação. O contrário também é verdadeiro, pois, quando o mercado internacional se torna atraente em virtude do preço do dólar, as empresas que passarem a trazer matérias-primas e mercadorias deverão criar processos de modo a atender a requisitos estabelecidos pela legislação de comércio internacional. 2.3 Tecnologia Tecnologia é a aplicação sistemática do conhecimento científico ao processo produtivo e inclui todo o conjunto de conhecimentos, técnicas, métodos, produtos equipamentos e materiais que podem ser usados de forma combinada tendo por finalidade a satisfação das necessidades humanas , pela transformação de insumos em produtos e serviços. (Lacombe, 2004 p. 298) As mudanças das tecnologias nas organizações podem ser observadas sob dois prismas fundamentalmente: aqueles voltados para processos produtivos e os voltados para os sistemas de informações gerenciais, que remetem aos sistemas de inteligência informacional. E o importante disso tudo é que as organizações se mantenham dispostas a mudar a tecnologia e estar muito atentas ao ambiente externo de modo a aproveitar as oportunidades e, assim, reduzirem as ameaças. 10 Há uma evolução tecnológica, e novos equipamentos estão sendo desenvolvidos a passos largos e adquiridos por concorrentes de modo que estes estão produzindo mais com menos. Estão elevando a produção, aumentando a participação de mercado e colocando em risco a outra organização. Outro ponto a destacar é a tecnologia da informação, que teve um crescimento fantástico com a união dos eficientes e eficazes sistemas de telecomunicações e a transmissão de dados feita por eles. Essa evolução/ inovação continua com os diversos sistemas de gestão integrados, que também evoluem em diversos tipos de sistemas, que também são escolhidos pelas organizações em função de suas necessidades. Para exemplificar, ainda hoje existem organizações que operam com sistemas desatualizados em relação ao que existe no mercado ou desatualizados em relação à concorrência. Essa situação obviamente exigirá mais cedo ou mais tarde a troca do sistema de gestão integrado para uma nova realidade – pressionando para que a empresa, em alguns casos, mude os softwares de gestão e, em outros casos, tenha que mudar até mesmo o hardware, base tecnológica física. Tal mudança trará consigo toda a necessidade de aporte de recursos, dado que isso requer investimentos, treinamento em novos sistemas, divulgação aos clientes sobre os novos sistemas. 2.4 Políticas Políticas são um conjunto de declarações escritas a respeito de intenções da instituição em relação a determinado assunto. As políticas indicam o conjunto sistemático de meios e a forma desejados para atingir os objetivos principais. Proporcionam as linhas mestras para orientar tanto as decisões mais importantes quanto a formulação de objetivos setoriais e as normas. As políticas por vezes podem também ser chamadas de diretrizes. (Lacombe, 2004, p. 245) As empresas adotam diferentes políticas, tais como políticas socioambientais, políticas de gestão de pessoas, entre outras. Com a crescente exigência de legislações voltadas às questões socioambientais, assim como os reclames e a vigilância social, as empresas buscam atuar com responsabilidade social, princípio segundo o qual as 11 empresas devem não apenas primar por lucratividade, mas contribuir para o bem-estar da sociedade. Assim sendo, articulam políticas de modo a patrocinar mudanças no ramo de atividade em que atuam para que suas operações gerem empregos, fortaleçam valores e aspectos sociais e culturais e preservem o meio ambiente natural. Passam assim a ofertar produtos e serviços ecológica e socialmente sustentáveis. Buscam parcerias com fornecedores responsáveis ambiental e socialmente. Os consumidores estão se conscientizando dos aspectos éticos das suas compras e de toda a cadeia produtiva que envolve a produção de bens e serviços. As empresas podem adotar também diferentes políticas diversas voltadas a gestão de pessoas, a exemplo de políticas de cargos, carreira e salários; qualidade de vida no trabalho; de incentivo à qualificação, entre outras. 2.5 Pessoas Quando pensamos nas mudanças das pessoas, entendemos todo o esforço no sentido de qualificar, capacitar, desenvolver e aprimorar a atuação das pessoas nas organizações. Com a mudança do comportamento do consumidor, tecnologia, produtos e serviços, mercados é fundamental que a empresa atente para treinamentos preventivos voltados a novos processos e a treinamentos que permitam elevar o patamar de entrega das pessoas, assim como a qualidade das suas relações de trabalho. Curiosidade Conheça o incrível centro de distribuição robotizado da Amazon e observe a influência da tecnologia, dos processos e das pessoas. Acesse o site: <https://www.youtube.com/watch?v=DbabXjEhDBs>. TEMA 3 – CULTURA ORGANIZACIONAL E AS MUDANÇAS ORGANIZACIONAIS A cultura organizacional é determinante no que tange a diversos aspectos da mudança organizacional. Não raras vezes, para que exista uma 12 mudança realmente significativa na organização, há que se mudar a cultura, pois esta pode ser uma força impulsionadora para mudanças ou uma poderosa força restritiva. Existem diversas definições para cultura organizacional, entre as quais destacamos a seguinte: conjunto de crenças, costumes, sistemas de valores, normas de comportamento e formas de fazer negócios, que são peculiares a cada empresa, que definem um padrão geral para as atividades, decisões e ações da empresa e descrevem os padrões explícitos e implícitos de comportamento e as emoções que caracterizam a vida na organização. (Lacombe, 2011, p. 275). A cultura organizacional é composta por elementos tangíveis e elementos intangíveis, a saber: 1. Elementos tangíveis: são aspectos formais e, portanto, visíveis aos membros da organização e expressos em estrutura organizacional, aspectos da estrutura física, tecnologias, políticas, praticas operacionais, medidas de produtividade, entre outros. 2. Elementos intangíveis: são aspectos informais e subjetivos que exercem forte influência no comportamento dos membros da organização. São expressos por percepções, sentimentos, expectativas, crenças, valores, padrões de influência e poder, normas do grupo, padrões de integração informais, relações afetivas, entre outros. O interessante é que, para Schein (1992), a cultura organizacional é alicerçada em três níveis: as assunções básicas; as normas e valores e os artefatos, comportamentos e produtos. Observe o quadro a seguir. Quadro 1 – Níveis da cultura organizacional segundo o Modelo de Schein Nível Elementos Assunçõesbásicas São as crenças e os valores, elementos com raízes muito profundas na mente e na programação dos indivíduos; são em grande parte inconsciente, e compõem a essência da cultura. Normas e valores São as hierarquias de valores na cultura e seus códigos de conduta. São expressos por meio de filosofias oficiais da cultura e de declarações públicas da identidade do grupo. Artefatos, comportamentos e produtos São os elementos observáveis da cultura, composto pelos artefatos visíveis a exemplo das cores da logo da empresa, o dresscode adotado pelos membros da organização, a linguagem, rituais, comemorações, entre outros. Fonte: Adaptado de Schein (1992). Para compreender a amplitude e a influência, sobretudo, das assunções básicas e das normas e dos valores, o autor nos brinda com uma interessante 13 analogia entre a cultura organizacional e o iceberg, um bloco de gelo no qual apenas a menor parte fica visível na superfície e a maior parte está submersa na água. Figura 2 – O iceberg da cultura organizacional . Perceba o quanto a cultura organizacional é fortemente constituída pelos aspectos intangíveis. O que de fato aparece é objetivo; tangível é apenas uma pequena parte do que de fato é a cultura de uma organização. De acordo com Schein (1992, p. 8-10), as seguintes categorias estão associadas à cultura: 1. Comportamentos regulares observáveis quando os sujeitos interagem: a linguagem que usam, costumes e tradições que os envolvem, rituais que podem ser empregues numa variedade de situações; 2. Normas dos grupos: que se encontram implícitos nos comportamentos estandardizados, nos valores que envolvem o trabalho dos grupos; 3. Exposição de valores: a exposição pública de princípios e valores que os grupos defendem como autênticos e de sua pertença; 4. Filosofia formal: princípios e ideologias que acompanham as ações dos diversos grupos da organização; 5. Regras do jogo: as regras implícitas que orientam a organização, as quais os novos membros terão que aceitar para se tornarem membros dessa mesma organização; 6. Clima: o sentimento transmitido num grupo pela composição física e a forma como os membros da organização interagem internamente e com o exterior. Artefatos Normas e valores Assunções básicas Realidade externa Realidade interna 14 Mas quais os fatores que influenciam a criação e a manutenção da cultura organizacional? Os fundadores da organização: são figuras emblemáticas, memoráveis e singulares que deixam suas crenças, seus valores e princípios como legados para a organização. O ramo de atuação: os stakeholders exercem pressões sobre o timming de mudanças da organização e o ramo de negócios leva à criação de um conjunto de crenças e valores que influenciam todo o modus operandi da empresa. A área geográfica: estilo de vida, a relação do colaborador com o trabalho, os padrões culturais e socioeconômicos geram crenças e valores no grupo que refletem tanto no comportamento dos colaboradores quanto no comportamento organizacional. Os gestores atuais: a troca de um gestor pode gerar profundas modificações na cultura de uma organização. Isso se dá porque os gestores imprimem suas crenças e seus valores ao estilo de gerir que adotam. E qual a relação entre cultura organizacional e mudanças organizacionais? Existem organizações que adotam a mudança como cultura e mantêm os olhos voltados para o ambiente externo. E, ao identificarem oportunidades, aceitam as mudanças como algo absolutamente natural. São organizações que adotam por premissa não fazer nada igual ao que fizeram ontem se houver uma forma melhor de fazer hoje e obter resultados diferentes no amanhã. Em contrapartida existem organizações nas quais a cultura organizacional tende a atuar no sentido de reforçar o status quo, a ordem estabelecida das coisas, e exercem força no sentido de preservar a organização em seus modelos, aumentando significativamente a resistência e fazendo com que a mudança seja um processo lento e sofrido. A mudança de cultura organizacional não pode ser realizada por um “golpe de caneta”, requer planejamento, investimento, comprometimento e uma execução apropriada e um horizonte de tempo para que ocorra. 15 Existem diversos aspectos a serem considerados nessa mudança: o comprometimento da alta gestão, o entendimento das pessoas na organização sobre a relevância e importância da mudança, dissolver resistências e promover campos de segurança. A mudança de cultura organizacional requer mudanças de comportamentos fortemente cristalizados (hábitos). Então, há que se dar o tempo para descongelar e deixar irem velhos hábitos, adquirir novos e internalizá-los. Impor nova cultura pode gerar muito mais resistência do que colaboração, por isso recomenda-se uma boa estratégia de comunicação e feedbacks constantes. Isso requer tempo, planejamento, comprometimento para lidar com as forças impulsionadoras e com as forças restritivas da mudança. Além do mais, é importante que o desejo de mudança da cultura organizacional emane apoiada pela alta gestão, para que possa ser subsidiada, nutrida e apoiada. Curiosidade Assista ao vídeo “Gestão de cultura ajuda a empresa a implementar mudanças”, disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=nzpt8_A6auM>. TEMA 4 – O CLIMA ORGANIZACIONAL E AS MUDANÇAS NO AMBIENTE PSICOSSOCIAL Ainda com olhos ao ambiente interno das organizações, podemos encontrar situações nas quais a estrutura organizacional está ok; as máquinas COMO MUDAR UMA CULTURA ORGANIZACIONAL? ESSA MUDANÇA É RÁPIDA? 16 e equipamentos estão ok também; os processos estão devidamente definidos, desenhados e todo o pessoal treinado, portanto, está ok. Mas parece que há algo que não está ok e que impacta no ambiente psicossocial do trabalho, influencia na satisfação do colaborador ou na ausência dela e produz reflexos fortíssimos até na produtividade. Você já sabe a que estamos nos referindo? Isso mesmo! Ao clima organizacional e ao desafio que as empresas enfrentam em transformá-lo. “Clima organizacional é a qualidade ou propriedade do ambiente organizacional que é percebida ou experimentada pelos membros da organização e influencia o seu comportamento” (George citado por Luz, 2003, p. 10). O clima organizacional resulta da interação dos elementos da cultura organizacional. “O clima é mais perceptível que suas fontes causais (a cultura organizacional), comparando-se a um perfume, pois se percebe o seu efeito sem conhecer os ingredientes”, explica Souza (1978) citado por Luz (2003, p. 10). O clima organizacional resulta basicamente de três elementos-chave: a percepção dos colaboradores em relação à organização; a satisfação dos colaboradores; e a cultura organizacional. Sabemos que as percepções são subjetivas, dado que cada pessoa tem interpretação própria e peculiar sobre causas, fatos, eventos e pessoas. A forma como o indivíduo constrói e enxerga o mundo é determinada por patrimônio de referência, composto por crenças, valores, conhecimentos. E exatamente por ser subjetiva carece de exatidão. Como assim? Por ser subjetiva, a percepção é tão passível de inexatidão. Rangé (1995, p. 37) explica que “dependendo das interpretações específicas e momentâneas que um indivíduo faz de cada situação, o afeto e comportamento que apresenta são diferentes”. Que tal um exemplo? Acompanhe o diálogo a seguir: 17O clima organizacional é o reflexo direto do grau de satisfação ou insatisfação dos colaboradores sob diversos aspectos, como o estilo de liderança, a estrutura física, o ambiente psicológico. Mas como saber quando é hora de interferir no clima e estimular e promover mudanças? Existem alguns sinalizadores de que o clima organizacional não vai bem? Existem sim! Tomaremos de empréstimo os estudos de Luz (2003, p. 32-34), que destaca os seguintes pontos de observação: Absenteísmo: definido como a ausência do trabalhador ao trabalho. O excessivo número de faltas (que não são cobertas pela legislação) e atrasos sinaliza também um conjunto de insatisfações que abrem espaço para a ausência de comprometimento por parte do funcionário. Mas é também oportuno esclarecer que existem ausências que são admitidas pela legislação trabalhista. O empregado poderá deixar de CHEGOU UM E-MAIL! DEIXA EU LER... NÓS DA GESTÃO DE PESSOAS ASSUMIMOS COMO O MAIOR VALOR A SAÚDE E JUSTAMENTE PARA INCENTIVAR O CUIDADO COM O NOSSO MAIOR BEM, A EMPRESA PROMOVERÁ O DIA DA SAÚDE COM PALESTRAS A RESPEITO DE HÁBITOS SAUDÁVEIS DE ALIMENTAÇÃO E ATIVIDADE FÍSICA. MUITO BOM! A EMPRESA DEVE MESMO INCENTIVAR O CUIDADO COM A SAÚDE! MAS ERA SÓ O QUE ME FALTAVA! ELES QUEREM INTERFERIR ATÉ NO QUE EU COMO! TENHA SANTA PACIÊNCIA! 18 comparecer ao serviço, sem prejuízo do salário. Entre essas situações destacamos: nascimento de filho, doação de sangue, óbito de cônjuge, ascendente, descendente, irmão ou pessoa que, declarada na Carteira de Trabalho e Previdência Social, viva sob dependência econômica do funcionário, bodas, entre outros. Turnover: definido como rotatividade de pessoal que, quando elevada, evidencia a insatisfação do colaborador, seja por falta de reconhecimento; estilo de gestão desqualificante; ausência de benefícios; falta de perspectiva de crescimento na empresa; políticas não muito claras para ascensão profissional; condições de trabalho, entre outros. (A entrevista de desligamento é uma ferramenta eficaz identificar os fatores que levam os colaboradores a deixar a empresa). Greves: paralisações e greves revelam o nível de descontentamento com políticas e práticas da organização, por motivos de salários, condições de trabalho, pressões da categoria, entre outros. Pichações nos banheiros: o estado dos banheiros é bastante significativo na leitura no clima, pois eles refletem a raiva e a frustração que os colaboradores, expressas por meio críticas e agressões dirigidas aos gestores escritas em portas e paredes dos banheiros, e apontam para o nível de insatisfação dos colaboradores. Conflitos interpessoais disfuncionais: a intensidade dos conflitos e o modo como os envolvidos os administram podem resultar em agressões, violência e fissuras no grupo de trabalho. Isso sinaliza ambiente tenso e com elevados níveis de estresse. Desperdício de recursos e materiais: pode ocorrer que uma forma que o trabalhador encontra de expressar a sua insatisfação, “agredir” ou “punir” a organização é desperdiçando e destruindo os recursos, tais como máquinas, equipamentos, energia elétrica, água, insumos. É um modo velado de manifestar a raiva e a frustração e uma forma que o colaborador encontra que encontra de se rebelar contra as condições que considera inadequadas de trabalho. Atestados e queixas no serviço médico: elevada incidência colaboradores que adoecem. Há que se investigar se não estão ocorrendo situações de sobrecarga de trabalho, humilhações por parte do gestor, assédios de toda ordem. O elevado número de atestados 19 médicos é um convite à organização olhar para como estão as condições dos ambientes físico e psicossocial da empresa, dado que são sinalizadores de que, salvo exista alguma epidemia que lamentavelmente venha a acometer os funcionários, algo de fato não vai bem na organização. Queda de desempenho: a avaliação de desempenho é ferramenta para avaliar os colaboradores e apontar caminhos para programas de treinamento e desenvolvimento e, assim, reduzir o gap entre aquilo que a organização espera do colaborador e o que este de fato entrega. Mas também é um forte indicador de clima à medida que aponta para o declínio constante do desempenho e do comprometimento do funcionário com a empresa. Um desempenho deficiente pode esconder um profissional insatisfeito com a organização e desmotivado com o trabalho. Ausência de adesão a programas de sugestões: um programa de sugestão é um canal direto entre a empresa e o colaborador. E, quando a empresa oferece esse recurso e os colaboradores não se manifestam, há que se prestar atenção, pois isso pode sinalizar que a descrença por parte dos funcionários de que algo irá mudar. Se a falta de credibilidade imperar, os funcionários tendem a não apresentar sugestões de melhorias, alicerçados na crença de que “nada vai mudar mesmo”. E qual a relação entre o clima organizacional e as mudanças? Bem, primeiramente é preciso que o clima organizacional seja constantemente monitorado. A organização que se mantém atenta ao clima e monitora constantemente a qualidade do ambiente psicossocial tem a oportunidade de identificar as variáveis promotoras de insatisfação e os pontos de melhorias e tende a ofertar um ambiente muito mais saudável, promover a satisfação dos colaboradores e ver os impactos disso na produtividade, rentabilidade e sustentabilidade do negócio. Curiosidade Assista ao vídeo intitulado “A importância de criar um bom ambiente de trabalho”, disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=UT_OC-JG1UQ>. 20 TEMA 5 – O ESTÁGIO DE PRONTIDÃO A MUDANÇAS, AS MUDANÇAS E A APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL Curioso, não? Acredita-se que de fato as iniciativas de mudanças organizacionais falhem em grande medida por serem impostas por gestores sem o devido preparo para gerir o processo e também pelo fato de que os colaboradores não estarem devidamente preparados para abraçar a mudança. (Milaré; Yoshida, 2007). Portanto, identificar a prontidão para a mudança é fator de suma importância para determinar se a intervenção será bem-sucedida. O Modelo Transteórico de Mudança (MTT) para o qual a prontidão é uma variável preditiva, tanto da participação dos colaboradores nas intervenções, resultados das mudanças e a manutenção desses no médio e longo prazo. Em outras palavras, o grau de prontidão assinala entre o sucesso ou fracasso do processo de mudança. Gerenciar mudanças significa gerenciar as pessoas que vivenciam o processo de mudança. E, portanto, existe aí um desafio aos gestores: criar a prontidão suficiente para que a mudança seja compreendida, acolhida, praticada e internalizada de modo apenas a que ocorra, mas também se mantenha. O Modelo Transteórico de Mudança (MTT) foi desenvolvido por James Prochaska em 1979 e consolidado na década de 1990. Embora seja considerado uma das mais inovadoras propostas para a promoção da saúde e prevenção de doença, tem sido de grande valia aos gestores, pois explica as diferentes etapas que são comuns aos processos de mudança de comportamento (Cabrera; Gustavo, 2000). O modelo está alicerçado na premissa de que a modificação do comportamento ocorre ao longo de um processo, no qual o indivíduo tem níveis de motivação que determinam a sua prontidão para empreender a mudança. Tais níveis são representados por estágios divididos em: pré-contemplação, contemplação, preparação, ação e manutenção (Prochaska et al., 1992). 21 Quadro 2 – Estágios deprontidão a mudanças Estágios Características Pré-contemplação O indivíduo não reconhece o problema e, portanto, não existe a percepção a respeito da necessidade ou importância da mudança. Contemplação O indivíduo passa a perceber a existência do problema e a cogitar a necessidade de mudança, mas não se considera pronto para realizar a ação neste momento. Preparação O indivíduo estabelece um compromisso, assim como planos para modificar o comportamento em um futuro próximo. Ação O indivíduo escolhe uma estratégia para a realização da mudança e toma uma atitude no sentido de realizá-la. Neste estágio, como existe a mudança de comportamento (ação), o indivíduo passa a ter resultados diferentes (evidências). Manutenção O indivíduo consolida os benefícios obtidos durante a ação e concentra energia em estratégias para manter os comportamentos de modo a evitar recaídas e um retorno ao comportamento-problema. (Esse estágio vai de seis meses a um período indeterminado a partir da ação) Término O indivíduo finalmente obteve a mudança do hábito, evidenciando que a mudança se consolidou. Fonte: Elaborado com base em Prochaska; Clemente, 1982, p. 161-173. Perceba como podemos transportar o estágio de prontidão do nível individual para o nível grupal e até mesmo organizacional. Se, por exemplo, um grupo não percebe uma necessidade de mudança, ou não se sente devidamente preparado para tal, como essa pode ocorrer de modo a ter sucesso? Não existirá a motivação suficiente para aderir e manter a mudança, dado que não existe um comprometimento com um sólido motivo, uma razão forte suficiente para mudar. E por que é importante conhecer o estágio de prontidão às mudanças? Em linhas gerais, ao identificar o estágio de prontidão, é possível desenhar estratégias que promovam a sensibilização, o treinamento, o fortalecimento e o apoio necessários ao indivíduo, grupo ou organização no processo de mudança. QUAL SERÁ A RELAÇÃO ENTRE MUDANÇAS E APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL? 22 Se você também está curioso para saber qual a relação entre mudanças e aprendizagem organizacional, então vamos lá! A aprendizagem organizacional é “a base sobre a qual se constrói o conhecimento e se consolidam as melhorias dos processos nas organizações, que servem de estímulo às inovações, que por sua vez resultam na competitividade”, explicam Gramms e Lotz (2013). TROCANDO IDEIAS Os smartphones são uma realidade dentro e fora das organizações. No ano de 2015, foram vendidos 1,92 mil milhões, sendo que a previsão é chegar a 1,93 milhões de unidades no ano de 2018. Bani-los do ambiente corporativo nem sempre será a melhor solução, dado que oferecem indiscutíveis vantagens: permitem o contato entre as equipes, dão acesso ao e- mail corporativo, contribuem para a resolução de problemas urgentes. Por outro lado, especialistas afirmam que esses aparelhos promovem distração e queda de eficiência no trabalho. Acesse: <http://sortimentos.com/smartphones- causam-distracao-e-reduzem-eficiencia-no-trabalho/>. Qual é o seu ponto de vista? Como criar a cultura do uso dos smartphones de modo a potencializar os benefícios e minimizar as distrações? Discuta com seus colegas e troquem ideias e experiências em relação ao tema proposto. NA PRÁTICA Você é o gerente de uma empresa familiar e que demorou um pouco para atualizar os sistemas informatizados de gestão em todos os setores. Ocorre que sua organização tem algum recurso disponível para investir – mas não é o suficiente. Uma política do governo acaba de abrir a possibilidade de financiamento para modernização de máquinas e sistemas para as empresas do ramo em que vocês atuam. Você aproveita esta oportunidade e, com cuidado, estuda o melhor sistema e as máquinas adequadas para modernizar a gestão da organização. Todo o trabalho é contratado e implementado em sua organização, que agora passa a figurar entre as organizações que possuem sistemas de gestão informatizados bem modernos. 23 Que atitudes gerenciais você deve tomar em relação a seu pessoal para que possa obter o máximo de bons resultados que esta tecnologia proporciona? Protocolo de resolução da situação proposta O professor deverá indicar ao aluno a sequência de passos para resolver a situação envolvendo: 1. Leia atentamente as considerações apresentadas na aula, especialmente nos temas 1, 2 e 4. 2. Apresente as ações que você tomaria levando em conta a organização como um sistema e considerando ações em diversos vetores. 3. Faça uma reflexão a respeito da prontidão para mudanças da organização e como isso pode melhorar de modo que tal situação não volte a se repetir. Resolução do caso Ao se colocar na perspectiva do gestor, é importante que o aluno considere os seguintes pontos: 1. Treinamento de todo o pessoal neste novo sistema antes de colocar em prática; 2. Verificação e adequação do número de funcionários, pois uma inovação tecnológica poderá diminuir a necessidade de funcionários, assim como exigir novas habilidades e competências que deverão ser levadas em consideração nas novas contratações e em todos os treinamentos proporcionados pela organização no que diz respeito a esta nova tecnologia incorporada pela nossa organização. 3. Manter um sistema de monitoramento do desempenho, tanto do funcionamento do sistema quanto da capacidade de nosso pessoal em operá-lo; 4. Alterar a estrutura da organização e, se isso for necessário, criar o setor pertinente para esta nova realidade no sistema informatizado de gestão de nossa organização. Estas seriam as preocupações prioritárias nesta situação, não esquecendo que o monitoramento poderá me levar a tomar outras atitudes e 24 também reforçar uma ou outra em maior ou menor grau. Com isso, espero ter aplicado corretamente os recursos da organização e passarei a tomar mais cuidado para não deixar que este sistema fique obsoleto tecnologicamente até decidir uma mudança. FINALIZANDO Nesta aula você aprendeu sobre as forças externas à organização e o modo como impactam as mudanças organizacionais. Aprendeu a diferenciar o ambiente contextual, formado por variáveis econômicas, tecnológicas, políticas e demográficas do ambiente operacional, no qual estão os stakeholders. Você conheceu os elementos internos da organização com destaque para a estrutura organizacional, os processos, as tecnologias e as pessoas e o modo como recebem pressões externas que determinam as mudanças. Mais adiante, apresentamos a cultura organizacional, um conjunto de crenças e valores que criam coesão entre os membros e que impactam diretamente no comportamento dos membros e da organização. Você pode avaliar a influência da cultura organizacional nos processos de mudanças, seja no sentido de impulsioná-la ou de manter as coisas como sempre foram na organização. Compreendeu o papel do clima organizacional e olhou para os elementos que sinalizam que existe a necessidade de intervenção para melhorar o ambiente psicossocial da organização, de modo a elevar a satisfação dos colaboradores e também a produtividade e rentabilidade da empresa. Por último você conheceu o Modelo Transteórico de Mudança, que indica o estágio de prontidão a mudanças. E, agora, você já sabe que gerenciar mudanças significa gerenciar as pessoas que vivenciam o processo de mudança. E, portanto, existe aí um desafio aos gestores: criar a prontidão suficiente para que a mudança seja compreendida, acolhida, praticada e internalizada de modo a que ocorra e que se mantenha.25 REFERÊNCIAS ANDION, C. Planejar em épocas de incerteza é possível? Mudanças no cenário econômico mundial transformaram a natureza e a função do planejamento empresarial a natureza e a função do planejamento empresarial. Disponível em: <file:///C:/Users/User/Downloads/16579065851357246.pdf>. Acesso em: 1 maio 2017. KOLB, D. A. Experimental Learning: Experience as the Source of Learning and Development. Prentice-Hall, EnglewoodCliffs, N.j., 1984. LACOMBE, F. J. M. Dicionário de administração. São Paulo: Saraiva, 2004. LUZ, R. Gestão do clima organizacional. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2003. MILARE, S. A.; YOSHIDA, E. M. P. Coaching de executivos: adaptação e estágio de mudanças. 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