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Documentário do Filme Ilha das Flores

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Patrick Guilherme Fernandes. 
TEMV 2021 
 
 
Ilha das Flores. 
 
O sistema capitalista tem organização central simples: troca de dinheiro 
por coisas. O dinheiro – capital – é, portanto, o cerne do sistema. O 
documentário/filme “Ilha das Flores” mostra, camuflado em simplicidade, a 
profundidade de tais questões. 
O sistema de trocas é, como dissemos, a engrenagens básicas das 
sociedades capitalistas. Para realizar a maior parte das trocas é necessário 
possuir capital. Outras trocas são realizadas para obtenção desse capital: 
trabalho por capital; coisas por capital ou mesmo capital por mais capital. 
Tudo simples, portanto. Mas o que acontece com quem não tem capital 
ou mesmo o que trocar pelo tal capital? 
A condição individual de falta de capital ou de poder de troca é conhecida 
como pobreza. Como sobreviver sem capital em uma sociedade quase que 
totalmente baseada no capital? A falta de resposta para tal pergunta leva seres 
humanos a viverem em condições inferiores à de alguns animais, como 
demostrado no documentário. A comparação dos “catadores” com o porco foi 
sublime. Aquelas pessoas estariam abaixo do animal na escala de preferência 
pelos alimentos pelo fato deste, o suíno, possuir um dono, e aqueles nem isso. 
A renda é, portanto, o principal fator para definição de uma situação de 
pobreza. A total falta de renda, conforme exemplo do documentário, estabelece 
uma situação de pobreza absoluta. 
Assim, aqueles cuja renda se situe abaixo do custo dessas necessidades 
são considerados pobres. E, aqueles que têm rendimentos ainda menores, os 
quais não permitem a aquisição sequer de uma cesta de alimentos básica, 
essencial ao suprimento de necessidades nutricionais mínimas, são 
denominados indigentes. 
Importante salientar, contudo, que não somente a renda determina a 
situação de pobreza de um determinado grupo de indivíduos. Acesso – ou falta 
dele – a outras “garantias constitucionais” como educação, saúde, habitação 
cultura e outros também são indicativos de fragilidade social. Conforme exemplo 
exposto no documentário, os “catadores” ali mostrados não só viviam em 
 
Patrick Guilherme Fernandes. 
TEMV 2021 
 
 
condições de completa falta de potencial financeiro, mas também não possuíam 
condições mínimas de qualidade de vida. 
 
Essa diferenciação entre “posições sociais” é o que se convencionou 
chamar de Desigualdade Social. Em uma sociedade capitalista existem, 
invariavelmente, níveis de potencial social e financeiro. Enquanto alguns 
possuem muito, outros mal conseguem para sua subsistência. Uma análise mais 
apurada do sistema mostra sua completa crueldade. 
Filme Ilha das Flores - quem já possuem “coisas” ou capital (indústria de 
perfumes do documentário) tem grande facilidade de trocá-los por mais capital, 
possuindo mais coisas, mais capital e trocando por mais coisas e mais capital, 
num fluxo sem fim de enriquecimento. Quem possui poucas coisas e pouco 
capital (vendedora de perfumes), constrói toda sua vida na troca do que possui 
pelo suficiente para sobreviver. Os que nada possuem (catadores), seguem 
apenas o instinto natural humano de sobrevivência. 
Vale frisar, embora seja bastante claro, que vivemos em sociedade, forma 
que as pessoas que compõem a estrutura social deveriam possuir, pelo menos, 
condições mínimas de sobrevivência, sem exceção. Fazer ou não, efetivamente, 
parte dessa estrutura social, nos leva exclusão e cidadania. 
 Os “catadores” do documentário, por exemplo, faziam parte de um grupo: 
indigentes. Contudo, estar “incluído” neste grupo, significa estar “excluído” da 
sociedade. Conforme exemplo do documentário, o porco estaria mais “incluído” 
socialmente que os “catadores”, já que o suíno, pelo menos, possuía acesso 
garantido à alimentação. 
Com base nesse conceito, fica evidente que as condições vivenciadas 
pelos “catadores” em nada os colocam na condição de cidadãos, pois estes não 
têm, nem de longe, o “padrão de vida” de seus concidadãos (porco). 
Interessante frisar, neste ponto, que tendo em vista a organização insana 
do sistema capitalista, pessoas que vivem nas condições mostradas no 
documentário tem pouca, ou nenhuma, chance de alterarem, por si só, suas 
condições de vida. Isso nos leva a questionar a ideia de justiça do sistema 
Sistema Capitalista posto a nós.

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