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Luciani Vieira Gomes Alvareli Beniza Maria Figueira Thomaz da Silva Mayra Faria Carpinetti Flaviane Aparecida de Oliveira Silva Doutora em Lingüística Aplicada e Estudos da Linguagem pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP. Docente Fatea, Lorena; Fatec, Cruzeiro. e-mail: luciani.alvareli@gmail.com Mestra em Direito pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo de Lorena - UNISAL. Especialização em Direito do Trabalho pela Universidade de Taubaté -UNITAU. Especialização em Direito Processual Civil pela Universidade de Taubaté -UNITAU. Advogada na área Trabalhista e Cível da Biondi, Cortés e Figueira Advogados. Procuradora Jurídica da Prefeitura Municipal de Cruzeiro. Docente FATEC Cruzeiro. e-mail: benizafigueira@hotmail.com Tecnóloga em Gestão Empresarial com ênfase em Sistemas de Informação pela Faculdade de Tecnologia Profº Waldomiro May – FATEC Cruzeiro. e-mail: mayrafaria@yahoo.com.br Tecnóloga em Gestão Empresarial com ênfase em Sistemas de Informação pela Faculdade de Tecnologia Profº Waldomiro May – FATEC Cruzeiro. e-mail: vicacrz@hotmail.com A importância do planejamento tributário nas empresas mediante a complexa carga tributária brasileira Janus, Lorena, n.13, Jan./Jun., 2011. p.12 RESUMO Este artigo está relacionado a um trabalho de conclusão que visou a pesquisar a carga tributária vigente no Brasil, descrevendo e explicando seus tributos. Tomou-se por base uma pesquisa exploratória a fim de levantar dados e posições doutrinárias, e utilizou-se um exemplo prático de formas de tributação para demonstrar com dados concretos que é possível minimizar gastos com tributos, analisando e escolhendo adequadamente a tributação a se pagar. PALAVRAS-CHAVE Carga Tributária, Planejamento Tributário, Economia Fiscal. ABSTRACT This article is related to a term paper that aimed to investigate the current tax burden in Brazil, describing and explaining their taxes. It was based on an exploratory survey to collect data and doctrinal positions, and used a practical example of tax forms with concrete data to demonstrate that it is possible to minimize tax expenditures, analyzing and choosing the appropriate tax to be paid . KEY WORDS: Tax Burden, Tax Planning, Tax Saving. 011 - 027 Janus, Lorena, n.13, Jan./Jun., 2011. p. 13 INTRODUÇÃO Atualmente no Brasil, a carga tributária tem se mostrado muito elevada. Isso faz com que as empresas tenham um alto custo com o pagamento de tributos exigidos por lei nas três esferas de governo: Federal, Estadual e Municipal. Hoje, em média, 33,4% do faturamento das empresas é destinado a pagamentos de tributos e alto custo contribui para o aumento do preço de seus produtos e serviços, assim diminuindo a competitividade e a lucratividade das empresas. Atualmente, são 86 tributos diferentes divididos entre taxas, impostos e contribuições. O planejamento tributário é uma ferramenta legal muito utilizada com o objetivo de obter a economia fiscal. O tributo se dá a partir de um fato gerador. Com o planejamento tributário é permitido visualizar esse fato gerador antes que ele aconteça e assim optar por ações menos onerosas. 1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 1.1. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO BRASILEIRO O planejamento tributário é uma ferramenta essencial que sempre deu suporte a empresas, proporcionando condições seguras a elas para sua melhor organização e condução de seus sistemas financeiros, conforme Marion (2002, p. 33): Denomina-se Planejamento fiscal ou tributário lato senso a análise do conjunto de atividades atuais ou dos projetos de atividades econômico-financeiras do contribuinte em relação ao seu conjunto de obrigações fiscais, com o escopo de organizar suas finanças, seus bens, negócios, rendas e demais atividades com repercussões tributárias, de modo que venha a sofrer o menor ônus fiscal possível. O planejamento tributário para ser elaborado de maneira legal e eficiente é absolutamente necessário saber quais os impostos, as taxas e as contribuições que têm a obrigatoriedade de serem recolhidas, e ter o devido conhecimento das formas de tributação, bem como do faturamento da empresa. Para Oliveira et.al. (2005, p.38), o planejamento tributário: É uma forma lícita de reduzir a carga fiscal, o que exige alta dose de conhecimento técnico e bom senso dos responsáveis pelas decisões estratégicas no ambiente corporativo. Trata-se do estudo prévio à concretização dos fatos administrativos, dos efeitos jurídicos, fiscais e 011 - 027 Janus, Lorena, n.13, Jan./Jun., 2011. p.14 econômicos de determinada decisão gerencial com o objetivo de encontrar a alternativa legal menos onerosa para o contribuinte. O planejamento tributário, conforme Fabretti (2003, p 32), ainda é “O estudo feito preventivamente, ou seja, antes da realização do fato administrativo, pesquisando-se seus efeitos jurídicos e econômicos e as alternativas legais menos onerosas”. A competitividade mercadológica é um advento existente no mundo cada vez mais globalizado; os empresários, por sua vez, devem estar atentos para os altos custos tributários do país. Dessa forma, poderão impedir falência, por estarem preparados. Portanto, planejamento tributário é considerado a melhor alternativa do ponto de vista do equilíbrio financeiro, pois os recursos economizados sempre poderão possibilitar a geração de novos investimentos. Segundo a explicação de Malkowski (2000), o planejamento tributário é uma forma estudada pelos administradores para diminuir seus custos com tributos, fazendo com que a empresa contribua com os tributos necessários. É o processo de escolha de ação ou omissão lícita, não simulada, anterior à ocorrência do fato gerador, que vise, direta ou indiretamente, economia de tributos. O Brasil é dos países com maior carga tributária do mundo. Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), em média, 33,4% do faturamento das empresas é dirigido ao pagamento de tributos. É importante o planejamento tributário na empresa, pois de acordo com o portal tributário, ajuda a empresa a obter êxito no cumprimento de deveres e vantagens como: - Evita que as empresas paguem tributos que não são necessários, ou seja, além do que corresponde a sua categoria, tamanho e ramo de atuação; - Diminui o risco de incidências no tributo, acelerando processos administrativos e operacionais; - Permite maior controle do fluxo de caixa, visão integrada dos custos da empresa; - Reduz custos, influenciando no preço final do produto ou serviço, tornando a empresa mais competitiva. Por isso, as empresas não devem adotar práticas de evasão fiscal, que prejudicam a criação de planejamento tributário. Coelho (1998) explica que “elisão fiscal é a forma lícita perante o fisco de diminuir os tributos a serem pagos e a evasão fiscal é a forma ilícita, ou seja, meios não legais com o objetivo do não pagamento de tributos.” Segundo Coelho (1998, p. 175), elisão e evasão fiscal são: Tanto na evasão comissiva ilícita como na fiscal existe uma ação do contribuinte, intencional, com o objetivo de não pagar ou pagar o tributo 011 - 027 Janus, Lorena, n.13, Jan./Jun., 2011. p. 15 a menor. As diferenças: (a) a natureza dos meios empregados. Na evasão ilícita os meio são sempre ilícitos (haverá fraude ou simulação de fato, documento ou ato jurídico). Quando mais de um agente participar dar- se-á o conluio. Na elisão os meios sempre são lícitos porque usados pelo legislador; (b) também o momento da utilização desses meios. Na evasão ilícita a distorção da realidade ocorre no momento em que ocorreu o fato jurígeno-tributário (fato gerador) ou após sua ocorrência. Na elisão, a utilização dos meios ocorre antes da realização do fato jurígeno-tributário. Portanto, ambas as práticas têm por objetivo evitar o pagamentode tributos. Porém, se a ação destinada a reduzir, retardar ou diminuir o pagamento do tributo é praticada antes da ocorrência do fato gerador do tributo, caracteriza-se a elisão. Entretanto, se a ação é destinada depois do fato gerador de tributos, dá-se a evasão. Conforme demonstram os itens a seguir, a Lei nº. 9.964 qualifica que atitudes ilegais por parte das instituições podem gerar penalidades como reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa: I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias; II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal; III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento relativo à operação tributável; IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso ou inexato; V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente, relativa à venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a legislação. Entretanto Torres (2001) elucida que o planejamento tributário jamais poderá ser objeto de análise pelo fisco para fins de aplicação de sanções. 2.METODOLOGIA O estudo aqui relatado buscou associar a prática e a teoria. Uma pesquisa foi utilizada para realizar o levantamento bibliográfico, por meio da coleta de dados a partir 011 - 027 Janus, Lorena, n.13, Jan./Jun., 2011. p.16 da legislação vigente no Brasil, livros relacionados à matéria, artigos, revistas e consultas em sites específicos da internet. Fizeram parte dessa busca, citações e opiniões de profissionais conceituados da área jurídica e contábil, encontradas em livros e sites oficiais do governo, levando-se em conta o devido respeito pela autenticidade de cada informação. A prioridade da pesquisa foi fornecer dados e informações que agregam um enriquecimento sobre o planejamento tributário e suas vantagens, e fornecer dados sobre a atual complexidade da carga tributária sem ferir a lei maior que é a Constituição Federal Brasileira/1988. Por isso a pesquisa é do tipo exploratória, uma vez que a situação a qual foi proposta defender, é embasada em dados já existentes e comprovados, segundo a lei. O esclarecimento do assunto, planejamento tributário, e sua real importância mediante a complexidade da carga tributária brasileira se deu também por muitas consultas e diálogos com profissionais atuantes no mercado que auxiliaram no desenvolvimento do exemplo prático de formas de tributação que demonstra, com cálculos e tabelas, o que este estudo se propõe a fazer e comprovar. Nas palavras de Gil (1999, p.43) “Este tipo de estudo visa proporcionar um maior conhecimento para o pesquisador acerca do assunto, a fim de que esse possa formular problemas mais precisos ou criar hipóteses que possam ser pesquisadas por estudos posteriores”. 3. QUAL O PAPEL DO ADMINISTRADOR NA EMPRESA EM RELAÇÃO AO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO NACIONAL? Segundo a Lei 6.404/76 (Lei das S/A), pela interpretação do artigo 153, é obrigatório o planejamento tributário por parte dos administradores de qualquer companhia. Portanto um bom administrador deve atentar para o planejamento tributário. Esse deverá ser iniciado com revisão fiscal, em que o profissional deve aplicar os seguintes procedimentos: 1. Fazer um levantamento da situação das transações efetuadas pela empresa e identificar fatos geradores de tributos e optar por ações, na empresa, menos onerosas para período (ano) futuro; 2. Verificar se há ação de fatos geradores dos tributos pagos e analisar se houve um recolhimento maior e indevida cobrança; 3. Verificar se houve ação fiscal sobre fatos geradores decaídos, pois os créditos constituídos após cinco anos são indevidos; 4. Analisar, anualmente, qual a melhor forma de tributação do Imposto, calculando em qual enquadramento a empresa pagará menos tributo; 5. Levantar o histórico do montante dos tributos pagos nos últimos anos, para identificar se existem créditos fiscais não aproveitados pela empresa; 011 - 027 Janus, Lorena, n.13, Jan./Jun., 2011. p. 17 6. Verificar qual a melhor forma dos créditos serem aproveitados. 4. REGIME TRIBUTÁRIO NO BRASIL Tributo, de acordo com o art. 3º do Código Tributário Nacional, pode ser definido como “toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.” Para Torres (2003, p. 334) “tributo é dever fundamental exigido de quem tenha realizado o fato descrito em lei elaborada de acordo com a competência especifica outorgada pela Constituição.” Tributo é gênero, do qual são espécies: impostos, taxas, contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios. Imposto é definido no CTN e mencionado na obra de Fabretti (2003, p. 116) “art. 16 - Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade específica, relativa a contribuinte”. Taxa é prestação pecuniária, que, não sendo dever fundamental nem mesmo se vinculando às liberdades fundamentais, é exigida sob a diretiva do princípio constitucional do benefício, como remuneração de serviços públicos essenciais. Ex: taxa coleta de lixo. Contribuições de melhoria serão instituídas para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado. Empréstimos compulsórios podem ser instituídos através dessas circunstâncias: (a) Atendimento a despesa extraordinária decorrente de calamidade pública, guerra externa ou sua iminência; (b) Investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observada, na sua instituição, o princípio da anterioridade anual. Segundo Silva (2003) “as diferentes categorias de tributos têm efeitos diferentes na economia, no tocante à justiça tributária, na distribuição de renda e na alocação setorial de recursos escassos.” 5. A CARGA TRIBUTÁRIA BRASILEIRA Atualmente o Sistema Tributário Brasileiro é regido pela Emenda Constitucional de nº 18, de 1º de dezembro de 1965, sendo regulamentado pela Lei nº 5.172, de outubro de 1966 que recebeu a denominação de Código Tributário Nacional (CTN) pelo art. 7º do ato complementar nº 36, de 13 de março de 1967. No entender de Domingues (2000), denomina-se carga tributária em referência ao custo que o funcionamento do Governo representa para a economia nacional. Usualmente, 011 - 027 Janus, Lorena, n.13, Jan./Jun., 2011. p.18 mede-se como o volume de tributos efetivamente ingressados aos cofres públicos, como uma percentagem do Produto Interno Bruto (PIB) que é o valor de mercado de todos os bens e serviços finais produzidos na economia num período de, aproximadamente, um ano. 6. A EVOLUÇÃO DA CARGA TRIBUTÁRIA NAS TRÊS ESFERAS DO GOVERNO A carga tributária brasileira é constituída por tributos de diferentes esferas de governos. Existem tributos dos governos municipal, estadual e federal. De acordo com Neto (1999, p.81), ”É o conjunto dos tributos: impostos, taxas e contribuições de melhoria, que o governo cobra das pessoas físicas e jurídicas, ou seja, os contribuintes.” À medida que a carga tributária brasileira evolui, há alterações dos tributos exigidos pelas três esferas de governo, como revela o gráfico na figura 01. Figura 01. Carga Tributária Bruta Fonte: www.receita.fazenda.gov.br 011 - 027 Janus, Lorena, n.13, Jan./Jun., 2011. p. 19 Esse estudo do Ministério da Fazenda sobre a carga tributária no Brasil mostra a evoluçãoda carga tributária de 1990 a 2009 quando a mesma chegou a 33,6% do Produto Interno Bruto (PIB). A divisão do bolo tributário acontece da seguinte forma: enquanto a União fica com 23,4%, os Estados ficam com 8,6% e os Municípios com apenas 1,5%. 7. SUJEITO E CONTRIBUINTE O contribuinte é o sujeito passivo direto da obrigação tributária. Ele tem obrigação direta pelo pagamento do tributo. Sua capacidade tributária é inteiramente objetiva, já que a mesma decorre da lei e não de sua vontade. Os artigos 121 ao 123 do CTN definem o sujeito passivo conforme a seguir: Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se: I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador; II - responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei. Art. 122. Sujeito passivo da obrigação acessória é a pessoa obrigada às prestações que constituam o seu objeto. Art. 123. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes. 8. EXEMPLO PRÁTICO DE FORMAS DE TRIBUTAÇÃO: UMA PRÁTICA DO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO O planejamento tributário tem como objetivo a diminuição legal da quantidade de tributos a ser entregue ao governo. Os tributos (impostos, taxas e contribuições) representam importante parcela dos custos das empresas. O planejamento tributário tem como finalidade evitar a incidência do fato gerador do tributo, reduzir o montante do tributo, sua alíquota, ou reduzir a base de cálculo do tributo, retardar o pagamento do tributo, postergando o seu pagamento sem a ocorrência da multa. Ao final de cada ano é permitida à maioria das empresas a oportunidade de planejar a forma de tributação que pretende utilizar no ano seguinte, já que a legislação, 011 - 027 Janus, Lorena, n.13, Jan./Jun., 2011. p.20 exceto em alguns casos, não admite a mudança na sistemática adotada após sua definição no início do exercício. De acordo com o portal tributário, existem alguns pontos obrigatórios para o exercício do planejamento tributário como: - Expectativa de faturamento, para quem e para onde se pretende faturar, quais produtos ou serviços serão oferecidos; - Previsão de despesas operacionais, o que se pretende comprar e quais serão seus insumos, localização dos fornecedores; - Margem de lucro; - Valor da despesa com empregados; - Forma de tributação. Uma das práticas mais utilizadas no exercício do planejamento tributário é a adequação quanto à forma de recolhimento, ou seja, a forma de tributação. Para saber qual a melhor forma de tributação de uma empresa é necessário conhecer os impedimentos definidos em Lei quanto à opção por cada uma dessas formas de tributação. É necessário também um estudo do faturamento, despesas e custos, percentuais da previdência social, tabela aplicável para se definir a melhor forma legal de se pagar os tributos devidos. É nesse ponto que entra o planejamento tributário. Existem hoje no Brasil algumas formas de tributação, como: Simples Nacional, Lucro Presumido e Lucro Real e os administradores e os contadores devem ter conhecimento sobre elas, para a escolha menos onerosa ao se efetuar o pagamento de tributos. Para micro e pequenas empresas, em geral, o Simples Nacional é mais vantajoso, pois possui uma carga tributária menor, porém devem ser observadas suas regras de impedimento quanto às atividades e aos percentuais de recolhimento, conforme o faturamento acumulado nos últimos 12 meses. Nessa modalidade, vários impostos são pagos através de uma única guia Declaração Anual do Simples Nacional (DAS) e o Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) estão incluídos no (DAS). O IRPJ e CSLL são calculados sobre o faturamento. O Lucro Presumido é interessante quando a empresa tem uma margem de lucro maior do que a definida nessa forma de tributação, possui custo reduzido e não foi interessante e/ou não foi permitida a opção pelo Simples Nacional. Nessa modalidade, o IRPJ e CSLL são calculados sobre uma base de cálculo fixada pelo governo. O Lucro Real é geralmente praticado pelas grandes empresas, a quem o governo não permite a opção pelo Simples Nacional e pelo Lucro Presumido e pelas empresas em que a margem de lucro é menor do que a permitida no Lucro Presumido. Nessa modalidade, o IRPJ e CSLL são calculados sobre o Lucro Líquido contábil (Receitas – Despesas). Este exemplo prático de formas de tributação vem demonstrar que nem sempre optar pelo simples nacional é mais vantajoso para algumas empresas. 011 - 027 Janus, Lorena, n.13, Jan./Jun., 2011. p. 21 Com o planejamento tributário, as empresas conseguem adequar-se à melhor forma de tributação e é possível uma economia fiscal considerável, já que as estimativas de cálculos anteriores possibilitam aos administradores e contadores a forma mais vantajosa. É sabido que não há regra da melhor forma de recolhimento de tributos quanto ao setor que a empresa atua, seja comércio, indústria ou serviço, por isso é indispensável o planejamento tributário. E é uma falha do planejamento e da administração acreditar que o simples nacional é sempre a opção mais adequada, mesmo que permitida pelo governo. Com o auxílio de uma contadora, atuante no setor contábil desde 1994, é possível afirmar que de acordo com a Tabela 1, a seguir, existem os resultados vantajosos que podem ser alcançados com a prática do planejamento tributário. De acordo com o exemplo prático de planejamento tributário pela forma de tributação, uma empresa comercial varejista de artigo de vestuário com o faturamento anual de R$ 1.800.000,00 e 10 funcionários, apresenta os custos segundo a tabela abaixo: Tabela 1. Exemplo Prático I Exemplo prático pela forma de tributação: Empresa comercial varejista de artigos do vestuário Opção Tributação 2011 SIMPLES NACIONAL Faturamento anual 2011 1.800.000,00 Quantidade de funcionários: 10 Valor da Folha de pagamento anual: 170.000,00 Compras 900.000,00 Despesas operacionais: 530.000,00 Lucro Contábil 200.000,00 011 - 027 Janus, Lorena, n.13, Jan./Jun., 2011. p.22 Caso a empresa, de acordo com a lei, optasse pelo simples nacional pagaria tributos ao governo. O valor a ser pago com tributos é de R$ 199.360,00 como mostra a Tabela 2 na sequência: A mesma empresa, de acordo com a lei, optante pelo lucro presumido, terá um custo com tributos ao valor de R$ 329.600,00. Com esta forma de tributação, o custo com tributos supera o custo da mesma empresa optante pelo simples nacional, com um aumento de R$ 130.240,00, como mostra a tabela abaixo: Tabela 2. Simples Nacional NO SIMPLES NACIONAL Alíquota Valor Pago DAS 10,32% 185.760,00 INSS 8% 13.600,00 ICMS Já embutido na DAS - TOTAL 199.360,00 Tabela 3. Lucro Presumido NO LUCRO PRESUMIDO Base Cálculo Alíquota Total IRPJ 8% 15% 21.600,00 CSLL 12% 9% 19.440,00 PIS Faturamento 0,65% 11.700,00 COFINS Faturamento 3% 54.000,00 INSS Folha 35,80% 60.860,00 ICMS RPA 18,00% 162.000,00 TOTAL 329.600,00 011 - 027 Janus, Lorena, n.13, Jan./Jun., 2011. p. 23 A empresa de comércio, com o faturamento de R$ 1.800.000,00, com o número de 10 funcionários, optante pelo lucro real, conforme a lei paga a quantia de R$ 354.110,00 reais com tributos. Neste exemplo é visível o aumento do custo com tributos de R$ 24.510,00 em relação ao lucro presumido. E a diferença aumenta ao valor de R$ 154.750,00 se comparado com o simples nacional.Tabela 4. Lucro Real NO LUCRO REAL IRPJ Contábil 15% 30.000,00 CSLL Contábil 9% 18.000,00 PIS Faturamento 1,65% 14.850,00 COFINS Faturamento 7,60% 68.400,00 INSS Folha 35,80% 60.860,00 ICMS RPA 18,00% 162.000,00 TOTAL 354.110,00 Esse exemplo prático revela que o simples nacional é mais vantajoso, pois o volume de tributos pagos no simples nacional foi bem inferior ao que seria pago no lucro presumido ou real. Assim, o planejamento demonstrou que o Simples Nacional é melhor forma de tributação para essa empresa. Contudo existem casos em que situações pouco semelhantes, como de uma empresa que pode optar pelo Simples Nacional e através do planejamento tributário, é evidenciado que não é vantajoso em relação a outras formas de tributação. A não existência de regras fixas de condições de empresa que determinem a melhor forma de tributação faz do ato de planejar, visualizar custos com tributos, perceber as ações menos onerosas, a fim de se optar pelas ações mais vantajosas para a empresa; conforme exigido por lei. Desse modo, o exemplo prático da forma de tributação de uma empresa prestadora de serviços com faturamento anual de R$ 2.100.000,00 que é R$ 300.000,00, maior que o faturamento da situação anterior da empresa de comércio, com o mesmo número de funcionários, demonstra que um planejamento tributário gera diminuição de tributos, como mostram as tabelas a serem apresentadas. 011 - 027 Janus, Lorena, n.13, Jan./Jun., 2011. p.24 A prestadora de serviços optante pelo simples nacional, com o beneficio de efetuar o pagamento com tributos em uma única guia, o DAS, pagará a quantia de R$ 384.250,00 reais legalmente sem nenhum tipo de evasão fiscal representado na tabela a seguir: Tabela 5. Exemplo Prático II Tabela 6. Simples Nacional II Exemplo prático pela forma de tributação: Empresa prestadora de serviços Opção Tributação 2011 SIMPLES NACIONAL Faturamento anual 2011. 2.100.000,00 Quantidade de funcionários: 10 Valor da Folha de pagamento anual: 170.000,00 Compras 900.000,00 Despesas operacionais: 1.430.000,00 Lucro Contábil 515.000,00 NO SIMPLES NACIONAL Alíquota Valor Pago DAS 15,95% 334.950,00 INSS 29% 49.300,00 ISS Embutido no DAS - TOTAL 384.250,00 A tabela expõe a situação do pagamento com tributos da mesma empresa optante pelo lucro presumido. O custo da empresa com tributos será de R$ 346.790,00 obtendo a economia de R$ 37.460,00. 011 - 027 Janus, Lorena, n.13, Jan./Jun., 2011. p. 25 No lucro real, a empresa pagou R$ 315.710,00, claramente vantajoso em relação ao lucro presumido e o simples nacional. Uma economia de R$ 31.080,00 ao lucro presumido, e R$ 68.540,00 mesmo com os benefícios do simples. Com essa opção do lucro real a empresa consegue maior economia fiscal. A diferença entre valores pagos é considerável e possivelmente alcançada com o planejamento tributário. Tabela 7. Lucro Presumido II NO LUCRO PRESUMIDO Base Cálculo Alíquota Total IRPJ 32% 15% 100.800,00 CSLL 32% 9% 60.480,00 PIS Faturamento 0,65% 13.650,00 COFINS Faturamento 3% 63.000,00 INSS Folha 35,80% 60.860,00 ISS Faturamento 4,00% 48.000,00 TOTAL 346.790,00 LUCRO REAL IRPJ Contábil 15% 77.250,00 CSLL Contábil 9% 46.350,00 PIS Faturamento 1,65% 14.850,00 COFINS Faturamento 7,60% 68.400,00 INSS Folha 35,80% 60.860,00 ISS Faturamento 4,00% 48.000,00 TOTAL 315.710,00 Tabela 8. Lucro Real II Neste exemplo percebe-se que o Simples Nacional não é vantajoso para a empresa, pois paga-se mais tributos do quea opção pelo Lucro Real. Às vezes, pode ocorrer que dois contribuintes, exercendo atividades semelhantes, possam pagar valores diferentes, um menor imposto que o outro. Isso pode gerar uma crença de que um esteja cometendo infração ao pagar menos. Em certas ocasiões pode estar errado o contribuinte que paga mais em consequência de má administração, falhas 011 - 027 Janus, Lorena, n.13, Jan./Jun., 2011. p.26 contábeis e por não enquadrar a empresa em vantagens fiscais permitidas por lei. Com isso, buscamos demonstrar que o planejamento é uma ferramenta importante e que possibilita resultados positivos quando bem aplicado e com responsabilidade. CONSIDERAÇÕES FINAIS A pesquisa aqui apresentada mostrou que o planejamento é uma ferramenta importante e que possibilita resultados positivos quando bem aplicado e com responsabilidade. Os administradores que não se atentarem para a importante ferramenta; planejamento tributário, podem perder o controle de seus custos e se tornarem incapazes de cumprir a lei e deveres para com a sociedade. Por falta desse controle, os administradores, para a sobrevivência da empresa, muitas vezes acabam optando pela evasão fiscal que é a maneira ilegal de diminuir seu ônus tributário. Desse modo, lidar com a carga tributária brasileira e respectivas atividades que por ela são exigidas, pode não ser tão fácil e rápido. Não é simplesmente efetuar pagamentos de tributos, essa ação requer experiência, estudo, conhecimento; do contrário estes pagamentos desordenados de tributos, muitas vezes de tributos pagos desnecessariamente, crescerão cada vez mais, o que poderá levar a empresa à falência em pouco tempo. A economia dos tributos e as diminuições de riscos fiscais são as vantagens conquistadas pelas empresas que adotam o planejamento tributário como uma importante ferramenta no auxílio à prestação de contas e exigências da carga tributária brasileira que, não timidamente, tem se tornado cada vez mais complexa. REFERÊNCIAS CODIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. 24 ed. Rio de Janeiro: Saraiva, 2010. COELHO. F. U. Manual de Direito Comercial. 10ª ed. São Paulo: Saraiva, 1998. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. 28 ed. São Paulo: Saraiva, 2008. DOMINGUES, N. M. R. 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