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Núcleo de Telessaúde Técnico-Científico do Rio Grande do Sul Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia - PPGEPI Faculdade de Medicina - FAMED Curso de Odontopediatria Técnicas de Manejo de Comportamento – Módulo 1 Silvana Gonçalves Bragança | Jonas de Almeida Rodrigues As técnicas de manejo objetivam desenvolver na criança um comportamento mais apropriado enquanto recebe o tratamento, e ainda ajudam a criança a aprender, entender e cooperar na cadeira odontológica. Além disso, o manejo infantil ainda visa estabelecer uma comunicação com a criança, educar o paciente, construir uma relação de confiança e prevenir e aliviar o medo e a ansiedade. Técnicas de Manejo de Comportamento A comunicação deve ser estabelecida com a criança desde a sua abordagem na sala de espera. O dentista deve ir encontra-la sem máscara, luvas e touca e deve cumprimenta-la de uma maneira carinhosa, abaixando-se à sua altura e olhando em seus olhos, já na sala de espera. Neste momento, é muito importante buscar a aproximação, estabelecer contato físico, que transmite segurança à criança e traz intimidade. Técnicas de Manejo de Comportamento Deve-se estabelecer conversas com assuntos de seu interesse e de acordo com a idade, buscar sua participação e observar a sua reação (imagens de abordagem na sala de espera). Uma vez que a criança esteja relaxada e engajada na conversa, o dentista poderá iniciar as explicações sobre os procedimentos e, dependendo da idade, poderá usar seus eufemismos. Os próximos passos sobre a abordagem dos itens do consultório já entram em uma das técnicas de manejo. Técnicas de Manejo de Comportamento Vamos conhecer as seguintes técnicas de manejo do comportamento: • Dizer-mostrar-fazer. • Controle de voz. • Comunicação não verbal. • Reforço positivo. • Estabilização protetora – contenção física. • Mão sobre a boca. Técnicas de Manejo de Comportamento • técnica usada por muitos profissionais da Odontopediatria para moldar o comportamento do paciente infantil e amplamente aceita por crianças, pais e profissionais. • Envolve explicações verbais dos procedimentos em frases apropriadas ao nível de desenvolvimento do paciente (dizer). • Envolve demonstrações para o paciente dos aspectos visuais, auditivos, olfativos e táteis do procedimento em um ajuste com cuidado definido e não ameaçador (mostrar). • E, então, sem desviar da explicação e da demonstração, faz-se a conclusão do procedimento (fazer). • O dizer-mostrar-fazer é uma técnica usada junto com as habilidades de comunicação verbais e não verbais e de reforço positivo. Dizer-Mostrar-Fazer Objetivos: - Ensinar os aspectos importantes da visita odontológica. - Familiarizar o paciente com os elementos do consultório. - Moldar a resposta do paciente aos procedimentos através da dessensibilização perante expectativas bem definidas. • É indicada para uso em qualquer paciente e não possui contraindicações. • É bastante aplicada especialmente na primeira visita da criança ao consultório, onde tudo deve ser apresentado e quando devemos satisfazer todas as curiosidades da criança. Dizer-Mostrar-Fazer • Primeiro passo: abordagem na sala de espera. • Quando a criança entra no consultório, passamos a mostrar como funciona a cadeira, mostramos que ela sobe e desce e que ela também deita e senta. • A cadeira pode ser apresentada sem ela estar sentada, mas é importante também fazer com que ela sente e sinta as sensações. • Apresentação do refletor – mãos e depois na boca. Dizer-Mostrar-Fazer • Explicação sobre o uso da touca e das luvas - vesti-las na frente da criança. • Começar a apresentação dos instrumentos - mostrar que a seringa tríplice tem ar e água - jogar um jato de ar na mão e um pouco de água na cuspideira, para ela ver como funciona e, após, mostrar como são o ar e a água na boca. • Apresentação do sugador - água e sugador na mão e, depois, o sugador na boca. Neste mesmo momento, podemos fazer ela usar a cuspideira, deixando um pouco de água na boca e explicando que ela deve cuspir naquele local. Dizer-Mostrar-Fazer • Apresentação da pinça, do espelho e da sonda exploradora usando os mesmos passos - mostramos a elas e, no caso da pinça e do espelho, podemos até deixa-las manusear os instrumentos e depois mostramos na boca. • A sonda provoca um pouco mais de desconfiança pela própria aparência, por isso, podemos passar ela na sua unha, fazendo uma simulação e explicando como vamos usá-la e após, fazer o mesmo nos dentes para que ela fique mais tranquila. Dizer-Mostrar-Fazer • Apresentação da caneta de alta rotação - causa alguma ansiedade pelo barulho e pelo spray de água. • Mostramos à criança sem broca e deixamos também ela sentir o spray da caneta na sua mão e, depois, na boca. O mesmo pode ser feito com a caneta de baixa rotação. Dizer-Mostrar-Fazer • Essa técnica pode e deve ser utilizada para a apresentação de qualquer instrumento que será utilizado durante o procedimento, inclusive a seringa carpule. • Carpule: pode ser apresentada sem a agulha. • Início do procedimento - encobrir a visão da criança com uma das mãos para que ela não enxergue a agulha e, após, iniciar a anestesia. • É importante também falar sobre as sensações que a anestesia irá causar, são sensações novas para a criança e que podem provocar algum desconforto. • Não esqueça de avisar aos pais sobre o cuidado especialmente com a anestesia do nervo dentário inferior, porque as crianças costumam morder o lábio e muitas vezes provocar grandes úlceras. Dizer-Mostrar-Fazer Nunca se esqueça de que essas explicações devem ser adequadas à idade da criança. Os elementos odontológicos devem ser apresentados gradualmente, e assim promover sua familiarização antes do tratamento propriamente dito. Desta maneira, o profissional estará fornecendo informações preparatórias à criança, tornando o ambiente conhecido, e diminuindo seu medo e sua ansiedade. É fundamental durante esta etapa mostrar à criança que queremos o seu bem. Dizer-Mostrar-Fazer • É uma alteração controlada do volume, do tom ou do ritmo da voz para influenciar e dirigir o comportamento do paciente. • A expressão facial do dentista também deve refletir a atitude de confiança. • É importante que a comunicação venha de uma única fonte. Caso exista mais de uma pessoa dando orientações, o resultado pode provocar uma resposta indesejável - a criança se torna confusa. • Os pais que não são familiarizados com essa técnica devem beneficiar-se de uma explicação antes do seu uso, a fim de impedir um mal-entendido. Controle de voz Objetivos: • Ganhar a atenção e a cooperação do paciente. • Prevenir o comportamento negativo ou a recusa da criança. • Estabelecer papeis apropriados na relação adulto-criança. É uma técnica que pode ser usada em todos os pacientes e tem como contraindicação o seu uso com pacientes com problemas auditivos. Controle de voz • Se estabelece através da postura, expressão facial e linguagem corporal do profissional. • Pode funcionar como reforço para a obtenção de um comportamento apropriado da criança. • Pode ser usada em todos os pacientes e não possui contraindicações. Comunicação Não-verbal Objetivo: • Aumentar a eficácia de outras técnicas de abordagem comunicativa, como o controle de voz e o reforço positivo. • Ganhar ou manter a atenção e a cooperação do paciente. Comunicação não-verbal Objetivo: • Aumentar a eficácia de outras técnicas de abordagem comunicativa, como o controle de voz e o reforço positivo.• Ganhar ou manter a atenção e a cooperação do paciente. Reforço Positivo A maioria das crianças pode ser controlada de forma eficaz com o uso das técnicas básicas de adaptação do comportamento. Entretanto, algumas crianças apresentam-se ocasionalmente com problemas de comportamento que requerem o uso de técnicas mais avançadas. • Estas técnicas têm a intenção de facilitar a comunicação, cooperação e realização do tratamento de melhor qualidade do paciente difícil. • O uso dessas técnicas deve ser sempre precedido pela orientação e autorização dos pais, de preferência com consentimento informado e documentado no registro do paciente. • É fundamental o diagnóstico apropriado do comportamento e a execução segura e eficaz. Técnicas Avançadas ou Restritivas de Adaptação do Tratamento • A definição da estabilização protetora é a limitação da liberdade de movimentos do paciente, com ou sem a sua permissão, a fim de diminuir o risco de ferimento ao permitir a conclusão segura do tratamento. • A limitação pode envolver uma outra pessoa, um dispositivo de imobilização do paciente ou uma combinação disso. • O uso da contenção física tem o potencial de produzir sérias consequências, tais como danos físicos ou psicológicos, e devido aos possíveis riscos e consequências associados, o profissional deve avaliar completamente cada paciente envolvido no seu uso e julgar cada alternativa possível. Estabilização Protetora – contenção física • A estabilização parcial ou completa do paciente é, às vezes, necessária para proteger o dentista, a equipe ou o responsável em relação a ferimentos durante os procedimentos; • Pode ser executada pelo profissional, pela equipe de funcionários ou até mesmo pelo responsável; • Devemos sempre utilizar a estabilização menos restritiva possível, mas que seja segura, eficaz e protetora. Estabilização Protetora – contenção física A decisão para usar a contenção física deve levar em consideração: • Técnicas alternativas da orientação do comportamento; • As necessidades odontológicas do paciente; • O efeito na qualidade do tratamento dentário; • O desenvolvimento emocional do paciente. Estabilização Protetora – contenção física Os objetivos da contenção do paciente são: • Reduzir ou eliminar o movimento intempestivo; • Proteger o paciente, a equipe, o profissional ou o responsável de qualquer ferimento; • Facilitar a realização do tratamento odontológico de melhor qualidade. Estabilização Protetora – contenção física • A contenção do paciente é indicada quando o paciente requer o diagnóstico e/ou tratamento imediato e não pode cooperar devido à falta de maturidade ou incapacidade mental ou física ou quando a segurança do paciente, da equipe, do profissional ou dos responsáveis estaria em risco sem o uso da estabilização protetora. • Contraindicações: pacientes cooperativos, pacientes que não podem ser imobilizados com segurança devido a condições médicas associadas, pacientes que tiveram experiências traumáticas prévias, sejam físicas ou psicológicas epacientes com tratamento não emergencial que necessitem de consultas extensas. Estabilização Protetora – contenção física É importante ressaltar que a tensão e a duração da contenção devem ser monitoradas e avaliadas em intervalos regulares e que SE deve sempre terminar a contenção o mais cedo possível, a fim de evitar um trauma físico ou psicológico. E não esqueça de estar em constante comunicação com a criança. Estabilização Protetora – contenção física Núcleo de Telessaúde Técnico-Científico do Rio Grande do Sul Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia - PPGEPI Faculdade de Medicina - FAMED Rua Dona Laura, 320 • 11º andar • CEP 90430.090 Porto Alegre/RS - Brasil Telefone: (+5551) 3333.7025 E-mail: telessauders@ufrgs.br Skype: projeto.telessauders Site: www.ufrgs.br/telessauders Twitter/Facebook/Youtube: TelessaudeRS
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