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relatorio sistematico 10


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Caso clínico 1
O paciente durante o segundo semestre traz uma nova queixa, ela é sobre o seu incômodo com a sua inatividade. Percebo um amadurecimento e reisignificação de alguns pensamentos que anteriormente estavam fixos. Já quase não falava mais sobre a relação com a irmã, mas durante o período de férias se viu muito deprimido com o seu estado de pouca proatividade.
Durante um longo tempo na terapia o trabalho passou ser o tema da conversa, trazia sempre sobre sua insatisfação em não estar trabalhando e disse que se sentia muito perdido a respeito de qual área seguir, e também que tem um grande medo do futuro a respeito do que vai ser a sua vida depois que a sua irmã morrer, pois já não possui mais ninguém. Este medo o fez trabalhar em seu processo, pois disse que queria ser feliz em sua vida, que não queria levar mais peso.
Durante o curso da terapia percebi que algumas outras questões apareceram como demanda, dentre elas, um certo tipo de temor em estar diante de pessoas e um certo gozo em sua condição de inatividade, ora isso surgia como incômodo, ora surgia como um certo gozo. O paciente mostrou interesse em querer sair de sua condição de inatividade para com o trabalho, mas quando isso era lhe proposto na prática, o mesmo sempre dizia não estar preparado para mudanças e voltava a falar sobre as suas relações familiares e não permitindo mais tocar no assunto sobre trabalho.
Ele percebeu o lugar de desejo dele em sua família e isso lhe trouxe grande raiva e tristeza, a ponto de se tornar indiferente com as pessoas de sua casa, mas com o tempo, esta indiferença foi passando e ele começou a construir a consciência de limites 
Na relação transferencial percebi uma grande necessidade do paciente em me agradar, nunca chegava atrasado, nunca faltou e sempre tinha um ritual de no início da terapia falar que estava feliz por estar ali e depois agradecer longamente pelo momento. Esta fixação a mim muitas vezes me sufocava, pois me sentia refém de não poder desagradá-lo, e no momento em que eu saí deste lugar de adoração construído por ele, o mesmo não suportou e abandonou a terapia. Na minha contra -transferência me percebi irritada e sem paciência com os processos de ida e volta dele, bem como refletidos nos meus problemas em aceitar as minhas próprias idas e voltas.
Freud inicialmente nomeou a resistência como força da repulsão entre as relações e o recalcado e esta mesma força se ativa no tratamento impedindo o surgimento do recalcado. Depois, em 1920, ele diz que a resistência é sustentada pelo gozo sadomasoquista e pela influência desligadora da pulsão de morte, e ela se alimenta na intimidade da vida psíquica.
Freud colocou, que sem resistência não há análise, portanto, é de extrema importância para o tratamento analítico que a resistência se manifeste no setting terapêutico. Ela geralmente é manifestada através da relação transferencial em que o paciente projeta no analista a suas relações parentais, que podem ser ambivalentes, de amor e ódio ao mesmo tempo. Freud, 1920 disse que “toda vez que um elemento do complexo infantil se remete a pessoa do médico, acontece a transferência”. 
O tratamento tem se dado por meio da associação livre, em que o paciente traz livremente o que lhe vem à mente, e assim eu podendo perceber os lapsos de memória, os atos falhos e os sintomas, para poder acompanhá-lo na trajetória do que o inconsciente traz para o momento posto.
Atendimentos 
Atendimento 1
Fernando chega suado dizendo que pela primeira vez teve coragem de ir de bicicleta, disse que é muito perigoso em uma avenida na mustardinha, mas ele se arriscou e veio.
Est. E como foi para você esta experiência?
F. Foi desafiadora, fiquei com medo, mas tomei coragem e vim
Est. Você acha que valeu a pena, repetiria a dose?
F. Sim, vou tentar vir outras vezes de bicicleta.
Est. E como você passou as férias?
F. Minha rotina foi bem normal, tive muito tempo para pensar e dormi muito, eu trouxe algumas reflexões que tenho pensado para você. Tenho pensado exaustivamente até dormir, durmo a tarde toda, e a noite demoro muito para dormir.
Est. E sobre o que você tem pensado? 
F. Tenho tido muitas preocupações sobre o meu futuro, o que vai ser de mim, para o que eu vim nesta terra, por que eu existo?
Est. E quando você pensa essas coisas, o que você sente?
F. Medo, angústia, tristeza. Sinto-me afobado, impotente, como se não vejo solução para nada. Sinto desnorteamento, é desesperador.
Est. Você faz alguma coisa quando está se sentindo assim?
F. Vou dormir, dormir tem sido a minha fuga. Estive pensando muito sobre o que conversamos durante o nosso tempo no primeiro semestre, e na verdade eu ainda não me sinto pronto para encarar nenhuma pressão, minha vida já teve tanta pressão, que tenho fobia de encarar as pessoas e as dificuldades. Eu fui no psiquiatra para ele me receitar o meu remédio, mas ele faltou, agora tenho que esperar até ser remarcado de novo.
Est. Com que frequência você tem tomado remédio. 
F. Eu só tomei por três meses, mas eu quero tomar de novo.
Est. E você toma algum outro remédio normalmente?
F. Só dorflex, eu tomo umas três vezes na semana, ele me relaxa para conseguir dormir. Sabe, quando eu penso o que eu gostaria de fazer, e chego a conclusão que não tem nada que eu realmente goste, eu gosto dessa questão de línguas, mas não aquela coisa grande também, eu até pensei em voltar a trabalhar no navio, mas nesse serviço tem tantas coisas difíceis.
Est. E você acredita que existe algum trabalho que não tenha seus desafios? Estamos lidando sempre com novas coisas, sejam pessoas, tipo de serviço, uma rotina, isso é desafiante. Todas as mudanças e desafios são sempre algo a ser superado.
F. Mas eu tenho medo de não consegui encarar esses desafios, eu acho difícil demais, quero melhorar essas coisas na minha cabeça primeiro, para depois eu conseguir vencer os desafios lá fora. 
Est. Você tem percebido melhora em você evitando a experiência por estar com medo das novas experiências?
F. Para falar a verdade não, tenho me sentido inútil, e eu tenho necessidade de me sentir útil. Quero ter um objetivo, um propósito na minha vida. 
Est. Tem alguma área que você acredita que talvez você nunca tentou mas que as pessoas já falaram para você que talvez você poderia ser bom?
F. A minha prima disse que talvez se eu trabalhasse profissionalmente cuidando dos idosos, eu seria bom, porque isso eu sei fazer muito bem. Cuidei de muitos idosos da minha família.
Est. E como você se sente diante dessa possibilidade?
F. Eu não acho que seria ruim não. As vezes eu penso em estudar para concurso, mas quando eu olho os cargos dos concursos que estão abertos eu acho que não tem nada haver comigo, pelo menos cuidar eu sei fazer bem, mas é porque as vezes eu sonho com sucesso, e isso não me parece ser uma carreira de sucesso.
Est. Mas você acha que uma carreira pode ser de sucesso, se não fazemos aquilo que gostamos ou que tem haver conosco? Posso te fazer um desafio?
F. Sim, pode!
Est. Você durante esta semana pesquisar algo sobre essa área de cuidador de idosos, ou outra área que você já cogitou e me dizer o que você sentiu pesquisando sobre essas coisas. 
F. Sempre diante de uma nova proposta, eu penso no que poderia dar errado.
Est. Mas como foi que você hoje tomou a decisão de vir de bicicleta, mesmo sabendo que existia muitos riscos?
F. Eu conversei comigo, negociei. Vi que se eu viesse devagar e também por ser de dia, os riscos diminuíam.
Est. Vamos tentar esta experiência? Usando esse mesmo mecanismo que você usou? De conversar com você mesmo?
F. Eu vou tentar.
Est. Você acha que poderia fazer isso no horário que você geralmente dorme na tarde?
F. Sim, vou ter muito trabalho.
Est. Então te aguardo na próxima semana.
Atendimento 02
Est. Oi Fernando, como foi a semana?
F. Ontem foi o meu aniversário, então domingo eu saí com alguns amigos e fui ao cinema. 
Est. Parabéns!!! E você curtiu o seu aniversário? Quem são estes amigos?
F. Foi sim, a gente foi no cinema e depoislanchamos. Eu fui com aquele meu ex que somos amigos, e ele levou uns outros amigos dele.
Est. Você que os convidou?
F. Não, ele desde sábado me disse para eu não marcar nada no domingo pois iriamos sair.
Est. Qual filme vocês assistiram? 
F. Anabelle
Est. Foi você que escolheu?
F. Não, eu não queria ver esse, porque eu acredito nessas coisas de espírito e então prefiro não mexer com essas coisas espirituais. Mas eu concordei de ser este filme porque não tinha nenhum outro para assistir.
Est. Mas se houvesse outro você acha que se posicionaria?
F. Acredito que sim, pois eu falei que não queria ver esse, mas cedi porque não havia outro que eu gostasse.
Est. E na sua casa, houve alguma comemoração?
F. Minha irmã comprou um bolinho e me deu. Foi leve, na verdade eu nem gosto muito de aniversário, eu até tirei do face o dia do meu aniversario.
Est. Porque você tirou do face?
F. Porque eu acho falsidade as pessoas que você nunca fala, virem lhe cumprimentar porque é o seu aniversário. 
Est. E você não acha que é uma ferramenta que pode lhe servir como lembrete? Pois as pessoas tem a liberdade de escolher a quem escrever, e se aquela pessoa não é importante de alguma forma , não o cumprimenta. 
F. Nunca tinha pensado por este lado, mas não querem que me cumprimentem para eu não ter a obrigação de cumprimentar.
Est. Você acha que isso tem haver com as expectativas das pessoas sobre você ou suas expectativas sobre os outros?
F. Acredito que a dos outros sobre mim, não quero ter a obrigação de ter que cumprimentar as pessoas. E eu até estava pensando estes dias. Ás vezes tenho me achado tão egoísta de estar aqui só falando sempre a mesma coisa e nunca perguntei como isso é para o outro.
Est. Você está falando isso em relação a quem? 
F. Estou falando em relação a você.
Est. Eu estou aqui para isso, para te ouvir naquilo que você ache que seja relevante trazer, mas preciso também te pontuar onde precisamos avançar.
F. Sim, isso eu entendo. 
Est. E como estão as suas relações sociais?
F. Me readaptando, voltando aos poucos. Mas ainda tenho medo de multidão e fico criando situações na minha mente que podem dar errado, mas, por exemplo, hoje vim de bicicleta e por mais que seja perigoso este medo foi superado. Tenho tido outros pensamentos também, que antes eu pensava que tinha que salvar todo mundo e agora vejo que não posso ser salvador. Eu estava vendo TV estes dias e lembrei muito de você, primeiro se falou sobre o cansaço e o esgotamento, que o cansaço você dorme e se recupera, mas o esgotamento é aquilo que não se recupera fácil.
Est. O esgotamento é quando ultrapassa os limites físico, ou emocional, ou mental que pode chegar a gerar aversão ou repulsa a atividade ou pessoa.
F. Foi exatamente isso que falaram na televisão. Falaram também que o emprego é fonte de renda, mas o trabalho é fonte de vida, e você sempre fala isso em relação ao trabalho. Mas eu ainda não me sinto preparado pra encarar as pessoas.
Est. O que você acha que as pessoas podem fazer contra você? Que poder e lugar é esse que você dá as pessoas a ponto de estar passando boa parte de sua vida evitando-as?
F. Preciso pensar mais sobre isso.
Est. Certo, então te aguardo na semana que vem. 
 
Atendimento 03
Paciente chegou 20 minutos atrasado
Est. Oi Fernando, hoje nosso atendimento será de 20 minutos devido ao horário que estamos começando, Como foi a semana?
F. Foi bem, só estou lidando com questões de saúde em casa. Minha prima não está muito bem esses dias, ela é bem magrinha, vegetariana desde novinha e eu estou percebendo ela se sucumbindo. Estes dias ela tem se sentido enjoada e não quer comer direito, quer comer pão e chá, ai eu digo tem arroz, feijão, macarrão, mas ela quer comer o pão.
Est. Ela ficou cega quando?
F. Desde que era adolescente, ela teve glaucoma e teve que extrair o globo ocular. Eu estou tentando não me envolver 
Est. Como você está fazendo para não se envolver? 
F. Sendo frio
Est. E como você se sente a respeito disso?
F. De um lado tenho vontade de sair correndo de ter que ver aquilo e pelo outro digo a mim mesmo que não posso ser egoísta. Eu sinto que a minha prima criou uma dependência de mim, ela me pergunta “você vai sair?” Mas eu vejo que por trás da pergunta ela quer dizer, e eu vou ficar só? Então eu saio e tento me desconectar, me desligar.
Est. E você consegue? Pois quando se trata de pessoas que temos vínculo é difícil não se afetar. A grande questão é se doar e saber voltar para si
F. Na verdade eu não consigo muito, mas não quero que a minha vida seja viver a vida da minha prima e da minha irmã.
Est. Você acha que poderia estar vivendo esta situação de forma diferente? Ou você acha que mesmo ela estando debilitada você poderia identificar algo que está fazendo que ela conseguisse fazer só?
F. Eu estava pensando sobre isso, por exemplo, se ela falou que não quer comer comida e quer comer pão, e eu insisti uma vez não devo estar tentando convencer ela a comer comida. Ela consegue ir até a cozinha servir a comida dela. Ela já tentou se suicidar duas vezes, uma quando era adolescente e há uns 7 anos atrás. Ela foi morar lá em casa, ainda quando era adolescente, pois nesta época do suicídio ela escreveu uma carta de despedida. O pai dela batia na minha tia e por isso ela foi morar lá em casa. 
F. E para terminar eu só quero sobrepor a situação e ser o diretor, sabe?
Est. E você consegue ser o diretor de quem?
F. Da minha vida
Est. Exatamente, a gente só consegue ser o diretor da nossa própria vida.
F. Queria te cobrar de novo o teste que você havia me falado.
Est. Estou providenciando.
Atendimento Fernando 04
Est. Oi Fernando, trouxe para você o telefone da clinica de psicologia da Nassau que você pode ligar e pegar as informações, e tenho também a opção de particular em que você ligar e também pedir informações.
F. Certo, vou ligar ainda hoje. Esta semana foi tudo normal, não tenho nada para me queixar, creio que estou vivendo em uma fase de adaptações aceitando a minha realidade e fazendo o melhor possível dela. No domingo fui pedalar 
Est. Foi acompanhado ou sozinho?
F. Fui sozinho e foi muito bom, pedalei por mais ou menos uma hora.
Est. E na sua casa, como estão as coisas?
F. Igual, minha prima continua doente, mas eu estou fazendo como você falou, deixando ela escolher, não ficando insistindo o tempo todo, pois ela é adulta e sabe escolher o que é melhor pra ela, pois percebi que da forma que eu estava indo eu ia ficar mais doente que elas. Estou tentando não me envolver?
Est. Mas você acha que tem como não se envolver? Sendo uma pessoa da sua família que está debilitada
F. Eu me expressei mal, não é que eu não queira me envolver, mas a grande questão é eu não me envolver 100% e fazer daquilo ali a minha vida. Por exemplo, eu estava no meu quarto arrumando minhas coisas e minha prima passou dizendo que estava indo descansar um pouco porque estava se sentindo tonta, mas percebi que ela podia ir simplesmente deitar, pois ela fica tonta todos os dias por causa da labirintite, mas na fala dela vi que ela queria fazer um drama e que eu ficasse com pena dela, mas eu estou percebendo isso agora, e simplesmente respondi, ok! Descanse mesmo, e não me movi, continuei fazendo as minhas coisas. 
Est. Como você faria anteriormente?
F. Iria levá-la até o quarto, sendo que ela consegue ir só, chamaria minha irmã que se apavoraria, ficaria com aquela carga o dia todo, mas estou procurando me conscientizar de que tem coisas que elas podem fazer por si sós e não precisam o tempo todo da minha ajuda. Por exemplo, antigamente para todos os lugares que eu ia eu tinha que ficar dando satisfação para a minha irmã de para onde iria e com quem estaria, se eu chegasse tarde, ela trancava o ferrolho para que eu ficasse para fora ou precisasse chama-la para abrir, pois as outras portas eu tenho a chave e o ferrolho não. Hoje só falo que vou ali e não dou muitas satisfações. 
Est. E como elas tem agido com a sua nova postura?
F. A minha prima acredito queentenda, por mais que as vezes ela faça um charminho, mas a minha irmã fecha a cara , vai dormir sem dar boa noite, fica com raiva...
Est. E qual o seu sentimento em relação a isso? 
F. Eu penso que é ela e não eu
Est. Mas e o sentimento?
F. Sinto desprezo e exclusão como ela sempre fez a vida toda. Meus pais e ela sempre me excluíram, talvez por eu ser menor, eles não me deixavam saber das coisas, 
Est. Mas você acha que como criança você deveria saber de tudo?
F. Na verdade, eles esperavam que eu fosse o Fernando que cuida da casa, que vive para eles, mas agora que não sou mais isso, ela não aceita.
Est. Você acredita que não é mais isso? 
F. Não, hoje eu escolho.
Est. E porque a sua escolha é ficar sempre em casa fazendo o que eles sempre escolheram para você?
F. Mas hoje eu saio, vou andar de bicicleta
Est. Mas onde você passa as outras 23hs do seu dia? E fazendo o que?
F. Em casa, servindo a elas, exatamente como eles queriam.
Est. Fernando no ciclo natural da vida nós somos construídos na nossa família na nossa infância e adolescência e na vida adulta passamos a construir em outros espaços, sejam eles trabalho, relacionamento afetivo, nova família, novos amigos que fazemos, enfim, passamos a afetar e sermos afetados pelos outros espaços que conquistamos por nós mesmos, e você percebeu que todas as vezes que eu cogitei a possibilidade de você conquistar novos espaços você sempre colocou que não está preparado? Seja em qualquer campo?
F. Sim, estou sendo exatamente o que eles sempre quiseram e ainda querem, onde está a minha escolha então?
Est. Pense sobre isso e durante a próxima semana conversamos.
F. Ok! Obrigada e até mais
Atendimento 05
. F.Hoje eu quase chego atrasado porque peguei um transito na mustardinha, eu calculo bem direitinho, mas hoje tinham muitos carros. 
Est. E porquê você não vem pela avenida?
F. Eu acho mais perigoso, pois os carros passam em alta velocidade. É engraçado, como as vezes fico indisposto até para pedalar mesmo sendo algo que horário de fazer, eu as vezes planejo no domingo sair as 9hs, mas até que eu venha sair é 10h:30m, pois fico pensando no que pode dar errado e dai vou me indispondo. Mas ai converso comigo como você me falou e considero menos estes pensamentos. O único lugar que eu não chego atrasado eu acho que é aqui na terapia, pois sei que é algo que estou fazendo de bem pra mim. 
Est. E quando você vai andar de bicicleta sozinho ou com os amigos não está por acaso fazendo o bem para si não?
F. Sim, mas este momento é único, é algo para eu não me sentir deslocado, encontro comigo mesmo, com o trabalho, etc. 
Est. E como você acha que pode encontrar-se consigo mesmo? 
F. Experimentando as coisas, por exemplo eu comecei há um tempo atrás a fazer aula de musica, mas tinha um dos professores que chegava sempre atrasado, e as vezes faltava e aquilo estava me incomodando, aí fui na coordenação e reclamei, mas não mudou quase nada, daí eu sai.
Est. Havia outros professores?
F. Sim, haviam mais 3 professores, e os outros eram bons
Est. Alguém mais saiu do curso?
F. Não, só eu. Mas encontrei alguns dos que ficaram e disseram que aquele professor não mudou nada. 
Est. E vc acha que eles permaneceram porque?
F. Porque nao se importavam
Est. Fernando, esta me parecendo bem recorrente na sua vida, ao primeiro sinal de frustração você sabota a experiência? Vejo você falando que quer viver experiências, mas ao sinal da primeira frustração vc abandona, vejo isso no seu relato a respeito de trabalho, e de outras experiências. 
F. Pois é, eu só nao quero passar denovo experiências das quais eu passei, de chef autoritário, de trabalho perigoso, de pessoas descompromissadas.
Est. Fernando, eu posso te garantir algo, essas experiências vão acontecer denovo, pois em qualquer instancia delas estaremos nos relacionando com pessoas,  e relações muitas vezes são difíceis. Mas cada vez que vc foge e não enfrenta, a situação se torna maior que você.
F. Mas é muito sofrido lidar com pessoas difíceis e situações difíceis
Est. E não tem sido difícil também a negação da experiências? Tenho escutado aqui a sua dor por vc nao ter trabalho, relações, amigos. Isso não dói também?
F. Sim, nao sei se estou preparado
Est. Pense nisso e semana que vem conversamos.
Caso clínico 2
A paciente de 8 anos, chegou com um encaminhamento da escola em que solicitava acompanhamento psicológico para a mesma devido a comportamentos de agressividade que a mesma apresentava e por dificuldade de aprendizado. No início a queixa se circuncidou em torno do bullying que a menina vinha sofrendo. A vó que exerce o papel de mãe também falou sobre as agressões da criança e contra a criança e a sua dificuldade de aprendizado de leitura. A criança trouxe sua queixa inicial, com a expectativa de que eu lhe ajudasse a não brigar com os colegas.
Com o curso da terapia, a demanda foi surgindo e dentre elas surgiram o contexto familiar e a influência dele na criança, em que esta é criada pela avó devido a sua mãe biológica ter problemas com drogas e o pai ter ficado por alguns anos detido, assim a avó para superar a falta dos pais teve dificuldades de colocar limites na menina, principalmente com a alimentação, então outra demanda que surgiu ao longo da terapia foi a necessidade de trabalhar a relação da criança com a comida. 
A relação com o corpo surgiu também como algo emergente a ser trabalhando, a aceitação ao próprio corpo, em que anteriormente ela não se olhava no espelho e agora ela não passa sem se olhar no espelho. Outra coisa também é a respeito da sexualidade, em que ela não aceita as mudanças no corpo, o crescimento dos pelos, desenvolvimento dos seios, e tem grande resistência a crescer, e isto se dá devido à resistência dela em relação ao fato de no futuro se casar e ter filhos.
Disse não gostar de bebês e revela várias vezes que não quer crescer, todo o desenvolvimento do tratamento tem sido ela aceitar a possibilidade de crescer. Muitas vezes quer falar como criança pequena e resiste em sair deste lugar e posição.
Ultimamente uma demanda a ser trabalhada é sobre os sentimentos que ela tem a respeito da mãe biológica, pois odeia a possibilidade de se parecer com ela.
A relação com os colegas da escola tem sido algo a ser trabalhado, pois a criança lida com o bullying, e com isso retrata a grande dificuldade de fazer amigos, é sempre muito reativa e acha que ninguém pode ser seu amigo.
Tem também uma pequena gagueira que aos poucos tem sido superada. Antes era muito ansiosa para desenvolver as atividades de acordo com o gosto dela, agora ela se sujeita a direção do tratamento.
Outra demanda que surgiu foi a respeito da criança não ter sido estimulada na leitura ou reconhecimento das letras e a terapia tem sido um canal para que ela possa também desenvolver esta área.
Na relação transferencial percebi que ela se afeiçoou a mim rápido, mas sempre tentando estar no controle, ela varia entre atitudes de afeiçoamento e as vezes de agressividade para comigo, quando tiro ela da posição do controle se sente desestruturada e faz de tudo para tomar o controle novamente.
A direção do tratamento tem se dado através da associação livre e do brincar terapêutico em que ela tem a possibilidade de se elaborar em cada brinquedo, desenho, etc, possibilitando assim acessar os conteúdos do insconsciente. 
Eliza Santa Roza (1993), diz que o brincar e o jogar são as formas básicas pelo qual a criança se comunica, assim ela inventa o mundo e elabora os impactos deste mundo em sua psique. Comenta, então que a associação livre da criança são os desenhos e os jogos. Ela diz que a imqginação cria uma realidade fictícia, em que segundo HUME, apud, ROZA diz que “a verdadeira imaginação é a produção de idéias que estão relacionadas as impressões, sendo essencial para o conhecimento, para a interpretação das experiências (p. 28) ”.
O jogo é livre, portanto a criança pode se inventar e reiventar quantas vezes ela achar necessário e da forma como quiserse expressar. Por diversas vezes a paciente usou todo o momento para o brincar livremente, pois não conseguia dizer palavras, mas expressões e falas não verbais não lhe faltaram durante a brincadeira.
Na brincadeira ela se expressou, falou de si, trocou de papéis, se alegrou, se irou e ali diante do lúdico, pode mergulhar em suas experiências e buscar soluções de enfrentamento em si mesma. 
Atendimento 1 
Vitória
Atendimento a avó
Est. Olá Edneuza, sou a Natalia, e estarei atendendo a sua neta. O que a trouxe aqui?
E. Eu a trouxe aqui porque ela é muito chorona, chora por qualquer coisa. Ele é também muito agressiva, esquecida, agitada. Se eu explico alguma coisa para ela aqui, e pergunto o que eu acabei de falar ela não sabe dizer, diz que se esqueceu. É muito briguenta e respondona também.
Est. Já houve alguma reclamação da escola?
E. Eles falaram que é para eu procurar a neuropediatra e também levar ela para o acompanhamento com a endocrinologista porque ela é gorda e gosta de comer demais. Mas você sabe como é o serviço público, a gente marca, mas demora muito para ser atendida, e é uma dificuldade minha filha, pois as vezes nem para a passagem eu tenho para ir.
Est. Ela está cursando qual série?
E. Está cursando a segunda série, ela tem oito anos.
Est. E porque você que cuida dela? Quem são os pais?
E. Ela é filha do meu filho, como uma mulher aí louca da vida, ele morou muito pouco tempo com a mãe da menina, mas eu crio Vitória desde que ela é pequena. A mãe dela teve mais 4 outras filhas, e cada uma está em um canto, ela não ficou com nenhuma.
Est. E o pai exerce a função paterna sobre ela? 
E. Sim, agora sim, pois ele saiu da prisão e virou testemunha de Jeová, agora não usa mais drogas, então ele agora está ajudando a tomar conta da menina.
Est. Ele foi preso pelo que?
E. Por roubo e também era usuário de drogas, mas fazem 04 anos que parou. Ele se converteu dentro da cadeia. Eu sou da assembleia, aí ele pediu para que eu não ficasse ensinando as coisas para a menina porque ele quer ensinar a religião dele, e não quer que a menina fique confusa.
Est. Quem são as pessoas que moram dentro da casa?
E. Eu, ele e a Vitória, somente nós três.
Est. Ele tem algum relacionamento?
E. Sim, ele está noivo e agora vai casar.
Est. E como a Vitória lida com este novo relacionamento?
E. Ela gosta muito dela, o nome da noiva dele é Márcia.
Atendimento 1
Ela chega na sala muito animada me trazendo o desenho que ela fez pra mim no momento em que ela estava na recepção, vê a sala e diz: “Nossa, que tanto de brinquedo!” Eu falo com ela que primeiramente vamos conversar e logo depois ela poderá brincar. Percebo que ela tem um pouco de dificuldade na fala, como se a fala engancha ao sair. Pergunto se ela sabe o que está fazendo ali, ela diz que não, explico que ali é um atendimento de psicologia e explico o serviço a ela. Pergunto com quem ela mora, e ela diz mamãe apontando para a porta, e papai. Pergunto se ela chama a vovó de mãe e ela me diz que as vezes sim, pois a mãe de verdade dela não cuidou dela porque vivia “mexendo” na maconha, eu perguntei sobre o pai e ela diz que ele passeia com ela e Márcia no parque Santana. Pergunto sobre a escola e ela diz que o nome da professora e que ela está aprendendo a ler e a escrever, quando pergunto sobre os amigos, ela diz que não tem, pois os colegas da escola abusam dela, chamando-a de baleia azul, de Chuck. Eu pergunto o que ela faz quando eles falam assim com ela, e ela me diz que “dá neles”, mas que eles também dão nela em todo o canto, e eu a questionei sobre se ela conta para a professora e ela diz que não adianta nada, pois a mesma não faz nada. Após essas perguntas ela me diz se já podemos ir brincar, e se eu gostava de jogos e que ela gostava muito de jogar. Começa a procurar os jogos e como não os encontra arruma os pinos do boliche para jogar e me pede ajuda para ajudá-la a montar. Ela joga a bola pela primeira vez e não consegue derrubar nenhum pino, após isso ela abandona essa brincadeira e diz que vai jogar outra coisa, eu acho para tentar mais uma vez, mas ela diz que não quer. Começa a abrir a caixa dos brinquedos e acha um telefone celular e um telefone coimo se fosse fixo, dá o fixo pra mim e diz que vai ligar e que eu devo atender. Quando eu atendo ela diz que está preparando uma festa surpresa para o meu aniversário de onze anos e que ela iria desligar para preparar as coisas, eu pergunto, mas você nem me deu tchau, ela pega o telefone de novo e me dá tchau dizendo que tem que conversar com outra amiga. Me manda ficar de costas pois está preparando a minha festa surpresa, e quando eu me viro, está a mesa bem arrumadinha com o lego, algo representando os bolos, os salgadinhos, os docinhos, etc. Tudo bem arrumado e criativo e quando ela pede para eu abrir o olho ela começa a cantar parabéns pra você tocando o pandeiro que está lá. Logo depois ela já muda a brincadeira e pega uma boneca, mas não brinca com ela, se volta para o boliche e tenta mais uma vez, mas não consegue ter a mira de acertar, mesmo estando bem perto. Me dá ordens o tempo todo durante o atendimento, quando eu falo que nosso tempo acabou e que ela precisa guardar os brinquedos, ela me diz, eu brinquei e você guarda, daí eu disse, porque nós duas brincamos, vamos guardar juntas. Aí ela me diz para guardar o boliche e a boneca porque ela iria guardar o lego, eu a pergunto onde estava a boneca e ela me diz, tá esquecida é? Após o atendimento eu lhe digo que vamos nos encontrar na semana que vem novamente, ela me dá um abraço bem apertado e diz, espere sentadinha, viu?
Atendimento 2
Est. Oi Edneusa, como passou a semana?
E. Tudo bem, essa semana ela melhorou muito. EU fiz aquilo que vc me disse sobre negociar o salgadinho para comer só no fim de semana, e ela aceitou numa boa. Eu dei mais frutas a ela, diminui a massa. 
Est. E como ela reagiu?
E. Bem, ela só fica ansiosa quando o pai diz que vai dar alguma coisa e demora a dar. Mas ele sempre cumpre o que promete, mas as vezes diz que vai esperar ela melhorar o comportamento para poder dar.
Est. E quando você tirou um pouco as massas, ela pediu mais?
E. Não, por que eu estou dando mais frutas a ela. O problema é que ela quer levar lanche de casa e ainda comer o lanche da escola. Mas por exemplo, ontem eu mandei só fruta pra ela, mandei 4 tipos de frutas: maçã, banana, laranja e melão. Mas ela nem comeu tudo.
Est. Mas talvez é mais importante dar menos quantidade, mesmo que seja saudável a fruta, pois lembre que agente esta lidando com a ansiedade dela e a compensação na comida, então de menos e perceba se ela vai pedir mais.
E. Hoje ela me disse assim, mãe eu quero levar só uma maçã de lanche, aí eu perguntei, mas não quer levar um pedaço de melão também?
Est. Mas ao invés de você oferecer mais, espere ela pedir e negocie a espera com ela. Por exemplo, dê a maçã e se ela pedir mais alguma coisa, diga para ela que esta chegando em casa, deixe ela esperar um pouquinho. 
E. Tá certo!
Est. Semana que vem eu queria atender o pai dela, seria possível ele trazê-la no próximo atendimento?
E. Poderia sim, eu já até falei com ele que alguns dias seria importante ele levar.
Est. Eu queria também o endereço e telefone da escola, pois eu queria ligar ou ir lá para entender o por quê a escola encaminhou ela para a terapia.
E. Eu vou trazer. Ela estuda aqui bem pertinho, eu já fui na escola de novo para falar que ela já me disse que os meninos estão abusando ela, e ela disse que vai dar neles. Eu já disse para ela que não é assim que se resolve as coisas, mas a escola não se posiciona. Eu fui até inclusive falar com a mãe e o pai do menino, pois ele é bem menor que ela. Eu já disse a eles que ela me disse que vai dar nele, pois ele fica chamando ela de baleia, mas não adianta.
Est. Ta certo, eu vou lá entender melhor o que está acontecendo. Vou atender ela agora.
Atendimento 2
Vitória chega na sala entregando o desenho que fez pra mim e eu pergunto sobre o jogo que ela trouxe para jogarmos, ela meresponde, não não trouxe, e eu pergunto o que era aquilo na mão dela, e ela diz nada. Aí me diz que não queria jogar ele agora. Daí eu a convido para sentar na mesa grande e ela traz a cadeira. Ela me pergunta se eu era adolescente, eu digo que sou adulta, ela me diz, mas você é mulher, mas eu digo que a vó dela também é mulher e eu lhe pergunto se era adolescente. Daí ela me diz que não, que ela era velha e eu nova. Daí explico que existe criança, adolescente, jovem, adulto e idoso. Eu digo que faremos um jogo e depois brincamos do que ela quiser. Mostro a primeira carinha e lhe pergunto sobre a carinha e ela me diz feliz, aí eu pergunto sobre o que teve de feliz em sua semana, aí ela me diz que foi ao parque Santana com o primo e que brincaram muito, eu pergunto o que mais, e ela me diz que brincou sozinha também. Mostro a segunda carinha, e ela me diz que a carinha era de tristeza, daí ela me disse que não queria falar sobre isso, eu insisto mais um pouco falando que na nossa vida existe momentos felizes e tristes, daí ela me diz sobre os abusos na escola que continuam, que o menino está chamando ela de baleia e eu pergunto o que ela faz quando os meninos fazem isso, ela me disse que da-lhe nele. Eu pergunto o que ela acha disso, ela me diz não sou baleia, baleia vive no mar e eu sou gente, criança. Eu pergunto se ela é amiga de alguma menina na escola, ela me diz que as meninas também abusam ela e que tem dia que ela nem quer ir na escola. Ela me diz para mostrar outra carinha, mostro a de choro, ela me diz que não chorou na semana, mas depois se ratifica dizendo que chorou na escola, mostro a última carinha que é da raiva e ela me diz que não tem raiva não. Depois me diz que quer colorir as carinhas e me dá duas para eu colorir e diz que vai ficar com dois. Depois me diz que vai terminar primeiro que eu, e critica o meu colorido. Durante o desenho, ela me diz que conhece o senhor que chama Jeová e que ele é o rei que vai nos levar para o paraíso, que Adão e Eva pecaram e não vão poder ir para o paraíso, mas ela vai. Diz que Jeová é o rei de toda a terra. Pergunto quem contou essa história a ela, e me diz que é verdade e que seu pai que lhe ensina no estudo da Bíblia. Depois me diz que eu nunca perguntei o que ela mais gosta de fazer e me diz que mesmo assim ela vai falar, e eu digo que gostaria de saber e ela me diz que é andar de bicicleta. Me pergunta também se ela está bonita, porque está com roupa nova, e eu lhe digo que ela ficou muito bonita.
Depois que terminamos, ela me disse que vamos brincar de escolinha, e ela me diz que eu sou aluna e ela é a professora, e abriu o caderno e me disse que eu deveria copiar do quadro, começa a escrever na cartolina e me manda copiar, eu pergunto o que la esta escrevendo, e ela me diz que eu só tenho que copiar, mas eu digo que eu preciso primeiro entender o que está escrito para depois copiar. Ela me diz que é a tia Natalia e que o nome da escola é: Lápis na mão da Silva, e eu pergunto qual o meu nome, e ela diz Macaca, palhaça, Jamile e me diz COPIA! Disse que iriamos estudar matemática e me dá uma tarefa pra casa. Digo que nosso tempo terminou e ela insiste em querer brincar mais, sou firme e ela aceita. Me dá um abraço bem apertado, sai e apaga a luz.
Atendimento 3
Chamo-a para entrar na sala e ela ja organiza as cadeiras ao redor da mesa, pois eu havia deixado prontas para o atendimento aos pais. Ne pergunta o que vamos conversar hoje e a pergunto como foi a semana dela, o que ela fez de legal, e ela me disse que brincou de bola e brincou com Camille que era a sua irmã. Pergunto a idade de Camile e ela me diz que é grande. Pergunto sobre a escola e ela me disse que brincou com Melissa sua amiga e me diz que não tem nenhum amigo menino. Pergunto como Melissa é e ela me diz que tem o cabelo liso. Eu mostro a ela as figuras de animais e digo para ela me dizer quais são e o que ela sabe sobre eles. Jacaré, cobra, porco, elefante, girafa, baleia. Pergunto sobre as cores, e os sons de cada animal, onde viviam e todos os animais ela participa bem, mas quando mostro a baleia ela me diz não, não sei, só conheço uma baleia azul, eu! Os meninos na escola me chamam de baleia. Pergunto se ela ja viu alguma baleia na televisão, eu falo que é um animal bonito que consegue nada por todo o mar, que é o maior dos animais. Falei que ela fazia um som bonito, e ela passa a interagir na conversa. Quando terminamos peço para ela escolher 3 para ela e eu escolheria 3, ela escolhe a baleia a cobra e o jacaré e digo que pode colorir  um e ela escolhe a baleia para me dar. Eu pinto o elefante e dou a ela. Peço para ela organizar a mesa, e ela organiza muito bem e sai e faz como sempre, apaga a luz e fecha a porta me deixando la dentro. Eu a chamo de volta e digo que a partir de hoje faremos diferente, eu falaria para ela quando ela pudesse sair da sala, e eu abriria a porta para ela. E ela fez do jeito que eu disse.
Atendimento 4
Ela chega na sala muito inquieta querendo mexer nas coisas, dai a convido a sentar para conversarmos antes e depois brincar. Pergunto como ela está e ela me diz que bem, pergunto sobre a escola e ela me diz que o que mais gosta é a hora do lanche e que ela come na escola e leva de casa, mas diz que leva bolacha sem recheio. Pergunto com quem  ela brinca e ela me diz que tem dois amigos, Melissa e Abraão, eu digo que legal porque agora ela tem um amigo menino e dias antes me disse que não tinha nenhum amigo homem. Pergunto o nome da professora e ela me diz que ela é africana e mandou um beijo pra mim. Ela me diz que estou bonita e me diz que sua roupa é nova, me perguntando se está bonita. Eu afirmo que sim. Digo que vamos ter uma atividade em que eu ia fazer o contorno do corpo dela no papel e depois ela podia preencher o que faltasse. Pedi que deitasse em cima do papel e ela se deita. Após eu ter terminado o contorno ela começa a repetir o que falta nela. Faz os olhos, boca , nariz e cabelo, eu digo que aquele cabelo esta mais curto do que o dela, daí me diz que vai fazer o cabelo dela pixaim, dai eu digo que é cacheado assim como o meu. Ela diz que vai fazer o piupiu, mas que não sabe como fazer, olha para a sua e desenha enchendo de pontinhos, eu pergunto se são pelinhos e ela me diz, nao é nada, eu perguntei se ela tinha pelinhos no piupiu, ela me diz que não e se torna arredia. Depois pergunto se ela quer desenhar mais alguma coisa e ela desenha o peito e a barriga, desenha o suvaco e diz que tem pelinhos e que todo mundo tem, e diz que a barriga estava cheia de comidas integrais. Eu pergunto se ela sabia que quando crescesse o corpo ia mudar, me diz que sim e que o peito vai ficar maior, e que vai emagrecer. Coloca unhas nos pés e mãos, cotovelos e joelho. Ela me pergunta se esta nua. Eu digo que sim e lhe perguntou onde ela fica nua, me diz que só quando ta tomando.banho e que só mamãe vê e papai nao pode porque é homem, mas as vezes ele vê. Digo para ele ficar em pé na frente do espelho e brincamos de o mestre mandou, e eu dizia para ela fazer os movimentos que eu fazia, ela é bem desajeitada e não tem paciência para movimentos leves e devagar.  Me diz que quer brincar de outra coisa, e então pega as varetas e diz que sabe jogar e que ela começa, mas impõe as regras do jogo pra mim e ela nao aceita as regras. Nao tem paciência quando è minha vez de jogar e diz que não quer mais aquele jogo e que ela ia pegar o brinquedo que quisesse. Eu digo que seria o ultimo, e ela me diz que não, que ela ia brinca do que ela quisesse, eu disse que não. Ela pede o piloto e desenha algo que chama de pirulito e coloca o nome do pirulito de cabeção e depois diz que é vermelho. Amassa o desenho e joga no chão. Eu digo que acabou nosso tempo e ela me do que não. Pula no meu pescoço e eu digo que ela precisava ser suave ao abraçar pois assim me machucava. Lhe abraço levemente e dou tchau. 
Chamo a mae para entrar e ela fica entrando na sala, a mae lhe dá salgadinho  para ficar calma e me diz que esta semana que não veio teve crises de choroporque a mãe nao a deixou brincar na casa da amiga, a mae me conta que esta muito cansada e eu pergunto se ela toma algum remédio e ela me diz que as vezes um para dormir, que ela toma desde que aconteceu a situação do seu marido de 22 anos de casado ter abusado dos netos, que ela teve um surto de 3 dias ficar louca, mas depois voltou ao normal e que sente muita culpa e por isso nao tem mais  alegria. Diz que não tem aposentadoria e que seu filho que esta sustentando a casa desde que o marido foi preso. Diz que se separou dele. Fala que não tem ido em sua fisioterapia porque ta sem dinheiro de passagem. Eu pergunto se ela gostaria de fazer atendimento na clinica, me diz que sim, que já ate tentou fazer outras vezes, mas sempre que começa ela piora, pois volta a pensar nas coisas. Lhe digo que seria bom. Me diz que Jennifer esta reclamando menos da escola. 
Atendimento 5
Victoria entra na sala mais quieta eu a elogia dizendo como com ela esta bonita ela se senta e eu digo que podemos conversar um pouco e depois brincamos. Ela se senta e me conta que foi na Praia com os primos e que foi legal. Trouxe sem eu perguntar que brigou com sua amiga na escola porque ela gritou com ela, pedi para ela mostrar como gritou e ela me disse que gritou dizendo: " Vitória, a provaaaaaaa". Eu pergunto se o que a amiga fez foi para ajudá-la e ela me diz que sim, mas que não gosta de grito. Ela me diz que que chamou ela de filha da mãe, eu pergunto se ela podia ter falado com amiga de uma forma mais leve que não gosta de grito que da próxima vez ela chamasse ela sem gritar. Pergunto se ela gosta da amiga, ela me diz que quem é amiga não grita. Eu falo as vezes ela gritou porque achou que você não escutou. Pergunto como estão os amigos da escola? Me fala que seus amigos são só Melissa e Abraão e me diz que o Abraão è especial. Me pergunta se podemos brincar e eu digo que trouxe uma historinha para contar. Contei a história e fiz perguntas do qual ela me respondeu conforme eu perguntei e me conta os detalhes da história. Pergunto sobre o gafanhoto e o gato e ela me diz que eles são mais e é que ninguém. Pode tocar no corpo de ninguém sem pedir autorização. Ela desenha a borboleta com as asas bem abertas. Ela pede para brincar e eu digo que ela pode escolher e ela me diz que quer um brinquedo Facil. Então escolhe um de encaixar. Eu lhe digo que hoje quando fosse na hora de embora iríamos combinar de ela sair bem de levinho sem bater à porta e apagar a luz. Ela me diz que sim. Quando digo que terminou nosso atendimento ela junta os brinquedos e deixa tudo organizado, me da um abraço sem me apertar como das outras vezes.
Atendimento ao pai
Pai espontaneamente vai ao atendimento e o chamo para entrar na sala. Ele me diz que gostaria de que eu fosse na escola porque percebe que o bullying que Victoria  está sofrendo e que teme as consequências disso, tanto na reação dele quanto no impacto disso na vida dela. Eu digo que vou tentar ir na escola. Me pontua que Jeniffer chora muito e por qualquer coisa, chora até adormecer, me diz que não cede, só que muitas vezes ela lhe cansa. Pergunto se ele diz mais sim ou não. Ele me diz que NÃOs, pois quer que ela seja pessoa direita. Eu lhe digo que sinto um pouco de medo e insegurança ao criar ela, ele me confirma dizendo que conhece o mundo da perversão  e tem muito medo que ela entre nesse mundo. Me conta que houve uma fase que ela disse que queria ser menino, mas que ele trabalhou isso nela com a ajuda das mulheres da igreja. Eu pontuo que é difícil ser menina porque a exigência sobre ser mulher é muito maior, tem que sentar de perna fechada, se cuidar melhor, não pode ser livre para brincar, e que foi nesta perspectiva que ela deve ter falado, e por isso a importância de dar-lhe mais Sim que não, pois só corrigi-lhe de um comportamento inadequado e não afirmar-lhe no certo não era positivo. Me disse que iria tentar
3 AUTOAVALIAÇÃO
Realizar autoavaliação, contemplando os seguintes itens: 
Pontualidade ( 0,5) (nos horários de plantão);
Assiduidade ( 0,5);
Participação (0,5); 
Interesse (0,5); 
Compreensão teórica dos textos (0,4);
Capacidade de escuta de si mesmo (0,5);
Capacidade de escuta do outro (relação com o(a) cliente / postura como plantonista) (0,4 );
Ética (0,4);
Vivência da supervisão (interação com os membros do grupo de supervisão e com a supervisora) (0,5);
Ressonâncias da experiência (pessoal e profissional) (0,5 ).
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Foi muito importante vivenciar estas experiências com estes pacientes que possuem subjetividades distintas, e poder ser companhia no processo deles de descoberta dos processos do inconsciente.
Cada um me desafiou a entender melhor suas subjetividades bem como a estudar o aporte teórico para lidar com cada uma delas, entendendo que o ser humano é plural e está sempre se transformando. 
Perceber os avanços e os processos de retrocesso foi de grande aprendizado para mim.
REFERÊNCIAS 
FREUD, Sigmund. "1996 Alguns mecanismos neuróticos no ciúme, na paranoia e no homossexualismo." Obras psicológicas de Sigmund Freud: edição standard brasileira. Rio de Janeiro 18 (1922).
Freud, S. (1969d). Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, Vol. 7). Rio de Janeiro: Imago.(Originalmente publicado em 1905).
ROZA, E.S. Quando brincar é dizer – A experiência psicanalítioca na Infância. Rio de Janeiro: Dumará, 1993