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DIREITO CIVIL I AULA 14

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DIREITO CIVIL I – AULA 14
DA PRESCRIÇÃO E DA DECADÊNCIA:
	São institutos que decorrem da projeção de efeitos jurídicos pelo decurso do tempo. Também dizem respeito a inércia do titular de determinada relação jurídica.
DA PRESCRIÇÃO:
	Serve para extinguir situações jurídicas (prescrição extintiva) e para consolidar relações que se perpetuam no tempo (prescrição aquisitiva).
No Direito brasileiro a prescrição aquisitiva foi tratada como usucapião e se aplicam a este as regras legais da prescrição extintiva, como as hipóteses de suspensão e interrupção do prazo prescricional.
Somente estão submetidos à prescrição os Direitos subjetivos patrimoniais. Sob o ponto de vista processual somente as ações condenatórias podem sofrer os efeitos da prescrição.
Não se pode admitir que o titular de um Direito subjetivo o utilize como forma de chantagem contra outrem.
Os Direitos subjetivos extrapatrimoniais são imprescritíveis.
Ex.: não há prazo para se exigir a cessação de uma violação à privacidade de alguém, mas há prazo para requerer reparação pecuniária pelo dano sofrido.
A prescrição neutraliza a pretensão do titular de um Direito subjetivo patrimonial, atacando a sua exigibilidade, mas ela não atinge o Direito subjetivo em si mesmo.
ELEMENTOS ESSENCIAIS:
A existência de uma pretensão que guarnece um Direito subjetivo patrimonial e que possa ser alegada pelo titular;
A inércia do titular dessa pretensão;
A manutenção dessa inércia durante um determinado lapso de tempo, previsto no próprio sistema jurídico;
A ausência de algum fato ou ato a que a lei atribua eficácia impeditiva, suspensiva ou interruptiva do curso prescricional.
NATUREZA DA PRESCRIÇÃO E A POSSIBILIDADE DE RENÚNCIA:
	É de natureza privada e via de consequência pode haver renúncia.
Pode ser expressa ou tácita e só valerá sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição de consumar; tácita é a renúncia quando de presume de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição.
A renúncia só pode acontecer após sua consumação – art. 191, CC. 
Os prazos prescricionais não podem ser alterados – art. 192, CC.
A renúncia a prescrição pode ser expressa ou tácita, judicial ou extrajudicial.
Apesar da natureza privada é permitido ao juiz conhecer ex officio a prescrição – art. 219, § 5º, CPC.
E. 295 da Jornada de Direito Civil “a revogação do art. 194 do CC pela lei 11.280/06, que determina ao juiz o reconhecimento de ofício da prescrição, não retira do devedor a possibilidade de renúncia admitida no art. 191, CC”.
CARACTERÍSTICAS:
Correlação com os direitos subjetivos patrimoniais, realçando a sua natureza privada e disponível;
(estranha) Possibilidade de pronunciamento da prescrição de ofício pelo juiz ou por provocação da parte interessada, ou do MP, a teor da redação do art. 219, § 5º, CPC.
Possibilidade de renúncia tácita ou expressa (que somente pode ocorrer após a sua consumação e desde que não prejudique a terceiros).
O INÍCIO DA CONTAGEM DOS PRAZOS PRESCRICIONAIS – (actio nata):
	O prazo não se inicia da violação do Direito subjetivo, mas sim do conhecimento da violação ou lesão ao Direito subjetivo pelo seu respectivo titular.
Súmula 278, STJ “o termo inicial do prazo prescricional na ação de indenização e a data em que o segurado teve ciência inequívoca da incapacidade laboral”.
CAUSAS SUSPENSIVAS E IMPEDITIVAS DA PRESCRIÇÃO:
Interrupção – inutilização do prazo prescricional em curso.
Suspensão – gera a paralização do prazo fluente no exato momento da ocorrência da causa.
Impeditiva – evita que a prescrição se inicie, arts. 197 a 199, CC.
Art. 200, CC.
Súm. 229, STJ.
CAUSAS INTERRUPTIVAS: Art. 202, CC.
I – arts. 219 e 617, CPC, ver § 1º, do art. 219.
II – na ação cautelar de protesto.
III – protesto realizado extrajudicialmente.
IV – habilitação do interessado no processo de inventário para partilha de bens deixados por pessoa falecida ou em procedimento judicial de falência ou insolvência.
V – por qualquer ato judicial que constitua em mora um devedor. Ex.: confissão de dívida realizada pelo devedor por meio de um documento público ou privado.
Uma vez interrompida a prescrição, voltará a fluir o prazo a partir da data do ato que a interrompeu (nas hipóteses de protesto cambial e confissão de dívida) ou no último ato do processo (para as hipóteses judiciais de interrupção), art. 202, parágrafo único, CC.
Súm. 106, STJ “não corre a prescrição pela demora do judiciário”.
A interrupção somente poderá ocorrer uma única vez – art. 202, CC, somente atinge as causas extrajudiciais considerando os efeitos pessoais da prescrição a sua interrupção por um credor não aproveita aos demais – art. 204, CC, exceto se tratando de obrigação solidária.
Pode ser alegada a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição – art. 193, CC.
Não pode ser arguida em instâncias extraordinárias STF, STJ e TST devido ao prequestionamento Súm. 153, TST.
PRAZOS PRESCRICIONAIS Arts. 205 e 206 CC.
PRESCRIÇÃO EM MATÉRIA TRIBUTÁRIA: Art. 146, III, b, CRFB c/c art. 35, § 5º, ADCT aplica-se ao crédito tributário a prescrição definida por LC CTN e não pelo CC.
O prazo prescricional é de 5 anos contados da data de sua efetiva constituição (art. 174, CTN). De outro lado o prazo decadencial para a Fazenda Pública venha a constituir crédito tributário é de 5 anos – art. 173, CTN; fluindo do 1º dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado ou da data em que se tornar efetiva a decisão que houver anulado o lançamento antes efetuado por vício.
Art. 125, III, CTN a interrupção da prescrição favorece ou prejudica a todos os demais coobrigados.
PRESCRIÇÃO EM SEDE DE DIREITO ADMINISTRATIVO:
Decreto 20.910/32 – 5 anos para ações contra a Fazenda Pública.
DECADÊNCIA:
	Também chamada de caducidade: Faz perecer o próprio direito.
Ocorre quando o direito potestativo não é exercido dentro do prazo.
Não se interrompe e não se suspende.
Não se aplica a decadência as causas suspensivas, impeditivas ou interruptivas, entretanto há uma exceção no art. 207, 1ª parte, estabelecendo que o prazo decadencial não corre contra os absolutamente incapazes (art. 208, CC).
DUAS ESPÉCIES:
Decadência ex vi legis (decadência legal), advém de previsão legal, é de ordem pública e irrenunciável. Também não se suspende ou interrompe. Exceção art. 208, CC e no CDC suspende o prazo de caducidade, por meio de reclamação do consumidor na assistência técnica.
Decadência ex voluntatis (decadência convencional ou contratual) que possui caráter de ordem privada, originada da previsão das partes em negócios jurídicos sendo renunciável e não podendo ser reconhecida de ofício pelo juiz. Ex.: prazo de garantia estabelecido em contrato: Televisor com garantia até a copa do mundo.
Deve seguir as mesmas regras da prescrição, cabe renúncia e admite suspensão ou interrupção.
É possível a incidência na mesma relação jurídica dos prazos de decadência legal e convencional.
Pode ser alegada a qualquer tempo ou grau de jurisdição.
O juiz pode reconhecer de ofício a decadência legal.

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