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aula tartuce prescricao e decadencia (1) (1)

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Prescrição e decadência (arts. 189 a 211 do Código Civil). 
1. Introdução. Fórmula identificadora de prazos (continuação)
No Código Civil de 1916, esta matéria era muito confusa porque os prazos de prescrição e decadência estavam concentrados. Já no Código Civil de 2002, ela foi muito facilitada em razão do princípio da operabilidade. 
· No CC/2002, os prazos de prescrição foram concentrados em dois artigos da Parte Geral:
· CC, art. 205: prazo geral de prescrição (10 anos).
· CC, art. 206: prazos especiais (1, 2, 3, 4 e 5 anos).
· Todos os demais prazos encontrados em outros artigos do Código Civil são de decadência.
· Além disso:
· Se o prazo for em dias, meses ou ano e dia: decadência.
· Se o prazo for em anos: prescrição ou decadência.
· O Código Civil de 2002 adotou os critérios identificadores de Agnelo Amorim Filho (Publicado na RT 300/7 e RT 744/725):
· Ação declaratória (nulidade): imprescritível.
· Ação constitutiva positiva ou negativa (anulatória): decadência.
· Ação condenatória (cobrança e reparação de danos): prescrição.
· Fórmula identificadora ("Fórmula Tartuce").
Premissas:
· 1. Identifique a forma de contagem.
· 2. Identifique o artigo do Código Civil.
· 3. Identifique a ação correspondente.
· Vejamos. No artigo 206 do Código Civil, estão os prazos especiais:
· 1 ano: seguro.
· 2 anos: alimentos.
· 3 anos: reparação civil* e aluguéis.
· 4 anos: tutela.
· 5 anos: honorários profissionais e dívidas líquidas.
Recurso mnemônico: “SARATHDL”.
*Observação: o STJ pacificou o entendimento de que a reparação civil do art. 206, §3º, V do CC[footnoteRef:1] se aplica à responsabilidade extracontratual (ato ilícito). Em relação à responsabilidade civil contratual, o STJ, na sua Segunda Seção, entendeu que o prazo é de 10 anos (art. 205 do CC[footnoteRef:2]) - ERESp 1.280.825/RJ de 2018. [1: CC, art. 206, §3º, V: “§ 3º: Em três anos: (...). V - a pretensão de reparação civil”] [2: CC, art. 205: “A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor.”] 
“EMENTA - EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO. INADIMPLEMENTO CONTRATUAL. PRAZO DECENAL. INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA. REGIMES JURÍDICOS DISTINTOS. UNIFICAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. ISONOMIA. OFENSA. AUSÊNCIA. 1. Ação ajuizada em 14/08/2007. Embargos de divergência em recurso especial opostos em 24/08/2017 e atribuído a este gabinete em 13/10/2017. 2. O propósito recursal consiste em determinar qual o prazo de prescrição aplicável às hipóteses de pretensão fundamentadas em inadimplemento contratual, especificamente, se nessas hipóteses o período é trienal (art. 206, §3, V, do CC/2002) ou decenal (art. 205 do CC/2002). 3. Quanto à alegada divergência sobre o art. 200 do CC/2002, aplica-se a Súmula 168/STJ ("Não cabem embargos de divergência quando a jurisprudência do Tribunal se firmou no mesmo sentido do acórdão embargado"). 4. O instituto da prescrição tem por finalidade conferir certeza às relações jurídicas, na busca de estabilidade, porquanto não seria possível suportar uma perpétua situação de insegurança. 5. Nas controvérsias relacionadas à responsabilidade contratual, aplica-se a regra geral (art. 205 CC/02) que prevê dez anos de prazo prescricional e, quando se tratar de responsabilidade extracontratual, aplica-se o disposto no art. 206, § 3º, V, do CC/02, com prazo de três anos. 6. Para o efeito da incidência do prazo prescricional, o termo "reparação civil" não abrange a composição da toda e qualquer consequência negativa, patrimonial ou extrapatrimonial, do descumprimento de um dever jurídico, mas, de modo geral, designa indenização por perdas e danos, estando associada às hipóteses de responsabilidade civil, ou seja, tem por antecedente o ato ilícito. 7. Por observância à lógica e à coerência, o mesmo prazo prescricional de dez anos deve ser aplicado a todas as pretensões do credor nas hipóteses de inadimplemento contratual, incluindo o da reparação de perdas e danos por ele causados. 8. Há muitas diferenças de ordem fática, de bens jurídicos protegidos e regimes jurídicos aplicáveis entre responsabilidade contratual e extracontratual que largamente justificam o tratamento distinto atribuído pelo legislador pátrio, sem qualquer ofensa ao princípio da isonomia. 9. Embargos de divergência parcialmente conhecidos e, nessa parte, não providos.”(EREsp 1280825/RJ, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Segunda Seção, julgado em 27/06/18, DJe 02/08/2018).
· Em 2019, a Corte Especial do STJ, pacificou a questão no julgamento do EREsp 1.281.594/SP.
EMENTA: “CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA NO RECURSO ESPECIAL. DISSENSO CARACTERIZADO. PRAZO PRESCRICIONAL INCIDENTE SOBRE A PRETENSÃO DECORRENTE DA RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL. INAPLICABILIDADE DO ART. 206, § 3º, V, DO CÓDIGO CIVIL. SUBSUNÇÃO À REGRA GERAL DO ART. 205, DO CÓDIGO CIVIL, SALVO EXISTÊNCIA DE PREVISÃO EXPRESSA DE PRAZO DIFERENCIADO. CASO CONCRETO QUE SE SUJEITA AO DISPOSTO NO ART. 205 DO DIPLOMA CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA PROVIDOS. I - Segundo a jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça, os embargos de divergência tem como finalidade precípua a uniformização de teses jurídicas divergentes, o que, in casu, consiste em definir o prazo prescricional incidente sobre os casos de responsabilidade civil contratual. II - A prescrição, enquanto corolário da segurança jurídica, constitui, de certo modo, regra restritiva de direitos, não podendo assim comportar interpretação ampliativa das balizas fixadas pelo legislador. III - A unidade lógica do Código Civil permite extrair que a expressão "reparação civil" empregada pelo seu art. 206, § 3º, V, refere-se unicamente à responsabilidade civil aquiliana, de modo a não atingir o presente caso, fundado na responsabilidade civil contratual. IV - Corrobora com tal conclusão a bipartição existente entre a responsabilidade civil contratual e extracontratual, advinda da distinção ontológica, estrutural e funcional entre ambas, que obsta o tratamento isonômico. V - O caráter secundário assumido pelas perdas e danos advindas do inadimplemento contratual, impõe seguir a sorte do principal (obrigação anteriormente assumida). Dessa forma, enquanto não prescrita a pretensão central alusiva à execução da obrigação contratual, sujeita ao prazo de 10 anos (caso não exista previsão de prazo diferenciado), não pode estar fulminado pela prescrição o provimento acessório relativo à responsabilidade civil atrelada ao descumprimento do pactuado. VI - Versando o presente caso sobre responsabilidade civil decorrente de possível descumprimento de contrato de compra e venda e prestação de serviço entre empresas, está sujeito à prescrição decenal (art. 205, do Código Civil). Embargos de divergência providos.” (EREsp 1281594 /SP - EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES. Rel. para Acórdão Ministro FELIX FISCHER. CE - CORTE ESPECIAL. Julgado em 15/05/2019. DJe 23/05/2019).
Os prazos para anulação dos negócios jurídicos são sempre decadenciais:
· CC, art. 178[footnoteRef:3]: 4 anos. [3: CC, art. 178: “É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado: I - no caso de coação, do dia em que ela cessar; II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico; III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade”.] 
· CC, art. 179[footnoteRef:4]: 2 anos. [4: CC, art. 179: “Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato”.] 
· CC, art. 1.649[footnoteRef:5]: 2 anos. [5: CC, art. 1.649: “A falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando necessária (art. 1.647), tornará anulável o ato praticado, podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois anosdepois de terminada a sociedade conjugal”.] 
O artigo 496 do Código Civil prevê que é anulável a venda de ascendente para descendente se não houver autorização dos demais descendentes e do cônjuge do alienante.
CC, art. 496: “É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido”.
Conforme a Súmula n. 494 STF[footnoteRef:6], o prazo seria o prescricional de 20 anos. No entanto, toda a doutrina tem o enunciado como cancelado, pois se aplicaria o art. 179 do Código Civil (2 anos). Nesse sentido, o Enunciado n. 368 – IV Jornada de Direito Civil[footnoteRef:7]. [6: S. 494 STF: “A ação para anular venda de ascendente a descendente, sem consentimento dos demais, prescreve em vinte anos, contados da data do ato, revogada a Súmula nº 152”.] [7: Enunciado 368, IV JDC:“O prazo para anular venda de ascendente para descendente é decadencial de dois anos (art. 179 do Código Civil)”.] 
Observação: a ação de alimentos é essencialmente declaratória e, portanto, imprescritível. Porém, prescreve em dois anos, a contar dos respectivos vencimentos, a pretensão para cobrança de alimentos fixados por acordo ou sentença (CC, art. 206, § 2º[footnoteRef:8]). Trata-se de prescrição parcial, pois não atinge toda a pretensão. [8: CC, art. 206, §2º: “ Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem.”] 
· Atenção: a pretensão que se diferencia da prescrição parcial é a prescrição nuclear, pois esta atinge toda a pretensão.
Súmula 149 do STF[footnoteRef:9]: é imprescritível a ação investigatória de paternidade (declaratória), mas não o é a ação de petição de herança (condenatória). [9: Súmula 149 STF: “É imprescritível a ação de investigação de paternidade, mas não o é a de petição de herança”.] 
O STJ tem entendido que a ação de petição de herança prescreve em 10 anos (CC, art. 205[footnoteRef:10]). [10: CC, art. 205: “A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor.”] 
Fundamentos da matéria - Matéria está relacionada com a extinção de direitos e pretensões.
· "O Direito não socorre os que dormem".
· Certeza, segurança e estabilidade.
· Boa-fé objetiva estatal - “Os direitos não são eternos”
· Punição ao negligente (é válida somente para a prescrição).
2. Regras quanto à prescrição (CC, arts. 189 a 206)
Conceito: perda da pretensão, estando relacionada a direitos subjetivos de cunho patrimonial. 
Portanto, não é a perda do direito de ação.
CC, art. 189: “Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206”.
Início do prazo de prescrição:
· Em regra:
· Enunciado n. 14 – I Jornada de Direito Civil[footnoteRef:11]. O início do prazo se dá com o surgimento da pretensão, que ocorre com a violação ao direito subjetivo. Trata-se da “actio nata” objetiva (Savigny). [11: Enunciado n. 14, I JDC: “1) O início do prazo prescricional ocorre com o surgimento da pretensão, que decorre da exigibilidade do direito subjetivo; 2) o art. 189 diz respeito a casos em que a pretensão nasce imediatamente após a violação do direito absoluto ou da obrigação de não fazer”.] 
· Cobrança: do inadimplemento.
· Reparação civil: do ato ilícito.
· Cresce na lei, na jurisprudência e na doutrina a adoção à teoria da “actio nata” subjetiva, segundo a qual o prazo prescricional terá início da ciência ou conhecimento da lesão (Câmara Leal e José Fernando Simão). 
Exemplos:
a) CDC, art. 27[footnoteRef:12]: ação de reparação de danos por acidente de consumo, havendo fato do produto ou do serviço. Possui prazo prescricional de cinco anos, contados do conhecimento da lesão e de sua autoria. [12: CDC, art. 27: “Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria”.] 
b) Súmula 278 do STJ[footnoteRef:13]: o termo inicial do prazo prescricional é a data em que o segurado teve ciência inequívoca da incapacidade laboral (laudo médico). [13: Súmula 278, STJ: “O termo inicial do prazo prescricional, na ação de indenização, é a data em que o segurado teve ciência inequívoca da incapacidade laboral”.] 
c) Súmula 573 do STJ[footnoteRef:14] (indenização por seguro DPVAT): a ciência inequívoca do caráter permanente de invalidez depende de laudo médico, em regra. [14: Súmula 573, STJ: “Nas ações de indenização decorrente de seguro DPVAT, a ciência inequívoca do caráter permanente da invalidez, para fins de contagem do prazo prescricional, depende de laudo médico, exceto nos casos de invalidez permanente notória ou naqueles em que o conhecimento anterior resulte comprovado na fase de instrução”.] 
Questão: Qual é o prazo para pleitear o seguro DPVAT? Três anos (CC, art. 206, § 3º, IX[footnoteRef:15]) (Súmula 405, STJ[footnoteRef:16]) [15: CC, art. 206, §3º, IX: “§ 3º Em três anos: (...) IX - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório.”] [16: Súmula 405, STJ: “A ação de cobrança do seguro obrigatório (DPVAT) prescreve em três anos”.] 
d) Plágio de obra cultural (REsp 1.645.746/BA): o prazo é contado da ciência do plágio pelo autor e não da publicação da obra. “EMENTA: RECURSOS ESPECIAIS. DIREITO DO AUTOR. PLÁGIO. PRESCRIÇÃO. TERMO INICIAL. PRAZO TRIENAL. DATA DA CIÊNCIA. UTILIZAÇÃO. IDEIAS. PARÁFRASES. INEXISTÊNCIA. REPRODUÇÃO. OBRA ORIGINÁRIA. DANOS MATERIAIS E MORAIS. SÚMULA Nº 7/STJ. RESPONSABILIDADE DO EDITOR. SOLIDARIEDADE LEGAL. 1. Cuida-se de recursos especiais interpostos pelo acusado do plágio e pelo editor da obra literária, em que se discutem as seguintes teses: i) termo inicial do prazo prescricional de 3 (três) anos para demandas indenizatórias por plágio; ii) sentido e alcance da proteção autoral a obra literária, prevista na Lei nº 9.610/1998; iii) redução do montante fixado a título de danos materiais e morais; iv) ilegitimidade do editor para responder por plágio e v) cabimento da responsabilidade subjetiva na hipótese. 2. O surgimento da pretensão ressarcitória nos casos de plágio se dá quando o autor originário tem comprovada ciência da lesão a seu direito subjetivo e de sua extensão. A data da publicação da obra não serve, por si só, como presunção de conhecimento do dano. 3. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, em casos envolvendo o termo inicial da prescrição das demandas indenizatórios por dano extracontratual, tem prestigiado o acesso à justiça em detrimento da segurança jurídica, ao afastar a data do dano como marco temporal. Precedentes. 4. Segundo preveem os arts. 8º, I, e 47 da Lei nº 9.610/1998, não são objeto de proteção como direito autoral as ideias, sendo livre a utilização das paráfrases, desde que não configurem reprodução literal ou impliquem descrédito à obra originária. 5. Hipótese em que ficou evidenciado o plágio, com propósito de dissimulação, ante as inúmeras reproduções literais da obra originária, com apropriação de suas estruturas argumentativas. 6. A reparação dos danos materiais engloba os danos emergentes e a diminuição potencial causada pelo plágio ao patrimônio do autor e do editor da obra originária. 7. Esta Corte tem entendimento firmado no sentido de afastar a incidência da Súmula nº 7/STJ e reexaminar o montante fixado pelas instâncias ordinárias a título de danos morais apenas quando irrisório ou abusivo, circunstâncias inexistentes no presente caso. 8. A editora, nos termos do art. 104 da Lei nº 9.610/1998, pode ser considerada solidariamente responsável pela prática de plágio, sendo desinfluente, pelo menos para aferição de sua legitimidade passiva, o exame da real extensão de sua contribuição para a prática ofensiva aos direitos autorais. 9. No caso de reprodução de obra com fraude, a Lei nº 9.610/1998, no seu art. 104, na esteira de outras leis especiais, estipula a responsabilidadesolidária de modo a privilegiar a reparação do dano. Estabelece que aquele que vender, expuser à venda, distribuir e/ou tiver em depósito obra reproduzida com fraude, com finalidade de obter lucro, condutas nas quais se insere a do editor, responderá solidariamente com o contrafator. 10. Recursos especiais não providos.” (REsp 1645746/BA, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cuevas, Terceira Turma, julgado em 06/06/17, DJe 10/08/2017).
· Não é só o “ataque” que prescreve; a exceção ou defesa também (CC, art. 190[footnoteRef:17]). [17: CC, art. 190: “A exceção prescreve no mesmo prazo em que a pretensão”.] 
Exemplo: compensação. “A” está cobrando 10 milhões de reais de “B”. Entretanto, “A” deve 5 milhões de reais para “B”. “B” faz pedido contraposto alegando compensação. No entanto, os 5 milhões estão prescritos. Será reconhecida a compensação? Não. O valor está prescrito.
· A prescrição somente decorre da lei. Só existe prescrição legal. 
· A decadência, por sua vez, pode ser legal ou convencional. 
· Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes (CC, art. 192[footnoteRef:18]). [18: CC, art. 192: “Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes”.] 
Exemplo: seguro empresarial com cláusula de prazo prescricional de seis anos. Questão: É possível alterar o prazo de 1 ano de prescrição? Não. A cláusula será nula. Fundamento: CC, art. 166, VII, 2ª parte[footnoteRef:19] (nulidade virtual). [19: CC, art. 166: “É nulo o negócio jurídico quando: (...). VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção”.] 
A alteração do prazo prescricional não poderia ocorrer nem mesmo com a entrada em vigor da Lei de Liberdade Econômica (art. 3º, VIII da Lei 13.874/2019).
CC, art. 193[footnoteRef:20]: a prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição pela parte a quem aproveita (não há preclusão). [20: CC, art. 193: “A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita”.] 
Exemplo 1: prescrição não alegada em contestação pode ser alegada em apelação (STJ - REsp n. 157.840/SP).
EMENTA: “DIREITOS CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. PRESCRIÇÃO. ESPÉCIE EXTINTIVA. ALEGAÇÃO. APELAÇÃO. POSSIBILIDADE. ART. 162, CC. SILÊNCIO EM CONTESTAÇÃO. IRRELEVÂNCIA. PRECEDENTES. RECURSO ESPECIAL. ENUNCIADO N. 7 DA SÚMULA/STJ. RECURSO DESACOLHIDO. I - A prescrição extintiva pode ser alegada em qualquer fase do processo, nas instâncias ordinárias, mesmo que não tenha sido deduzida na fase própria de defesa ou na inicial dos embargos à execução. II - A pretensão recursal, que depende do reexame de documentos apresentados nas instâncias ordinárias, não comporta análise nesta Corte, a teor do enunciado n. 7 de sua súmula”. (STJ - REsp n. 157.840/SP, Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, T4 - QUARTA TURMA, Julgado em 16/05/2000. DJ 07/08/2000 p. 109). 
Exemplo 2: a prescrição pode ser reconhecida de ofício ou a requerimento da parte em qualquer grau de jurisdição - AgInt nos EDcl no REsp 1250171 / SP.
EMENTA: “AGRAVO INTERNO. RECURSO ESPECIAL. PREPARO. LEI ESTADUAL 11.608/2003. SÚMULA N. 280/STF. REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL. SÚMULA N. 283/STF. PRESCRIÇÃO. RECONHECIMENTO DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE. AÇÃO MONITÓRIA. PRAZO QUINQUENAL. 1. "Por ofensa a direito local não cabe recurso extraordinário" (Súmula n. 280/STF). 2. "É inadmissível o recurso extraordinário, quando a decisão recorrida assenta em mais de um fundamento suficiente e o recurso não abrange todos eles" (Súmula n. 283/STF). 3. A prescrição, matéria de ordem pública, pode ser reconhecida de ofício ou a requerimento das partes, a qualquer tempo e grau de jurisdição. Precedentes. 4. Na linha da jurisprudência desta Corte, a ação monitória está subordinada ao prazo prescricional de 5 (cinco) anos. 5. Agravo interno a que se nega provimento.” (AgInt nos EDcl no REsp 1250171 / SP, Rel. Ministra Maria Isabel Gallotti, Quarta Turma, julgado em 27/04/17, DJe 05/05/17).
Exemplo 3: A prescrição pode ser reconhecida, inclusive, na instância superior, desde que haja prequestionamento (AgInt no AgRg no Ag 1.076.043/RS).
“EMENTA - AGRAVO INTERNO NO AGRAVO INTERNO. PREVIDÊNCIA PRIVADA. COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. DISTINÇÃO ENTRE HOMENS E MULHERES. PERCENTUAL. PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA ISONOMIA. RECURSO ESPECIAL. VIA INADEQUADA. REPERCUSSÃO GERAL. SOBRESTAMENTO. RECURSO REPETITIVO. SUSPENSÃO. PERÍCIA NÃO NECESSÁRIA. PRESCRIÇÃO. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. VIOLAÇÃO AO ART. 535. NÃO OCORRÊNCIA. 1. O reconhecimento da repercussão geral não determina o sobrestamento dos processos em que se discute o mesmo tema ou dos recursos neles interpostos, salvo, evidentemente, os recursos extraordinários. Precedentes da Corte Especial. 2. A suspensão de recursos prevista no art. 1037, II, do CPC/2015 (correspondente ao art. 543-C do CPC/1973), destina-se aos Tribunais Regionais Federais e aos Tribunais de Justiça dos Estados, não se aplicando aos processos já encaminhados ao STJ, por ausência de previsão legal. Precedentes. 3. Não configura violação ao art. 535 do CPC/1973 a decisão que examina, de forma fundamentada, todas as questões submetidas à apreciação judicial. 4. O pedido para afastar aplicação de percentuais distintos no cálculo dos proventos de aposentadoria complementar para homens e mulheres não demanda a realização de perícia atuarial. 5. O exame no âmbito do recurso especial de questões de ordem pública susceptíveis de serem conhecidas de ofício em qualquer tempo e grau de jurisdição, como é o caso da prescrição, não prescinde seja atendido o requisito do prequestionamento. 6. O recurso especial não é a via adequada para examinar suposta violação a dispositivo constitucional. 7. Agravo interno a que se nega provimento.”(AgInt no AgRg no Ag 1.076.043/RS, Rel. Ministra Maria Isabel Gallotti, Quarta Turma, julgado em 15/08/17, DJe 21/08/17).
Prescrição de ofício: tem origem inicial na revogação do artigo 194 do Código Civil de 2002[footnoteRef:21] e na alteração do art. 219 do CPC de 1973. Isso ocorreu por força da Lei 11.280/2006. [21: CC, art. 194: “O juiz não pode suprir, de ofício, a alegação de prescrição, salvo se favorecer a absolutamente incapaz”. (Revogado pela Lei nº 11.280, de 2006).] 
· O sistema anterior vedava a prescrição de ofício, admitindo-a somente em benefício de absolutamente incapaz.
· O CPC de 2015 reproduziu a regra do CPC de 1973, tratando do conhecimento de ofício da prescrição e da decadência (CPC, arts. 332, § 1º[footnoteRef:22] e 487, II[footnoteRef:23]). [22: CPC, art. 332, § 1º: “Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar: (...) §1º O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição”.] [23: CPC, art. 487: “Haverá resolução de mérito quando o juiz: (...) II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição.”] 
Questão: se há uma ação de cobrança e o juiz perceber que a dívida está prescrita, como ele deve proceder?
· Solução prática: improcedência liminar do pedido (CPC/2015, art. 332, § 1º). Julga extinta a ação sem ouvir as partes.
· Solução técnica: antes de conhecer a matéria de ofício, o juiz deve ouvir as partes (CPC/2015, art. 10: [footnoteRef:24]vedação das decisões surpresas). [24: CPC, art. 10: “O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.”] 
A solução técnica já foi adotada pelo Enunciado n. 581 – VII Jornada de Direito Civil[footnoteRef:25], o qual complementa o Enunciado 295 da IV Jornada de Direito Civil[footnoteRef:26]. [25: Enunciado 581, VII JDC: “Em complemento ao Enunciado 295, a decretação ex officio da prescrição ou da decadência deve ser precedida de oitiva das partes”.][26: Enunciado 295, IV JDC: “A revogação do art. 194 do Código Civil pela Lei n. 11.280/2006, que determina ao juiz o reconhecimento de ofício da prescrição, não retira do devedor a possibilidade de renúncia admitida no art. 191 do texto codificado.”] 
· Ver REsp n. 1.005.209/RJ.
“EMENTA - RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. PRESCRIÇÃO. DECRETAÇÃO EX OFFICIO. PRÉVIA OITIVA DA FAZENDA PÚBLICA. NULIDADE. INEXISTENTE. 1. "Apesar da clareza da legislação processual, não julgamos adequado o indeferimento oficioso da inicial. De fato, constata-se uma perplexidade. O magistrado possui uma 'bola de cristal' para antever a inexistência de causas impeditivas, suspensivas ou interruptivas ao curso da prescrição" (Nelson Rosenvald in Prescrição da Exceção à Objeção. Leituras Complementares de Direito Civil. Cristiano Chaves de Farias, org. Salvador: Edições Jus Podivm, 2007. Pág. 190) 2. A prévia oitiva da Fazenda Pública é requisito para a decretação da prescrição prevista no art. 40, § 4º, da Lei 6.830/80, bem como da prescrição referida no art. 219, § 5º, do CPC, ainda que esse último dispositivo silencie, no particular. 3. Deve-se interpretar sistematicamente a norma processual que autoriza o juiz decretar ex officio a prescrição e a existência de causas interruptivas e suspensivas do prazo que não podem ser identificadas pelo magistrado apenas à luz dos elementos constantes no processo. 4. Embora tenha sido extinto o processo em primeira instância sem a prévia oitiva da Fazenda Pública, quando da interposição do recurso de apelação, esta teve a oportunidade de suscitar a ocorrência de causa suspensiva ou interruptiva do prazo prescricional. Assim, não há que ser reconhecida a nulidade da decisão que decretou a extinção do feito. 5. A exigência da prévia oitiva do Fisco tem em mira dar-lhe a oportunidade de argüir eventuais óbices à decretação da prescrição. Havendo possibilidade de suscitar tais alegações nas razões da apelação, não deve ser reconhecida a nulidade da decisão recorrida. 6. Recurso especial não provido”. (REsp n. 1.005.209/RJ, Rel. Min. Castro Meira, Segunda Turma, julgado em 08/04/08, DJe 22/04/08).
Confirmando essa solução, há o julgamento no STJ do IAC – REsp 1.604.412/SC, o qual tratou de prescrição intercorrente:
 “EMENTA - RECURSO ESPECIAL. INCIDENTE DE ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO DE EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA. CABIMENTO. TERMO INICIAL. NECESSIDADE DE PRÉVIA INTIMAÇÃO DO CREDOR-EXEQUENTE. OITIVA DO CREDOR. INEXISTÊNCIA. CONTRADITÓRIO DESRESPEITADO. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. As teses a serem firmadas, para efeito do art. 947 do CPC/2015 são as seguintes: 1.1 Incide a prescrição intercorrente, nas causas regidas pelo CPC/73, quando o exequente permanece inerte por prazo superior ao de prescrição do direito material vindicado, conforme interpretação extraída do art. 202, parágrafo único, do Código Civil de 2002. 1.2 O termo inicial do prazo prescricional, na vigência do CPC/1973, conta-se do fim do prazo judicial de suspensão do processo ou, inexistindo prazo fixado, do transcurso de um ano (aplicação analógica do art. 40, § 2º, da Lei 6.830/1980). 1.3 O termo inicial do art. 1.056 do CPC/2015 tem incidência apenas nas hipóteses em que o processo se encontrava suspenso na data da entrada em vigor da novel lei processual, uma vez que não se pode extrair interpretação que viabilize o reinício ou a reabertura de prazo prescricional ocorridos na vigência do revogado CPC/1973 (aplicação irretroativa da norma processual). 1.4. O contraditório é princípio que deve ser respeitado em todas as manifestações do Poder Judiciário, que deve zelar pela sua observância, inclusive nas hipóteses de declaração de ofício da prescrição intercorrente, devendo o credor ser previamente intimado para opor algum fato impeditivo à incidência da prescrição. 2. No caso concreto, a despeito de transcorrido mais de uma década após o arquivamento administrativo do processo, não houve a intimação da recorrente a assegurar o exercício oportuno do contraditório. 3. Recurso especial provido. REsp 1.604.412/SC, Rel. Ministro Marco Aurélio Bellizze, Segunda Seção, julgado em 27/06/18, DJe 22/08/18).
Renúncia à prescrição (CC, art. 191[footnoteRef:27]). [27: CC, art. 191: “A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição”.] 
A renúncia à prescrição é efetivada pelo devedor, que é o beneficiário da prescrição. 
A renúncia à prescrição não é afastada pela prescrição de ofício (Enunciado n. 295 – IV Jornada de Direito Civil[footnoteRef:28]). [28: Enunciado n. 295, IV JDC: “A revogação do art. 194 do Código Civil pela Lei n. 11.280/2006, que determina ao juiz o reconhecimento de ofício da prescrição, não retira do devedor a possibilidade de renúncia admitida no art. 191 do texto codificado”.] 
Somente é possível após a consumação, não se admitindo a renúncia prévia.
 A renúncia pode ser:
· Expressa – exemplo: declaração no processo.
· Tácita: comportamento incompatível – exemplo: pagamento total ou parcial da dívida pelo devedor.
Observação: a renúncia tácita deve ser inequívoca. Não pode haver dúvidas. Fundamento: art. 114 do Código Civil[footnoteRef:29]: renúncia não admite interpretação extensiva (STJ – REsp n. 1.250.583/SP). Ementa abaixo: [29: CC. art. 114: “Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente”.] 
“EMENTA - DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EDUCACIONAIS. MENSALIDADES ESCOLARES. PRAZO PRESCRICIONAL ÂNUO. APLICAÇÃO DO ART. 178, § 6º, VII, do CC/1916. ANÁLISE SOBRE A OCORRÊNCIA DE RENÚNCIA TÁCITA. DECLARAÇÃO NO SENTIDO DE POSTERIOR APRESENTAÇÃO DE PROPOSTA DE PAGAMENTO. ATO PRATICADO NO MOMENTO DE REQUERIMENTO DO DIPLOMA DE ENSINO SUPERIOR. INEXISTÊNCIA DE RENÚNCIA. ACOLHIMENTO DA PRESCRIÇÃO. RECURSO PROVIDO. 1. Nos termos da jurisprudência consolidada desta Corte Superior, o prazo prescricional da pretensão de cobrança de mensalidades escolares vencidas até 11/1/2003 - entrada em vigor do novo Código Civil - é o estabelecido no art. 178, § 6º, VII, do CC/16. 2. A renúncia tácita da prescrição somente se perfaz com a prática de ato inequívoco de reconhecimento do direito pelo prescribente. Assim, não é qualquer postura do obrigado que enseja a renúncia tácita, mas aquela considerada manifesta, patente, explícita, irrefutável e facilmente perceptível. 3. No caso concreto, a mera declaração feita pelo devedor, no sentido de que posteriormente apresentaria proposta de pagamento do débito decorrente das mensalidades escolares, não implicou renúncia à prescrição. 4. Dessa forma, afastada a tese da renúncia à prescrição, o processo deve ser extinto, com resolução do mérito, nos termos do art. 269, IV, do Código de Processo Civil de 1973. 5. Recurso especial provido" (STJ, REsp. 1.250.583/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 03/05/2016, DJe 27/05/2016).
A prescrição pode ser impedida, suspensa ou interrompida.
· No impedimento e na suspensão, os efeitos são similares: 
· Impedimento: o prazo não começa.
· Suspensão: o prazo para. 
Observações:
· Em ambos os casos (impedimento e suspensão), o prazo continua de onde parou.
· Envolvem situações existenciais entre pessoas e não atos das partes.
· CC, arts. 197, 198 e 199[footnoteRef:30]. [30: CC, arts. 197 a 199: “Art. 197. Não corre a prescrição: I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal; II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar; III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela.
Art. 198. Também não corre a prescrição: I - contra os incapazes de que trata o 3º; II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios; III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra.
Art. 199. Não correigualmente a prescrição: I - pendendo condição suspensiva; II - não estando vencido o prazo; III - pendendo ação de evicção.”] 
· Na interrupção, o prazo para e volta ao início, o que somente pode ocorrer uma vez.
Observações:
· A interrupção envolve atos do credor ou do devedor.
· CC, art. 202[footnoteRef:31]. [31: CC, art. 202: “A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á: I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual; II - por protesto, nas condições do inciso antecedente; III - por protesto cambial; IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores; V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor. Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do processo para a interromper.”] 
Esquema:
Suspensão
	1
	2
	3
	4
	5
Interrupção. 
	1
	2
	1
	2
	3
	4
	5
Hipóteses de impedimento e suspensão (9 hipóteses).
· CC, art. 197, I: entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal. A regra também se aplica aos companheiros (Enunciado n. 296 – IV Jornada de Direito Civil[footnoteRef:32]). [32: Enunciado n. 296, IV JDC: “Não corre a prescrição entre os companheiros, na constância da união estável”.] 
· Ver REsp 1.660.947/TO.
EMENTA: “CIVIL. RECURSO ESPECIAL. RECURSO ESPECIAL INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DO NCPC. FAMÍLIA. DIVÓRCIO. PRETENSÃO DE PARTILHA DE BENS COMUNS APÓS 30 (TRINTA) ANOS DA SEPARAÇÃO DE FATO. PRESCRIÇÃO. REGRA DO ART. 197, I, DO CC/02. OCORRÊNCIA DA PRESCRIÇÃO. EQUIPARAÇÃO DOS EFEITOS DA SEPARAÇÃO JUDICIAL COM A DE FATO. RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO. 1. Aplicabilidade das disposições do NCPC, no que se refere aos requisitos de admissibilidade do recurso especial ao caso concreto ante os termos do Enunciado Administrativo nº 3, aprovado pelo Plenário do STJ na sessão de 9/3/2016: Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/15 (relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016) serão exigidos os requisitos de admissibilidade na forma do novo CPC. 2. Na linha da doutrina especializada, razões de ordem moral ensejam o impedimento da fluência do curso do prazo prescricional na vigência da sociedade conjugal (art. 197, I, do CC/02), cuja finalidade consistiria na preservação da harmonia e da estabilidade do matrimônio. 3. Tanto a separação judicial (negócio jurídico), como a separação de fato (fato jurídico), comprovadas por prazo razoável, produzem o efeito de pôr termo aos deveres de coabitação, de fidelidade recíproca e ao regime matrimonial de bens (elementos objetivos), e revelam a vontade de dar por encerrada a sociedade conjugal (elemento subjetivo). 3.1. Não subsistindo a finalidade de preservação da entidade familiar e do respectivo patrimônio comum, não há óbice em considerar passível de término a sociedade de fato e a sociedade conjugal. Por conseguinte, não há empecilho à fluência da prescrição nas relações com tais coloridos jurídicos. 4. Por isso, a pretensão de partilha de bem comum após mais de 30 (trinta) anos da separação de fato e da partilha amigável dos bens comuns do ex-casal está fulminada pela prescrição. 5. Recurso especial não provido.” (REsp 1660947 / TO. Rel. Ministro MOURA RIBEIRO. T3 - TERCEIRA TURMA. Julgado em 05/11/2019. DJe 07/11/2019).
· CC, art. 197, II: entre ascendentes (pais) e descendentes (filhos), durante o poder familiar. Regra: cessa quando o filho completa 18 anos.
· CC, art. 197, III: entre tutores e tutelados, curadores e curatelados.
· CC, art. 198, I: contra os absolutamente incapazes (art. 3º do CC: só os menores de 16 anos).
· CC, art. 198, II: contra os ausentes do País em serviço público. 
Questão: a regra se aplica ao ausente morto? Conforme o Enunciado n. 156 da III Jornada de Direito Civil[footnoteRef:33], sim. [33: Enunciado n. 156, III JDC: “Desde o termo inicial do desaparecimento, declarado em sentença, não corre a prescrição contra o ausente”.] 
· CC, art. 198, III: contra os que estiverem servindo nas Forças Armadas em tempos de guerra. 
Observação: poderá ser aplicado no caso de Forças de Paz da ONU.
· CC, art. 199, I: pendendo condição suspensiva. 
Exemplo: Súmula 229, STJ[footnoteRef:34]: pedido de pagamento de indenização à seguradora suspende o prazo de prescrição até que o segurado tenha ciência inequívoca da decisão. [34: Súmula 229, STJ: “O pedido do pagamento de indenização à seguradora suspende o prazo de prescrição até que o segurado tenha ciência da decisão”.] 
· CC, art. 199, II: não estando vencido o prazo (para pagamento da dívida).
· CC, art. 199, III: pendendo ação de evicção.
Hipóteses de interrupção da prescrição:
Conforme o art. 202, caput do Código Civil[footnoteRef:35], a interrupção só pode ocorrer uma vez. [35: CC, art. 202: “A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:”.] 
· CC, art. 202, I: pelo despacho do juiz que, mesmo incompetente, ordenar a citação. 
O dispositivo acima entrava em conflito com o art. 219, § 1º do CPC/73, o qual determinava que a interrupção ocorreria com a citação válida e retroagiria à data da propositura da ação. O CPC de 2015 resolveu o problema no art. 240, §1º[footnoteRef:36], o qual prevê que a interrupção ocorre com o despacho do juiz que ordena a citação, retroagindo à data da propositura da ação. [36: CPC, art. 240, caput e §1º: “A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente, induz litispendência, torna litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor, ressalvado o disposto nos arts. 397 e 398 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil)
§ 1º A interrupção da prescrição, operada pelo despacho que ordena a citação, ainda que proferido por juízo incompetente, retroagirá à data de propositura da ação”.] 
· CC, art. 202, II: protesto judicial.
· CC, art. 202, III: protesto cambial/cambiário (Cartório de Protesto). Está cancelada a Súmula 153 do STF,[footnoteRef:37] que previa o contrário. [37: Súmula 153 do STF: “Simples protesto cambiário não interrompe a prescrição”. CANCELADA.] 
Problema que também ocorre nos incisos posteriores: o protesto cambial interrompe a prescrição. 
Questão: E a ação posterior de cobrança? É de se reconhecer a dualidade das interrupções em alguns casos (Caio Mário).
· O professor Flávio Tartuce entende que a ação posterior é uma condição suspensiva.
· CC, art. 202, IV: apresentação do título de crédito em concurso de credores (exemplo: processo de falência) ou em juízo de inventário (habilitação de crédito).
· CC, art. 202, V: por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor. Cuidado: Notificação extrajudicial, não.
· CC, art. 202, VI: atos do devedor, judiciais ou extrajudiciais, que importem em reconhecimento da dívida (desde que inequívocos). Exemplos: pagamento da dívida, pagamento dos juros e até uma mera troca de correspondência.
Observação final: prescrição intercorrente é aquela que se dá no curso do processo (Processo “morto” - arquivo). Há a hipótese de suspensão da prescrição antes do seu reconhecimento (CPC, art. 921[footnoteRef:38]). [38: CPC, art. 921: “Suspende-se a execução: I - nas hipóteses dos arts. 313 e 315, no que couber; II - no todo ou em parte, quando recebidos com efeito suspensivo os embargos à execução; III - quando o executado não possuir bens penhoráveis;
IV - se a alienação dos bens penhorados não se realizar por falta de licitantes e o exequente, em 15 (quinze) dias, não requerer a adjudicação nem indicar outros bens penhoráveis; V - quando concedido o parcelamento de que trata o art. 916. § 1º: Na hipótese do inciso III, o juiz suspenderá a execução pelo prazo de 1 (um) ano, durante o qual se suspenderá a prescrição. § 2º: Decorrido o prazo máximo de 1 (um) ano sem que seja localizado o executado ou que sejam encontrados bens penhoráveis, o juiz ordenaráo arquivamento dos autos. § 3º: Os autos serão desarquivados para prosseguimento da execução se a qualquer tempo forem encontrados bens penhoráveis. § 4º: Decorrido o prazo de que trata o § 1o sem manifestação do exequente, começa a correr o prazo de prescrição intercorrente. § 5º: O juiz, depois de ouvidas as partes, no prazo de 15 (quinze) dias, poderá, de ofício, reconhecer a prescrição de que trata o § 4o e extinguir o processo”.] 
3. Regras quanto à decadência (CC, arts. 207 a 211)
Conceito: é a extinção de um direito potestativo.
· Direito potestativo é aquele que se contrapõe a um estado de sujeição, “encurralando” a outra parte.
A decadência, em regra, não pode ser impedida, suspensa ou interrompida (CC, art. 207[footnoteRef:39]). [39: CC, art. 207: “Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição”.] 
Exceção (CC, art. 208[footnoteRef:40]): não corre a decadência contra os absolutamente incapazes. [40: CC, art. 208: “Aplica-se à decadência o disposto nos arts. 195 e 198, inciso I”.] 
A decadência pode ser:
· Legal Exemplo: art. 178 do CC[footnoteRef:41]. [41: CC, art. 178: “É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado: I - no caso de coação, do dia em que ela cessar; II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico; III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.”] 
· Convencional/contratual – Exemplo: garantia dada pelo vendedor contra vícios redibitórios (CC, art. 446[footnoteRef:42]). [42: CC, art. 446: “Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de cláusula de garantia; mas o adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena de decadência”.] 
Segundo Caio Mário, a decadência convencional/contratual equivaleria à prescrição. Esse entendimento foi adotado pelo CC/2002 originalmente. Esse entendimento, entretanto, caiu em 2006. Se Caio Mário estivesse vivo, teria que rever os seus conceitos.
CC, art. 209[footnoteRef:43]: é nula a renúncia à decadência legal. A decadência convencional pode ser renunciada (similar à prescrição). [43: CC, art. 209: “É nula a renúncia à decadência fixada em lei”.] 
CC, art. 210[footnoteRef:44]: o juiz deve conhecer de ofício a decadência legal – CPC, art. 10 (ouvir as partes antes). [44: CC, art. 210: “Deve o juiz, de ofício, conhecer da decadência, quando estabelecida por lei”.] 
CC, art. 211[footnoteRef:45]: a decadência convencional não pode ser conhecida de ofício (deve ser alegada pela parte). [45: CC, art. 211: “Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação”.] 
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