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Relação de equivalência 1 Relação de equivalência este capítulo, vamos definir o que vem a ser uma relação de equivalência em A , onde A é um conjunto qualquer. A definição de relação de equivalência em um conjunto A é extremamente importante, e desempenha hoje um papel em quase toda parte da matemática. Uma relação de equivalência serve para classificar os objetos de um conjunto e são elas que produzem as partições de um conjunto. Podemos ver diariamente muitos exemplos de relações de equivalência. Em uma farmácia podemos classificar como equivalentes os remédios que têm o mesmo princípio ativo; em uma biblioteca podemos classificar como equivalentes os livros que tratam do mesmo tema etc. Objetivos • Identificar se uma dada relação é uma relação de equivalência. • Determinar as classes de equivalência de uma relação de equivalência. • Determinar a partição de um conjunto por uma relação de equivalência. TÓPICO 1: Relação de equivalência Objetivos • Identificar o algoritmo que permite calcular o ângulo entre duas retas não verticais quaisquer do plano cartesiano. • Compreender a fórmula que fornece a distância entre ponto e reta no plano cartesiano. As relações de equivalência são de extrema importância. Elas permitem classificar ou agrupar elementos de um conjunto A em subconjuntos contendo elementos equivalentes ou relacionados entre eles. Na prática, as relações de equivalência são aquilo que definimos como igualdade de objetos. Começaremos diretamente ao conceito (definição) de relação binária. Por exemplo, se 3,2,1A , então 1,3,3,3,1,2,1,1 é uma relação binária, dado que é um subconjunto de 3,3,2,3,1,3,3,2,2,2,1,2,3,1,2,1,1,1 AA Ao invés de falar de AA podemos falar de uma relação binária (relação entre dois elementos de A ) sobre o próprio A , definindo que x está relacionado com y . N Definição 1.1 Uma relação binária num conjunto A é qualquer subconjunto do produto cartesiano AA , isto é, AA . Capítulo 1 Relação de equivalência 2 Noutras palavras, dizemos que uma relação sobre um conjunto A é uma relação de equivalência se for: reflexiva, simétrica e transitiva. Por uma questão de conveniência, usaremos a notação yx para indicar que o par ordenado ,x y pertence à relação , ou seja, yxyx , Com essa nova notação, as condições acima ganham o seguinte aspecto: a) x x , para todo Ax (reflexiva), b) Se yx , então y x , para todo Ayx , (simétrica), c) Se yx e y z , então x z (transitiva). É costume adotar a notação ‘‘ ~ ’’ para uma relação de equivalência em um conjunto A . Sempre que mencionarmos uma relação de equivalência em um conjunto A , estaremos assumindo que A Φ . Por outro lado, a notação x ¿ y quer dizer que “ x não está relacionado com y ”. Exemplo 1.1 Seja 3,2,1A . Mostre que a relação AA dada por: 1,2,2,1,3,3,2,2,1,1 é de equivalência em A . Solução. Para este caso temos: Como 3,3,2,2,1,1 isto garante que xx, , para todo Ax , ou seja xx , para todo Ax . Como 1,11,1 , 2,22,2 , 3,33,3 , 1,22,1 e 2,11,2 isto garante que para todo Ayx , , xyyx ,, , ou seja, se yx , então xy , para todo Ayx , . Como 1,11,1 e 1,1 , 2,22,2 e 2,2 , 3,33,3 e 3,3 , 2,12,2 e 2,1 , 2,12,1 e 1,1 , 1,21,1 e 1,2 , 1,21,2 e 2,2 , isto garante que para todo Azyx ,, , yx, e zy, zy, . Exemplo 1.2 Seja A o conjunto de todas as retas de um dado plano. A relação ~ em A definida por x ~ )a paralela é reta (a yxyxy Mostre que ~ é uma relação de equivalência em A . Solução. Como xx , para todo Ax , tem-se x ~ x e portanto, a relação ~ é reflexiva. Se x ~ y , então yx . Consequentemente xy ou seja, y ~ x . Logo, ~ é uma relação simétrica. Se x ~ y e y ~ z , então yx e zy . Portanto, zx , ou seja, x ~ z . Logo, ∼ é uma relação transitiva. Como ∼ é reflexiva, simétrica e transitiva, então ∼ é uma relação de equivalência em A . Definição 1.2 Seja A um conjunto. Uma relação AA é chamada relação de equivalência em A se satisfaz as seguintes condições: a) ,x x , para todo Ax (propriedade reflexiva), b) Se ,x y , então ,y x , para todo Ayx , (propriedade simétrica), c) Se ,x y e ,y z , então ,x z (propriedade transitiva). Relação de equivalência 3 Exemplo 1.3 Seja A um conjunto. Mostre que a relação AA dada por: Ayxyx ,:, é de equivalência em A . Solução. Seja Ax , claramente xx, , ou seja xx , para todo Ax . Logo, a relação é reflexiva. Sejam Ayx , e yx , ou seja, yx, . Como Ayx , , é imediato que xy, , ou seja, se yx , então xy , para todo Ayx , . Logo, a relação é simétrica. Sejam Azyx ,, , yx e zy , ou seja, yx, e zy, , como Azx , , zx, , ou seja, zx , para todo Azyx ,, . Logo, a relação é transitiva. Como é reflexiva, simétrica e transitiva, então é uma relação de equivalência em A . Exemplo 1.4 Seja A um conjunto. Mostre que a relação AAS dada por: yxyxS :, é de equivalência em A . Solução. Seja Ax qualquer. Como xx temos que Sxx , , ou seja xSx , para todo Ax . Logo, a relação S é reflexiva. Sejam Ayx , e xSy , ou seja, Syx , . Como yx , é imediato que xy , ou seja, Sxy , . Assim, se xSy , então ySx , para todo Ayx , . Logo, a relação S é simétrica. Sejam Azyx ,, , xSy e ySz , ou seja, Syx , e Szy , , como , e zyyx então zx , ou seja, Szx , . Isto garante que xSz , para todo Azyx ,, . Logo, a relação S é transitiva. Como S é reflexiva, simétrica e transitiva, então S é uma relação de equivalência em A . Exemplo 1.5 Fixado um número inteiro 1n , seja a relação de congruência módulo n , ou seja, dois números inteiros a e b são ditos congruentes módulo n se ban ( n divide ba ). Usamos para a congruência a notação )(mod nba (lê-se: a é congruente a b módulo n ). Mostre que a relação de congruência é uma relação de equivalência em Z. Solução. Como 0 aa e 0 n , temos que )(mod naa , para todo a Z. Isto mostra é reflexiva. Se )(mod nba , então ban , ou seja, nkba , com k Z. Logo, knkb , com k Z, o que implica que )(mod nab e portanto, é simétrica. Finalmente, se )(mod nba e )(mod ncb , então ban e cbn , o que significankba e nqcb , com qk, Z. Assim, qkncbbaca com qk Z. Isso nos diz que can , isto é, )(mod nca e a relação é transitiva. Existe uma forma alternativa de se pensar relações de equivalências. Para isto, precisamos de duas definições. A definição de partição de um conjunto não vazio e a definição de classes de equivalência. Em geral, visualizamos um conjunto pelos seus elementos. Uma relação de equivalência em um conjunto permite visualizar o conjunto por meio dos seus subconjuntos chamados classes de equivalência. Relação de equivalência 4 Exemplo 1.6 Seja 5,4,3,2,1A e a relação de equivalência AA dada por: 2,3,3,2,3,5,5,3,2,5,5,2,5,5,4,4,3,3,2,2,1,1 Determine as classes de equivalência 1 , 2 , 3 , 4 .e 5 . Solução. Por definição, • 11,:1:1 xAxxAx • 5,3,22,:2:2 xAxxAx • 5,3,23,:3:3 xAxxAx • 44,:4:4 xAxxAx • 5,3,25,:5:5 xAxxAx Exemplo 1.7 Sejam A C e ~ uma relação definida em C por: z ~ wzw Mostre que, ∼ é uma relação de equivalência sobre C e descreva a classe de equivalência i1 . Solução. Como zz , para todo x C, tem-se z ~ z e portanto, a relação ~ é reflexiva. Se z ~ w , então wz . Consequentemente zw ou seja, w ~ z . Logo, ~ é uma relação simétrica. Se z ~ w e w ~ t , então wz e tw . Portanto, tz , ou seja, z ~ t . Logo, ∼ é uma relação transitiva. Como ∼ é reflexiva, simétrica e transitiva, então ∼ é uma relação de equivalência em C. Por definição, iiyxCiyxiiyxCiyxi 1:1~:1 ou seja, 2:1 22 yxCiyxi Isto significa que, a classe de equivalência i1 é um círculo centrado na origem de raio 2. Veja a Figura 1. Figura 1: Círculo centrado na origem de raio 2. Definição 1.3 Sejam A um conjunto não vazio, AA uma relação de equivalência em A e Aa . Definimos a classe de equivalência do elemento Aa , denotada a , por: axAxa : Relação de equivalência 5 Fonte: autor (2017) Seja uma relação de equivalência em um conjunto A . O teorema a seguir nos mostra que as classes de equivalência de dois elementos de A ou são idênticas ou são disjuntas. Demonstração. 1. ( ) suponhamos que yx para todo Ayx , . Como yxx , então yx . Isto yx , para todo Ayx , . ( ) suponhamos que yx para todo Ayx , . Para todo xz , temos xz . Da hipótese yx . Daí, temos: xz e yx . Como é uma relação de equivalência, vale a propriedade transitiva e temos: xz e yzyx Como yz , da definição de classe de equivalência temos: yz . Da definição de contido temos yx . Do mesmo modo, podemos mostrar que xy . Da igualdade de conjuntos temos yx . 2. Suponhamos por absurdo que Φ yx . Seja yxz . Então xz e yz e usando a simetria temos zx e yz e pela transitividade yx e pelo item 1. temos que yx , o que é uma contradição. 3. Como Ax , para todo Ax , então (1.1) Ax Ax U Reciprocamente, seja Ax . Como xx , então (1.2) U Ax xA Segue-se, de (1.1) e (1.2) que .Ax Ax U Teorema 1.1 Seja uma relação de equivalência em A . Então: 1. yx se, e somente se, yx , para todo Ayx , . 2. Se yx , então Φ yx . 3. .Ax Ax U Relação de equivalência 6 O teorema 1.1 nos fornece propriedades muito importantes. Ele nos fornece a ideia de que todo elemento de uma classe de equivalência x tem a mesma classe de equivalência que x , ou seja, x pode ser representado por y , para todo yx . Ele nos garante também que duas classes de equivalência distintas são disjuntas. Além disso, as classes de equivalência distintas de uma relação de equivalência de um conjunto A dão uma subdivisão de A em subconjuntos disjuntos e não-vazios, isto é, definem uma partição de A . Note que a definição 1.4 é equivalente a: cada elemento de A pertence a um e somente um elemento (ou bloco) de P . Note, também, que todo conjunto não vazio A admite as partições triviais: APAxxP 21 e : Seja A um conjunto não-vazio com um número finito de elementos. Com essa nova hipótese, as condições da definição de partição ganham o seguinte aspecto. Um conjunto 1 2, , , ,nP A A A A é uma partição de A se as seguintes condições são satisfeitas: 1. , 1,2, , ;iA i nΦ 2. , se para , 1,2, , ;i jA A i j i j nΦ 3. 1 2 .nA A A A Exemplo 1.8 Seja 7,6,5,4,3,2,1A . Mostre que 6,4,7,2,5,3,1P é uma partição de .A Mas o conjunto 7,6,5,5,4,3,2,3,2,1Q não é uma partição de .A Solução. Sejam 6,4 e 7,2, 5,3,1 321 AAA . Temos que Φ ji AA para ji onde 3,2,1, ji . Além disso, AAAA 321 Isto mostra que 6,4,7,2,5,3,1P é uma partição de .A Veja a Figura 2. Figura 2: Partição de .A Definição 1.4 Seja A um conjunto não-vazio. Dizemos que um conjunto AP é uma partição de A se as seguintes condições são satisfeitas: 1. PΦ (isto é todo elemento de P é não vazio); 2. Quaisquer dois elementos distintos de P são disjuntos (isto é ,X Y P , se X Y , então X Y Φ ); 3. A união de todos os elementos de P “reproduz” o conjunto original X P X A Relação de equivalência 7 Fonte: autor (2017) Sejam 7,6,5 e 5,4,3,2 ,3,2,1 321 AAA . Temos que 3,221 AA . Isto mostra que 7,6,5,5,4,3,2,3,2,1Q não é uma partição de .A Exemplo 1.9 Uma partição 1 2, , , ,nP A A A A é dita uma partição de ordem k se , 1,2, ,in A k i n . Supondo que 8n A , determine: a) As ordens possíveis para uma partição de .A b) O número de partições de A que têm ordem 2. Solução. a) Como A tem 8 elementos, então, as possíveis ordens para uma partição de A são os divisores naturais de 8: 1, 2, 4 e 8. a) Uma partição de ordem 2 terá 4 subconjuntos de A , cada qual com dois elementos. O número de partições possíveis é: 8,2 6,2 4,2 8! 6! 4! 1 105 4! 6!2! 2!4! 2!2! 4! C C C n Intuitivamente, utilizamos relações de equivalência no nosso cotidiano. Por exemplo, seja A um cesto de frutas e peguemos sacolas plásticas e separemos as frutas na sacola segundo a relação de equivalência: duas frutas são equivalentes se são da mesma espécie. Cada sacola, neste caso, comportará apenas frutas de mesma espécie. Cada sacola representa uma classe de equivalência. Definimos o conjunto quociente por: Observe que uma relação de equivalência em A origina um único conjunto quociente A . Além disso, o conjunto A e A não está contido um no outro, nem vice-versa, pois oselementos são distintos. Veja a Figura 3. Figura 3: Conjunto A e conjunto quociente A . Fonte: autor (2017) Exemplo 1.10 Seja 3,2,1A e a relação de equivalência AA dada por: 1,2,2,1,3,3,2,2,1,1 Determine A . Solução. Para calcular A , basta calcular as classes de equivalência de A . Por definição, • 2,11,:1:1 xAxxAx • 2,12,:2:2 xAxxAx Definição 1.5 Sejam A um conjunto não vazio e AA uma relação de equivalência em A . Definimos o conjunto quociente de A por , denotado A , por: AxxA : Relação de equivalência 8 • 33,:3:3 xAxxAx Assim, 3 ,1 A ou seja, 3 ,1,2 A Exemplo 1.11 Determine todas as relações de equivalência sobre o conjunto 1,2,3A e os respectivos conjuntos quocientes A . Solução. Para 1A temos que 1,1 é a única relação de equivalência em A , e portanto, 1 : 1 1b A b . Assim, 1A . Para 1,2A temos as seguintes relações de equivalência em A : 1 1,1 , 2,2 e 2 1,1 , 2,2 , 1,2 , 2,1 . Análise para 1 Neste caso, temos as classes de equivalências, 11 : 1 1b A b e 12 : 2 2b A b . Assim, 1 1 , 2A . Análise para 2 Neste caso, temos as classes de equivalências, 21 : 1 1,2b A b e 22 : 2 1,2b A b . Assim, 2 1,2A . Para 1,2,3A temos as seguintes relações de equivalência em A : 1 2 3 4 5 1,1 , 2,2 , 3,3 1,1 , 2,2 , 3,3 , 1,2 , 2,1 1,1 , 2,2 , 3,3 , 1,3 , 3,1 1,1 , 2,2 , 3,3 , 2,3 , 3,2 A A Análise para 1 Neste caso, temos as classes de equivalências, 1 1 , 2 2 e 3 3 . Assim, 1 1 , 2 , 3A . Análise para 2 Neste caso, temos as classes de equivalências, 1 1,2 2 e 3 3 . Assim, 2 1,2 , 3A . Análise para 3 Neste caso, temos as classes de equivalências, 2 2 e 1 3 1,3 . Assim, 3 2 , 1,3A . Análise para 4 Relação de equivalência 9 Neste caso, temos as classes de equivalências, 1 1 e 2 3 2,3 . Assim, 4 1 , 2,3A . Análise para 5 Neste caso, temos as classes de equivalências, 1 2 3 1,2,3 . Assim, 5A A . Exemplo 1.12 Usando a relação congruência (mod )x y n (lê-se: x é congruente a y módulo n ). Determine, o conjunto quociente de pela congruência módulo n . Solução. Dado x , por definição de classe de equivalência, temos : (mod )x y y x n Logo, x e y deixam o mesmo resto 0 r n na divisão por n . Portanto, se y x , então y nq r para algum q , assim, (mod )y r nq n y r r y n ou seja, y r . Isto mostra que x r , ou seja, 0,1,2, , 1x n Analogamente, podemos mostrar que 0,1,2, , 1n x . Logo, 0,1,2, , 1x n Assim, 0,1,2, , 1n . Usaremos a notação n para simbolizar o conjunto quociente de pela relação (mod )n . Exemplo 1.13 Dê exemplo de relações de equivalência em um conjunto A tais que: 1. AA (onde AA representa a partição de A pela relação de equivalência ); 2. xx , para todo Ax ; 3. A seja um conjunto infinito e o conjunto A contenha exatamente 11 elementos; 4. A seja um conjunto infinito e A também o seja um conjunto infinito. Solução. 1. Considere 1,2A e a relação de equivalência em A : 1,1 , 2,2 , 1,2 , 2,1 Neste caso, temos as classes de equivalências, 1 : 1 1,2b A b e 2 : 2 1,2b A b . Assim, 1,2A , ou seja, A A . 2. Seja a relação de equivalência definida em A pôr: a b a b Assim, para x , temos : : :x y y x y y x x x isto mostra que xx , para todo x . 3. Considere A (conjunto infinito) e a relação de equivalência em A : (mod11) 11x y x y Relação de equivalência 10 Neste caso, 11 0,1,2, ,10 e que tem 11 elementos. 4. Seja a relação de equivalência definida em A (conjunto infinito) por: a b a b Para todo x , temos que xx , para todo x . Assim, : : 0 , 1 , 2 , , ,A x x A x x x Exemplo 1.14 Mostre que a relação * definida por bcaddcba ,, para todo ca, Z e *,b d , define uma relação de equivalência em *A , onde * 0 . Compare o conjunto A com Q, o conjunto dos números racionais. Solução. Como ab ba , para todo * e a b , tem-se , ,a b a b e portanto, a relação é reflexiva. Se , ,a b c d , então ad bc . Consequentemente cb da ou seja, , ,c d a b . Logo, é uma relação simétrica. Se , ,a b c d e , ,c d e f , então ad bc e cf de , onde , ,a c e e *, ,b d e . Portanto, adf bcf e bcf bde dessa forma adf bde , como 0d , então af be e isto mostra que , ,a b e f que é uma relação transitiva. Como é reflexiva, simétrica e transitiva, então é uma relação de equivalência em *A . Dado ,a b , denotamos por a b ( a sobre b ) a classe de equivalência do par ,a b pela relação . Assim, , : , , a x y x y a b b e pelo item 1. do teorema 1.1 , , a c a b c d ad bc b d Pela definição de conjunto quociente, : e a a b b Veremos agora, que uma relação de equivalência determina uma partição sobre um conjunto. Demonstração. Seja a A . Como é uma relação de equivalência sobre A , então a a e portanto, a a , isto mostra que 0a para todo a A . Teorema 1.2 Sejam A um conjunto e AA uma relação de equivalência sobre A então, A é uma partição de A . Relação de equivalência 11 Mostraremos agora que, se ,a b A e a b , então a b Φ . Suponha por absurdo que a b Φ . Daí, existe c A tal que c a b . Da definição de classe de equivalência, e c a c b Como é uma relação de equivalência tem propriedade simétrica e, portanto, a c e temos: e a c c b Como é uma relação de equivalência tem propriedade transitiva, então a b . Pelo Teorema 1.1, a b , o que é uma contradição. Pelo item 3. do Teorema 1.1, a A a A . Logo, A é uma partição de A . Exemplo 1.15 Seja a seguinte relação de equivalência no conjunto 1,2,3,4,5A 1,1 , 2,2 , 3,3 , 4,4, 5,5 , 2,3 , 3,2 , 1,5 , 5,1 Determine uma partição de A . Solução. Neste caso, basta calcular classes de equivalências, 1 1,5 , 2 2,3 , 3 2,3 , 4 4 e 5 1,5 . Assim, 1,5 , 2,3 , 4P A é uma partição de A No teorema a seguir veremos que uma partição de um conjunto podemos associar uma relação de equivalência. Demonstração. Seja AA a relação definida por: existe tal que e x y X P x X y X Daí, temos: para todo x A , como P é uma partição de A , então X P tal que x X . Logo, x x e portanto, a relação é reflexiva. Para todo ,x y A . Da definição da relação temos: existe tal que e x y X P x X y X Como e x X y X é o mesmo que e xy X X . Neste, temos: existe tal que e x y X P y X x X Da definição da relação temos: existe tal que e X P y X x X y x Portanto: x y y x e portanto, a relação é reflexiva. Para todo , ,x y z A . Suponha que x y e y z . Da definição da relação temos: 1 1 1existe tal que e x y X P x X y X e 2 2 2existe tal que e y z X P y X z X Como 1 2 e y X y X temos que 1 2 X X Φ . Como 1 2,X X P e P é uma partição de A , então 1 2 1 2 X X X XΦ Portanto: 1 1 e x X z X . Daí, temos: Teorema 1.3 Sejam A um conjunto e AP uma partição de A , então existe uma relação AA de equivalência em A tal que A P . Relação de equivalência 12 1 1 1existe tal que e X P x X z X Da definição da relação temos: 1 1 1existe tal que e X P x X z X x z e isto mostra que é uma relação transitiva. Como é reflexiva, simétrica e transitiva, então é uma relação de equivalência em A . Agora, vamos mostrar que A P . Se X P , então existe x A tal que x X , pois X Φ ; assim, y X y x y x isto é, X x . Logo, P A . Reciprocamente, sejam x A e X o elemento de P tal que x X . Então y x y x y X isto é, x X . Logo, A P . Exemplo 1.16 Sejam 1,2,3,4,5,6A e 1 , 2 , 3,5 , 4,6P uma partição de A . Encontre a relação de equivalência em A , explicitamente como conjunto de pares ordenados. Solução. Sejam 1 1X , 2 2X , 3 3,5X e 4 4,6X . Seja AA a relação definida por: existe tal que , para 1,2,3,4 i ix y X P x y X i Isto significa que basta construir todos os pares ordenados com os elementos dos subconjuntos da partição. Veja a Figura 4. Figura 4: Partição do conjunto A . Fonte: autor (2017) Com isso, encerramos este tópico, onde vimos uma fórmula que permite calcular o ângulo entre duas retas não verticais quaisquer do plano cartesiano. No próximo tópico, Relação de equivalência 13 deduzimos uma maneira prática para calcular a área de um triângulo conhecendo-se as coordenadas de seus vértices. 1. Teste a validade das propriedades reflexiva, simétrica e transitiva para as relações em 1,2,3A dadas abaixo. Descreva a partição associada a cada relação de equivalência: a) 1,1 , 1,2 , 2,1 , 2,2 , 3,3 ; b) 1,1 , 1,2 , 2,1 , 2,2 , 2,3 ; c) 1,1 , 2,2 , 2,3 , 3,2 , 1,3 , 3,1 ; d) A A . 2. Teste a validade das propriedades reflexiva, simétrica e transitiva para as relações binárias através dos seguintes subconjuntos 2Ω (plano real): a) 2, : 0 e 0x y x yΩ ; b) 2, : 0x y xyΩ ; c) 2 2 2, : 1x y x yΩ ; 3. Seja A B fixado. Para ,X Y B , definimos X Y A X A Y Mostre que, é uma relação de equivalência em B . 4. Sejam , nA B M , onde nM é o conjunto de matrizes 2 2 com entradas reais. Definimos neste conjunto a relação dada por: 1existe uma matriz invertível tal que B A B P PAP Mostre, que é uma relação de equivalência em nM . 5. Seja :f A B uma função. Então definimos a seguinte relação em :A 1 2 1 2 1 2, , ( ) ( )x x A x x f x f x Prove que, define uma relação de equivalência no conjunto A . 6. Seja ( )D o conjunto das funções diferenciáveis em . Definimos a seguinte relação em ( )D ' ', ( ), f g D f g f g Prove que, define uma relação de equivalência no conjunto ( )D . Determine três elementos de g , onde 3( )g x x . 7. Mostre que a interseção S de duas relações de equivalências e S em um conjunto A é também uma relação de equivalência em .A Relação de equivalência 14 8. Seja 2 : , , 2 0A a b a b a b . Definimos a seguinte relação em :A x x y y . Prove que, define uma relação de equivalência no conjunto A . 9. Defina a relação em por: 2 2 é parx y x y . Prove que, é uma relação de equivalência em . 10. Sejam : 4A x x e uma relação de equivalência em A definida por 2 22 2x y x x y y Determine o conjunto quociente /A . 11. Sejam A um conjunto não vazio e 1 e 2 duas relações de equivalências em A . Prove que, se 1 2/ /A A , então 1 2 . 12. 13. 14. 15. 16. Para cada a , seja 2 2, :aA x y y a x . Mostre que :aP A a é uma partição de .
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