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ANÁLISE DO PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE DOS EFEITOS DO CONTRATO FRENTE AO CASO JURÍDICO “FAMÍLIA SCHURMANN”

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ANÁLISE​ ​DO​ ​PRINCÍPIO​ ​DA​ ​RELATIVIDADE​ ​DOS​ ​EFEITOS​ ​DO​ ​CONTRATO 
FRENTE​ ​AO​ ​CASO​ ​JURÍDICO​ ​“FAMÍLIA ​ ​SCHURMANN” 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
O presente trabalho tem como perspectiva apresentar os princípios que regem as 
relações contratuais, em especial os princípios da relatividade dos efeitos do contrato e da 
boa-fé que irá fundamentar a relação jurídica no caso exposto. No primeiro capítulo há a 
apresentação dos princípios, bem como, análise interpretativa da doutrina para com os quais, 
em seguida a exposição do caso “Família Schurmann”, manifesto no Recurso Especial nª 
1.546.140, na observância da apreciação dos princípios no caso concreto. Posteriormente, 
apresenta-se pesquisas jurisprudenciais com intuito de salientar a posição da jurisprudência 
em​ ​relação ​ ​à​ ​compreensão​ ​e​ ​interpretação​ ​dos​ ​princípios​ ​expostos,​ ​concluímos. 
 
DAS ​ ​ORIGENS ​ ​DO​ ​​ ​PRINCÍPIO​ ​DA​ ​RELATIVIDADE​ ​DOS​ ​CONTRATOS 
 
O Contrato pode ser definido como o acordo de vontades destinado a produzir 
determinados efeitos jurídicos, isto é, adquirir, resguardar, transferir, conservar ou modificar 
direitos, esses que, são designados às partes contratantes. Camila ( 2011, p.78) diz, também, 
que, “o contrato é visto como instrumento de circulação de riquezas”. Essa ligação entre 
contrato e relação econômica é tamanha que Roppo chega afirmar que sem a operação 
econômica​ ​a​ ​figura​ ​do​ ​contrato ​ ​resultaria​ ​em​ ​algo​ ​abstrato ​ ​e​ ​vazio: 
 
“ (...) é contudo, igualmente verdade que aquela formalização jurídica nunca é 
construída ( com seus caracteres específico e peculiares) como fim em si 
mesma, mas sim com vista e em função da operação econômica, da qual, 
representa, por assim dizer, o invólucro ou a veste exterior, e prescindindo da 
qual​ ​resultaria​ ​vazia,​ ​abstrata”​ ​(​ ​ROPPO,​ ​p.09​ ​) 
 
É de suma importância que, o desenvolvimento da teoria contratual também diz 
respeito ao desenvolvimento da própria sociedade, a revitalização dos princípios contratuais 
como função social do contrato, a boa-fé objetiva, e outros, são fundamentos para construção 
de uma sociedade em que as relações obrigacionais sejam efetivamente mais justas e não 
apenas​ ​teoricamente​ ​justas,​ ​o ​ ​que​ ​evidenciamos ​ ​muito​ ​na​ ​realidade. 
 
 
Em breves palavras, podemos sintetizar que o princípio da relatividade dos efeitos dos 
contratos tem por base o fundamento de que terceiros não envolvidos na relação contratual 
não estão subordinados ao efeito deste (res inter alios acta neque prodest). Assim, a eficácia 
contratual só é aplicável às pessoas que dele participam, pactuam. Santiago (2005, p. 39) 
elucida que “o estudo da relatividade dos efeitos dos contratos envolve a questão dos efeitos 
contratuais do ponto de vista subjetivo, ou seja, em relação às pessoas que esses efeitos 
atingem, no sentido ativo, passivo ou quanto à oponibilidade”. Dessa forma só estão 
obrigadas as partes contratantes, que vincularam-se pelo pacto contratual, acordo de vontades. 
Caso a obrigação seja personalíssima, não se transmite aos seus sucessores, não os 
vinculando. O ​princípio, numa acepção tradicional, gera efeitos apenas às partes dele 
participantes, podendo, em via de exceção, produzir efeitos na esfera jurídica de terceiros não 
inseridos​ ​no ​ ​vínculo​ ​contratual. 
No direito romano clássico, a natureza do vínculo obrigatório, se consistia em algo 
extremamente pessoal, exigindo desde então a relatividade dos efeitos do contrato. (“​res inter 
alios acta, allis nec prodest nec nocet”)​. Naquela época, havia também a imp​ossibilidade de 
cessão entre vivos das obrigações, pois entendia-se que, somente os sujeitos que 
participassem pessoalmente e ativamente das negociações criadoras da relação jurídica, é que 
poderiam estar vinculados aos efeitos do contrato, e portanto, não era possível determinar aos 
terceiros​ ​a​ ​cumprir​ ​obrigações​ ​pelas​ ​quais​ ​eles​ ​não​ ​tivessem​ ​se​ ​pronunciado. 
A partir da revolução burguesa do início do século XIX o contrato passou a ter 
importância na realização dos ideais de aquisição da propriedade e para outros fins, como na 
revolução industrial. A noção tanto de liberdade e de igualdade foram símbolos daquela 
época, onde todos nasciam livres, nasciam iguais, porém com o passar dos tempos, 
verificou-se que essa ideia não era verdadeira frente ao ideário e aos abusos do capitalismo, 
principalmente​ ​sobre ​ ​as​ ​trabalhadoras​ ​e​ ​trabalhadores​ ​​ ​operários 
Com as constantes mudanças, que vieram desde as sociedades primitivas até a 
sociedade atual, aponta-se a construção de grandiosos desafios aos juristas e aos operadores 
do Direito, na manutenção da coerência e do equilíbrio do nosso ordenamento jurídico. 
Construir o “novo”, em matéria de direito contratual, não pode e não deve significar destruir o 
“velho” , devendo haver convivência e ponderação de princípios contratuais clássicos, tais 
como o da força obrigatória das convenções (pacta sunt servanda), da autonomia privada 
 
 
(antes denominado de autonomia da vontade) e da relatividade dos efeitos dos contratos, com 
os princípios contratuais modernos (denominados por alguns de sociais), tais como o da 
função social dos contratos, da boa-fé objetiva e da justiça contratual (também denominado de 
equilíbrio contratual ou de revisão judicial dos contratos). Assim, Otávio Rodrigues Junior 
compreende​ ​que​ ​: 
“... é indispensável afastar uma espécie de posição pseudocientífica sobre os 
institutos e princípios do direito tradicional, quase sempre criticados pelo 
simples fato de sua antigüidade, num exercício estéril e reducionista de 
contraposição entre o velho eo novo, colocando-se este sempre em 
preeminência sobre aquele, sob o frívolo argumento de que as rerum novarum 
são, por si mesmas, melhores que as coisas do passado” ( RODRIGUES 
JUNIOR,​ ​2004,​ ​p.​ ​80) 
 
O​ ​PRINCÍPIO​ ​DA​ ​RELATIVIDADE​ ​CONTRATUAL ​ ​NA​ ​ATUALIDADE 
 
Os contratos nascem do consenso recíproco, do acordo de vontades dos contratantes, 
fruto do princípio da autonomia privada, que lhes proporciona auto regulamentar seus 
próprios interesses, tendo em vista que ninguém pode dispor de mais direito do que seja 
titular, tampouco de coisa alheia. Refoge, portanto, à lógica jurídica, que terceiros, que não 
manifestaram vontade de contratar, e efetivamente não contrataram, possam ser beneficiados 
ou prejudicados. Em sua essência, e em sua natureza jurídica, os contratos, salvo exceções, 
configura, em regra, mero “direito pessoal” entre os contratantes, como aponta Maria Helena 
Diniz: 
 
“Em relação ao objeto da obrigação, a eficácia do contrato é também relativa, 
pois somente dará origem a obrigações de dar, de fazer ou de não fazer. 
Portanto, seus efeitos são a esse respeito, puramente obrigacionais, uma vez 
que apenas criam obrigações, ficando os contraentes adstritos ao cumprimento 
delas.​ ​Clara​ ​está​​a​ ​natureza​ ​pessoal​ ​do​ ​vínculo​ ​contratual”. 
(​ ​DINIZ,​ ​​ ​2007,​ ​p.​ ​116​ ​). 
 
Neste contexto, afirma Cesare Massimo Bianca que o contrato tem força de lei entre as 
partes, e não produz efeito em relação à terceiro, salvo nos casos previstos em lei, sendo 
necessaŕio​ ​restringir​ ​seus​ ​efeitos​ ​para​ ​apenas​ ​e​ ​tão​ ​somente​ ​as​ ​partes.​ ​Para​ ​Silvio​ ​Rodrigues: 
 
“​o princípio da relatividade das convenções contém a idéia de que os efeitos do 
contrato só se manifestam entre as partes, não aproveitando e nem 
prejudicando terceiros, visto que o vínculo contratual emana da vontade das 
partes, tornando-se natural que terceiros não possam ficar atados a uma relação 
jurídica que lhes não foi imposta pela lei e nem derivou de sua vontade”. 
(RODRIGUES,​ ​Silvio,​ ​2002,​ ​p.17). 
 
 
 
Mesmo não contendo norma jurídica expressa, a lógica que tem nosso ordenamento 
jurídico vigente acolhe o princípio da relatividade dos efeitos dos contratos, enquanto 
princípio​ ​contratual ​ ​clássico. 
Efetivamente, considerando-se que cada pessoa é titular e possuidora de um único 
patrimônio, não se revela possível que disponha daquilo que não lhe pertença, sendo assim, 
ninguém pode dispor, nem contratar, afetando o patrimônio de terceiros que não tenham 
participado, por si direta e pessoalmente, ou através de representante, estando aí a razão e o 
fundamento,​ ​ao​ ​que​ ​parece,​ ​do ​ ​princípio​ ​contratual​ ​acima​ ​referido. 
De​ ​acordo​ ​com​ ​Maria​ ​Helena​ ​Diniz: 
“O princípio da relatividade dos efeitos do negócio jurídico, o contrato não 
prejudica e nem aproveita a terceiros, vinculando exclusivamente as partes que 
nele intervieram, pois o ato negocial deriva do acordo de vontade das partes, 
sendo lógico que apenas as vincule, não tendo eficácia em relação a 
terceiro”.(DINIZ,​ ​Maria​ ​Helena,​ ​2002,​ ​p.39). 
 
Na​ ​visão​ ​de​ ​Orlando​ ​Gomes: 
“O princípio da relatividade dos contratos diz respeito à sua eficácia. O 
que significa que seus efeitos se produzem exclusivamente entre as partes, 
não aproveitando nem prejudicando a terceiros .Para torná-lo 
compreensível, é indispensável distinguir da existência do contrato os 
efeitos internos. A existência de um contrato é um fato que não pode ser 
indiferente a outras pessoas, às quais se toma oponível. (...) Os efeitos 
internos, isto é, os direitos e obrigações dos contratantes, a eles se limitam, 
reduzem -se, circunscrevem -se. Em regra, não é possível criar, mediante 
contrato, direitos e obrigações para outrem. Sua eficácia interna é relativa; 
seu campo de aplicação comporta, somente, partes. Em síntese, ninguém 
pode tomar -se credor ou devedor contra a vontade se dele depende o 
nascimento​ ​​ ​do​ ​​ ​crédito​ ​​ ​ou​ ​​ ​da​ ​dívida”.​ ​​ ​(GOMES​ ​Orlando,1984,​ ​p.46). 
 
 
O​ ​PRINCÍPIO​ ​DA​ ​BOA-FÉ 
 
Um dos princípios fundamentais do direito privado é o da boa-fé objetiva, cuja função 
é estabelecer um padrão ético de conduta para as partes nas relações obrigacionais. No 
entanto, a boa-fé não se esgota nesse campo do direito, ecoando por todo o ordenamento 
jurídico, vale ressaltar nesta inicial que a cláusula geral da boa-fé objetiva sempre esteve 
presente nos ordenamentos jurídicos das sociedades, dos primórdios à atualidade. No Brasil se 
destacou expressamente nos códigos de Defesa do Consumidor e com o advento do Novo 
Código​ ​Civil. 
 
 
Perpetua-se uma tarefa muito árdua de interpretação da boa-fé objetiva, tanto no 
ordenamento como em sua aplicação no caso concreto. Assim, reconhecer a boa-fé não é uma 
tarefa fácil para as cortes de direito, como relata ministro do Superior Tribunal de Justiça 
(STJ) Humberto Martins, em que na análise do caso concreto “para concluir se o sujeito 
estava ou não de boa-fé, torna-se necessário analisar se o seu comportamento foi leal, ético, 
ou​ ​se​ ​havia​ ​justificativa​ ​amparada​ ​no​ ​direito,​ ​completa​ ​o​ ​magistrado”. 
A presunção de boa-fé é princípio geral de direito universalmente aceito, sendo 
milenar a parêmia: a boa-fé se presume; a má-fé se prova. O reconhecimento da má-fé exige 
prova robusta de sua existência que não ficou configurada no caso dos autos, falamos em 
presunção da boa-fé pois falamos de um comportamento esperado pela parte, por todos 
naquele​ ​caso. 
Nas constantes análises da doutrina observamos as diversas percepções sobre este 
princípio, quase sempre explanada como uma regra de conduta, “um comportamento em 
determinada​ ​relação​ ​jurídica​ ​de​ ​cooperação”​ ​(PEREIRA,​ ​2003,​ ​p.20). 
Miguel​ ​Reale, ​ ​na​ ​obra​ ​"A​ ​boa-fé​ ​no​ ​Código ​ ​Civil"​ ​definiu​ ​boa-fé​ ​objetiva​ ​como: 
“A boa-fé objetiva, portanto, é uma regra de conduta que abrange as relações 
jurídicas principalmente na relação contratual. A boa-fé objetiva assume a 
função​ ​social​ ​do​ ​contrato,​ ​esta​ ​que​ ​rege​ ​todo​ ​o​ ​ordenamento​ ​jurídico​ ​civil”. 
Para​ ​Paulo​ ​Lôbo: 
“A boa-fé objetiva é regra de conduta dos indivíduos nas relações jurídicas 
obrigacionais. Interessam as repercussões de certos comportamentos na 
confiança​ ​que​ ​as​ ​pessoas​ ​normalmente​ ​neles​ ​depositam” 
 
Em vista desse comportamento, existe um investimento, a confiança de que a conduta 
será a adotada anteriormente, mas depois de referido lapso temporal, é alterada por 
comportamento​ ​contrário​ ​ao​ ​inicial,​ ​quebrando​ ​dessa​ ​forma​ ​a​ ​boa-fé​ ​objetiva​ ​(confiança). 
Em​ ​sentido​ ​semelhante,​ ​explana​ ​Fachin: 
“A valorização da confiança corresponde a dar primazia à pessoa que está 
criando vínculos jurídicos, e propicia verificar que desencadenado esse 
processo, a chegada à conclusão de um contrato pode ser exteriorizada através 
de diversos modos, não sendo exigível, necessariamente, a formulação escrita, 
bastando o consentimento por atos e mesmo omissões juridicamente relevantes, 
pois o próprio silêncio pode apresentar valor jurídico quando a parte privar-se 
do​ ​dever​ ​de​ ​falar”.​ ​(​ ​FACHIN​ ​1998). 
 
A partir destas perspectivas, do que é a boa-fé objetiva, podemos apresentar a 
interpretação do princípio da boa-fé objetiva procumbindo sobre suas funções. Pode-se 
indagar como primeira função básica a Boa-Fé objetiva, como fonte de novos deveres 
 
 
especiais de conduta durante o vínculo contratual, criando-se desta forma os deveres anexos 
aos​ ​da​ ​prestação​ ​contratual. 
Na concreção das relações e na interpretação dos contratos é observado a função 
interpretadora, segunda, pois a única forma cabível de análise de qualquer relação negocial 
segue a ótica da boa-fé objetiva, possibilitando observar o todo, ou seja, o negócio jurídico, da 
forma como foi acertado pelas partes envolvidas. A terceira função básica do princípio da 
boa-fé objetiva é ser limitadora do exercício, antes lícito, hoje não mais aceito, reduzindo 
desta forma a liberdade das partes contratantes no momento de elaborar as cláusulas 
contratuais. 
Quando falamos de boa-fé, como já dito, estamos nos referindo a um comportamentoesperado. Nos dizeres de Anderson Schreiber, a tutela da confiança nas relações contratuais 
atribui ao venire um conteúdo substancial, no sentido de que deixa de se tratar de uma 
proibição à incoerência por si só, para se tornar um princípio de proibição à ruptura da 
confiança, por meio da incoerência. Em suma, segundo o autor fluminense, o fundamento da 
vedação do comportamento contraditório é, justamente, a tutela da confiança, que mantém 
relação​ ​íntima​ ​com​ ​a​ ​boa-fé​ ​objetiva. 
Mesmo antes de constar expressamente na legislação brasileira, o princípio da boa-fé 
objetiva já vinha sendo utilizado amplamente pela jurisprudência, inclusive do STJ, para 
solução​ ​de​ ​casos​ ​em​ ​diversos​ ​ramos​ ​do​ ​direito. 
 
CASO​ ​FAMÍLIA​ ​SCHURMANN 
 
Trata – se de um recurso especial, contra acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça do 
Paraná, tendo como partes: Vilfredo de Oliveira Schurmann e outros, Distribuidora Record de 
Serviços de Imprensa, Editora Grupo I Ltda. O recurso foi impetrado no STJ, sob a 
fundamentação​ ​do​ ​artigo​ ​105​ ​da​ ​CF,​ ​III,​ ​“c”,​ ​qual​ ​define: 
¨é de competência do Superior Tribunal de Justiça; III, julgar, em recurso 
especial, as causas decididas, em única ou última instância pelos Tribunais dos 
Estados, do Distrito Federal e Territórios quando denegatória a decisão; c) der 
a​ ​lei​ ​federal​ ​interpretação​ ​divergente​ ​da​ ​que​ ​lhe​ ​haja​ ​atribuído​ ​outro​ ​tribunal”. 
 
A origem da ação se conformou quando a Editora Grupo 1 LTDA entrou com ação 
contra a Família Schurmann e Distribuidora Record de Produtos de Imprensa, alegando 
 
 
exclusividade no cumprimento de contrato, de edição do livro “​A Mágica Viagem dos 
Guapos​”​ ​que​ ​retrata​ ​a​ ​viagem​ ​ao​ ​mundo​ ​da​ ​família​ ​Schurmann,​ ​no​ ​veleiro​ ​Guapo. 
O objeto inicial do contrato se tratava de obrigação de fazer, que consiste em descrever 
as experiências da viagem da Família Schurmann a bordo do veleiro Guapo, porém houve 
mais dois contratos realizados, em que explicitava nas cláusulas que o Sr. Vilfredo era o 
titular do acordo de produção e autoria, e que o objeto do contrato seria apenas a produção do 
livro “ ​A Mágica Viagem dos Guapo”. ​A editora Grupo 1 LTDA, então alegava que no 
contrato havia a tratativa de ação de não fazer e declaratória de direito de exclusividade e 
pediu​ ​ação​ ​combinada​ ​por​ ​perdas​ ​e​ ​danos. 
Os fatos: as narrativas originas foram entregues para a Editora Grupo I, no entanto, por 
entender que estava ocorrendo demora na entrega dos originais do livro, Vilfredo ajuizou ação 
ordinária de dissolução da sociedade, e promoveu ação cautelar de busca e apreensão para 
reaver os originais do livro. Durante o período de tramitação desse processo a editora Record, 
lançou um livro chamado ​“Dez anos no Mar, Diário de uma Aventura”​, sob a autoria de 
Heloísa Carneiro Ribeiro Schurmann. A Editora Grupo I ajuizou medida cautelar para 
suspender o lançamento e a divulgação do livro, sob o argumento de que este, narrava os fatos 
da família da mesma viagem e que havia um contrato de exclusividade entre as partes. Foi 
deferida​ ​liminar​ ​proibindo​ ​o​ ​lançamento​ ​e​ ​novas​ ​edições​ ​do​ ​livro​ ​pela​ ​editora​ ​Record. 
Segundo o relator (STJ) o recurso especial interposto por Vilfredo de Oliveira 
Schurmann e outros merece prosperar em parte, tendo em vista o acolhimento de 
determinados​ ​pedidos​ ​e ​ ​outros​ ​​ ​não,​ ​que​ ​serão​ ​fundamentados ​ ​a​ ​seguir. 
Em relação à ofensa aos artigos aos arts. 165, 458, II, e 535, I e II, do CPC/73, que diz 
respeito à fundamentação do juiz, ainda que de modo conciso, acerca da análise das questões 
de fato e de direito. E que quando a sentença for obscura, contraditória e haver omissão do 
juiz​ ​ou​ ​tribunal,​ ​caberá​ ​embargos​ ​de​ ​declaração. 
 
Art. 165. As sentenças e acórdãos serão proferidos com observância do 
disposto no art. 458; as demais decisões serão fundamentadas, ainda que de 
modo​ ​conciso. 
Art.​ ​458.​ ​São​ ​requisitos​ ​essenciais​ ​da​ ​sentença: 
II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito. 
(CPC​ ​1973). 
 
No que se refere à relação jurídica do direito autoral, do objeto e do alcance do 
contrato de edição firmado entre Vilfredo Schurmann e a editora Grupo I Ltda. é resguardado 
 
 
pela Constituição Federal como direito personalíssimo, e abarca todos os direitos inerentes à 
produção da individualidade, por isso o tribunal interpretou que o direito autoral tem caráter 
subjetivo​ ​e​ ​está​ ​integrado​ ​ao​ ​direito​ ​à​ ​liberdade​ ​ou​ ​o​ ​direito​ ​à​ ​privacidade. 
O tribunal aponta que os contratos realizados por Vilfredo o qualificou como autor e o 
caracterizou como titular dos direitos autorais, mas, no entanto, a partir do contrato assinado 
em 31.10.1991 se definiu o título da obra “​A Mágica viagem dos Guapos​”, criando, portanto, 
a individualização obrigacional e o objeto de direito autoral, resguardada pela lei 5988-73, 6° 
vigente na época. A referida lei determina ainda que a regulação de cessão total ou parcial de 
direitos autorais devem ser devidamente escrita e registrada. A qual formulou entendimento 
do STJ que o objeto contratado fora apenas a obra “A Mágica Viagem dos Guapos” e não 
outra obra qualquer que também narrou os fatos da mesma viagem. Dessa forma se concluiu 
que não há vinculação obrigacional entre a contratação da senhora Heloísa e Editora Grupo I 
com Vilfredo, e nem a sua obra literária se submete a cláusula de exclusividade acertada no 
contrato. A lei n°9610-98, dispõe no artigo 3° que se ​“interpretam restritivamente os 
negócios jurídicos com direitos autorais”, ​o artigo 11 da mesma lei diz que os “​contratos que 
vinculam direitos autorais especificam que o autor é a pessoa física criadora da obra 
literária,​ ​artística​ ​ou​ ​científica” 
Em relação a suposta configuração de uma sociedade familiar despersonificada, o 
relator entende que o argumento da editora de que o acordo feito pelo Vilfredo, vincula todos 
os membros daquela família, não se sustenta, pois não se identifica a prática de atividade 
comercial ou empresarial. O relator aponta que o código civil de 2002, artigo 987, houve a 
intenção do legislador em demonstrar que as sociedades despersonificadas não possuem 
personalidade jurídica, estabelecendo o registro dos atos constitutivos das sociedades como 
requisito​ ​para​ ​a​ ​garantia ​ ​de​ ​personalidade​ ​jurídica. 
Diante disso o relator EXMO. SR. MINISTRO RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA 
votou pelo parcial provimento ao recurso especial interposto por Vilfredo de Oliveira 
SCHÜRMANN e outros para afastar a responsabilidade por suposta violação do contrato 
firmado com a Editora Grupo 1. Além disso julgou prejudicado o recurso especial interposto 
pelo ​ ​Grupo​ ​1​ ​LTDA​ ​e​ ​negou​ ​provimento ​ ​ao​ ​recurso​ ​especial​ ​da​ ​Distribuidora​ ​Record. 
 
Princípioda relativização do efeito do contrato à luz da decisão proferida pelo 
relator. 
 
 
No caso concreto, o contrato realizado entre a família Schurmann e a Editora Grupo I, 
foi originado na vigência do código civil de 1916. Porém quando foi interposto recurso 
especial, já estava vigente o código Civil de 2002. O Tribunal Federal de Justiça, no entanto 
entendeu que como o contrato foi celebrado na vigência do código de 2016, o caso em 
questão​ ​somente ​ ​poderia​ ​ser​ ​julgado​ ​sob​ ​a​ ​interpretação​ ​do​ ​referido​ ​código. 
O princípio da relatividade dos contratos em si abrange a não interferência jurídica 
para​ ​terceiro.​ ​Conforme​ ​o​ ​texto​ ​do​ ​artigo ​ ​135​ ​do​ ​código​ ​civil​ ​de​ ​1916: 
 
Art. 135: O instrumento particular, feito e assinado, ou somente assinado por 
quem esteja na disposição e administração livre de seus bens, sendo subscrito 
por duas testemunhas, prova as obrigações convencionais de qualquer valor. 
Mas os seus efeitos, bem como os da cessão, não se operam, a respeito de 
terceiros​ ​(art.​ ​1.067),​ ​antes​ ​de​ ​transcrito​ ​no​ ​registro​ ​público. 
 
Na situação concreta os direitos e obrigações contratuais a partir da interpretação da 
relatividade subjetiva dos contratos, que corresponde em restringir os direitos e obrigações 
apenas para aqueles que o pactuaram, de forma que a condição de exclusividade se estende 
somente a Vilfredo, bem como a obrigação da relatividade objetiva que consiste na obrigação 
de fazer, ou seja, descrever a viagem a bordo, especificamente, na edição do livro “​A mágica 
Viagem​ ​dos​ ​Guapos”,​ ​​​ ​o​ ​qual​ ​foi​ ​o​ ​objeto​ ​do​ ​contrato. 
 
Princípio​ ​da ​ ​boa-fé​ ​à​ ​luz​ ​da​ ​decisão​ ​proferida​ ​pelo​ ​relator 
 
O Código de Defesa do Consumidor e o Código Civil de 2002 inseriram 
expressamente nos textos das legislações o princípio da boa-fé, como valores éticos jurídicos. 
É como indic​a o ​art. 422/CC 02 ​“Os contratantes são obrigados a guardar, assim na 
conclusão​ ​do​ ​contrato,​ ​como​ ​em​ ​sua​ ​execução,​ ​os​ ​princípios​ ​de​ ​probidade​ ​e​ ​boa-fé”​. 
O relator usou o princípio da Boa-fé, para questionar a alegação feita à Sr.ª. Heloísa, 
sobre o uso da má-fé na conduta do processo, o que foi reconhecido como inexistente pelo 
dito​ ​relator,​ ​pois​ ​não ​ ​houve​ ​nenhuma​ ​prova​ ​que​ ​comprovasse​ ​tal​ ​afirmativa. 
Mesmo Heloisa tendo conhecimento sobre o contrato que seu marido realizou com a 
Editora Grupo 1 LTDA e mesmo a referida tendo estabelecido contato direto com o 
proprietário da editora, não configura que Heloísa fazia parte do contrato, tendo em vista que 
o mesmo só vincula as partes envolvidas principalmente em questões de direito autoral. Por 
 
 
não haver exclusividade acerca da narrativa da viagem no contrato, correspondente a toda 
família Schurmann, não há que se dizer que houve comportamento contraditório realizado 
com a Editora Grupo 1. Dessa forma, o relator conclui que a conduta de Heloísa não se 
caracteriza​ ​como​ ​má​ ​fé,​ ​e​ ​que​ ​ela​ ​apenas ​ ​agiu​ ​conforme​ ​o​ ​exercício​ ​regular​ ​do​ ​direito. 
 
AS​ ​ANÁLISES​ ​JURISPRUDENCIAIS​ ​E​ ​CONSIDERAÇÕES​ ​FINAIS 
 
Ante o exposto, busca-se demonstrar através da jurisprudência brasileira o 
entendimento acerca da aplicabilidade dos princípios ora analisado. Se estender o olhar à 
história do direito e sua aplicação nos casos concretos, se notará que a concepção do contrato 
sofreu grande alteração ao longo dos anos. Isso graças às mudanças na sociedade, aliás, o 
contrato passou a constituir instituto jurídico ensejador de crescimento econômico social, na 
medida​ ​que​ ​enseja​ ​a​ ​produção​ ​e​ ​circulação​ ​de​ ​riqueza. 
Deste modo, não se pode ficar alheio ao fato de que o contrato não visa mais albergar 
única e exclusivamente interesses estritamente particulares e meramente particulares dos 
próprios contratantes. Nota-se que que suplanta tal desiderato, ampliando seus horizontes para 
lindes mais magnânimos e valores mais elevados que visam a beneficiar à sociedade como um 
todo. 
É inegável que o contrato possa surtir efeito para além das partes contratantes. Cabe 
analisar como se dá esses efeitos e até que ponto tal intervenção na esfera privada dos 
terceiros é lícita. O princípio contratual clássico da Relatividade dos Efeitos deve ser revisto e 
relido no contexto social atual, uma vez que se constata a superação da tese “res inter alios 
acta aliis non nocet nec prodest”, ou seja, aquilo que é ajustado entre uns a outros não 
prejudica​ ​nem​ ​aproveita. 
Como adiante se mostrará, a jurisprudência brasileira não mais considerada a 
supramencionada concepção como um dogma absoluto, admitindo sua relativização, 
flexibilização e temperamento, de acordo com cada caso concreto. Partindo desse 
pressuposto, observa-se que, na maioria das decisões dos Tribunais a extensão dos efeitos dos 
contratos aos terceiros é estudada minuciosamente, pois há um entendimento consolidado, 
com base nos Princípios da Relatividade dos Efeitos, Boa-fé Objetiva e Função Social do 
Contrato, de proteção aos seus interesses. Como exemplo da referida racionalidade, se usará o 
Recurso​ ​Especial​ ​468.062​ ​CE​ ​2002​/0121761-0,​ ​o​ ​qual​ ​será​ ​analisado​ ​a​ ​seguir: 
 
 
ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL - RECURSO ESPECIAL - 
SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO - FCVS - CAUÇÃO DE 
TÍTULOS - QUITAÇÃO ANTECIPADA - EXONERAÇÃO DOS 
MUTUÁRIOS - COBRANÇA SUPERVENIENTE PELA CAIXA 
ECONÔMICA FEDERAL, SUCESSORA DO BNH - DOUTRINA DO 
TERCEIRO CÚMPLICE - EFICÁCIA DAS RELAÇÕES CONTRATUAIS 
EM RELAÇÃO A TERCEIROS - OPONIBILIDADE - TUTELA DA 
CONFIANÇA. 
1.​ ​CAUSA​ ​E​ ​CONTROVÉRSIA. 
2. PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE DOS EFEITOS DO CONTRATO – 
DOUTRINA DO TERCEIRO CÚMPLICE – TUTELA EXTERNA DO 
CRÉDITO. 
3. SITUAÇÃO DOS RECORRIDOS EM FACE DA CESSÃO DE POSIÇÕES 
CONTRATUAIS.​ ​(...) 
CONCLUSÃO 
Ante o exposto, conheço parcialmente do recurso especial e nego-lhe 
provimento. 
 
Conforme o exposto, observa-se que tal racionalidade clássica quanto aos efeitos do 
contrato serve de proteção aos terceiros, mas que também se relativiza hodiernamente, pois 
uma vez firmado o contrato, ele se interpõe à terceiros obrigando-lhes a não interferirem na 
esfera jurídica por ele tutelada. Outra variável, porém, se traduz na dilatação negativa dos 
efeitos do contrato, onde os efeitos decorrentes do acordo de vontades das partes é danoso ou 
prejudicial a alguém que é alheio ao contrato, dentre outras. É a situação do caso citado. 
Entretanto, não encontram-se casos em que tais efeitos que se estendam a terceiros e lhe 
sejam desfavoráveis sejam amparados pela jurisprudência. De tal modo, se tem a busca por 
limitá-los,​ ​recorrendo ​ ​a​ ​este​ ​princípio​ ​e​ ​sempre​ ​valendo-se​ ​da​ ​boa-fé​ ​presumida. 
Embora mude-se a modalidade de contrato, nota-se que o entendimento remanescente 
é o mesmo. Assim, ao retornar o caso da família Schürmann, não há uma manifestação dosdemais integrantes da família em participar da relação contratual. Em que se pese, o contrato 
de exclusividade, além de ser realizado apenas por Schurmann, não condicionava toda 
produção oriunda da viagem como pertence à Editora Grupo 1 LDTA, ou seja, fora o livro “A 
Mágica Viagem do Guapos” nada mais pertenceria a supracitada editora. Deste modo, se 
evidencia uma grande margem de produção aos demais membros da família, uma vez que 
todos​ ​participaram​ ​da​ ​aventura​ ​ao​ ​longo​ ​destes​ ​dez​ ​anos. 
Caso a decisão em apreço tivesse optado pela presunção de que os efeitos do contrato 
se estendesse a família toda, ocorreria a violação do princípio da livre iniciativa, uma vez os 
demais membros da família estariam proibidos de produzir suas próprias obras e 
comercializá-las livremente, culminando numa dilatação danosa dos efeitos do contrato 
inicial. O Princípio da Livre Iniciativa está previsto na Carta Magna no artigo 1º, inciso IV, e 
 
 
introduz um modelo econômico, que tem por finalidade assegurar a todos existência digna, 
conforme os ditames da justiça social, sem exclusões nem discriminações. Segundo Celso 
Ribeiro Bastos, a livre iniciativa é uma manifestação dos direitos fundamentais, de modo que 
o homem não pode se realizar plenamente enquanto não lhe for dado o direito de projetar-se 
através​ ​de​ ​uma​ ​realização​ ​transpessoal. 
A esse respeito, a jurisprudência brasileira mostra-se bastante fértil no sentido de 
estudar a sua aplicabilidade nos casos concretos, de forma a não violar os demais ditames do 
Estado​ ​Democrático​ ​de​ ​Direito,​ ​como​ ​por​ ​exemplo​ ​no​ ​caso​ ​a​ ​seguir: 
APELAÇÃO. MANDADO DE SEGURANÇA. DIREITO 
ADMINISTRATIVO. ORDEM ECONÔMICA. Livre iniciativa. Direito de 
propriedade. Intervenção do poder público na ordem econômica. Suspensão de 
reajuste de valor de atividade privada pelo PROCON Campinas. A apelante 
alega ofensa ao princípio propriedade privada, livre concorrência e livre 
iniciativa. Admissibilidade. A ordem econômica se fundamenta na livre 
iniciativa e se baseia na livre concorrência e propriedade privada. Cabe ao 
Estado intervir na atividade econômica em caráter indicativo ao particular. 
Recurso​ ​provido. 
Desde que tal ato de livre iniciativa não configure um abuso ou violação ao direito dos 
demais cidadãos, ele não deve ser impedido. Desta breve análise da jurisprudência, levando-se 
em consideração os limites de acesso aos processos e casos referentes à temática, conclui-se 
que o entendimento adotado não é mais da absoluta aplicação de um dado princípio, mas sim 
do estudo do caso concreto e a forma em que o princípio incidirá naquele contexto. Os 
princípios da relatividade dos efeitos do contrato, da boa-fé objetiva e da livre iniciativa são 
aplicados no sentido de proteger os interesses dos terceiros, porém sem ignorar que os 
contratos atuais influenciam para além da esfera dos contratantes, podendo ter um efeito 
benéfico ou na pior das hipóteses, representando um malefício àqueles alheios à relação 
contratual. 
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