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Resumo do texto família

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Desenvolvimento da infância e adolescência
Família, emoção e ideologia
Para alguns, a família é a base da sociedade e garantia de uma vida social equilibrada, célula sagrada que deve ser mantida intocável a qualquer custo.
Para outros, a instituição familiar deve ser combatida, pois representa um entrave ao desenvolvimento social; é algo exclusivamente nocivo, é o local onde as neuroses são fabricadas e onde se exerce a mais implacável dominação sobre as crianças e as mulheres. No entanto, o que não pode ser negado é a importância da família tanto ao nível das relações sociais, nas quais ela se inscreve, quando ao nível da vida emocional de seus membros. É na família, mediadora entre o indivíduo e a sociedade, que aprendemos a perceber o mundo e a nos situarmos nele. É a formadora da nossa primeira identidade social. Na família burguesa o papel social é desenvolvido a partir da submissão aos pais, definida pelo exercício do controle sobre o próprio corpo em troca do afeto parental. Essa estrutura relacional solidifica as bases para o pleno desenvolvimento do papel de filho, prescrita pela ideologia vigente. A criança burguesa aprendeu a identificar no seu corpo algo que deveria ser objeto de constante fiscalização e ação de limpeza para que não fosse apenas um "recipiente" e produtor de imundícies. Enquanto a criança aristocrata, a camponesa ou mesmo a operária se defrontavam com uma ampla gama de possibilidades de identificação, a criança burguesa tinha apenas as figuras parentais, ou acabava tendo na realidade apenas um objeto de identificação em virtude da rigorosa divisão de papéis sexuais que presidia sua vida familiar. É importante lembrar que a criança burguesa do século XIX quase não tinha contato com outras pessoas antes de entrar na escola. Passava, portanto, grande parte da sua infância apenas se contatando com os membros da própria família. Amar os pais seria corresponder às expectativas com as quais os pais a cobriam. Portanto, amar é submeter-se e não amar seria uma expectativa insuportável. O poder parental é travestido de amor para submeter os filhos. Embora seja frequentemente contestada e ainda que sejam feitas tentativas para viabilizar novas formas de organização familiar que superem a dominação e a repressão, a estrutura familiar que associa amor e autoridade ainda prevalece.
Por isso, é comum o sentimento de culpa apresentar-se como entrave maior do que a própria ação direta dos pais, no processo de transformação dos valores. Um dos pontos colocados em destaque por esses estudos é a auto-representação da família, que se contradiz com as vivências concretas de seus membros.
Quando se referem ao conceito de família, predomina a idéia de harmonia e de disponibilidade incondicional de amor e proteção entre seus membros.
Quando se fala das relações concretas faz-se referência a conflitos, dominação, sensação de sufoco e opressão. Isso provoca o que chamamos de tendência a dissimulação: toda vez que algum acontecimento é percebido como passível de colocar em risco a noção idealizada de família, tudo é feito para que ele não seja percebido. Tudo aquilo que diferem da idéia que a família faz de si mesma deve ser negado. A sexualidade ainda é vista como algo a ser controlado, principalmente por parte das mulheres. Existe, em geral, duas referências a ela: uma à sexualidade genericamente referida, a sexualidade abstrata, que é apresentada como algo natural e prazeroso; a outra à vivência concreta de cada um: nela a sexualidade é causadora de sentimento de culpa e de angústia.

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