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Aula 02 Ética no Serviço Público p/ TJDFT Professor: Herbert Almeida Ética no Serviço Público p/ TJDFT Analista e Técnico Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida ± Aula 2 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 52 AULA 2: Ética e moral; e Lei 8.112/1990 (Regime Disciplinar) Sumário ÉTICA ............................................................................................................................................................... 2 ÉTICA E MORAL ....................................................................................................................................................... 2 ÉTICA, PRINCÍPIOS E VALORES ..................................................................................................................................... 6 ÉTICA E DEMOCRACIA: EXERCÍCIO DA CIDADANIA ............................................................................................................ 8 ÉTICA E FUNÇÃO PÚBLICA .......................................................................................................................................... 9 LEI 8.112/1990 ................................................................................................................................................ 23 REGIME DISCIPLINAR .............................................................................................................................................. 23 QUESTÕES COMPLEMENTARES ................................................................................................................................. 39 QUESTÕES COMENTADAS NA AULA ................................................................................................................ 44 GABARITO ....................................................................................................................................................... 52 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................. 52 Olá pessoal, tudo bem? Nesta aula, vamos abordar os seguintes itens do edital ³1 Ética e moral. 2 Ética, princípios e valores. 3 Ética e democracia: exercício da cidadania. 4 Ética e função pública. 5.2 Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União (Lei nº 8.112/1990): regime disciplinar, deveres e proibições, acumulação, responsabilidade e penalidades´. Com isso, nós vamos concluir todo o conteúdo de nossa disciplina. Desde já, gostaria de agradecer a confiança em meu trabalho e desejar a todos muito sucesso nos estudos e no futuro concurso a ser lançado. Sucesso! Vamos à aula! Ética no Serviço Público p/ TJDFT Analista e Técnico Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida ± Aula 2 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 52 ÉTICA Ética e moral 3RU� YH]HV�� R� TXH� YHPRV� QD� DWXDOLGDGH� p� XPD� ³FRQIXVmR´� HQWUH� RV� conceitos de moral de ética. O primeiro ponto que leva a essa confusão é a sua etimologia, as palavras são diferentes, de origem diferente, mas de significado muito semelhante. A palavra ética vem do grego ethos e significa caráter distintivo, disposição, modo de ser adquirido, qualidade do ser. Trata-se, ademais, de uma disciplina teórica ou um corpo de conhecimentos, assim FRPR� p� D� ELRORJLD�� D� PHGLFLQD�� D� HFRQRPLD�� HWF�� e�� SRUWDQWR�� ³R� conhecimento dos fatos morais´1. Por outro lado, a palavra moral vem do latim mos (ou no plural: mores), que quer dizer costume, conduta, modo de agir, normas adquiridas por hábito. Por conseguinte, ambas as categorias referem-se ao conjunto de costumes tradicionais de uma sociedade, a obrigações sociais, a fenômenos da natureza histórica. Além disso, e para embaralhar ainda mais, ambas estão estruturadas em torno de valores. Mas o que seriam valores? Começaremos entendendo que os valores se dividem, ou seja, devemos observá-los por dois ângulos: morais e não morais. Os valores não morais são aqueles que possuem uma base real, um substrato material (a água, uma roupa, uma sobremesa). Por outro lado, os valores morais, que são os que nos interessam neste momento, não possuem substrato material, mas refletem atos e produtos humanos. Esse é o ponto principal, esses valores são exclusivos do ser humano, pelo fato de que se parte do pressuposto que esse seja responsável pelo que faz e que seus atos sejam livres e conscientes. Tais valores podem ser representados pela justiça, honestidade ou integridade. Retornando à moral e à ética, embora elas possuam um estreito vínculo que as une, elas são diferentes. Elas correspondem a realidades afins, porém diversas. Nesse âmbito, a moral, enquanto norma de conduta, diz respeito a situações cotidianas e particulares. A ética, por sua vez, ao menos no 1 Srour, 2012, p. 229. Ética no Serviço Público p/ TJDFT Analista e Técnico Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida ± Aula 2 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 52 que diz respeito aos atos isolados do ser humano, torna-se examinadora da moral. Assim, podemos dizer que a moral normatiza e direciona a prática das pessoas; enquanto a ética teoriza sobre as condutas humanas, estudando a concepção que dá suporte à moral. O objeto de estudo da ética é a moralidade. Em outras palavras, a ética constitui o conjunto de valores ou morais que definem o que é certo e errado. É uma obrigação de considerar não apenas o bem-estar pessoal, mas o das outras pessoas. A ética estuda fatos que afetam objetivamente os outros, para o bem ou para o mal. Desse modo, podemos dizer que a moral representa os costumes, princípios, convenções da sociedade; e a ética é o que orienta o comportamento humano perante os seus semelhantes. Nesse aspecto, mesmo que a ética represente algo maior, cabe analisar com mais afinco a moral, pois é somente a partir dela que teremos como definir a melhor alternativa perante a sociedade. Assim, a moral é o que possibilita um equilíbrio entre os desejos individuais e os interesses da sociedade, não sendo ela individual em nenhuma situação, pois envolve relações entre sujeitos. Ademais, os valores morais expressam uma cultura, variando conforme a sociedade em que se encontram e, por consequência, moldando-se a essa sociedade a partir das suas crenças e normas. Essas normas, verificadas no modo de agir das pessoas, inicialmente podem parecer individuais, afinal são utilizadas por um sujeito na sua liberdade de tomar decisões. Todavia, não é possível ignorar que, direta ou indiretamente, as ações de um sujeito interferem na condição de outros em sociedade. Portanto, o que temos é um sujeito capaz de fazer escolhas e se responsabilizar por elas, mas que processa seus atos (ou não) através de relações, de forma que cada experiência torna-se fundamental para uma outra pessoa, sendo o processo ininterrupto. Nesse momento, outro ponto passa a ser importante: o sujeito em si é livre para tomar suas escolhas ± e teoricamente é ±, mas perante a sociedade, o ato moral depende de condições e circunstâncias, forçando o sujeito a tomar decisões conscientes. É esse poder de escolha que o ser Ética no Serviço Público p/ TJDFT Analista e Técnico Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida ± Aula 2 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 52 humano possui para coordenar suas ações e decidir acerca de como deve agir que nos leva a considerá-lo como overdadeiro agente da moral. Dessa maneira, a prática moral é verificada em sociedade, independentemente de seu tamanho e desenvolvimento, sendo os valores morais emergentes da experiência do grupo humano, formado por todos os sujeitos singulares que tomaram decisões individuais. E o processo se inicia de modo que nem é percebido, visto que os valores que nos orientam são ensinados aos membros desde o início da vida, pelos demais participantes do grupo em que o sujeito se insere (escolas, família, igrejas, etc.). Isso significa que a sociedade desempenha papel fundamental como elemento regulador da própria sociedade e, por esse motivo, impossibilita que a moral seja vista como uma prática individual. Por fim, os valores morais não são criados por acaso, eles servem a determinado fim. Com isso, a sua manutenção ou modificação, são frutos de uma estrutura social, política e econômica da sociedade a que o sujeito se ache vinculado. Destarte, a construção de uma nova orientação moral exige alterações profundas na consciência coletiva e nas estruturas de poder. Isso, pois os valores não serão modificados por si só, eles exigirão uma nova ordem, uma nova necessidade que justifique o estabelecimento de um novo padrão a ser seguido, afinal toda uma sociedade se guiará pelas premissas lançadas. A ética é um campo do conhecimento, é uma concepção filosófica e, por isso, não dá uma resposta pronta e definitiva. Pelo contrário, a ética é especulativa, investigativa e doutrinária, pois busca aprofundar o GHEDWH�VREUH��³o que é moral?´��³qual(is) o(s) fundamento(s) da moral?´�� ³por que ser moral?´��³quais princípios devem orientar a moral?´��HWF2. Ademais, enquanto a ética se expressa na reflexão, no pensamento, a moral apresenta-se na ação. Por isso, a moral é particular, enquanto a ética é universal. Isso porque a ética faz um estudo sobre valores e princípios aplicáveis de forma ampla, enquanto a moral se apresenta em um tempo e espaço determinado. 2 Bortoleto e Müller, 2014, pp. 13-14. Ética no Serviço Público p/ TJDFT Analista e Técnico Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida ± Aula 2 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 52 A ética é uma ciência que teoriza as condutas humanas e o conjunto de valores que orientam o comportamento dos homens. Para Bortoleto e Müller3: A moral, portanto, é influenciada por fatores sociais e históricos (espaço- temporais), havendo diferenças entre os conceitos morais de um grupo para outro (relativismo), diferentemente da ética que [...] pauta-se pela universalidade (absolutismo), valendo seus princípios e valores para todo e qualquer local, em todo e qualquer tempo. A moral constitui-se como conjunto de normas de conduta que se DSUHVHQWDP�FRPR�ERDV��FRUUHWDV��RX�VHMD��FRPR�H[SUHVVmR�GR�µEHP¶� Complementam os citados autores ensinando que a ética, enquanto disciplina filosófica, pode modificar, refinar ou aprimorar valores morais, isto é, a ética pode incidir ou para alterar as regras morais enraizadas na sociedade através da avaliação que faz de princípios e valores morais até HQWmR� HVWDEHOHFLGRV�� 7HUPLQDP� H[HPSOLILFDQGR� GD� VHJXLQWH� IRUPD�� ³se antes a escravidão era moralmente aceitável, hoje, com louvor, já não mais o é; se antes o homossexualismo era moralmente condenado, hoje, com acerto, não mais o é´��3RUWDQWR��D�Frítica e a reflexão da disciplina ética ajuda no desenvolvimento da moral na sociedade. Os dois quadros abaixo, adaptados da obra de Bortoleto e Müller, ajudam-nos a consolidar o que vimos acima. Resumo ʹ ética - ethos (grego): caráter, morada do ser, qualidade do ser; - disciplina filosófica (parte da filosofia), campo do conhecimento; - os fundamentos da moralidade e princípios ideais da ação humana; - ponderação da ação, intenção e circunstância sob manto da liberdade; - teórica, universal (geral), especulativa, investigativa; - fornece os critérios para eleição da melhor conduta. --- Resumo ʹ moral - mos (latim, plural mores): costume; - regulação (normatização) dos comportamentos considerados como adequados a determinado grupo social; - prática (pragmática), particular; - dependência espaço-temporal (relativa); caráter histórico e social. 3 Bortoleto e Müller, 2014, p. 16. Ética no Serviço Público p/ TJDFT Analista e Técnico Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida ± Aula 2 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 52 Ética, princípios e valores Valores Em nossa vida, frequentemente atribuímos um valor aos nossos bens ou serviços. Por exemplo, sabemos que determinado carro vale R$ 40 mil (quarenta mil reais); que um apartamento vale R$ 400 mil (quatrocentos mil reais); que uma viagem ao exterior pode ser realizada por R$ 10 mil reais; etc. Assim, frequentemente damos valor aos objetos ou serviços que nos podem ser entregues no nosso dia a dia. Dessa forma, o valor é uma qualidade que utilizamos para escolher uma coisa em detrimento de outra. Acima, vimos um parâmetro objetivo para o valor (por exemplo, o seu o preço), porém, no dia a dia, escolhemos as coisas com base em parâmetros objetivos e subjetivos. Explicando melhor, em que pese os objetos já tenham o seu valor por si só, o sujeito também lhes atribui um valor pessoal. Isso explica porque, às vezes, duas pessoas podem escolher um presente diferente se lhes forem dadas as mesmas opções. Por exemplo, você pode dar dois presentes a uma pessoa: um celular de R$ 3 mil reais e uma roupa de R$ 200,00 (duzentos reais), mas a pessoa presenteada acabar gostando mais da roupa. Isso porque, além do parâmetro objetivo, inerente ao objeto, temos um parâmetro subjetivo, inerente ao sujeito. No campo da ética, os valores são atributos ou objetos de escolha moral, ou seja, são os atributos utilizados para escolher uma conduta de ação, o que é preferível na organização. Nessa linha, vejamos os ensinamentos de Elizete Passos4: Como as organizações em geral, e as empresas em específico, são microestruturas sociais, partícipes da sociedade, também criam valores, escolhem caminhos, optam por uma forma de ser e de agir consciente ou inconscientemente. Essas escolhas são de suma importância, pois os valores orientam a vida organizacional, não como normas e prescrições dogmáticas e a priori, mas, como dissemos, como princípios e crenças que dão uma orientação para a ação uma filosofia que dá o norte às ações empresariais e, portanto, também ao comportamento das pessoas que as constituem. (grifos nossos) Assim, os valores organizacionais são dogmas que orientam as condutas na administração, que fazem com que as pessoas escolham uma 4 Passos, 2014, p. 52. Ética no Serviço Público p/ TJDFT Analista e Técnico Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida ± Aula 2 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 52 forma de agir em detrimento de outras e, não se limitam a isso, pois também servem de parâmetro para que os sujeitos julguem as condutas GRV� RXWURV�� ³A partir desses valores cria-se um clima, um ethos organizacional que faz a empresa ser ao mesmo tempo igual e diferente das demais. Igual no que compartilha do culturalmente defendido no espaço e no tempo e diversa naquilo que caracteriza seus sujeitos, em especial quem a pensa e conduz´5. 'HVVD�IRUPD��R�³valor é o objeto de uma escolha moral, de uma escolha positivamente moral´6. Assim, quando o servidor escolha aboa conduta em detrimento da ruim, quando ele escolhe o caminho da eficiência e da excelência em detrimento da morosidade, diz-se que ele buscou uma escolha valorosa. Podemos concluir, assim, que os valores são a referência do que é bom ou mau. Nesse contexto, a axiologia, que é a ciência dos valores, que analisar a vida em sociedade, buscando definir o que é certo ou errado. A axiologia estuda os valores em uma dada sociedade ou ente. Princípios Vimos acima que os valores representam a referência para escolher uma conduta no lugar de outra. Eis que vem a pergunta: como os valores são escolhidos ou como se elege aqui que tem ou não valor? Os princípios formam a fonte de referência para escolher o que existe de bom. Nas palavras de Bortoleto e Müller7: O processo de escolha, como todo processo, se faz por princípios. Princípios, assim, são, de forma geral, pontos de partida ou fundamentos de um processo. Do ponto de vista filosófico, princípio é o fundamento do ser, do devir (do vir a ser), do conhecer. Sob a perspectiva especificamente ética, princípio é a fonte, o substrato em se se funda a ação. (grifos nossos) São exemplos de princípios éticos a probidade (conduta honesta e justa); a prudência (cautela e precaução no exercício das atribuições); o 5 Passos, 2014, p. 52. 6 Bortoleto e Müller, 2014, p. 21. 7 Bortoleto e Müller, 2014, p. 21. Ética no Serviço Público p/ TJDFT Analista e Técnico Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida ± Aula 2 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 52 respeito (respeitar a todos, sem discriminações); responsabilidade (todas as pessoas devem responder pelos seus atos); entre outros. Virtude A palavra virtude deriva do latim virtus ou do grego areté e representa uma qualidade própria do ser humano. A virtude é a propensão do caráter humana, ou seja, a sua possibilidade de se inclinar para determinada conduta boa. No dia a dia, as pessoas são geralmente livres. Cabe a cada um escolher uma conduta ou outra. Assim, a pessoa virtuosa é aquela que, diante de sua liberdade, escolhe o bem, atuando sempre com responsabilidade. Por exemplo, imagine que você estava concorrendo a uma vaga de chefia no seu departamento. Porém, a direção de seu órgão preferiu escolher outro servidor no seu lugar. Diante dessa situação, você acabou ficando profundamente chateado. Ocorre que os resultados do departamento dependem profundamente de seu trabalho e, por isso, você poderá agir morosamente para prejudicar o departamento e, por conseguinte, prejudicar a atual chefia, ou poderá deixar de lado as diferenças de lado e atuar com excelência. As pessoas virtuosas, em tal situação, tendem a atuar sempre com excelência, independentemente de ter ficado chateado ou não com a escolha da nova chefia. Portanto, a virtude ocorre quando o servidor busca o bem, usando a sua liberdade com responsabilidade. Ética e democracia: exercício da cidadania O termo democracia possui origem grega, representando o governo do povo, ou seja, o governo em que o poder possui origem no povo (demos = povo / kratos = poder). Nesses termos, a Constituição Federal de 1988 dispõe que a República Federativa do Brasil constitui-se em Estado Democrático de Direito (art. 1º, caput), sendo que todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos previstos na Constituição (art. 1º, parágrafo único). Portanto, a democracia é um regime político em que o povo escolhe os seus governantes por meio do sufrágio universal, isto é, o sistema de Ética no Serviço Público p/ TJDFT Analista e Técnico Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida ± Aula 2 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 52 eleição em que todas as pessoas consideradas intelectualmente aptas elegem os seus representantes, independentemente do sexo, etnia, religião ou classe social. Voltando ao texto constitucional, podemos verificar que o art. 1º, II, elege a cidadania como um dos fundamentos do Estado brasileiro. A cidadania reflete um duplo papel das pessoas em um Estado: os direitos e os deveres. Os direitos dos cidadãos variam significativamente de acordo com o ordenamento jurídico em análise. Contudo, basicamente, consistem no direito de votar e de eleger seus governantes, de receber do Estado as condições mínimas de sobrevivência, etc. Por outro lado, os deveres formam um conjunto de atribuições cívico-políticas do cidadão em um Estado. Assim, a cidadania expressa- se pela fiscalização dos políticos; pelo exercício do voto livre, baseado em convicções e não em troca de benesses (o voto é tanto um direito quanto um dever do cidadão; pelo respeito aos outros; etc. Em síntese, o exercício da cidadania depende significativamente da educação da população, que deve tomar condutas que fortaleçam o convívio em sociedade, que tornem o Estado mais forte. São várias as expressões da cidadania, como por exemplo quando se exige a emissão de uma nota fiscal, permitindo que os tributos sejam devidamente recolhidos; quando não se sonega impostos; quando se mantém as ruas limpas; etc. Todas essas são formas de fortalecer a sociedade, dando condições para o Estado promover uma vida melhor para todos. Dessa forma, a cidadania e a ética VH�UHODFLRQDP�SURIXQGDPHQWH��³o exercício da cidadania, como gozo de direitos e desempenho de deveres, deve pautar-se por contornos éticos: o exercício da cidadania deve materializar-se na escolha da melhor conduta tendo em vista o bem comum, resultando em uma ação moral como expressão do bem´8. Ética e função pública Quando se fala em ética e função pública, normalmente as bancas cobram conteúdos relacionados aos diversos códigos de éticas aplicáveis ao setor público e seus servidores e dirigentes. Assim, podemos dizer que já 8 Bortoleto e Müller, 2014, p. 21. Ética no Serviço Público p/ TJDFT Analista e Técnico Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida ± Aula 2 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 52 abordamos os conteúdos mais exigidos, mas vamos fazer as últimas considerações. As condutas dos indivíduos, sejam dentro ou fora do exercício das atribuições públicas, refletem em sua ética. Isso porque não há como se separar R�³HX�S~EOLFR´�GR�³HX�SULYDGR´��([DWDPHQWH�SRU�LVVR�TXH��QD�HVIHUD� IHGHUDO��R�&yGLJR�GH�eWLFD�GRV�VHUYLGRUHV�GLVS}H�TXH�³A função pública deve ser tida como exercício profissional e, portanto, se integra na vida particular de cada servidor público. Assim, os fatos e atos verificados na conduta do dia-a-dia em sua vida privada poderão acrescer ou diminuir o seu bom conceito na vida funcional´. Assim, a ética não tem como dissociar a vida pública e a vida privada dos agentes públicos, que devem pautar, diariamente, as suas ações por preceitos morais. Outro ponto relevante é que o os agentes públicos possuem um papel fundamental de promoção do bem comum e de acesso aos direitos fundamentais das pessoas. Por isso, os agentes devem não só entender esse papel, como também devem ter como foco a efetivação dos direitos fundamentais das pessoas. No mais, as questões de ética e função pública são bem lógicas e, por isso, é mais interessante partirmos para a resolução de questões ao invés de apresentarmos meras especulações teóricas. Dessa forma, vamos resolver questões sobre os assuntos abordados acima. 1. (Cespe - SESA-ES/2013) A moralidade da administração pública se caracteriza por a) limitar-seà distinção entre o bem e mal. b) se encerrar sempre na legalidade da conduta humana. c) ter como alicerce a finalidade da ação pública. d) não se limitar à distinção entre o bem e o mal. e) buscar sempre o bem individual e coletivo. Comentário: apesar de ter sido elaborada com base no Decreto 1.171/1994, que aprova o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Ética no Serviço Público p/ TJDFT Analista e Técnico Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida ± Aula 2 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 52 Executivo Federal, essa questão serve como um parâmetro geral para o HVWXGR� GR� FRQFHLWR� GH� PRUDO�� 'H� DFRUGR� FRP� R� PHQFLRQDGR� &yGLJR�� R� ³A moralidade da Administração Pública não se limita à distinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da idéia de que o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio entre a legalidade e a finalidade, na conduta do servidor público, é que poderá consolidar a moralidade do ato administrativo´� Assim, a moralidade vai além da distinção entre o bem e o mal, acrescendo o sentido de bem comum. Gabarito: alternativa D. 2. (Cespe ± INPI/2013) Ética é a parte da filosofia que estuda os fundamentos da moral e os princípios ideais da conduta humana. Comentário: isso mesmo. A ética é a ciência que estuda o comportamento moral dos homens na sociedade. Gabarito: correto. 3. (Cespe ± Admin/SUFRAMA/2014) Entre outros aspectos, a moral pessoal é formada pela cultura e tradição do grupo ao qual o indivíduo está inserido. Comentário: os valores morais expressam uma cultura que é repassada pelos membros do grupo em que o sujeito está inserido. Dessa forma, eles emergem do grupo humano e vão se cristalizando nos indivíduos singulares. Gabarito: correto. 4. (Cespe ± AnaTA/SUFRAMA/2014) O conceito de ética, que está vinculado aos valores sociais, sofre alterações com o passar do tempo, ao passo que a moral, por estar relacionada à tradição de um povo, é imutável. Comentário: tivemos uma troca aqui. A ética é responsável por definir um padrão, o que é certo e errado e, por esse motivo é imutável, permanente. Por outro lado, a moral advém da sociedade e sempre que está se altera, seus valores também são alterados. Assim, a ética não sofre alterações, ao passo que a moral sofre. Gabarito: errado. 5. (Cespe - Ag Adm/SUFRAMA/2014) A moral, concebida como conjunto de regras de conduta admitidas em determinada época ou por um grupo de pessoas, não exclui a existência de um caráter pessoal relacionado a tais regras e evidenciado principalmente após o aprimoramento do pensamento abstrato e da reflexão crítica do indivíduo sobre os valores herdados. Ética no Serviço Público p/ TJDFT Analista e Técnico Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida ± Aula 2 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 52 Comentário: isso mesmo. O sujeito individual possui a livre escolha. Isso quer dizer que ele pode optar segundo os seus valores, história pessoal e sua herança familiar. Contudo, o conhecimento humano se processa através de UHODo}HV�H�HVWDV�R�³IRUoDP´�D�WRPDU�GHFLV}HV�FRQVFLHQWHV��3RUWDQWR��D�PRUDO� será concebida em sociedade, repassada e julgada pessoalmente por cada indivíduo do grupo. Gabarito: correto. 6. (Cespe ± TA/ICMBio/2014) Vive orientada pela ética a pessoa que pauta sua vida na busca de auxiliar as pessoas que a cercam de modo que tanto ela quanto essas pessoas vivam da melhor maneira possível. Comentário: perfeito! A ética preocupa-se com a vida em sociedade, uma vez que o homem é um ser social por natureza. Dessa forma, auxiliar as pessoas que nos cercam para, dessa forma, promover um modo de vida melhor, é uma forma de se orientar pela ética. Gabarito: correto. 7. (Cespe ± TBN/CEF/2014) O alvo da reflexão ética é a conduta humana, avaliada a partir de valores construídos em sociedade. Comentário: aos poucos tudo fica mais claro, não é mesmo? A moral é representada pelos valores construídos em sociedade, e a ética estuda a moral. Logo, o alvo da reflexão ética é a conduta humana em sociedade. Gabarito: correto. 8. (Cespe ± AnaTA/CADE/2014) A compaixão, a beneficência e a honestidade são características comportamentais eticamente aceitas, ressalvando-se os casos em que não se pode garantir que haja algum benefício para o agente da ação. Comentário: os três valores apresentados representam comportamentos éticos. Todavia, exige-se um comportamento ético independentemente de haver, ou não, benefício direto para o agente da ação. Gabarito: errado. 9. (Cespe ± AnaTA/CADE/2014) A ética, campo de reflexão acerca das atividades dos seres humanos, é encarregada de levar os valores morais, como certo e errado, a serem fundamentados e exercitados no contexto das relações humanas. Comentário: a ética teoriza sobre as condutas, as atividades dos seres humanos, e estuda as concepções que dão suporte à moral. Em outras SDODYUDV��GHWHUPLQD�TXDO�R�SDGUmR�³PRUDO´�D�VHU�VHJXLGR�SHOD�VRFLHGDGH� Ética no Serviço Público p/ TJDFT Analista e Técnico Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida ± Aula 2 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 52 Gabarito: correto. 10. (Cespe - Tec APU/TC-DF/2014) Os valores morais são historicamente construídos pelas sociedades, como forma de organizar a convivência e garantir, tanto quanto possível, o bem-estar do indivíduo consigo mesmo e em suas relações com as outras pessoas. Comentário: outra questão que trata da escolha individual como benefício próprio e coletivo. É isso mesmo, o agente da ação reflete sobre o seu agir e busca orientar a sua prática de forma consciente para que lhe seja significativo, útil e funcional, sem, no entanto, deixar de lado a premissa de que o interesse coletivo é importante. Gabarito: correto. 11. (Cespe ± TBN/CEF/2014) Os valores morais refletem decisões tomadas no seio da sociedade acerca do conceito comum de vida boa. Esses valores acarretam um conjunto de proibições e permissões que determinam o que é moralmente importante não apenas para aqueles que partilham e reconhecem esses comandos éticos, mas, universalmente, para todos os seres humanos. Comentário: a moralidade não é universal. Isso porque o que pode ser reconhecido como moral para um grupo social pode não ser para outro. Podemos ver, como exemplo, os valores morais que determinados grupos religiosos compartilham, que nem sempre são aceitos por outros grupos. A ética, por outro lado, como ramo filosófico, é universal, pois reflete sobre as condutas de toda a sociedade. Gabarito: errado. 12. (Cespe - Agente Administrativo/CADE/2014) A axiologia estuda o fenômeno da atribuição de valores, por parte do sujeito, a um ente qualquer. Comentário: a axiologia é a ciência que estuda os valores, buscando definir o que é certo ou errado. Logo, podemos dizer que ela verifica a atribuição de valores que os sujeitos fazem em determinada sociedade ou ente. Portanto, o item está correto. Gabarito: correto. 13. (Cespe - Técnico APU/TC-DF/2014) Evitar a corrupção e denunciá-la sempre que dela tiver conhecimento é dever do cidadão, visto que cidadania implica não apenas o gozo de direitos, mas também o cumprimento de obrigações amparadas nas normativas legais e morais da sociedade. Ética no Serviço Público p/ TJDFT Analista e Técnico Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida ± Aula 2 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 52 Comentário: o exercício da cidadania relaciona-se diretamente com a vida em sociedade,com a busca por uma vida mais digna, honesta e justa. Assim, todo o cidadão deve contribuir para a melhoria do Estado, denunciando e evitando a corrupção, fiscalizando os atos públicos, exigindo o recolhimento de tributos, participando da elaboração das políticas públicas, etc. Assim, podemos verificar que a questão está correta, pois a cidadania reflete um conjunto de direitos e obrigações, dentre os quais encontra-se o dever de evitar e denunciar a corrupção sempre que dela tiver conhecimento. Como podemos verificar, quando se fala em ética e cidadania, devemos ter um enfoque mais amplo do que o campo legalidade. Isso porque, no meio legal, o cidadão não tem o dever (obrigação) de evitar a corrupção, pois para isso existem os órgãos e agentes públicos competentes. No entanto, no campo do exercício da cidadania, podemos dizer sim que isso é um dever do cidadão. Gabarito: correto. 14. (Cespe ± Engenheiro/CEF/2014) Os valores de uma organização representam suas características intrínsecas e, por isso, são inalteráveis. Comentário: podemos dizer que os valores refletem as características intrínsecas (internas) da organização. No entanto, esses valores podem ser modificados, de acordo com as prioridades, ambiente, tempo e outros fatores organizacionais. Gabarito: correto. 15. (Cespe ± APF/Polícia Federal/2014) Se uma autoridade administrativa proibir o uso de bermudas ou shorts nas dependências de determinada repartição pública e essa vedação causar indignação entre seus subordinados, constatar-se-ão, nessa hipótese, indícios de desvio ético na conduta do gestor. Comentário: essa veio de graça. Disciplinar o uso de vestimentas no serviço público é uma conduta desejável. Assim, além de ético, é devido ao gestor impor o uso de vestimentas adequadas. Assim, não há nada de errado em proibir o uso de bermudas, ou seja, não existe nenhum desvio ético. Ademais, podemos mencionar ainda, como exemplo, o Código de Ética dos Servidores Públicos Federais que dispõe que é dever fundamental do servidor público ³apresentar-se ao trabalho com vestimentas adequadas ao exercício da função´��&yGLJR�GH�eWLFD��XIV��³S´�� Gabarito: errado. 16. (ESAF - ATA MF/2014) Assinale a opção correta. Ética no Serviço Público p/ TJDFT Analista e Técnico Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida ± Aula 2 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 52 a) A palavra Ética tem origem latina, e significa bom costume. b) A moralidade da Administração Pública não se limita à distinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da ideia de que o fim é sempre o bem comum. c) Não corresponde a uma atitude cidadã a cobrança de nota fiscal, quando se adquire determinado bem. d) Os fatos e atos verificados na conduta do dia-a-dia na vida privada do servidor público não poderão acrescer ou diminuir o seu bom conceito na vida funcional. e) Entre as principais características da moral, está a de que não é temporal, não se modificando ao longo do tempo. Comentário: a) a palavra ética vem do grego ethos e significa caráter distintivo, disposição, modo de ser adquirido ± ERRADA; b) perfeito! O modo de agir das pessoas, a princípio, pode parecer absolutamente individual, por representar a escolha de um indivíduo. Porém, a sociedade desempenha um papel fundamental, repassando seus valores e regulando o comportamento do sujeito. Em outras palavras, definindo qual o tipo de conduta necessária, e melhor aceita, à sociedade. Ademais, a alternativa corresponde ao item III do Decreto 1.171/94 (Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal) ± CORRETA; c) a cobrança de nota fiscal é sim uma atitude cidadã. Com isso, o sujeito exige o cumprimento da lei, evitando a sonegação de impostos e, com isso, permitindo o aprimoramento da ação estatal ± ERRADA; d) outro item que corresponde ao Código de Ética dos Servidores Federais ³9,� - A função pública deve ser tida como exercício profissional e, portanto, se integra na vida particular de cada servidor público. Assim, os fatos e atos verificados na conduta do dia-a-dia em sua vida privada poderão acrescer ou diminuir o seu bom conceito na vida funcional´�± ERRADA; e) a imutabilidade é característica da ética. A moral, por outro lado, modifica- se com o tempo ± ERRADA. Gabarito: alternativa B. 17. (FCC ± Caixa/Contador/2011) A respeito dos conceitos de ética, moral e virtude, é correto afirmar: a) A vida ética realiza-se no modo de viver daqueles indivíduos que não mantêm relações interpessoais. Ética no Serviço Público p/ TJDFT Analista e Técnico Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida ± Aula 2 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 52 b) Etimologicamente, a palavra moral deriva do grego mos e significa comportamento, modo de ser, caráter. c) Virtude deriva do latim virtus, que significa uma qualidade própria da natureza humana; significa, de modo geral, praticar o bem usando a liberdade com responsabilidade constantemente. d) A moral é influenciada por vários fatores como, sociais e históricos; todavia, não há diferença entre os conceitos morais de um grupo para outro. e) Compete à moral chegar, por meio de investigações científicas, à explicação de determinadas realidades sociais, ou seja, ela investiga o sentido que o homem dá a suas ações para ser verdadeiramente feliz. Comentário: a virtude deriva do latim virtus, representando a qualidade própria da natureza humano. A virtude é, pois, a inclinação para praticar o bem, as qualidades próprias de cada um que fazem com que o bem seja a atitude preferível. Dessa forma, podemos perceber que a alternativa C está correta, uma vez que a virtude significa, de forma geral, praticar o bem usando a liberdade com responsabilidade constantemente. Vejamos as demais opções: a) a alternativa não faz o mínimo sentido. A ética é o modo de ser, o caráter ± ERRADA; b) o modo de ser e o caráter são termos relacionados com o conceito de ética ± ERRADA; d) a moral se modifica em cada grupo social ± ERRADA; e) é a ética que deve explicar de determinadas realidades sociais, utilizando- se de investigações científicas ± ERRADA. Gabarito: alternativa C. 18. (FUNCAB - Analista Socioeducador/SEDS-TO/2014) A correlação entre ética e setor público se revela equivocadamente na seguinte proposição: a) O trabalho no setor público exige formação continuada e a melhor contribuição para a prestação do serviço público. b) A lealdade institucional caracteriza identificação e dedicação aos propósitos do ente público, mas também é dever. c) Os agentes devem ter consciência de sua função promocional dos direitos fundamentais e atuar de modo a efetivar tais direitos. d) A ética pública integra a formação do servidor público, embora por necessidades cotidianas nem sempre deva orientar-se por ela. Ética no Serviço Público p/ TJDFT Analista e Técnico Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida ± Aula 2 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 52 Comentário: essa é uma questão bem lógica, lembrando que devemos escolher a opção INCORRETA. Vejamos: a) o servidor público deve estar em constante formação. Ainda que ele possua a formação para o cargo, o conhecimento encontra-se em constante evolução, exigindo, portanto, um aperfeiçoamento contínuo. Assim, será possível, cada vez mais, melhorar a prestação do serviço público ± CORRETA; b) a lealdade institucional é um conceito relacionado com a organização do Estado, particularmente na relação entre os três Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário). Assim, ele seapresenta em duas obrigações principais: (i) um Poder não deve obstar, de forma arbitrária, o exercício das competências do outro ± obs.: os Poderes possuem meios legítimos de controlar um ao outro, mas o que se quer vedar aqui são as interferências arbitrárias ±; (ii) os Poderes devem contribuir para o funcionamento eficiente do sistema de governo. Logo, além de ser um dever, a lealdade institucional caracteriza identificação e dedicação aos propósitos do ente público ± CORRETA; c) os agentes públicos devem ter a consciência de que devem promover os direitos fundamentais, efetivando os direitos da população ± CORRETA; d) a ética pública realmente integra a formação do serviço público, mas ele deve orientar os agentes públicos em todos os momentos, nem uma exceção pode justificar a atuação fora dos ditames éticos ± ERRADA. Gabarito: alternativa D. 19. (FUNCAB - Técnico em Defesa Social/SEDS-TO/2014) A ética se apresenta como uma reflexão crítica sobre: a) política. b) moralidade. c) ação. d) trabalho. Comentário: a ética é uma disciplina filosófica que tem como objeto de estudo a moralidade. Assim, a ética estuda o comportamento humano, tendo como foco a moralidade, especulando, investigando e doutrinando sobre aquilo que pode ser considerado como moral. Logo, a nossa resposta é a letra B. A política e o trabalho, sem dúvidas, também são analisadas pela ética, mas de modo acessório, pois não representam o seu objeto de estudo. Por outro lado, a ação é o objeto da moralidade, que possui um aspecto pragmático. Assim, as letras A, C e D estão erradas. Ética no Serviço Público p/ TJDFT Analista e Técnico Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida ± Aula 2 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 52 Gabarito: alternativa B. 20. (FUNCAB - Assistente Socioeducativo/SEDS-TO/2014) Em busca do comprometimento com o cidadão usuário e com a eficiência, a Administração Pública vem realizando esforços para que seus agentes conheçam a ciência que teoriza sobre as condutas humanas e sobre o conjunto de valores que devem orientar o comportamento dos homens em relação aos seus semelhantes. Tal ciência denomina-se: a) moral b) ética c) reflexologia. d) principiologia. Comentário: a ética é uma ciência que tem como objeto a moralidade. Dessa forma, ela teoriza as condutas humanas e o também o conjunto de valores que orientam o comportamento dos homens. Por isso, o nosso gabarito é a opção B. A moral, conforme já discutimos, não se insere no campo teórico, mas sim na ação, no campo prático. A principiologia é o estudo dos princípios, enquanto a reflexologia é o estudo dos reflexos humanos. Logo, os dois conceitos também não se relacionam com o enunciado da questão. Gabarito: alternativa B. 21. (CONSULPAM - Auxiliar Administrativo/SURG/2014) As questões éticas estão cada vez mais visíveis na cena pública brasileira dada a multiplicação de casos de corrupção e, sobretudo, a reação da sociedade frente a tal grau de desmoralização das relações sociais e políticas. Com os escândalos e as denúncias de corrupção expostas pela mídia, refletir sobre essas questões traz à tona os conceitos éticos que envolvem a busca por melhores ações tanto na vida pessoal como na vida pública. A partir da leitura do texto, pode-se inferir que: a) A ética é pautada na vida pessoal e pública do indivíduo. b) A conduta do ser humano é reflexo das relações de poder estabelecidas pela sociedade. c) A conduta ética é reflexo apenas da vida pessoal do indivíduo. d) A conduta ética é reflexo apenas da vida pública do indivíduo. Comentário: a ética na vida pessoal e no exercício da função pública são indissociáveis. Por isso, as ações pessoais do agente público refletem da sua Ética no Serviço Público p/ TJDFT Analista e Técnico Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida ± Aula 2 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 52 vida pública, motivo pelo qual ele deve, diuturnamente, zelar por um comportamento ético. Logo, está correta a letra A. A conduta do ser humano é reflexo dos preceitos éticos, dos valores ou daquilo que é entendido como moralmente correta na sociedade. Logo, a letra B está errada. As letras C e D limitaram a aplicação da ética, motivo pela qual estão erradas. Gabarito: alternativa A. 22. (IDECAN - Agente Administrativo/AGU/2014) Sobre ética e moral, marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas. ( ) A ética, como parte da filosofia, é um tipo de saber que justifica conceitualmente as ações do homem, considerado ser livre e racional, capaz de dar para si mesmo um conjunto de normas e valores a serem respeitados. ( ) A ética e a moral dizem respeito tanto ao âmbito subjetivo, das escolhas pessoais, quanto ao da vida coletiva, e se ocupam de temas como a responsabilidade individual, a justiça, o juízo sobre as leis e as instituições fundamentais de nossa sociedade, entre outros. ( ) A moral é o campo dos comportamentos espontâneos e das reações involuntárias, determinados por fatores biológicos e psicológicos, que não são modificáveis, pois não são passíveis de argumentação e validação. A sequência está correta em a) V, V, F. b) V, F, F. c) F, V, V. d) F, V, F. e) F, F, V. Comentário: o primeiro item está correto, uma vez que a ético é um campo da filosofia, que estuda as ações humanas, buscando justificá-las de forma conceitual. O segundo item também está correto. A ética e a moral se inserem na vida individual (subjetiva) e também na vida coletiva. A responsabilidade individual, a justiça, o juízo sobre as leis e as instituições fundamentais de nossa sociedade são campos que se inserem na ética e na moral. Conforme podemos observar, o item é mais lógico do que teórico. Por fim, o último item está errado, tendo em vista que a moral se modifica conforme o tempo, espaço ou grupo social envolvido. Ética no Serviço Público p/ TJDFT Analista e Técnico Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida ± Aula 2 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 52 Assim, os dois primeiros itens estão corretos, enquanto o último está errado. Gabarito: alternativa A. 23. (FUNCAB - Agente Administrativo/PRF/2014) Os conceitos de ética e moral, embora próximos, não são idênticos. Uma das distinções possíveis entre tais concepções está fundada na constatação de que: a) a ética é o estudo geral do que é bom ou mau, sendo seu objetivo maior o estabelecimento de regras. A moral, ao contrário, não se vincula a costumes e hábitos porque não guarda correlação com aspectos prescritivos ou impositivos. b) a moral incorpora as regras adquiridas para a vida em sociedade, enquanto a ética reflete sobre as regras morais vigentes sem, contudo, contestar a conveniência ou a exigibilidade de tais normas. c) a moral é um conjunto de normas apreendidas no processo de socialização e que regula a conduta dos indivíduos em sua convivência. A ética é uma ponderação teórica sobre a moral cujo objetivo é discutir e fundamentar reflexivamente as normas morais. d) quando um determinado sujeito reflete sobre uma norma moral e a considera equivocada ou ultrapassada, faz exercício de sua consciência moral, inexistindo na hipótese qualquer consideração que se possa vincular ao conceito de ética. e) a ética se caracteriza como conjunto de costumes e hábitos de um grupo social, atuando sobre o comportamento do indivíduo que interage socialmente. A moral é um conjunto de valores sociais universais que não se materializam em padrões de conduta. Comentário: vamos analisar cadaopção: a) a ética realmente é o estudo geral do que é bom ou mau. Porém, a moral se relaciona sim com costumes e hábitos e, além disso, a moral possui relação com aspectos prescritivos e impositivos, ou seja, de orientação e imposição de condutas aceitáveis ± ERRADA; b) e ética é uma ciência e um ramo da filosofia e, como tal, deve continuamente contestar as normas vigentes ± ERRADA; c) essa opção é muito interessante. A moral, conforme já discutimos, se insere na prática e, portanto, retrata um conjunto de normas que orientam a vida dos indivíduos e de sua convivência em sociedade. Por outro lado, a ética faz uma ponderação teórica da moral, discutindo e refletindo sobre as normas morais. Portanto, o item está perfeito e resumo muito bem as diferenças entre ética e moral ± CORRETA; d) a reflexão da norma moral se insere diretamente com o conceito da ética ± ERRADA; Ética no Serviço Público p/ TJDFT Analista e Técnico Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida ± Aula 2 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 52 e) a questão fez a inversão, uma vez que a moral é que se caracteriza como o ³conjunto de costumes e hábitos de um grupo social, atuando sobre o comportamento do indivíduo que interage socialmente´��DR�SDVVR�TXH�D�pWLFD� retrata um conjunto de ³valores sociais universais´��7RGDYLD��R� WUHFKR� ILQDO� também é questionável, tendo em vista que a ética, por refletir na moral, poderá materializar os padrões de conduta indiretamente ± ERRADA. Gabarito: alternativa C. 24. (IADES - Técnico Jurídico/PG-DF/2011) Assinale a alternativa que estabelece corretamente as características de moral. a) A moral resulta do conjunto de leis, costumes e tradições de uma sociedade e é subordinada a ética comportamental definida em regras constitucionais. b) Entende-se por moral, um conjunto de regras consideradas válidas para uma maioria absoluta, que valem-se dela para impor conduta ética aos demais cidadãos. c) A moral é mutável e varia de acordo com o desenvolvimento de cada sociedade. Ela norteia os valores éticos na Administração Pública. d) A moral é mais flexível do que a lei, por variar de indivíduo para indivíduo, e afeta diretamente a prestação dos serviços públicos por criar condições para uma ética flexível no atendimento às necessidades básicas da população. e) A ética confunde-se com a moral como um dos parâmetros para a avaliação do grau de desenvolvimento de determinada sociedade e, consequente, padronização da prestação dos serviços públicos comunitários. Comentário: a) a moral representa os costumes, princípios, convenções da sociedade, sem que isso se constitua em leis. São regras sócias, sem que tenham, no entanto, forma constitucional, sem que obriguem o indivíduo a seguir o que é estipulado ± ERRADA; b) de fato, os valores morais emergem da experiência do grupo humano, formado por todos os sujeitos singulares que tomaram decisões individuais. O erro da alternativa está no fato de que não é possível impor uma conduta ao indivíduo, ele sempre terá opção de escolha ± ERRADA; c) isso mesmo. A moral é relativD�H�JDQKD�D�IRUPD�GD�VRFLHGDGH�TXH�D�³FULRX´�� Ademais, é ela que norteia, que regula os comportamentos considerados como adequados ± CORRETA; d) a moral não varia de indivíduo para indivíduo, mas sim de acordo com o meio, sociedade, tempo em que se insere ± ERRADA; Ética no Serviço Público p/ TJDFT Analista e Técnico Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida ± Aula 2 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 52 e) a ética e a moral, embora semelhantes, são conceitos que não devem ser confundidos, tendo em vista que cada um possui significado próprio ± ERRADA. Gabarito: alternativa C. 25. (FESMIP-BA - Analista de Sistemas/MPE-BA/2011) Examine as assertivas abaixo. ,��$VVLP�FRPR�D�SDODYUD�³PRUDO´�YHP�GR�ODWLP��mos, moris���D�SDODYUD�³pWLFD´�YHP�GR� grego (ethos) e ambas se referem a costumes, indicando as regras do comportamento, as diretrizes de conduta a serem seguidas. II. A moral social trata dos valores e das normas de conduta que são exigidas do indivíduo para realizar sua personalidade. III. As normas éticas são aquelas que prescrevem como o homem deve agir. IV. A norma ética possui, como uma de suas características, a impossibilidade de ser violada. Assinale a alternativa que contém as assertivas corretas. a) I e II. b) I e III. c) I e IV. d) II e III. e) II e IV. Comentário: a palavra ética vem do grego ethos e significa caráter distintivo, disposição, modo de ser adquirido, qualidade do ser. Por outro lado, a palavra moral vem do latim mos (ou no plural: mores), que quer dizer costume, conduta, modo de agir, normas adquiridas por hábito. Por conseguinte, ambas as categorias referem-se ao conjunto de costumes tradicionais de uma sociedade, a obrigações sociais, a fenômenos da natureza histórica (correta a afirmativa I). Da mesma forma, por se referir a condutas de uma sociedade, a moral social não é exigida na realização da personalidade do indivíduo (errada a afirmativa II), mas sim no conjunto em que ele está inserido (correta a afirmativa III). Por fim, como mencionamos na aula, o indivíduo possui liberdade em suas escolhas, assim sendo, é possível que a norma ética seja violada pelas atitudes escolhidas por quem executa. Isso quer dizer, que embora existam padrões a serem seguidos, nada obriga a pessoa a seguir esses padrões (errada a afirmativa IV). Ética no Serviço Público p/ TJDFT Analista e Técnico Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida ± Aula 2 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 52 Finalizando, temos: I ± correta; II ± errada; III ± correta; e IV ± errada (alternativa B). Gabarito: alternativa B. LEI 8.112/1990 Regime disciplinar O regime disciplinar dos servidores públicos está disposto no Título IV da Lei 8.112/1990 (artigos 116 a 182). Nesse Título, encontramos os deveres e proibições dos servidores, as penalidades a que estão sujeitos e as regras sobre as responsabilidades. Deveres Os deveres são as obrigações ou condutas que os agentes devem adotar em conjunto com as suas atribuições funcionais. Na Lei 8.112/1990, eles estão dispostos no art. 116, nos seguintes termos: Art. 116. São deveres do servidor: I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo; II - ser leal às instituições a que servir; III - observar as normas legais e regulamentares; IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais; V - atender com presteza: a) ao público em geral, prestando as informações requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo; b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito ou esclarecimento de situações de interesse pessoal; c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública. VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de outra autoridade competente para apuração; VII - zelar pela economia do material e a conservação do patrimônio público; VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição; IX - manter conduta compatível com a moralidade administrativa; X - ser assíduo e pontual ao serviço; XI - tratar com urbanidade as pessoas; XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder. Ética no Serviço Público p/ TJDFT Analista e Técnico Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida ± Aula 2 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.brPágina 24 de 52 Conforme podemos observar, o inciso XII determina que o servidor público deve representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder. Nessa linha, o parágrafo único do mesmo artigo dispõe que essa representação será encaminhada pela via hierárquica, ou seja, o servidor público deve encaminhá-la para o seu superior imediato. Contudo, a apreciação será feita pela autoridade superior àquela contra a qual foi formulada a representação, assegurando-se ao representando ampla defesa. Com efeito, também é dever do servidor cumprir as ordens superiores, com exceção apenas daquelas ordens consideradas manifestamente ilegais (inc. IV). Além disso, deve o servidor público levar as irregularidades de que tiver ciência, em razão do seu cargo, ao conhecimento da autoridade superior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de outra autoridade competente para apuração (inc. VI). Da análise conjunta desses dispositivos, podemos perceber que, sempre que receber uma ordem, o servidor público terá algum dever a cumprir. Em regra, ele deve cumprir a ordem emanada da autoridade superior. Porém, quando receber uma ordem manifestamente ilegal, ele deverá abster-se de cumpri-la; devendo, por outro lado, levar a conhecimento da autoridade superior ± ou, quando esta for suspeita de envolvimento, de outra autoridade competente para realizar a apuração. Portanto, ou o servidor cumpre a ordem, ou representa a outra autoridade quando for manifestamente ilegal. Proibições As proibições são condutas vedadas aos servidores públicos, estando enumeradas no art. 117 da Lei 8.112/1990. Interessante notar que o Estatuto prevê, para cada proibição, um tipo de penalidade. Assim, vamos descrever, abaixo, as proibições em conjunto com as respectivas penalidades aplicáveis9. 9 O quadro destina-se apenas a demonstrar as penalidades previstas para o cometimento das proibições. Contudo, veremos ainda nesta aula que existem outras hipóteses de aplicação das penas previstas na Lei 8.112/1990, além das decorrentes de cometimento das proibições. Ética no Serviço Público p/ TJDFT Analista e Técnico Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida ± Aula 2 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 52 ¾ A pena de advertência será aplicada no caso de violação das seguintes proibições (no caso de reincidência, o servidor poderá sofrer a pena de suspensão): a) ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia autorização do chefe imediato; b) retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qualquer documento ou objeto da repartição; c) recusar fé a documentos públicos; d) opor resistência injustificada ao andamento de documento e processo ou execução de serviço; e) promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto da repartição; f) cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua responsabilidade ou de seu subordinado; g) coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a associação profissional ou sindical, ou a partido político; h) manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau civil; i) recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solicitado. ¾ A pena de suspensão será aplicada no caso de reincidência do cometimento das vedações acima e também quando o servidor infringir as seguintes proibições: a) cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que ocupa, exceto em situações de emergência e transitórias; b) exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho. ¾ A penalidade de demissão será aplicada no caso de infringência das seguintes proibições: a) receber propina, comissão, presente ou vantagem de qualquer espécie, em razão de suas atribuições; b) aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estrangeiro; c) praticar usura sob qualquer de suas formas (isto é, cobrar juros excessivos, superiores aos praticados no mercado); Ética no Serviço Público p/ TJDFT Analista e Técnico Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida ± Aula 2 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 52 d) proceder de forma desidiosa; e) utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em serviços ou atividades particulares; f) participar de gerência ou administração de sociedade privada, personificada ou não personificada, exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário. Esta última penalidade não se aplica nos seguintes casos: (a) participação nos conselhos de administração e fiscal de empresas ou entidades em que a União detenha, direta ou indiretamente, participação no capital social ou em sociedade cooperativa constituída para prestar serviços a seus membros; e (b) gozo de licença para o trato de interesses particulares, observada a legislação sobre conflito de interesses. ¾ Aplicar-se-á a pena de demissão e incompatibilidade do ex-servidor para nova investidura em cargo público federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos, no caso de cometimento das seguintes proibições: a) valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da função pública; b) atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou companheiro. Vejamos como isso aparece em provas. 26. (Cespe ± AJ/CNJ/2013) O servidor que carregar consigo documentos institucionais sem prévia autorização não poderá sofrer penalidade se for constatado que não havia ninguém responsável por autorizar a retirada dos documentos. Comentário: o art. 117, II, estabelece que o servidor não pode retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qualquer documento ou objeto da repartição. Portanto, ele não pode simplesmente alegar que não havia ninguém para autorizá-lo, uma vez que a retirada de documentos da repartição sempre depende da devida autorização. Ética no Serviço Público p/ TJDFT Analista e Técnico Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida ± Aula 2 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 52 Gabarito: errado. Responsabilidades Pelo exercício irregular de suas atribuições, o servidor público poderá responder nas esferas civil, penal e administrativa (art. 121). Basicamente, a esfera civil decorre da ocorrência de dano e consiste no respectivo ressarcimento; a espera penal ocasiona a aplicação de sanções penais (p. ex.: detenção); por fim, a esfera administrativa decorre da prática dos ilícitos administrativos, previstos no Estatuto dos Servidores. Assim, justamente por possuírem fundamentos diversos, a regra é que cada uma dessas instâncias seja independente. Portanto, um mesmo servidor público poderá ser condenado simultaneamente a ressarcir o dano (esfera civil), sofrer a pena de demissão (esfera administrativa) e ainda ser condenado à prisão (esfera penal). É possível, por outro lado, que um servidor seja condenado civil e administrativamente, mas absolvido no processo penal. Logo, existem várias combinações possíveis. Todavia, veremos, adiante, que a regra da independência das instâncias possui algumas exceções. A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros (art. 122). Nesse caso, exige-se a responsabilidade subjetivaou com culpa do servidor público. Portanto, para que o servidor público seja condenado civilmente a ressarcir o dano, deverá ser comprovado que ele agiu com dolo (intenção) ou com culpa em sentido estrito. Caso o dano seja causado contra a Administração, o servidor será diretamente contra ela responsabilizado. No entanto, se o dano ocorrer contra terceiros, o servidor responderá perante a Fazenda Pública por meio de ação regressiva (art. 122, §2º). Nesse contexto, o art. 37, §6º, da Constituição Federal, determina que DV�³pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa´��Assim, se um servidor público causar dano a terceiro, o Estado deverá primeiro ressarcir o prejudicado para, em seguida, mover a ação de regresso contra o servidor, para dele recuperar os valores gastos com a indenização. Ética no Serviço Público p/ TJDFT Analista e Técnico Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida ± Aula 2 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 52 De forma bem simples, se o servidoU�S~EOLFR�³$´�FDXVDU�GDQR��FRP�GROR� RX� FXOSD�� DR� FLGDGmR� ³%´�� R� (VWDGR� VHUi� UHVSRQViYHO� SRU� UHVVDUFLU� ³%´�� SRGHQGR�HP�VHJXLGD�PRYHU�D�DomR�GH�UHJUHVVR�FRQWUD�³$´�SDUD�UHFXSHUDU� esses valores. Destaca-se, ainda, que a obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores e contra eles será executada, até o limite do valor da herança recebida (art. 122, §3). Por outro lado, a responsabilidade penal abrange os crimes e contravenções imputadas ao servidor, nessa qualidade (art. 123). Na Lei Penal, os crimes praticados pelo funcionário público contra a Administração constam nos artigos 312 a 326. Além disso, podemos encontrar outras condutas típicas na legislação especial, a exemplo da Lei 8.666/1993 que apresenta alguns crimes que podem ser praticados por servidores públicos relacionados com licitações e contratos administrativos. Finalmente, a responsabilidade administrativa (ou civil- administrativa) resulta de ato omissivo ou comissivo praticado no desempenho do cargo ou função (art. 124). A responsabilidade administrativa decorre da prática dos ilícitos administrativos, como por exemplo a infringência em algumas das vedações que vimos acima ou a falta de observância dos deveres funcionais do servidor. Voltando ao assunto da independência das instâncias, dispõe o art. 125 que as sanções civis, penais e administrativas poderão cumular-se, sendo independentes entre si. Ocorre, todavia, que a esfera penal poderá, em alguns casos, influenciar as demais órbitas de responsabilidade, a depender do conteúdo da sentença penal. Nesse contexto, dispõe expressamente o art. 126 da Lei 8.112/1990 que a responsabilidade administrativa do servidor será afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do fato ou sua autoria. Isso porque a apuração penal é muito mais solene, exigindo um aprofundamento nas provas bem maior do que se exige nas demais esferas. Assim, se ao final do processo penal restar comprovado que o fato não existiu ou então que o servidor não é o autor da conduta investigada, não há porque condená-lo nas demais esferas. É importante ficar claro, porém, que tal relação ocorre apenas quando ficar comprovado no processo penal que o fato não existiu ou então que o servidor não é o seu autor. Ética no Serviço Público p/ TJDFT Analista e Técnico Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida ± Aula 2 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 52 Por outro lado, se o servidor for absolvido simplesmente pela falta de provas, ou por ausência de tipicidade ou de culpabilidade penal, ou por qualquer outro motivo que não sejam os dois mencionados acima, a esfera penal não influenciará nas demais. Assim, um servidor pode ser absolvido penalmente por falta de provas, mas ser condenado civil e administrativamente, pois essas últimas não exigem um rigor probatório tão grande. Da mesma forma, um servidor pode ser absolvido penalmente por falta de tipicidade de sua conduta, ou seja, aquilo que ele cometeu não se enquadra perfeitamente com a conduta prevista na Lei Penal (tipo penal), porém a mesma conduta poderá ser enquadrada em alguma falta funcional, acarretando a responsabilidade administrativa. Com efeito, a doutrina10 utiliza a expressão conduta residual para se referir àquelas condutas que não são puníveis na órbita penal, mas que geram responsabilização civil e administrativa. Nesse contexto, vale transcrevermos o enunciado da Súmula 18 do STF, vejamos: Súmula 18: Pela falta residual, não compreendida na absolvição pelo juízo criminal, é admissível a punição administrativa do servidor público. Dessa forma, com exceção da sentença penal que negar a existência do fato ou a sua autoria, as instâncias de responsabilização são independentes, podendo o servidor ser responsabilizado pela conduta residual. Para finalizar, o art. 126-A estabelece que nenhum servidor poderá ser responsabilizado civil, penal ou administrativamente por dar ciência à autoridade superior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, a outra autoridade competente para apuração de informação concernente à prática de crimes ou improbidade de que tenha conhecimento, ainda que em decorrência do exercício de cargo, emprego ou função pública. Vejamos como isso aparece em provas. Um veículo da SUFRAMA, conduzido por um servidor do órgão, derrapou, invadiu a pista contrária e colidiu com o veículo de um particular. O acidente resultou em 10 e.g. Carvalho Filho, 2014, p. 782. Ética no Serviço Público p/ TJDFT Analista e Técnico Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida ± Aula 2 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 52 danos a ambos os veículos e lesões graves no motorista do veículo particular. Com referência a essa situação hipotética, julgue o item que se segue. 27. (Cespe ± Agente Administrativo/Suframa/2014) O motorista da SUFRAMA poderá ser responsabilizado administrativamente pelo acidente, ainda que tenha sido absolvido por falta de provas em eventual ação penal instaurada para apurar a responsabilidade pelas lesões causadas ao motorista particular. Comentário: as instâncias penal, civil e administrativa são, em regra, independentes. Assim, de acordo com o art. 126 da Lei 8.112/1990, a responsabilidade administrativa do servidor será afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do fato ou sua autoria. Nos demais casos, a esfera penal não irá influenciar as demais instâncias. Assim, a absolvição penal por falta de provas não gera efeitos nas esferas civil e administrativa, podendo o motorista poderá ser responsabilizado administrativamente pelo acidente. Gabarito: correto. 28. (Cespe ± TJ/CNJ/2013) Considere que determinado servidor público, dentro de suas atribuições, tenha se afastado do interesse público e atuado abusivamente. Nessa situação hipotética, esta conduta estará sujeita à revisão judicial ou administrativa, podendo, inclusive, o servidor responder por ilícito penal. Comentário: se o servidor se afastou do interesse público e atuou abusivamente, significa que ele cometeu irregularidades. Nesse caso, sua conduta pode ser revista judicial ou administrativamente, podendo o servidor responder por eventuais ilícitos administrativos, civis e penais. Gabarito: correto. Penalidades disciplinares As penalidades disciplinaressão as sanções administrativas impostas aos servidores em decorrência da prática dos ilícitos administrativos. Nesse contexto, dispõe o art. 127 da Lei 8.112/1990 que são penalidades disciplinares: a) advertência; b) suspensão; c) demissão; d) cassação de aposentadoria ou disponibilidade; e) destituição de cargo em comissão; e Ética no Serviço Público p/ TJDFT Analista e Técnico Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida ± Aula 2 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 52 f) destituição de função comissionada. Na aplicação das penalidades, serão considerados: (i) a natureza e a gravidade da infração cometida; (ii) os danos que dela provierem para o serviço público; (iii) as circunstâncias agravantes ou atenuantes; e (iv) os antecedentes funcionais (art. 128). Além disso, a Administração sempre deve dar a devida motivação para os atos administrativos que imponham sanções aos servidores, permitindo que o servidor e o Poder Judiciário tenham condições de realizar o devido controle. Dessa forma, impõe o art. 128, parágrafo único, que o ato de imposição de penalidade sempre mencionará o fundamento legal e a causa da sanção disciplinar. O sistema punitivo na esfera administrativa é bem diferente do que ocorre no plano criminal. No direito penal, as condutas são tipificadas, existindo uma sanção específica para a conduta que estiver vinculada. Por exemplo, o crime de lesões corporais enseja especificamente a pena de detenção de três meses a um ano (CP, art. 129). Por outro lado, na esfera administrativa, não há essa relação direta. 6HJXQGR� -RVp� GRV� 6DQWRV� &DUYDOKR� )LOKR�� RV� ³HVWDWXWRV� IXQFLRQDLV� apresentam um elenco de deveres e vedações para os servidores, e o ilícito administrativo vai configurar-se exatamente quando tais deveres e vedações são inobservados. Além do mais, os estatutos relacionam as penalidades administrativas, sem, contudo, fixar qualquer elo de ligação a priori FRP�D�FRQGXWD´� Por exemplo, o art. 116 descreve os deveres funcionais, enquanto o art. 117 dispõe sobre as proibições. Já o art. 127, por outro lado, apresenta o rol de penalidades administrativas. Com efeito, não há total precisão na descrição dos deveres e das proibições. Por exemplo, o art. 116, I, dispõe que o servidor deve exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo. 1mR�Ki�XPD�GHVFULomR�FODUD�GR�TXH�VHMD�³]HOR´�RX�³GHGLFDomR´� Dessa forma, a autoridade responsável pela apuração do ilícito administrativo é que deve enquadrar determinada conduta em algum tipo de previsão legal, impondo-lhe a pena cabível ao caso. Com efeito, a Lei 8.112/1990 descreve, ainda que de forma genérica, a penalidade aplicável para determinado cada tipo de ilícito administrativo. Ética no Serviço Público p/ TJDFT Analista e Técnico Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida ± Aula 2 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 52 Devemos relembrar que, no tópico sobre as proibições, vimos as penas aplicáveis para cada tipo de infringência. Assim, vamos descrever abaixo as situações que ensejam cada tipo de penalidade, sem repetir a relação de proibições. Por isso, o aluno deverá retomar o tópico sobre as proibições para evitar repetições desnecessárias. Advertência A advertência deve ser aplicada por escrito, no caso de (art. 129): a) violação de proibição constante do art. 117, incisos I a VIII e XIX ± conforme relação apresentada no tópico sobre as proibições; e b) inobservância de dever funcional previsto em lei, regulamentação ou norma interna, que não justifique a imposição de penalidade mais grave. Suspensão A suspensão, que não poderá exceder a noventa dias, será aplicada nos seguintes casos (art. 130): a) reincidência das faltas punidas com advertência; b) violação das demais proibições que não tipifiquem infração sujeita a penalidade de demissão (vide tópico sobre as proibições). Como podemos notar, a lei determina que a pena de suspensão não poderá exceder a noventa dias. Portanto, caberá à autoridade competente analisar o caso e decidir, de forma discricionária, qual o prazo da suspensão. Claro que a decisão será devidamente fundamentada, devendo ser aplicada dentro dos parâmetros da razoabilidade e da proporcionalidade. Há ainda uma situação em que a lei estabelece um limite menor do prazo de suspensão. Assim, determina o art. 130, §1º, que será punido com suspensão de até quinze dias o servidor que, injustificadamente, recusar- se a ser submetido à inspeção médica determinada pela autoridade competente, cessando os efeitos da penalidade uma vez cumprida a determinação. Ademais, permite o Estatuto dos Servidores que a penalidade de suspensão poderá ser convertida em multa, na base de cinquenta por cento por dia de vencimento ou remuneração, desde que haja conveniência para o serviço. Nesse caso, a suspensão será trocada pela Ética no Serviço Público p/ TJDFT Analista e Técnico Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida ± Aula 2 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 52 multa e, assim, o servidor ficará obrigado a permanecer em serviço (art. 130, §2º). Além disso, as penalidades de advertência e de suspensão terão seus registros cancelados, após o decurso de três e cinco anos de efetivo exercício, respectivamente, desde que o servidor não tenha praticado, nesse período, nova infração (art. 131). Todavia, o cancelamento da penalidade não surtirá efeitos retroativos (art. 131, parágrafo único). Demissão A pena de demissão será aplicada nos seguintes casos (art. 132): a) crime contra a administração pública; b) abandono de cargo; c) inassiduidade habitual; d) improbidade administrativa; e) incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição; f) insubordinação grave em serviço; g) ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo em legítima defesa própria ou de outrem; h) aplicação irregular de dinheiros públicos; i) revelação de segredo do qual se apropriou em razão do cargo; j) lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional; k) corrupção; l) acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas; m) transgressão das proibições constantes dos incisos IX a XVI do art. 117 ± conforme vimos no tópico sobre as proibições. O abandono de cargo decorre da ausência intencional do servidor ao serviço por mais de trinta dias consecutivos (art. 138). Por outro lado, a inassiduidade habitual representa a falta ao serviço, sem causa justificada, por sessenta dias, interpoladamente, durante o período de doze meses (art. 139). Cassação de aposentadoria ou de disponibilidade Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade do inativo que houver praticado, na atividade, falta punível com a demissão (art. 134). Ética no Serviço Público p/ TJDFT Analista e Técnico Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida ± Aula 2 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 52 Destituição de cargo em comissão A destituição de cargo em comissão exercido por não ocupante de cargo efetivo será aplicada nos casos de infração sujeita às penalidades de suspensão e de demissão (art. 135). Caso o servidor tenha sido exonerado e, posteriormente, seja constatada a prática de infração punível com suspensão ou penalidade, a exoneração será convertida em destituição de cargo em comissão (art. 135, parágrafo único). ****** Em alguns casos, a demissão e a destituição de cargo em comissão, implica também a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento
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