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Lesão corporal e o homicídio praticados contra integrantes dos órgãos de segurança pública ou seus familiares

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LESÃO CORPORAL E O HOMICÍDIO PRATICADOS CONTRA INTEGRANTES DOS ÓRGÃOS DE SEGURANÇA PÚBLICA OU SEUS FAMILIARES.
A Lei Federal n.º 13.142/2015, que inseriu um inciso VII ao § 2º do Art. 121 do Código Penal, traz a qualificadora quando o homicídio for praticado contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição.
A reflexão que tentei fazer em um outro momento versava sobre a efetiva necessidade desta alteração, quando os homicídios que se dessem naquelas situações já estavam contempladas por alguma das outras qualificadoras previstas no Art. 121 § 2º do Código Penal. No entanto, o debate que agora se apresenta pertinente é sobre a natureza dessa qualificadora, podemos dizer que se trata de uma qualificadora subjetiva ou objetiva, pois este será o ponto crucial para que não se verifique a ocorrência do bis in idem. 
Por se tratar de uma mudança, aparentemente, pequena, ainda não dispomos de manifestações dos Tribunais e de grandes fontes doutrinárias acerca da matéria.Por isso, a necessidade de se utilizar deste espaço para tentar convocar uma reflexão para que não deixemos a análise para um momento tardio, no qual corremos os riscos de alguma interpretação equivocada já está fundamentada.
Devemos pesquisar se o fato de praticar um homicídio contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública seria uma qualificadora de natureza objetiva ou subjetiva.
Analisando isso, pensemos em exemplos hipotéticos, com casos que estão longe de serem raros nas varas criminais como o indivíduo ao praticar um assalto perceber que uma das vítimas é policial militar e, em razão, decide tirar a vida deste. Teríamos uma hipótese de natureza subjetiva, na medida em que se liga com o motivo do crime, ou seja, matou porque a vítima era policial militar, o crime se deu em decorrência da função da vítima.
Portanto, não seria esta uma motivação torpe ou, no mínimo, fútil? Na hipótese em destaque, poderiam coexistir as duas qualificadoras, denunciando o indivíduo com as qualificadoras do inciso I ou II e ainda o inciso VII do § 2º do Art. 121 do CP? Parece nada lógico a coexistência de ambas as qualificadoras, pois representaria uma dupla punição pelo mesmo fato, o que resta vedado pela máxima da proibição do bis in idem, sendo que em outra situação podemos imaginar que ao fugir de um assalto, o indivíduo é perseguido por policiais e visando evadir-se, atenta contra a vida dos agentes da lei..
Nesta situação temos o fato de que o crime se deu contra um agente público da área de segurança no exercício de sua função, entretanto, completamente cabível a qualificadora do inciso VII, com o propósito de assegurar a impunidade em crime anterior, hipótese prevista no inciso V.
Segundo o inciso VII dá uma noção de uma qualificadora que pode ser objetiva, ou seja, praticar o crime de homicídio contra alguma daquelas pessoas elencadas. No entanto, é difícil imaginar um contexto em que o delito não tenha se dado motivado pela função desempenhada pelo agente de segurança ou pela tentativa de assegurar uma vantagem ou impunidade em outro crime.
Fato de trazer a nova qualificadora pode representar uma dupla incidência de uma circunstância qualificadora, o que pode resultar em uma equivocada e injusta aplicação da lei penal.
Apresentam se então as denúncias com as qualificadoras do inciso V e VII, por compreender assim que o agente quis assegurar a impunidade ou vantagem em outro crime e o fez contra um dos agentes referidos.
Aqui se estaria dando a qualificadora do inciso VII uma natureza objetiva, pois a questão subjetiva do motivo, já estaria no inciso V e o fato mereceria ainda mais uma punição por ter sido em desfavor de um servidor público da área de segurança. Tal situação não parece adequada, porque o fato que motivou o crime foi o mesmo, não havendo razão para que se mantenha as duas qualificadoras, representando uma punição em duplicidade, a banalização de uma qualificadora nos casos de homicídio se reveste de especial gravidade, o efeito que provoca na avaliação dos jurados, que não possui o conhecimento técnico cobrado para avaliar tais questões.
Temos ainda que refletir mais sobre estes temas abordados e esperar a forma pela qual os tribunais irão se manifestar, a atuação atenta que não permita o bis in idem, deve nos acompanhar, pois como se apresenta hoje em dia, o uso extrapolado dessas qualificadoras, despreza a análise quanto a sua natureza e seu fundamento devido.

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