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Trabalho Filosofia- Construtivismo Moral

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O CONSTRUTIVISMO MORAL
1 - Institucionalismo racional: um último olhar.
Kant e sua doutrina moral contrapõe o perfeccionismo metafísico (ou intuicionismo racional) de Leibniz. Mas apesar disso, em nenhum momento Kant descreve esse intuicionismo para depois falar da sua heteronomia, talvez ele nem entenda claramente o que ele seja. Ainda assim ele usa de argumentos para contrapor sem expor os fundamentos da sua rejeição.
Um dos pontos fracos de Kant é supor apenas duas possibilidades: ou a lei moral se fundamenta num objeto com a suscetibilidade e o prazer que pensamos conseguir extrair dele ou a razão prática pura constrói seu objeto a partir de si mesma.
O que faltou Kant falar foi que o intuicionismo assevera que conhecer a ordem dos valores Pode despertar em nós sentimentos morais e o desejo de agir conforme esses sentimentos. Essas ideias condizem com que Kant diz na analítica III, que o conhecimento da lei moral dá origem aos sentimentos de vergonha moral e auto repreensão. 
A diferença entre eles é que os princípios da razão prática são princípios da nossa própria razão nos tornando seres razoáveis e racionais. Mas por que então para Kant não é óbvio que o intuicionismo é uma forma de heteronomia?
Uma das razões para isso pode ser que os conceitos morais no intuicionismo não são analisáveis e independem dos conceitos naturais, alguns podem pensar que isso concebe certa autonomia a razão prática.
Outra razão é que os princípios primeiros aprendidos pela intuição racional são vistos como independentes de toda ordem particular da natureza e por isso não poderiam ser heterônomos, o que é semelhante ao que Kant propõe e, portanto percebemos que ele se contrapõe e argumenta contra ideias que se mostram fundamentalmente muito semelhantes as suas próprias ideias.
2 - O construtivismo moral de Kant
Para Kant um dos traços essenciais do construtivismo moral é que os imperativos categóricos particulares que nos dão conceito de justiça e virtude ocorrem em um processo de construção (IC) conforme nossas faculdades da razão prática e nossa condição de sujeitos morais livres e iguais.
Essa concepção da pessoa que é ao mesmo tempo razoável e racional, livre e igual faz com que Kant considere o fato da razão implícito na nossa consciência.
A doutrina de Kant prevê que uma pessoa relativamente complexa seja o centro da especificação do conteúdo da sua visão moral, enquanto intuicionismo não exige uma concepção muito densa dessa pessoa, que para ele é conhecedora já que para ele os princípios primeiros já são dados e a pessoa só precisa ser capaz de conhecer quais são eles para que possa ser movida por esse conhecimento.
O princípio básico do intuicionismo é o simples reconhecimento dos princípios primeiros faz com percebam que vem de uma ordem anterior de valores e então queiram segui-lo.
Essa concepção de pessoa pouco densa e desse princípio psicológico caracteriza a psicologia moral de Sidwick, Moore e Ross. Se para o intuicionismo os princípios primeiros já são dados é desnecessário uma psicologia moral muito elaborada do tipo que requer uma visão moral construtivista.
Assim, enquanto para Kant o conhecimento moral é construtivista e depende de uma concepção mais complexa de pessoa, o intuicionismo pressupõe princípios primeiros já são dados e que o simples reconhecimento dele nos impele segui-lo.
3 - O procedimento construtivista
O construtivismo moral de Kant possui afinidade com suas ideias construtivistas da filosofia da matemática; e sua consideração sintética a priori da aritmética e da geometria é uma das origens dessa visão.
Em ambos os casos, no construtivismo moral e na matemática a ideia é reformular uma representação procedimental na qual os critérios do raciocínio correto sejam postos em evidência. E assim, os juízos são sólidos e válidos se resultarem de um procedimento correto que partiu de premissas verdadeiras.
Assim, para Kant o raciocínio moral prevê um procedimento no qual agindo conforme o imperativo categórico nós incorporamos as exigências que a razão prática pura impõe.
Na aritmética o procedimento expressa os números naturais a partir da ideia de unidade, onde um número vem do seu precedente e cada número tem seu lugar em uma série gerada.
Em suas considerações sobre a mecânica newtoniana Kant também prevê elementos construtivistas que vêm do seu idealismo transcendental.
O objetivo de Rawls é ver que a doutrina moral de Kant tem traços que nos permitem considera-la construtivista, e como isto está ligado aos termos da supremacia da unidade da razão e a lei moral enquanto leis de liberdade.
Para isto Rawls utiliza três questões:
1ª: No construtivismo moral o conteúdo da doutrina é construído por agentes racionais que estão sujeitos a restrições razoáveis e são conduzidos pela razão prática empírica ou pelos princípios racionais que recaem sobre o imperativo hipotético.
2º: Nosso entendimento humano cotidiano está ciente das exigências da razão prática pura e empírica, isso faz parte de sua doutrina do fato da razão, assim os juízos que resultam do uso correto do procedimento sejam eles mesmos corretos. E são corretos por cumprir as exigências da razão.
3º: A forma e a estrutura do procedimento do IC espelham nossa personalidade moral livre. Toda construção tem uma base, assim o procedimento do IC se baseia na concepção de pessoas livres e iguais, razoáveis e racionais.
Observando quais as faculdades e habilidades as pessoas devem possuir para serem agentes movidos pelos imperativos categóricos particulares que possui podemos ver como elas são espelhadas no procedimento.
Assim, a partir desse procedimento Kant define a pessoa. E uma sociedade composta por essas pessoas, onde cada um pode ser membro legislador de um reino dos fins é a base do construtivismo de Kant.
Dessa forma, essa concepção de pessoa e sociedade não é construída nem apresentada mas deriva da reflexão e experiência moral realizada pelo procedimento do IC e de agir conforme a aplicação das leis morais.
Então o fato de sermos razoáveis e racionais espelha-se no fato de que o IC envolve ambas as formas de raciocínio; somos racionais em nossos passos e somos razoáveis ao verificar se nossas máximas quando rejeitadas possuem intenções aceitáveis.
As deliberações tomadas conforme as restrições espelham nossa racionalidade e o interesse em agir conforme essas exigências do procedimento espelham nossa razoabilidade.
A concepção de pessoas livres e iguais, razoáveis e racionais são a base da construção; sem elas a lei moral não teria base no mundo.
Conclui-se então que não só os procedimentos do IC, mas sua forma e estrutura dependem da concepção de pessoa e do papel público dela, que Kant chama de totalidade sistemática dos fins em um reino dos fins.
4 - Uma observação e uma objeção
Diferente do intuicionismo racional, o construtivismo entende que a ordem dos valores morais parte de valores e princípios implícitos no nosso raciocínio prático. No entanto, de acordo com Rawls, as concepções de sociedade de pessoa independem da razão prática.
Para o construtivismo o resultado deverá ser correto se vem do procedimento razoável e racional correto; enquanto para o intuicionismo o procedimento é correto porque ao segui-lo corretamente em geral se obtém um resultado correto. Os dois pontos de vista abordam o que pensamos após a reflexão de vida e o nosso juízo sobre o que é mais certo dependerá então do nosso julgamento.
A objeção ao construtivismo é que ao revermos nossa formulação de um procedimento construtivista na medida que se ajuste às nossas concepções não estamos dessa forma seguindo intuições? Não seria o construtivismo uma forma de intuicionismo?
Podemos observar então que ambos dependem da reflexão ou o construtivismo não poderia verificar se o procedimento é correto sem intuir a respeito dele. A diferença está na ordem da explicação: no intuismo o juízo é correto por ter seguido o procedimento correto ou para o construtivismo juízo é correto porque após analisarmospensamos ser o procedimento correto da razão prática seguido de forma correta.
Mas sobre a forma de descobrir o procedimento correto o construtivismo defende ser pela reflexão usando a razão, que pode ser descrita de forma equivocada, como o próprio construtivismo assume.
A formulação das nossas concepções de razão prática depende de crenças de todos os tipos; e para o construtivismo, quando conseguimos fazer a correta reflexão os nossos princípios e ideias estão de acordo com nossas crenças sobre a sociedade, a pessoa, e o mundo. Essas convicções podem ser intuições mas não sobre uma ordem independente de valores morais e sim sobre a própria razão prática, seus princípios e suas ideias.
5 – Duas concepções de objetividade 
O contraste entre intuicionismo racional e construtivismo moral que Kant defende tem uma mesma concepção, mas de maneira distinta. 
No intuicionismo racional consiste numa ordem de valores morais anterior e independente, bem como apropriada de pessoas autônomas e responsáveis, membros livres e iguais de uma comunidade moral.
Já na doutrina de Kant, se conforma a critérios de racionabilidade e racionalidade combinadas em um sistema único de raciocínio prático. Kant explica o fato de compartilharmos uma razão prática em comum. Sugerindo que pessoas razoáveis e racionais se identifiquem mais ou menos com as mesmas razões para que se aplique a ideia de juízo oposta à ideia de dar voz ao nosso estado psicológico. Quando não conseguimos alcançar um acordo, temos que ser capazes de explicar nossa falha. Nesse caso presumimos que as pessoas podem divergir, ter desacordo, por isso que temos que ser cautelosos com esse fato. 
Devemos ter fundamentos independentes, identificáveis nas circunstâncias particulares. Não é preciso que a correção de uma convicção faça parte de uma explicação empírica de como sabemos que ela é correta. 
Podemos diferenciar dois tipos de fatos pertinentes ao raciocínio moral, um deles se refere por dar razões a uma ação ou instituição, digamos certa ou erra, justa ou injusta. O outro são os fatos do que é injusto ou sobre a natureza das virtudes, ou sobre a própria doutrina moral. Por fim, a doutrina moral de Kant faz uma distinção entre deveres de justiça e deveres de virtude. 
6 – O imperativo categórico: de que maneira é sintético a priori? 
Inicialmente o imperativo categórico é a priori no sentido mais geral de Kant, um conhecimento fundado nos princípios da razão. 
É muito mais simples em caso da razão prática do que no caso da razão teórica. O entendimento e razão desempenham diferentes papeis na estrutura geral do conhecimento, e as categorias e as ideias da razão tem seus próprios papéis distintivos.
Para Kant há dois cunhos do conhecimento a priori; necessidade e universalidade, se aplicando na prática e na teoria
A necessidade significa necessidade prática, ou seja, aquilo que os princípios da razão pratica pura exigem. Já a universalidade significa que as exigências em questão sustentam-se para todas as pessoas razoáveis e racionais em virtude de sua natureza. 
Nessas duas diferenças, a dificuldade de se compreender como imperativo categórico determina a vontade, está em compreende-lo como uma proporção sintética a priori e prática. Lembrado que os imperativos categóricos particulares são incondicionais, que significa dizer que se aplica-se a nós sejam quais forem os fins objetivados por nossos interesses e inclinações. 
Há um paralelo conforme Kant indica onde não deslumbra dificuldade alguma para compreender como conceitos empíricos se aplicam ao objetos. Eles são abstraídos dos casos das quais os conceitos que se apresentam na experiência de modo que nos asseguramos de sua realidade objetiva. No entanto as categorias do entendimento tais como o conceito de causa, são a priori e não foram abstraídos de objetos da experiência e desse modo como podemos nos assegura que se aplicam a objetos? A ideia é que do mesmo modo que as categorias do entendimento especificam condições a priori para a possibilidade de experiência de objetos, o imperativo categórico e os imperativos categóricos particulares aos quais ele conduz impõe restrições a priori sobre o exercício permissível da razão pratica empírica. 
Ainda que essa elaboração descreva com exatidão do modo como procedimento do IC opera, restam muitas questões a serem resolvidas. Como, imperativos categóricos particulares, deveres de justiça e deveres de virtude particulares, ou, suponhamos o imperativo categórico particular são na verdade hipotéticos e condicionais na medida que o procedimento do IC, para chegar a eles, parte de uma concepção de verdadeira necessidades humanas, ou ainda o procedimento do IC toma em consideração as consequências de fato de todos agiram segundo imperativos categóricos particulares. Por vezes se diz da visão de Kant seria insensata. Por fim, a razão prática pura constrói a partir de si mesma seu objeto a priori, ou seja, podemos ver agora a expressão “a partir de si mesma” é um exagero. Para corrigi-la podemos afirmar que a razão pratica pura, representada pelas três formulações do imperativo categórico, constrói seu objeto a partir dos materiais que eles serão apresentadas pelas máximas racionais. Podemos também dizer que é um dispositivo de seleção que aceita algumas máximas e rejeitas outras quando satisfazem ou não os critérios da razão pratica que ele incorpora. Finalmente Kant assevera que a lei moral dá ao mundo sensível a forma de um mundo inteligível através da totalidade dos preceitos que considera validos, a ordem pública de um possível reino dos fins. 
Kant faz aqui que “a vontade é a causa dos objetos”, podemos elaborar nossa vontade enquanto razão pratica pura constrói seu próprio objeto a priori através do procedimento do IC, objeto esse que é a ordem moral publica de um possível reino dos fins, ou seja sociedade, como objeto na ordem da natureza, não é a causa da concepção de sociedade, essa que determina sua vontade. Antes, ao construir seu próprio objeto a priori, sua razão pratica pura é livre, como é livre a razão. Ela tem a liberdade da razão.

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