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EDUCAÇÃO AMBIENTAL Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo" (Paulo Freire) 2017 Profº André Rodrigues DISCIPLINA: EDUCAÇÃO AMBIENTAL Carga Horária: 60 Horas EMENTA A disciplina abordará os fundamentos e características da educação ambiental, de seus marcos históricos de origem internacional nacional e estadual, a natureza pedagógica, metodológica e teórica dos seus pressupostos para formação do Especialista em Gestão Ambiental. Analisar as políticas públicas voltadas ao universo da educação ambiental e discutir as características das distintas correntes político-pedagógicas existentes. Ao mesmo tempo, busca elucidar a efetivação da Educação Ambiental no Processo da Gestão Ambiental e para o Desenvolvimento Sustentável. OBJETIVO Propiciar ao aluno a compreensão dos marcos históricos, epistemológicos e conceituais da Educação Ambiental (EA); Examinar as políticas e programas de educação ambiental implantadas no Brasil e no Maranhão; Compreender a crise ambiental no mundo contemporâneo e as consequências relacionadas a ela; Discutir a gênese do Desenvolvimento Sustentável e suas bases pra a construção de Sociedades Sustentáveis; Conhecer as principais Correntes pedagógicas em Educação Ambiental; Explorar a Educação no Processo de Gestão Ambiental; Conferir como são feitos projetos de Educação Ambiental para resolução de problemas socioambientais. METODOLOGIA Aula expositiva e dialogada; Leitura e debates dos textos; Trabalhos individuais e em grupo; Produções escritas. AVALIAÇÃO Processual e contínuo, levando em consideração a assiduidade e participação, bem como na resolução dos trabalhos individuais ou em grupo adotando meios que fundamentem o entendimento abordando a desenvoltura dos conteúdos. 1. MARCOS HISTÓRICOS INTERNACIONAIS E NACIONAIS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL Os debates sobre a Educação Ambiental no mundo contemporâneo estão associados aos problemas decorrentes do modelo de produção industrial e das consequências do uso desmedido dos recursos ambientais. Tal situação tem feito parte das preocupações dos mais variados setores da sociedade. A partir da década de 1960 em decorrência dos conflitos políticos, sociais e ambientais que aconteciam no cenário mundial, surgiram movimentos que buscaram colocar em discussão tal situação, tais eventos que iriam vi por acontecer, montaram a estrutura da Educação Ambiental que temos e seu arcabouço teórico. Em 1962, a bióloga Rachel Carson, publica o livro “Silent Spring” (Primavera silenciosa), um clássico na história do movimento ambientalista. Trazendo os primeiros alertas mundiais do agravamento dos impactos ambientais, do uso de pesticidas e poluentes químicos e suas consequências na perda de qualidade de vida dos ecossistemas e da população. E em 1968, um grupo de cientistas de várias áreas passa a se reunir em Roma para discutir os problemas e a crise ambiental, e esse grupo fica conhecido como o Clube de Roma (DIAS, 2013). O Clube também buscava denunciar o consumismo que a humanidade estava praticando e que este ato a levaria a um possível colapso. Em 1965, na Universidade de Keele, na Grã-Bretanha, houve uma Conferência em Educação, surgindo neste evento o termo “Educação Ambiental”. É importante destacar que os conceitos surgidos nessa época ainda eram cristalizados e ainda baseados nos modelos racionalistas e cartesianos, como cita Reigota (2000, p.11 apud RUFINO & CRISPIM, 2015, p 03): [...] voltada especificadamente para um indivíduo fora de um contexto social e político, para a preservação de uma espécie de fauna ou da flora, de um ecossistema específico numa concepção biofísica, não superando o localismo de uma unidade de conservação ou de qualquer um destes elementos do meio ambiente em suas interações com os eixos sociocultural, político e econômico. Em 1972, o Clube de Roma, realizou em Roma uma reunião de cientistas dos países desenvolvidos para discutir o consumo e as reservas de recursos naturais não renováveis e o crescimento da população mundial até meados do século XXI. Com base nas ideias discutidas e nas reflexões realizadas nesta reunião foi publicado o documento, coordenado por Donella Meadows, intitulado Limites de Crescimento com o objetivo de mostrar como seria o futuro da humanidade, caso não houvesse transformações bruscas de comportamento e mentalidade. No mesmo ano, em 1972 foi realizado na Suécia (Estocolmo) a primeira tentativa governamental de harmonizar as relações homem-natureza, a Conferência Mundial sobre o Homem e o Meio Ambiente ou Conferência de Estocolmo, organizada pela Organização das Nações Unidas (ONU). Reunindo representantes de 113 países, o evento tinha como objetivo de estabelecer uma visão global e princípios comuns para a preservação e melhoria do ambiente humano e chamar a atenção dos governos para a adoção de novas políticas ambientais, entre elas um Programa de Educação Ambiental, visando a educar o cidadão para a compreensão e o combate à crise ambiental no mundo. No final de 1975, como uma resposta à Conferência de Estocolmo, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), realizou em Belgrado, Iugoslávia, o Encontro Internacional de Educação Ambiental, que produziu um documento denominado "Carta de Belgrado", escrito por vinte especialistas em EA, chamando atenção mundial para necessidade de uma nova ética ambiental. Nela é definido que a Educação Ambiental deve ser multidisciplinar, continuada e integrada às diferenças regionais e voltada para os interesses nacionais. O documento fala sobre a satisfação das necessidades e desejos de todos os cidadãos da Terra, tais como erradicação das causas da pobreza, do analfabetismo, da fome, da poluição, preconizando assim a ética global e a reforma dos processos e sistemas educacionais (GOTTARDO, 2003 apud TANNOUS & GARCIA 2008). Outro ponto importante da Carta de Belgrado é que ela tinha como meta desenvolver um cidadão consciente do ambiente total (preocupado com os problemas ambientais locais, as atitudes motivações, envolvimento e habilidades para trabalhar no plano individual e coletivo em busca de soluções para resolver os problemas atuais e prevenir os futuros). Em 1977 foi realizado em Tbilisi, na Geórgia, ex-URSS, a Conferencia 1ª Conferencia Intergovernamental sobre Educação Ambiental, o primeiro grande evento internacional acerca da educação ambiental (TOZONI-REIS, 2002). Na Conferência de Tbilisi vários especialistas de todo o mundo definiram os princípios, objetivos, estratégias e características da educação ambiental, além de formular as recomendações para a atuação internacional e nacional sobre o tema. No documento foi recomendado que a prática da EA deveria abarcar os aspectos que fazem parte da questão ambiental, ou seja, aspectos políticos, sociais, econômicos, científicos, tecnológicos, éticos, culturais e ecológicos, dentro de uma visão inter e multidisciplinar. Como consequência da Conferência de Estocolmo, foi criado pela ONU em 1983, a Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento (CME), cujas conclusões foram publicadas em 1987 em um documento conhecido como Relatório Brundtland, estabelecendo o conceito de desenvolvimento sustentável (PEREIRA JR, 2002 apud TANNOUS & GARCIA 2008). No mesmo ano da publicação do Relatório foi realizado em Moscou, ex- URSS pela UNESCO-PNUMA, a 3ª Conferencia Intergovernamental sobre Educação Ambiental, reunindo educadores de 100 países. No evento se avaliou os avanços e dificuldades em EA, reconhecendo aimportância da implementação da educação ambiental nos sistemas educacionais dos diversos países (TANNOUS & GARCIA 2008). Esse evento veio também reforçar os princípios e objetivos definidos em Tbilisi, na qual a EA deveria formar os cidadãos, desenvolver habilidades e disseminar valores e princípios que permitissem à sociedade elaborar propostas para resolução dos problemas ambientais. Quatro anos após a Conferência de Moscou, o Rio de Janeiro veio a sediar em 1992 um evento que propunha a análise da proteção ambiental desde a Conferência de Estocolmo em 1972. Realizada pela ONU, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), que ficou conhecida como " Rio-92, Eco-92 ou Cúpula da Terra”. Entre outras discussões, veio reiterar as recomendações de Tbilisi, principalmente no que tange a interdisciplinaridade da EA, destacando três metas a serem priorizadas: a reorientação da educação ambiental para o desenvolvimento sustentável; promover informações sobre o meio ambiente, formar e conscientizar a população sobre os problemas que estavam ocorrendo no planeta; e, promover a formação de professores na área de educação ambiental. Durante o evento, também foi realizada a Jornada Internacional de Educação Ambiental, formulando o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, reafirmando o compromisso crítico da EA. De acordo com o tratado, a Educação Ambiental é indispensável para a sustentabilidade, pois, a educação ambiental deve ajudar a desenvolver uma consciência ética sobre todas as formas de vida com as quais compartilhamos este planeta, respeitar seus ciclos vitais e impor limites à exploração dessas formas de vida pelos seres humanos. E entre outras ações, ela deve: incentivar a produção de conhecimentos, políticas, metodologias e práticas de educação ambiental em todos os espaços de educação formal, informal e não-formal; promover e apoiar a capacitação de recursos humanos para preservar, conservar e gerenciar o ambiente, como parte do exercício da cidadania local e planetária. Outras discussões que ganharam destaque no evento foram: a situação socioambiental dos países e do meio ambiente decorrentes do estilo de desenvolvimento vigente; estabelecimento de mecanismos de transferência de tecnologias não-poluentes aos países subdesenvolvidos; avaliar as estratégias nacionais e internacionais para incorporação de critérios ambientais ao processo de desenvolvimento; busca por um sistema de cooperação internacional para prever ameaças ambientais e prestar socorro em casos emergenciais; e também, a formulação do conceito de Desenvolvimento Sustentável. De acordo com Feldman (1997), como resultado da Eco-92 foram assinados cinco documentos: Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – Uma carta contendo 27 princípios que busca estabelecer um novo padrão de vida para a sociedade, um novo tipo de presença do homem na Terra, através da proteção dos recursos naturais e da busca do desenvolvimento sustentável e de melhores condições de vida para todos os povos (FELDMAN,1997 ). Agenda 21 – Documento mais importante da Conferência, a Agenda 21 é um plano de ação que reúne propostas e prevê a promoção da qualidade de vida e desenvolvimento sustentável com vistas ao século 21 e que deve ser adotado global, nacional e localmente, por organizações do sistema das Nações Unidas, governos e pela sociedade civil, em todas as áreas em que a ação humana impacta o meio ambiente. Princípios para a Administração Sustentável das Florestas – Declaração de princípios buscando um consenso global sobre o manejo, conservação e desenvolvimento sustentável de todos os tipos de florestas. Convenção da Biodiversidade – Documento que tem por objetivos no art. 01, "o uso sustentável de seus componentes e a divisão equitativa e justa dos benefícios gerados com a utilização de recursos genéticos, através do acesso apropriado a referidos recursos, e através da transferência apropriada das tecnologias relevantes, levando-se em consideração todos os direitos sobre tais recursos e sobre as tecnologias, e através de financiamento adequado” (FELDMAN, 1997 ). Convenção sobre Mudança Climática – A convenção alertava sobre as consequências das atividades antrópicas para a atmosfera de gases do efeito estufa, que resultara em um aquecimento da superfície do planeta e da atmosfera, o que poderá afetar adversamente ecossistemas naturais e a humanidade. Seus objetivos são: (a) estabilizar a concentração de gases efeito estufa na atmosfera num nível que possa evitar uma interferência perigosa com o sistema climático; (b) assegurar que a produção alimentar não seja ameaçada; (c) possibilitar que o desenvolvimento econômico se dê de forma sustentável (FELDMAN, 1997 ). Após a Rio-92, cria-se mais um novo documento, este também com extrema relevância, assim como a Agenda 21, formulam-se um documento chamado "Carta da Terra", contendo princípios éticos fundamentais e diretrizes de condutas para orientar pessoas, organizações e países para a sustentabilidade do planeta. Em 2002, Johannesburgo, na África do Sul, ocorreu a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável – Rio+10, numa uma tentativa da ONU de reavaliar e implementar as conclusões e diretrizes obtidas na Rio-92. Dentre os poucos avanços, tivemos no campo da biodiversidade, a criação de um sistema internacional para divisão, com os detentores de recursos naturais e conhecimentos tradicionais, dos lucros obtidos pelos países ricos com o uso desses recursos. Mas, em contraposição, há no documento final da conferência muitas declarações vagas, sem o estabelecimento de meios para cobrar a implementação das medidas aprovadas PEREIRA JR ( 2002 ). Em 2012, dez anos após, acontece a Rio+20 no Brasil, onde foram debatidos a contribuição da “economia verde” para o desenvolvimento sustentável e a eliminação da pobreza, com foco sobre a questão da estrutura de governança internacional na área do desenvolvimento sustentável. 2. POLÍTICAS E PROGRAMAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL IMPLANTADAS NO BRASIL E NO MARANHÃO Em consonância com os eventos que permearam a discussão e efetivação da Educação Ambiental a nível de internacional e nacional, tivemos no Brasil a criação de alguns instrumentos normativos e programas que vieram a concretizar o arcabouço legal da EA no país. A Educação Ambiental, foi formalmente instituída no Brasil na década de 1980, pela Lei Federal de nº 6.938/81, quando foi criada a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA). A referida lei foi uma marco teórico para institucionalização da defesa da qualidade ambiental brasileira. Foi instituído na mesma lei o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), MMA – Ministério do Meio Ambiente, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e órgãos da administração pública federal, setorial, estadual, municipal de meio ambiente para possibilitar organicidade e todas as instâncias de ação principalmente governamentais. O sistema foi orientado para uma execução descentralizada, com repartição de responsabilidades entre as três esferas de governo e participação da sociedade civil na conservação do meio ambiente (MMA, 1997). No inciso VI do artigo 225, do capítulo VI do Meio Ambiente, da Constituição Brasileira em 1988 a EA foi citada pela primeira vez, destacando a necessidade de „‟promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente‟‟, determinando a obrigatoriedade da EducaçãoAmbiental, tanto na esfera federal, quanto na estadual e municipal. Todavia, dissociada da dimensão pedagógica. Para LOPES et al. (1996 apud TANNOUS & GARCIA 2008, p. 11), Iniciou-se, então, a formulação de políticas e programas mais adaptado à realidade econômica e institucional de cada estado, permitindo maior integração entre as diversas esferas governamentais e os agentes econômicos. Alguns estados se destacaram, demonstrando consciência da necessidade de conservar seus recursos naturais remanescentes em razão do agravamento de seus problemas ambientais ou por possuírem melhor nível de informação sobre eles. Em 1994 foi criado o Programa Nacional de Educação Ambiental – PRONEA, tendo três componentes principais: capacitação de gestores e educadores, desenvolvimento de ações educativas, e desenvolvimento de instrumentos e metodologias, tendo em seus princípios a “concepção de ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência sistêmica entre o meio natural e o construído, o socioeconômico e o cultural, o físico e o espiritual, sob o enfoque da sustentabilidade” (BRASIL, 2005). Contemplando ainda algumas linhas de ação como: Educação no processo de gestão ambiental; Campanhas de educação ambiental para usuários de recursos naturais; Rede de centros especializados em educação ambiental em todos os estados. No que tange a gestão ambiental, o PRONEA, cita o estímulo à implantação de sistemas de gestão ambiental por setores produtivos, em consonância com leis e normas, como as da série ISO 14000. E que os programas de gestão ambiental devem priorizar, em suas propostas, as causas dos problemas socioambientais e não apenas seus efeitos, almejando assim, a sustentabilidade socioambiental. A educação ambiental tornou-se obrigatória atreves da Lei n. 9.795 de 27 de abril de 1999 quando é estabelecido a Política Nacional de Educação Ambiental. No Art. 2º afirma: “A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal” (DIAS, 2000 p.202). Ou seja, as ações e práticas em EA devem esta voltadas ao coletivo e articuladas com a participação e parcerias do Estado, Escolas, Universidades e Empresas. O artigo 3º no inciso III, diz que os órgãos que compõem o SISNAMA, devem promover ações de educação ambiental integradas aos programas de conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente. E, no inciso V, diz que as empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas, devem promover programas destinados à capacitação dos trabalhadores, visando à melhoria e ao controle efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como sobre as repercussões do processo produtivo no meio ambiente (BRASIL, 1999). No parágrafo 2º, Inciso III do artigo 08, diz que os profissionais voltados para atividades de gestão ambiental devem ser preparados para trabalhar a EA. No âmbito do Estado do Maranhão, tivemos em menos de um década a institucionalização da Política Estadual de Educação Ambiental e o Sistema Estadual de Educação Ambiental do Maranhão pela Lei nº 9.279 DE 20 de outubro de 2010. E em 31 de agosto de 2012 o Decreto Nº 28.549 que dispõe sobre a regulamentação da Lei nº 9.279/2010. A Lei Estadual nº 9.279/2010 em seu Artigo 5, fala que a EA é componente essencial e permanente em todos os níveis e modalidades de processos de gestão ambiental no Estado e municípios. E dentre os objetivos da EA, deve está o desenvolvimento de programas, projetos e ações de educação ambiental integrados ao de gestão ambiental (Art. 8, inciso VI). Já os incisos I e VIII do Artigo 24, reforça que a EA deve esta nos processos de gestão ambiental e que devem ser orientados, apoiados e fiscalizados a participação de empresas públicas e privadas no desenvolvimento de programas de Educação Ambiental. Por fim, o Art. 26 reforça que a EA deve esta nos seguintes processos de gestão ambiental: Recursos Hídricos; Biodiversidade; Política Urbanística e Gestão Ambiental Municipal; Unidades de Conservação; Gerenciamento Costeiro; Zoneamento Ecológico-Econômico; Licenciamento Ambiental; Resíduos Sólidos e Saneamento Ambiental; Florestal; Patrimônio Ambiental Cultural; Controle da Qualidade do Ar; Turismo Sustentável; Territorial Agrário; e, Preservação, adaptação e mitigação das mudanças climáticas (MARANHÃO, 2010). Mais recentemente, o Governo do Estado do Maranhão no de 2017, por meio da Secretaria de Estado de Meio ambiente e recursos Naturais (SEMA) vem tentando instituir e implementar o Plano Estadual de Educação Ambiental ainda em fase preliminar. 3. CONCEITOS E OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL As concepções filosóficas e conceituais da Educação Ambiental no decurso de sua história, está associado diretamente à evolução do conceito de meio ambiente e ao modo como ele era percebido. Ao mesmo tempo, relacionado também a evolução da crise socioambiental dos impactos causados pela ação humana no meio ambiente. O conceito de meio ambiente de acordo com Reigota (2002 apud FERNANDES NETO, 2012) é composto pelos aspectos bióticos (físico e químico) e abióticos. A Lei 6.938/81 por sua vez define o meio ambiente como "conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas" (BRASIL, 1981). A educação ambiental a partir da Política Nacional de Educação Ambiental é definida como: Art. 1º “Entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o individuo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimento, habilidades, atitudes e competências voltadas para conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial á sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade” (BRASIL, 1999). Em complemento, o art. 2° diz que: “a educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal”. Nesse sentido, a EA deve perpassar por todos os espaços, formais ou não para atuar em prol de um meio ambiente equilibrado. Kist (2009 apud Alcântara et al, 2012, p. 737) destaca que a Educação Ambiental traz consigo uma série de práticas e ações, que ultrapassam as barreiras ou fronteiras existentes entre a educação-formal e não-formal, estabelecendo vínculos e ligações, integrando a escola e a comunidade em torno dela (KIST, 2009 apud ALCÂNTARA Et Al, 2012, p. 737) Segundo Loureiro (2002), a EA é um processo educativo e social que tem por finalidade a construção de valores, conceitos, habilidade e atitudes que possibilitem o entendimento da realidade e a atuação consciente e responsável de atores sociais no ambiente, tendo em vista a qualidade de vida individual, coletiva e planetária. Para Tanner (1978 apud DIAS, 2004) a Educação Ambiental consiste nas relações homem-terra, podendo considerar ainda a relação homem-homem apenas quando esta afetam ou são afetados pela relação homem-terra. Minini (2000 apud DIAS, 2004) diz que a Educação Ambiental é um processo que consiste em propiciar às pessoa uma compreensão crítica e global do ambiente, elucidando valores e desenvolvendo atitudes que lhes permitam adotar uma posição consciente e participativa, a respeito das questões relacionadas com a conservação e adequada utilização dos recursos naturais, para a melhoria da qualidade de vida e a eliminação da pobreza extrema e do consumismo desenfreado. Assim, a EA deve ser vista, acima de tudo,como uma mudança de atitudes e, ser colocada como um ato político voltado para a transformação social, considerando a necessidade da sustentabilidade ecológica, social e econômica, buscada através de intervenções integradoras e coordenada. Para além disso, a educação ambiental também tem como objetivos a sensibilização, conscientização, mobilização, construção de valores, atitudes e comportamentos. Todavia, Leroy & Pacheco (2006) traçam alguns desafios que a educação ambiental apresenta na contemporaneidade, como: Transformar a cultura e a concepção de mundo para poder mudar as relações com a natureza e com o planeta; Enfrentar os atuais padrões de produção e de consumo insustentáveis; Humanizar o território; Inserir o trabalho na perspectiva da construção de um projeto de futuro para a humanidade e o planeta; Repensar o tempo e o espaço; ética, visão de mundo e direitos, humanos e ambientais; democracia. 4. CORRENTES PEDAGÓGICAS EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL No decorrer da história da Educação ambiental foram construídas algumas macro-tendências ou correntes pedagógicas. Algumas delas mais antigas e outras mais recentes. Entre as correntes que têm uma longa tradição em educação ambiental temos: a corrente conservacionista, sistêmica e humanista. Entre as correntes mais recentes: a corrente pragmática, popular e crítica. 4.1 Educação Ambiental Conservacionista Possui uma prática educativa voltada a sensibilidade para com natureza, direcionada a conscientização ecológica, tendo por base a ciência ecológica e o horizonte centrado na conservação dos recursos ambientais como: a água, o solo, a energia, as plantas (principalmente as plantas comestíveis e medicinais) e os animais (pelos recursos que podem ser obtidos deles), o patrimônio genético, o patrimônio construído, etc (SAUVÉ, 2005). Nessa corrente há um preocupação com o desenvolvimento de habilidades de gestão ambiental dos recursos naturais. Os programas de Educação ambientais geralmente são centrados nos clássicos "3 R's”, reduzir, reutilizar e reciclar ou aqueles centrados em preocupações de gestão ambiental (gestão da água, gestão do lixo, gestão da energia, por exemplo) se associam à corrente conservacionista. Para Layrargues & Lima (2011) essa corrente tem o viés estrito na visão ecológica da crise e dos problemas ambientais, perdendo de vista as dimensões sociais, políticas e culturais. Uma vez que reduzem a "complexidade do fenômeno ambiental a uma mera questão de inovação tecnológica e porque, finalmente, crêem que os princípios do mercado são capazes de promover a transição social no sentido da sustentabilidade" (LAYRARGUES & LIMA, 2011, p. 07). 4.2 Educação Ambiental Sistêmica Para os que seguem essa tendência, o enfoque é sistêmico, pois permite conhecer e compreender devidamente os problemas ambientais em suas realidades, permitindo a identificação e relação dos componentes de um sistema ambientais, como por exemplo, as relações entre os elementos biofísicos e os elementos sociais de um contexto ambiental. A análise das relações é essencial, pois a partir dela pode-se ter uma visão ampla e conjunta para se ter uma síntese da realidade analisada em sua totalidade. 4.3 Educação Ambiental Humanista Esta corrente dá ênfase à dimensão humana do meio ambiente, edificado pela relação da natureza e da cultura. O ambiente não é somente conjunto de elementos biofísicos, mas, corresponde a um meio de vida, com suas dimensões históricas, culturais, políticas, econômicas, estéticas, etc. Não pode ser discutido sem se levar em conta sua significação, seu valor simbólico. O “patrimônio” não é somente natural, é igualmente cultural: as construções e os ordenamentos humanos são testemunhos da aliança entre a criação humana e os materiais e as possibilidades da natureza. A arquitetura, entre outros elementos, se encontra no centro desta interação. Para essa corrente, a cidade, a praça pública, os jardins cultivados, dentre outros, também são o meio ambiente. 4.4 Educação Ambiental Pragmática A vertente pragmática da Educação Ambiental tem em seu cerne uma educação para o desenvolvimento e consumo sustentável. Pois, a partir dessa perspectiva poderia apresentar uma leitura crítica da realidade, caso aproveitasse o potencial crítico da articulação das dimensões sociais, culturais, econômicas, políticas e ecológicas na reflexão sobre o padrão do lixo gerado no atual modelo desenvolvimentista. Todavia, Layrargues (2002 apud LAYRARGUES & LIMA, 2011) aponta que essa corrente se direcionou para um viés pragmático, uma vez que serviu apenas como um mecanismo de compensação para corrigir a “imperfeição” do sistema produtivo baseado no consumismo, na obsolescência planejada e nos descartáveis. Para Layrargues & Lima (2011, p. 09), isso se deu porque porque esse sistema proporciona um significativo aumento na geração do lixo, que necessariamente deve ser reciclado para manter sua viabilidade. Dessa forma, essa vertente que responde à “pauta marrom” por ser essencialmente urbano-industrial, acaba convergindo com a noção do Consumo Sustentável, que também se relaciona com a economia de energia ou de água, o mercado de carbono, as eco-tecnologias legitimadas por algum rótulo verde, a diminuição da “pegada ecológica” e todas as expressões do conservadorismo dinâmico que operam mudanças superficiais, tecnológicas, demográficas, comportamentais. Essa tendência percebe o meio ambiente como um simples conjunto de recursos naturais em processo de esgotamento, remetendo ao combate ao desperdício e à revisão do paradigma do lixo que passa a ser concebido como resíduo, ou seja, que pode ser reinserido no processo industrial. Deixando margem a análise da distribuição desigual dos custos e benefícios ambientais pelos processos desenvolvimentistas. 4.5 Educação Ambiental Popular A vertente popular está relacionada a tradução popular da educação, que percebe o processo educativo como uma prática social de formação de cidadania, de formação de sujeitos, que além de serem históricos, são políticos, capazes de agir criticamente na sociedade, em um conjuntura sociopolítica determinada, cuja ação resulta de um universo de valores construído social e historicamente. Para a EA Popular, mais do que resolver conflitos ou preservar a natureza, a EA entende "que a transformação das relações dos grupos humanos com o meio ambiente está inserida dentro do contexto da transformação da sociedade" (CARVALHO, 2001, p. 47). A corrente popular propõe a transformação das relações com o meio ambiente dentro de um projeto de construção de um novo ser social, baseado em valores libertários, democráticos e solidários (CARVALHO, 2001). 4.6 Educação Ambiental Crítica A Corrente crítica traz uma abordagem crítica, práxica e emancipatória, marcada pelo pensamento de Paulo Freire e pelos princípios da Teoria Crítica. A EA Crítica compreende o homem como um ser sócio-histórico, capaz de agir na transformação da sociedade de consumo, através da criação de uma consciência crítica capaz de gerar novos conceitos e percepções acerca de atitudes e ações sobre meio natural, social e político. Incorpora em dentro de sua perspectiva conceitos como Cidadania, Democracia, Participação, Emancipação, Conflito, Justiça Ambiental e Transformação Social. Para ela, constatar os efeitos perceptíveis e as externalidades dos problemas socioambientais não é suficiente, é preciso antes de tudo identificar as causas da crise, buscando o enfrentamento político das desigualdades e da injustiçasocioambiental, contextualizando e politizando o debate ambiental, a partir das diversas dimensões da sustentabilidade e problematização das contradições dos modelos de desenvolvimento e de sociedade. A EA Crítica propicia também refletir sobre a necessidade da constituição de seres capazes de reconhecer a dimensão socioambiental da crise e suas formas de transformação. Nesta perspectiva, Loureiro (2004, p. 89) faz a seguinte referência acerca desse paradigma: (...) A Educação Ambiental (...) é aquela que possui um conteúdo emancipatório (...) vinculada ao fazer educativo, impliquem mudanças individuais e coletivas, locais e globais, estruturais e conjunturais, econômicas e culturais (...) dimensão política da educação (...) não cabe mais esperar o milagre da mudança de circunstâncias a partir de uma elite intelectual ou econômica (...).(LOUREIRO 2004, p. 89). A ação emancipatória que o autor supracitado se refere é a da educação em para a formação da cidadania. Um educar para a transformação da dominação capitalista a partir da atuação política, ética e consciente que irão de encontro com aos padrões de civilização e sociedade diferente dos atuais. 4.7 Outras correntes Abaixo consta um quadro com algumas correntes pedagógicas em educação ambiental desenvolvidas no Brasil a partir do levantamento histórico feito por Sauvé (2003 apud SAUVÉ, 2005). Correntes Concepções do meio ambiente Objetivos da EA Enfoques dominantes Exemplos de estratégia Corrente naturalista Natureza Reconstruir uma ligação com a natureza. Sensorial Experiencial Afetivo Cognitivo Criativo/Estético Imersão Interpretação Jogos sensoriais Atividades de descoberta Corrente conservacionista Recurso Adotar comportamentos de conservação. Desenvolver habilidades relativas à gestão ambiental. Cognitivo Pragmático Guia ou código de comportamentos; Projeto de gestão/conservação. Corrente resolutiva Problema Desenvolver habilidades de resolução de problemas (RP): do diagnóstico à ação. Cognitivo Pragmático Estudos de casos: análise de situações problema Experiência de RP associada a um projeto. Corrente sistêmica Sistema Desenvolver o pensamento sistêmico: análise e síntese para uma visão global. Compreender as realidades ambientais, tendo em vista decisões apropriadas. Cognitivo Estudo de casos: análise de sistemas ambientais. Corrente científica Objeto de estudos Adquirir conhecimentos em ciências ambientais. Desenvolver habilidades relativas à experiência científica. Cognitivo Experimental Estudo de fenômenos Observação Demonstração Experimentação Atividade de pesquisa hipotético-dedutiva. Corrente humanista Meio de vida Conhecer seu meio de vida e conhecer- se melhor em relação a ele. Desenvolver um sentimento de pertença. Sensorial Cognitivo Afetivo Experimental Criativo/Estético Estudo do meio Itinerário ambiental Leitura de paisagem Corrente moral/ética Objeto de valores Dar prova de ecocivismo. Desenvolver um sistema ético. Cognitivo Afetivo Moral Análise de valores Definição de valores Crítica de valores sociais Corrente holística Total Todo O Ser Desenvolver as múltiplas dimensões de seu ser em interação com o conjunto de dimensões do meio ambiente. Desenvolver um conhecimento “orgânico” do mundo e um atuar participativo em e com o meio ambiente. Holístico Orgânico Intuitivo Criativo Exploração livre Visualização Oficinas de criação Integração de estratégias complementares Corrente biorregionalista Lugar de pertença Projeto comunitário Desenvolver competências em ecodesenvolvimento comunitário, local ou regional. Cognitivo Afetivo Experiencial Pragmático Criativo Exploração do meio Projeto comunitário Criação de ecoempresas Corrente práxica Cadinho de ação/reflexão Aprender em, para e pela ação. Desenvolver competências de reflexão. Práxico Pesquisa-ação Corrente crítica Objeto de transformação, lugar de emancipação Desconstruir as realidades socioambientais visando a transformar o que causa problemas. Práxico Reflexivo Dialogístico Análise de discurso Estudo de casos Debates Pesquisa-ação Corrente feminista Objeto de solicitude Integrar os valores feministas à relação com o meio ambiente. Intuitivo Afetivo Simbólico Espiritual Criativo/Estético Estudos de casos Imersão Oficinas de criação Atividade de intercâmbio, de comunicação Corrente etnográfica Território Lugar de identidade Natureza/Cultura Reconhecer a estreita ligação entre natureza e cultura. Aclarar sua própria cosmologia. Valorizar a dimensão cultural de sua relação com o meio ambiente. Experiencial Intuitivo Afetivo Simbólico Espiritual Criativo/Estético Contos, narrações e lendas Estudos de casos Imersão Camaradagem Corrente da ecoeducação Pólo de interação para a formação pessoal Cadinho de identidade Experimentar o meio ambiente para experimentar-se e formar-se em e pelo meio ambiente. Construir sua relação com o mundo, com outros seres que não sejam humanos. Experiencial Sensorial Intuitivo Afetivo Simbólico Criativo Relato de vida Imersão Exploração Introspecção Escuta sensível Alternância subjetiva/objetiva Brincadeiras Corrente da sustentação e da sustentabilidade Recursos para o desenvolvimento econômico Recursos compartilhados Promover um desenvolvimento econômico respeitoso dos aspectos sociais e do meio ambiente. Contribuir para esse desenvolvimento. Pragmático Cognitivo Estudo de casos Experiência de resolução de problemas Projeto de desenvolvimento de sustentação e sustentável. Quadro 1: Correntes pedagógicas em EA desenvolvidas no Brasil, Sauvé, 2005. 5. CRISE AMBIENTAL NO MUNDO CONTEMPORÂNEO A história do planeta Terra tem aproximadamente 4,5 bilhões de anos. A vida humana dentro de nosso planeta é bem mais recente. E nesse processo de existência, a terra sempre esteve em quase total equilíbrio e harmonia. Todavia, com a ação do homem sobre a natureza esse equilíbrio passa a sofrer algumas perturbações em diferentes escalas. Nos últimos cinquenta anos, o impacto das ações humanas tem-se tornado bastante ameaçador, não apenas para a espécie humana, mas a todas as formas de vida que habitam nosso planeta. Assim, a influencia das atividades humanas, sobretudo a partir da revolução industrial e tecnológica, com o fenômeno da globalização, aliado ao modo de produção industrial, consumista e poluidor fez da economia o principal eixo articulador e construtor da sociedade, trazendo riscos cada vez maiores para todos os serem que habitam nosso planeta, em alguns casos, irreversíveis. Com a urbanização, a degradação ambiental atenuou-se ainda mais, pois, antes, alguns povos mantinham ligação direta com a terra, agora ela torna-se dependente dos grandes centros industrial. O avanço tecnológico faz com que os combustíveis fósseis passem a ser a principal matriz energética, com o carvão, gás e petróleo que em consequência do seu uso em demasia, atenuou fenômenos como chuva ácida e o efeito estufa. Inundações, furações e elevação do nível do mar são resultados desses fenômenos. Especialistas já constataram que o nível dos oceanos vem crescendo exponencialmente, podendo causar desaparecimento de espécies marinhas com a dessalinização dos oceanos e desaparecimentos de cidades e países costeiros. Outras consequências são: ruptura da camada de ozônio que impede a passagemde raios ultravioletas nocivos para a vida, o adensamento do dióxido de carbono na atmosfera, escassez de recursos naturais necessários para a vida (solos, nutrientes, água, florestas) e também o esgotamento de alguns (petróleo e o gás), perda crescente da biodiversidade, poluição dos corpos hídricos, desflorestamento afetando o ciclo hidrológico, acúmulo excessivo de dejetos industriais que não sabemos como reutilizar ou eliminar, poluição dos oceanos aumentando sua salinização, e o aquecimento global (que traz consigo eventos extremos, como: enchentes, tórridas secas, tufões devastadores, fome, destruição de safras provocando a emigração e a disputa por espaços e recursos). Para Guimarães (1995, p. 33 apud FERNANDES NETO, 2012, p. 34), Os seres humanos superaram, e muito, os seus limites biológicos de intervenção no meio, atingindo duramente a capacidade de suporte do ambiente. Isso deu-se principalmente a partir da revolução Industrial, em que o ser humano conquista tecnologia cada vez mais poderosa. Tecnologia que traz intrinsecamente em sua concepção de valores antropocêntricos, consumistas, fragmentados e por consequência destrutivos ambientalmente, em que a qualidade e a quantidade da intervenção dos seres humanos sobre a natureza por meio dessa tecnologia assumiram parâmetros atuais, com grandes e nefastos impactos ambientais. Devido as intervenções humanas nos processos naturais nos últimos três séculos, estamos vivendo uma nova era geológica, o Antropoceno, que se caracteriza pela capacidade de destruição do ser humano, acelerando o desaparecimento natural das espécies. De acordo Barbault (2011), estima-se estarem sendo eliminados entre 27.000 a 100.000 espécies por ano. Corroborando com o autor, o PNUMA afirma que mais de 122% das plantas de todo o mundo se encontram sob risco de extinção devido a perda de seus habitats naturais em consequência do desmatamento em função da produção de alimentos, do agronegócio e da pecuária. Com o desaparecimento das florestas, consequentemente animais, insetos e o regime de umidade são perigosamente afetados, aumentando também a expansão de desertos e erosão, causando fome e migração de milhares de pessoas. De acordo com Boff (2012), com o sistema econômico-financeiro e especulativo capitalista, hoje os 20% mais ricos consomem 82,4% das riquezas da Terra, enquanto os 20% mais pobres têm que se contentar com 1,6% apenas. As três pessoas mais ricas do mundo possuem ativos superiores a toda riqueza de 48 países mais pobres onde vivem 600 milhões de pessoas. 257 pessoas sozinhas acumulam mais riqueza que 2,8 bilhões de pessoas, o que equivale a 45% da humanidade. Atualmente 1% dos estado-unidenses ganha correspondente à renda de 99% da população. Os 500 milhões mais ricos (7% da população mundial) são responsáveis por 50% das emissões de gases do efeito estufa, enquanto 3,4% bilhões mais pobres (50% da população) respondem apenas a 7% das emissões, produtos do aquecimento global. Segundo Barbault (2011, apud BOFF, 2012), em 1975 precisávamos de 97% da Terra para atender as necessidades humanas. Em 1980 exigíamos 100,6% da Terra. Em 2005 ja atingíamos 170% da Terra. Em 2011 nos aproximamos do 170% de Terra. Se seguirmos esse ritmo, em 2030 precisaremos de pelo menos três planetas Terras iguais ao que temos. E se hipoteticamente quiséssemos universalizar para toda a humanidade o nível de consumo que os países ricos como os Estados Unidos, União Européia e o Japão desfrutam, seriam necessários cinco planetas Terra. Para Boff (2012, p. 15), A situação atual se encontra, social e ecologicamente, tão degradada que a continuidade da forma de habitar a Terra, de produzir, de distribuir, e de consumir, desenvolvida nos últimos séculos, não nos oferece condições de salvar a nossa civilização e, talvez até, a própria espécie humana; daí que imperiosamente se impõe um novo começo, com novos conceitos, novas visões e novos sonhos, não excluídos os instrumentos científicos e técnicos indispensáveis; trata- se, sem mais nem menos, de refundar o pacto social entre os humanos e o pacto natural com a natureza e a Mãe Terra (BOFF, 2012, p. 15). Devemos repensar as consequências dos benefícios e malefícios de nossos atos, de nossas políticas e das intervenções que fazemos na natureza, que podem destruir o frágil equilíbrio da Terra. Diante dessa conjuntura, é salutar a elaboração de um modo sustentável de vida em nosso planeta em todos os âmbitos, seja na natureza ou na cultura. Não se trata de salvar nossa sociedade, mas nossa civilização junto as demais formas de vida. 6. EDUCAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL O progresso econômico e o crescimento populacional trouxeram consigo uma grande preocupação sobre como continuar crescendo/desenvolvendo com qualidade, sem comprometer a capacidade de suporte e a pegada ecológica dos recursos ambientais cada vez mais escassos. O conceito de sustentabilidade surge, então, com a necessidade de desenvolver atividades que durem a longo prazo, se auto mantendo, abastecendo o presente e preservando a sobrevivência futura da atividade. De acordo com o Relatório de Brundland, o desenvolvimento sustentável é definido como "aquele que atende as necessidades das gerações atuais sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atenderem as suas necessidades e aspirações". Assim, o desenvolvimento sustentável perpassa por todos os setores, em especial aos relacionados aos recurso naturais, uma vez que são essenciais para a manutenção da vida humana e das outras formas de vida que habitam o nosso planeta. Ao se conceituar o desenvolvimento sustentável é preciso ser amplo e generalista, levando em consideração uma série de fatores que se interligam. Necessitando da colaboração de todos os atores sociais em prol de um bem comum, que é um ambiente equilibrado, devendo assim ser consequência do desenvolvimento social, econômico e da preservação/conservação ambiental. . Barbosa (2008) esquematiza a estrutura de sociedade que devemos ter para alcançar o desenvolvimento sustentável. Figura 1 - Desenho esquemático relacionando parâmetros para se alcançar o desenvolvimento sustentável. Com a Rio-92 e os eventos que sucederam desse encontro, apesar de algumas frustrações em relação aos pactos firmados, o que mais avançou foi o reconhecimento do desenvolvimento sustentável como uma possível e aceitável solução para os problemas ambientais e sociais enfrentados pelo mundo (CAMARGO, 2004 apud BARBOSA, 2008). Para Philippi (2001), o conceito de desenvolvimento sustentável hoje é permeado por várias concepções e interesses. Para os ambientalistas o desenvolvimento sustentável é o conjunto de transformações que deve ocorrer em relação ao consumo e produção, para que se inverta o quadro de degradação ambiental e a miséria social, determinando as prioridades da sociedade alinhadas a uma nova ética de comportamento humano e ações, pensando nos interesses sociais, coletivos. Para os economistas, trata-se de um alinhamento da economia com o meio ambiente, ou seja, a integração de critérios econômicos às práticas ecológicas, apoiada no desenvolvimento, reduzindo a miséria e não poluindo. Para Carla Canepa “o desenvolvimento sustentável caracteriza-se, portanto, não como um estado fixo de harmonia, mas sim como um processo de mudanças, no qual se compatibiliza a exploração de recursos, o gerenciamento de investimento tecnológico e as mudanças institucionais com o presente e o futuro” (CANEPA, 2007 apud BARBOSA, 2008). Boff (2012), nos diz que para se alcançar o desenvolvimento sustentável, temos queter a premissa de criar sociedades sustentáveis. Para ele, uma sociedade será sustentável quando se organiza e se comporta de tal forma que ela, através das gerações, consegue garantir a vida dos cidadãs e dos ecossistemas nos quais está inserida, junto com a comunidade da vida. Quanto mais uma sociedade se funda sobre recursos renováveis e recicláveis, mais sustentável ela se torna. Isso não significa que não possa usar de recursos não renováveis, mas, ao fazê-lo, deve praticar grande racionalidade, especialmente por amor à única Terra que temos e em solidariedade para com as gerações futuras (BOFF, 2012, p. 128). Assim mediremos a sustentabilidade quando superarmos ou reduzirmos o nível agudo de pobreza, se os cidadãos estiverem ocupados em trabalhos significativos, se a seguridade social for garantida, se houver igualdade social, política e de gênero, e se as desigualdades econômicas forem reduzidas a níveis aceitáveis. E ao mesmo tempo, os cidadãos forem socialmente participativos, cultivando práticas de conservação e regeneração da natureza e puder ser efetivado concretamente a democracia ecológica (Boff, 2012). A partir desse termômetro disposto pelo autor, muitos países estão longe da efetivação da sustentabilidade. Boff (2012, p. 14), ainda conceitua a sustentabilidade como sendo: o conjunto dos processos e ações que destinam a manter a vitalidade e a integridade da Mãe Terra, a preservação de seus ecossistemas com todos os elementos físicos, químicos e ecológicos que possibilitam a existência e a reprodução da vida, o atendimento das necessidades da presente e das futuras gerações, e a continuidade, a expansão e a realização das potencialidades da civilização humana em suas várias expressões. Essa ações e processos para que aconteçam, devem ser fruto de um processo educativo pelo qual o homem redefina suas relações com o planeta, com a natureza, a sociedade e consigo mesmo. Dentro de critérios que tenham como premissa o equilíbrio ecológico e da construção de uma democracia socioecológica. A educação para sustentabilidade deve: permitir aos educandos se apropriar de todos os conhecimentos e experiências acumuladas pela humanidade, úteis para atender suas necessidades e desenvolver suas potencialidades; apropriar-se de critérios que permitam fazer a crítica e a avaliação dos conhecimentos e experiências do passado, para ver seu caráter situado e histórico, relativizá-lo e preservar o que realmente conta e vale pra vida; elaborar um projeto de vida dentro do processo socioecológico mais amplo; e, aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a ser, aprender a viver juntos com todas as formas de vida e de todos os seres (ARRUDA & BOFF, 2009). Acrescentaria ainda, que todas as instituições devem oferecer em suas instituições práticas educativas que versem pra esse tipo de sociedade. A Unesco em 2005 aprovou uma resolução que diz que os anos de 2005 a 2014 seria a Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável, neste documento ela define 15 estratégias para a educação para sustentabilidade. Perspectivas socioculturais: direitos humanos, paz e segurança humana, igualdade entre os sexos, diversidade cultural e compreensão intercultural, saúde, AIDS e governança global; Perspectivas ambientais: recursos naturais (água, energia, agricultura e biodiversidade), mudanças climáticas, desenvolvimento rural, urbanização sustentável, prevenção e mitigação de catástrofes; Perspectivas econômicas: redução da pobreza e da miséria, responsabilidade e prestação de contas das empresas. Dentro dessa perspectiva, a sustentabilidade global só será garantida mediante o respeito aos ciclos naturais, consumindo com racionalidade os recursos renováveis e não renováveis, valorizando e preservando a biodiversidade, valorizando as diferenças culturais, colocando a ética no saber científico, superando o pensamento da tecnociência (valorizando os saberes cotidianos, populares, das culturas originárias e do mundo agrário) e centralizarmos nossas ações à equidade e ao bem comum. Quando nos referimos a ética, nos baseamos nas idéias de Boff (2005), que remete alguns princípios (afetividade, cuidado/compaixão, cooperação e responsabilidade) e virtudes (hospitalidade, convivência, respeito a todos os seres e comensalidade) como bases para uma ética da sustentabilidade para reconstrução de formas de convivência do meio social com o meio natural pautados no respeito à natureza, na preservação da biodiversidade e no compromisso social com a Sustentabilidade. Assim, a sustentabilidade com princípios éticos deve ser pautado do seguinte modo: A partir dessa análise desse esquema, percebemos o que cada ator precisa fazer para que trilhemos a um caminho mais sustentável e os valores que precisamos desenvolver. 7. EDUCAÇÃO NO PROCESSO DE GESTÃO AMBIENTAL Atualmente, a Educação Ambiental tem se tornado cada vez mais importante em nossa sociedade, sobretudo pela urgente necessidade da resolução da crise socioambiental que temos vivido na contemporaneidade. E ao mesmo tempo pela criação de um novo modelo de desenvolvimento, alicerçado na conscientização ambiental, participação da sociedade e práticas gestoras públicas e privadas que visem conhecer e minimizar a problemática ambiental e manter a qualidade de vida da sociedade em equilíbrio com o ecossistema. Dentro desse cenário, a Gestão Ambiental é indispensável para alcançarmos o desenvolvimento sustentável, pois esta: prima pelo desenvolvimento de uma visão integrada do meio ambiente, fundamentado numa abordagem científica e analítica para diagnosticar, gerar dados e propor soluções que minimizem os impactos ambientais causados ao meio natural pelas atividades humanas (DIAS, 2006 apud ALCÂNTARA ET AL, 2012, p.736). Constituindo-se em um saber que tem por objetivo articular as ações do diferentes atores e agentes sociais que se relacionam em um dado espaço e momento histórico, com vistas a garantir ajustamento dos meios de exploração dos recursos naturais, econômicos, sócio-culturais às especificidades do meio ambiente, com base em princípios e diretrizes previamente acordados/definidos nos territórios. Phillippi Jr. et al (2004, p.3) conceitua a gestão ambiental como "um processo, o qual se inicia quando se promove adaptações ou modificações no ambiente natural, de forma a adequá-lo às necessidades individuais ou coletivas, gerando dessa forma ambientes nas suas mais diversas variedades de conformação e escala". Ressalta ainda que ela também se constitui como uma atividade política voltada à formulação de princípios e diretrizes, à estruturação de sistemas gerenciais e à tomada de decisões que têm por objetivo final promover, de forma coordenada, o inventário, uso, controle, proteção e conservação do ambiente visando a atingir o objetivo estratégico do desenvolvimento sustentável. No intuito de promover a seguridade dos recursos naturais, sistemas ambientais e a conscientização acerca do uso dos mesmos, intensifica-se a pressão sobre os órgãos públicos e privados, sobretudo empresas, pra que busquem alternativas de desenvolver suas atividades econômicas de modo mais eficiente e sustentável. Dentro desse contexto surge os ISO's, desenvolvida pela International Organization for Standardization (ISO) são normas que estabelecem sobre a área de gestão ambiental dentro de empresas. A NBR ISO 14000 é a norma através da qual, se descreve os requisitos básicos de padrões de desempenhos baseado na política ambiental e em um Sistema de Gestão Ambiental. Desse modo, desenvolveu-se a norma ISO 14001 quetem por finalidade: equilibrar a proteção ambiental e a prevenção de poluição com as necessidades socioeconômicas, estabelecendo as diretrizes básicas para o desenvolvimento de um sistema que gerencie a questão ambiental dentro de uma determinada empresa, ou seja, um Sistema de Gestão Ambiental (ISO 14001, 2004). Os Sistemas de Gestão Ambiental (SGA) são definidos segundo a NBR ISO 14001, como a parte do sistema de gestão que compreende a estrutura organizacional, as responsabilidades, as práticas, os procedimentos, os processos e recursos para aplicar, elaborar, revisar e manter a política ambiental da empresa. Os ISO 14000 apresentam várias certificações que atestam se determinada empresa executa suas atividades de acordo com as normas do SGA. Via de regra, a Gestão Ambiental é consequência da evolução do pensamento em relação a utilização dos recursos naturais, composta pela união de técnicas, conhecimentos, tanto por parte da sociedade, bem como do setor empresarial, em busca de soluções e alternativas para manter o equilíbrio ambiental, reduzindo ou recuperando a degradação do meio natural. Dentro desse contexto, a Educação Ambiental formal ou não-formal tem sido implementada como um instrumento de Gestão Ambiental, pois essa área de conhecimento objetiva a mudança de valores e de comportamento da sociedade, buscando o desenvolvimento de atitudes que valorizem a postura ética e cidadã quanto às questões ambientais, bem como para pensar condições e meios de enfrentamento e mediação dos conflitos ambientais e de potencialização de propostas que visem a sustentabilidade e participação cidadã, no processo decisório. Segundo Layrargues (2002), o maior desafio e a tarefa prioritária da educação no processo de gestão ambiental consistem na possibilidade de, sem negar os conflitos existentes, mas mediando-os democraticamente, instaurar acordos consensuais entre os agentes sociais, por meio da participação, do diálogo, do exercício e da construção da cidadania. Dito isto, não é suficiente contarmos apenas com um sistema de gestão eficientes, é necessário colocarmos a Educação Ambiental como ponto de partida, atuando como um instrumento de Gestão Ambiental. 8. EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA PRÁTICA: PROJETOS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL A partir de tudo que já discutimos durante o material didático, é possível perceber o papel que a educação ambiental tem nos diversos espaços de nossa sociedade, sejam eles formais ou não formais. Daí sua importância, pois quando bem planejado pode-se ter resultados exitosos. Conforme Quintas (1997, p. 79): A prática da EA deve ter como um de seus pressupostos, o respeito aos processos culturais característicos de cada país, região ou comunidade.(...) Isto significa reconhecer que há diferentes modos de relacionamento homem-homem e homem-natureza. Na sociedade brasileira esses diferentes modos de relacionamento determinam a existência de conhecimentos, valores e atitudes que devem ser considerados na formulação, execução e avaliação da prática da EA. A EA deve estar presente em todos os ambientes: escolas, família, órgãos governamentais, empresas, dentre outros. Um projeto em educação ambiental configura-se como um conjunto de ações contínuas e interligadas, voltadas para um determinado objetivo. O projeto descreve em detalhes: o problema a ser enfrentado; quem serão as pessoas envolvidas; o que se pretende fazer; como, onde e por quem será desenvolvido; quais serão os recursos necessários. A elaboração do projeto para o desenvolvimento das propostas de ação para solucionar um problema socioambiental identificado é um bom instrumento de planejamento. Quando bem elaborado e organizado, facilita a obtenção de recursos junto a possíveis financiadores e consecução dos objetivos propostos. A seguir, será apresentado de forma resumida os elementos básicos que são utilizados usualmente em um projeto: a) Folha de rosto Contém a identificação do projeto: Título, Responsável pelo projeto (nome, telefone e e-mail), área de abrangência, público-alvo, período previsto, fonte de recurso/financiamento e parceiros. O título é a representação da ideia principal do projeto e, de preferência, deve retratar “o que”, “para quem”, “com que finalidade” e “o onde” do projeto. Se o projeto tiver um nome fantasia, este usualmente é indicado após o título. b) Resumo Apresenta uma descrição concisa do projeto, considerando o objetivo, o público-alvo, a metodologia a ser aplicada, as principais ações e os resultados esperados. Como traz uma síntese de suas principais informações, é ideal que o resumo seja redigido após a elaboração do projeto. c) Introdução A introdução apresenta o contexto, ou seja, o cenário atual da região/ local onde se pretende desenvolver o projeto. Deve trazer informações gerais sobre a área de atuação do projeto, sobre a comunidade e os problemas socioambientais existentes, buscando aproximar o leitor da realidade em que o projeto está inserido. d) Justificativa Uma vez apresentado o contexto, é importante justificar a necessidade de intervenção, e por que é importante realizá-la por meio do projeto. Na justificativa, é preciso descrever o problema a ser enfrentado, as dificuldades e desafios sobre os quais o projeto pretende atuar e os benefícios socioambientais esperados. Deve ser bem fundamentada, preferencialmente a partir de um diagnóstico da área de atuação do projeto: situação socioambiental, principais atividades econômicas, utilização dos recursos naturais e a caracterização do público-alvo do projeto. Assim, a inclusão de dados qualitativos e quantitativos, referências bibliográficas, documentos oficiais, legislação e outras experiências semelhantes é fundamental para embasar a justificativa. e) Público-alvo Este item descreve o público que será diretamente beneficiado pelo projeto. A indicação precisa do público facilita o estabelecimento de linguagens e métodos adequados para atingir os objetivos propostos. Assim, deve-se levar em consideração as características do público envolvido, como a faixa etária, o grupo social, a situação socioeconômica, dentre outros aspectos. A delimitação do público-alvo deve ser coerente com as metas e resultados almejados, podendo haver, se for o caso, a indicação de beneficiários indiretamente atingidos pelo projeto. f) Objetivos O objetivo deve refletir os propósitos do projeto e descrever o resultado que se pretende alcançar por meio de sua execução. Portanto, sua descrição deve ser clara e realista. Além disso, o objetivo deve ser passível de ser alcançado, por meio das metas e atividades propostas no projeto, sempre mantendo coerência com a justificativa. Geralmente, os objetivos são apresentados divididos em: objetivo geral e objetivos específicos Objetivo Geral: reflete a situação ideal almejada e deve expressar o que se pretende fazer e alcançar no local, em longo prazo. Deve apresentar, de maneira geral e ampla, os benefícios a serem atingidos com a realização do projeto. Objetivos Específicos: são alcançados por meio das atividades desenvolvidas no projeto. Refletem, portanto, os resultados esperados para estas atividades. Devem ser executáveis, viáveis, concretos e de verificação possível. g) Metas As metas apresentam o descritivo dos objetivos específicos. Devem ser concretas, quantificáveis e temporais, ou seja, expressar o período de tempo necessário para que sejam alcançadas. Cada objetivo específico pode ter uma ou mais metas. Por meio das metas é possível, no decorrer do projeto, acompanhar o quantodo que estava previsto foi realizado. h) Metodologia O método de trabalho descreve, passo a passo, o caminho para que as metas sejam alcançadas. Desta forma, todas as atividades a serem realizadas devem ser descritas em detalhes, incluindo as técnicas e instrumentos, os recursos necessários, a carga horária, o período previsto para a realização, os responsáveis (quais pessoas da equipe estarão envolvidas na execução), a divulgação, o registro, a forma de acompanhamento e de avaliação. São exemplos de método de trabalho: oficinas, debates, palestras, encontros e seminários, estudos do meio, teatro, jogos, dinâmicas de grupo, artes plásticas, atividades práticas, entre outros. A Metodologia indica os referenciais teóricos, ideias e conceitos considerados importantes e que contribuem para nortear a prática do projeto, justificando os métodos escolhidos e garantindo maior consistência ao projeto. i) Descrição das Atividades O planejamento minucioso das atividades permite estabelecer as formas mais eficazes de realizar o projeto, bem como prever os custos necessários e identificar antecipadamente situações que impliquem na alteração de estratégias para cumprir os objetivos propostos. O quadro “Detalhamento de Atividades e Produtos” apresenta atividades e produtos comuns em projetos de Educação Ambiental e sugere uma forma de detalhamento. j) Cronograma O cronograma apresenta como cada uma das ações propostas se distribui ao longo do tempo de duração do projeto, permitindo uma rápida visualização do conjunto das atividades e da sequência em que elas devem acontecer. Deve relacionar em que momento cada atividade será realizada no período de realização do projeto. Podem ser incluídos, além do período de desenvolvimento de cada atividade, a previsão de entrega de produtos (vídeos, publicações, etc.) e relatórios. k) Equipe e Parcerias A Equipe é formada pelas pessoas envolvidas na concepção, elaboração e desenvolvimento do projeto: coordenação, equipe técnica, pessoal administrativo, consultores, etc. A apresentação dos profissionais que já fazem parte da instituição e que irão se dedicar ao projeto ajuda a demonstrar a capacidade da instituição em desenvolver o projeto proposto. Também devem ser incluídos os profissionais a serem contratados e aqueles disponibilizados por parceiros. l) Monitoramento e Avaliação A avaliação é imprescindível no desenvolvimento de um projeto. Deve ser planejada já na fase de sua elaboração e ser realizada continuamente ao longo de sua execução, permitindo a verificação da concretização parcial ou total dos objetivos, o levantamento de acertos ou dificuldades, possibilitando o replanejamento das ações. m) Recursos necessários Somente detalhando bem as propostas de ação é possível prever quais recursos serão utilizados, ou seja, quais materiais, equipamentos, profissionais e serviços serão necessários para desenvolver cada ação. A identificação dos recursos necessários possibilitará a estimativa dos custos do projeto. Orçamento: O orçamento traz o detalhamento dos gastos do projeto. Deve apresentar para cada atividade os recursos necessários e os custos/despesas correspondentes, bem como a fonte do recurso (próprios, financiamento, parceiros). Cronograma Físico-Financeiro: O Cronograma Físico-Financeiro apresenta, ao mesmo tempo, o cronograma e os custos envolvidos para o desenvolvimento de cada atividade ao longo da execução do projeto, onde “físico” representa as ações a serem realizadas e “financeiro” representa o valor monetário respectivamente atribuído a estas ações. n) Bibliografia Apresenta a lista dos materiais consultados durante a elaboração do projeto que subsidiaram as informações, metodologias e dados apresentados, constante de: livros, artigos, documentos, mapas, filmes, inventários, jornais, sites, entre outros. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALCÂNTARA et al. Educação Ambiental e os Sistemas de Gestão Ambiental no desafio do desenvolvimento sustentável. Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental, v(5), n°5, p. 734 - 740, 2012. ARRUDA, Marcos; BOFF, Leonardo. Globalização: desafios socioeconômicos, éticos e educativos. Ed. Vozes, Petrópolis, 2000. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. 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