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E-book_Completo_Desenvolvimento Sustentável e Direitos Individuais_Versão digital

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Prévia do material em texto

gente criando o futuro
DESENVOLVIMENTO 
SUSTENTÁVEL 
E DIREITOS 
INDIVIDUAIS
Bruno Fonseca da Silva
Camila Bolfarini Bento
Ana Lucia Guimarães
Natália de Souza Pelinson
Valdir Lamim-Guedes Junior
BRUNO FONSECA DA SILVA,
CAMILA BOLFARINI BENTO, ANA 
LUCIA GUIMARÃES,
NATÁLIA DE SOUZA PELINSON E
VALDIR LAMIM-GUEDES JUNIOR
AUTORIA
DESENVOLVIMENTO 
SUSTENTÁVEL E DIREITOS 
INDIVIDUAIS
© Ser Educacional 2022
Rua Treze de Maio, nº 254, Santo Amaro 
Recife-PE – CEP 50100-160
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência.
Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. 
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio 
ou forma sem autorização. 
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo 
artigo 184 do Código Penal.
Imagens de ícones/capa: © Shutterstock
Presidente do Conselho de Administração 
Diretor-presidente
Diretoria Executiva de Ensino
Diretoria Executiva de Serviços Corporativos
Diretoria de Ensino a Distância
Autoria
Projeto Gráfico e Capa
Janguiê Diniz
Jânyo Diniz 
Adriano Azevedo
Joaldo Diniz
Enzo Moreira
Bruno Fonseca da Silva
Camila Bolfarini Bento 
Ana Lucia Guimarães
Natália de Souza Pelinson
Valdir Lamim-Guedes Junior
DP Content
DADOS DO FORNECEDOR
Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional, 
Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão.
SILVA, Bruno Fonseca da. / BENTO, Camila Bolfarini. / 
GUIMARÃES, Ana Lucia. / PELINSON, Natália de Souza. / 
JUNIOR, Valdir Lamim-Guedes.
Desenvolvimento Sustentável e Direitos Individuais.
ISBN: 
Boxes
ASSISTA
Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple-
mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado.
CITANDO
Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa 
relevante para o estudo do conteúdo abordado.
CONTEXTUALIZANDO
Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato;
demonstra-se a situação histórica do assunto.
CURIOSIDADE
Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto 
tratado.
DICA
Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma 
informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado.
EXEMPLIFICANDO
Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto.
EXPLICANDO
Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da 
área de conhecimento trabalhada.
Unidade 1
Introdução .............................................................................................................................. 15
Os problemas ambientais da atualidade ..................................................................... 17
A interdisciplinaridade nas questões ambientais ...................................................... 20
Um convite para repensar o amanhã ........................................................................... 22
Conceitos e definições ........................................................................................................ 23
Histórico dos debates a respeito de ética e responsabilidade social no Brasil e 
no mundo ................................................................................................................................ 33
Movimentos mundiais ......................................................................................................... 35
Marcos históricos da educação ambiental no Brasil ................................................... 39
Base conceitual da educação ambiental ........................................................................ 42
A política nacional brasileira para a educação ambiental ...................................... 45
Educação ambiental formal ........................................................................................... 46 
Educação ambiental não formal ................................................................................... 53
Conceitos e objetivos da educação ambiental .............................................................. 54
Referências bibliográficas ................................................................................................. 58
Unidade 2
Responsabilidade socioambiental ................................................................................... 66
O nascimento do mundo globalizado e a questão socioambiental ......................... 67 
A responsabilidade socioambiental como compromisso da modernidade .......... 69
A responsabilidade socioambiental governamental, cidadã e empresarial ......... 70
Sumário
Sumário
Aspectos legais .................................................................................................................... 73
Leis socioambientais brasileiras .................................................................................. 74
A responsabilidade socioambiental além das exigências legais .......................... 75
Desenvolvimento sustentável ............................................................................................ 77
Ações globais rumo ao desenvolvimento sustentável .............................................. 79
As três dimensões da sustentabilidade ....................................................................... 83
Debates mundiais ................................................................................................................. 84
Agenda 21 ......................................................................................................................... 85
Agenda 2030 ..................................................................................................................... 86
Contexto atual ....................................................................................................................... 88
Ecoeficiência .................................................................................................................... 89
Os 7 R’s da sustentabilidade .......................................................................................... 90
Responsabilidade socioambiental como estratégia de gestão .................................. 90
Paradigma econômico, social e ambiental ................................................................. 92
Empresa sustentável ....................................................................................................... 93
Modelos de gestão ambiental ....................................................................................... 95
Indicadores, certificações, tecnologias e instrumentos de gestão ........................... 96
Fontes de orientação estratégica ................................................................................. 97
A Norma ISO 26000 .......................................................................................................... 98
Indicadores e índices de sustentabilidade ............................................................... 102
Tecnologias resultantes da gestão ambiental .......................................................... 104
Marketing ambiental ......................................................................................................... 105
Tendências mundiais sobre o perfil do consumidor ................................................ 106
Iniciativas de marketing ambiental ............................................................................ 107
Sumário
Cooperação, articulações intersetoriais e promoção do desenvolvimento ............... 108
O sistema cooperativista e a responsabilidade socioambiental ........................... 109
Promoção do desenvolvimento: o papel da educação ambiental ........................ 112
Referências bibliográficas ............................................................................................... 118
Unidade 3
A Ética nas Relações Humanas .......................................................................................126
Raízes históricas da população brasileira ................................................................ 126
Diversidade Cultural, Étnica, Religiosa e de Gênero ............................................... 128
Ética e Cidadania na Sociedade Tecnológica .............................................................. 136
A Intolerância, o Racismo e a Xenofobia ...................................................................... 139
O Ensino da Ética nas Instituições .................................................................................. 143
Educação das Relações Étnico-Raciais ........................................................................ 145
Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana ......................................... 147
Referências bibliográficas ............................................................................................... 149
Unidade 4
Direitos humanos................................................................................................................ 152
Raízes históricas da população brasileira ................................................................ 152
Conceituação e princípios dos direitos humanos .................................................... 154
Universalismo e multiculturalismo ............................................................................. 156
Ação comunitária e participação democrática ....................................................... 157
Ética, direitos humanos e violência ............................................................................ 160
Sumário
Cenário atual e tendências da ética e da cidadania ............................................... 161
Ética e política ........................................................................................................ 163
Ética na saúde ........................................................................................................ 164
Ética nas redes sociais ..................................................................................................... 164
Educação, ética e cidadania hoje ................................................................................... 167
Fundamentação e inversão ideológica dos direitos humanos .............................. 171
Direito internacional dos direitos humanos e seus sistemas de proteção global e 
regional .......................................................................................................................... 171
Referências bibliográficas ............................................................................................... 173
Dedico este livro a todos que buscam compreender e se preocupam com as 
causas ambientais – e principalmente aos cientistas da sociedade civil, que 
defendem e procuram solucionar problemas sobre a temática.
O professor Bruno Fonseca da Silva é 
graduado em Geografia (Licenciatura) 
e Mestre em Desenvolvimento e Meio 
Ambiente pela Universidade Federal de 
Pernambuco, atuando desde 2013 em 
estudos relacionados às ciências am-
bientais. Suas pesquisas concentram-
se no monitoramento ambiental, por 
meio da análise de elementos químicos, 
radioisótopos e compostos orgânicos 
para avaliação da qualidade do ar – utili-
zando organismos vivos (líquens) – e do 
solo. Tem publicações, participações em 
eventos científicos e ministração de cur-
sos e palestras. 
Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/3215963517080495
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E DIREITOS INDIVIDUAIS 9
O autor
Dedico este trabalho aos meus professores, por todos que acrescentaram 
conhecimento teórico e prático desde a minha formação de base até a pós-
graduação. Agradeço por serem profissionais tão dedicados nessa árdua e 
nobre tarefa de formar pessoas intelectual e socialmente.
A professora Camila Bolfarini Bento 
é Doutora e Mestre em Biotecnologia e 
Monitoramento Ambiental pela Univer-
sidade Federal de São Carlos (2020), li-
cenciada em Biologia (2020) e Bacharel 
em Engenharia Agronômica pela Uni-
versidade Estadual Paulista (2012).
Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/3230386423166043
A autora
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E DIREITOS INDIVIDUAIS 10
Olá, meu nome é Ana Lucia. Sou Dou-
tora em Ciências Humanas e possuo 
mais de vinte anos de atuação como 
professora na Educação Superior. Além 
disso, tenho doze anos de militância 
como dirigente sindical da causa dos 
professores, o que me agrega conhe-
cimentos e experiências para locali-
zar-me como autora nesta disciplina. 
Portanto, atuar e defender a causa da 
educação, laica, democrática e de qua-
lidade é mais que um princípio em mi-
nha formação e trajetória profissional, 
é um compromisso de ofício.
Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/5544834203408615
A autora
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E DIREITOS INDIVIDUAIS 11
Dedico este material à Wangari Maathai (1940–2011), uma ativista ambiental 
e política do Quênia, que estudou biologia nos Estados Unidos e voltou ao 
seu país para seguir uma carreira pautada nas questões socioambientais. 
Em 2004, Maathai recebeu o Prêmio Nobel da Paz pela luta por direitos das 
mulheres e do meio ambiente.
A professora Natália de Souza Pelin-
son é Mestra (2013) e Doutora (2018) em 
Ciências pela Escola de Engenharia de 
São Carlos da Universidade de São Pau-
lo (EESC-USP). Formada (2010) em En-
genharia Ambiental pela Universidade 
Federal de Viçosa - Minas Gerais (UFV), 
tem experiência com educação ambien-
tal em projetos de extensão universitá-
ria e saneamento rural.
Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/7546156506679687
A autora
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E DIREITOS INDIVIDUAIS 12
O professor Valdir Lamim-Guedes é 
doutor em Educação pela Universidade 
de São Paulo (USP, 2019), mestre em Eco-
logia de Biomas Tropicais pela Universi-
dade Federal de Ouro Preto (UFOP, 2011) 
e graduado em Ciências Biológicas pela 
também Universidade Federal de Ouro 
Preto (UFOP, 2008). É especialista em 
Eduação Ambiental (EESC-USP, 2015), De-
sign Instrucional para EaD (UNIFEI, 2014) 
e Jornalismo Científico (UNICAMP, 2015).
 
Currículo Lattes: 
http://lattes.cnpq.br/3473994189361010
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E DIREITOS INDIVIDUAIS 13
O autor
1
UNIDADE
Introdução
Atualmente, a humanidade apresenta forte 
preocupação com as questões ambientais. No 
sentido restrito, utilizamos o termo “ambien-
te” para nos referirmos aos aspectos da natureza, 
como a água, as plantas, os “animais”; mas conside-
ramos a “sociedade” como algo à parte, como se não 
houvesse um elo entre ambos. Qual motivo, porém, para 
inserimos aspas nos respectivos termos?
Porque somos educados, ou doutrinados, a restringi-los em seus sig-
nificados. Quando abordamos a palavra “animais”, em certo ponto, infe-
riorizamos as demais espécies por sermos seres pensantes – mas, nisso, 
fracassamos. Nós nos consideramos inteligentes; porém, não sabemos 
respeitar o meio em que vivemos. Somos definidos como sociais; todavia, 
negligenciamos o respeito à opinião, a escolha, ao status social do outro. 
Nessa direção, chegamos ao limite: da abundância de recursos naturais, 
mas também do preconceito, iniciando uma corrida contra o tempo para 
equilibrar a balança, e alcançarmos a harmonia.
Podemos afirmar que a humanidade formou subgrupos. Diferentemen-
te de outras espécies, na nossa, um subgrupo procura sobressair-se ao 
outro, fazendo com que se estruture uma pirâmide social (Figura 1), o que, 
em determinados momentos, acarreta discriminação.
No entanto, por qual motivo falamos de ser humano e sociedade, se 
a temática é ambiente? Essa pergunta poderá ser respondida com outra: 
afinal, somos também ambiente? Se a resposta for positiva, o 
que nos levaria a pensar que questões sociais não são dis-
cutidas na temática ambiental? O primeiro exer-
cício necessário é a reflexão de que não existe 
diferença entre sociedade e ambiente: ser hu-
mano e o seu meioconstituem algo mútuo 
e unitário. A compreensão é aparentemente 
simples, mas torna-se complexa ao tentarmos 
colocá-la em prática.
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E DIREITOS INDIVIDUAIS 15
Classe A
Renda mensal 
acima R$ 14.695 3,6% 
das famílias
37,4% 
da renda nacional
26,5% 
da renda nacional
22,6% 
da renda nacional
13,6% 
da renda 
nacional
15% 
das famílias
27,9% 
das famílias
53,5% 
das famílias
Renda mensal 
R$ 4.720 a R$ 14.695 
Renda mensal 
R$ 1.957 A R$ 4.720 
Renda mensal 
até R$ 1.957 
Classe B
Classe C
Classe D/E
Figura 1. Modelo de pirâmide social brasileira, classificada pela renda. Fonte: IBGE (2015) apud Mussi, 2017, p. 20. 
Uma reflexão importante é sobre o que nos leva atualmente a abordar 
esse discurso socioambiental com afinco. Talvez seja a busca pela sensi-
bilização social, não se restringindo à conscientização. Sensibilizar a po-
pulação às questões socioambientais procura estimular seu engajamento 
e trabalho efetivo, com a finalidade de um ambiente de melhor convívio. 
Deve-se, por sinal, compreender que a palavra trabalho não está restri-
ta às relações de emprego, mas a toda e qualquer atividade socioambien-
tal realizada. Para melhor compreensão, pode-se afirmar que a produção 
do conhecimento e o desligamento histórico entre sociedade e ambiente 
são formas de trabalho. Dessa forma, o trabalho é o produto dos fenôme-
nos e da relação entre sociedade e natureza, que procura atingir alguma 
meta ou objetivo. Essa finalidade é denominada teleologia.
CONTEXTUALIZANDO
A concepção de trabalho foi estudada pelo cientista Sergio Lessa para 
elaboração da sua tese de doutorado, que resultou no livro Mundo dos 
homens: trabalho e ser social. O enredo da obra baseia-se na concepção 
de trabalho como processo de complexidade do ser social e no trabalho 
abstrato (força produtiva). A abordagem da obra é de cunho filosófico e 
sociológico, e convida-nos a conhecer e ampliar a visão sobre o tema 
(LESSA, 2012).
Nesse enredo filosófico, podemos pensar na relação de trabalho que temos 
com o nosso meio e em ambas as questões, físicas e sociais que o envolvem. 
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E DIREITOS INDIVIDUAIS 16
Compreender esse relacionamento socioambiental exige conhecimento de di-
versas áreas – humanidades, sociais aplicadas, exatas e saúde. Cada qual traz 
uma forma de construção de conhecimento – nem sempre convergente –, e 
essa contradição, ou contraposição de ideias tem a capacidade de formar no-
vos conhecimentos. É o que se denomina dialética.
Esse debate de ideias é importante para a formação de conhecimento, pois 
o ambiente se constitui na interdisciplinaridade. Dessa maneira, a implementa-
ção do método cartesiano como forma de compreender melhor os fenômenos 
que nos rodeiam acarretou alguns problemas: com o formato de fragmentação 
do conhecimento, precisamos, agora, unir as diversas ciências, algo de suma 
importância para compreendermos o ambientalismo.
CITANDO
Leandro Konder tratou da dialética em sua obra O que é a dialética, publi-
cada pela primeira vez em 1981. O livro, que faz uma abordagem estrutural 
histórica, filosófica e sociológica sobre o tema, traz a seguinte definição 
de dialética pelo autor: “O modo de pensarmos as contradições da rea-
lidade, o modo de compreendermos a realidade como essencialmente 
contraditória e em permanente transformação” (KONDER, 2008, p. 8). 
Os problemas ambientais da atualidade
A crescente demanda por uma soberania econômica dos países implica sé-
rios problemas ambientais. Para movimentar a “máquina” financeira e se tor-
narem concorrentes, as grandes empresas buscaram o lucro e se ausentaram 
das questões do ser humano e seu meio. É complexo afirmar que os governos 
são responsáveis pelo desenvolvimento regional, pois, durante o processo his-
tórico, em especial após a Segunda Guerra Mundial, as grandes corporações, as 
multinacionais, iniciaram uma espécie de regência econômica global. Em geral, 
torna-se perceptível a necessidade das indústrias e do setor de serviços para a 
manutenção de empregos, geração de rendas e afins.
Uma indústria multinacional, ao se instalar, por exemplo, em determinada 
cidade, ocasiona o surgimento de outras pequenas empresas que lhe darão su-
porte produtivo (peças, tecidos ou qualquer tipo de matéria-prima). Também 
ocorrerá a ampliação do comércio e outros meios de serviços, devido à chegada 
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E DIREITOS INDIVIDUAIS 17
de novos moradores ou visitantes, ampliando a abertura de hotéis, restauran-
tes, entre outros. Além disso, os gestores regionais procuram melhorar os ser-
viços básicos, principalmente aqueles relacionados ao transporte, o que facilita 
a locomoção. Isso demonstra a formação de uma cadeia que, com o passar dos 
anos, gera maior engajamento.
Aparentemente, todo esse processo parece positivo; contudo, há, também, 
um lado obscuro. A falta de preocupação com o meio físico ocasionou a devasta-
ção de florestas, ameaçando a sobrevivência de espécies. Essa remoção de co-
bertura vegetal também ocasionou a degradação dos solos, bem essencial à ma-
nutenção da vida, assim como dos recursos hídricos, que foram poluídos – em 
ambos os casos, com consequências consideradas irreversíveis. A exploração de 
bens minerais tornou-se altamente crescente, mas a manutenção dos recursos 
não pôde acompanhar a demanda.
Além disso, o fenômeno da urbanização ocasionou aumento demasiado na 
geração de resíduos sólidos e efluentes, bem como a constante emissão de parti-
culados atmosféricos (orgânicos e inorgânicos), por meio dos gases emitidos por 
indústrias, transportes e pela realização de queimadas (Figura 2).
Figura 2. Ilustração dos problemas ambientais da atualidade. Fonte: SOUZA, 2014.
AR
TERRA FOGO
ÁGUA
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E DIREITOS INDIVIDUAIS 18
Não somente as questões relacionadas ao meio físico, porém, registraram 
impactos. A necessidade de mão de obra acarretou a busca por pessoas de 
outras regiões que aceitassem empregos exploratórios, sujeitando-se a uma 
elevada carga de trabalho e a baixos salários. Os resultados desse processo fo-
ram xenofobia e inferiorização do trabalho feminino, e o preconceito contra 
raça e gênero tornou-se crescente. O status social e profissional paira sobre 
o ambiente, dando margem à inferiorização. Mesmo assim, os subgrupos, co-
mentados anteriormente, foram incorporados socialmente e ganharam força, 
mas sabemos que esses problemas ainda se encontram presentes, embora as 
legislações e os movimentos para mudanças se encontrem ativos e tenham 
obtido resultados positivos. Todavia, muito ainda precisa ser feito.
CURIOSIDADE
A história de Marie Curie é inspiradora. Nascida em 1867, na Polônia, 
desafiou todos os preconceitos existentes quanto à inferiorização social 
da mulher. Realizou um trabalho crucial sobre a radioatividade, sendo a 
primeira mulher, e a única pessoa no mundo, a ganhar o Prêmio Nobel 
duas vezes em categorias científicas distintas, química e física. Lutou 
contra toda forma de discriminação e preconceito, e seu legado científico 
é reconhecido e aplicado até os dias atuais, principalmente nas áreas de 
física, química e na medicina.
É importante perceber que as atividades relacionadas à economia estarão 
sempre interligadas aos problemas socioambientais. A empregabilidade e a ne-
cessidade de circulação financeira elevam as relações no interior da sociedade 
e o meio físico.
A educação é uma ferramenta “libertadora” para a erradicação dos pro-
blemas apresentados; entretanto, as falhas nesse processo são enormes. O 
esquecimento de que educar é a principal ferramenta para a formação de ci-
dadãos é uma das principais delas. A realização de mudanças deve ser iniciada 
a qualquer momento, por mais simples que seja a atitude; porém, a educação 
será crucial e terá impactos na construção de um novo futuro.
As questões relatadas implicam sérias consequências para um bom desen-
volvimentosocioambiental. A saúde humana é a principal impactada e motivo 
de estudos em diversos países. Um dos temas trabalhados em países desen-
volvidos é a influência das questões socioambientais na população, pois é per-
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E DIREITOS INDIVIDUAIS 19
ceptível o crescimento do número de mortes por câncer devido à poluição, da 
procura por psicólogos e psiquiatras devido a problemas de relacionamento 
etc. – e isso influencia a qualidade de vida e bem-estar do ser humano. As me-
lhorias surgirão primeiramente da sensibilização, e posteriormente no traba-
lho para modificação – formas de ação denominadas práxis.
DICA
A práxis é o processo da junção entre teoria e prática. A explanação des-
se conceito foi realizada no trabalho realizado por Pereira e colaboradores 
(2016), chamado: “O conceito de práxis e a formação docente como ciên-
cia da educação”. Mesmo com uma abordagem mais voltada à pedagogia, 
os autores procuram apresentar os princípios fundamentais do conceito.
A interdisciplinaridade nas questões ambientais
Os meios de comunicação facilitaram nossa percepção sobre o sistema cau-
sa-efeito dos problemas ambientais. Todavia, é importante relembrá-los para 
fixá-los em nosso cotidiano. Podemos classificá-los em:
1. Discriminação por questões de classe, gênero, raça e etnia;
2. Exploração irregular de recursos naturais;
3. Abuso de autoritarismo por status social, empregatício ou acadêmico;
4. Despejo de rejeitos em locais e formas indevidas;
5. Desmatamento e caça predatória;
6. Exploração de mão de obra;
7. Emissão constantes de poluentes atmosféricos;
8. Ausência de aprendizado sobre deveres sociais éticos.
As causas dessas questões acarretam uma conjuntura de reuniões, debates 
e movimentos sociais, para o despertar da sensibilização. A academia, como 
principal membro estrutural de discussão dos problemas socioambientais, tem 
o compromisso de trabalhar esses temas e propor soluções. Entretanto, uma 
única ciência não é capaz de ter a totalidade de conhecimentos necessários para 
essa finalidade.
Um sociólogo, por exemplo, não tem competência, em sua formação, para 
implementar tecnologias industriais de recuperação de áreas degradadas – mas 
tem o conhecimento necessário para compreender as causas humanas que le-
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E DIREITOS INDIVIDUAIS 20
varam à degradação do local. Um administrador não tem, em seu perfil profis-
sional, qualificação para análises químicas de despejo de efluentes em rios – mas 
pode trabalhar em conjunto com um especialista na área ambiental para propor 
uma gestão sustentável de resíduos. Esses exemplos demonstram a importân-
cia do trabalho conjunto das diferentes áreas.
No decorrer do processo de construção do conhecimento, podemos subdivi-
dir esse trabalho conjunto em três aspectos:
1. Multidisciplinar: cada área contribui com seu conhecimento, sem modifi-
cações; há uma espécie de ponto de vista;
2. Interdisciplinar: as áreas do conhecimento adentram-se umas nas outras 
e formam uma interligação de conhecimentos;
3. Transdisciplinar: não existem áreas de conhecimento. Tudo é contínuo, 
sem ocasionar espécie alguma de divisão ou interrupção.
Este último aspecto é considerado, por diversos cientistas, uma utopia, de-
vido à complexidade de um único ser lidar com todo tipo de área existente. 
No caráter multidisciplinar, a falta da construção de novos pensamentos não 
apresentará eficácia quando em comparação com a interdisciplinaridade. Já a 
interdisciplinaridade recebe contribuições em diferentes áreas, e ocorre um 
engajamento, com a construção de novas formas de pensamentos aplicadas 
em diferentes contextos. Nesse caminho, o discurso socioambiental apresenta 
sua formação.
Atualmente, praticamente todos os cursos de formação profissional e tecno-
lógica (técnico, graduação ou pós-graduação) trazem alguma disciplina, ou as-
suntos dentro de sua ementa, que abordam a temática ambiental. Nesse sentido, 
os projetos ambientalistas, por abarcarem diferentes áreas do conhecimento, 
demonstram robustez de elaboração e execução, uma vez que sua construção 
exige diferentes pontos de vistas, que são interligados e contextualizados.
No Brasil, os cursos de pós-graduações stricto sensu (mestrado 
e doutorado) inseridos na área de ciências ambientais da CAPES 
(Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível 
Superior) apresentam a interdisciplinaridade de áreas 
como obrigatoriedade no processo de construção de 
suas dissertações e teses. Caso o trabalho não tenha 
esse escopo, poderá ser penalizado com reprovação. As 
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E DIREITOS INDIVIDUAIS 21
questões sociais, inclusive, devem ser contempladas na problemática da pesqui-
sa, pois, em sua maioria, os programas têm o objetivo de formar recursos huma-
nos capazes de compreender e solucionar problemas relacionados ao ambiente.
Um convite para repensar o amanhã
Nossas formas de agir, sejam elas positivas ou negativas, implicarão no 
futuro. Como forma de refletir sobre a exposição anteriormente realizada, 
percebe-se que o ambiental é algo mais abrangente do que os elementos 
físicos. Compreender a natureza e suas interligações é um processo comple-
xo; contudo, em um primeiro momento, talvez seja primordial respeitarmos 
os elementos que nos rodeiam. Somos todos os dias convidados a refazer 
um novo amanhã, e repensá-lo significa transformar nossas atitudes e pro-
por ações de melhoria. 
Procuremos deixar o pensamento focado no dinheiro, as atitudes de so-
berba, a ganância para passarmos a conviver em harmonia. A teoria ética 
que aprendemos no período escolar é sempre necessária de ser colocada 
em prática, sensibilizando-nos com o meio em que estamos e que vivencia-
mos. Diferentemente das demais espécies, somos seres pensantes – e, ao 
realizarmos escolhas e ponderarmos nossas atitudes, conhecemos as con-
sequências das nossas ações. Portanto, ao prejudicarmos o meio em que vi-
vemos, temos conhecimento dos impactos que causaremos a nós mesmos.
As gerações futuras agradecerão as transformações positivas que nos 
propusermos fazer hoje, e deverão dar continuidade a elas, pois este é um 
trabalho constante, ininterrupto e inacabável: a manutenção do nosso meio 
é fundamental para melhorar exponencialmente a qualidade de vida e, con-
sequentemente, nossa felicidade.
Numa sociedade harmonizada, todos têm bons lucros em 
ambos os aspectos, financeiro e moral – pois pas-
samos a refletir sobre o coletivo, e não somente 
sobre as questões individuais. Procuremos, por-
tanto, sempre fazer esse exercício de pensar no 
próximo, sobre as coisas que nos rodeiam e so-
bre o amanhã.
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E DIREITOS INDIVIDUAIS 22
Conceitos e definições 
Antes de iniciarmos este tópico, é importante pensarmos que o conhecimento 
é construtivo. A academia exige constantes reflexões sobre suas teorias, pois é 
dela a responsabilidade de formar novos conhecimentos. Como acadêmicos, de-
vemos lembrar que o conhecimento deve ser por nós construído, e não simples-
mente recebido e reproduzido. Algumas pessoas se perguntam por qual motivo 
existe a necessidade de constantes e diferentes formas de leituras – livros, notas, 
artigos, comunicações curtas –, e essas questões dúbias são erradicadas quando 
entendemos o verdadeiro sentido de sermos acadêmicos.
Neste tópico, serão tratados alguns conceitos e definições utilizados frequen-
temente na temática socioambiental. Todavia, é importante lembrar que eles são 
passíveis de mudanças, uma vez que a academia é dinâmica e se encontra em 
constantes transformações. As práxis implementadas são responsáveis pelo sur-
gimento de novas formas de visão, já que a prática é crucial na efetivação do pen-
samento teórico.
Socioambiental/ambiental
Como abordado, compreende-se como socioambientais (ou ambientais) 
as relações existenciais entre sociedade e natureza. É algo inseparável, que tem 
como produto o trabalho.Não há, nessa relação, superioridade ou inferioridade entre as partes, mas um 
equilíbrio. Torna-se importante a fixação dessa “balança equilibrada”, pois duran-
te séculos existiu uma discussão acerca de uma superioridade entre as partes: 
ora, a sociedade é responsável pela regência do seu meio; ora, a gerência ocorre 
no sentido inverso. Essa discussão de questões de meio físico e social foi funda-
mental para o surgimento de determinadas ciências, como a Geografia.
A ideia de que o meio físico era superior ao homem fez com que surgisse 
o conceito de espaço vital, de que o homem necessitava explorar 
os recursos para que ocorresse um equilíbrio. Essa forma de pen-
samento, denominada determinista, foi elaborada por 
Friedrich Ratzel e largamente incorporada nas ideolo-
gias de Hitler para o nazismo, sendo esse um dos pri-
meiros relatos escritos sobre a implementação das 
questões sociais sobre o ambiente.
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E DIREITOS INDIVIDUAIS 23
Meio ambiente
Termo usualmente empregado nos estudos voltados às ciências ambientais. 
Entretanto, há cientistas que iniciaram uma espécie de desuso, pois, ao inserirmos 
a palavra “meio”, estaríamos abordando a metade de algo, e, devido à interligação 
existente, não se deve realizar essa inferência.
Por muitos anos, as questões ambientais foram abordadas nos seus aspectos 
físicos. Contudo, o papel social tem apresentado uma inserção gradativa e abran-
gente na discussão. Por termos sido acostumados (ou até mesmo doutrinados) 
a dividirmos o conhecimento para melhor compreensão, esse termo pode ser 
usualmente empregado para o estudo das questões físicas ambientais.
Áreas degradadas 
Umas das maiores problemáticas 
ambientais existentes atualmente é a 
degradação ambiental. O termo é em-
pregado principalmente para estudos 
de solos e ecossistemas.
As atividades humanas, principal-
mente de industrialização, agricultura, 
pecuária, e mineração, destacam-se no 
desmatamento e improdutividade do 
solo, por meio do lançamento de rejei-
tos, como elementos químicos tóxicos. 
Ao dizermos que uma área é degrada-
da, ocorre uma referência àquelas que se encontram altamente poluídas e reque-
rem regeneração, a partir de tecnologias sustentáveis para melhoramento de so-
los, afluentes e reflorestamento.
No meio acadêmico, pesquisas voltadas à recuperação dessas áreas são cons-
tantes. O avanço nas ciências dos materiais possibilitou a aplicação de nanopartí-
culas, hidrogéis e estruturas poliméricas que auxiliam, com sucesso, a recupera-
ção de solos e rios.
Atualmente, empresas propõem o financiamento de pesquisas ou compra de 
patentes para solucionar tais problemas, o que implica na inserção de uma série 
de profissionais, como engenheiros, físicos, químicos, administradores, biólogos 
e afins.
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E DIREITOS INDIVIDUAIS 24
Desertificação
A desertificação adentra os temas globais em discussão na Organizações das 
Nações Unidas (ONU). A utilização de recursos naturais de forma inapropriada, 
somada às mudanças climáticas e aspectos físicos naturais, ocasiona uma degra-
dação de tal forma que torna impossível a regeneração dos locais explorados, fa-
zendo surgir áreas áridas e semiáridas. 
Esse debate foi iniciado devido a problemas existentes no continente africano, 
alvo de grandes preocupações. Por envolver aspectos de auxílio financeiro, países 
como os Estados Unidos entraram na “corrida”, com o intuito de adquirir lucros, 
contestando a existência de áreas em processo de desertificação em seu terri-
tório. No entanto, atualmente existe um mapeamento e acompanhamento dos 
países com tendências ao processo de desertificação, que podem ser encontrados 
nas Américas, África e Europa.
No Brasil, as áreas susceptíveis à desertificação são encontradas na Região 
Nordeste. Um dos núcleos de estudos é o município de Cabrobó, Pernambuco, 
que se encontra em processo avançado (Figura 3). A utilização das técnicas de agri-
cultura por inundação, associada à topografia do terreno e alta evapotranspiração 
devido às condições climáticas, ocasionou a formação de extensas camadas de 
sais no solo, tornando-o improdutivo e causando abandono das áreas. As pesqui-
sas estão concentradas nos aspectos de impactos socioambientais, bem como na 
tentativa de mitigar o problema. 
Figura 3. Solo salinizado no município de Cabrobó, Pernambuco, um dos núcleos de desertificação brasileiro. Fonte: MAIA, 2015. 
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E DIREITOS INDIVIDUAIS 25
As problemáticas não se restringem aos aspectos físicos, pois os fatores 
sociais são duramente afetados. Ao tornar o solo improdutivo, ocorre um im-
pacto direto na produção de alimentos, bem como o abandono dos locais pelos 
moradores. Nesse processo, há uma queda na arrecadação econômica. Sendo 
a região responsável por produzir alimentos para outros municípios, estados e 
afins, o processo ocasionará desabastecimento e prejudicará milhares de famí-
lias. Fatores como esses ressaltam a preocupação das entidades governamen-
tais sobre o tema.
Efluentes
Umas das temáticas mais trabalhadas pelas empresas no setor ambiental 
são os efluentes. A água é um bem precioso, utilizado corriqueiramente em 
nossas atividades do cotidiano. O processo de “chegada, recebimento” da água 
é denominado afluente; e a “saída”, denominada efluente.
Devido à mistura com outros compostos, orgânicos e inorgânicos, como 
gorduras, pesticidas, metais e afins, os efluentes tornaram-se uma temática de 
grande discussão, pois o destino, em sua maioria, são os rios. Ao serem lança-
dos em aquíferos, um dos principais problemas é a carga microbiana existente 
no material, que ocasiona sequestro de oxigênio e impede o desenvolvimento 
e manutenção da vida aquática. 
Os metais são outro exemplo de grandes preocupações, devido à capaci-
dade de se acumular nos organismos. Os acúmulos podem acontecer em seres 
humanos, por meio da ingestão, acarretando sérios problemas de saúde.
ASSISTA
A série Aruanas, produzida pela Rede Globo, demonstra com cla-
reza os problemas causados pelo não tratamento de efluentes. O 
enredo concentra-se nos impactos socioambientais causados pela 
mineração na região amazônica. O despejo irregular dos efluentes, 
com altas concentrações de metais como chumbo e mercúrio, 
ocasiona problemas de saúde nos moradores da região devido à 
ingestão por meio do consumo de peixes. Em algumas cenas, é 
demonstrada a morte gradativa dessas pessoas.
Atualmente, há empreendimentos com estações de tratamento e moni-
toramento constante, por meio de análises químicas que atendem às legisla-
ções ambientais.
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E DIREITOS INDIVIDUAIS 26
Pesquisas nessa temática registram grandes avanços, principalmente 
pela aplicação de carvões ativados como adsorventes. Outros buscam a 
utilização de organismos vivos, como plantas aquáticas, para realização de 
tratamentos. O propósito, porém, vai além do tratamento, e busca a reutili-
zação para fins de serviços gerais ou alguma etapa de processo produtivo. 
No Brasil, a importância do tema reflete-se na construção de linhas de pes-
quisas em cursos de mestrado e doutorado, que se propõem a estudar o 
problema e buscar soluções.
Bioenergia
As preocupações do petróleo e carvão mineral como bens finitos acarreta-
ram mudanças energéticas globais. A busca por fontes alternativas de energia 
tornou-se crescente, a fim de evitar um colapso energético futuro.
Não somente a falta, mas também a intenção dos países em melhorar suas 
condições ambientais proporcionaram o avanço de pesquisas e implementa-
ção de fontes limpas e renováveis.
A bioenergia é compreendida como aquela que acarreta menores níveis de 
impactos ambientais, composta por fontes sustentáveis. Matérias-primas como 
biomassa, sol, vento, são consideradas formas de energia limpa (Figura 4).
Solar
Geotérmica Biomassa Mini-hídricas
Eólica Ondas
Figura 4. Principais fontes deenergia limpa. Fonte: CreaJR-PR, 2010.
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E DIREITOS INDIVIDUAIS 27
É de suma importância saber que qualquer forma de energia trará algum 
nível de impacto: o que se diferencia é o grau implicado.
Petróleo e carvão mineral, além de considerados bens finitos, emitem par-
ticulados e compostos orgânicos quando em combustão, como os hidrocar-
bonetos polissacarídeos aromáticos, altamente prejudiciais à saúde. Estudos 
apontam positividade em sua substituição por outras fontes, mais sustentáveis, 
com tendência mundialmente crescente; porém, são necessárias uma constante 
atenção e acompanhamento.
A utilização de biomassa pode ocasionar uma competição entre produção 
de energia e alimentos. Entre as matérias-primas utilizadas, os óleos derivados 
da soja e do milho são os principais, mas são eles também fontes nutricionais 
importantes. 
Pesquisas que procuram avaliar os impactos ambientais da energia solar e 
eólica apontaram dois sérios problemas: elevação da morte de animais, princi-
palmente de aves, e erosão. A devastação de áreas para implementação desses 
modais energéticos também é outra problemática. Compreender tais problemas 
é importante para entendermos que, mesmo em se tratando de uma energia 
sustentável, há alguma forma de impacto.
Economia verde
Devido às preocupações com as questões ambientais, as empresas iniciaram 
um processo de mudança e implementaram tecnologias em seu processo de 
trabalho para proporcionar menos impactos ao ambiente.
Seu propósito sustenta-se em menores emissões de poluentes, bem como 
na criação de produtos biodegradáveis. Esse novo formato produtivo é deno-
minado de economia verde e tem demonstrado adesão crescente por parte 
de empreendimentos do setor público e privado. Essa adesão não se encontra 
restrita à diminuição de impactos ambientais, mas também abrange mais lucra-
tividade, com diminuição de custos.
Essa nova visão econômica encontra-se presente em grandes de-
bates e participa da agenda da ONU. Os empreendimentos 
estão gradativamente reestruturando suas linhas produti-
vas e investindo em tecnologias sustentáveis. Já os setores 
públicos têm uma tendência em incentivar essa transição, 
principalmente para atingir as metas propostas em acordos 
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E DIREITOS INDIVIDUAIS 28
de cooperação sobre diminuições da poluição ambiental. São mudanças que de-
vem atingir de forma positiva a sociedade, possibilitando e garantindo seu bem
-estar, sem ocorrência de danos.
Padrões de consumo
Vivemos numa sociedade em que somos “forçados” ao constante consumo, 
e essa atividade é de suma importância para manutenção econômica. Por quais-
quer produtos utilizados necessitar, em seu processo, de alguma matéria-prima 
originada do ambiente, preocupações ambientalistas foram iniciadas.
O consumismo demasiado poderá ocasionar, em breve, a escassez de recur-
sos naturais. Daí, o debate visando à mudança. Ao se mencionar sobre padrões 
de consumo, estamos nos referindo à forma como a sociedade adquire e descar-
ta seus bens – roupas, eletrodomésticos, calçados e afins.
O desafio atual encontra-se na sensibilização social para o consumo cons-
ciente, uma atividade de alto grau de dificuldade. Em um meio em que se apren-
deu que o comprar pode ser uma ferramenta de felicidade, ocasionar uma mu-
dança nessa forma de pensar é complexo.
Contudo, não ocorre a existência de uma alternativa sem ser por meio de mu-
dança de atitudes – e a realidade atual é a falta de recursos naturais no futuro, já 
que a demanda é superior se comparada à oferta. Como consequência, poderá 
ocorrer uma queda no bem-estar da população, assim como a falta de atendi-
mento para questões básicas e essenciais de manutenção diária.
Mudanças climáticas
Para compreensão desse tema, 
uma primeira definição precisa ser es-
clarecida, que é a diferença entre clima 
e tempo. O tempo é algo mutável – um 
dia poderá ser de sol, e o outro é de 
chuva. Já o clima é uma observação das 
modificações do tempo numa faixa mí-
nima de 30 anos.
Quando falamos de mudanças climáticas, a referência é uma grande mo-
dificação no clima em escala regional ou global. Essa mudança pode apresentar 
sérios riscos à qualidade de vida da população. Áreas de climas frios, por exem-
plo, podem apresentar constante aquecimento.
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E DIREITOS INDIVIDUAIS 29
As constantes emissões de poluentes são as principais causadoras da proble-
mática, uma vez que podem provocar reações com o ozônio atmosférico e oca-
sionar aumento na destruição de filtragem dos raios ultravioletas. Esse processo 
é denominado aquecimento global.
Ocorrem grandes discussões na comunidade acadêmica sobre essa temáti-
ca. Alguns estudiosos afirmam que a Terra se encontra em um processo de aque-
cimento natural, com tendências futuras de ocorrer um resfriamento, já que, no 
contexto histórico de formação do planeta, existem evidências de processos de 
glaciação e deglaciação. 
Entretanto, a maior quantidade de pesquisas aponta que os impactos ocasio-
nados ao ambiente, principalmente pela emissão de gases tóxicos no ar, são os 
principais responsáveis por esse processo atualmente.
Desenvolvimento sustentável
Entende-se por desenvolvimento sustentável o emprego de tecnologias 
que ocasionem menores níveis de agressão ao ambiente, como a diminuição da 
emissão de poluentes na atmosfera. A terminologia tecnologias limpas tam-
bém é usualmente empregada nessa temática.
A substituição dos combustíveis fósseis (petróleo) por energia de biomassa é 
considerada uma forma de desenvolvimento sustentável. As inovações tecnoló-
gicas sustentáveis também devem ter um custo acessível, para beneficiar todas 
as classes sociais. A questão social também se encontra inclusa no discurso des-
sa temática, devido à necessidade de melhorar a qualidade de vida da popula-
ção, em uma tentativa de diminuir as desigualdades.
Os limites de recursos naturais devem ser respeitados, e são necessários 
altos investimentos em pesquisas que busquem fontes alternativas em substi-
tuição parcial, ou total. Atividades que contribuam para a extinção de espécies 
devem ser imediatamente interrompidas e reelaboradas, por poderem provocar 
um desequilíbrio no sistema ecológico. Essas novas visões e perspectivas estão 
sendo gradativamente postas em práticas, principalmente por países europeus; 
entretanto, muito ainda precisa ser realizado. 
Preservação e conservação 
Esses termos, diferentemente do pensamento comum, têm significados to-
talmente opostos. A preservação é designada para áreas com proteção total, 
em que não pode ocorrer nenhuma forma de intervenção humana. Quando se 
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E DIREITOS INDIVIDUAIS 30
trata de conservação, poderá ocorrer a exploração de forma racional, não fo-
mentando indícios de qualquer tipo de impacto ao ambiente. O Brasil conta com 
legislações que garantem e delimitam áreas preservadas e conservadas, tendo 
como punição de descumprimento multas e/ou prisões.
O desrespeito a essas áreas, porém, é uma problemática existente e difícil de 
ser erradicada. As fraudes sobre as legislações ambientais, o descompromisso 
de empreendimentos, tentativas de subornos e trabalho exploratório e ilegal, 
são situações encontradas na exploração de bens naturais: em muitos casos, as 
áreas protegidas têm riquezas minerais, como ouro, ferro, grafeno, estanho e 
afins, cobiçadas por grandes empresas devido às diversas aplicações. Uma face 
esquecida é a riqueza da biodiversidade na fauna e flora existente nessas áreas, 
em alguns casos, pouco conhecidas e estudadas.
Pesquisas constantes em áreas protegidas demonstram a descoberta de 
novas espécies, bem como melhor compreensão das dinâmicas ecológicas. Os 
estudos de base (aqueles que dão margem a outras pesquisas) apontam que há 
muito que ser descoberto. São fatores como esses que demonstram a importân-
cia de proteção dasrespectivas áreas, especialmente em um contexto em que, 
em muitos casos, ocorre negligência para atender anseios econômicos.
Ecologia, ecossistemas e biomas
A procura pela compreensão dos aspectos de interrelação dos seres vivos 
com seu ambiente é denominado ecologia. Entre seus campos de pesquisa, 
busca-se o entendimento dos padrões e diversidades de espécies, modificações 
fisiológicas ou genéticas, ciclos biogeoquímicos e afins. São assuntos de extrema 
complexidade que envolvem, em determinados casos, anos de pesquisas para 
obtenção de resultados. 
O bioma é compreendido pela delimitação de uma região com característi-
cas (climáticas, fisiológicas, geomorfológicas, entre outros aspectos) bem defini-
das. No território brasileiro há seis biomas: Mata Atlântica, Amazônia, Cerrado, 
Caatinga, Pantanal e Pampa.
Denomina-se ecossistema a interação dos fatores bióticos 
e abióticos, e se propõe estudar suas respectivas influências. 
Esse é um conceito bastante utilizado e estudado pelos 
ecologistas. Contudo, os setores de tecnologia da informa-
ção também têm-se apropriado dessa terminologia.
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E DIREITOS INDIVIDUAIS 31
Recentemente, o termo ecossistemas de inovação tem ganhado espaço nos 
debates. Seu objetivo é uma parceria sólida entre entidades governamentais, 
empresas e instituições universitárias, visando à construção e implementação 
de parques tecnológicos. Os temas que têm foco são aqueles voltados ao campo 
das engenharias, informática e outros que envolvem a tecnologia da informação.
Equidade social
A busca por uma sociedade mais justa é uma das lutas ambientais atuais. A 
questão de justiça não deve se restringir aos aspectos do ser humano em sua 
relação com o meio físico, mas abranger também a relação entre seres sociais.
O termo igualdade adentra este século para realizar reparos, consertar e 
evitar erros relacionados à justiça social. Contudo, outro termo tem tido sua apli-
cação ampliada: a equidade.
Diferentemente da igualdade, que busca realizar uma avaliação, julgamento 
e afins e é aplicada igualitariamente a todos, a equidade busca estudar o caso, 
ocasionando uma restruturação de regra, mas sem perda alguma da ética e da 
justiça (Figura 5).
Figura 5. Exemplificação da diferença entre igualdade e equidade social. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 24/08/2020. 
Igualdade Equidade
Segurança alimentar
Esse tema pode ser definido como a capacidade de produção e distribuição 
de alimentos seguros para toda a população. As políticas voltadas a mecanis-
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E DIREITOS INDIVIDUAIS 32
mos produtivos e disponibilidade de alimentos, a serem elaboradas pelas enti-
dades governamentais, é denominada soberania alimentar.
A temática da segurança alimentar envolve diversos temas: todos aqueles 
voltados à disponibilidade de terra, água e fertilizantes. O contexto também está 
relacionado à aquisição de alimentos saudáveis para a população. Temáticas como 
obesidade e doenças causadas pelo consumo alimentício inadequado também são 
relacionadas à segurança alimentar.
Resíduos sólidos
Esse tema é definido como qualquer tipo de material ou bem adquirido e descar-
tado pela sociedade. Em sua maioria, os materiais podem ser reciclados e/ou reu-
tilizados. Contudo, o descarte inadequado apresenta um dos principais problemas 
ambientais atuais.
No Brasil, em 2010, instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei n° 
12.305/10): o Ministério do Meio Ambiente (2010) aborda políticas de gestão, res-
ponsabilidade sobre o ciclo de vida, viabilização de coleta seletiva e sistema de infor-
mações sobre o gerenciamento de resíduos. 
Contudo, falhas envolvendo aspectos financeiros inviabilizam um trabalho efeti-
vo, especialmente as diversas falhas no gerenciamento de resíduos. Nossas atitudes 
como cidadãos são importantes pois a separação dos resíduos ainda é algo pouco 
executado na sociedade.
Racismo estrutural
Vivemos em uma sociedade diversificada. Contudo, as políticas étnicas e de res-
peito ao próximo, em alguns casos, não são implementadas. 
No histórico de desenvolvimento humano, a ascensão de um determi-
nado grupo social e inferiorização de outro é algo ainda encontrado 
neste século. Essa trajetória histórica, que põe em prática uma 
cultura que atinge diferentes grupos sociais de forma negativa, 
sem respeito à ética civil, é denominada racismo estrutural.
Histórico dos debates a respeito de ética e 
responsabilidade social no Brasil e no mundo
Os debates sociais sobre as responsabilidades e valores éticos ocorrem todos 
os dias. As mesas redondas e eventos científicos são constantes no mundo inteiro, 
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E DIREITOS INDIVIDUAIS 33
sendo eles responsáveis por traçar e fomentar a compreensão do hoje e promo-
ver ações que terão efeitos significativos em curto ou longo prazo. Os meios aca-
dêmicos e as universidades são os principais polos desses debates, destacando-se 
as Ciências Humanas, embora não sejam exclusivas nessas mesas. 
Uma visão de aspecto mundial
O debate sobre a reponsabilidade social tem seu principal início marcado pela 
Revolução Industrial no século XVIII. A situação precária de trabalho, em maioria 
exploratórios, fez diversos teóricos debaterem a problemática. 
Entre as teorias realizadas, uma se encontra em debate até os dias atuais: Karl 
Marx elabora as primeiras formulações sobre o capitalismo. A corrente de pensa-
mento de Marx era uma dura crítica à exploração exacerbada da classe operária, 
e, em contrapartida, aos lucros e à concentração de renda que estavam nas mãos 
dos grandes donos de empreendimentos. Além disso, as teorias de Marx também 
contemplavam questões ambientais devido aos altos níveis de poluição que se 
alastravam pela Europa.
As problemáticas relacionadas ao trabalho exploratório fizeram a classe operá-
ria procurar lutar por alguma forma de garantia de direitos. Esse fator estava atre-
lado, também, à constante modernização fabril, que diminuiu a dependência de 
mão de obra e fez com que antigos artesões se tornassem desempregados. Essas 
perspectivas levaram os operários a lutar e a construir os sindicatos, reconhecidos 
pelo parlamento inglês após várias lutas, que também resultaram no surgimento 
de movimentos grevistas.
Outro ponto está atrelado ao engajamento dos setores públicos nas temáticas 
ambientais. A preocupação com a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida social 
foi peça-chave para o surgimento de encontros que buscassem propor soluções 
de mitigação. Reuniões que anteriormente eram realizadas para atender às preo-
cupações com as perspectivas econômicas passaram a ser substituídas pelas pau-
tas ambientalistas. 
O movimento hippie, ocorrido nos anos 1960, também faz parte de uma im-
portante conjuntura dos debates sociais. Iniciado com a luta contra o uso 
de armas nucleares, incorporou temáticas importantes em seu 
discurso, como o respeito à natureza, homossexualidade, pre-
conceito racial e consumo consciente, dando margem a ou-
tros debates pouco comentados naquele período.
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E DIREITOS INDIVIDUAIS 34
O Brasil no caminho da responsabilidade social
Após o período da Ditadura Militar e constituição do Brasil como democra-
cia, novos debates surgiram. A elaboração da Constituição garantiu as legisla-
ções trabalhistas anteriormente reduzidas durante a ditadura. A liberdade de 
expressão e de imprensa é devolvida, ampliando a ascensão sobre os proble-
mas sociais, principalmente relacionados à pobreza, existentes devido à liber-
dade dos pesquisadores das ciências humanas definirem seus estudos sem a 
ocorrência de algum tipo de retaliação.
A reforma agrária é outro importante marco, que possibilitou a distribui-
ção e posse de terras para os pequenos agricultores. Diferentemente do que 
se imagina, esse grupo de trabalhadores são os principais responsáveis pelo 
abastecimento alimentício nacional. As grandeslavouras, as agroindústrias, 
têm foco na manutenção do mercado internacional, uma vez que o Brasil é um 
dos principais centros do agronegócio mundial.
Movimentos mundiais
A Segunda Guerra Mundial teve 
fim no ano de 1945 e deixou conse-
quências graves para humanidade. O 
mundo precisava reestruturar-se fi-
sicamente e economicamente. Além 
da morte de milhares de pessoas, 
outro grande grupo ficou sem acesso 
a alimentos e suprimentos de neces-
sidades básicas. Fatores como esses 
impulsionaram o problema da fome 
existente em diversos países do mun-
do, mesmo anteriormente à guerra, e fizeram com que surgisse uma visão agrí-
cola denominada Revolução Verde. Entre os períodos de 1960 e 1970, países 
como Estados Unidos e México procuraram implementar tecnologias que ace-
lerassem a produção agrícola.
Por outro lado, a utilização desenfreada de pesticidas trouxe problemas 
ambientais. O uso de produtos químicos como fertilizantes era algo corriquei-
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E DIREITOS INDIVIDUAIS 35
ro. Todavia, estudos de monitoramento do meio físico e saúde humana, bem 
como avaliações de riscos, não eram realizados com frequência, e não existiam 
protocolos seguros de utilização e afins. Estudos que fossem contra e apre-
sentassem divergências de pensamentos eram duramente criticados: um deles 
realizado por Rachel Carson em 1962, denominado Primavera silenciosa.
A obra, que buscava explicar os impactos da utilização inadequada de pes-
ticidas no desenvolvimento vegetal, biodiversidade de espécies e saúde hu-
mana, foi considerada livro célebre pelo movimento ambientalista moderno. 
Mesmo sendo duramente criticado na época, ele demonstrou com clareza os 
impactos desse modelo de produção e foi crucial para o processo de mudança, 
que, obviamente, não foi rápido. Atualmente, o avanço científico possibilita o 
desenvolvimento de novas perspectivas e tecnologias no campo agrícola, com 
níveis mais baixos de impactos ambientais.
Conferência de Estocolmo 
O fim da Segunda Guerra também 
ocasionou outras preocupações am-
bientais. O relatório produzido pelo 
Clube de Roma em 1972 apontou um 
problema de crescimento rápido da po-
pulação e que os recursos naturais não 
conseguiriam suprir as necessidades. 
Naquele mesmo ano, a ONU de-
cidiu realizar a primeira reunião com 
chefes de Estado que procurassem 
tratar dos problemas ambientais, de-
nominada Conferência Mundial do 
Homem e do Meio Ambiente, popu-
larmente conhecida como Conferência 
de Estocolmo (Figura 6).
Problemas como catástrofes naturais, mudanças climáticas, possível es-
cassez de recursos naturais e modificações econômicas e sociais foram de-
batidas no encontro, que resultou na Declaração das Nações Unidas sobre 
o Meio Ambiente, também denominada Declaração de Estocolmo, que pro-
movia ações ambientais. A importância dessa reunião é pautada por ser a 
Figura 6. Notícia de jornal brasileiro sobre a Conferência 
de Estocolmo. Fonte: FEITOSA, 2018.
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E DIREITOS INDIVIDUAIS 36
primeira vez que as entidades governamentais se preocuparam, oficialmente, 
com os aspectos ambientais.
A criação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC)
As mudanças globais do clima despertaram grande interesse das institui-
ções governamentais e seus respectivos gestores, o que culminou na criação 
do IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change, em 1988.
A intenção do Painel é voltada à junção e difusão de dados relacionados a 
mudanças climáticas, com a proposta de conhecimento sobre seus aspectos 
fundamentais, formas de solução e efeitos na sociedade (pessoas e questões 
econômicas).
Protocolo de Quioto
Os relatórios de IPCC foram fundamentais para, em 1997, ser construído 
o Protocolo de Quioto. A entrada em vigor do Protocolo, porém, foi realizada 
apenas no ano de 2005. 
Sua finalidade tem um significado importante para a manutenção da vida 
no planeta, pois o intuito foi o estabelecimento do controle na emissão de ga-
ses do efeito estufa (GEE) pelas atividades industriais na atmosfera. 
Os países assinaram um compromisso para diminuição das emissões de 
CO2, e o protocolo também deu margem para o surgimento do termo créditos 
de carbono, em que uma tonelada de dióxido de carbono geraria um crédito 
em forma de certificado. Essas certificações poderiam ser negociadas no mer-
cado internacional.
Eco 92 e Rio + 20
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, popularmente 
conhecida como Eco 92, foi uma das principais reuniões mundiais a tratar dos 
temas ambientais, com um significativo envolvimento de diversos países (176) 
de todo o planeta.
Realizada no Rio de Janeiro, em 1992, a conferência procurava de-
finir um plano de ação para o desenvolvimento sustentável, e tor-
nou-se o início da ascensão global das discussões sobre 
os problemas ambientais, tendo como foco a busca 
por alternativas de solução (Figura 7). Assim como o 
relatório do IPCC, a Eco 92 foi fundamental para ela-
boração do Protocolo de Quioto.
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E DIREITOS INDIVIDUAIS 37
Figura 7. Registro do encerramento da Eco 92. Fonte: ROZARIO, 1992.
Figura 8. Os 17 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável na Agenda 2030. Fonte: ONU Brasil, 2015.
A Rio+20, por sua vez, foi realizada 20 anos depois e teve por objetivo a rea-
firmação dos compromissos adotados na Eco 92. A conferência também teve 
como foco a observação e discussão de problemas ainda existentes e buscou 
formas de soluções futuras. Um grande diferencial do encontro foi a intensifi-
cação dos debates voltados à implementação da economia verde.
Cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável
Esse importante evento ocorreu na cidade de Nova York, Estados 
Unidos, com o objetivo de direcionar o planejamento para o de-
senvolvimento sustentável até o ano de 2030. Foram traçados 
17 objetivos, denominados ODS (Objetivos para o Desenvolvi-
mento Sustentável), como demonstra a Figura 8. No encontro, 
também foram discutidas as ações propostas durante a Rio +20.
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E DIREITOS INDIVIDUAIS 38
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E DIREITOS INDIVIDUAIS 39
Marcos históricos da educação ambiental no Brasil
O primeiro registro da institucionalização da educação ambiental no Bra-
sil ocorreu em 1973, com a criação da Secretaria Especial do Meio Ambiente 
(SEMA). A SEMA pode ser considerada o início do processo de conscientização da 
sociedade brasileira sobre a necessidade de preservação do meio ambiente para 
a manutenção e melhoria da qualidade de vida.
Com a instituição da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) pela Lei Fe-
deral n. 6.938/81, foram explicitados conceitos relacionados à conscientização 
ambiental e à promoção da educação ambiental em diferentes níveis de ensino e 
setores da sociedade (art. 2°, caput, X). Assim, podemos considerar que a PNMA 
foi o primeiro marco da educação ambiental formal no País.
Art 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a 
preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental pro-
pícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvi-
mento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e 
à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes 
princípios: [...]
X - educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a edu-
cação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação 
ativa na defesa do meio ambiente (BRASIL, 1981, n.p.).
A Constituição do Brasil de 1988 reforça a consolidação da EA no País ao defi-
nir, no artigo 225, o direito de todos ao acesso de um ambiente ecologicamente 
equilibrado e, em seu inciso VI, a necessidade de promoção da EA, ao menos no 
contexto educacional ou formal:
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equi-
librado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade 
de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o deverde 
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder 
Público: [...]
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino 
e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente 
(BRASIL, 1988, n.p.).
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E DIREITOS INDIVIDUAIS 40
Note que temos em nossa Constituição Federal, portanto, explicitamente 
a definição de que a promoção da educação ambiental deve ser responsa-
bilidade do poder público. Porém, vale observar que a obrigatoriedade do 
Estado em estabelecer as bases da EA no contexto formal não dispensa a 
participação social no processo de conservação e proteção ambiental.
A Conferência, Earth Summit, ou Eco-92, possibilitou a adoção do Trata-
do de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade 
Global. Já a Agenda 21 reforça a perspectiva de atribuição de poder aos 
grupos comunitários e, com o apoio do Ministério da Educação na Rio-92, 
foi produzida a Carta Brasileira para Educação Ambiental, que, entre outras 
coisas, reconhece ser a educação ambiental um dos instrumentos para via-
bilizar a sustentabilidade como estratégia de sobrevivência do planeta e da 
manutenção da vida humana. Infelizmente, a Carta já admitia a existência 
da lentidão de produção de conhecimentos e a falta de comprometimento 
dos gestores públicos em relação à fiscalização da legislação de um modelo 
educacional que não resolve as reais necessidades do País.
DICA
A Agenda 21, definida pela ONU na Eco-92, reafirma, dentre outros 
princípios básicos, a reorientação da educação a um desenvolvi-
mento ambientalmente sustentável e o aprofundamento da cons-
cientização pública. Em consonância com esta, em 2015 criou-se 
a Agenda 2030, um plano de reafirmação das metas estabelecidas 
em 1992 que também dá continuidade aos esforços das agora 192 
nações que fazem parte do tratado.
Posteriormente, a Lei n. 9.795/1999 instituiu a Política Nacional de Educação 
Ambiental no País. Em uma análise inicial, podemos perceber que a PNEA é resul-
tado de inúmeras ideias debatidas em diversos eventos nacionais e internacionais 
acerca das questões ambientais. Em especial, pode ser percebida em seu texto a 
adoção de conceitos apresentados pela Carta de Belgrado. Assim, a determinação 
da responsabilidade do poder público se dá de forma concorrente (nas esferas de 
poder federal, estadual e municipal), também com o intuito de incentivar a ampla 
participação das organizações não governamentais (ONGs) e de toda a sociedade 
na elaboração e execução de programas de educação ambiental. 
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E DIREITOS INDIVIDUAIS 41
Criação da Secretaria Especial do Meio 
Ambiente (SEMA) 1973
1988
Artigo 225 (Constituição):
direito a um ambiente
ecologicamente equilibrado
1992Earth Summit (Eco 92)
1999Instituição da Política Nacionalda Educação Ambiental (PNEA)
2004Criação do Programa Nacional de Educa-ção Ambiental (PRONEA)
2010Lei federal de educaçãoambiental não formal
Figura 9. Linha do tempo simplificada dos principais eventos relacionados à EA no contexto brasileiro. 
Ressalta-se que, na prática, não há uma ocorrência que 
seja mais importante, sendo todas as ações e todos os proje-
tos necessários para que seja possível atingir os 
objetivos coletivos com o desenvolvimento da 
consciência ambiental a partir da criticidade 
dos cidadãos. No próximo tópico, analisare-
mos alguns dos principais conceitos da edu-
cação ambiental.
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E DIREITOS INDIVIDUAIS 42
Base conceitual da educação ambiental
Primeiramente, para definir as bases conceituais da educação ambiental, é 
necessário ressaltar que ao longo do aprimoramento dessa ferramenta perce-
beu-se que o público a ser considerado, na realidade, é toda a sociedade. Assim, 
enfatizamos que a EA é considerada formal quando aplicada em qualquer nível 
da educação formal (estudantes, professores e funcionários de escolas, universi-
dades e institutos). Adicionalmente, a educação não formal engloba campanhas, 
projetos e outras atividades práticas que envolvem diferentes grupos populacio-
nais (trabalhadores, gestores públicos e agricultores, por exemplo). 
Assim, a PNEA definiu a educação ambiental e destacou a importância do de-
senvolvimento de práticas educativas voltadas à sensibilização e à organização 
da coletividade sobre questões ambientais. No art. 1º da PNEA, a definição de 
educação ambiental é apresentada:
Art 1º. Entendem-se por educação ambiental os processos por meio 
dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, 
conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para 
a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, es-
sencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade (BRASIL, 
1999, n.p.).
No art. 2º, a PNEA complementa que a educação ambiental é “um componen-
te essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de 
forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em 
caráter formal e não-formal” (BRASIL, 1999, n.p.). Por fim, a PNEA define como 
princípios básicos da EA:
Art. 4º São princípios básicos da educação ambiental: 
I - o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo;
II - a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando 
a interdependência entre o meio natural, o sócio-econômico e o cul-
tural, sob o enfoque da sustentabilidade;
III - o pluralismo de idéias e concepções pedagógicas, na perspectiva 
da inter, multi e transdisciplinaridade;
IV - a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais;
V - a garantia de continuidade e permanência do processo educativo;
Fonte: EPA, 2018, n.p. 
QUADRO 1. PRINCIPAIS DIFERENÇAS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
VERSUS INFORMAÇÃO AMBIENTAL
Educação ambiental
• Aumenta a consciência pública e o conhecimento 
das questões ambientais; 
• Auxilia no desenvolvimento do pensamento; 
• Aumenta as habilidades de resolução de 
problemas e tomada de decisão; 
• Não defende um único ponto de vista, fomenta 
a análise crítica.
Informação ambiental
• Disponibiliza fatos e opiniões sobre problemas 
ambientais; 
• Não se preocupa com o ensino do pensamento 
crítico e emancipatório;
• Não gera diretamente ferramentas para 
resolução de problemas; 
• Pode apresentar apenas um ponto de vista 
sobre a questão ambiental de interesse.
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E DIREITOS INDIVIDUAIS 43
VI - a permanente avaliação crítica do processo educativo;
VII - a abordagem articulada das questões ambientais locais, regio-
nais, nacionais e globais;
VIII - o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade 
individual e cultural (BRASIL, 1999, n.p.).
Assim, a Lei n. 9.795/1999 instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental 
(PNEA), apresentando conceitos e definições. Desta forma, podemos sintetizar 
que o público-alvo da EA são tanto os integrantes da educação formal quanto 
os da não formal. Ressalta-se que os objetivos de ensino em ambientes formais 
são construir conhecimento científico e desenvolver a relação dos alunos com 
a natureza por meio de pedagogias de aprendizagem ativa, como trabalho de 
campo e experiências ao ar livre (PARRA et al., 2020).
Assim, mais do que se informar sobre processos que envolvem nossa vida so-
cioeconômica, é necessário priorizar o desenvolvimento da EA como ferramenta 
de participação social e crítica. No Quadro 1, há uma síntese das principais dife-
renças entre educação ambiental e informação ambiental. 
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E DIREITOS INDIVIDUAIS 44
Observe que a informação ambiental deve possuir qualidade e não ser ten-
denciosa em sua transmissão; mas é a EA que define como essencial o aumento 
da consciência pública ambiental a partir de ensinamentos contínuos de pensa-
mento crítico, reforçando as habilidades individuais e a análise de fatos utilizan-
do o raciocíniológico.
Outra distinção que cabe em uma breve análise é acerca da educação de for-
ma mais ampla e sua comparação com a EA. É consenso que a educação, além 
de instruir, já traz em si o conceito de propiciar o desenvolvimento da capacidade 
crítica e o senso de responsabilidade. Paulo Freire, em sua obra Pedagogia do Opri-
mido, enfatiza que a educação é um processo complexo de conscientização cole-
tiva. Hoje, compreendemos que a educação ambiental faz parte desse processo.
De fato, podemos considerar que ambientalismo não é uma opção, mas uma 
responsabilidade e um aspecto fundamental para a construção de uma socie-
dade coesa e que respeita as leis de proteção do ambiente que ocupa (SAYLAN; 
BLUMSTEIN, 2011). Isso se refere às responsabilidades de proteção ambiental, 
mas também em compreender minimamente como os ciclos ocorrem: na ex-
tração de recursos naturais, na geração de resíduos, na produção agrária e/ou 
industrial, entre outros.
Tendo em vista o desenvolvimento necessário para sociedades mais susten-
táveis, os cidadãos precisam ser apoiados e ensinados a superar quaisquer la-
cunas ou desafios importantes para integrar esta sociedade sustentável (PARRA 
et al., 2020). Assim, a educação ambiental se concentra na promoção do conhe-
cimento ambiental e no aprimoramento de atitudes e valores ecologicamente 
corretos, bem como na conquista da cidadania e das habilidades cognitivas de 
alto nível necessárias para promover um estilo de vida ecologicamente correto.
A educação para a cidadania ambiental deve auxiliar os alunos 
a compreenderem a complexidade dos sistemas socioecológicos 
e a identificar as causas estruturais da degradação ambiental. 
Com isso em mente, a educação para a cidadania 
ambiental amplia a perspectiva do aspecto local 
para o global e enfatiza as interrelações e inter-
dependências. Além disso, a aprendizagem da 
sustentabilidade é um conceito multinível que 
ocorre tanto no nível individual quanto no nível 
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E DIREITOS INDIVIDUAIS 45
dos agregados sociais, grupos, organizações e a sociedade como um todo 
(PARRA et al., 2020).
O conhecimento de como mudar democraticamente uma sociedade e os 
efeitos da justiça social dessas mudanças local e globalmente não foram, pelo 
menos no início, suficientemente enfatizados na educação para a sustentabili-
dade, posto que suas raízes estão na educação ambiental e possuem foco mais 
estreito na proteção ambiental e conservação de recursos (PARRA et al., 2020).
DICA
Você sabe o que significa uma educação ambiental crítica? Para compreen-
der melhor o processo emancipatório da educação sobre o qual a EA vem 
sendo discutida e desenvolvida, sugerimos a leitura dos seguintes textos: 
“Educação ambiental crítica: nomes e endereçamentos da educação”, es-
crito por Isabel Cristina de Moura Carvalho, e “Educação ambiental crítica”, 
estruturado por Mauro Guimarães. 
A política nacional brasileira para a educação ambiental
O termo educação ambiental (EA) é muito utilizado, apesar de muitas pessoas 
não saberem sua definição. Assim, algumas distorções podem ocorrer, e a prá-
tica da EA pode ser prejudicada. Nesse sentido, Silva Junior et al. (2018, n. p.) 
destacam que a democratização e a divulgação das formas que temos para inte-
ragir com o meio ambiente de maneira responsável ainda é muito frágil, em uma 
sociedade que não exerce, no cotidiano, hábitos que favorecem o fortalecimento 
da temática em questão.
Dessa forma, começamos esse tópico destacando que uma maior preocupa-
ção com o meio ambiente é necessária, bem como o reconhecimento do papel 
crucial da educação para melhorar a relação do ser humano com o meio. Para 
isso, é preciso que haja em todas as bases da sociedade ferramentas para traçar 
diretrizes para o surgimento de mais iniciativas de conscientização ambiental. 
A escola é um espaço em que os estudantes podem se tornar pessoas mais 
atentas quanto à importância da conservação e restauração do meio ambiente, 
fomentando a proteção também da biodiversidade, de um modo geral (SILVA 
JUNIOR et al., 2018).
A educação é um processo contínuo, de elevada relevância e, por isso, se fa-
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E DIREITOS INDIVIDUAIS 46
zem necessários planejamentos complexos para que 
possamos obter resultados satisfatórios, colaboran-
do para as reflexões de ensino e aprendizagem que 
ultrapassem as salas de aula. Cada vez mais, precisamos 
de nos formar como cidadãos, críticos e responsáveis pela 
preservação dos recursos naturais.
A educação ambiental não deve ser entendida como um tipo 
especial de educação, mas como uma série de etapas contínuas 
ao longo processo de aprendizagem, em que coexiste a filosofia da contribuição 
participativa em que todos (família, escola e comunidade) devem estar envolvidos 
(SILVA JUNIOR et al., 2018). 
Por esse motivo, a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) brasileira 
visou traçar diretrizes não apenas para a EA formal, que ocorre nas escolas, mas 
também para a EA não formal, englobando a diversidade de atores sociais e a 
importância de todos construirmos coletivamente uma preocupação que paute 
as ações e decisões regionais e nacionais.
Educação ambiental formal
Uma questão importante dentro do sistema educacional superior é propiciar 
a especialização na área de formação e também em áreas científicas semelhantes 
ou relacionadas. A relevância se dá, justamente, pelas conexões interdisciplinares 
e pela transferência teórico-conceitual decorrente de novos resultados científicos. 
Nesse contexto, é importante que cada país explicite em sua política de educação 
ambiental a importância de toda a sociedade para a conservação ambiental e os 
possíveis papéis das mais diversas áreas de formação técnica nessa conservação. 
Assim, os atores socioeducativos envolvidos nas atividades de EA devem assu-
mir as ações em termos de aumento do conhecimento científico, e também possi-
bilitar a existência e qualidade de vida das próximas gerações. Desse modo, ao nível 
da consciência humana, é visível um peso científico-axiológico, segundo o qual são 
estabelecidas conexões entre diferentes níveis de realidade (COSTEL, 2015). 
Para tanto, Costel (2015, n. p.) explicita que para se tornar pragmático um 
sistema social deve ser construído, antes de mais nada, sobre a educação es-
pontânea. Em segundo lugar, acreditamos que uma perspectiva de política social 
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E DIREITOS INDIVIDUAIS 47
efetiva envolve uma abordagem específica sobre a educação 
ambiental. Portanto, as correspondências sociais e meto-
dológicas transpõem em plano operacional às finalidades 
inscritas na diligência educacional.
Nas últimas duas décadas, no entanto, inúmeras pessoas ao 
redor do mundo se preocuparam (e continuam se preocupando) com as ques-
tões interligadas de meio ambiente e desenvolvimento ambientalmente susten-
tável. Desta forma, temos nos tornado cada vez mais conscientes da necessida-
de de mudanças nas escolhas de hábitos e nos padrões nacionais e globais de 
desenvolvimento, consumo e comércio.
Portanto, poderíamos considerar um erro pensar que apenas a educação 
ambiental nas escolas seria suficiente para a transição para a sustentabilidade, a 
menos que grandes reformas educacionais pudessem ser implementadas e que 
projetos em consonância com outros setores da sociedade fossem executados. 
Nesse momento, destacamos que a educação ambiental está prevista na 
Constituição Federal, em seu artigo 225º (Inciso VI), que estabelece que é dever 
do Estado e de todos de “promover a educação ambiental em todos os níveis 
de ensino, e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente” 
(BRASIL, 1988). A Política Nacional de Educação Ambiental, instituída pela Lei n. 
9.795, em seu artigo 3º, determina que, como parte de um processo educativo 
mais amplo, todos têm direito à educação ambiental, incumbindo:
I - Ao Poder Público, nos

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