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4 INTERPRETACAO DAS NORMAS Hermeneutica

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INTERPRETAÇÃO DAS NORMAS
TEXTO ???????? NORMA
TODA NORMA POSSUI UM TEXTO?
DIFERENÇA ENTRE TEXTO E NORMA
NORMA – Chamamos de norma o comando, o mandamento, a ordem extraída do texto. 
TEXTO – O texto é o enunciado linguístico, portanto, uma maneira de exteriorizar a norma.
EXEMPLO: 
Texto : Matar alguém. (art. 121 do CPB)
Norma que se extrai deste texto: é proibido matar 
TEXTO & NORMA
Nem toda norma possui um texto, é o caso de alguns princípios (como a supremacia da constituição) que, embora possuam força normativa, não se encontram positivadas.
INTERPRETAÇÃO?
Interpretação da norma – interpretar é revelar o sentido objetivamente válido de uma norma jurídica contido nas leis, regulamentos, costumes e fixar seu alcance.
Escolas de interpretação – modelo de raciocínio utilizado para que o produto da interpretação seja cientificamente válido.
Hermenêutica jurídica – estudo dos diversos modelos de interpretação da norma.
Hermenêutica e Interpretação
HERMENÊUTICA – no Direito, hermenêutica é o campo do conhecimento (ciência) que se preocupa em estudar e fornecer aos intérpretes os instrumentos e critérios de interpretação. A utilidade prática é que, desta maneira, com critérios preestabelecidos, evita-se que ocorram interpretações subjetivas por parte de cada intérprete.
INTERPRETAR – é revelar o sentido objetivamente válido de uma norma jurídica contida nas leis, regulamentos, costumes e fixar seu alcance. 
ESCOLAS DE INTERPRETAÇÃO
ESCOLA DA EXEGESE – aplicação da norma como mero silogismo. Utiliza o método tradicional ou legalista, que inicia-se com a promulgação do Código Civil Francês (Código de Napoleão, de 1899).
ESCOLA CIENTÍFICA – obra de Savigny – sistema moderno de interpretação que abarca concepções teleológicas, funcionais e sociológicas da norma.
ESCOLAS CONTEMPORÂNEAS (pós-modernidade) – Ronald Dworkin, Chaïm Perelman, Theodor Viehweg, Robert Alexy, Peter Häberle que propõem novas premissas para a análise das normas jurídicas, a exemplo da Escola da Hermenêutica Constitucional.
INTERPRETAÇÃO e IDEOLOGIA – ao realizar a interpretação da norma, a ideologia do intérprete vai determinar os critérios que utilizará para atingir seus fins, sempre ditados por seu universo de valores e da própria concepção de Direito que tem. É por isso que, a partir da análise de um mesmo texto legal, é possível se chegar a interpretações diferentes. 
VOLUNTAS LEGIS X VOLUNTAS LEGISLATORIS
A voluntas legis é a vontade do texto da lei, e 
a voluntas legislatoris é a vontade do legislador, expressa em lei.
CRÍTICA: sob qualquer dos seus aspectos, a interpretação é antes sociológica do que individual. Vai caindo em vertiginoso descrédito a doutrina oposta, que se empenha em descobrir e revelar a vontade, a intenção, o pensamento do legislador. Despreza os postulados da Psicologia moderna, reduz, em demasia, o campo da Hermenêutica, assenta antes em ficções do que em verdades demonstráveis, força a pesquisas quase sempre inúteis e, em regra, não atinte a certeza colimada. (MAXIMILIANO, 2011, p. 25)
INTERPRETAÇÃO DA NORMA
1 – Quanto à ORIGEM – (fontes, sujeitos ou agentes de que emanam as interpretações): autêntica, judicial e doutrinária.
2 – Quanto aos meios ou métodos: gramatical, lógico-sistemática, histórica, sociológica, teleológica.
3 – Quanto ao alcance: declarativa, extensiva, restritiva. 
ESPÉCIE DE INTERPRETAÇÃO QUANTO À ORIGEM
INTERPRETAÇÃO AUTÊNTICA – é aquela realizada pelo próprio legislador que elabora outra norma para esclarecer o significado e alcance da primeira. Para autores que entendem que é a vontade do legislador que se deve buscar na interpretação da norma, esta espécie de interpretação deveria ser sempre utilizada.
Ex. Art. 327, CP – Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. 
ESPÉCIE DE INTERPRETAÇÃO QUANTO À ORIGEM
INTERPRETAÇÃO JUDICIÁRIA OU JURISPRUDENCIAL – é aquela realizada pelos juízes e tribunais. Proferir uma decisão judicial significa tornar o comando legal, geral e abstrato, em norma particular, considerando os aspectos do caso em concreto.
INTERPRETAÇÃO DOUTRINÁRIA – é a interpretação advinda dos estudiosos do Direito, os doutores, mestres, juristas que através de obras, pareceres e demais publicações buscam atribuir à norma sentido e alcance. 
INTERPRETAÇÃO – MEIOS E MÉTODOS
Friedrich Karl Von Savigny – literal, lógica, sistemática, histórica
Rudolf Von Ihering – teleológica ou finalista
ESPÉCIE DE INTERPRETAÇÃO QUANTO AO MÉTODO
INTERPRETAÇÃO GRAMATICAL – o legislador, para traduzir seu pensamento e fazê-lo circular em sociedade, deve expressá-lo por intermédio linguístico. Tal pensamento vai se desenvolvendo através de estruturas sintáticas e escolhas semânticas. 
O método gramatical de interpretação é aquele segundo o qual se examina o significado literal do texto jurídico, seja a palavra de maneira isolada ou na frase. 
Brocardo Jurídico: “In claris cessat interpretatio”
ESPÉCIE DE INTERPRETAÇÃO QUANTO AO MÉTODO
INTERPRETAÇÃO LÓGICO-SISTEMÁTICA – Uma palavra, isoladamente, não possui necessariamente o mesmo significado quando colocada em determinado contexto discursivo. Do mesmo modo, uma oração, uma frase e um texto como um todo ganham maior sentido quando confrontados com os demais que pertencem ao mesmo universo discursivo.
É assim que a tarefa do interprete da lei, iniciada gramaticalmente, ganha realce com o confronto de seu texto de acordo com os preceitos da lógica-formal, além de considerar aquele artigo de lei, aquele parágrafo, inciso ou alínea, não isoladamente, mas como parte integrante de um todo legislativo, quando ganha maior significação.
Exemplo: Art. 226. § 3º CF/88 - Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.
Lógico-Sistemática
Se a norma prescreve: “Será decretada a falência do empresário que sem relevante razão de direito não paga, no vencimento, obrigação líquida materializada em título executivo protestado cuja soma ultrapasse o equivalente a quarenta salários mínimos”
Perguntas: o que é empresário, Título executivo, Protesto, Sem relevante razão de direito, Qual o valor do salário mínimo?
ESPÉCIE DE INTERPRETAÇÃO QUANTO AO MÉTODO
INTERPRETAÇÃO HISTÓRICA – é preciso que o intérprete faça uma análise diacrônica, ou seja, do processo de criação e evolução da compreensão da norma jurídica. Considera, nesses casos, o momento histórico que motivou a edição da norma para delimitar o seu sentido e aplicá-la adequadamente em momento histórico distante, daquele em que aquela foi promulgada. 
ESPÉCIE DE INTERPRETAÇÃO QUANTO AO MÉTODO
INTERPRETAÇÃO SOCIOLÓGICA – Além de uma análise diacrônica, muitas vezes é necessário fazer um recorte de determinado momento histórico para depreender, agora sob o método sincrônico, ou seja, por meio de um recorte no tempo, as causas sociais que influenciaram na aplicação de determinada norma.
Os valores sociais compartilhados em determinado tempo e espaço só podem ser diversos daqueles que permeiam a sociedade em outro tempo e espaço. É aí que a análise sociológica das normas jurídicas ganha maior relevo. 
INTERPRETAÇÃO HISTÓRICA X SOCIOLÓGICA
a) interpretação histórica: busca o sentido da norma levando em consideração a situação social existente na época em que a norma foi editada;
b) interpretação sociológica: busca o sentido da norma levando em consideração a situação atual.
A busca do sentido efetivo, na circunstância atual ou no momento da criação da norma, demonstra que as duas regras de interpretação se interpenetram. Daí falar-se em interpretação histórico-evolutiva.
Exemplos
“os estabelecimentos turísticos serão classificados conforme os padrões de conforto que oferecerem ao usuário”
Art. 155, do CP - “subtrair, para ou para outrem, coisa alheia móvel” 
(as decisões dos Tribunais demonstram
que há diversas posições sobre o significado dessas expressões) 
 
ESPÉCIE DE INTERPRETAÇÃO QUANTO AO MÉTODO
INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICA – o que se busca é a mens legis no que concerne à sua finalidade, baseado nos estudos das escolas alemãs que dão especial relevo à finalidade da lei quando foi elaborada, para além da sucinta análise de seus elementos meramente formais e gramaticais. 
Exemplo: Ao analisar o art. 20 da Lei 8.036/1990 (saque do FGTS), deve-se atentar ao fim social desta norma, que é a subsistência do beneficiário, ampliando o rol dos casos previstos nos incisos do aludido artigo. 
ESPÉCIE DE INTERPRETAÇÃO QUANTO AO ALCANCE
INTERPRETAÇÃO DECLARATIVA – o intérprete, diante da clareza do texto legal, deveria apenas declarar seu sentido e alcance, aplicando-o exatamente do modo como foi publicado, sem estendê-lo ou restringi-lo, com vista a conformar a vontade da lei ao caso em concreto. 
Ex. O art. 27 do CP diz que os menores de 18 anos são inimputáveis. Assim, não é possível aplicar pena a menores de 18 anos, não sendo possível estender sua aplicação para quem cometeu infração penal quando contava com 17 anos 11 meses e 29 dias de idade. 
ESPÉCIE DE INTERPRETAÇÃO QUANTO AO ALCANCE
INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA – o intérprete amplia o alcance da norma, procedendo a uma análise extensiva de seus ditames, a fim de aproximá-la do caso em concreto.
Ex. A lei 8.090/1990, que trata da impenhorabilidade do bem de família deve ser interpretada extensivamente para proteger o imóvel em que reside, sozinho, o devedor solteiro (STJ – Embargos de Divergência em Resp 182.233/SP). 
ESPÉCIE DE INTERPRETAÇÃO QUANTO AO ALCANCE
INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA – à luz do caso em concreto, o intérprete limita o alcance da norma, a fim de ajustar a vontade da lei.
Ex. Normas que restringem a liberdade dos jurisdicionados (normas proibitivas) devem ser analisadas de forma a restringir seu alcance.
“Em tema de liberdade, a interpretação há de ser sempre em seu obséquio e, portanto, restritiva, excluindo, por certo, qualquer outra, assim como a aplicação analógica ou subsidiária de norma, devendo ser afirmada, por isso, a inadmissibilidade da assistência de acusação, no processo de habeas corpus.” (STJ, AgRg no HC 55.631/DF, 6ª T., rel. Min. Hamilton Carvalhido, j.12.12.2006, DJ 29.09.2008).
OBSERVAÇÕES
Na área do Direito Penal e do Direito Tributário, em virtude do princípio da estrita legalidade, não é permitido ao intérprete ampliar o alcance da norma, para, assim, capitular como criminosas/hipóteses de incidência tributária, casos que não são expressamente definidos em lei.
Uma espécie de interpretação é concorrente com as demais. Assim, podemos falar em interpretação judicial (quanto à origem), teleológica (quanto ao método) e extensiva (quanto ao alcance), etc.
Do mesmo modo, no que diz respeito à interpretação da norma quanto ao método, não existe uma hierarquia ou ordem de interpretação, sendo possível iniciar a análise da norma pelo critério teleológico e, conforme o caso, buscar auxílio no critério lógico-sistemático para a conclusão do raciocínio, excluindo o critério gramatical, por exemplo. 
INTERPRETAÇÃO E PODER
A Interpretação jurídica consiste em um poder de violência simbólica que tem por objetivo uniformizar o sentido da norma jurídica, visto que não é possível uma interpretação unívoca de um texto, expresso em termos vagos e ambíguos. Poder é, nesse sentido, um meio pelo qual a seletividade de uma pessoa influencia a seletividade de outra.
Detentores do Poder (juristas, professores, magistrados, advogados, promotores etc)
* Relação de autoridade: hierarquia no poder.
* Relação de liderança: é generalizada e neutraliza outras lideranças.
 * Relação de reputação: prestígio do intérprete.
SILOGISMO
É uma argumentação pela qual, a partir de um antecedente que une dois termos a um terceiro, infere-se um consequente que une estes dois entre si.
1ª - Os meninos da nossa sala, quando vão jogar bola, se dirigem à orientação.
2ª - Os meninos da nossa sala foram pedir a bola na orientação.
CONCLUSÃO: Logo, os meninos vão jogar bola.
A partir da primeira e da segunda premissas infere-se um consequente que une as duas.
Silogismo: operação dedutiva baseada numa construção triádica: 
premissa maior (todos os empresários devedores devem ter a falência decretada); 
premissa menor: (fulano é empresário devedor); 
conclusão: (logo, deve ter a falência decretada).
SOFISMAS - FALÁCIAS
As falácias são formas de argumentos que parecem válidas, mas, examinadas mais de perto, não são. Essa aparência de validade vem da falta de domínio da lógica e dos operadores lógicos.
a) FALSA CAUSA – O meu dia não foi bom porque eu passei debaixo de uma escada.
b) AD HOMINEM – É claro que você nunca poderá ser um policial, pois é pai de um ladrão.
c) FALSA ANALOGIA - Ele é fruto de um assassino. O fruto não cai longe do pé.
SOFISMAS - FALÁCIAS
d) AD BACULUM – Você não vai a festa, porque sou seu pai e não quero que vá.
e) AD MISERICORDIAM – Professor, eu preciso passar. Meu pai está doente do coração e não suportaria mais esta emoção de eu não passar de ano.
f) IGNORÂNCIA DA QUESTÃO – consiste em provar uma coisa diferente da que se quer provar, ou seja, fora da questão. Ex.: Um advogado habilidoso que não tem como negar o crime do réu, enfatiza que ele é bom filho, bom marido, trabalhador.
g) CÍRCULO VICIOSO – Tal ação é injusta porque é condenável, e é condenável porque é injusta. (Consiste em demonstrar uma por outras duas proposições que têm igualmente necessidade de serem provadas.)
BIBLIOGRAFIA
MAGRI, Wallace Ricardo. Vade Mecum humanístico. Coordenação Álvaro de Azevedo Gonzaga, Nathaly Campitelli Roque. 3ª. ed.rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2012. p. 34.
SOARES, Ricardo Maurício Freire. Elementos de teoria geral do direito. 3.ed. atual., rev. e amp. – São Paulo: Saraiva, 2016.

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