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Terapia Nutricional nas Hepatopatias Curso de Nutrição Disciplina de Fisiopatologia da Nutrição e Dietoterapia II Profa. Ayana Meneses e Tatiana Uchôa IMPORTÂNCIA DO FÍGADO??? QUAIS HEPATOPATIAS?? Relembrando... Fígado • Maior glândula do corpo (1,5 kg) • Morfologia: – Lobo direito • Segmentos anterior e posterior • Fissura segmentar direita – Lobo esquerdo • Segmentos medial e lateral • Ligamento falciforme Relembrando... Fígado • Circulação hepática: – 1,5 L sangue/minuto – Entrada: • Artéria hepática (1/3) • Veia porta (2/3) – Saída: • Veias hepáticas Veia cava inferior Relembrando... Fígado • Bile: produzida no fígado • Fígado – Capacidade de regeneração (10 a 20% é funcional) – Integrante da maioria das funções metabólicas do corpo – Metabolismo de carboidratos, proteínas e lipídios • Armazenamento de glicogênio e quebra (em hipoglicemia) • Glicogênese e glicogenólise • Gliconeogênese • Síntese de albumina, transferrina, TGR, fosfolip, colest, lipoprot – Armazenamento e ativação de vitaminas – Conversão de amônia em uréia – Desintoxicação do organismo – ... Fígado – Central metabólica: 500 funções Metabolismo dos Carboidratos (glicogênese, glicogenólise, gliconeogênese) Metabolismo das Proteínas (transaminação e desaminação), síntese e degradação de proteínas Metabolismo dos Lipídios (síntese de triglicerídios, colesterol e lipoproteínas) Armazenamento e ativação das micronutrientes (lipossolúveis, zinco, ferro, cobre, magnésio e vitamina B12) Formação e excreção da bile Ação como filtro e câmera de irrigação Ciclo da uréia Metabolismo esteróide Doenças Hepáticas • Agudas ou Crônicas • Hereditárias ou Adquiridas • Principais: – Hepatite viral aguda – Hepatite fulminante – Esteato-hepatite não alcoólica – Hepatite alcoólica ou Cirrose – Doenças hepáticas colestáticas – ... Hepatites Hepatite Viral Aguda • Inflamação dos hepatócitos • Inflamação disseminada do fígado • Causas: – Ingestão abusiva de bebidas alcoólicas – Infecções bacterianas, fúngicas, por protozoários – Ação de drogas hepatotóxicos – Ação de células citotóxicas (auto-imune) – Infecções virais (herpes, febre amarela, rubéola...) • Hepatites A, B, C, D e E. – Hepatites A e E: formas infecciosas (via oral-fecal) – Hepatites B, C e D: séricas (sangue e fluidos) Hepatite Viral Aguda • HEPATITE A – Contraída por água potável, alimento, esgoto. – Sintomas: anorexia, náusea, vômito, dor abdominal, icterícia... • HEPATITES B e C – Podem levar a estágios crônicos cirrose e insuficiência hepática – Transmitidas por sangue, sêmen e saliva (agulhas, contato sexual, cortes ou feridas abertas...) Hepatite Viral Aguda • HEPATITE D – É raro e depende do vírus da Hepatite B para sobreviver – Pode ser uma coinfecção da B e se tornar crônica • HEPATITE E – É rara – Transmitida pela via oral-fecal – Geralmente não leva a estágio crônico • HEPATITE G – Transmitida por transfusão sanguínea – Geralmente não causa hepatopatia TIPOS A B C D E Fonte Fezes Sangue e derivados Sangue e derivados Sangue e derivados Fezes Tipo de Transmissão Oral-fecal Percutânea Permucosa Percutânea Permucosa Percutânea Permucosa Oral-fecal Infecção Crônica Não Sim Sim Sim Não Prevenção Primária Imunização pré & pós exposição Lavagem de mãos Imunização pré & pós exposição Modificação comportame ntos de risco Triagem doação de sangue Modificação comportame ntos de risco Imunização pré & pós exposição Modificação comportame ntos de risco Garantia da ingestão de água tratada e alimentos correta/ processados Hepatite Fulminante • Disfunção hepática grave acompanhada de encefalopatia hepática* – *Síndrome que leva à atividade mental, distúrbio neuromuscular e consciência • “Fulminante”: ausência de hepatopatia pré-existente e rápido desenvolvimento de encefalopatia em 2 a 8 semanas Hepatite Fulminante • Causas: – Hepatite viral – Toxicidade química (reações a medicamentos, venenos...) – Doenças (isquemia hepática, obstrução da veia hepática, síndromes...) • Complicações extra-hepáticas: – Edema cerebral, problemas cardíacos e renais, pancreatite... Hepatite Crônica • Pelo menos 6 meses de hepatite em curso • Etiologia: autoimune, viral, metabólica, tóxica... – Mais comum: hepatites B e C autoimunes • Sintomas intermitentes e leves: – Fadiga – Distúrbios do sono – Dificuldade de concentração – Dor • Agravamento: – Icterícia, perda muscular, ascite, edema, encefalopatia, sangramento GI Doença Hepática Alcoólica Doença Hepática Alcoólica • Doença hepática mais comum • Abuso de álcool – Álcool Acetaldeído* • * Dano à estrutura mitocondrial Metabolismo do Álcool Doença Hepática Alcoólica • Metabolismo do Álcool: – O álcool não possui enzimas digestivas – Se dá na mucosa intestinal – De 0 - 5% é absorvido pela mucosa gástrica • 80-90% oxidado no fígado • Restante distribuído para os outros tecidos – De 2 a 10% é expelido pela respiração ou excretado na urina bafômetro Metabolismo Oxidação Respiração Urina Doença Hepática Alcoólica Doença Hepática Alcoólica Doença Hepática Alcoólica • Convertido em acetil-CoA (acetil-CoA sintase) Ácidos graxos corpos cetônicos colesterol • Lançado na corrente sangüínea oxidação em outros tecidos (ciclo de Krebs) Doença Hepática Alcoólica • Fatores de predisposição – Alterações nas enzimas do metabolismo do álcool – Mulheres são mais propensas – Exposição a outras substâncias – Infecções por vírus e estado imunológico e nutricional • Agravamento – Esteatose hepática – Hepatite alcoólica – Cirrose Hepatite Alcoólica • Caracterizada por hepatomegalia, bilirrubina, alterações nas enzimas do fígado • Sintomas: – Dor abdominal, anorexia, diarréia, náusea, perda de peso, febre, fraqueza, anemia… • Abstinência: hepatite • Abuso persistente: cirrose Efeitos Tóxicos do Etanol Interferência em Outros Metabolismos diminui vias inibitórias diminui reflexos alterações visuais Depressão do SNC Efeitos tóxicos, principalmente no SNC Afeta a liberação de NTs se interpõe entre membranas aumentando a fluidez Etanol Danificação e diminuição da atividade de mitocôndrias e microtúbulos Efeitos tóxicos em diversos tecidos Acetaldeído Etanol Toxicidade do etanol Uso Crônico do Álcool • Altera quase todas vias metabólicas do fígado • Diminui via glicolítica e ciclo de Krebs • Inibe a beta-oxidação • Aumenta síntese de A.G. esteatose • Aumenta conc. Lactato acidose lática • Diminui excreção de ác. Úrico GOTA • Inibe a gliconeogênese (desvio do substrato: piruvato, glicerol-P e oxalacetato) Uso Crônico do Álcool • Considerado uso crônico o consumo acima de 80g de etanol diárias Ex.: – 1/4 de garrafa de cachaça – 6 latinhas de cerveja • Deficiências vitamínicas • Distúrbios neurológicos • Agravamento da gota Bebida Unidade mL Etanol (g) Cachaça dose50 17 garrafa 660 220 Destilados ( whisky, vodka ) dose 50 +/- 16 Aperitivos ( martini, campari ) dose 50 +/- 8 Cerveja copo 250 9 lata 350 13 garrafa 660 25 Fonte: Neves, MM e cols. Concentração de etanol em bebidas alcoólicas mais consumidas no Brasil. GED 8(1):17-20, 1989 Quanto tempo o organismo gasta para metabolizar o álcool ingerido? Anemia em Cirróticos • Deficiências de fatores hematopoéticos – Vitamina B12 e ferro (Fe). • Pacientes cirróticos com gastropatia congestiva: sangramento, crônico e periódico da mucosa gástrica – Anemia por deficiência de Fe: sinal clínico mais característico – Lesões na mucosa gástrica foram detectadas em 60% dos pacientes cirróticos • Sangramento agudo de varizes esofagianas: grande complicação desses pacientes Deficiências Nutricionais Menor absorção intestinal • Etanol e desnutrição Menor captação e retenção hepática • Fibrose parenquimatosa Maior excreção urinária Alterações no Metabolismo da Glicose • Intolerância à glicose: 2/3 dos pcts com cirrose – Resistência à insulina • Hiperinsulinemia: depuração hepática • Hipoglicemia de jejum (3 fatores básicos) – Indisponibilidade do glicogênio – Gliconeogênese prejudicada – Comum após a ingestão de álcool em indivíduos cujas reservas já são depletadas Alterações no Metabolismo das Gorduras • produção de sais biliares pelo fígado • Fezes gordurosas e flutuantes Desnutrição X Alcoolismo • O álcool substitui o alimento – 1g = 7 kcal – Consumo excessivo : baixo aproveitamento como fonte de energia esteatose e gordura circulante – Consumo esporádico, porém sem abuso: uso das calorias • Excesso sobrepeso • Influência no metabolismo das proteínas – Abuso captação de AA pelo fígado sintese ptn • Influência no metabolismo das gorduras – Abuso oxidação das gorduras excesso de triglicerídios circulante e deposição nos hepatócitos • Influência no metabolismo dos carboidratos – Resistência à insulina Esteatose Hepática • Infiltração gordurosa – “Fígado gorduroso” • Causa: – produção de AG e triglicerídios pelo consumo de álcool • Abstinência: esteatose reversível • Abuso persistente: hepatite alcoólica ou cirrose Cirrose Alcoólica • Doença hepática crônica oriunda de necrose e regeneração difusa do fígado • Aumento na formação de tecido fibroso • Rompimento da estrutura hepática normal e perda da função hepática • Compressão do fluxo de sangue, linfa e bile através do fígado • Fornecimento deficiente de oxigênio, nutrientes e outras substâncias produzidas no fígado (bile, bilirrubina) Cirrose Alcoólica • Sintomas: – Sintomas de hepatite e/ou: – Sangramentos GI – Encefalopatia hepática – Hipertensão portal • Ascite • Edemas Fígado normal Fígado cirrótico Cirrose Alcoólica: Alterações Metabólicas • Gasto energético maior; • Metabolismo glicídico: resistência à insulina hiperglicemia; • Deficiência de micronutrientes; • Metabolismo protéico: aumento da oxidação muscular, redução das ptn hepáticas e plasmáticas, aumento de amônia na circulação sanguínea; Cirrose Alcoólica: Alterações Metabólicas • Estado catabólico degradação protéica liberação de AA não ramificados na circulação A redução na capacidade de o fígado metabolizar os aminoácidos eleva seus níveis séricos • Esclera ictérica • Eritema palmar • Cabeça de medusa (umbigo) • Ascite • Distribuição alterada de pelos • Atrofia testicular • Angioma aracniforme • Icterícia • Perda muscular • Encefalopatia • Varizes Esofágicas • Hipertensão Portal Hipertensão Portal • Obstrução do fluxo de sangue no sistema venoso portal no fígado, por pressão anormal sobre os vasos • Pode resultar em varizes no TGI – Sangramentos frequentes Importância do Sistema Portal 70% da oxigenação hepática Fluxo de 1 a 1,2 l/min Síntese e metabolismo Defesa contra toxinas Ascite • Acúmulo de líquidos na cavidade abdominal (peritoneal) • Causas: – Hipertensão portal (80%) – Hipoalbuminemia – Obstrução linfática – Falha no sistema renina-angiotensina- aldosterona • Retenção renal de sódio e líquido • Tratamento: – Diuréticos • Efeitos adversos: hipocalcemia, hiponatremia… “askos” (grego) = bolsa Ascite • Tratamento: – Paracentese • Obtenção de material para análise • Alívio do doente Encefalopatia Hepática • Síndrome de atividade mental prejudicada, distúrbios neuromusculares e alteração de consciência Excesso de produtos tóxicos provenientes da alimentação e do próprio fígado, que deveria eliminá-las. • Causa (não há consenso): – Falha do fígado na desintoxicação de amônia* em uréia • * oriunda do metabolismo de ptn, ação de bactérias… • Desequilíbrio entre AACR e AAA • O que pode desencadear: – Sangramentos GI, uremia, infecção, hiperglicemia ou hipoglicemia… Estágio 1: Confusão mental Agitação Irritabilidade Distúrbio do sono Déficit de atenção Estágio 2: Letargia Desorientação Comportamento impróprio Sonolência Estágio 3: Sonolência mas responde à solicitação Confuso Comportamento agressivo Estágio 4: Coma Icterícias Obstrutivas Icterícias Obstrutivas • É a manifestação clínica do aumento dos níveis de bilirrubina plasmática acima de 2,0 mg/dl. Decorre de uma alteração da via metabólica da bilirrubina. • Cirrose biliar primária: – Doença colestática causada por destruição dos dutos biliares intra-hepáticos • Colangite esclerosante primária: – Doença colestática causada por obstrução por fibrose de dutos extra-hepáticos com ou sem envolvimento do dutos intra-hepáticos Icterícias Obstrutivas • Classificação: – Pré-hepática: Degradação excessiva da hemoglobina em bilirrubina, causando aumento da bilirrubina indireta. Ex: anemias hemolíticas. – Hepática: Deficiência nos mecanismos hepáticos de captação, conjugação e excreção da bilirrubina. Ex: hepatite viral, cirrose hepática, etc. – Pós-hepática: Vias biliares obstruídas que impedem a excreção de bilirrubina direta pela bile, aumentando as suas taxas sanguíneas. Ex: litíase biliar, Ca de cabeça de pâncreas, etc. Esteatose Hepática Não Alcoólica Esteatose Hepática Não Alcoólica • Mulheres obesas e diabéticas que negavam o uso de álcool mas apresentavam alterações no fígado muito semelhantes a da hepatite alcoólica – Aumento do volume do fígado – Alterações em exames laboratoriais – Biópsias com macrovesículas de gordura nos hepatócitos , necrose, inflamação e lesões chamadas de corpúsculos de Mallory. O "fígado gorduroso" (F) tem aspecto mais amarelado e esbranquiçado, geralmente também com um volume um pouco maior do que o fígado normal (N). Esteatose Hepática Não Alcoólica • Cuidado Nutricional: – Redução de peso: restrição calórica, exercício físico regular; – A melhora da sensibilidade insulínica; – O tratamento das dislipidemias – O combate aos radicais livres Esteato Hepatite Não Alcoólica • Estágio intermediário de doença • Acúmulo de gotas de gordura dentro nos hepatócitos – Gotas cercadas de moléculas inflamatórias • Causas: – Drogas – Anomalias congênitas– Obesidade – ... • Sintomas às vezes ausentes: – Fraqueza, mal estar, hepatomegalia • Agravamento: doença hepática crônica ou cirrose Avaliação Nutricional nas Hepatopatias Avaliação do estado nutricional • Antropometria: – Pode ser comprometida pela presença de edema ascite • Avaliação Subjetiva Global (ASG): – Apontada como uma alternativa Avaliação Subjetiva Global História • Alteração de massa corporal • Apetite • Alterações de paladar e saciedade precoce • Registro alimentar • Problemas GI persistentes Físico • Perda muscular • Depósitos de gordura • Ascite ou edema Condições existentes • Estado da doença • Presença de outras complicações • Encefalopatia hepática, sangramentos GI, IR, infecções CLASSIFICAÇÃO NUTRICIONAL Baseada nos parâmetros • Bem nutrido • Moderadamente desnutrido • Gravemente desnutrido Avaliação do estado nutricional HISTÓRIA • Avaliar duração gravidade e etiologia do dano hepático • Avaliar prejuízo concomitante de outros órgãos (ex. cadiomiopatia e pancreatite crônica em alcoólatras e ou insuficiência renal • Avaliar a ingestão de macro e micronutrientes, e a história de consumo de bebidas alcoólicas. Avaliação do estado nutricional EXAME FÍSICO • Observar sinais de descompensação: – como mudanças no estado mental; – icterícia; – ascite; – edema de membros inferiores; – hematomas. Avaliação do estado nutricional EXAME FÍSICO • Investigar sinais de deficiências nutricionais específica: – Cegueira noturna e xeroftalmia (vitamina A) – Acrodermatite (zinco) – Pelagra (niacina) 3D’s: Diarréia Dermatite Demência Avaliação do estado nutricional ANTROPOMETRIA • O peso deve ser registrado com atenção específica à sobrecarga hídrica; • Na ascite, acompanhar as medidas de circunferência abdominal; • Dobras cutâneas e circunferência de braço: limitações devido a presença de edema • ESTIMATIVA DE PESO SECO (James, 1989) – Livre de edema e ascite Grau de ascite peso ascitico edema periférico Leve 2,2kg 1,0kg Moderado 6,0kg 5,0kg Grave 14,0kg 10,0kg • Importante acompanhar: Avaliação do estado nutricional LABORATORIAL Testes para avaliação hepática podem ser classificados em: a) Testes de avaliação de lesão dos hepatócitos: Avaliar lesão e necrose celular b) Testes de avaliação do fluxo biliar c) Testes de avaliação da síntese hepatocelular Albumina? d) Testes de avaliação de reserva funcional parenquimatosa e) Testes de avaliação de etiologia de processos agressores: • ÍNDICE DE MAASTRICHT (IM) *Alta sensibilidade e especificidade *Melhor indicador da fase precoce da Desnutrição • ÍNDICE DE MAASTRICHT (IM) *IM = 20,68 - [2,4 X albumina plasmática (g/dL)] – [0,1921 X pré-albumina (mg/dL)] – [0,00186 x linfócitos totais (células/mm3] – [4 X (peso atual/peso ideal)] PI = 22 X [Altura (m2)] • ÍNDICE DE MAASTRICHT (IM) IM = 0 a 3 – Levemente desnutrido IM = 3 a 6 – Moderadamente desnutrido IM > 6 – Gravemente desnutrido ÍNDICE DE RISCO NUTRICIONAL • Média sensibilidade e especificidade • IRN > 100 – Eutrófico • IRN = 97,5 a 100 – Levemente Desnutrido • IRN = 83,5 a 97,4 – Moderadamente Desnutrido • IRN < 83,5 - Gravemente Desnutrido IRN = [1,519 X albumina plasmática (g/dL)] + [41,7 X (peso atual / peso usual)] ÍNDICE DE CHILD-PUGH • Classifica a Hepatopatia de acordo com a disfunção hepática • Direciona a Terapia Nutricional MODELO PARA DHC TERMINAL - MELD • MELD= 10 X {0,957 x Log [Creatinina (mg/dL)] + 0,378 x Log e [bilirrubina (mg/dl)] + 1,120 x Log e (RNI) + 0,643]} • Valor igual ou superior a 6 *Entra na lista do Transplante Hepático Ingestão oral inadequada; Anorexia: Saciedade precoce (ascite); Náusea; Vômito; Restrições dietéticas. Má digestão; Má absorção (esteatorréia); Metabolismo anormal dos macro e micronutrientes; DESNUTRIÇÃO Avaliação das Necessidades Nutricionais Objetivos da Dietoterapia • Melhorar a qualidade de vida; • Melhorar a função hepática; • Manter ou recuperar o peso adequado; • Controlar o catabolismo protéico-muscular e visceral; • Manter o balanço nitrogenado, a síntese de proteínas de fase aguda e a regeneração hepática sem aumentar o risco de encefalopatia hepática. • Corrigir alterações eletrolíticas, deficiências de vitaminas e minerais, minimizando o acúmulo de sódio e fluidos. Recomendações Nutricionais Dieta Oral • Em geral, pacientes hepatopatas toleram bem dietas por via oral. • Dietas com fracionamento de 4–7 refeições é recomendado, incluindo uma última refeição rica em CHO com o objetivo de poupar N2 em pacientes cirróticos estáveis. Avaliação das necessidades nutricionais ENERGIA • Hepatopatas podem apresentar alterações na atividade metabólica; • Fórmulas para estimativa de gasto energético – Harris-Benedict – Recomenda-se o uso de fatores – ESPEN, 2006. • FI: Insuf. Hepática: 1,3 a 1,55 • FA • FT ENERGIA • 34% dos pacientes cirróticos são hipermetabólicos, podendo apresentar aumento de 20% do GEB (Kondrup, 2006); • As recomendações na cirrose dependem do estado nutricional e do estágio da doença: – Bem nutridos e com cirrose compensada: 25-35 Kcal/Kg/dia – Desnutridos e/ou com cirrose complicada: 35-40 Kcal/Kg/dia Avaliação das necessidades nutricionais Avaliação das necessidades nutricionais ENERGIA • Ascite ou edema: – Calcular energia e PTN com PESO IDEAL para não superestimar; – Ascite eleva o GEB em 10% - considerar; – Em casos de má absorção observar a necessidade de calorias adicionais; – Controle de Sódio: 2g – Diuréticos: Furosemida e Espironolactona – Paracentese de alívio • Espolia 50 a 100g de proteína Avaliação das necessidades nutricionais ENERGIA • Hepatite: – Com insuficiência hepática aguda: 20-25 Kcal/Kg/dia, a mesma preconizada para pacientes críticos (monitorar hipoglicemia e hiperamonemia); – Sem insuficiência hepática aguda: 30-40 Kcal/Kg/dia, promover a regeneração de células hepáticas. Restrição protéica na cirrose ficou no passado!!! Avaliação das necessidades nutricionais PROTEÍNAS • As recomendações na cirrose dependem do estado nutricional e do estágio da doença: – Bem nutridos e com cirrose compensada: 1-1,2 g/Kg/dia – Desnutridos e/ou com cirrose complicada: 1,2-1,5 g Kcal/Kg/dia • Tipo de proteína: polimérica ou intacta; Avaliação das necessidades nutricionais PROTEÍNAS • As recomendações na encefalopatia dependem do estágio da doença: – Encefalopatia estágio 1 ou 2: 0,5 - 1,2 g/kg/dia – Encefalopatia estágio 3 ou 4: 0,5g-0,7 g/kg/dia • Aumentar oferta de AACR e diminuir de AAA; – Proporção 2:1 • Substituição de ptn animal por vegetal (fonte de AACR) + suplemento de AACR; • A restrição de protéica é necessária apenas nos episódios de encefalopatia, devendo-se após a melhora clínica voltar a oferta protéica (ESPEN, 1997).• Restrição proteica (estágio III e IV) • Oferta de AA’S ramificados (proteína vegetal) – leucina, isoleucina e valina (essenciais) • Controle da constipação • Uso de lactulona (laxante) DILEMA: • Cirrose: – Restringir proteína em pessoa já desnutrida para evitar a EH? Na ausência de encefalopatia hepática, não restringe esse ou aquele aminoácido. Avaliação das necessidades nutricionais PROTEÍNAS • Hepatite: 1,0-1,5 g/Kg/dia. – Avaliar perdas nitrogenadas – Avaliar insuficiência hepática aguda Avaliação das necessidades nutricionais CARBOIDRATOS • Embora a resistência à insulina seja comum em pacientes cirróticos, ela normalmente não é problemática; • A hipoglicemia (< 50mg/dL) pode desenvolver-se em até 50% cirróticos durante a sepse fornecer refeições freqüentes com CHO e proteína (Pedrites, 1994); • Dieta de cirróticos deve conter quantidade adequada de Kcal na forma de CHO, para minimizar o uso de reservas lipídicas e protéicas como energia; Avaliação das necessidades nutricionais LIPÍDIOS • 25 a 40% do VCT • Na esteatorréia, ou diarréia alcoólica, a restrição de lipídios é benéfica; • Se a diarréia não for resolvida com essa medida, a restrição de lipídeos pode ser descontinuada; • Triglicerídeos de Cadeia Média (TCM) pode ser indicado na má absorção de lipídios; • Administração de enzimas pancreáticas é necessária no caso de insuficiência pancreática, especilamente na cirrose alcoólica e em obstruções de ductos biliares. Avaliação das necessidades nutricionais VITAMINAS • A esteatorréia pode causar deficiência de vitaminas lipossolúveis, • Receber suplementação vitamínica na forma hidrossolúvel; • Especialmente em hepatotapias alcoólicas pode haver deficiência de algumas vitaminas hidrossolúveis • DRIs Avaliação das necessidades nutricionais MINERAIS • A esteatorréia pode causar deficiência de minerais, principalmente zinco, cálcio e magnésio • O zinco e magnésio também podem ser espoliados pelo uso de diuréticos. Avaliação das necessidades nutricionais LÍQUIDOS E ELETRÓLITOS • Na ascite a restrição de líquido e sódio é necessária; • Apesar de haver hiponatremia dilucional, ela usualmente representa a sobrecarga de água de retenção de sódio; • Restrição hidríca de 1-1,5 L/dia • Na ascite leve a moderada, restrição de sódio (60-90mmol/dia ou 1,3-2,0g/dia) é recomendada redução ou desaparecimento em mais de 15% dos casos (Kashini et al, 2006) Avaliação das necessidades nutricionais O TRATAMENTO DE ASCITE E HIPONATREMIA NA CIRROSE (Ginès e Cárdenas, Semin Liver Dis 2008; 28:43-58) • Dois grupos: – Hiponatremia com restrição hidríca (1-1,5 L/dia) – Infusão de albumina (40mg/dia) mais beneficiado. Condição Calorias (kcal/kg/dia) PTN (g/kg/dia) Carboidrat os (%) Lipídios (%) Hepatite (aguda e crônica) 25-40 1,0-1,5 67-80 20-33 Cirrose não complicada 30-40 1,0-1,5 67-80 30-33 Cirrose complicada -Desnutrição -Colestase 40-50 30-40 1,0-1,8 1,0-1,5 72 73-80 28 20-27 Encefalopatia -Grau I e II -Grau III e IV 25-40 25-40 0,5-1,2 0,5-0,7 75 75 25 25 Transplante hepático -Peri-transplante -Pós-transplante 30-50 30-35 1,2-1,75 1,0 70-80 >70 20-30 ≤30 Mccullough,1998; ESPEN,2006 Terapia Nutricional • Oral – Na ascite há saciedade precoce refeições pequenas e frequentes, contendo alimentos com densidade calórico- protéica elevada; – Na cirrose, recomenda-se refeições pequenas e frequentes e um lanche a noite para prevenir que o jejum noturno faça depleção das reservas de glicogênio Terapia Nutricional • Enteral – Sondas são contra-indicadas nos casos de varizes esofágicas ativas e com sangramento; – A gastrostomia e a jejunostomia são contra-indicadas na presença de ascite; – Quando é necessário grandes restrições de sódio, a nutrição por sonda, com fórmulas pobres no mineral, pode ser a melhor maneira de fornecer uma ingestão nutricional adequada. Terapia Nutricional • Parenteral – Qualquer paciente incapaz de alcançar necessidade nutricionais com a alimentação enteral; – Monitorar glicemia, principalmente na doença hepática crônica.
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