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Fisiopatologia e Dietoterapia nas Hepatopatias e nas Doenças da Vesícula Biliar Prof.ª Dr.ª Sheila Guimarães ❑ suprimento sanguíneo duplo ❑ artéria hepática supre cerca de 1/3 de sangue vindo da aorta (rico em oxigênio) ❑ veia porta - outros 2/3 . Coleta sangue escoado do trato digestório (rico em nutrientes) ❑ centro de regulação da homeostasia (biotransformação) Metabolização de substâncias tóxicas ❑ recebe os vários nutrientes após a absorção e biotransforma ❑ retém alguns para reserva e metabolismo próprio ❑ distribui outros para a circulação sistêmica para eventual utilização ou depósitos em outros tecidos Fígado: funções À partir do entendimento do influxo de sangue compreende-se as funções do fígado • Metabolismo de CHO: – Conversão de galactose e frutose em glicose, glicogênese, glicogenólise e neoglicogênese • Metabolismo de ptns: – Transaminação e desaminação oxidativa, síntese de ptns • Metabolismo de lipídeos (não segue a via de entrada pela veia porta hepática) – β oxidação, produção de corpos cetônicos, síntese e hidrólise de TG, fosfolipídeos, colesterol e lipoptns • Armazenamento, ativação e transporte de vitaminas: – Lipossolúveis, B12, além de Zn, Fe, Cu e Mg Fígado: funções • Formação e excreção de bile (único fluxo que flui para fora do fígado) • Conversão de amônia em ureia (ciclo da ureia) • Conversão de importantes hormônios e vitaminas numa forma mais ativa. – hidroxilação inicial da vitamina D, a desiodinização da tiroxina (T4) em triiodotironina (T3) e a síntese de IGF-1 em resposta ao hormônio de crescimento produzida na hipófise. • Função imunológica: – as células de Kupffer hepáticas correspondem a cerca de 80-90% da população fixa de macrófagos. – são um importante mecanismo de filtro para a circulação sistémica não só por removerem do sangue partículas exógenas estranhas como bactérias, endotoxinas, parasitas mas também partículas endógenas como os eritrócitos senescentes. (EX: alimentos contaminados) • Destoxificação (Xenobióticos) Fígado: funções Maior local de síntese de proteínas plasmáticas, como: 1- Albumina 2- Fatores de coagulação. 3- Glicoproteinas (α1 antitripsina e ceruloplasmina). 4- Proteínas transportadoras de ferro 5- Inibidores de protease Fígado: funções Fígado (funções): produção da bile 1 - Produzida no fígado 2 – Sai pelos ductos hepáticos D e E 3 – Entra no ducto cístico 5 – Sai pelo ducto colédoco, estimulada pela Colecistoquinina (contração da vesícula) 4 – Armazenada e concentrada na vesícula ▪ Localizado sobre o lobo direito do fígado. Com função principal de concentrar, armazenar (até 12h) e excretar a bile. ▪Componentes da bile (500-1000 mL): Bilirrubina Destruição das hemácias libera a hemoglobina a partir da qual se forma a bilirrubina. No fígado é conjugada e excretada Sais biliares Formados a partir do colesterol. Essenciais para digestão e absorção de gorduras, vitaminas lipossolúveis e alguns minerais. Colesterol Importante constituinte dos sais biliares Componentes da bile https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=2ahUKEwjm_qazq6neAhUFIpAKHZmMBPgQjRx6BAgBEAU&url=http%3A%2F%2Fwww.atlasdocorpohumano.com%2Fp%2Fanatomia%2Fvesicula%2Bbiliar&psig=AOvVaw20uT2XO72V-eEb50wcgMg4&ust=1540822982738261 Bile: funções Digestão no duodeno Ação da bile Produzida pelo fígado Qual a importância dos sais biliares???? Lipídeos são imiscíveis em água, ou seja, não se misturam. Digestão é feita pela água – a partir de hidrólise Armazenada na vesícula Sais biliares: Emulsificação dos lipídeos no duodeno Bile Emulsificação Maior área de contato com H2O lipases Micelas Grande bolha de lipídeo Fígado (funções): Biotransformação hepática Após serem absorvidos, atingem a circulação sanguínea e caem no sistema porta - metabolização hepática Metabolização de xenobióticos Fígado tem a função de biotransformar (metabolizar) xenobióticos (qualquer substância estranha ao organismo, como fármacos) – Como? Reações de fase 1 hepática – chamada de reações de oxidação a partir de uma família de enzimas (citocromo P450) – incorporam O2 que as tornam mais polares que facilita a excreção Reações de fase 2 hepática – fármacos já podem ser conjugadas a outros elementos polares facilitando a excreção Gera espécies reativas de oxigênio Desaminação Grupo amina livre Liberação da cadeia carbônica ou cetoácido Glicose Proteínas Amônia-NH3 Ureia Aumento do pH Efeitos colaterais, como cefaleia, dependem da capacidade de detoxicação hepática Fígado Fígado Amônia é muito tóxica, então o fígado converte a amônia em ureia. O fígado tem a capacidade de metabolizar a amônia convertendo-a em ureia, uma molécula de baixa toxicidade e de alta solubilidade, muito adequada para a excreção via urina. Reações de transaminação Glutamato Aminoácidos Princípios de bioquímica de Lehinnger- 5ª Ed. Biotransformação hepática: utilização de proteínas como fonte de energia e produção de ureia Glutamina EQUILÍBRIO ENTRE AMINOÁCIDOS • AAA : que são a fenilalanina, triptofano e tirosina. • ACR (BCAA): Leucina, isoleucina e valina. São transportados através da barreia hemato-encefálica por meio de um transportador de aminoácidos único, ou seja, competem entre si pela entrada no cérebro. SÍNTESE DE NEUROTRANSMISSORES. BCAA - BCAA promove a desintoxicação de amônia e a correção do desequilíbrio plasma aminoácido. PREFERÍVEIS FORNECEDORES DE SUBSTRATOS PARA SÍNTESE DE PROTEÍNAS Formação de cálculos biliares sem infecção da vesícula por concentração irregular ou cristalização dos componentes da bile. • Cálculos assintomáticos. • Podem migrar para o ducto biliar comum, podendo migrar para o duodeno com ou sem sintomas. Tipos de cálculos: • Colesterol não pigmentados: Maioria dos casos. Composto de colesterol+bilirrubina+sais de cálcio. • Pigmentados: polímeros de bilirrubina ou de sais de cálcio. Eles estão associados à hemólise crônica. Doenças da Vesícula Biliar Colelitíase Mecanismos possíveis formação dos cálculos a) Fator hepático e intestinal – (dieta rica em fibra poderia ter relação?) onde o mecanismo de reabsorção ileal dos ácidos biliares parece ter baixa eficiência em pacientes com cálculos. Promove maior captação de colesterol pelo fígado. b) Fator vesicular • Estase — Se a vesícula for deixada em repouso por um certo lapso de tempo (jejum), pode surgir precipitação de colesterol • No cerne de cálculos de colesterol já foram encontradas substâncias as mais variadas, como células descarnadas, bactérias, substâncias mucosas, sais de cálcio, pigmentos biliares Doenças da Vesícula Biliar Colelitíase Mecanismos possíveis c) Glicoproteínas - Apesar de as glicoproteínas não se originarem da vesícula, já que aparentemente são restos de células hepáticas mortas, elas são excretadas através da bile indo eventualmente colaborar na formação dos cálculos, servindo como matrizes para deposição de cristais. d) Fator alimentar - excessiva ingestão de hidratos de carbono refinados, excessivo aporte calórico, e sobrecargas orais de colesterol. A alta ingestão de gorduras na dieta por predispor a formação de cálculos devido ao estímulo constante para produzir mais colesterol para a ressíntese da bile. Doenças da Vesícula Biliar Colelitíase T r a to G a s tr o in te s ti n a l I I I P r o fe s s o r C a r lo s A lb e r to S o a r e s d a C o s ta Doenças da Vesícula Biliar Colelitíase • Alta ingestão de lipídios dietéticos por período prolongado → estímulo para produzir mais colesterol para a síntese de bile → formação de cálculos. • A perda rápida de peso corporal → depósito biliar → formação de cálculos. Fatores de risco: feminino, gravidez, idade avançada, história familiar, obesidade e distribuição corporal central de gordura, diabetes melito, doença óssea inflamatória e medicamentos (para dislipidemia, contraceptivosorais e estrogênio). T r a to G a s tr o in te s ti n a l I I I P r o fe s s o r C a r lo s A lb e r to S o a r e s d a C o s ta Doenças da Vesícula Biliar Colelitíase Sintomas: • Dor epigástrica intensa com início súbito. • Frequentemente náuseas e vômitos. Tratamento: • Cirurgia para remoção da vesícula (colecistectomia). • Dissolução química (administração de sais biliares, ácido quenodeoxicólico). • Terapia litolítica com ácido quenodesoicólico. • Dissolução por litotripsia (choque extracorpóreo). T r a to G a s tr o in te s ti n a l I I I P r o fe s s o r C a r lo s A lb e r to S o a r e s d a C o s ta Doenças da Vesícula Biliar Colelitíase Tratamento nutricional : • São mais prevalentes em dietas pobre em fibras e com alto teor de gordura. • Indivíduos que consomem carboidratos refinados têm um risco 60% maior de desenvolver cálculos biliares, em comparação com aqueles que consumiram mais fibras. • Dietas sanfona, jejum e dietas de pouquíssimas calorias. Doenças da Vesícula Biliar Colelitíase Não existe tratamento dietético para impedir a colelitíase. Tratamento nutricional inclui uma dieta rica em fibras, pouca gordura (saturada) e com base em vegetais. • Quando ocorre o deslocamento de algum cálculo da vesícula para o ducto biliar. • Pode causar obstrução, dor e cólicas. Doenças da Vesícula Biliar Coledocolitíase Coledocolitíase Colecistite Acolia fecal Menor absorção de lipídeos Doenças da Vesícula Biliar Colecistite Inflamação da vesícula biliar, podendo ser aguda ou crônica. • Causa: A passagem da bile para o duodeno é interrompida, levando o retorno da bile. •Pode ser calculosa ou acalculosa. Colecistite calculosa, com obstrução dos ductos biliares: • Cálculos biliares que obstruem o ducto biliar. • Icterícea (A bilirrubina extrapola para a circulação geral). Colecistite acalculosa (sem presença de cálculos obstrutivos): • Ocorre em condições graves (trauma, sepse, queimaduras e choque) → aguda. •atividade de contração espontânea diminuída e à responsividade contrátil diminuída ao CCK → crônica. • Ocorre estagnação da vesícula biliar e da bile. dor abdominal no quadrante superior, acompanhada por náusea, vômito e flatulência. Doenças da Vesícula Biliar Colecistite Tratamento Nutricional Aguda • Via oral zero durante o evento agudo. • Pode se indicar NPT em casos de desnutrição ou previsão de VO zero prolongada. • Retorno da VO com 30-45g de gordura/dia. • Após a colecistectomia: sintomas de gastrite secundárias ao refluxo duodenogástrico dos ácidos biliares → a adição de fibras solúveis na dieta irá funcionar como um agente sequestrante e se ligar à bile, no estômago, entre as refeições. Crônica • Pode haver necessidade de dieta hipolipídica por longo prazo (evitando as contrações da vesícula). • 20% do VET de lipídeos. • Flatulência e distensão abdominal é queixa frequente. Deve-se avaliar caso a caso para identificar o alimento envolvido. • Nos casos de suspeita de má absorção de gordura, é benéfico reposição de vitaminas lipossolúveis na forma hidrossolúvel. • A bile é secretada diretamente pelo fígado no intestino. • Adaptação do organismo para digestão da gordura: ±2 meses. •Aconselhável uma dieta pobre em gordura por 6 meses. •Evitar alimentos gelados e irritantes, ricos em enxofre. •Iniciar com dieta líquida até evoluir para normal. •Talvez haja necessidade de suplementar vitaminas lipossolúveis. Doenças da Vesícula Biliar Dietoterapia Pós Colecistectomia Fígado: doenças • Esteatose hepática (gordura) • Hepatites virais (inflamação) • Cirrose hepática (fibrose) Exames Valores de Referência Bilirrubinas séricas Total: 0,2 a 1,2mg/dL Direta: 0,1 a 0,4mg/dL Indireta: 0,1 a 0,8mg/dL Análise da função hepática Fosfatase alcalina (obstrução biliar, fígado, ossos) Adultos: 40 a 130UI/L Gestantes: 40 a 200UI/L Gama glutamiltrasnferase (GGT) fígado, coração, cérebro, rins H: 2 a 30 ou até 50UI/L M: 1 a 24 ou até 30UI/L Aspartato transaminase (AST) ou Transaminase glutâmico-oxaloacético (TGO) H: 10 a 35 ou até 38 U/L M: 10 a 31 ou até 32 U/L Alanina transaminase (ALT) ou Transaminase glutâmico-pirpuvica (TGP) H: 9 a 43 U/L M: 9 a 36 U/L Albumina 3,5 a 5,0 g/dL REDUZIDA: doenças hepáticas, síndrome de má- absorção, nefropatias, ascite, queimaduras, hidratação excessiva e inflamação/infecção Ferritina sérica H: 30 a 300ng/mL M: 10 a 200ng/mL Fatores de coagulação Tempo de protombina (TP) Tempo de tromboplatina parcial (TTP) O tempo de coagulação estará aumentado – risco de sangramento Exames Valores de Referência Análise da função hepática Excesso de NADH (reduzido) – inibição de um estado redox normal e consequentemente, inibição do Ciclo do TCA As mitocôndrias utilizam H do etanol e suprimem a beta oxidação, consequente acúmulo de ácidos graxos hepático Fígado: doença hepática alcoólica Acetil-CoA Inibição da Gliconeogênese Síntese de ácidos graxos • Esteatose está associada a hepatomegalia de moderada a acentuada e ocasionalmente, presença de dor à palpação em hipocôndrio direito e desconforto epigástrico; • a hepatite alcoólica pode resultar em anorexia, febre, hepatomegalia e icterícia, apresentam de AST (aspartato aminotransferase) e ALT (alanina aminotransferase), de bilirrubina, de fosfatase alcalina; • na evolução para cirrose: do tempo de protrombina, albumina, ascite e/ou encefalopatia. Manifestações clínicas: doença hepática alcóolica HEPATITES VIRAIS • Doença inflamatória de evolução aguda ou crônica causada por vírus hepatotrópicos. • Hepatite aguda: período entre o início dos sintomas até seis meses. • Hepatite crônica: persistência da lesão hepática associada a níveis elevados de aminotransferases (AST e ALT) ou marcadores virais por mais de 6 meses (B e C). • Manifestações clínicas • Icterícia, febre, artralgia, “rash” cutâneo, fadiga, mialgia, anorexia, náuseas, vômitos, cefaléia, hepatomegalia leve, esplenomegalia, colúria (URINA) e acolia (FEZES). Hepatite Viral Aguda É uma inflamação disseminada do fígado e é causada pelas hepatites A, B, C, D e E • As hepatites A e E são as formas infecciosas, principalmente transmitidas por via fecal-oral. • As hepatites B, C e D são as formas séricas, transmitidas pelo sangue e fluidos do corpo. HEPATITES • A cirrose consiste em fibrose do parênquima hepático que resulta na formação de nódulos. • Representa as consequências de uma resposta permanente de cicatrização à agressão hepática crônica induzida por uma variedade de processos, incluindo toxinas (álcool), infecção viral crônica, colestase e distúrbios metabólicos. • As consequências variam desde a ausência de sintomas até insuficiência hepática, com manifestações de icterícia, coagulopatia, varizes gastroesofágicas e ascite. CIRROSE HEPÁTICA Cirrose • hipertensão portal: sangramento através de varizes no esôfago/estômago (mais comum), duodeno reto ou estomas cirúrgicos, esplenomegalia com hiperesplenismo; • ascite; • síndrome hepatorrenal; • encefalopatia hepática; • disfunção sintética/coagulopatia; • carcinoma hepatocelular; • metabolismo medicamentoso alterado; • osteodistrofia hepática. Consequências da CIRROSE HEPÁTICA Consequências da CIRROSE HEPÁTICA • Disfunção sintética e coagulopatia • Vários defeitos na síntese e/ou secreção de proteínas caracteriza o fígado cirrótico. • Os defeitos clinicamente aparentes incluem hipoalbuminemia ( pressão oncótica e acentua formação de edema) e concentrações reduzidas dos fatores de coagulação. • Todos os fatores de coagulação, exceto o Fator VIII, são sintetizados pelo fígado e o comprometimento pode ser quantitativo e qualitativo. • Os fatores II, VII, IX e X dependem da vitamina K, logo sua atividade pode estar reduzida se houver deficiência dessa vitamina (má absorção de gordura relacionada a colestase/redução fluxo biliar). Consequências da CIRROSE HEPÁTICA Consequênciasda CIRROSE HEPÁTICA Encefalopatia hepática • É uma síndrome neuropsiquiátrica reversível que pode acompanhar a doença hepática descompensada em fase avançada de todos os tipos e/ou a derivação portal sistêmica significativa. • É um importante indício de deterioração da função hepática ou complicações superpostas. Consequências da doença hepática grave Encefalopatia: causas tóxicas Encefalopatia: causas Aminoácidos Aromáticos X Ramificados Nutritional consequences of macronutrients metabolism impairment in chronic liver disease. Arq Gastroenterol 2000;37(1):52-7. Encefalopatia hepática Causas de desnutrição na insuficiência hepática: • Alterações na ingestão • anorexia • alterações no paladar • palatabilidade das dietas hipossódicas • jejum prolongado devido a sangramento, alteração da consistência e exames • restrição dietética inadequada • Alterações na digestão e absorção • insuficiência pancreática secundária • enteropatia por uso de antibióticos (neomicina) • gastrite alcoólica • deficiência de sais biliares Causas de desnutrição na insuficiência hepática • Alterações no metabolismo de CHO, PTN, LIP e vitaminas; • Alterações insulina e glucagon, favorecendo catabolismo muscular; • alterações na glicogênese, glicogenólise, glicólise e gliconeogênese; • resistência periférica à insulina; • alteração metabólica e perda renal de nutrientes (vit. B6, tiamina, A, D, Zn, Mg, ác. fólico) • Aumento do gasto energético de repouso Avaliação Nutricional • Ainda não existe método de avaliação nutricional considerado padrão-ouro, portanto, deve-se utilizar métodos antropométricos, bioquímicos e clínicos, levando-se em consideração vantagens e desvantagens na utilização de cada método. • IMPORTANTE: a avaliação nutricional pode ficar comprometida se houver alteração no metabolismo hídrico e distribuição nos compartimentos corpóreos intra e extravascular. • INQUÉRITO ALIMENTAR: R24 horas, acrescentando local habitual das refeições, número de refeições diárias, preparações e substituições frequentes. • MÉTODOS CLÍNICOS: Questionar o início, duração e etiologia da doença, bem como a presença de outras doenças crônicas. Avaliação Nutricional • Cont. MÉTODOS CLÍNICOS: Classificar a hepatopatia, considerando o grau de disfunção do órgão de acordo com os parâmetros de Child-Pugh, para melhor dimensionar as cotas de energia diária. Avaliação Nutricional • Avaliação subjetiva global (ASG), associado ao exame clínico (avaliação física) detalhado é considerado um bom método de avaliação nutricional. Avaliação Nutricional Parâmetros laboratoriais devem ser utilizados com cautela. • Índice de creatinina por altura pode ser utilizado já que é mais afetado pela disfunção renal que a hepática; • Força muscular – auxílio do dinamômetro • Impedância bioelétrica – limitações para edema e ascite Sinais e sintomas • Dor abdominal • Inflamação com ou sem hepatomegalia • Diarreia associada à estetorreia • Ictericia, urina escura, fezes claras e escleras amareladas • Distensão abdominal • Hemorragia digestiva Atrofia muscular temporal Atrofia da bola gordurosa de Bichart; Como na sequela de paralisia facial ou de perda e dentição Hipotrofia bitemporal, nos mostra que o paciente parou de mastigar ou deixou de usar a mastigação como fonte principal de ingestão alimentar (dieta hipocalórica). Exame físico: investigação de perda de massa muscular • Estimativa de peso de acordo com a intensidade da ascite. Grau da ascite Peso a retirar Leve 2,2 kg Moderada 6,0 kg Grave 14,0 kg Fonte: James, 1989. Estimativa de peso corporal - ASCITE Icterícia Impregnação de pigmentos biliares na pele e mucosa, principalmente esclerótica e sublingual, conferindo uma coloração amarelada característica. Saúde intestinal: Escala de Bristol “Aspecto das Fezes” URINA DIETOTERAPIA Objetivos • Favorecer a aceitação da dieta e melhorar o aproveitamento dos nutrientes; • Suprir substratos energéticos suficientes para atender às necessidades orgânicas e favorecer ganho de peso; • Promover substratos energéticos, proteicos e micronutrientes para controlar o catabolismo proteico muscular e visceral; • Garantir o aporte de aminoácidos adequados para manter o balanço nitrogenado e a síntese de proteínas de fase aguda; • Suprir o organismo com aporte de aminoácidos adequado para normalização da função e regeneração hepática sem precipitar a encefalopatia. • Dieta Oral • Em geral, pacientes hepatopatas toleram bem dietas por via oral. • Fracionamento de 4 –7 refeições, incluindo uma última refeição rica em CHO com o objetivo de poupar N2 em pacientes cirróticos estáveis • Suplementos líquidos orais devem ser estimulados DIETOTERAPIA Energia • O peso utilizado deve ser o peso seco. • Harris Benedict (não recomendado) • Ascite (metabolicamente ativo) • Calorimetria indireta • 25 a 35 kcal/kg/dia. Bem nutridos e com cirrose compensada: 25 -35 Kcal/Kg/dia Desnutridos e/ou com cirrose descompensada: 35-40 Kcal/ Kg / dia Insuficiência hepática aguda: 20 -25 Kcal/Kg/dia, DIETOTERAPIA Carboidrato • Determinação da necessidade de carboidratos na insuficiência hepática é um desafio, em vista do papel primário do fígado no metabolismo de carboidrato. • A insuficiência hepática reduz a produção de glicose e a utilização periférica de glicose. • A taxa de gliconeogênese é diminuída, com preferência por lipídios e aminoácidos para obtenção de energia. • As alterações nos hormônios insulina, glucagon, cortisol e epinefrina são responsáveis, em parte, pela preferência por fontes alternativas de energia. • A resistência à insulina pode estar presente na disfunção hepática. Normoglicídica 50 – 60% do VET DIETOTERAPIA Lipídeos • Recomenda-se que não ultrapasse 30% do VET Vitaminas lipossolúveis: • Suplementação vitamina A + zinco: melhor ganho de peso e do paladar. • Vitamina K: intravenosa ou intramuscular, 3 vezes por dia. • Vitamina E: redução da peroxidação lipídica. Vitaminas hidrossolúveis: • Tiamina: 100mg/dia, para correção da encefalopatia. • Vitamina B12, B6 (piridoxina) e B3 (niacina), riboflavina e vitamina C, principalmente na hepatopatia alcoólica. Minerais: • Ferro: Diminuido (hemorragia digestiva) ou aumentado (hemocromatose) • Cobre e manganês aumentados na hepatopatias colestática. • Zinco e magnésio: reduzidos pelo alcoolismo e no tratamento da ascite. • Cálcio: reduzido na esteatorréia. • Sódio: restrição nos casos de retenção hídrica. DIETOTERAPIA Proteínas • RECOMENDAÇÕES ATUAIS ESPEN (2006 e 2019): Paciente com ou sem encefalopatia: 1,2 – 1,5g/kg peso seco/dia: Para equilíbrio nitrogenado. • Fórmulas enterais com AACR para pacientes com EH RECOMENDAÇÃO ANTIGA DA ESPEN (1997)As recomendações na encefalopatia eram diferenciadas e dependiam do estágio da doença: • Encefalopatia estágio 1 ou 2: poderia 0,5 g /kg/dia; ajustando para 1,0 a 1,5 em poucos dias (ESPEN) • Encefalopatia estágio 3 ou 4: 0,5g-1,0 g/ kg/ dia (ESPEN) • Aumentar oferta de AACR e diminuir de AAA (2:1) • Substituição de ptn animal por vegetal (fonte de AACR) + suplemento de AACR; DIETOTERAPIA • Alimentos indicados e contra indicados na encefalopatia hepática DIETOTERAPIA Conduta nas complicações da Cirrose A retenção de fluido é comum, e a ascite (acúmulo de líquido na cavidade abdominal) • Causas: Hipertensão portal + hipoalbuminemia + obstrução linfática + retenção renal de sódio e líquido. • E maior estímulo do sistema renina, angiotensina, aldosterona. • Retenção água e sódio. • Ocorre aumento de 10% no GEB, compartimento metabolicamente ativo. • Tratamento: uso de diurético • Conduta: • Restrição de sódio a 2g/dia. • Nos casos de paracenteses: Adequar ingestão de proteína, devido ao líquido ascítico retirado conter proteína. Ascite: Paracentese Conduta nas complicações da Cirrose Hiponatremia •Ocorre devido capacidade reduzida de excretar água. • Ação persistente do hormônio antidiurético. • Sangue diluído: hiponatremia dilucional. • Associado a perdas de sódio na paracentese e terapia diurética. • Conduta: • Restrita a 1 a 1,5 L/dia •Ingestão moderada deve ser continuada a fim de evitar maior retenção hídrica. •Ingestão moderada de sódio Conduta nas complicações da Cirrose
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