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Psicologia comportamental

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O que significa o título “Laranja Mecânica”? Ao pé da letra, o título original (Clockwork Orange), significa “Laranja com Mecanismo de Relógio”. O título alude, pois a um “mecanismo de relógio” – clockwork – algo que nos remonta a uma visão mecânica, artificial, robótica, programável. Orange – laranja, nos leva, particularmente, a ver semelhança, no inglês, com a palavra “orang – utan“, ou seja, um macaco (no caso alaranjado, mesmo), uma criatura, um animal. No final das contas, seria uma alusão ao procedimento behaviorista utilizado pelos cientistas do filme para reintegrar à sociedade o jovem Alex, considerado como um “animal” e, por isso mesmo, “domesticável”.
A Laranja Mecânica, produzido em 1971, ficou proibido em vários países. No Brasil, só foi liberado pela Censura em 1978. Baseado no romance homônimo de Anthony Burguess é, de fato, um filme perfeito. Tudo nele se encaixa com perfeição – cenários, locações, figurinos, atores, fotografia e música – para criar um ambiente aparentemente distante do nosso, um mundo caótico e sombrio em que Alex, um jovem inglês que lidera um grupo de delinqüentes, sai pelas madrugadas usando alucinógenos, espancando mendigos idosos e violentando mulheres, entre outros desatinos. Tudo em clima de pura diversão e sarcasmo.
Numa de suas investidas, o bando comete um homicídio, o que leva o líder Alex para uma casa de detenção. Condenado a catorze anos de prisão pela morte de uma mulher, o jovem esquiva-se do assédio de homossexuais e da violência dos outros prisioneiros. Para conseguir um melhor tratamento, auxilia o capelão do presídio nas atividades religiosas. Ao saber que está sendo utilizado um novo método “Método Ludovico”, de recuperação de prisioneiros que garante a liberdade imediata, Alex candidata-se de imediato, contra a vontade do capelão e do diretor do presídio. Tratando assim o mais puro behaviorismo, que consiste em “condicionar” o paciente a rejeitar todo comportamento “anormal”. Alex é colocado num palco onde se obrigam a assistir filminhos com cenas de violência inegável. Mas antes dessas sessões cinematográficas, injetam-lhe um medicamento que lhe provoca insuportável náusea. Associando as cenas ao mal-estar físico, ele neutraliza sua agressividade natural e se transforma num “cidadão modelo”. (O fundamento desse programa é a teoria do condicionamento, elaborada pelo fisiologista russo I. Pavlov no início do século XX e desenvolvida mais tarde por J. B. Watson e B. F. Skinner, psicólogos norte-americanos que criaram o paradigma comportamentalista na Psicologia.).
Em A Laranja Mecânica temos um excelente exemplo de como utilizar certos conhecimentos da Psicologia para o exercício do controle social.
Análise
O diretor Stanley Kubrick retrata um mundo futurista, onde uma gangue aterroriza a sociedade, com vandalismo, brigas com outras gangues, estupro e outros crimes.
O líder da gangue (Alex) é preso, e através de um programa de condicionamento, volta às ruas modificado. Quando pensa ou tenta algum ato violento, o seu organismo reage com crises de pânico, vômito, tontura. Esse condicionamento foi realizado através de sugestões visuais, onde ele assistia a cenas de violência sem sequer poder piscar os olhos, que se mantinham abertos à força, sendo molhados com colírio.
Em seu retorno à sociedade, ele encontra todas as suas vítimas, que se vingam dele, que não consegue reagir por causa do seu condicionamento. É espancado por um de seus ex-colegas que se tornou policial e, em seu caminho, cruza com um senhor que ficou paralítico e que teve a esposa estuprada e morta ao serem agredidos por ele. Esse senhor o reconhece somente quando ele está na banheira e canta uma música, a mesma que ele cantou quando o estava agredindo. Como as outras vítimas, vinga-se, mandando um empregado agredi-lo.
Depois de passar por todos os percalços, Alex volta ao seu estado normal através de uma cirurgia no cérebro, pelas mãos de um congressista que quer utilizá-lo como vítima do sistema para sua campanha eleitoral. Tem então, “lindas visões”, recheadas de violência e morte.
1. O controle do comportamento social é feito através da técnica Ludovico que, com princípios psicológicos behavioristas de condicionamento, introduz em Alex o mal-estar físico ligado a qualquer comportamento violento.
2. Como na caixa de Skinner, Alex vincula o seu sofrimento físico a atos de violência introduzidos através de vídeos que ele assistiu exaustivamente, sem ao menos poder fechar os olhos. Esse tipo de condicionamento – ou técnica behaviorista –, relacionando um efeito (seu mal-estar) a uma causa (violência), se faz presente através da teoria comportamental. Seu comportamento é moldado de acordo com os propósitos de outrem.
Segundo
O filme Laranja Mecânica conta a história de Alex, um jovem inglês que é líder de um grupo de deliquentes que cometem todos os tipos de horrores durante as madrugadas: espancamentos, brigas com grupos rivais, assaltos, estupros e até mesmo assassinato. Numa das investidas realizada pelo grupo durante uma madrugada, os companheiros de Alex armam contra ele, pois estavam cansados de sua liderança autoritária. Como o grupo só conhece a agressão, usam-na para dar uma lição em Alex.
Num assalto realizado em um hotel fazenda, Alex acaba assassinando a proprietária do hotel. Os companheiros de gangue atinjem-no com algumas garrafas de leite na cabeça, deixando-o inconsciente e transformando-o em um alvo fácil para a polícia que já havia sido acionada. Por ironia do destino a violência de Alex acaba se voltando contra ele, pois os liderados se rebelam e o destituem do poder usando os mesmos métodos coercitivos. Enfim, coerção gera coerção, e o filme Laranja Mecânica é muito claro neste sentido, pois elucida de maneira bastante óbvia os efeitos colaterais gerados pela utilização de controle coercitivo. 
Tais efeitos se fazem evidente no tratamento que Alex é submetido depois que é levado para a prisão. Tendo recebido uma pena de 14 anos de reclusão em um instituto prisional que usa a coerção para manter sob controle os detentos, Alex enxerga num tratamento revolucionário a possibilidade de encurtar o cumprimento de sua pena. Trata-se de um tratamento que ilustra com bastante clareza o paradigma do condicionamento respondente, ao mesmo tempo que cria a oportunidade para que possamos discutir a eficácia da punição como meio para a modificação de comportamentos. 
Por possuir um perfil bastante agressivo Alex é escolhido para ser submetido ao tratamento, sendo, então, transferido para uma clínica em que é colocado sob os cuidados de uma equipe médica. O tratamento consiste em assistir filmes com cenas explícitas de violência enquanto um medicamento que provoca uma terrível sensação de náusea é administrado. Veja o esquema abaixo: 
Veja a semelhança com o experimento realizado por Pavlov no estudo do condicionamento respondente:
No experimento de Pavlov o estímulo incondicionado, ou seja, o estímulo que provoca a resposta reflexa de salivação, uma resposta que ocorre sem a necessidade de aprendizagem, é a comida. No experimento realizado com Alex o medicamento cumpre a função de estímulo incondicionado. Após a associação temporal entre o alimento e a campainha no arranjo experimental construído por Pavlov, o som passou a adquirir a função de estímulo condicionado, provocando, desta forma,  a resposta de salivação quando apresentado. Já na experiência ao qual Alex foi submetido, as cenas de violência exibidas nos filmes que ele foi obrigado a assistir, adquiriram a função de provocarem a resposta reflexa de náusea, ou seja, adquiriram a função de estímulos condicionados. Para maiores detalhes sobre o condicionamento respondente, é interessante ler outro artigo deste blog intitulado: "O condicionamento respondente: definição e aplicações."
Era esperado com a realização do tratamento que Alex se sentisse mal todas as vezes que se engajasse em um comportamento violento. E de fato isso aconteceu. Depois de sair da prisão Alex se sente mal em inúmerasoportunidades em que tem a chance de se engajar em comportamento violento ou quando presencia alguma cena de violência. As fortes sensações de náusea sentidas por Alex o incapacitavam de cometer atos de violência. Enquanto estava ocupado sentindo náuseas ele não podia se engajar em comportamentos violentos. Trata-se aqui de incompatibilidades entre comportamentos do mesmo repertório comportamental, e venciam aqueles comportamentos que tinham maior força. No caso de Alex, venciam as náuseas, e para se esquivar de senti-las era necessário não cometer nenhuma violência.
Na história de Alex também é possível ver operar o reforçamento negativo. Engajar-se em atos de evitação da violência permitia que as punições fossem evitadas. As respostas reflexas sentidas como náuseas eram ao mesmo tempo um exemplo de comportamento respondente eliciado por cenas de violência, como eram também a consequência de comportamentos que tinham como objetivo a prática de ações violentas. As náuseas puniam os comportamentos de cometer violência, impedindo-os de acontecerem enquanto o estímulo aversivo "enjoos" estivesse operando. Em última instância, o corpo e os comportamentos de Alex eram suas fontes de punição. Ele não podia fugir de si mesmo, então, o melhor seria esquivar-se da violência. O esquema abaixo sintetiza a análise dos operantes de Alex: 
Mas como era de se esperar o tratamento teve alcance limitado, pois logo as respostas reflexas de náusea foram se extinguindo, e as cenas de violência que sinalizavam a possibilidade de punição acabam perdendo esta função de sinalização, ou seja, perdem a função de serem estímlos discriminativos que sinalizam a ocorrência de punições. Se tais cenas perdem a função de estímulos condicionados no eliciamento das respostas reflexas de náusea, os comportamentos de violência têm a chance de ocorrerem sem serem punidos, pois também perdem a função de eliciarem as sensações de desconforto que atuavam como punição. Esta é uma questão clássica, ou seja, estímulos aversivos condicionados vez ou outra precisam ser pareados com o estímulo punidor incondicionado, caso contrário perdem a função de punidores ou de sinalizadores de punição.
No caso de Alex, seus comportamentos de cometer violência eram ao mesmo tempo estímulos condicionados para as respostas reflexas de náusea, sinalizadores de ocorrência da punição (náusea) e também eram punidores e geradores da punição que era sentida com o grande desconforto que acompanhava as crises de náusea. Quando é desfeito o condicionamento respondente, ou seja, quando as cenas de violência e os comportamentos de se engajar em violência perdem a função de eliciarem as respostas reflexas de náusea, os comportamentos violentos perdem também a função de punidores e sinalizadores de punição, ao mesmo tempo em que cometer violência deixa de ser punido pela ocorrência dos desconfortos. Neste sentido, o filme evidencia duas coisas muito importantes: 1) Um programa de modificação de comportamentos não deve se limitar à ocorrência dos comportamentos respondentes e nem deve 2) fazer uso de punição. A punição tem efeitos colaterais nocivos, e a sua eficácia em suprimir comportamentos dura enquanto o estímulo aversivo estiver presente. Além do mais, os estímulos aversivos condicionados precisam ser pareados habitualmente com estímulos aversivos incondicionados para não perderem a função de punidores.
Um pai que ameaça o filho com uma chinela nas mãos, vez ou outra precisa dar uma chinelada para que a chinela continue funcionando como estímulo sinalizador de punição ou ainda como estímulo punidor. Mas este mesmo pai ao usar de punição está sujeito aos efeitos colaterais que ela gera: contracontrole, ansiedade, medo, submissão etc. No caso de Alex, para que as náuseas continuassem funcionando como punição para os comportamentos de se engajar em violência, as cenas de violência teriam que ser pareadas ocasionalmente com a medicação, ou seja, ele teria que ser submetido de vez em quando a novas sessões do tratamento. Mas os efeitos do tratamento foram terríveis, pois transformaram Alex em um sujeito submisso e temeroso dos desconfortos que podiam ser sentidos a qualquer instante.
Melhor seria se Alex tivesse a oportunidade de acessar fontes de reforçamento positivo todas as vezes em que se engajasse em comportamentos mais funcionais. Aí estaríamos falando de um programa de modificação de comportamentos que também contemplaria a análise funcional dos operantes de cometer violência, ou seja, que contemplaria a função exercida por tais comportamentos, um programa que fosse capaz de analisar as variáveis responsáveis pela manutenção dos comportamentos violentos, e que não se limitasse somente a aplicação de técnicas de condicionamento respondente, que acima de tudo foram altamente intrusivas e tiveram resultados questionáveis, pois fizeram utilização de controle coercitivo.  
Se o filme ilustra bem o paradigma do condicionamento respondente e os efeitos nocivos da utilização do 
controle aversivo, ele não serve para ilustrar a proposta da Análise do Comportamento e de sua filosofia, o Behaviorismo Radical. A Análise do Comportamento não defende o uso do controle aversivo, pois este tipo de controle tem consequências bastante nocivas. A respeito do controle comportamental, é sugerido o seguinte texto: "Controle Comportamental: algumas considerações". A Análise do Comportamento estuda o controle aversivo como forma de demonstrar as consequências que ele produz, e como forma de demonstrar que há outras alternativas muito mais viáveis. Um bom programa de modificação de comportamentos envolve a análise funcional dos comportamentos que se quer modificar e não somente a aplicação de técnicas para modificações comportamentais. Para aprofundar nesta questão, aconselho a leitura do seguinte texto deste blog: "Por que a Terapia Comportamental é Comportamental?".
Voltemos ao filme. Como no experimento de Pavlov em que o som perdeu a função de eliciar a resposta reflexa de salivação ao ser apresentado sozinho, ou seja, ao ser apresentado sem que fosse pareado com a alimentação, as cenas de violência deixaram de eliciar as respostas reflexas de náusea quando o pareamento entre elas e a medicação foi rompido. Ocorreu, então, uma extinção das respostas reflexas condicionadas de náusea. Este pareamento foi rompido quando Alex foi submetido a diversas ocasiões de violência ao sair da prisão. Quando, por exemplo, os antigos amigos de gangue que se tornaram policiais o agrediram, ou quando foi obrigado a ouvir a nona sinfonia de Beethoven na casa do escritor que ele agredira no início do filme. A nona sinfonia de Beethoven também adquirira a função de estímulo condicionado quando no experimento foi tocada como a música de fundo enquanto Alex assistia às cenas de violência. 
Não suportando os efeitos provocados pela nona sinfonia de Beethoven, Alex se joga do terraço do quarto em que se encontrava. Depois disso vai parar num hospital todo quebrado. Enquanto jazia em uma cama de hospital, um médico e uma enfermeira tinham relações sexuais em uma cama ao lado. Em todas estas situações Alex vai sendo exposto a cenas de violência sem que elas fossem pareadas com o estímulo incondicionado. Por isso perdem sua função de eliciarem as respostas reflexas de náusea. O filme termina com Alex imaginando uma cena de sexo selvagem, o que demonstra que se engajar em atos de violência não mais funciona como estímulo condicionado para eliciar respostas reflexas de náusea e também como fonte geradora de punição. 
Portanto, o tratamento ao qual Alex foi submetido revelou-se um fracasso total. Também pudera, pois além de coercitivo foi desprovido da realização de qualquer análise funcional dos comportamentos de se engajar em violência. Sem uma uma boa análise funcional qualquer procedimento utilizado para modificar quaisquer comportamentos tem uma grande chance de ser ineficaz.
Gostou do texto? Não deixe de postar seus comentários nos campos apropriados para este fim.Outros artigos semelhantes a este? Abaixo você encontra outras indicações de leituras do Café com Ciência, não deixe de conferir.
Análise do filme Laranja Mecânica segundo a psicologia Behaviorista O diretor Stanley Kubrick retrata um mundo futurista, onde uma gangue aterroriza a sociedade, com vandalismo, brigas com outras gangues, estupro e outros crimes. O líder da gangue (Alex) é preso, e através de um programa de condicionamento, volta às ruas modificado. Quando pensa ou tenta algum ato violento, o seu org anismo reage com crises de pânico, vômito, tontura. Esse condicionamento foi realizado através de sugestões visuais, onde ele assistia a cenas de violência sem sequer poder piscar os olhos, que se mantinham abertos à força, sendo molhados com colírio. Em seu retorno à sociedade, ele encontra todas as suas vítimas, que se vingam dele, que não consegue reagir por causa do seu condicionamento. É espancado por um de seus ex-colegas que se tornou policial e, em seu caminho, cruza com um senhor que ficou paralítico e que teve a esposa estuprada e m orta ao serem agredidos por ele. Esse senhor o reconhece somente quando ele está na banheira e canta uma música, a mesma que ele cantou quando o estava agredindo. Como as outras vítimas, vinga-se, mandando um empregado agredi-lo. Depois de passar por todos os percalços, Alex volta ao seu estado normal através de uma cirurgia no cérebro, pelas mãos de um congressista que quer utilizá-lo como vítima do sistema para sua campanha eleitoral. Tem então, “lindas visões”, recheadas de violência e morte. 1. O controle do comportamento social é feito através da técnica Ludovico que, com princípios psicológicos behavioristas de condicionamento, introduz em Alex o mal -estar físico ligado a qualquer comportamento violento. 2. Como na caixa de Skinner, Alex vincula o seu sofrimento físico a atos de violência introduzidos através de vídeos que ele assistiu exaustivamente, sem ao menos poder fechar os olhos. Esse tipo de condicionamento – ou técnica behaviorista –, relacionando um efeito (seu mal-estar) a uma causa (violência), se faz presente através da teoria comportamental. Seu comportamento é moldado de acordo com os propósitos de outrem. Era esperado com a realização do tratamento que Alex se sentisse mal todas as vezes que se engajasse em um comportamento violento. E de fato isso aconteceu. Depois de sair da prisão Alex se sente mal em inúmeras oportunidades em que tem a chance de se engajar em comportamento violento ou quando presencia alguma cena de violência. As fortes sensações de náusea sentidas por Alex o incapacitavam de cometer atos de violência. Enquanto estava ocupado sentindo náuseas ele não podia se engajar em comportamentos violentos. Trata-se aqui de incompatibilidades entre comportamentos do mesmo repertório comportamental, e venciam aqueles comportamentos que tinham maior força. No caso de Alex, venciam as náuseas, e para se esquivar de senti-las era necessário não cometer nenhuma violência. 
 
 Na história de Alex também é possível ver operar o reforçamento negativo. Engajar-se em atos de evitação da violência permitia que as punições fossem evitadas. As respostas reflexas sentidas como náuseas eram ao mesmo tempo um exemplo de comportamento respondente eliciado por cenas de violência, como eram também a consequência de comportamentos que tinham como objetivo a prática de ações violentas. As náuseas puniam os comportamentos de cometer violência, impedindo-os de acontecerem enquanto o estímulo aversivo "enjoos" estivesse operando. Em última instância, o corpo e os comportamentos de Alex eram suas fontes de punição. Ele não podia fugir de si mesmo, então, o melhor seria esquivar-se da violência. Mas como era de se esperar o tratamento teve alcance limitado, pois logo as respostas reflexas de náusea foram se extinguindo, e as cenas de violência que sinalizavam a possibilidade de punição acabam perdendo esta função de sinalização, ou seja, perdem a função de serem estímlos discriminativos que sinalizam a ocorrência de punições. Se tais cenas perdem a função de estímulos condicionados no eliciamento das respostas reflexas de náusea, os comportamentos de violência têm a chance de ocorrerem sem serem punidos, pois também perdem a função de eliciarem as sensações de desconforto que atuavam como punição. Esta é uma questão clássica, ou seja, estímulos aversivos condicionados vez ou outra precisam ser pareados com o estímulo punidor incondicionado, caso contrário perdem a função de punidores ou de sinalizadores de punição
Oque o filme
Laranja Mecânica narra a história de Alex, de 15 anos, integrante de um grupo de adolescentes delinquentes que depois da escola (ou de faltar da escola), destinam o tempo para cometer crimes, como roubos, espancamentos e estupros, por pura maldade e diversão. Numa noite comum de violência, Alex e seus amigos - Tosko, o mais eloquente, Pete e Georgie - decidem assaltar a casa de uma senhora, mas acaba que ela chama a polícia a tempo e Alex é traído pelos "druguis" (ou "amigo", na gíria usada pelo grupo). O adolescente é detido e condenado a quatorze anos de prisão. 
Porém, ao demonstrar muita selvageria durante os primeiros dois anos de prisão, o governo opta por submeter Alex a um tratamento de choque novo e ainda em fase de experimentação chamado Técnica Ludovico. Através desse viés, que garante a extinção da maldade em apenas duas semanas, o governo espera diminuir a superlotação de presídios e até mesmo liquidar o impulso criminoso. Durante a terapia, o indivíduo é submetido a sessões diárias de filmes com alto teor de violência e também recebe doses injetadas de uma substância que garante terríveis sensações de mal estar e enjoos. Assim, a deflagração de experiências físicas insuportáveis (como náusea) é deliberadamente associada a qualquer forma de agressão, fazendo com que a pessoa opte por condutas gentis para evitar o mal estar.
Laranja Mecânica” ou A Clockwork Orange, é um romance escrito em 1962 por Anthony Burgess, retrata um bando de rua futurista baseado nos Teddy Boys, Mods e Rockers, que lutavam nas praias da Inglaterra no final da década de 1950 e princípio de 1960. Burgess inventou mnemônicas (técnicas de memorização) para poder falar russo e foi daí que derivou a linguagem (mista de russo e inglês) de rua dos jovens adolescentes chamada Nadsat, um sufixo russo para teen. O romance trata simplesmente de jovens entre 10 e 23 anos que se entregam aos seus desejos de sexo, violência, roubo, drogas e outros vícios. O livro foi publicado com notoriedade em 1959, mas durante muito tempo acreditou-se que era impossível filmá-lo.
O delinquente, porém muito inteligente Alex DeLarge, interpretado por Malcom Mcdowell, é o líder do seu bando os “Droogs”, que estão sempre vestidos com macacões brancos e usando chapéus-coco pretos. O filme começa com o sorriso malévolo de Alex. Ele e os seus Droogs bebem moloko, uma bebida que segundo Alex te deixaria pronto para a velha “ultraviolência”. Após esse ritual espancam um bêbado, lutam com um bando rival, roubam um carro, conduzem como loucos e quando chegam na casa futurista do escritor Frank Alexander. Alex o engana dizendo ter sofrido um grave acidente para conseguir entrar na casa e obriga Frank a olhar enquanto viola sua esposa – prende e espanca enquanto canta aos berros e dança a música “Singin’ In The Rain“. Cena essa em que Kubrick pede a Malcom Mcdowell para que improvisasse, e ele cantou essa música porque no momento foi a única que ele lembrou a letra. É interessante notar que a cena do estupro fica na memória dos espectadores como sendo especialmente sórdida.
Quando Alex volta para casa, escuta a gloriosa Nona sinfonia de Ludwig Van Beethoven enquanto imagina guerras, explosões, vampiros, enforcamentos, morte e destruição. Na noite seguinte, Alex utiliza uma estruturafálica para matar uma mulher, é abandonado pelos seus Droogs e apanhado pela polícia.
Alex é enviado para a prisão e, depois de cumprir dois dos 14 anos de sua sentença, vendo como única chance de sair da prisão, torna-se voluntário de uma terapia para aversão experimental com fins políticos. Submete-se a uma terrível “cura” behaviorista. É dada uma droga a Alex, amarram-no a uma cadeira e, com os olhos mantidos abertos à força, obrigam-no a ver filmes violentos e depravados enquanto ouve a Nona Sinfonia de Beethoven. Após duas semanas, um simples pensamento sobre sexo, violência ou a Nonaprovoca nele convulsões.
De volta ao mundo, Alex não aprecia a sua “liberdade”, é traído por seus antigos camaradas que ironicamente tornaram-se policiais e recebe uma retribuição hilariamente intimidadora em um encontro com uma de suas vítimas.
Talvez um dos filmes mais polêmicos de Kubrick, “Laranja Mecânica” foi produzido em 1971 e retirado de circulação pelo próprio diretor durante quase 30 anos na Inglaterra por ter sido considerado apologia aos diversos crimes que acontecem no filme, apesar de seu lançamento inicial ter sido bem sucedido e fortemente criticado.
Com uma trilha sonora marcante e enquadramentos tão perfeitos e diferentes que são características e marcas do diretor, que utilizou técnicas de fast e slow motion nas cenas de sexo no quarto de Alex e nas cenas de violência. Tornando o filme uma verdadeira obra de arte.

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