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Aula 6 DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Profª. Me. Ana Cláudia Petrini Spessotto
Partes no Processo Trabalhista
Partes e Procuradores. 
Partes: capacidade para ser parte; capacidade postulatória jus postulandi; representação por advogado; assistência judiciária; representação e assistência; litisconsórcio.
Substituição processual.
Partes no Processo Trabalhista
Noção de parte e de capacidade perante o direito processual
Parte: indivíduo que integra a relação processual e que dela sofre seus efeitos.
O autor é chamado de reclamante e o réu de reclamado.
Partes no Processo Trabalhista
Por que utilizamos esse termo?
Porque a ação trabalhista é chamada de reclamação trabalhista, embora na verdade essa reclamação trabalhista seja uma ação nos mesmos moldes e com as mesmas características da ação cível, sem qualquer ressalva, sem qualquer diferenciação.
Partes no Processo Trabalhista
Quem não é parte do processo é chamado de terceiro, visto que não se integra à relação processual.
Eventualmente esse terceiro poderá intervir no âmbito da relação processual, quando os efeitos dessa relação jurídica, por ventura, refletirem nos interesses dessa pessoa que está fora da relação processual.
Partes no Processo Trabalhista
Quando isso acontecer nós teremos a chamada intervenção de terceiros, que é exatamente a possibilidade de que esse terceiro que não participou da relação processual venha a ingressá-la.
Partes no Processo Trabalhista
Quando o terceiro intervém na relação processual, segundo um dos processos de intervenção, então ele também passa a ser considerado como a parte.
Assim, parte é todo aquele que mesmo na condição de terceiro sofre os efeitos da relação processual. 
Esse conceito de parte pode ser muito bem aplicado ao direito processual do trabalho, apenas com nomenclatura diferente.
Partes no Processo Trabalhista
Capacidade de ser parte
Para que o indivíduo seja considerado parte na relação processual ele tem que ter a chamada capacidade.
No processo pratica-se atos processuais, da mesma forma que no âmbito do direito material, conforme vocês estuda-se no Direito Civil, pratica-se atos jurídicos. 
Partes no Processo Trabalhista
Tanto para praticar os atos jurídicos, como os atos processuais, o indivíduo tem que ser portador de capacidade.
Para ser válido, lícito e eficaz, o negocio jurídico, deve ter um objeto lícito, uma forma prescrita ou não defesa em lei, e um agente capaz, ou seja, uma pessoa que tem a sua capacidade plena para praticar os atos da vida civil.
Partes no Processo Trabalhista
No Direito Civil há dois tipos básicos de capacidade.
A capacidade de direito e a capacidade de fato.
A capacidade de direito nasce da própria personalidade, ou seja, todo indivíduo que nasce com vida, a pessoa jurídica que é registrada em cartório, ela tem capacidade de direito, ela é sujeito de direitos.
Partes no Processo Trabalhista
Ex.: avô faz uma doação ao neto que acabou de nascer. O ser humano com um dia de vida já é capaz de ser o titular da relação jurídica. 
Ele é beneficiário de uma doação e tem a capacidade de direito que nasce da própria personalidade. 
O que o recém nascido não pode fazer é fruir, exercer aquele direito pessoalmente porque é incapaz nos termos da lei civil. Ele não tem a capacidade de fato. Essa incapacidade vai ser suprida por seu representante legal (mãe, pai ou tutor legal).
Partes no Processo Trabalhista
Os processos civil ou trabalhista utilizam critérios parecidos, mas não idênticos, para fins de fixação da capacidade da parte.
Dentro do direito processual o que coincidiria com a chamada capacidade de direito seria a capacidade de ser parte.
O que é isso? A possibilidade que eu tenho de ser autor ou réu na demanda. Então para que eu seja parte basta que eu tenha personalidade jurídica.
Partes no Processo Trabalhista
Qualquer pessoa física pode ser reclamante ou reclamado, autor e réu.
O problema da capacidade de ser parte se complica quando nós vamos nos deparar com as pessoas jurídicas. A pessoa jurídica é um ser abstrato, criação do ser humano, do mundo jurídico.
A pessoa jurídica só adquire a sua personalidade com o registro no cartório correspondente ou na junta comercial. Antes de ser feito esse registro não existe pessoa jurídica, não há a respectiva personalidade. 
Partes no Processo Trabalhista
Capacidade de estar em juízo (CLT, arts.792 e 793)
O que corresponderia à capacidade de fato na sistemática do direito processual é tida como a capacidade de estar em juízo, ou seja, a capacidade de praticar pessoalmente os atos processuais, sem a necessidade de um representante ou de um assistente para suprir a eventual capacidade.
Partes no Processo Trabalhista
Só tem capacidade de estar em juízo aquele que for considerado maior e plenamente capaz pela norma de direito material, seja pelo direito civil, seja pelo direito do trabalho.
O direito do trabalho tem os mesmos limites etários para a capacidade do direito civil.
Então o menor de 16 anos, como ele não pode trabalhar, salvo na condição de aprendiz, ele é absolutamente incapaz, então ele não é portador da capacidade de estar em juízo. Ele deverá estar representado, tanto no processo civil como no processo do trabalho.
Partes no Processo Trabalhista
Dos 16 aos 18 anos o menor púbere é considerado relativamente incapaz. Esse limite também existe no direito processual do trabalho. Quando assim ocorrer ele estará em juízo assistido pelo seu pai ou responsável legal. 
O maior de 18 anos tem a plena capacidade de estar em juízo.
Partes no Processo Trabalhista
Capacidade postulatória
No processo nós temos um outro nível de capacidade, que é a chamada capacidade postulatória.
É também conhecida pela expressão latina “jus postulandi”.
A capacidade postulatória é a aptidão técnica para a prática dos atos processuais. 
No processo civil, a regra, é que há a obrigatoriedade da indicação do advogado para acompanhar o feito porque somente ele possui a capacidade postulatória.
Partes no Processo Trabalhista
Características do jus postulandi na Justiça do Trabalho (CLT, art.791)
E aqui começam as grandes divergências entre o processo civil e o processo do trabalho, porque no processo do trabalho, nesse aspecto, nós temos regras próprias.
O artigo 791 da CLT dispõe que as partes poderão acompanhar pessoalmente o processo sem a necessidade da constituição de advogado.
Partes no Processo Trabalhista
No processo do trabalho, como se tem a perspectiva de um processo mais curto, mais ágil, qualquer pessoa pode ingressar com uma demanda.
Há alguns anos se discutia se essa capacidade postulatória prevista no artigo 791 da CLT seria constitucional ou não. 
O artigo 133 da CF/88 preconiza o seguinte: “o advogado é indispensável à administração da justiça”.
Partes no Processo Trabalhista
Essa colocação da indispensabilidade do advogado levou muitos a entenderem que esse artigo 791 da CLT não teria sido recepcionado pelo texto da constituição de 88 e seria inconstitucional.
O STF, entretanto, em diversas possibilidades, chegou a afirmar que não há nenhuma inconstitucionalidade na norma jurídica que relativiza a participação do advogado na relação processual. 
O artigo 133 da CF não proíbe essa postura excepcional da situação infraconstitucional. 
Partes no Processo Trabalhista
No processo civil a regra é que os atos processuais só podem ser praticados com a assistência do advogado.
A regra no processo do trabalho é completamente diferente, pois é sempre facultativa a participação ou a integração do advogado no âmbito da relação processual.
Partes no Processo Trabalhista
A participação da parte sem o advogado pode ocorrer em todos os níveis jurisdicionais, ou seja, perante o juiz do trabalho, perante o TRT e perante o TST.
A parte só não pode interpor o recurso ao STF, porque a partir daí a regra que prevalece é a do processo civil, ou seja, que se deve constituir advogado.
Partes no Processo Trabalhista
Substituição processual (CF, art.8º, III; CLT, arts.195,
§2º; 872, parágrafo único)
Esse é um tema pouco tratado na órbita do processo civil.
No caso do processo do trabalho há uma importância muito grande quanto à substituição processual, porque ela é exercida no âmbito trabalhista por intermédio dos sindicatos, na defesa dos interesses da categoria, na forma do artigo 8º, III da CF.
A substituição processual não significa substituir a parte. Isso é questão atinente à substituição de partes.
Partes no Processo Trabalhista
Fala-se aqui de substituição processual ou legitimação extraordinária, que é outro fenômeno processual, no qual pessoa em nome próprio defende interesse alheio.
Legitimação ”ad causam”.
Na sistemática do processo civil a ação possui três condições: o interesse processual, a possibilidade jurídica do pedido e finalmente a legitimação.
Legitimação é a titularidade do bem jurídico que você está pleiteando em juízo - legitimação ordinária. 
Partes no Processo Trabalhista
Exemplo: você é proprietário de um bem imóvel e alugou esse bem para uma determinada pessoa. Como você é locador, você tem a legitimidade para ajuizar a competente ação de despejo. Outra pessoa não tem essa legitimidade. Pode acontecer desse locador ser menor de idade, e assim sendo, ele será representado por seu pai ou responsável legal. De toda forma, a legitimidade quem tem é o proprietário do imóvel. 
Partes no Processo Trabalhista
Contudo, existe uma forma adicional de legitimidade que é chamada de extraordinária, que também é conhecida como substituição processual.
É a possibilidade de o substituto processual pleitear em nome próprio direito alheio.
É regulada a substituição no direito processual do trabalho segundo regras específicas encontradas na CF, art.8º, III - “cabe ao sindicato a defesa dos interesses da categoria, inclusive em questões judiciais.”
Partes no Processo Trabalhista
Exemplo: Imaginem a categoria dos bancários que é formada pelos empregados A, B, C, D e E. 
Vamos supor que esses empregados tenham direito ao adicional de insalubridade. Qualquer um deles pode pleitear isso em juízo. Sob essa ótica é que o constituinte estatuiu a possibilidade de o sindicato atuar como substituto processual.
Partes no Processo Trabalhista
Assim, não é o próprio empregado que ajuíza a demanda, mas sim o sindicato.
O sindicato, na qualidade de substituto processual, ingressa com uma ação em nome próprio, mas em favor dos substituídos processualmente. É isso que de fato estabelece o inciso III, do artigo 8º da CF.
Essa conclusão é atual, vigente, no entanto nem sempre foi assim.
Partes no Processo Trabalhista
Até três anos trás o tribunal superior do trabalho dispunha de uma súmula que dizia que o artigo 8º, III da constituição federal não assegurava a substituição processual.
No entanto, desde que o supremo tribunal federal proferiu decisão oposta, afirmando que o artigo assegurava essa questão da substituição processual, ai consolidou-se que qualquer direito pode, desde que diga respeito a toda coletividade, ser defendido por intermédio do substituto processual.
Partes no Processo Trabalhista
Substituição processual concorrente e excludente
Na substituição concorrente, tanto os substituídos como o substituto têm legitimidade para ajuizar a demanda.
Na substituição excludente, quando o substituto, no caso o sindicato, atua na defesa dos substituídos, afasta a possibilidade de os substituídos ingressarem com a mesma demanda.
Partes no Processo Trabalhista
Essa diferenciação tem uma finalidade essencial dentro do instituto da substituição processual. 
A maior parte da doutrina defende a ideia de que é uma substituição do tipo concorrente, contudo, isso significa dizer que o empregado, mesmo na condição de substituído, pode ingressar nessa demanda e atuar como parte, e atuando como parte na demanda ele pode renunciar, desistir, transacionar.
Partes no Processo Trabalhista
Partindo dessa premissa de que a substituição processual é concorrente, pode-se entender que uma empresa, que por ventura, tenha o interesse contrariado mediante uma ação do sindicato, pode fazer pressão para que o empregado desista da ação sob ameaça de ser dispensado.
Neste caso, é bem possível que os substituídos vão a juízo, já que possuem a legitimação concorrente, e, solicitem a desistência, ou até a renuncia do direito daquela respectiva ação.
Partes no Processo Trabalhista
Se a substituição processual é do tipo excludente, quando a demanda é posta em juízo, afasta-se a possibilidade de os substituídos ingressarem e se manifestarem na ação, porque, no caso, o exercício da substituição processual afastaria a legitimidade dos substituídos. 
Essa segunda opinião não é a majoritária, não é o que prepondera na doutrina.
Partes no Processo Trabalhista
Doutrina e jurisprudência ainda se colocam na posição de que é possível a substituição processual na modalidade concorrente, ou seja, tanto o substituto quanto o substituído podem ajuizar a demanda, estão legitimados para ajuizar a respectiva demanda.
No sistema brasileiro a representação é feita para a categoria, e não só em relação aos empregados vinculados ao sindicato. Mesmo aqueles que não são sindicalizados se beneficiam da decisão proferida no âmbito da substituição processual. Até porque hoje eu não preciso dizer quais os sindicatos beneficiários daquela demanda.

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