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Resumo – A Reforma Psiquiátrica no Brasil: uma (re) visão

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Faculdades Integradas de Patos
Programa de Pós-graduação
Especialização em Saúde Mental
Disciplina: Políticas de Saúde Mental
Professor: Osório Queiroga
Estudante: Juliana Leite S. Ramos
Resumo – A Reforma Psiquiátrica no Brasil: uma (re) visão
HIRDES, A. A reforma psiquiátrica no Brasil: uma (re) visão. Ciência & Saúde Coletiva, 14 (1): 297-305, 2009.
	O referido texto tem como objetivo realizar um resgate histórico, bem como uma avaliação, das ações de desenvolvimento e promoção da Reforma Psiquiátrica no Brasil, a partir de uma visão ampliada, onde são articulados seus marcos políticos, teóricos e práticos. Inicialmente trata da evidenciação do trabalho de desenvolvimento de uma política exclusiva à saúde mental e que buscava a superação do modelo manicomial de atenção, que se deu ao longo das décadas de 80 e 90, a partir da 1ª Conferência Nacional de Saúde, perpassando pela Declaração de Caracas, onde mais tarde culminou na Lei nº 10.216, que regulamenta as diretrizes e ações da Reforma Psiquiátrica em todo o Brasil.
	A autora traz dentro dos aspectos conceituais um questionamento quanto à semântica do termo “desinstitucionalização” segundo as colocações de Rotelli e Amarante, onde o primeiro questiona o lugar da doença e sua conotação dentro das instâncias sociais, a partir da legitimação do conhecimento, em detrimento da pessoa doente. Amarante por outro lado traça três qualidades de entendimento da desinstitucionalização: como desospitalização que surge nos Estados Unidos e a partir de uma visão médica/psiquiátrica, trata da retirada dos pacientes dos hospitais psiquiátricos, como uma forma de economia e redução de gastos; a desinstitucionalização como desassistência, que reside na compreensão de alguns setores contrários à reforma, que desospitalizar consiste em abandonar o paciente à própria sorte; a desospitalização como desconstrução, que consiste na forma crítica e de questionamento do modelo biomédico e psiquiátrico, sendo aquele adotado pelo modelo da reforma psiquiátrica a partir das ideias de Franco Basaglia na Itália.
	A partir dessas noções de desinstitucionalização, os princípios de trabalho dentro dos serviços de saúde mental, são tomadas as ideias norteadoras de Rotelli, que compreende o fenômeno de desisntitucionalização a partir de uma quebra do modelo clínico para produção de trabalho potencial e de ressignificação do sujeito, isso centrado num referencial dinâmico e transformador do trabalho em saúde mental. O seguinte trecho reflete bem o pensamento de Rotelli para a autora: 
“O projeto de desinstitucionalização busca a reconstrução do objeto (enquanto sujeito histórico) que o modelo tradicional, reduziu e simplificou (causalidade linear doença/cura – problema/solução). Mas para alcançar este objetivo, faz-se necessário que as novas instituições estejam à altura do objeto que está em constante reconstrução na sua existência – sofrimento: esta é a base da instituição inventada”. (p. 300).
Considerando tais anotações, a autora adentra em uma investigação sobre as situações e práticas de trabalho dentro dos serviços substitutivos, principalmente os CAPS, onde faz notório a precarização do trabalho dos trabalhadores de saúde mental mediante vários aspectos. Estes se concentram na formação tradicional e sintomática, nas relações de poder e hierarquização dentro dos serviços, e na dissociação dos serviços para com as demais áreas de convívio e socialização dos usuários. Dessa forma, faz-se necessário uma transformação nas práticas de trabalho em saúde mental, visto que este deve ser dinâmico e transformador, criativo e individualizado para cada necessidade, situação e usuário, visto que os serviços têm por função reabilitar e dar possibilidades aos sujeitos.
Dentro da rede substitutiva discute-se ainda, a importância em fortalecer as implicações do PSF dentro da rede de saúde mental e psicossocial, visto que em boa parte das situações o CAPS e demais serviços encontram-se isolados da atenção básica, o que denota a segregação e muitas vezes o despreparo das Estratégias de Saúde da Família para atender a população em sofrimento psíquico. O PSF enquanto porta de entrada às políticas de saúde tem que estar apto e articulado à rede de saúde mental, como parte da reabilitação e socialização dos usuários. 
Finalmente, faz-se importante e necessário valorizar os avanços e suas implicações dentro do processo de desistitucionalização trazido pela reforma psiquiátrica, e galgados nas lutas e consolidações diárias das políticas de saúde mental. Ainda, necessita-se de um maior investimento profissional, principalmente nas tecnologias leves, para que a reforma continue a se expandir, alcançando seus objetivos, e que seja possível uma transformação nos modelos de atenção e na percepção e determinação social da loucura e da doença mental.

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