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ANÁLISE ESPECTRAL DE SÉRIES TEMPORAIS ATRAVÉS DE PONTOS FIXOS Sílvia Lopes* Resumo Neste artigo consideramos modelos de espectro misto da forma p Zt= L A;cos(w;t+</>;)+{t, tEZ, j=l onde p não é necessariamente conhecido c, para cada 1 :::; j � p, A j é constante desconhecida, Wj é freqüência desconhecida em (-71", 7rJ e a fase 4>j é uma variável aleatória uniformemente distribuída em (-1\",7r] independente cada uma entre si e do processo de ruído. O objetivo é estimar as freqüências da parte discreta do espectro. Esta estimativa é obtida através de um método recursivo cujos parâmetros são atualizados a cada passo. Os cosenos das freqüências são obtidos como pontos fixos atratores de uma determinada aplicação. Abstract This article analyzes the mixed spectrum statiemary process p Zt = L A; cos(w; t + </>;) + çt, tEZ, j=l where p is not nccessarily known, AI, ... ,Ap are unknown constants, Wl, .. . ,wp are unknown frcquencies with values in (-7r, 7r], {ethEZ is a white noise process with mean O and variance ai and </>1, • . • 1 </>p are independcnt random variables uniformly distributed in (-7r, 7r] and are independent of the noise processo The goal of this paper is to estimate each discrete frequency. The estimate is obtained from a recursive method with updated parameters. The cosine of each discrete frequency is obtained as an attracting fixed point of a certain map. 1. Introdução. Neste artigo vamos utilizar sequencias de filtros paramétricos com o objetivo de estimar as freqüências de um modelo de espectro *Instituto de Matemática, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. R. de Econometria Rio de Janeiro v. 14, n2 1, p.43-70 abril 1994foutubro 1994 Análise espectral de séries misto. Isto é feito iterativamente, como segne. Uma série temporal é filtrada por um filtro paramétrico e a resultante função de auto correlação de primeira ordem é imediatamente usada no ajuste do parâmetro do filtro. O filtro ajustado é então aplicado novamente, dando origem a uma nova auto correlação de primeira ordem e o pro cedimento é repetido. Escolhendo filtros apropriados, o esquema pro duz seqüências convergentes e, sob certas condições, este método ga rante a consistência forte dos estimadores do coseno das freqüências da parte discreta do espectro. Para expressar as mesmas idéias através de uma linguagem ma temática mais precisa, considere {Z,}'.EZ um processo estocástico es tacionário de média zero e seja {CO(-)}OE8 uma família paramétrica de filtros lirieares invariantes no tempo, onde O é um parâmetro finito dimensional no espaço de parâmetros 8. Denotamos por {Zt(O)}tEZ o processo filtrado Z,.(O) = Co(Zlt Então {P(0)}OE8, definida por (O) = E[Z,(O)Zt+l(O)] P E[Z;(O)] é uma família de autocorrelações de primeira ordem parametrizadas, quando {Z,(O)}tEZ for um processo estocástico real. Estamos interessados nos pontos fixos da aplicação p(O) obtidos a partir da convergência da recursão (1.1) para algumas famílias específicas de filtros paramétricos. O nosso objetivo é obter filtros paramétricos lineares de tal forma que os pontos fixos a serem determinados pela aplicação p( O) resul tante, coincidam com os cosenos das freqüências que desejamos esti mar. O método a ser apresentado nestas notas é um procedimento alternativo à Análise do Periodograma para a estimativa de freqüên cias em um modelo de espectro misto. Este método apresenta uma 44 R. de Econometria 11(1) abril 19M/outubro 199� Sílvia Lopes complexidade computacional da ordem de O(N), onde N é o ta manho amostrai considerado (veja Yakowitz (1991)). Isto significa um avanço sobre o algorítmo da FFT que tem complexidade compu tacional da ordem de O(Nlogz N). Este método que, em um certo sentido, lembra o Método de Newton para determinar as raízes de uma equação não-linear é chamado de Método da Contração na De tecção de Freqüências (MC). Ele tem como uma de suas grandes vantagens, a não necessidade de informações a priori da localização aproximada das freqüências. O s modelos de espectro misto, como foram mencionados acima, aparecem em várias áreas aplicadas como economia, oceanografia, engenharia, etc .. Estas notas foram escritas a partir de parte da Tese de Dou toramento da autora realizada na Universidade de Maryland, sob a orientação do Dr. Benjamin Kedem e dos artigos Kedem e Lopes (1992) e Lopes e Kedem (1994). 2. O problema. Considere o modelo de espectro misto p Z, = I: Aj cos(Wj t + <pj) + ç" para t E Z , (2.1) j=l onde p não é necessariamente conhecido e, para cada j E {1, 2, ... ,p}, Aj é uma constante desconhecida, Wj é uma freqüência desconhe cida tomando valor em (-x, xl e a fase <Pj é uma variável aleatória uniformemente distribuída em (-x, xl independente cada uma entre si e também da componente de ruído. Por simplicidade, assumi mos aqui que esta componente é um ruído branco Gaussiano tal que ç, � N(O, a�). Esta hipótese de ruído branco não é necessária para o que segue mas ela simplifica a exposição. Na verdade, qualquer ruído que seja um processo estocástico estacionário e ergódico e com distribuição espectral contínua servirá bem. Apresentamos aqui um método (ver Kedem e Lopes (1992) e Lopes e Kedem (1994)) inspirado no Algorítmo de He e Kedem (veja o trabalho de He e Kedem (1989)) que permite a obtenção, através de R. de Econometria 11(1) abril 1991/outubro 1994 45 Análise espectral de séries um procedimento iterativo e com alta ordem de precisão, dos valores estimados de Aj, Wj, 1 :::; j :::; p, e <J{. Em uma simulação com o modelo (2.1) quando p = 2, AI = A2 = 1.0 , Wl = 0.7 e W2 = 2.2, e utilizando o método a ser explicado aqui, obtivemos os seguintes estimadores consistentes: Wl = 0.7044 e W2 = 2.1965. Neste artigo nos preocupamos apenas em explicar o método para a obtenção das freqüências Wj, para 1 :::; j :::; p. Para a estimação dos demais parâmetros envolvidos no modelo (2.1), veja Lopes (1993). Com a intenção de simplificar a exposição, nos concentramos primeiramente no Método da Contração na Detecção de Freqüências quando o modelo usado é do tipo (2.1) na situação mais simples onde p = 1. Para a descrição do método veja a Seção 4. Na Seção 3 introduzimos várias definições necessárias para o melhor entendi mento da metodologia apresentada aqui. Na Seção 5 exemplificamos a metodologia com a utilização de determinados filtros lineares que serão necessários para analisar o caso p > 1. Na Seção 6 apresen tamos as propriedades estatísticas dos estimadores obtidos através deste método. 3. Definições gerais. Nesta Seção apresentamos algumas definições básicas necessárias para o entendimento das Seções subsequentes. Utilizamos a notação usual para iterações de aplicações Ik(a) = l(fk-l(a)), k E N, onde 11(a) = I(a) e chamamos Ik(a) o k-ésimo iterado da aplicação I (-) no valor a. Desejamos descobrir um método que possibilite encontrar as freqüências através da iteração de uma aplicação 1(')' A função lO será denotada por p(.) na Seção 4. Nossa análise do problema será baseada nas propriedades geométricas dos gráficos de 10 e sua de rivada nos pontos fixos. DEFINIÇÃO 3.1: Seja I uma função diferenciável definida de um in tervalo [a, bJ em si mesmo. Um ponto fixo para a função I é um valor a* tal que I(a*) = a*. 46 R. de Econometria 14(1) abril 1994/outubro 1994 Sílvia Lopes DEFINIÇÃO 3.2: Um valor a* é dito ser um ponto fixo atrator da aplicação I(a) se a* é um ponto fixo e 1/'(a*)1 < 1. Ele é dito ser um pon to fixo repulsor se a* é um ponto fixo e 11' (a*) I > 1. O conjunto {ao,/(ao),/2(ao), ... ,/k(ao), ... } ou {ao,a!, ... , ak, .. . } é chamado a órbita do ponto ao. PROPRIEDADE DOS PONTOS ATRATORES: Um ponto fixo atrator a*tem a propriedade de que pontos próximos dos dois lados de a* são atraídos para a* através de iterações da f, isto é, lim Ik(a) = a* para todo a próximo a a'. f..;-HXJ Observamos que esta é uma propriedade local e que não significa necessariamente que a* é um ponto fixo atrator global, isto é, que para quase todo ponto ao E (- 1,1) , os iterados ak de ao, convergirão para a*. PROPRIEDADE DOS PONTOS REPULSORES: Um ponto fixo repulsor a* tem a propriedade de que pontos próximos dos dois lados de a* são repelidos de a* através de iterações de f. Na prática, pontos fixos repulsores não são observáveis mas pon tos fixos atratores podem ser detectados através de altas iterações da aplicação. 4. Méto do da contração na detecção de freqüências. O Método da Contração na Detecção de Freqüências pode ser mais facilmente descrito no caso em que no modelo temos apenas uma única senóide com freqüência Wl' Considere o processo estocástico {Z'}tEZ dado por Z, = Y, + çt = A cos(w1t + 1» + ç" t E Z, (4.1) onde A > O e Wl E (O,7rJ são constantes, 1> é uma variável aleatória uniformemente distribuída em (-7r,7r] , isto é, 1> � U«-7r,7r]) e { Çt}'EZ é um processo estocástico estacionário e ergódico com média zero, independente da fase 1>, com função de distribuição espectral Fç(w) contínua em Wl. . R. de Econometria 11(1) abril 1991/outubro 1991 47 Análise espectral de séries Considere {L" (') }",E0 uma família paramétrica de filtros lineares e invariantes no tempo indexados por a, onde a E e = [Q:., a] com constantes Q:. e a tais que - 1 < Q:. < COS(Wl) < a < 1. A função de transferência de L,,(·), denotada por H(w; a), é definida por H(w;a) = �hj (a)e-ijw, jEZ onde i = R e {hj (a)}jEZ é sua correspondente função de resposta a impulso. • Denotamos por {Zt(a)}tEZ o processo filtrado obtido a partir da aplicação do filtro L" (.) ao processo original e definido por A função de autocorrelação de primeira ordem do processo fil trado {Zt(a)} ,Ez, obtida a partir da representação espectral da fun ção de autocorrelação, é dada por ( ) _ E[Zt(a)Zt+1(a)] _ p a - E[Z;(a)] - = -'f. JH(Wl; a)lZ COS(Wl) + Dn JH(w;a)lZ cos(w) dF,(w) �' JH(Wl; a)J2 + J:n JH(w; a)J2 dF,(w) , (4.2) quando a função de resposta a impulso do filtro L",(·) tem valor real ou ( ) _ R{E[Z,(a)Zt+l(a)J} _ p a - E[JZt(a)J2 ] - � (IH(Wl;"ll'+IH( -wl;",ll') cos(wll+ J" IH(w;"'ll' cos(wl dF,(w) = 4'-(lH(wl;all'+IH( -wl;"'ll'l+ J::IH(w;a)l' clF,(wl (4.3) quando a função de resposta a impulso do filtro La(-) tem valor com plexo. Nas duas expressões (4.2) e (4.3) l' é a variância do sinal 48 R. de Econometria H(l) abril 1994/outubro 1994 Sílvia Lopes {YthEZ. Aqui, e no restante deste artigo, R{z} denota a parte real do número complexo z e z denota o conjugado complexo de z. Para simplificar a exposição do Método da Contração na Detec ção de Freqüências vamos, a partir deste ponto, fazer uma análise completa quando p = 1, isto é, o modelo (4.1) apresenta uma única freqüência. Neste caso, é conveniente utilizar a família de filtros paramétricos .c,,0 constituída pelos filtros alfa, definidos a seguir. Nesta situação, a aplicação p(a), definida através da expressão (4.2), nOs possibilitará obter a freqüência W1 a ser estimada como o arco cujo coseno é o ponto fixo atrator de p(.). 4.1. O filtro alfa. Apresentamos agora uma reformulação do resultado de He e Ke dem (1989) onde foi analisado o caso p = L DEFINIÇÃO 4. 1: O filtro alfa aplicado a um processo {Zt}'EZ é defi nido pela seguinte transformação linear e invariante nO tempo, para todo a E (- 1, 1), Z,(a) = Z, + a Z'_l(a), (4 . 4) com função ganho quadrada igual a 2 1 IH(w;a)1 = () 2' 1-2 acos w + a para todo w E (-1f, 1fJ. A correspondente função de autocorrelação de primeira ordem é dada por ,",P � cos(Wj) 2 a ( ) _ E [Z,(a)Z'+l(a)J _ 6;=1 2 1 2" cos(w;)+", + 0"1; 1 -a2 p a - E [Z;( a) J - -,\,-'p'--"--;�;'2 :.....=�::: 1 �-'-=---2'-=-1-=- .LJl=1 2 1 2a COS(WI )+a2 + (J ç 1-0:2 (4.5) Consideramos agora algumas propriedades da aplicação p, de finida pela expressão (4.5) com p = 1, que auxiliarão na prova da existência de uma aplicação de contração. Proposição 4.1: A aplicação p( a), dada pela expressão (4 .5) quando p = 1, é uma aplicação do intervalo [-1, lJ nele mesmo. A prova desta proposição pode ser encontrada em Lopes (1991). R. de Econometria 14(1) abril 1994joutubro 1994 49 Análise espectral de séries Uma longa elaboração algébrica permite mostrar que (4.6) Observe que p(-l) = -1 e p(+1) = +1 mas P'(-1) > 1 e p'(+l) > 1, pois usando a expressão (4.6) aciJ;na, temos A' 2 p'(-l) = T � 0 ', = P'(+1). 0', Portanto, -1 e +1 são pontos fixos repulsores da aplicação p(.) dada pela expressão (4.5) com p = 1, conforme terminologia da Seção 3. É fácil ver que a* = COS(Wl) é o único ponto fixo em (-1,1) para a aplicação p(.) dada pela expressão (4.5) com p = 1, isto é, p(a) = a ç;. a = cos(wIl = a*. Novamente, usando a expressão (4.6) pode-se obter que a deri vada de p(.) no ponto fixo a* é dada por O'� p'(a*) = A' 2 ' T +0', Note que este número é estritamente menor do que 1. Neste caso, o ponto fixo a* é um atrator (observe o gráfico da aplicação p(.) em [-1, 1] na Figura 1). As propriedades descri tas na Seção 3 para a aplicação f = p permitem concluir que, para qualquer ponto inicial ao E (-1, 1), lim l(ao) = lim ak = COS(Wl) ' k-oo k-+oo Observe o gráfico de pl O (a) na Figura 3. Neste caso, como pode se ver, qualquer ponto ao, iterado k = 10 vezes está praticamente em cima do valor cos(wIl = a*. Sendo assim, o caso p = 1 fica, em prin cípio, totalmente resolvido. É claro que é necessário usar a aplicação pO (um estimador de pC)) baseada em alguma estimativa da função de auto correlação de primeira ordem. Nas simulações presentes neste 50 R. de Econometria 14(1) abril 1994/outubro 1994 Sílvia Lopes i -I --+- Figura 1. O ponto fixo atrator a* = COS(Wl) de p(a) obtido a partir do filtro alfa, quando p = 1. artigo, como aplicação fiO consideramos aquela obtida a partir da função de auto correlação amostrai de primeira ordem baseada numa série temporal de tamanho N, isto é, no caso do filtro alfa. A notação Z(a), na expressão acima, indica valor médio da série temporal filtrada {Zt(a)}�l. O método funciona, mesmo quando em vez de p(a) utilizamos p(a) a expressão estimada da aplicação pO, devido a consistência forte que será demonstrada posteriormente na Seção 6. Sendo assim, o valor estimado &* será ponto fixo da aplicação p(.). R. de Econometria H(1) abril 1991/outubro 1994 51 Análise espectral de séries cos(ro,) -------------------------------- --------------------------------------- 0.5 -I -0.5 0.5 ____________ . __ _ _ _ _ ___________________ -:0.5. __ __________ _ _ _ _ ____ __ _ _ _ __ ___ _ __ _ _ _ _ _ _ COS(ro2) -I Figura 2. A aplicação p( a) obtida a partir do filtro alfa, quando p = 2. Wl = 0.56 e W2 = 2.1 onde COS(Wl) = 0.8472 e COS(W2) = - 0.5048. Para o caso p > 1, no entanto, o filtro alfa, através da expressão (4.5) não permitirá a obtenção dos cosenos das freqüências, como pode ser observado na Figura 2, caso p = 2. Isto porque os cosenos das freqüências não são pontos fixos atratores da aplicação p(.). Para obtermos as freqüências Wj, 1 ::; j ::; p, teremos que encontrar outros filtros que definirão outras aplicações p(.) que possuirão vários pontos fixos que serão os cosenos das freqüências a serem estimadas. Neste caso, necessitamos introduzir o filtro complexo. Na literatura da Análise Numérica, o procedimento iterativo uti lizado aqui, é conhecido como método iterativo para detectar ponto fixo. Veja, por exemplo, Stoer e Bulirsch(1980) ) no caso em que é usado para encontrar raízes da equação f (x) = x, através do Método 52 R. de Econometria 14(1) abril 1994(outubro 1994 -1 Sílvia Lopes 0.5 - .05 0.5 -.05 -1+ Figura 3. A aplicação p10(oo) obtida a partir do filtro alfa qu ando p = 1. 00* = COS(W1) = cos(0.56) = 0.8472. de Newton. Na Seção 6 estabelecemos que ê = arc cos(&*) = arc cos(p(&*» é o estimador fortemente consistente de W1. O problema de consistên cia deste estimador quando p(oo) é função de auto correlação amostraI de primeira ordem foi analisado por Lopes e Kedem (1994) (para o caso em que a família paramétrica .c",(.) é formada pelos filtros com plexos) e, posteriormente, por Li e Kedem (1993) em outros casos. 5. O filtro complexo. Nesta Seção voltamos a considerar o modelo geral dado pela expressão (1.1) já que a intenção é agora estimar as freqüências Wj, para 1 <j::; p. R. de Econometria 14(1) abril 1994joutubro 1994 53 Análise espectral de séries o material apresentado nesta Seção é um resumo de parte da Seção 1 de Lopes (1991). DEFINIÇÃO 5.1: O filtro complexo aplicado a tlm processo {Z,}tEZ é definido pela transformação Zt(a, M) = (1 + eiO(c<) B)M Zt, (5.1) onde M é um número inteiro positivo, a E (-1,1), O(a) E (- 'Ir, 'Ir), B é o operador defasagem BZt = Zt-l e onde O(a) = arc cos(a). Claramente a expressão (5.1) pode ser reescrita como Zt(a, M) = � (�}iO(c<)n Zt-n, para tEZ, -'Ir < O(a) < 'Ir e ME N -{a} . A função de resposta a impulso para este filtro é dada por { (M)eiO(c<)j para a < J' < M h(a M) = J ' - - , J ' a ' . , caso contrano. A correspondente função ganho quadrada é igual a para O(a), w E (-'Ir, 'Ir] e a E (-1,1). Pode-se mostrar rigorosamente (veja Lopes e Kedem (1994)) que, quando M é grande, a correspon dente função de auto correlação de primeira ordem pode ser escrita como 54 ( M) _ R {E[Zt(a,M)Zt+l(a,M)]} � p a, - EIZt(a, M)12 � L:;�1 "J. [00'2M (W'+flo)) +00'''' (W' -fiO)) 1 +� J.':. 00,2M (�) dÀ (5.2) R. de Econometria 1.4(1.) abril 1.994/outubro 1.994 Sílvia Lopes f..-qui R{z} significa a parte real do número complexo z e z re presenta o conjugado complexo de z. A expressão (5.2) acima parece muito complexa e será substi tuída pela expressão (5.3), que é mais fácil de ser entendida. Observamos que a expressão (5.2) mostra que p(a, M) é uma média ponderada de cos(Wj), j E {I, ... ,p}, e de a. Definimos os pesos Bj(a, M), j E {O, 1, ... ,p}, da seguinte forma ::J. [oo'2M (Wj+:CO) )+0002M (Wj-:CO) )] para j E {I, 2, ... , p} e u2 � J'" '" cos2M (,\-�((t») d,\ Bo(o:,M):::. 2 2 L��l :f [oo,2M(W/+:CO}) +oo,2M (w/-:CO}) 1 +� r, ",2M (À-;CO}) dÀ Observe que :L�=o Bj (a, M) = 1 e, portanto, p( a, M) é uma média ponderada envolvendo cos(Wj), 1 :::; j :::; p, e a dada por p pC a) = p(a, M) = L Bj(a, M) cOS(Wj) + Bo(a, M) a, (5.3) j=1 onde os pesos Bj(a, M), O :::; j :::; p, são não-negativos, somam um e dependem de a e M. Esta observação é importante na recuperação de todas as freqüências Wj, j E {I, ... ,p}. Consideramos agora algumas propriedades da aplicação p, defi nida em (5.2), que auxiliarão na prova da existência de uma aplicação de contração. Proposição 5.1: Para cada M E N - {O} fixado e p (a) = p(a, M), dada pela expressão (5.2), a aplicação p(.) é uma função do intervalo [-l,l} nele mesmo, como uma função da variável a. A prova desta prCiPosição é similar àquela da Proposição 4.1 considerando agora a expressão (5.2). Queremos fazer alguns comentários a respeito da aplicação p( a) = p(a, M) dada pelas expressões (5.2) ou (5.3). R. de Econometria 14(1) abril 1994/outubro 1994 55 Análise espectral de séries RESULTADO PRINCIPAL PARA O FILTRO COMPLEXO: Se !vI é grande e fixo (suponha, por exemplo, AI = 30), então dado 0'0 E (-1,1) escolhido ao acaso, pk(O'o) estará bem próximo de um ponto fixo 0'*, onde 0'* é um dos possíveis valores cos(Wj), para 1 ::; j ::; p, quando k for tomado grande. Isto permitirá obter as várias freqüências do modelo (2.1) através de um procedimento iterativo similar ao que foi utilizado no caso p = 1 com o filtro alfa. Neste caso, pk(O'O), com k grande, estará estimando um possível cos(Wj). Vamos tentar explicar de uma maneira heurística a razão pela qual o Resultado Principal é verdadeiro. Para simplificar o raciocínio, suponha que 0'0 está mais próximo de COS(W1) do que dos demais cos(Wj), para 2 ::; j ::; p. Dessa forma, é fácil ver que para todoj E {2, . . . , p} e Lembre que 8(ao) = arc cos(O'o). A partir das duas igualdades acima segue-se 1. Bj(O'o,!vI) nu = O, M�oo B1(0'0,!vI) (5.4) para todo j E {2,3, ... , p}. A expressão acima significa que o peso relativo B 1 (0'0, !vI) é muito maior do que os outros Bj (0'0, !vI), se !vI é grande e 0'0 está próximo de W1. Da expressão (5.3) podemos concluir que, para o valor inicial O' = 0'0 próximo a COS(W1), P 0'1 = p(O'o) = p(a) = L Bj(O', !vI) cos(Wj) + Bo(O', !vI) O' j=l 56 R. de Econometria 11(1) abril 19"91/outubro 1991 Sílvia Lopes é, na verdade, uma combinação linear ponderada de ao e dos cos( Wj), para todo j E {1, 2, . . . , p}. Supondo M grande e fixo então, pela igualdade (5.4), concluímos que a média aI = p( ao) tem uma tendência muito forte de estar próxima a COS(W1) pois o peso B1(ao, M) é muito maior do que os demais pesos Bj(ao, M), para j E {a, 2, . . . ,p}. Aplicando o mesmo raciocínio a a2 = p( aI), temos que a2 deve estar ainda mais próxima de COS(W1) do que aI' Aplicando agora sucessivamente k vezes o raciocínio, concluímos que ak = pk (ao) = pk (a) deve estar bastante próximo de COS(W1), e é um bom estimador para o coseno de uma das freqüências, no caso W1. De forma análoga, se a estivesse mais próximo de COS(W2) do que dos demais cos(Wj), para j E {1, 3, . . . , p}, então pk(a) deveria estar bastante próximo de COS(W2), e assim por diante. Como no caso do filtro alfa, aqui também estaremos usando uma estimativa p(', M) = pU para a obtenção da aplicação p(', M) = p(.). Nas simulações apresentadas nestas notas, utilizamos como estima tiva para p(. , M) a função de autocorrelação amostrai de primeira ordem da série temporal filtrada {Zt(a, M)}�l de tamanho N. Esta estimativa é dada por p(CI.,M) = "N 1 ---* n{L.;_� [Zj (c<,M)-Z( c<,M)[[Zj+l (c<,M)-Z( c<,M)]} * E;�l [Zj (c<,M)-Z( c<,M)[[Zj (c<,M)-Z( c<,M)] onde a notação Z(a, M) indica o valor médio da série temporal fil trada {Zt(a,M)}�l' A consistência forte pode ser demonstrada neste caso, e então todo o procedimento acima descrito pode ser totalmente justificado (ver Lopes e Kedem (1994)). A eficácia deste procedimento pode ser observada através da análise dos gráficos da função p(.) = pc, M) na situação em que temos duas e três freqüências (veja as Figuras 4, 5, 6 e 7). Para apre ciar corretamente o efeito do acréscimo de M na localização exata das freqüências, observe a Figura 8. Para o valor M = 15 se obtém uma boa precisão para o valor a ser estimado através da iteração de p(.). Observe que a freqüência não é um ponto fixo, mas existe um ponto R. de Econometria 14(1) abril 1994/outubro 1994 57 Análise espectral de séries fixo atrator bem próximo a ela. Quando M -t 00 este ponto fixo atrator tende a coincidir com o coseno da freqüência a ser detectada. -- - ------- - - - - - - - --- - ------------------ --------------------- - - ---::.- -:;:-"'--=--7�-·--- c05(oo,) o., .1 0.5 -- ---:.:--::c--"'--"'-""- �-�- _cco_-::: ____________ --��- - ------------------------------------------ cos(oo,) ·1 Figura 4. Pontos Fixos para p(a,15) obtida a partir do filtro complexo com p = 2, AI = A2 = (Jç = 1.0, WI = 0.7 e W2 = 2.2 (COS(WI) = 0.7684, COS(W2) = -0.5885).Os gráficos que apresentamos em todas as figuras foram feitos para as expressões analíticas pC). O gráfico da respectiva aplicação p(.) deveria estar bem próximo do gráfico da respectiva aplicação p(.). Em conclusão, pk (ao) = êxk é um estimador de alguma freqüência, se k for suficientemente grande. 6. Propriedades estatísticas dos estimadores Me. Antes de enunciarmos formalmente o teorema que garante a con vergência da seqüência dos estimadores êxk baseados em uma série 58 R. de Econometria 14(1) abril 1994joutubro 1994 Sílvia Lopes I ...... ········· ,, 1 · (��-/�/�CoS«ü') ., �.5 I I 0.5 -.---7.L------�tL .. ......... =("' .,+ Figura 5. Pontos Fixos para p( a, 15) obtida a partir do filtro complexo com p = 2, A, = A2 = lI, = 1.0, w, = 0.7 e W2 = 2.2 (COS(fU,) = 0.7684, COS(W2) = - 0.5885). temporal filtrada através de filtros complexos, vamos introduzir a se guinte definição. DEFINIÇÃO 6.1: O procedimento iterativo (1.1) de atualização de parâmetros é dito ser aproximadamente globalmente convergente se para cada M E N - {O} fixo existe um conjunto CM de medida de Lebesgue total em [-1, 1] tal que para qualquer ao E CM existe o limite Os possíveis valores aM sâo pontos fixos da aplicação p(.), d\ida pela expressão (5.2), isto é, p(aM) = aM- O procedimento iterativo de atualização de parâmetros é consi derado com respeito ao filtro com parâmetro fixo M e o valor limite aM pode depender de ao, o valor inicial. Nós exigimos também nesta R. de Econometria H(l) abril 1994joutubro 1994 59 Análise espectral de séries ,-Í- I / ---------------- - ------ -_ .. _ .. -:: -------------- -� --------- - ---- � -------;;;:';:-'-::7L--� .... COS{OOI) 1, " / o,, I V , /1 1// I //; -t=��:_�== __ :ül��_�:::;/�:� __ A, __ �:�:_�_� ____ o: cos(oo,) t// / i :::!/, y -o" + � ! ---------- -----�_._'_ ------ -- --- - - - - - --- -----+-------------------- - - - ------ , ---------cO$(oo,) (// -+ Figura 6. Pontos Fixos para p(a,40) obtida a partir do filtro complexo com p = 3,A1 = A2 = A3 = (Jç = 1.0,Wl = 0.5,W2 = 1.7 e W3 = 2.4 (COS(Wl) = 0.8775,coS(W2) = - 0.1288 e COS(W3) = - 0.7373). definição que existam p destes possíveis valores a1.1 e que, para cada um deles, exista I E {1, 2, . . . ,p} tal que o resultado a seguir expressa matematicamente o que explica mos de maneira heurística na Seção 5 através do Resultado Principal c garante que a obtenção das freqüências do processo (2.1) é feita através dos pontos fixos da aplicação p(.), dada pela expressão (5.2). Veja Lopes e Kedem (1994) para a demonstração completa. Teorema 6.1: Considere o processo estocástico {ZdtEZ como em (2.1) onde o processo {Çt}tEZ é um ruído branco Gaussiano. Seja { .co(Z)t}OE0 = {Zt( a, M)}(a,M)E0, onde O = (a, M) E (-1,1) x 60 R. de Econometria 11(1) abril 1991/outubro 1991 Sílvia Lopes I -L : / m-- -----mm----mmm--m--m----r-------r /" COS(OO,) 0.5�- i / I 1/ m.:-::: ); ;:tdJmmnmL,., f// i �/ -0.5 t /' �) i ----- / ---------- ------- - ---l---l-- ------------------------------------ cos(rol) / T / Figura 7. Pontos Fixos para p30(a:, 40) obtida a partir do filtro complexo com p = 3, AI = Az = A3 = af, = 1.0, WI O.5, W2 = 1. 7 e W3 = 2.4 (COS(WI) = 0.8775, coS(W2) = -0.1288 e COS(W3) = - 0.7373). N = e, a família paramétrica dos filtros complexos. Considere ainda o procedimento iterativo (1.1). Então, a família { .ce(Z)t}eE0 é apro ximadamente globalmente convergente. ' Veja as Tabelas 6.1 e 6.2. 6.1. Ergodicidade do processo estocástico. Apresentamos a prova da consistência forte (ou equivalente mente, da ergodicidade) , dos estimadores utilizados neste trabalho, apenas para o caso p = 1. Para o caso geral, veja Lopes e Kedem (1994). Considere (O, F, P ) um espaço de probabilidade onde O é o espaço amostrai, F é a a-álgebra de Borel e P é a função de proba bilidade definida em O. Considere a transformação T definida sobre o espaço rl nele mesmo. R. de Econometria 14(1) abril 1991/outubro 1991 61 U· 0.72 •.. ,: I ..... 7.6 - 7.4 _ ,., Análise espectral de séries O.7� ........ ---.----- .. -----_ .. _ ... - . COS(W1) 0.76 0.78 o .• (a) . ................................. �.COS(W,) fL----j,----f······ .--f-.---f-----j 0.72 0.74 0.76 ". o .• ... (b) , .• -----_._._----------- cos(w1) ,., 0,12 0.74 0.76 0.78 o .• •.. (c) Figura 8. p( 0;, M) obtida a partir do filtro complexo para p = 2 numa vizinhança do coseno da freqüência Wl = 0.7(COS(Wl) = 0.7684). O gráfico da função constante y = cos(wll e da reta da diagonal também estão plotados. (a) M = 8; (b) M=l1; (c) M=15. 62 R. de Econometria 14(1) abril 1994/outubro 1994 Sílvia Lopes Tabela 6.1- Estimativa da Freqüência Wj, j = 1,2, a partir do fil tro complexo.p = 2, Wl = 0.8, W2 = 2.2, N = 3000 e SNR = 20log (desv.pad. si�al) dE. Número de Itera-10 desv.pad. rUldo ções = 8. Freqüência Estimada A, A2 "ç SNR(dB) M 80 Wj 1.0 1.0 1.0 O 15 0.5 0.84721 1.0 1.0 1.0 O 20 0.5 0.83152 1.0 1.0 1.0 O 25 0.5 0.82310 1.0 1.0 1.0 O 30 0.5 0.81827 1.0 1.0 1.0 O 34 0.5 0.81557 1.0 1.0 1.0 O 15 1.9 2.17078 1.0 1.0 1.0 O 20 1.9 2.18241 1.0 1.0 1.0 O 25 1.9 2.18823 1.0 1.0 1.0 O 30 1.9 2.19164 1.0 1.0 1.0 O 34 1.9 2.19337 2.0 1.0 1.0 4 15 1.9 2.19260 2.0 1.0 0.5 10 15 1.9 2.19786 DEFINIÇÃO 6.2: Dizemos que P é uma medida invariante sobre T se p(T-l (B)) = P(B), para todo boreliano B E F. DEFINIÇÃO 6.3: Dizemos que P é ergódica sobre T se, para todo borelianoB E F tal que T-1(B) = B, temosP(B) = OouP(B) = 1. Um resultado muito importante é o Teorema Ergódico de Birkhoff (veja Cornfeld, Fomin e Sinai (1982)) que enunciamos a seguir. Teorema Ergódico de Birkhoff 6.2: Considere V uma variável aleatória integrável em O, P é uma medida de probabilidade inva riante em (J e T é uma transformação mensurável em O. Seja Q a menor o--álgebra de conjuntos em F com respeito a qual todas as variáveis aleatórias W com W(Tt(w)) = W(w) para P-quase todo w e para t > O são mensuráveis. Então, . 1 N-l hm N " V(T t(w)) = E(V;Q)(w)P - quase certo. N-.oo � '=0 Quando P é ergódica (isto é, Q é trivial) então E(VjÇ) se reduz a E(V) = constante e o resultado acima essencialmente diz que para R. de Econometria 14(1) abril 1994/outubro 1994 63 Análise espectral de sérics Tabela 6.2. Estimativa da Freqüência Wj' j = 1, 2, a partir do fil- tro complexo.p = 2, Wl = 0.5, Wz = 2.5, N = 3000 e SN R = 2010g (desv.pad.sill.al) dE. 10 desv.pad. nndo ções = 8. Número de Itera- Freqüência Estimada A, A2 Cf, SNR(dB) M 00 Wj LO LO LO O 15 0.3 056217 LO LO LO O 20 0.3 0.53882 WI LO LO LO O 25 Q.3 052659 LO LO LO O 30 0.3 051954 LO LO LO O 34 0.3 0.51587 LO 2.0 LO 4 15 0.1 0.51628 LO LO LO O 15 2.9 2.46535 LO LO LO O 20 2.9 2.47876 LO LO LO O 25 2.9 2.48631 W2 LO LO LO O 30 2.9 2.49077 LO LO LO O 34 2.9 2.49303 0.5 LO LO -2 15 3.1 2.37030 2.0 LO LO 4 15 2.8 2.49065 típicas trajetórias com respeito a P, a média temporal de V converge para a média espacial de V. Em termos de processos estocásticos, nós estamos considerando na terminologia acima o processo estacionário yt(w) = V(Tt(w)), w E Sl e t E Z. Esta é a maneira usual de transferir resultados de transformações com medidas invariantes para processos estocásticos (veja Lamperti (1077), Capítulo 5, para maiores detalhes). Basica mente, temos que considerar no espaço SlN, a medida produto gerada por P em Sl e a definição acima do processo estocástico yt. Nós obser vamos aqui que P será a medida produto no caso em que tivermos coordenadas independentes e identicamente distribuídas. OBSE1WAÇÃO 6.1: Suponha que J V(w)P(dw) = O. Então, neste caso, se a probabilidade é ergódica, a autocovariânciade ordem k J V(w)V(Tk(w))P(dw) 64 R. de Econon}ctria 14(1) abril 1991joutubro 1991 Sílvia Lopes pode ser obtida como o limite quase certo da média N-k lim N 1 L V(T'(w))V(T'+k(w)), para k ;::: O. N�oo t=O Neste caso, podemos dizer que a autocovariância amostraI de pri meira ordem (caso k = 1) e a variância amostraI (caso k = O) são estimadores fortemente consistentes. No noSSO caso devemos considerar O = (-71:, 7I:J e para qualquer w E O, temos T(w) = w + Wl (mod 271:), onde UJl é uma constante fixa no intervalo (-7I:,7I:J. Agora P é a medida de Lebesgue normalizada em (-71:., 7I:J e esta probabilidade é claramente invariante para T. É conhecido (veja Cornfeld, Fomin e Sinai (1982), página 64) que, quando � é um número irracional, então P é ergódica para T. OBSERVAÇÃO 6.2: O Teorema Ergódico quando � é irracional, é verdadeiro numa forma mais forte do que o Teorema Ergódico de Birkhoff. De fato, a afirmação acima a respeito das médias temporais é verdadeira, não apenas P-quase certo, mas na verdade para todo w E (-n,7I:J. A afirmação análoga para os números Wl quando � é racional não é verdadeira. Para a situação que temos aqui, vamOS denotar os elementos do espaço amostraI O por ifJ. Desta forma teremos uma notação coerente com o visto anteriormente. Consideremos a variável aleatória V(w) = V(4)) = Acos(ifJ). Observe que J V(w)P(dw) = A J cos(ifJ)P(difJ) = O Portanto, a hipótese da que para qualquer n E ifJ + nWl (mod 271:). Observação 6.1 está satisfeita. N e ifJ E (-71:,71:], temos que Observe Tn(4)) = Se � é irracional então podemos aplicar o Teorema Ergódico para a variável aleatória V(ifJ)V(Tk(ifJ)), já que P é ergódica (veja a R. de Econometria 11(1) abril 1991jol.ltl.lbro 1991 65 Análise espectral de séries Observação 6.1). Desta forma, nós temos um estimador consistente para a autocovariância. Portanto, pelo Teorema Ergódico segue que N-k lim N 1 '""' V(T'(q,))V(T'+k(q,)) = N_oo � t=o . 1 N-k = 11m N A Z '""'cos(W1t+q,)COS(Wl(t+k)+q,)= N_oo L.J t=O = AZ J cos(q,) COS(Wl k + q,)P(dq,) = = A2 J cos(q,) cos(Tk(q,))P(dq,), para k 2: O. Portanto) para qualquer 4) E (-7r1 7r], tClllOS que as autocovariâncias amostrais de ordem k fornecem estimadores fortemente consistentes para a autocovariância de ordem k do processo { Y,.}'EZ. Relembra mos que primeiro consideramos o processo estocástico yt(q,) = V(T'(q,)) = V(q, + tWl) = A COS(Wl t + q,). Queremos agora adicionar o processo do ruído branco Gaussiano �, ao yt. Portanto, queremos analisar a autocovariância de ordem k para o processo Z, dado por Z, = yt +�, = V(T'(·)) + �t. Observamos que, para todo k 2: O, A correspondente igualdade acima no caso amostraI é dada por N-k N-k � L Z,(q,)Zt+M) = � L V(T'(q,))V(Tt+k(q,)) 66 t=O t=O N-k N-k + � L V(Tt(q,)�t+k + � L V(Tt+k(q,))�t t=O t=O 1 N-k + N L �t�!+k. t=O R. de Econometria 11(1) abril 1991joutubro 1991 Sílvia Lopes As médias amostrais correspondentes ao segundo e terceiro termo da igualdade acima convergem a zero, quando N tende a infinito, já que as variáveis ç, e Y, = V(T(4») são não-correlacionadas. As médias amostrais correspondentes ao primeiro termo da igual dade acima já foram analizadas anteriormente com o uso do Teorema Ergódico. Finalmente, as médias amostrais referentes ao quarto termo convergem a zero, quando N tende ao infinito, já que as variáveis aleatórias ç, na definição de um ruído branco Gaussiano são não cor relacionadas. Portanto, concluímos que para o processo Z, = ACOS(Wl t + 4» + ç" onde � é irracional e { Ç,}'EZ é um ruído branco Gaussiano, as auto covariâncias amostrais de ordem k são estimadores fortemente con sistentes para as autocovariâncias de ordem k do processo {Z,}'EZ, Ressaltamos que, por simplicidade, o processo {Ç,}'EZ foi assu mido ser um ruído branco Gaussiano mas as afirmações valem mais geralmente para qualquer ruído ergódico colorido. Colocamos agora o resultado apresentado acima de forma con densada através do seguinte teorema. Teorellla 6.3: Considere o processo estocástico {Z'}'EZ dado pela expressão (4.1) onde o processo {Ç,}tEZ é nm ruído branco Ganssiano e independente do processo { Y,},EZ, Então, o processo {Z,}'EZ é estacionário e ergódico sempre que � é irracional. A condição de ser irracional é genérica (tem probabilidade um) no conjunto das possíveis freqüências . . O Teorema 6.3 assegura a propriedade de consistência forte dos parâmetros, o que torna lícito tomar médias amostrais dos dados da série temporal para estimar os valores esperados que aparecem na definição da aplicação p(.) dada através das expressões (4.2) ou (4.3). Desta maneira fica demonstrado a justificação do procedimento descrito no Resultado Principal, isto é, dado ao E (-1,1), pk(ao) estima o coseno de uma certa freqüência, quando k é grande (por exemplo, k = 8). Para obter as outras freqüências podemos pro ceder em etapas do seguinte modo. Após a localização do co- R. de Econometria 14(1) abril 1994/outubro 1994 67 Análise espectral de séries seno da freqüência Wl, aplicamos um filtro passa banda para ti rar fora apenas esta freqüência. A série resultante corresponderá a um modelo do tipo (2.1) em que temos agora p - 1 freqüên cias. Considerando um outro ao ao acaso, com o procedimento iterativo de atualização de parâmetros acima descrito, agora para a série resultante, esti111aITIOS outro valor COS(Wi) , i E {l, 2, . . . ,p} e i f I. Assim, sucessivamente, obtemos todas as freqüências Wj, j E {1,2, ... ,p}. Não é difícil ver que, quando p = O em (4.1), então p(a) é a função identidade. Logo, a iteração li (ao) não move praticamente ao. Neste caso, o procedimento chegou ao final e teremos descoberto todas as freqüências e o número p. Para a consistência e a normalidade assintótica dos estimadores MO referimos o leitor aos artigos de Li e Kedem (HJ93) e de Li, Kedem e Yakowitz (1991), respectivamente. 7. Conclusão. As freqüências de um modelo de espectro misto podem ser obti das através de iteração de um ponto a escolhido ao acaso no intervalo das possíveis freqüências. O método apresentado acima é robusto e eficiente. Os vários valores limites pk(a) são as estimativas dos cose noS das freqüências. Modelos de freqüência modulada são considerados por Lopes (1994) e Lopes e Kedem (1991) como um caso mais geral da análise feita aqui. Neste caso, existem infinitas freqüências e uma análise matemática mais precisa será objeto de um futuro trabalho. (Submetido em agosto de 1993. Revisado em junho de 1994) Referências Cornfeld, LP., S.V. Fomin & Ya. G. Sinai 1982. Ergodic Theory. New York: Springer-Verlag. He, S. & B. Kedem 1989. "Higher order crossings spectral analysis of an almost periodic random sequence in noise." IEEE Tran sactions on Information Theo7'y 35: 360-370. 68 R. de Econometi'ia 11(1) abril 1991joutubro 1991 Sílvia Lopes Kedem, B. 1992. "Contraction mappings in mixed spectrum esti mation." In Brillinger, D. et aI. (eds.) , New Directions in Time Series Analysis, Part r. New York: Springer-Verlag, pp. 169-191. Kedem, B. & S. Lopes 1992. "Fixed points in mixed spectrum analysis." In Byrnes J. S. et aI. 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