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Estratégias de Internacionalização da Empresa e o Marketing Internacional A internacionalização da empresa A internacionalização da empresa deve ser criteriosamente planejada, pois a entrada em novos mercados apresenta grandes incertezas e riscos para qualquer empresa. As incertezas são inerentes à operação em um novo ambiente institucional, com costumes, leis e normas diferentes daquelas às quais a empresa está acostumada. Já os riscos existem porque a internacionalização demanda investimentos, como a alocação, não apenas de recursos financeiros, mas também de tempo e pessoal. Assim, a internacionalização traz grandes oportunidades de crescimento, mas se não for estrategicamente planejada e implementada pode também trazer grandes prejuízos às empresas. Segundo Kotabe e Helsen (2000), a internacionalização envolve um conjunto de decisões que a empresa deve tomar: (a) escolha do mercado alvo; (b) os objetivos do mercado alvo; (c) as estratégias de entrada em novos mercados; (d) a hora de entrar; (e) o plano de mix de marketing; e (f) o sistema de monitoramento e controle de performance nos novos mercados. Escolha do mercado alvo Em um primeiro momento, as empresas podem ter várias opções de novos mercados, portanto, é preciso realizar uma triagem (seleção) dos países, buscando aqueles que apresentem as maiores oportunidades e os menores riscos. Para tanto, é preciso analisar os indicadores socioeconômicos (estágios de desenvolvimento econômico em que se encontram os países e dados como renda per capita, poder de paridade de compra e estrato socioeconômico); políticos (risco político, nível de controle da economia pelo Estado); demográficos (tamanho da população, faixa etária, composição étnica e taxas de natalidade/óbito); culturais (língua, religião, formação educacional, grau de individualismo/coletivismo, grau de masculinidade/feminilidade); comportamentais (grau de lealdade de marca, a taxa de uso, a penetração do produto e os benefícios esperados); e estilo de vida (diferenças de estilo de vida dos consumidores entre países). O tamanho do mercado pode ser definido pelo potencial de vendas presente, em valor monetário, ou seja, a receita potencial. O tamanho do mercado não pode ser analisado apenas pelo número de habitantes de um país, devido ao simples fato de que nem todas as pessoas que têm contato com um produto irão efetivamente comprá-lo. São três as características dos consumidores que realmente adotam um produto: (1) capacidade de pagamento, (2) vontade de pagar e (3) acesso ao produto. A capacidade de pagamento está relacionada com o nível médio de riqueza, a distribuição de renda e a paridade do poder de compra (comparação entre o poder de compra das moedas dos diferentes locais). A vontade de pagar é definida pelos benefícios adicionais que serão oferecidos pelo produto da empresa em relação aos produtos até então existentes naquele mercado. Estes benefícios, por sua vez, dependem das características dos produtos e das necessidades e desejos dos consumidores, que são influenciados pela cultura. Já o acesso ao produto depende da existência de canais de distribuição eficientes e do nível de abertura da economia. Desse modo, canais de distribuição eficientes garantem que os produtos chegarão aos consumidores com agilidade e sem grandes adições de custos, enquanto a abertura da economia determina a capacidade de entrada dos produtos pela fronteira, o nível de competição e também as possibilidades de exportação a partir do país analisado. A existência de uma demanda em potencial pelo produto é, obviamente, um aspecto fundamental, que deve estar presente no país de ingresso, mas não é o único fator a ser analisado. Outros fatores que devem ser levados em consideração são: localização geográfica estratégica, que permita o fácil abastecimento e, talvez, a redistribuição do produto por países vizinhos/pró- ximos; ambiente financeiro favorável para as atividades de comércio exterior; sistema financeiro favorável para as atividades internacionais de comércio; estrutura física adequada para gestão das atividades do comércio internacional; estrutura logística voltada para o atendimento da demanda regional. O objetivo é não desperdiçar recursos. O mé- todo é dividido em quatro etapas: • Etapa 1 – seleção de indicadores e coleta dos dados – a empresa deve escolher um conjunto de fatores socioeconômicos e políticos que considera ser crítico para a entrada. Para uma empresa de alimentos industrializados, por exemplo, fatores como urbanização, renda per capita e crescimento da população são críticos, pois são importantes vetores do consumo desse tipo de produto. Após escolher os indicadores que deverão ser analisados, a empresa busca os dados através de pesquisas realizadas internamente ou contratadas. Existem várias fontes de dados secundárias e primárias que podem ser consultadas. • Etapa 2 – determine a importância relativa dos indicadores – após escolher os indicadores é preciso atribuir pesos de importância para cada um deles. Um meio de fazer isso é dividir a nota 100 entre os indicadores escolhidos na primeira etapa, conferindo maior nota para os indicadores mais críticos e menor nota para os indicadores menos críticos. Para atribuir nota a um indicador, pense no percentual de importância daquele indicador. Se, sozinho, ele representar 50% do peso de decisão, atribua a nota 50 a ele, por exemplo. A somatória das notas de todos os indicadores, portanto, deve ser 100. • Etapa 3 – avalie os países do conjunto em cada indicador – após atribuir o peso que cada indicador terá na avaliação dos países, você precisa dar a nota de cada país em cada indicador. Utilize uma escala de 0 a 100, onde 0 = totalmente desfavorável e 100 = totalmente favorável. • Etapa 4 – calcule o escore global para cada país – para calcular a nota final de cada país basta multiplicar a nota atribuída ao país em cada indicador por seus respectivos pesos e somar a nota ponderada de cada indicador. É importante ter em mente os objetivos por trás da internacionalização e o grau de internacionalização da empresa. Alguns estudos mostram que as pequenas empresas que estão se lançando para o exterior pela primeira vez têm como principal objetivo adquirir experiência internacional, correndo poucos riscos. Nesse caso, optar por entrar em um mercado vizinho, culturalmente próximo, pode ser a melhor escolha do que optar por um mercado muito maior, porém distante física e culturalmente. Definição dos objetivos do mercado alvo Entre os objetivos mais comumente desejados com a internacionalização estão o crescimento no volume de negócios, a melhoria da rentabilidade a curto e longo prazos, a invulnerabilidade futura e o equilíbrio da carteira estratégica. Os objetivos podem ser tipicamente qualitativos, como ganhar experiência internacional e competir no mercado de origem de uma concorrente global, ou podem ter caráter quantitativos, como alcançar a liderança de mercado em determinado número de anos, atingir certo market share ou obter um faturamento anual determinado. De maneira geral, empresas que traçam objetivos discretos optam por modos de entrada que demandam menor grau de comprometimento com a internacionalização, enquanto empresas que traçam objetivos ousados buscam os modos de entrada que exigem maior comprometimento e controle. Escolha do modo/estratégia de entrada Existem três grandesgrupos de modos de entrada distintos, cada qual contendo formas específicas. Estes três grupos são: (1) modalidade por exportação; (2) modalidade contratual e (3) modalidade por investimento. Não existe uma estratégia ótima que se aplica a todos os casos. A decisão deve ser tomada levando-se em consideração aspectos externos, característicos do ambiente do mercado no qual a empresa pretende entrar, e aspectos internos, da própria empresa. Os riscos podem estar ligados a fatores ambientais, como as condições políticas, a estabilidade da economia e as oscilações cambiais. Mas será que as condições do ambiente geram riscos de igual magnitude para todas as empresas? A resposta é: não. O tamanho do risco, digamos assim, depende também dos recursos das empresas e dos conhecimentos de seus gestores. Primeiro, porque se a empresa está familiarizada com o ambiente do novo mercado as incertezas são menores, segundo, porque a quantidade de recursos que as empresas podem colocar em risco está relacionada com seus tamanhos. Assim, para uma pequena empresa realizar investimentos na formação de uma estrutura para exportação pode ser tão ou mais arriscado do que a construção de uma subsidiária no exterior para uma grande empresa, mesmo que esta construção custe centenas de milhões de dólares. Entrada via exportação As principais vantagens da entrada via exportação em comparação às demais modalidades são: menores investimentos, rapidez no acesso ao mercado e possibilidade de aprendizado gradual sobre o mercado de entrada. As empresas que exportam indiretamente não precisam arcar com os custos de implantar uma estrutura de distribuição própria em outro país, mas têm dificuldades no controle do composto de marketing uma vez que seus produtos foram entregues ao importador, o qual fica responsável pela distribuição, promoção, posicionamento e precificação dos produtos no exterior. É comum, inclusive, que os produtos percam a marca original, passando a ser comercializados sob a marca do importador. Outro risco é o de rompimento abrupto do contrato de exportação, caso o importador encontre outro fornecedor mais competitivo. De qualquer forma, devido ao baixo investimento e a não necessidade de operar atividades em um país diferente, os riscos da exportação indireta são bastante baixos quando comparados às das demais modalidades de entrada. As exportações diretas conferem mais rápida e melhor aprendizagem sobre o mercado externo, maior controle sobre as operações de marketing e melhores condições para realizar adaptações no composto de marketing visando maiores receitas. Outra grande vantagem da exportação direta é a eliminação do distribuidor, que geralmente aplica altas margens ao seu negócio, tornando o produto do exportador menos competitivo. Uma empresa também pode exportar em conjunto com outras empresas, por meio da formação de um consórcio de exportação. Esta modalidade é chamada de exportação cooperativa e representa uma boa alternativa para pequenas empresas somarem esforços e dividirem os custos para acessarem mercados internacionais. Na modalidade de entrada via exportação, existe apenas a transferência de produtos, do exportador para o importador, e de valores financeiro, do importador para o exportador. Já na modalidade contratual, há transferência de conhecimento e competências em troca de royalties, valores pré-fixados ou outras formas de compensação. As modalidades contratuais mais comuns são o licenciamento e a franchising, embora existam outras modalidades, como o contrato de serviços, a alian- ça contratual, o contrato de administração e o acordo técnico. No licenciamento internacional, a empresa licenciadora fornece tecnologia, know-how e/ou o acesso à sua marca para uma empresa localizada em outro país – a licenciada – que utiliza seus fatores de produção para produzir o(s) produto(s) que é/são objeto(s) do contrato de licenciamento. Esta estratégia é bastante comum em empresas que buscam levar suas marcas para setores diferentes daqueles no quais elas mesmas fabricam seu produto. Por exemplo, é através do licenciamento que Ferrari e Coca- Cola “fabricam” seus produtos de vestuário no mercado. Na verdade, várias das principais marcas do mundo não fabricam seu próprio produto. O franchising internacional é o modelo contratual no qual uma empresa (franqueadora), que pode ou não produzir ela mesma seus produtos, cede para empresas localizadas no mercado externo (franqueadas) o direito de distribuir seus produtos ou serviços, sob sua marca e dentro do seu modelo de negócio. Entre os casos mais conhecidos estão os das franquias de fast-food, tal como o McDonald’s. Um dos principais benefícios para as empresas que optam pela internacionalização via licenciamento ou franchising é a baixa necessidade de recursos para a entrada no novo mercado. No caso específico do licenciamento, existe ainda a possibilidade de a empresa contornar eventuais barreiras à importa- ção, uma vez que a produção será realizada localmente. O problema em potencial do licenciamento é justamente o risco resultante do compartilhamento do conhecimento e do know-how. Não são raros os casos em que a empresa licenciada acaba se tornando uma concorrente da licenciadora após a vigência do contrato, ou mesmo mediante a quebra deste. Mesmo com os contratos, nem sempre é fácil controlar as operações do licenciado ou do franqueado. Das três modalidades apresentadas, esta é a que exige o maior nível de envolvimento com o novo mercado e, potencialmente, de maior risco devido à exposição dos ativos produtivos ao ambiente institucional local. Contudo, os riscos podem ser compartilhados por meio do compartilhamento do controle da subsidiária, na formação das chamadas joint ventures. De maneira geral, as empresas em processo de internacionalização optam por formar joint ventures quando identificam potenciais empresas parcerias que possuem capacidades e competências complementares às suas, como, o conhecimento do mercado local, alta capacidade de inovação ou uma marca forte naquele mercado. Por outro lado, as subsidiárias de controle integral eliminam os riscos de compartilhamento indesejado de vantagens competitivas. A postura estratégica denominada “incremental” ocorre quando a empresa dispõe de poucos recursos para dedicar à entrada, é cautelosa quanto ao movimento, mas procura deixar abertas futuras opções de crescimento. A “protegida” ocorre quando a empresa entrante possui vantagens competitivas com grande potencial para serem exploradas no novo mercado, mas tem pouca familiaridade com esse mercado. Por fim, a postura estraté- gica denominada “controle” ocorre quando uma grande empresa, com poucas restrições de recursos para expansão, possui vantagens competitivas bem estabelecidas e um produto com grande potencial no novo mercado. Escolha do momento de entrada No que se refere ao momento da empresa, é importante verificar que a empresa possui as capacidades e competências necessárias para se lançar no mercado internacional e se ela está devidamente sólida no mercado interno para poder arcar com os investimentos necessários para se internacionalizar. É um engano achar que a internacionalização poderá ser uma saída para uma empresa que está tendo dificuldade em se manter competitiva no mercado interno. É preciso ter vigor para buscar o mercado internacional. Definição do plano de mix de marketing Da mesma forma que a empresa planeja seucomposto de marketing para atender o mercado doméstico, a empresa em processo de internacionalização deve planejar o mix para o mercado externo. Mesmo que a empresa vá vender no mercado externo o mesmo produto que ela vende em seu mercado doméstico, adaptações no produto, no preço, na estratégia de distribuição e nas ações de comunicação são quase sempre necessárias, podendo ser bem sutis ou bastante destacadas. Produto Uma pesquisa de marketing bem realizada, buscando sempre identificar os aspectos que geram valor para os consumidores, para que estes sejam incorporados à oferta, mas também as características que geram custos desnecessários, para que sejam retiradas da ofer- capítulo 4 • 81 ta. Dessa forma, a empresa conseguirá entregar maior valor aos clientes no mercado externo. Trata-se de encontrar a melhor relação custo/benefício, primeiro para o consumidor e, depois, para a empresa. Voltando ao caso das adaptações opcionais, é importante frisar que algumas empresas optam por não realizá-las, desenvolvendo uma estratégia de marketing padronizada, com política de produto uniforme. Estratégia de marketing padronizada A estratégia de padronização explora as necessidades comuns dos consumidores nos diversos países e possibilita reduções de custo através da economia de escala na produção e na distribuição dos produtos uniformizados. As reduções de custo obtidas por meio desta estratégia são transferidas aos consumidores, tornando o produto da empresa que adota a padronização mais competitivo em termos de custo. O sucesso desta estratégia depende de alguns fatores: • boa segmentação dos países, optando pela entrada em mercados onde as necessidades e hábitos de consumo são similares; • capacidade real de obtenção de ganhos de escala na produção e na distribuição dos produtos, evitando a geração de centros de custos que prejudiquem a competitividade dos produtos; • capacidade de atingir um nível de qualidade dos produtos que os tornem atraentes para os consumidores, com capacidade de competir com os produtos customizados, sem grandes interferências nos custos. Estratégia de marketing customizada A customização do produto leva em conta as necessidades e desejos específicos dos segmentos de mercado de um país para o desenvolvimento de produtos sob medida. As empresas que optam por esta estratégia argumentam que por mais que haja um nível padronização dos gostos em função da globalização, existem características socioeconômicas e culturais específicas a cada sociedade que interferem nos desejos e hábitos de consumo das pessoas. Se a empresa for capaz de desenvolver produtos que considerem tais diferenças, ela irá ofertar produtos que entregam mais valor aos clientes do que os produtos padronizados, embora estes últimos sejam mais baratos. Todos os custos que incorrem na fabricação e comercialização do produto devem, necessariamente, ser incorporados ao preço do produto. Os custos representam o piso, ou seja, o preço mínimo de venda, no qual a margem da empresa é igual a zero. Nas exportações, os custos incluem gastos com frete e seguro das mercadorias. Todavia, o produto de uma empresa dificilmente será a única opção para os consumidores satisfazerem suas necessidades e desejos. Existirão produtos concorrentes e substitutos que competirão com o produto da empresa pela escolha dos consumidores. Desse modo, a competição também influência os preços e, consequentemente, as margens que a empresa poderá aplicar. Quanto mais acirrada for a competição e quanto maior for o número de competidores, menores serão as margens. Para fugir dessa condição, a empresa pode tentar diferenciar seu produto dos demais, agregando valor e entregando mais benefícios aos consumidores. Finalmente, a extensão dos canais de distribuição influência as margens de cada agente nele inserido, bem como o preço no qual o produto chega ao consumidor final. Todos os agentes, distribuidores, atacadistas e varejistas irão adicionar seus custos e suas margens ao preço do produto, resultando no preço final de mercado. Se, independentemente da extensão do canal de distribuição (número de agentes), a empresa fabricante aplicar a mesma margem considerada ótima, o preço do produto se tornará demasiadamente caro, prejudicando sua competitividade. Praça É preciso que o produto seja oferecido: (a) nos locais adequados, garantindo ao consumidor um fácil acesso ao produto; (b) nos momentos em que o consumidor precisar do produto; (c) na forma que garanta ao consumidor uma experiência de compra agradável; e (d) de um modo que permita uma boa troca de informações entre consumidor e fornecer, para que um tenha as informações necessárias sobre o produto e o outro possa conhecer as reações dos consumidores ao produto. As estratégias de distribuição estão relacionadas ao modo de entrada, visto há pouco. Por exemplo, a entrada via exportações indiretas se utiliza de distribuidores (empresas comerciais exportadoras) que, por um lado, conhecem o mercado importador, mas, por outro, tiram a autonomia do exportador para a escolha do local, tempo e forma como o produto será disponibilizado e dificulta o acesso às informações sobre os consumidores e os concorrentes. Canais indiretos de distribuição Na forma de distribuição indireta o fornecedor/fabricante não é, de fato, o exportador, embora seus produtos sejam disponibilizados no mercado externo. Para tanto, são utilizados intermediários como agentes de compra, corretores de exporta- ção, empresas comerciais de exportação, trading companies e distribuidores. Uma vez que o fabricante vende seus produtos a estes intermediários, ele abre mão de sua propriedade sobre o produto e, consequentemente, perde o controle sobre as ações de marketing que serão realizadas nos canais localizados fora do país. Esta estratégia é ideal para as empresas que não podem ou não precisam desse controle. Por vezes, as empresas têm produtos com um bom potencial de vendas no exterior, mas não possuem as capacidades e competências para realizarem operações comerciais em mercados internacionais. Nesses casos, os intermediários servem para complementar as capacidades do fabricante com: conhecimento do ambiente de marketing; relacionamento com canais e consumidores no exterior; economia de escala e de escopo em função dos volumes movimentados e natureza dos setores que atende; etc. Outras vezes, a empresa fabrica produtos com baixo nível de diferenciação, compete com base no baixo custo e não possui uma marca bem posicionada. Para elas, o mais importante é exportar grandes volumes para compensar as margens baixas e sem realizar grandes investimentos na distribuição e comunicação de seus produtos no mercado internacional. Os tipos mais comuns de intermediários são: • Agente de compras – são compradores representantes de grandes empresas estrangeiras – atacadistas, varejistas ou indústrias – lotados no país do fabricante/exportador, na busca por fornecedores. Geralmente possui grande poder de barganha frente aos fornecedores, sobretudo os menores, e o utiliza para impor as condições de preço e prazo de pagamento. • Gerente de exportação independente – funciona como um departamento de exportação terceirizado para pequenas empresas que exportam pequenas quantidades ou que não exportam regularmente. Utiliza-se de seu conhecimento sobre exportações para prestar serviços, sobretudo, para as empresas que estão iniciando seu processo de internacionalização. • Corretor de exportação(broker) – são mais comuns nos mercados de commodities, intermediando os negócios internacionais. Independente do setor, costumam trabalhar com remuneração fixa baixa, já que quase sempre negociam grandes volumes. • Empresa comercial exportadora – ao contrário dos tipos anteriores, estas empresas compram e revendem os produtos no mercado internacional. Assim, assumem o controle da distribuição e comunicação do produto no mercado externo. Geralmente, especializam-se em poucos produtos. • Trading companies – são similares às empresas comerciais exportadoras, pois também compram e revendem produtos, porém, bem maiores. Operam atividades de exportação e importação, incluindo a comercialização dos produto, o financiamento das operações e, muitas vezes, utilizam estruturas logísticas próprias, como terminais portuários. Estão presentes, sobretudo, nos mercados de commodities, com presença global. • Distribuidor – também compra e revende os produtos, muitas vezes com sua própria marca. Costumam possuir boa estrutura de estocagem, distribuída em locais estratégicos para poder acessar os principais mercados consumidores. Costumam comprar grandes quantidades e trabalhar com altas margens. Nos mercados de produtos onde os serviços pós-venda são importantes os distribuidores costuma se responsabilizar pelo atendimento aos clientes. Canais diretos de exportação A venda direta para o exterior tem como principais vantagens a criação de uma experiência internacional, que leva a um melhor conhecimento dos mercados de exportação, e um maior controle da distribuição e da promoção, o que é importante principalmente para as empresas que têm marca forte, produtos diferenciados, e/ou forte relacionamento com clientes no exterior – como muitas empresas fornecedoras de equipamentos e produtos industriais. Assim como a exportação indireta, o marketing de exportação direta pode ser estruturado de várias maneiras. • Exportação via correios ou courier: bastante utilizado por empresas que vendem pela internet, este tipo de exportação serve, sobretudo, para a remessa de pequenas quantidades para o exterior. • Agente ou representante de vendas no exterior: uma pessoa física ou jurí- dica contratada para representar o exportador e que recebe uma comissão sobre as vendas. Logo, não se trata de um colaborador (empregado) da empresa exportadora. • Gerente de vendas no exterior: é um funcionário da empresa exportadora que vive ou visita frequentemente um determinado mercado externo. Para fornecer o suporte necessário ao gerente, a empresa geralmente estabelece um escritório de apoio no exterior. • Filial de vendas no exterior: é uma evolução do tipo anterior, com escala e complexidade das atividades muito maior. A filial lida com as atividades de inteligência de mercado, distribuição, promoção, vendas e pós-venda em um país ou mais de um país em uma determinada região. Por exemplo, uma empresa chinesa pode abrir uma filial de vendas no Brasil, mas que atenda toda a América do Sul, ou parte dela. Pode ser quase um departamento de marketing inteiro no exterior. • Franchising: pode ser considerada uma forma mista, pois a gestão do negócio fica a cargo de um terceiro (o franqueado), mas como o franqueador exerce grande controle do modelo de negócio, exerce controle dos preços e das ações de comunicação, este tipo de canal é aqui classificado como direto. Segundo Kotabe e Helsen (2000), existem cinco principais tipos de restri- ções às quais a empresa deve estar atenta: • Barreiras de linguagem: problemas no uso da língua podem levar a uma simples falta de compreensão – que por si só traz grandes prejuízos ao objetivo da comunicação – ou mesmo atribuir um significado ofensivo e desrespeitoso para o consumidor. Logo, a redação dos materiais de promoção deve ser sempre revisada para que tais riscos sejam descartados. Por vezes, é preciso até mudar o nome de uma marca ou de um modelo de produto, que em determinada língua, ou mesmo em diferentes países que tenham a mesma língua, pode ter um significado pejorativo. • Barreiras culturais: as questões culturais apresentam riscos ainda maiores, pois são mais difíceis de visualizar e podem levar a danos ainda maiores à imagem da empresa e/ou do produto, uma vez que podem envolver valores de grande importância, como os religiosos. • Atitudes em relação à propaganda: pesquisas mostram que algumas sociedades, como a chinesa, conferem maior importância às propagandas em suas decisões de compra do que outras sociedades, como a francesa e a italiana. Saber a real importância de cada elemento da promoção é fundamental para que o orçamento seja direcionado aos elementos mais efetivos: propaganda, publicidade, assessoria de imprensa, promoção de vendas, patrocínios, venda pessoal, internet, marketing direto, eventos culturais ou relações públicas. • Infraestrutura de mídia: enquanto em alguns países a diversidade de mídias eficientes (TV, jornais, revistas, redes sociais, folhetos, etc.) pode tornar a escolha entre as inúmeras opções difícil, em outros as restrições é que podem ser o problema. Por exemplo, utilizar o Facebook pode ser excelente para atingir os consumidores brasileiros, mas não surtirá efeitos na China, onde a rede social é bloqueada. • Regulamentação de propaganda: refere-se às leis que regulamentam o uso da propaganda, que podem ser bastante diferentes. Por exemplo, no Brasil existem grandes restrições às propagandas de medicamentos, o que não ocorre em outros países. Em outros casos, fazer comparações direta citando o nome dos concorrentes pode ser proibido ou estar sujeito à processos judiciais. Monitoramento e controle As formas de monitoramento e controle também precisam evoluir conforme as atividades no mercado internacional se tornam mais complexas. Todavia, independentemente da complexidade das atividades e da importância dos negócios internacionais no faturamento total da empresa, as empresas podem se dar ao luxo de desperdiçar recursos, sem saber se seus objetivos estão sendo alcançados. Portanto, de forma mais ou menos sofisticada, as empresas internacionalizadas devem: estabelecer padrões de desempenho, mensurar e avaliar o desempenho em relação aos padrões e analisar e corrigir os desvios dos padrões.
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