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RESUMOS CRIMINOLOGIA

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CRIMINOLOGIA
Aulas 01 e 02
O que é a Criminologia?
É a ciência que estuda o crime, se ocupa dos conhecimentos sobre o delito, delinquente, vítima e controle social. É um conjunto de conhecimentos que estudam o fenômeno e as causas da criminalidade, a personalidade do delinquente, sua conduta delituosa e a maneira de ressocializá-lo.
No plano da dimensão coletiva, temos a MACROCRIMINALIDADE (crimes de guerra e terrorismo, por exemplo), e no plano individual, teremos a MICROCRIMINALIDADE (roubos, sequestros, estupros, etc.) e de outra parte, os ATOS DE CRIMINOSOS e CONDUTAS CRIMINOSAS.
É uma ciência interdisciplinar pois ladeia a biologia (estudo da vida, os seres vivos), psicopatologia (estuda os estados psíquicos relacionados ao sofrimento mental), sociologia (estuda o comportamento humano em função do meio, grupos, instituições), política (ciência da organização, direção e administração de nações ou Estados), antropologia (estudo sobre o homem e a humanidade), direito (sistema de normas de conduta criado para regular as relações sociais), criminalística, filosofia (estudo do saber, relacionado a existência, conhecimento, verdade, valores morais) e outros.
Objetos da Criminologia:
Delito: é toda infração de normas sociais consagradas nas leis penais que tende a ser perseguida oficialmente no caso de ser descoberta. Na criminologia, o delito não deve ser contemplado apenas como um comportamento individual, mas sim como um problema social e comunitário.
Para o DIREITO PENAL, o conceito de crime é variável de acordo com o conceito adotado:
a) CONCEITO FORMAL: segundo Calhau, está ligado ao fato de existir uma lei penal que descreva uma determinada conduta como infração penal. 
b) CONCEITO MATERIAL: segundo Calhau, tal conceito está vinculado ao ato que possui danosidade social, ou que provoque lesão a um bem jurídico. 
c) CONCEITO ANALÍTICO: expõe os elementos estruturais e aspectos essenciais do conceito de crime. Assim, crime é um fato típico, ilícito e culpável.
Diversos CONCEITOS DE CRIME foram surgindo no desenvolvimento da criminologia (CALHAU): 
a) DELITO NATURAL (criado por Garofalo): o delito seria uma lesão daquela parte do sentido moral, que consiste nos sentimentos altruístas fundamentais (piedade e probidade) segundo o padrão médio em que se encontram as raças humanas superiores, cuja medida é necessária para adaptação do indivíduo. 
b) CONDUTA DESVIADA OU DESVIO (utilizado pela sociologia criminal): utiliza como paradigma as expectativas da sociedade. São condutas que infringem o padrão de comportamento esperado pela população num determinado momento. É um conceito que não se confunde com o de crime, mas que o abrange.
Delinquente: É o homem real e histórico do nosso tempo, que pode acatar as leis ou não cumpri-las por razões nem sempre acessíveis à nossa mente; um ser enigmático, complexo, torpe ou genial, herói ou miserável, porém, em todo caso, mais um homem, como qualquer outro.
Vítima: Pessoas que, individual ou coletivamente, tenham sofrido danos, incluindo lesões físicas ou mentais, sofrimento emocional, prejuízo financeiro, ou tenham sido substancialmente afetadas em seus direitos fundamentais, por atos ou omissões que representem violações às leis penais, incluídas as leis referentes ao abuso criminoso do poder.
Controle Social: é o conjunto de instituições, estratégias e sanções sociais que pretendem promover e garantir referida submissão do indivíduo aos modelos e normas comunitários. Pode ser:
Formal: polícia, Judiciário, administração penitenciária, etc.
Informal: família, escola, igreja, etc.
É exercido:
Com Sanções FORMAIS (aplicadas pelo Estado - administrativas, cíveis e penais) e INFORMAIS (que não possuem coercibilidade).
Com Meios POSITIVOS (prêmios e incentivos) e NEGATIVOS (reprovações com aplicação de sanções). Esse sistema costuma ser utilizado na educação (Ex: os alunos são premiados quando executam tarefas bem elaboradas). 
Controle INTERNO e EXTERNO: o primeiro é denominado de autodisciplina. Desde a infância aprendemos regras sociais que vão sendo internalizadas e nos orientam sobre como devemos proceder. Quando falha, a pessoa pode ser compelida a agir por meio do controle externo (ex: aplicação de multas de trânsito; pena de prisão aplicada pelo Estado).
Aula 03
Dos Delitos e das Penas (Beccaria)
Procura fundamentar a legitimidade do direito de punir, bem como definir critérios da sua utilidade, a partir do postulado do contrato social. Serão ilegítimas todas as penas que não relevem da salvaguarda do contrato social e inúteis todas as que não seja adequadas a obviar as suas violações futuras, em particular as que se revelem ineficazes do ponto de vista da prevenção geral. A pena deve ser proporcional a gravidade do crime cometido e ser imposta de forma célere para que pudesse relacionar-se com o crime praticado.
Aula 04
Escola Clássica
Formou-se por um conjunto de ideias, teorias políticas, filosóficas e jurídicas, sobre as principais questões penais. Adotaram ideais iluministas onde defendiam um Estado Democrático Liberal contra o Estado Absolutista.
Como orientação político social e, portanto como reação contra os excessos de uma justiça penal medieval e arbitrária, a Escola Clássica: Pesquisou e estabeleceu os fundamentos e limites ao poder de punir do Estado; reagiu contra as penas cruéis e infamantes, propugnando pela abolição da pena de morte e outras penas corporais; reivindicou um sistema de garantias para o acusado durante o processo e na fase de execução.
As três características mais importantes, de acordo com a escola clássica, que deveriam reunir as sanções para prevenção do delito eram:
Certeza
Rapidez;
Severidade.
Aula 05 e 06
Escola Positiva
Defende que os indivíduos são fortemente condicionados na sua forma de agir por razões de ordem interna e externa. O criminoso é um indivíduo que se assemelha a um doente e como tal deve ser encarado. Seu método baseia-se numa investigação experimental indutiva. Considerava o crime como um fato humano e social e como tal devia-se chegar aos motivos do porquê de cada indivíduo delinquir.
Diferentemente da Escola Clássica, Enrico Ferri entende que o livre arbítrio é uma ilusão, ele diz que o homem é “uma combinação transitória, infinitesimal da vida... uma combinação química que pode lançar raios de loucura e de criminalidade, que pode dar a irradiação da virtude, da piedade, do gênio, porém não mais que um átomo de toda a universalidade da vida”.
Ferri delineava a influência dos fatores sociológicos sobre o criminoso, quais seja a condição social, econômica e familiar do condenado. Criando a partir daí o trinômio causal do delito: fatores antropológicos, sociais e físicos.
CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMINOSOS: 
a) Nato: caracterizado pela vontade anormal, pela impulsividade, motivos desproporcionados à gravidade do delito, ausência de fraqueza do senso moral, precocidade e reincidência. 
b) Louco: no qual não é somente a loucura que explica o delito, pois nem todos os loucos são delinquentes, mas principalmente a atrofia do senso moral. 
c) Habitual: pode apresentar taras hereditárias, quer somática, quer psíquica, mas é principalmente devido à influência do meio em que vive de miséria moral e material, que delinqui. O encarceramento tende a piorá-lo. 
d) Ocasional: é principalmente devido à solicitação da vida - necessidades familiares, provocação injusta, comoção pública - que comete o crime. Reajustamento mais fácil neste caso. 
e) Passional: é impelido ao delito por paixão social. O amor à honra, o sentimento familiar, o patriótico são paixões sociais que podem conduzir ao delito. Não oferece periculosidade. Na maioria das vezes tem bons antecedentes, quase sempre é jovem e em estado de comoção, sem cúmplices e com remorso espontâneo.
Desse modo, entendeu Ferri que a responsabilidade deveria ser substituída pela responsabilidade social e que a razão de punir o delinquente era uma forma de demonstrar a sociedade que caso alguém cometesseum delito o Estado iria tomar as providências como forma de defesa social, de ajustar a relação que havia sido quebrada com o cometimento do delito.
Por fim, Rafael Garófalo (1851 - 1934) da corrente psicológica, magistrado em Nápoles, apresenta o conceito fundamental de temibilidade do delinquente como critério para aplicação da pena (antecedente da periculosidade). 
Sustentou dupla via de intervenção do Estado perante o crime, a tutela da sociedade contra novos atentados semelhantes e a reparação do dano, bem como a redução da pena de prisão aos casos comprovadamente necessários e adoção de substitutivos para as infrações leves, conforme já mencionado, e, também a necessidade de reparação do estado em casos de erro judiciário. 
Orientação político social: necessidade de reestabelecer o equilíbrio entre os direitos do indivíduo e do estado, oposição a ilusão de que o remédio mais eficaz contra o crime era a penal. 
Orientação científica: o criminoso é o protagonista da justiça penal prática.
O crime, a pena e sua execução não poderiam se separar nunca do delinquente e sua individualização deveria realizar-se na fase legislativa para classificação dos delinquentes. Defende a criação de colônias penais agrícolas e trabalho ao ar livre, e que a pena adapte-se à personalidade do agente.
Em síntese podemos dizer que as principais características da escola positiva foram:
a) O Direito Penal é um produto social, obra humana; 
b) A responsabilidade social deriva do determinismo (vida em sociedade); 
c) O delito é um fenômeno natural e social (fatores individuais - antropomórficas - físicos - ambientais - e sociais - meio onde vive -); 
d) A pena é um meio de defesa social, com função preventiva; 
e) O método é o indutivo ou experimental; 
f) Os objetos de estudo do direito penal são o crime, o delinquente, a pena e o processo.
Aula 07
Escola Eclética
Tinham como escopo harmonizar os postulados do positivismo com os dogmas clássicos, ainda que não tenha contribuído com nenhuma teoria nova, mas seus estudos foram significantes no desenvolvimento de temas como livre arbítrio, finalidade da pena enquanto castigo, administração penal, conflito entre exigências formais e garantias do indivíduo as da defesa da ordem social
Segundo Von Liszt, a pena justa é a pena necessária. Através de seus estudos, principalmente a partir de 1882, revolucionou os conceitos positivistas do Direito Penal, introduzindo na concepção de ciências penais a Criminologia e a Penalogia (expressão que teria sido criada por ele mesmo). Além destas, defendia que deveriam fazer parte da dogmática penal: antropologia criminal, psicologia criminal e estatística criminal para que se pudesse obter e coordenar um conhecimento cientifico das causas que ensejam a prática delitiva, assim podendo atuar de forma mais eficaz no seu combate. Afastou-se do pensamento clássico, que pretendia lutar contra o crime sem conhecer cientificamente suas causas e afastou-se do pensamento positivista ao propor a conservação das garantias individuais e os direitos dos cidadãos.
Aula 08
Paradigma Sociológico
Ênfase na teoria, na observação e na objetividade. A ideia era programar uma investigação científica para construir programas de política social que melhorassem as condições de vida dos indivíduos. Defendia que as interações dos sujeitos estão mediadas por relações espaciais, podendo assim explicar alguns tipos de delinquência.
Teoria da Desorganização Social - Shaw e McKay
A delinquência se instala à medida em que as áreas de residência iam distanciando-se do centro. Características: baixo status socioeconômico; alta mobilidade da população e concentração de grupos pertencentes a minorias. A solução consistia basicamente em reforçar as instituições sociais existentes nos bairros e fazer a própria comunidade se conscientizar do problema da delinquência que sofria. O papel decisivo na luta contra o delito corresponde aos cidadãos.
Teoria da Associação Diferencial
O delito é uma conduta que, como qualquer outra, se aprende, não havendo origem hereditária da criminalidade (qualquer um pode cometer um delito). 
Teoria Clássica da Frustração – Cohen
A sociedade se encontra estratificada em classes sociais e as oportunidades não se encontram repartidas por igual em todas elas. Jovens procedentes de classes sociais desfavorecidas (classe trabalhadora) partem de uma posição de desvantagem ante aos jovens da classe média. Crimes cometidos: não utilitário (rouba-se por roubar); malicioso (tolera-se um certo grau de prazer em si mesma) e negativa 
 Teoria do Controle Social
A delinquência apenas representa uma tendência natural do ser humano. O que se deve perguntar não é por que delinquem, mas por que não delinquimos? Defende que os atos delitivos são produzidos quando o vínculo de um indivíduo com a sociedade está debilitado. Tal vínculo se caracteriza por: apego (à família, amigos, etc.; entrega; participação (é a falta de tempo para delinquir, pois existe a participação em diversas outras atividades) e crença (nem todo mundo tem a mesma crença nas normas, portanto não tem a mesma convicção de que deve respeitá-las).
Aula 09
Criminologia Crítica ou Radical
Advém das teorias conflitais marxistas, rompendo com a sociologia criminal liberal. Deseja mostrar o conflito social e explicar os processos de criminalização das classes subalternas, historicamente constituintes da clientela do sistema penal. Inspirado em Marx, baseia-se na divisão da sociedade em classes (estrutura econômica) e na reprodução das condições de produção (separação do trabalhador e dos meios de produção) pelas instituições jurídicas e políticas (superestruturas de controle social), que determinam práticas contrárias às condições de produção, ou reprodução social, das quais o crime faz parte. Diz que O direito penal está à serviço da parcela social detentora de poder político-econômico sendo, somente, a administradora da criminalidade, não dispondo de meios de combatê-la, funcionando apenas como selecionadora de sua clientela habitual nas classes trabalhadoras. O crime é um subproduto final do processo de criação e aplicação das leis, orientadas ideologicamente às classes dominantes. O status de criminoso é distribuído de maneira desigual entre as pessoas.
Consequências: Falsidade do Discurso Penal e Agressão aos Direitos Humanos em um Sistema Penal Ilegítimo. 
Como sanear o problema? Com a verificação de técnicas de controle social não-punitivas. Estas oferecem um menor custo social, pois propõe técnicas de prevenção ao crime de caráter primário. Essa prevenção atua em três momentos: Prevenção Primária: atua na raiz do conflito, neutraliza o crime antes dele ocorrer, a médio e longo prazos. Prevenção Secundária: atua depois do crime ocorrido, a curto e médio prazo. Prevenção policial, controle dos meios de comunicação, ordenação urbana e legislação penal, entre outras técnicas. Prevenção Terciária: dirige-se ao recluso. Politicas penitenciárias que trabalham a ideia de ressocialização e punição. Consiste em uma intervenção tardia e insuficiente.
É clara a necessidade de uma reformulação do sistema penal: Polícia aberta ao diálogo (é necessária uma polícia militarizada?), Judiciário + eficiente, Legislador + técnico - populista, Vítima participante da questão penal, comunidade integrada na discussão do problema da criminalidade, sistema carcerário responsável etc.
Aula 10
Teoria do Labelling Approach
Pretende oferecer uma explicação científica aos processos de criminalização, às carreiras criminais e à chamada “desviação secundária”. A “desviação” não é uma qualidade intrínseca da conduta, mas sim uma qualidade que lhe é atribuída por meio de complexos processos de interação social, altamente seletivos e discriminatórios.
Aqui o interesse da investigação se desloca do desviado e seu meio para aquelas pessoas ou instituições que lhe definem como desviado, analisando-se fundamentalmente os mecanismos e o funcionamento do controle social ou a gênese da normae não os déficits e carências do indivíduo, que outra coisa não é senão vítima dos processos de definição e seleção.
PRINCIPAIS POSTULADOS DO LABELLING APPROACH 
a) Interacionismo Simbólico e Construtivismo Social: o comportamento humano é inseparável da interação social e sua interpretação não pode dispensar referida mediação simbólica. O conceito que tem um indivíduo de si mesmo, de sua sociedade e da situação que nela ostenta, é ponto importante do significado genuíno da conduta criminal.
b) Introspecção Simpatizante: técnica de aproximação da realidade criminal para compreendê-la a partir do mundo do desviado e captar o verdadeiro sentido que ele atribui a sua conduta.
c) Natureza "definitorial" do Delito: o delito carece de substrato material ou ontológico: uma conduta não é delitiva in se ou per se (qualidade negativa inerente a ela), nem seu autor é um delinquente por merecimentos objetivos (nocividade do fato, patologia da personalidade); o caráter delitivo de uma conduta e de seu autor depende de certos processos sociais de definição, que lhe atribuem tal caráter, e de seleção, que etiquetam o autor como delinquente. 
d) Caráter Constitutivo do Controle Social: a criminalidade é criada pelo controle social. 
e) Seletividade e Discriminatoriedade do Controle Social: o controle social é altamente discriminatório e seletivo pois possui mecanismos que repartem os bens positivos (fama, riqueza, poder etc.) levando em conta o status e o papel das pessoas. De modo que as "chances" ou "riscos" de ser etiquetado como delinquente não dependem tanto da conduta executada (delito), senão da posição do indivíduo na pirâmide social (status). 
f) Efeito Criminógeno da Pena: longe de fazer justiça, de prevenir a criminalidade e de reinserir o desviado, a pena exacerba o conflito social em lugar de resolvê-lo; consolida o desviado em seu status de delinquente e gera os estereótipos e etiologias que se supõem que pretende evitar, ensejando um círculo vicioso.
Dentro do Labelling Approach coexistem, sem embargo, duas tendências: RADICAL (função constitutiva ou criadora da criminalidade do controle social: o crime não é senão uma etiqueta que a polícia, os promotores e os juízes (instâncias do controle social formal) colocam no desviado, com independência de sua conduta ou merecimento) e MODERADA (afirma que a justiça penal integra a mecânica do controle social geral da conduta desviada).
Aula 11
Abolicionismo Criminal
Funciona como movimento não intervencionista relacionado à descriminalização, qual seja, a retirada de algumas condutas criminalizadas da lei penal; entendida como extinção da pena quando praticadas algumas condutas. Com a crise da pena no ordenamento jurídico brasileiro, falho em sua função ressocializadora, como vemos hoje quando falamos em execução penal, aumenta o descrédito no sistema penitenciário nacional. Desta maneira, pode ser utilizado como meio de diminuir o caos penitenciário instalado no país e, ainda aplicado como rápida solução para determinados conflito; apresentando resultados imediatos. Assim, só devem ser realmente sancionados à pena aqueles atos criminosos que afetem bens jurídicos verdadeiramente importantes.
Devemos enxergar o abolicionismo como forma de não tipificação formal de delitos, como instrumento de justiça e segurança social que atribua pena a crimes onde há maior reprovabilidade, trabalhando o direito penal realmente como ultima ratio.
Aulas 13 e 14
Vitimologia
Ciência que estuda amplamente a relação vítima/criminoso no fenômeno da criminalidade; estuda a vítima no momento do crime, desde a sua ocorrência até as suas consequências.
OBJETIVO: evidenciar a importância da vítima, sua conduta, e medidas para reduzir o dano.
VÍTIMA: “Pessoas que, individual ou coletivamente, tenham sofrido danos, incluindo lesões físicas ou mentais, sofrimento emocional, prejuízo financeiro, ou tenham sido substancialmente afetadas em seus direitos fundamentais, por atos ou omissões que representem violações às leis penais, incluídas as leis referentes ao abuso criminoso do poder.” (ONU).
Segundo Calhau, a vítima passou por TRÊS FASES principais na história da civilização ocidental:
a) IDADE DE OURO: a vítima goza ao máximo da sua protagonização, sendo detentora da justiça privada. Importante ressaltar que a vítima reparava o dano causado pelo autor do delito, ou seja, tinha o direito per si. Tendo como referência o Código de Hamurabi, “olho por olho e dente por dente”.
b) NEUTRALIZAÇÃO DA VÍTIMA: o Estado, assumindo o monopólio da aplicação da pretensão punitiva, diminuiu a importância da vítima no conflito, que passou a ser considerada somente como um mero objeto, que não colaborava e em nada contribuía para a explicação científica do acontecimento criminal.
c) REDESCOBRIMENTO DA VÍTIMA: iniciação após a Segunda Guerra
Mundial, onde sua importância é retomada sob um ângulo mais humano por parte do Estado.
Tipos de Vítima
a) VÍTIMAS NATAS: indivíduos que apresentam, desde o nascimento, predisposição para serem vítimas, tudo fazendo, consciente ou inconscientemente, para figurarem como vítimas de crimes.
b) VÍTIMAS POTENCIAIS: são aquelas que apresentam comportamento, temperamento ou estilo de vida que atraem o criminoso, uma vez que facilitam ou preparam o desfecho do crime.
c) VÍTIMAS EVENTUAIS OU REAIS: aquelas que são verdadeiramente vítimas, não tendo em nada contribuído para a ocorrência do crime.
d) VÍTIMAS PROVOCADORAS: são aquelas que induzem o criminoso à prática do crime, originando ou provocando o fato delituoso.
e) VÍTIMAS FALSAS: simuladora, é aquela que está consciente de que não foi vítima de nenhum delito, mas, agindo por vingança ou interesse pessoal, imputa a alguém a prática de um crime contra si. Vítima imaginária: em decorrência de anomalia psíquica ou mental, acredita-se vítima da ação criminosa.
f) VÍTIMAS VOLUNTÁRIAS: são aquelas que consentem com o crime.
g) VÍTIMAS ACIDENTAIS: são as vítimas de si mesmas, que dão causa ao fato geralmente por negligência ou imprudência.
Processos de Vitimização:
a) VITIMIZAÇÃO PRIMÁRIA: é aquela causada pelo cometimento do crime. Provoca danos materiais, físicos e psicológicos, e ocasiona mudanças de hábitos e alterações de conduta.
b) VITIMIZAÇÃO SECUNDÁRIA: é decorrente do tratamento dado pelas ações ou omissões das instâncias formais de controle social (Polícia, Judiciário, etc). Decorre do fato de ser a vítima, por vezes, tratada como suspeito. A vitimização secundária pode se apresentar mais grave que a primária, uma vez que, além dos danos causados à vítima, ocasiona a perda de credibilidade nas instâncias formais de controle.
c) VITIMIZAÇÃO TERCIÁRIA: decorre da falta de amparo dos órgãos públicos e da ausência de receptividade social em relação à vítima.

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