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Comunicação Empresarial - UVB Faculdade On-line UVB34 Aula 3 Comunicação Empresarial Material Impresso. Gênero, texto e contexto. Produção e linguagem Objetivos da Aula Comparar diferentes estruturas textuais. Comparar diferentes estruturas textuais. Diferenciar características da linguagem escrita e da oral. Interpretar idéias, fatos, expectativas e cenários para a produção de diferentes estratégias de comunicação. Criar e produzir diferentes estruturas de linguagem para uso em comunicação oral e escrita. Criticar temas e situações do cotidiano a partir da leitura de textos. Correlacionar informações de textos interdisciplinares, identificando estruturas, interpretando textos e idéias. Desenvolvimento da Aula A vida humana é um processo contínuo de comunicação. Aprimorar sua capacidade comunicativa é uma forma de ampliar seu relacionamento com o mundo, tornando-se apto a compreender melhor a realidade, a fim de poder transformá-la. E, como veremos, a comunicação é um elemento fundamental desse intercâmbio de experiências e indagações humanas. Por isso, iniciaremos esse estudo analisando e discutindo um texto sobre comunicação. Comunicação Empresarial - UVB Faculdade On-line UVB35 Se uma pessoa ficar isolada de seus semelhantes, com alimentação e conforto físicos garantidos, mas privada de qualquer forma de contato com o mundo exterior, tenderá a apresentar rapidamente sintomas de ansiedade. Uma manifestação básica dessa ansiedade será a necessidade de falar com outros. Durante algum tempo, isso poderá ser atenuado por um monólogo, em pensamento ou em voz alta, e mesmo pela criação de interlocutores imaginários. Mas, com o prolongamento da situação, a fala e o próprio pensamento deverão ficar desconexos e a pessoa começará a perder o auto- controle. Se a situação não for remediada a tempo, haverá uma desagregação psicológica, acompanhada de descontrole orgânico. O modo de remediá-la é fácil e evidente: basta romper o isolamento em que a pessoa se encontra. Com isso, ela poderá satisfazer a uma necessidade humana básica: comunicar-se. Se, no entanto, duas pessoas desconhecidas entre si forem deixadas no mesmo ambiente com ordens de não trocarem uma palavra e se ignorarem mutuamente, o resultado será diverso. Em breve começarão a aparecer sinais de tensão entre elas e se verificará que é praticamente impossível que uma ignore a presença da outra. Os menores gestos passarão a ser observados atentamente; cada qual procurará interpretar o comportamento do outro e encontra-lhe um sentido. Não demorará muito para que cada um comece a orientar suas atitudes em função das do outro: haverá comunicação entre ambos, por mais que se queira evitá-la. Os gestos e o comportamento dos dois passam a ser mensagens, mesmo involuntárias, e cada qual se converte num emissor e receptor dessas mensagens. De modo geral, nas situações em que há mais de duas pessoas envolvidas (isto é, nos grupos), cada comportamento se orienta em relação ao dos demais. Nos grupos organizados, em que seus membros ocupam posições bem definidas, existem regras que orientam esse Comunicação Empresarial - UVB Faculdade On-line UVB36 comportamento. O que está em jogo é novamente a comunicação, na forma de uma rede entre os membros do grupo, tanto mais complexa quanto maior e mais organizado for o grupo. Nos menores, a comunicação direta entre as pessoas ainda é a predominante. Na convivência de grandes massas humanas (na sociedade tomada como um todo) predomina a comunicação indireta, utilizando veículos que atingem uma multiplicidade de indivíduos dando-lhes uma orientação cotidiana. A partir desses exemplos pode-se concluir que a comunicação é uma necessidade vital humana, tão importante quanto as demais; que os homens tendem a comunicar-se mesmo quando se esforçam em sentido contrário; e que a comunicação é a base de todas as formas de organização social. O ato de Comunicação Língua e Sociedade O caráter social da uma língua já parece ter sido fartamente demonstrado. Entendida como um sistema de signos convencionais que faculta aos membros de uma comunidade a possibilidade de comunicação, acredita-se, hoje, que seu papel seja cada vez mais importante nas relações humanas, razão pela qual seu estudo já envolve modernos processos científicos de pesquisa, interligados às mais novas ciências e técnicas, como, por exemplo, a própria Cibernética. “Entre sociedade e língua, de fato, não há uma relação de mera casualidade. Desde que nascemos, um mundo de signos lingüísticos nos cerca e suas inúmeras possibilidades comunicativas começam a tornar-se reais a partir do momento em que, pela imitação e associação, começamos a formular nossas mensagens. E toda a nossa vida em sociedade supõe um problema de intercâmbio e comunicação que se Comunicação Empresarial - UVB Faculdade On-line UVB37 realiza fundamentalmente pela língua, o meio mais comum de que dispomos para tal. Sons, gestos, imagens, diversos e imprevistos, cercam a vida do homem moderno, compondo mensagens de toda ordem (Henri Lefèbve diria, poeticamente, que ‘niágaras de mensagens caem sobre pessoas mais ou menos interessadas e contagiadas’), transmitidas pelos mais diferentes canis, como a televisão, o cinema, a imprensa, o rádio, o telefone, o telégrafo, os cartazes de propaganda, os desenhos, a música e tantos outros. Em todos, a língua desempenha um papel preponderante, seja em sua forma oral, seja através de seu código substitutivo escrito. E, através dela, o contato com o mundo que nos cerca é permanentemente atualizado. Nas grandes civilizações, a língua é o suporte de uma dinâmica social, que compreende, não só as relações diárias entre os membros da comunidade, como também uma atividade intelectual, que vai desde o fluxo informativo dos meios de comunicação de massa, até a vida cultural, científica ou literária.” (PRETTI, Dino. Sociolingüística: os níveis da fala. São Paulo: Nacional, 1974, p. 7) A Língua Conceitos Básicos Na origem de toda atividade comunicativa do ser humano, está a linguagem, que é a capacidade de se comunicar por meio de uma língua, que é, como lemos no texto de abertura deste capítulo, um sistema de signos convencionais usados pelos membros de uma mesma comunidade. Em outras palavras: um grupo social convenciona e utiliza um conjunto organizado de elementos representativos. Comunicação Empresarial - UVB Faculdade On-line UVB38 Um signo lingüístico é um elemento representativo que apresenta dois aspectos: um significante e um significado, unidos num todo indissolúvel. Ao ouvir a palavra árvore, você reconhece os sons que a formam. Esses sons se identificam com a lembrança deles que está presente em sua memória. Essa lembrança constitui uma verdadeira imagem sonora, armazenada em seu cérebro – é o significante do signo árvore. Ao ouvir essa palavra, você logo mentaliza um “vegetal lenhoso, cujo caule, chamado tronco, só se ramifica bem acima do nível do solo, ao contrário do arbusto, que exibe ramos desde junto ao solo.” Esse conceito, que não se refere a um vegetal particular, mas engloba uma ampla gama de vegetais, é o significado do signo árvore – e também se encontra armazenado em seu cérebro. O signo árvore, portanto, relaciona-se com dois dados de sua memória: uma imagem acústica, correspondente à lembrança de uma seqüência de sons – o significante – e um conceito, um dado do conhecimento humano sobre o mundo – o significado. Ao empregar os signos que formam a nossa língua, você deve obedecer a certas regras de organização que a própria língua lhe oferece.Assim, por exemplo, é perfeitamente possível antepor o signo uma ao signo árvore, formando a seqüência uma árvore. Já a seqüência árvore uma contraria uma regra de organização da língua portuguesa, o que faz com que a rejeitemos. Perceba, pois, que os signos que constituem a língua obedecem a padrões determinados de organização. O conhecimento de uma língua engloba não apenas a identificação de seus signos, mas também o uso adequado de suas regras combinatórias. Como a língua é um patrimônio social, tanto os signos como as formas de combiná-los são conhecidos e acatados pelos membros da comunidade que a emprega. Pode-se dizer, por isso, que a língua é um verdadeiro “contrato” que os indivíduos de um grupo social estabelecem. Acatados os termos desse contrato, a comunicação está garantida. Comunicação Empresarial - UVB Faculdade On-line UVB39 Individualmente, cada pessoa pode utilizar a língua de seu grupo social de uma maneira particular: personalizada, desenvolvendo assim a fala. Observe: você, ao falar ou escrever, dá preferência a determinadas palavras ou construções, seja por hábito, seja por opção consciente. Esse seu modo particular de empregar a língua portuguesa é a sua fala (não confunda com o ato da falar; ao escrever de forma pessoal e única, você também manifesta a sua fala, no sentido científico do termo). Por mais original e criativa que seja, no entanto, sua fala deve ser contida no conjunto mais amplo que é a língua portuguesa; caso contrário, você estará deixando de empregar a nossa língua e não será mais compreendido pelos membros da nossa comunidade. Note, pois, que língua é um conceito amplo e elástico, capaz de abarcar todas as manifestações individuais, todas as falas. Estudar a língua portuguesa é tornar-se apto a utilizá-la com eficiência na produção e interpretação dos textos com que se organiza nossa vida social. Por meio desses estudos, amplia-se o exercício de nossa sociabilidade – e, conseqüentemente, de nossa cidadania, que passa a ser mais lúcida. Ampliam-se também as possibilidades de fruição dos textos, seja pelo simples prazer de saber produzi-los de forma bem feita, seja pela leitura mais sensível e inteligente dos textos literários. Linguagem: é a capacidade humana de comunicar por meio de uma língua. Língua: é um conjunto de signos e formas de combinar esses signos, partilhado pelos membros de uma sociedade. Signo: é um elemento representativo; no caso do signo lingüístico, é a união indissolúvel de um significante e um significado. Fala: é o uso individual da língua, aberto à criatividade e ao desenvolvimento da liberdade de compreensão e expressão. Comunicação Empresarial - UVB Faculdade On-line UVB40 Níveis de Linguagem Para se garantir a eficiência da comunicação, deve o usuário da língua adequá-la às diversas situações de uso. Podemos, de acordo com as relações entre língua e cultura, falar, pois, em níveis de linguagem, isto é, as diversas modalidades lingüísticas usadas no processo da comunicação. Convém distinguir e conceituar essas modalidades: Língua culta ou formal: predominantemente escrita, constitui a base da língua comum ou nacional; Língua coloquial/familiar/informal: especificamente oral, expressão espontânea, não segue rigorosamente as normas gramaticais; Língua comum: escrita ou falada, instrumento da comunicação de um povo, superposta às variedades regionais. Exemplo de Nível Coloquial: “Haja uruca! Em menos de uma semana a maravilhosa Ana Bernardes foi assaltada duas vezes. Primeiro, levaram o carro da moça. E, na segunda- feira passada, passaram a mão no seu cachorrinho de estimação. Ana tava passeando com a filha Mara na Avenida Atlântica (zona sul do Rio de Janeiro) quando se distraiu e o bichinho sumiu. O cachorrinho é da raça beagle e atende por Pasta Chuta.” (Notícias Populares, 07.04.1994, p. 3) Exemplo de Nível Culto: “Os Possessivos A idéia de posse talvez não seja velha como o homem, mas é com Comunicação Empresarial - UVB Faculdade On-line UVB41 certeza muito antiga. Nós todos conhecemos o impulso quase irresistível que nos leva a querer possuir aquilo que nos dá prazer ou nos gratifica psicologicamente. Para usufruir, no entanto, não é indispensável ter integralmente e por tempo indeterminado. A música, o pôr-do-sol, os quadros de uma exposição, o bem-estar, o convívio das crianças, não estão sujeitos a qualquer forma de apropriação e integram, como coisas importantes, a vida de um grande número – felizmente muito grande – de pessoas. Para muita gente, entretanto, isso é insuficiente. Só domínio total satisfaz, o controle absoluto e exclusivo, em que se estabelece uma relação de senhor e escravo, de sujeito e objeto. Esses têm sido chamados, com razão, de possessivos.” (LISBOA, Luís Carlos. Olhos de ver, ouvidos de ouvir. São Paulo; Difel, 1977, p. 150) Na moderna comunicação, considera-se usuário proficiente aquele que, no intercâmbio social, sabe eleger a modalidade que melhor sirva a sua mensagem. Funções da Linguagem A função expressiva ou emotiva, centrada no emissor, exprime a atitude deste em relação ao conteúdo de sua mensagem. Essa função revela a personalidade do emissor, seus juízos e seus sentimentos. Os textos que exprimem essa função são os críticos, subjetivos, “impressionistas”, como as cartas pessoais, as resenhas críticas, a poesia do “eu”, as narrações subjetivas. “Foi este modo de vida que me inutilizou. Sou um aleijado. Devo ter um coração miúdo, lacunas no cérebro, nervos diferentes dos nervos dos outros homens. E um nariz enorme, uma boca enorme, dedos enormes.” (RAMOS, Graciliano. São Bernardo. Rio de Janeiro: Record, 1977, p. 171). Comunicação Empresarial - UVB Faculdade On-line UVB42 Neste texto, a função emotiva está marcada pelos verbos e pronomes em primeira pessoa e pela auto-avaliação pessimista do personagem- narrador. A função conativa ou apelativa é a voltada para o destinatário, que passa a ser o alvo da mensagem e é envolvido diretamente no processo de comunicação. Os textos persuasivos, sedutores, como os da propaganda e da política, são exemplos de função conativa. “Este desafio tem sabor. Ser TAFF MAN é ser determinado, decidido. Ser TAFF MAN é saber que o sucesso só é completo com uma vida saudável. TAFF MAN-e é o complemento alimentar composto de vitaminas, aminoácidos e extratos vegetais aromáticos de guaraná e marapuama, que ajudam você a enfrentar os desafios do dia-a-dia de verbo em popa, na melhor forma física e mental. Seja TAFF-MAN. Beba TAFF-MAN-e todos os dias.” A função conativa pode ser observada pelo uso dos imperativos seja e beba e pelo direcionamento progressivo do texto ao destinatário. Observe também as palavras empregadas para convencer o leitor: “ser determinado, decidido”, “sucesso”, etc. A função referencial está centrada sobre o referente e busca transmitir informações objetivas sobre ele, sem haver juízos pessoais ou persuasão. É a função que predomina nos textos de caráter científico ou jornalístico. “La Colomba Pascale é uma secular tradição italiana que se espalhou pelo mundo, reforçando a simbologia do Espírito Santo, e é presença obrigatória em todas as mesas européias.” Comunicação Empresarial - UVB Faculdade On-line UVB43 O objetivo do texto citado não vai além do que está contido em seu referente: a pura informação. A função poética está centrada na própria mensagem. Ela coloca em evidência o trabalho de construção dos signos. Todo arranjo de seleção e combinação do código que enfatiza o inédito e o inusitado da linguagem acaba realizando a função poética. É a valorizaçãode seus sentidos, dos efeitos de ritmo, tonalidade e sonoridade. A função poética está presente em textos que valorizam a mensagem pela forma da mensagem, como os textos de poesia. Mas a função poética não abrange somente a poesia. Há textos publicitários, por exemplo, que recorrem à função poética, como os anúncios dos cosméticos. Numa adesão à onda ambientalista, a função poética manifesta-se nos anúncios citados pelos efeitos de sonoridade obtidos pela rima entre os vocábulos. No texto poético, a organização da mensagem ganha singular expressividade, como na poesia que segue: “Cerâmica os cacos da vida, colados, formam uma estranha xícara sem uso. Ela nos espia do aparador. (ANDRADE, Carlos Drummond de. Antologia poética. Rio de Janeiro: José Olympio, 1987, p. 201) A função poética na poesia transcrita manifesta-se pelos novos sentidos impressos às palavras “cacos”, “xícara”, “aparador”. Com esse jogo semântico, o poeta questiona o “estar-no-mundo” a que o título Cerâmica empresta certa dinamicidade a de tentar recompor os fragmentos (“cacos”) que se formam com o ir-e-vir da vida. Comunicação Empresarial - UVB Faculdade On-line UVB44 A função poética aparece também na escolha de nomes de pessoas, produtos. Exemplos: Bombril, Peg-Pag, Amor aos pedaços. As função aí se manifesta pela seleção do vocabulário que explica a sonoridade dos fonemas. Observe a repetição do “b” em Bombril e do “p” no Peg- Pag. A função fática está centrada no canal, sobre o suporte físico ou psicológico. O objetivo desse tipo de mensagem é testar o canal, é prolongar, interromper ou retornar a comunicação. São repetições ritualizadas, balbucios, quase ruídos, cacoetes de comunicação. tudo o que numa mensagem serve para estabelecer, a manter ou cortar o contato concerne a essa função. No exemplo seguinte, observe como certas expressões apenas têm a função de manter o canal de comunicação aberto. Lúcio olhou para Ana e tentou: – Fica mais um pouco, entende? – Ah! Não dá, Lu, as crianças... – Estão bem? E o menor? Ficou bom? – É... Graças a Deus. – Está bem... Tchau... – É... Domingo, né? – Tchau, um beijo, né? – Ih! Seu tonto... seu... – Tchau! – Ah! Agora eu vou mesmo, tá? Vou mesmo, viu? Ana pegou a bolsa, enlaçou no ombro e ainda olhou para o namorado: – Você não muda mesmo. É engraçado... não sei... Tchau. Observe as expressões que se prestam a manter contato. Não têm função informativa. Comunicação Empresarial - UVB Faculdade On-line UVB45 A função metalingüística é a que está centrada sobre o código. Tudo o que, numa mensagem, serve para dar explicações ou precisar o código utilizado pelo emissor refere-se a essa função. Textos marcados pela metalinguagem são as definições e as explicações. Estudamos a variedade das funções da língua falada e escrita relacionado as idéias e em todo o processo da comunicação nos deparamos com suas funções que podem, ser classificadas em diferentes tipos para diferentes situações como na comunicação da sua empresa seja no discurso oral ou escrito. Referências Bibliográficas CITELLI, Adilson. Linguagem e persuasão. São Paulo: Ática, 1991 PEREIRA, Gil Carlos. A palavra: expressão e criatividades. São Paulo: Moderna, 1997. Sugestões Bibliográficas BORDENAVE, Juan E. Díaz. O que é comunicação. São Paulo: Brasiliense, 1982.
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