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INTERPRETAÇÃO PRÉ-VESTIBULAR 75PROENEM.COM.BR 10 DICAS PARA INTERPRETAR OS TEXTOS NO ENEM01 1. COMECE SEMPRE A QUESTÃO PELO COMANDO. No ENEM, nem sempre é necessário ler o texto, se você já tem alguma base teórica sobre a estrutura do texto ou sobre o tema envolvido. Nesse sentido, convém analisar primeiro o comando e, caso a resposta seja óbvia, já poderá ser marcada. Em caso de dúvida, leia e releia o texto. Quanto mais questões resolvidas sobre o mesmo assunto, mais simples fica a identificação da alternativa correta. Por isso, a prática constante é tão importante. 2. IDENTIFIQUE A TEORIA POR TRÁS DE CADA QUESTÃO. Muitas questões que parecem se referir a “objetivo do texto” ou “objetivo do autor do texto” na verdade querem saber sobre função textual, tipologia textual, escola literária, características dos gêneros do discurso etc. Por isso, ao dominar conteúdos interpretativos como esses, a interpretação fica muito mais rápida e fácil na hora da prova. Lembre-se que existem modelos de questão e modelos de prova, logo se você dominar esses modelos, será mais fácil acertar com mais rapidez e segurança. 3. IDENTIFIQUE AS ALTERNATIVAS QUE REPRESENTAM A MESMA RESPOSTA E ELIMINE-AS. Na hora da prova, muitas questões costumam apresentar como alternativas respostas que remetem a um mesmo conceito, ou seja, se uma estiver opção estiver certa, a outra também teria de estar. Isso faz com que essas alternativas sejam excludentes entre si, pois a validação de uma ou outra naturalmente anularia a questão. As respostas corretas são únicas e não podem ter sinônimos ou equivalentes em outras opções. 4. NAS QUESTÕES COM TEXTOS NÃO VERBAIS, PROCURE RELACIONAR A RESPOSTA A CADA DETALHE DA IMAGEM. Na maioria das questões que envolvem texto verbal (palavras) e não verbal (imagens), os alunos costumam ter dificuldade, pois acham que a respostas só pode estar nas palavras, o que representa um engano. Uma mesma frase, dependendo da imagem, pode ser uma declaração sincera ou uma ironia, um elogio ou um deboche, por exemplo. Portanto, muitas vezes, a charge, a caricatura, as expressões do personagem ou os detalhes de um cartaz podem contribuir mais para a localização da resposta certa do que o que se lê nas frases materializadas no texto. 5. EM QUESTÕES QUE ENVOLVEM TEXTO LITERÁRIO, PROCURE TER SEMPRE EM MENTE A ESCOLA A QUE PERTENCE A OBRA OU O AUTOR. A poesia e a prosa quando caem numa questão do ENEM, em geral, reforçam marcas comuns de determinados períodos da literatura brasileira. Portanto, se você conhece as características do Romantismo, por exemplo, ao se deparar com um poema dessa fase, já será possível inferir determinados objetivos, intenções, sentimentos ou critérios na escolha de determinados recursos expressivos. 6. EM QUESTÕES DE TEXTO JORNALÍSTICO OU PUBLICITÁRIO, TENHA ATENÇÃO ÀS CARACTERÍSTICAS DO GÊNERO. Os gêneros textuais, de modo geral, apresentam características particulares relacionadas ao objetivo comunicativo de cada um. O tipo de linguagem, o vocabulário, a maior ou menor subjetividade, a ideia de interlocutor, o tamanho do texto, tudo isso configura as mensagens e costuma aparecer em forma de pergunta na prova. Por exemplo, qual o objetivo de se usar uma linguagem mais simples e objetiva num texto jornalístico? Atingir um maior número de interlocutores. Qual o objetivo de se usar humor numa propaganda? Persuadir determinado público a comprar determinado produto. Ou seja, cada gênero costuma já apresentar suas respostas específicas de acordo com a pergunta que é feita ao candidato na hora do exame. 7. EM QUESTÕES SOBRE LINGUAGEM CORPORAL, ATENÇÃO ÀS CARACTERÍSTICAS DA IMAGEM E DO ESPORTE. O ENEM cobra questões de linguagem corporal, ou seja, suas aulas de Educação Física são importantíssimas para ajudar a resolver essas questões. Muitas dessas perguntas costumam requerer mais do seu conhecimento sobre determinados esportes, posições e movimentos do que a própria interpretação do texto. É comum questões perguntando sobre a quantidade de jogadores em certo esporte, sobre o que está acontecendo na imagem de uma quadra, sobre a representação de uma dança, sobre movimentos de alongamento entre outros. 8. EM QUESTÕES SOBRE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO, MUITA ATENÇÃO ÀS CARACTERÍSTICAS DOS SUPORTES ENVOLVIDOS. Outro item importante presente nos editais do ENEM é a cobrança do conhecimento sobre a tecnologia da informação. Mas o que isso significa? Você vai interpretar textos sobre os recursos que a humanidade em utilizado para se comunicar em nossa cultura. Telegrama, carta, Twitter, Facebook, Direct... tudo pode se transformar em questão e você precisa estar preparado para reconhecer semelhanças e diferenças entre essas tecnologias. Em que o telegrama do passado se assemelha ao nosso Twitter, por exemplo? O tipo de linguagem direta e com um mínimo de caracteres. Em que se difere um facebook com sua linha do tempo e um diário? O objetivo de registros coletivos ou privados. Enfim, tais questões não costumam apresentar alto grau de dificuldade, porém assustam os candidatos que não esperam curiosidades como essas em suas provas. R ep ro du çã o pr oi bi da A rt . 1 84 d o CP . PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR76 INTERPRETAÇÃO 01 10 DICAS PARA INTERPRETAR OS TEXTOS NO ENEM 9. RESOLVA O MÁXIMO POSSÍVEL DE QUESTÕES E JUSTIFIQUE AS ALTERNATIVAS ERRADAS. Estudar anotando é o melhor caminho para a maioria dos candidatos. Como o modelo de questão estabelecido pelo Inep não manda o candidato assinalar a alternativa ERRADA - só se pode perguntar pela opção correta – muitos candidatos se habituaram a só anotar ou compreender a justificativa da certa, quando na verdade justificar a razão de as outras opções estarem erradas é tão importante quanto. Portanto, a melhor maneira de se estudar interpretação para superar grandes dificuldades é se perguntar “Por que sim?” e “Por que não?” e anotar ou destacar em cada opção a razão de sua classificação como certa ou errada, adequada ou inadequada. 10. NÃO DESANIME COM OS ERROS NO COMEÇO. REFAÇA, ENTENDA E VENÇA. Intepretação é relevante não só para as provas de humanas, mas para todas as áreas de conhecimento cobradas na prova do ENEM. Desse modo, só é possível realizar uma boa prova, interpretando bem. E cada banca tem seu estilo de criar suas questões de interpretação. Por isso, não basta estudar o conteúdo das matérias apenas. Você precisa, na verdade, praticar o máximo de questões em cada área. Muitas vezes, você vai perceber que pode errar uma questão mesmo dominando seu conteúdo, o que ocorre pois o problema não está na teoria do assunto, mas na sua prática de resolução. Nesse sentido, é muito importante resolver muita questão e não desanimar com os erros. Errar é natural e faz parte do processo de aprendizagem, portanto, valorize seus acertos e use suas respostas erradas como roteiro para avaliar-se, traçar estratégias para melhoria e maior capacitação. PROTREINO EXERCÍCIOS 01. Explique a importância da Educação Física para o ENEM. 02. Justifique a relevância dos textos jornalísticos para o ENEM. 03. Identifique como a tecnologia é cobrada na prova de Linguagens do ENEM. 04. Justifique a relação entre texto e imagem nas questões do ENEM. 05. Explique como o aluno encontra a teoria por trás da questão apresentada no ENEM. PROPOSTOS EXERCÍCIOS 01. (ENEM/2010) Em uma reportagem a respeito da utilização do computador, um jornalista posicionou-se da seguinte forma: A humanidade viveu milhares de anos sem o computador e conseguiu se virar. Um escritor brasileiro disse com orgulho que ainda escreve a máquina ou a mão; que precisa do contato físico com o papel. Um profissional liberal refletiu que o computador não mudou apenas a vida de algumas pessoas, ampliando a oferta de pesquisa e correspondência, mudou a carreira de todo mundo. Um professor arrematou que todas as disciplinas hoje não podem serimaginadas sem os recursos da computação e, para um físico, ele é imprescindível para, por exemplo, investigar a natureza subatômica. Como era a vida antes do computador? OceanAir em Revista. n° 1, 2007 (adaptado). Entre as diferentes estratégias argumentativas utilizadas na construção de textos, no fragmento, está presente a) a comparação entre elementos. b) a reduplicação de informações. c) o confronto de pontos de vista. d) a repetição de conceitos. e) a citação de autoridade. 02. (ENEM/2010) Estamos em plena “Idade Mídia” desde os anos de 1990, plugados durante muitas horas semanais (jovens entre 13 e 24 anos passam 3h30 diárias na Internet, garante pesquisa Studio Ideias para o núcleo Jovem da Editora Abril), substituímos as cartas pelos e-mails, os diários intímos pelos blogs, os telegramas pelo Twitter, a enciclopédia pela Wikipédia, o álbum de fotos pelo Flickr. O YouTube é mais atraente do que a TV. PERISSÉ, G. A escrita na Internet. Especial Sala de Aula. São Paulo, 2010 (fragmento). Cada sistema de comunicação tem suas especificidades. No ciberespaço, os textos virtuais são produzidos combinando-se características de gêneros tradicionais. Essa combinação representa, a) na redação do e-mail, o abandono da formalidade e do rigor gramatical. b) no uso do Twitter, a presença da concisão, que aproxima os textos às manchetes jornalísticas. c) na produção de um blog, a perda da privacidade, pois o blog se identifica com o diário íntimo. d) no uso do Twitter, a falta de coerência nas mensagens ali veiculadas, provocada pela economia de palavras. e) na produção de textos em geral, a soberania da autoria colaborativa no ciberespaço. 03. (ENEM/2010) Prima Julieta Prima Julieta irradiava um fascínio singular. Era a feminilidade em pessoa. Quando a conheci, sendo ainda garoto e já sensibilíssimo ao charme feminino, teria ela uns trinta ou trinta e dois anos de idade. Apenas pelo seu andar percebia-se que era uma deusa, diz Virgílio de outra mulher. Prima Julieta caminhava em ritmo lento, agitando a cabeça para trás, remando os belos braços brancos. A cabeleira loura incluía reflexos metálicos. Ancas poderosas. Os olhos de um verde azulado borboleteavam. A voz rouca e ácida, em dois planos: voz de pessoa da alta sociedade. MENDES, M. A idade do serrote. Rio de Janeiro: Sabiá, 1968. Entre os elementos constitutivos dos gêneros, está o modo como se organiza a própria composição textual, tendo-se em vista o objetivo de seu autor: narrar, descrever, argumentar, explicar, instruir. No trecho, reconhece-se uma sequência textual a) explicativa, em que se expõem informações objetivas referentes à prima Julieta. b) instrucional, em que se ensina o comportamento feminino, inspirado em prima Julieta. c) narrativa, em que se contam fatos que, no decorrer do tempo, envolvem prima Julieta. d) descritiva, em que se constrói a imagem de prima Julieta a partir do que os sentidos do enunciador captam. e) argumentativa, em que se defende a opinião do enunciador sobre prima Julieta, buscando-se a adesão do leitor a essas ideias. 04. (ENEM/2010) O Arlequim, o Pierrô, a Brighella ou a Colombina são personagens típicos de grupos teatrais da Commedia dell’art, que, há anos, encontram-se presentes em marchinhas e fantasias de carnaval. Esses grupos teatrais seguiam, de cidade em cidade, com faces e disfarces, fazendo suas críticas, declarando seu amor R ep ro du çã o pr oi bi da A rt . 1 84 d o CP . PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR 01 10 DICAS PARA INTERPRETAR OS TEXTOS NO ENEM 77 INTERPRETAÇÃO por todas as belas jovens e, ao fi nal da apresentação, despediam- se do público com músicas e poesias. A intenção desses atores era expressar sua mensagem voltada para a a) crença na dignidade do clero e na divisão entre o mundo real e o espiritual. b) ideologia de luta social que coloca o homem no centro do processo histórico. c) crença na espiritualidade e na busca incansável pela justiça social dos feudos. d) ideia de anarquia expressa pelos trovadores iluministas do início do século XVI. e) ideologia humanista com cenas centradas no homem, na mulher e no cotidiano. 05. (ENEM/2010) XAVIER, C. Disponível em: http://www.releituras.com. Acesso em: 03 set. 2010. Considerando a relação entre os usos oral e escrito da língua, tratada no texto, verifi ca-se que a escrita a) modifi ca as ideias e intenções daqueles que tiveram seus textos registrados por outros. b) permite, com mais facilidade, a propagação e a permanência de ideias ao longo do tempo. c) fi gura como um modo comunicativo superior ao da oralidade. d) leva as pessoas a desacreditarem nos fatos narrados por meio da oralidade. e) tem seu surgimento concomitante ao da oralidade. 06. (ENEM/2010) APADRINHE. IGUAL AO JOÃO, MILHARES DE CRIANÇAS TAMBÉM PRECISAM DE UM MELHOR AMIGO. SEJA O MELHOR AMIGO DE UMA CRIANÇA. Anúncio assinado pelo Fundo Cristão para Crianças CCF-Brasil. Revista IstoÉ. São Paulo: Três, ano 32, n° 2079, 16 set. 2009. Pela forma como as informações estão organizadas, observa-se que, nessa peça publicitária, predominantemente, busca-se a) conseguir a adesão do leitor à causa anunciada. b) reforçar o canal de comunicação com o interlocutor. c) divulgar informações a respeito de um dado assunto. d) enfatizar os sentimentos e as impressões do próprio enunciador. e) ressaltar os elementos estéticos, em detrimento do conteúdo veiculado. 07. (ENEM/2010) No Brasil colonial, os portugueses procuravam ocupar e explorar os territórios descobertos, nos quais viviam índios, que eles queriam cristianizar e usar como força de trabalho. Os missionários aprendiam os idiomas dos nativos para catequizá- los nas suas próprias línguas. Ao longo do tempo, as línguas se influenciaram. O resultado desse processo foi a formação de uma língua geral, desdobrada em duas variedades: o abanheenga, ao sul, e o nheengatu, ao norte. Quase todos se comunicavam na língua geral, sendo poucos aqueles que falavam apenas o português. De acordo com o texto, a língua geral formou-se e consolidou- se no contexto histórico do Brasil-Colônia. Portanto, a formação desse idioma e suas variedades foi condicionada a) pelo interesse dos indígenas em aprender a religião dos portugueses. b) pelo interesse dos portugueses em aprimorar o saber linguístico dos índios. c) pela percepção dos indígenas de que as suas línguas precisavam aperfeiçoar-se. d) pelo interesse unilateral dos indígenas em aprender uma nova língua com os portugueses. e) pela distribuição espacial das línguas indígenas, que era anterior à chegada dos portugueses. 08. (ENEM/2010) Por volta do ano de 700 a.C., ocorreu um importante invento na Grécia: o alfabeto. Com isso, tornou- se possível o preenchimento da lacuna entre o discurso oral e o escrito. Esse momento histórico foi preparado ao longo de aproximadamente três mil anos de evolução e da comunicação não alfabética até a sociedade grega alcançar o que Havelock chama de um novo estado de espírito, “o espírito alfabético”, que originou uma transformação qualitativa da comunicação humana. As tecnologias da informação com base na eletrônica (inclusive a imprensa eletrônica) apresentam uma capacidade de armazenamento. Hoje, os textos eletrônicos permitem flexibilidade e feedback, interação e reconfi guração de texto muito maiores e, dessa forma, também alteram o próprio processo de comunicação. CASTELLS, M. A. Era da informação: economia, sociedade e cultura. São Paulo: Paz e Terra, 1999 (adaptado). Com o advento do alfabeto, ocorreram, ao longo da história, várias implicações socioculturais. Com a Internet, as transformações na comunicação humana resultam a) da descoberta da mídia impressa, por meio da produção de livros, revistas, jornais. b) do esvaziamento da cultura alfabetizada, que, na era da informação, está centrada no mundo dos sons e das imagens. c) da quebra das fronteiras do tempo e do espaço na integração das modalidades escrita, orale audiovisual. d) da audiência da informação difundida por meio da TV e do rádio, cuja dinâmica favorece o crescimento da eletrônica. e) da penetrabilidade da informação visual, predominante na mídia impressa, meio de comunicação de massa. R ep ro du çã o pr oi bi da A rt . 1 84 d o CP . PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR78 INTERPRETAÇÃO 01 10 DICAS PARA INTERPRETAR OS TEXTOS NO ENEM 09. (ENEM/2010) CURRÍCULO Identifi cação Pessoal [Nome Completo] Brasileiro, [Estado Civil], [Idade] anos [Endereço – Rua/Av. + Número + Complemento] [Bairro] – [Cidade] – [Estado] Telefone: [Telefone com DDD] / E-mail: [E-mail] Objetivo [Cargo pretendido] Formação Experiência Profi ssional [Período] – Empresa Cargo: Principais atividades: Qualifi cação Profi ssional [Descrição] ([Local], conclusão em [Ano de Conclusão do Curso ou Atividade]). Informações Adicionais [Descrição Informação Adicional] A busca por emprego faz parte da vida de jovens e adultos. Para tanto, é necessário estruturar o currículo adequadamente. Em que parte da estrutura do currículo deve ser inserido o fato de você ter sido premiado com o título de “Aluno Destaque do Ensino Médio – Menção Honrosa”? a) Identifi cação pessoal. b) Formação. c) Experiência Profi ssional. d) Informações Adicionais. e) Qualifi cação Profi ssional. 10. (ENEM/2010) Revista Nova Escola. São Paulo: Abril, ago. 2009. Esse texto é uma propaganda veiculada nacionalmente. Esse gênero textual utiliza-se da persuasão com uma intencionalidade específi ca. O principal objetivo desse texto é a) comprovar que o avanço da dengue no país está relacionado ao fato de a população desconhecer os agentes causadores. b) convencer as pessoas a se mobilizarem, com o intuito de eliminar os agentes causadores da doença. c) demonstrar que a propaganda tem um caráter institucional e, por essa razão, não pretende vender produtos. d) informar à população que a dengue é uma doença que mata e que, por essa razão, deve ser combatida. e) sugerir que a sociedade combata a doença, observando os sintomas apresentados e procurando auxílio médico. 11. Tampe a panela Parece conselho de mãe para a comida não esfriar, mas a ciência explica como é possível ser um cidadão ecossustentável adotando o simples ato de tampar a panela enquanto esquenta a água para o macarrão ou para o cafezinho. Segundo o físico Cláudio Furukawa, da USP, a cada minuto que a água ferve em uma panela sem tampa, cerca de 20 gramas do líquido evaporam. Com o vapor, vão embora 11 mil calorias. Como o poder de conferir calor do GLP, aquele gás utilizado no botijão de cozinha, é de 11 mil calorias por grama, será preciso 1 grama a mais de gás por minuto para aquecer a mesma quantidade de água. Isso pode não parecer nada para você ou para um botijão de 13 quilos, mas imagine o potencial de devastação que um cafezinho despretensioso e sem os devidos cuidados pode provocar em uma população como a do Brasil: 54,6 toneladas de gás desperdiçado por minuto de aquecimento da água, considerando que cada família brasileira faça um cafezinho por dia. Ou 4 200 botijões desperdiçados. Superinteressante. São Paulo: Abril, n° 247, dez. 2007. Segundo o físico da USP, Cláudio Furukawa, é possível ser um cidadão ecossustentável adotando atos simples. É um argumento utilizado pelo físico, para sustentar a ideia de que podemos contribuir para melhorar a qualidade de vida no planeta, a) tampar a panela para a comida não esfriar, seguindo os conselhos da mãe. b) reduzir a quantidade de calorias, fervendo a água em recipientes tampados. c) analisar o calor do GLP, enquanto a água estiver em processo de ebulição. d) aquecer líquidos utilizando os botijões de 13 quilos, pois consomem menos. e) diminuir a chama do fogão, para aquecer quantidades maiores de líquido. 12. O contato com textos exercita a capacidade de reconhecer os fi ns para os quais este ou aquele texto é produzido. Esse texto tem por fi nalidade a) apresentar um conteúdo de natureza científi ca. b) divulgar informações da vida pessoal do pesquisador. c) anunciar um determinado tipo de botijão de gás. d) solicitar soluções para os problemas apresentados. e) instruir o leitor sobre como utilizar corretamente o botijão. 13. Onde fi cam os “artistas”? Onde fi cam os “artesãos”? Submergidos no interior da sociedade, sem reconhecimento formal, esses grupos passam a ser vistos de diferentes perspectivas pelos seus intérpretes, a maioria das vezes, engajados em discussões que se polarizam entre artesanato, cultura erudita e cultura popular. PORTO ALEGRE, M. S. Arte e ofício de artesão. São Paulo, 1985 (adaptado). O texto aponta para uma discussão antiga e recorrente sobre o que é arte. Artesanato é arte ou não? De acordo com uma tendência inclusiva sobre a relação entre arte e educação, a) o artesanato é algo do passado e tem sua sobrevivência fadada à extinção por se tratar de trabalho estático produzido por poucos. b) os artistas populares não têm capacidade de pensar e conceber a arte intelectual, visto que muitos deles sequer dominam a leitura. R ep ro du çã o pr oi bi da A rt . 1 84 d o CP . PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR 01 10 DICAS PARA INTERPRETAR OS TEXTOS NO ENEM 79 INTERPRETAÇÃO c) o artista popular e o artesão, portadores de saber cultural, têm a capacidade de exprimir, em seus trabalhos, determinada formação cultural. d) os artistas populares produzem suas obras pautados em normas técnicas e educacionais rígidas, aprendidas em escolas preparatórias. e) o artesanato tem seu sentido limitado à região em que está inserido como uma produção particular, sem expansão de seu caráter cultural. 14. O American Idol islâmico Quem não gosta do Big Brother diz que os reality shows são programas vazios, sem cultura. No mundo árabe, esse problema já foi resolvido: em The Millions’ Poet (“O Poeta dos Milhões”), líder de audiência no golfo pérsico, o prêmio vai para o melhor poeta. O programa, que é transmitido pela Abu Dhabi TV e tem 70 milhões de espectadores, é uma competição entre 48 poetas de 12 países árabes — em que o vencedor leva um prêmio de US$ 1,3 milhão. Mas lá, como aqui, o reality gera controvérsia. O BBB teve a polêmica dos “coloridos” (grupo em que todos os participantes eram homossexuais). E Millions’ Poet detonou uma discussão sobre os direitos da mulher no mundo árabe. GARATTONI, B. O American Idol islâmico. SuperInteressante. Edição 278, maio 2010 (fragmento). No trecho “Mas lá, como aqui, o reality gera controvérsia”, o termo destacado foi utilizado para estabelecer uma ligação com outro termo presente no texto, isto é, fazer referência ao a) vencedor, que é um poeta árabe. b) poeta, que mora na região da Arábia. c) mundo árabe, local em que há o programa. d) Brasil, lugar onde há o programa BBB. e) programa, que há no Brasil e na Arábia. 15. Calvin apresenta a Haroldo (seu tigre de estimação) sua escultura na neve, fazendo uso de uma linguagem especializada. Os quadrinhos rompem com a expectativa do leitor, porque a) Calvin, na sua última fala, emprega um registro formal e adequado para a expressão de uma criança. b) Haroldo, no último quadrinho, apropria-se do registro linguístico usado por Calvin na apresentação de sua obra de arte. c) Calvin emprega um registro de linguagem incompatível com a linguagem de quadrinhos. d) Calvin, no último quadrinho, utiliza um registro linguístico informal. e) Haroldo não compreende o que Calvin lhe explica, em razão do registro formal utilizado por este último. 16. (Enem 2018) A internet proporcionou o surgimento de novos paradigmas sociais e impulsionou a modifi cação de outros já estabelecidos nas esferas da comunicação e da informação. A principal consequência criticada na tirinha sobre esse processo é a a) criação de memes. b) ampliação da blogosfera. c) supremacia das ideias cibernéticas. d) comercialização de pontos de vista. e) banalização do comércio eletrônico. 17.(ENEM 2018) A utilização de determinadas variedades linguísticas em campanhas educativas tem a função de atingir o público-alvo de forma mais direta e efi caz. No caso desse texto, identifi ca-se essa estratégia pelo(a) a) discurso formal da língua portuguesa. b) registro padrão próprio da língua escrita. c) seleção lexical restrita à esfera da medicina. d) fi delidade ao jargão da linguagem publicitária. e) uso de marcas linguísticas típicas da oralidade. 18. (ENEM 2018) R ep ro du çã o pr oi bi da A rt . 1 84 d o CP . PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR80 INTERPRETAÇÃO 01 10 DICAS PARA INTERPRETAR OS TEXTOS NO ENEM Essa imagem ilustra a reação dos celíacos (pessoas sensíveis ao glúten) ao ler rótulos de alimentos sem glúten. Essas reações indicam que, em geral, os rótulos desses produtos a) trazem informações explícitas sobre a presença do glúten. b) oferecem várias opções de sabor para esses consumidores. c) classificam o produto como adequado para o consumidor celíaco. d) influenciam o consumo de alimentos especiais para esses consumidores. e) variam na forma de apresentação de informações relevantes para esse público. 19. (ENEM 2018) TEXTO I TEXTO II Imaginemos um cidadão, residente na periferia de um grande centro urbano, que diariamente acorda às 5h para trabalhar, enfrenta em média 2 horas de transporte público, em geral lotado, para chegar às 8h ao trabalho. Termina o expediente às 17h e chega em casa às 19h para, aí sim, cuidar dos afazeres domésticos, dos filhos etc. Como dizer a essa pessoa que ela deve praticar exercícios, pois é importante para sua saúde? Como ela irá entender a mensagem da importância do exercício físico? A probabilidade de essa pessoa praticar exercícios regularmente é significativamente menor que a de pessoas da classe média/alta que vivem outra realidade. Nesse caso, a abordagem individual do problema tende a fazer com que a pessoa se sinta impotente em não conseguir praticar exercícios e, consequentemente, culpada pelo fato de ser ou estar sedentária. FERREIRA, M. S. Aptidão física e saúde na educação física escolar: ampliando o enfoque. RBCE, n. 2, jan. 2001 (adaptado). O segundo texto, que propõe uma reflexão sobre o primeiro acerca do impacto de mudanças no estilo de vida na saúde, apresenta uma visão a) medicalizada, que relaciona a prática de exercícios físicos por qualquer indivíduo à promoção da saúde. b) ampliada, que considera aspectos sociais intervenientes na prática de exercícios no cotidiano. c) crítica, que associa a interferência das tarefas da casa ao sedentarismo do indivíduo. d) focalizada, que atribui ao indivíduo a responsabilidade pela prevenção de doenças. e) geracional, que preconiza a representação do culto à jovialidade. 20. (ENEM 2018) A fotografia exibe a fachada de um supermercado em Foz do Iguaçu, cuja localização transfronteiriça é marcada tanto pelo limite com Argentina e Paraguai quanto pela presença de outros povos. Essa fachada revela o(a) a) pagamento da identidade linguística. b) planejamento linguístico no espaço urbano. c) presença marcante da tradição oral na cidade. d) disputa de comunidades linguísticas diferentes. e) poluição visual promovida pelo multilinguismo. 05. APROFUNDAMENTO EXERCÍCIOS DE 01. (UNESP 2014) Horror a aprender Se quiséssemos numa fórmula definir a mentalidade mais ou menos generalizada dos que militam na vida literária brasileira, não lograríamos descobrir outra que melhor se prestasse do que esta: horror a aprender. Nosso autodidatismo enraizado, nossa falta de hábito universitário, fazem com que aprender, entre nós, seja motivo de inferioridade intelectual. Ninguém gosta de aprender. Ninguém se quer dar ao trabalho de aprender. Porque já se nasce sabendo. Todos somos mestres antes de ser discípulos. Aprender o quê? Pois já sabemos tudo de nascença! Ignoramos essa verdade de extrema sabedoria: só os bons discípulos dão grandes mestres, e só é bom mestre quem foi um dia bom discípulo e continua com o espírito aberto a um perpétuo aprendizado. Quem sabe aprender sabe ensinar, e só quem gosta de aprender tem o direito de dar lições. Como pode divulgar e orientar conhecimentos quem mantém o espírito impermeável a qualquer aprendizagem? Nossos jovens intelectuais, em sua maioria, primam pelo pedantismo, autossuficiência e falta de humildade de espírito. São mestres antes de ter sido discípulos. Saber não os preocupa, estudar, ninguém lhes viu os estudos. É só meter-lhes na mão uma pena e cair-lhes ao alcance uma coluna de jornal, e lá vem doutrinação leviana e prosa de meia-tigela. Não lhes importa verificar se estão arrombando portas abertas ou chovendo no molhado. (No hospital das letras, 1963.) R ep ro du çã o pr oi bi da A rt . 1 84 d o CP . PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR 01 10 DICAS PARA INTERPRETAR OS TEXTOS NO ENEM 81 INTERPRETAÇÃO Indique a contradição da personagem mais nova da tira em pretender criar um blog intelectual sobre Saramago. 02. (FGV 2014) Os enunciados de uma obra científica e, na maioria dos casos, de notícias, reportagens, cartas, diários etc., constituem juízos, isto é, as objectualidades puramente intencionais pretendem corresponder, adequar-se exatamente aos seres reais (ou ideias, quando se trata de objetos matemáticos, valores, essências, leis etc.) referidos. Fala-se então de “adequatio orationis ad rem”*. Há nestes enunciados a intenção séria de verdade. Precisamente por isso pode-se falar, nestes casos, de enunciados errados ou falsos e mesmo de mentira e fraude, quando se trata de uma notícia ou reportagem em que se pressupõe intenção séria. O termo “verdade”, quando usado com referência a obras de arte ou de ficção, tem significado diverso. Designa com frequência qualquer coisa como a genuinidade, sinceridade ou autenticidade (termos que, em geral, visam à atitude subjetiva do autor); ou a verossimilhança, isto é, na expressão de Aristóteles, não a adequação àquilo que aconteceu, mas àquilo que poderia ter acontecido; ou a coerência interna no que tange ao mundo imaginário das personagens e situações miméticas; ou mesmo a visão profunda - de ordem filosófica, psicológica ou sociológica - da realidade. Até neste último caso, porém, não se pode falar de juízos no sentido preciso. Seria incorreto aplicar aos enunciados fictícios critérios de veracidade cognoscitiva. [...] Os mesmos padrões que funcionam muito bem no mundo mágico-demoníaco do conto de fadas revelam-se falsos e caricatos quando aplicados à representação do universo profano da nossa sociedade atual [...]. “Falso” seria também um prédio com portal e átrio de mármore que encobrissem apartamentos miseráveis. É esta incoerência que é “falsa”. Mas ninguém pensaria em chamar de falso um autêntico conto de fadas, apesar de o seu mundo imaginário corresponder muito menos à realidade empírica do que o de qualquer romance de entretenimento. Anatol Rosenfeld, literatura e personagem. In: A. Candido et. al. A personagem de ficção. * adequatio orationis ad rem: adequação da linguagem ao assunto. Atenda ao que se pede: a) A natureza do texto justifica a citação da frase latina, tendo em vista que ela é corrente em textos de Retórica? Justifique sua resposta. b) No contexto, o que se entende por “situações miméticas” (2º. parágrafo)? 03. (PUCRJ 2017) Texto 1 O afeto em Freud “Se eu nos sonhos sinto medo de uns ladrões, os ladrões são por certo imaginários, mas o medo é real, e ocorre o mesmo quando me regozijo nos sonhos” (Freud, 1900/1976, p. 458). Prestar atenção aos afetos parecia a Freud ser um bom caminho para entender a natureza da alma humana. Para compreender um sonho, por exemplo, ele seguia os afetos nas séries de representações. O mesmo acontecia nos encontros com seus pacientes: as variações afetivas, das paixões intensas às hostilidades ao psicanalista e ao tratamentoem geral, indicavam-lhe que direção dar ao tratamento. Texto adaptado de WINOGRAD, Monah & TEIXEIRA, Leônia Cavalcanti. Afeto e adoecimento do corpo: considerações psicanalíticas. In: Ágora: Estudos e Teoria Psicanalítica. Vol.14 nº 2 Rio de Janeiro, July/Dec. 2011. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-14982011000200001 - acesso em 30/06/2016 Texto 2 Vários estudos constataram uma dimensão profunda do contato físico, separada da função discriminativa. Esse sistema recém- descoberto, chamado pelos pesquisadores de toque afetivo ou emocional, é composto por fibras nervosas acionadas exatamente pelo tipo de carícia amorosa que uma mãe faz em seu filho. A constatação é que as bases neurobiológicas do afeto desempenham papel muito mais significativo no comportamento humano do que acreditávamos, a ponto de estreitar laços e até mesmo aumentar as chances de sobrevivência. Essas fibras podem também ajudar o psiquismo a construir e a integrar a percepção de si e do outro, informando a consciência sobre nosso próprio corpo e a habilidade de nos relacionarmos. “O toque afetivo pode ajudar na compreensão do desenvolvimento do cérebro social; para a maioria das pessoas, o gesto permite que o sistema neural reconheça a si mesmo e tome contato com o outro”, diz o neurocientista Francis McGlone, pesquisador da Universidade John Moores Liverpool, na Inglaterra. “Do ponto de vista emocional, uma carícia suave nutre e sustenta boa parte da interação social.” DENWORTH, Lydia. O poder do toque. In: Revista Mente e Cérebro, Ano XI, nº 274. p. 21-22. Ed. Segmento. a) Explique, de acordo com o Texto 1, o que há em comum entre o processo de compreensão dos sonhos e a indicação de tratamento para pacientes, no que diz respeito à conduta de Freud. b) Indique que elemento relacionado a afeto é apresentado no Texto 2 e aponte uma de suas utilidades no dia a dia do ser humano. R ep ro du çã o pr oi bi da A rt . 1 84 d o CP . PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR82 INTERPRETAÇÃO 01 10 DICAS PARA INTERPRETAR OS TEXTOS NO ENEM 04. (FUVEST 2016) Leia este texto. É conhecida a raridade de diários íntimos na sociedade escravocrata do Brasil colonial e imperial, em comparação com a frequência com que surgem noutra sociedade do mesmo feitio, o velho Sul dos Estados Unidos. Gilberto Freire reparou na diferença, atribuindo-a ao catolicismo do brasileiro e ao protestantismo do americano: aquele podia recorrer ao confessionário, mas a este só restava o refúgio do papel. Esta é também a explicação que oferece Georges Gusdorf, na base de uma comparação mais ampla dos textos autobiográficos produzidos nos países da Reforma e da Contrarreforma. Ao passo que no catolicismo o exame de consciência está tutelado na confissão pela autoridade sacerdotal, no protestantismo, ele não está submetido à interposta pessoa. Evaldo C. de Mello, “Diários e ‘livros de assentos’”. In: Luiz Felipe de Alencastro (org.), História da vida privada no Brasil - 2. a) De acordo com o texto, em que grupo de países os diários íntimos surgiam com maior frequência e por que isso ocorria? b) A que expressões do texto se referem, respectivamente, os termos sublinhados no trecho “ele não está submetido à interposta pessoa”? 05. (UNESP 2018) Leia o trecho do livro O maior espetáculo da Terra, do biólogo britânico Richard Dawkins (1941- ), para responder às questões. A seleção natural impele espécies predadoras a tornarem-se cada vez melhores em apanhar presas, e simultaneamente impele espécies que são caçadas a tornarem-se cada vez melhores em escapar dos caçadores. Predadores e presas apostam uma corrida armamentista evolucionária, disputada no tempo evolucionário. O resultado tem sido uma constante escalada na quantidade de recursos econômicos que os animais, dos dois lados, despendem na corrida armamentista, em detrimento de outros departamentos de sua economia corporal. Caçadores e caçados tornam-se cada vez mais bem equipados para correr mais do que (ou surpreender, ou sobrepujar em astúcia etc.) o outro lado. Mas um equipamento aprimorado para correr mais não se traduz obviamente em mais sucesso numa corrida, pela simples razão de que, numa corrida armamentista, o outro lado também está aprimorando seu equipamento: essa é a marca registrada das corridas armamentistas. Poderíamos dizer, como explicou a Rainha de Copas a Alice, que eles correm o mais rápido possível para não sair do lugar. Darwin tinha plena noção das corridas armamentistas evolucionárias, embora não usasse essa expressão. Meu colega John Krebs e eu publicamos um artigo sobre o tema em 1979, no qual atribuímos a expressão “corrida armamentista” ao biólogo britânico Hugh Cott. Talvez significativamente, Cott publicou seu livro, Adaptive coloration in animals, em 1940, em plena Segunda Guerra Mundial: Antes de afirmar que a aparência enganosa de um gafanhoto ou borboleta é desnecessariamente detalhada, devemos verificar primeiro quais são os poderes de percepção e discriminação dos inimigos naturais desses insetos. Não fazê-lo é como dizer que a blindagem de um cruzador é pesada demais ou que seu conjunto de canhões é demasiado grande, sem investigar a natureza e a eficácia do armamento do inimigo. O fato é que, na primeva1 luta da selva, assim como nos refinamentos da guerra civilizada, vemos em progresso uma grande corrida armamentista evolucionária — cujos resultados, para a defesa, manifestam-se em recursos como velocidade, estado de alerta, couraça, coloração, hábitos subterrâneos, hábitos noturnos, secreções venenosas e gosto nauseante; e, para o ataque, em atributos compensadores como velocidade, surpresa, emboscada, atração, acuidade visual, garras, dentes, ferrões, presas venenosas e coloração atrativa. Assim como a velocidade do perseguido desenvolveu-se em relação a um aumento na velocidade do perseguidor, ou uma couraça defensiva em relação a armas ofensivas, também a perfeição de recursos de disfarce evoluiu em resposta a poderes crescentes de percepção. Saliento que a corrida armamentista é disputada no tempo evolucionário. Não deve ser confundida com as corridas entre, por exemplo, um guepardo individual e uma gazela individual, que é disputada em tempo real. A corrida no tempo evolucionário é uma corrida que desenvolve equipamento para as corridas em tempo real. E o que isso realmente significa é que os genes para produzir o equipamento destinado a vencer o adversário em esperteza ou velocidade acumulam-se nos reservatórios gênicos de ambos os lados. (O maior espetáculo da Terra, 2009. Adaptado.) 1primevo: antigo, primitivo. a) Explique sucintamente o que o autor entende por “corrida armamentista evolucionária”. b) De que forma a fala da Rainha de Copas a Alice – “eles correm o mais rápido possível para não sair do lugar” (1º parágrafo) – relaciona-se com a “marca registrada das corridas armamentistas” (1º parágrafo)? GABARITO EXERCÍCIOS PROPOSTOS 01. C 02. B 03. D 04. E 05. B 06. A 07. E 08. C 09. D 10. B 11. B 12. A 13. C 14. C 15. D 16. D 17. E 18. E 19. B 20. B EXERCÍCIOS DE APROFUNDAMENTO 01. A completa falta de informação da personagem sobre Saramago, escritor amplamente conhecido no meio intelectual, é contraditória com a intenção de criar um blog sobre ele. 02. a) Sim, pois a expressão latina comum a textos relativos aos assuntos da retórica, “adequatio orationis ad rem,” refere-se aos aspectos linguísticos de produções de diversas naturezas textuais, como ocorre no texto de Anatol Rosenfeld. b) A expressão “situações miméticas” sugere a reprodução de situações de forma verossímil, ou seja, a recriação harmônica entre os elementos fantasiosos ou imaginários que são determinantes no texto. 03. a) No texto, vemos que Freud seguia os afetos tanto para compreender um sonho, quanto para pensar em um tratamento para os pacientes. Ou seja, seguindo “os afetos nas séries de representações”, Freud conseguiacompreender um sonho e percebendo as variações afetivas dos seus pacientes, Freud conseguia pensar em uma direção para o tratamento. b) No texto II, a autora vai tratar do “poder do toque”, colocando o toque físico como elemento relacionado ao afeto. Logo no primeiro parágrafo ela cita várias utilidades do contato físico, tais como estreitar laços, aumentar as chances de sobrevivência e ajudar o psiquismo a construir e a integrar a percepção de si e do outro. 04. B a) Segundo o autor, os diários íntimos surgiam com maior frequência nos países em que a Reforma Protestante se consolidou, pois os adeptos dessa nova corrente religiosa, que não contempla o ato da confissão, não podiam recorrer à autoridade sacerdotal para fazer exame de consciência. Assim, recorriam com frequência à escrita de textos autobiográficos para elaborarem questionamentos autocríticos relacionados com comportamento individual ou conduta social. b) Os termos “ele” e “interposta pessoa” referem-se a “exame de consciência” e “autoridade sacerdotal”, respectivamente. 05. a) Segundo o autor, “corrida armamentista evolucionária“ define a competição entre as espécies predadoras e as que são caçadas, a fim de aprimorar métodos e estratégias de caça ou defesa ao longo da evolução natural da sua espécie. b) A mudança das características hereditárias de uma população de seres vivos de uma geração para outra é simultânea em todas as espécies, ou seja, tanto predadores como presas tratam de produzir mecanismos gênicos destinados a vencer o adversário em esperteza ou velocidade. Desta forma, estabelece-se um equilíbrio entre os grupos que impede que um ultrapasse o outro, ou seja, ambos “correm o mais rápido possível para não sair do lugar”, como afirma a Rainha de Copas em “Alice no país das maravilhas”. R ep ro du çã o pr oi bi da A rt . 1 84 d o CP . INTERPRETAÇÃO PRÉ-VESTIBULAR 83PROENEM.COM.BR LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL, SIGNO, SIGNIFICANTE E SIGNIFICADO02 Veja esta tira de Luis Fernando Verissimo: (VERISSIMO, Luis Fernando. Aventuras da Família Brasil. Porto Alegre: L&PM, 1993.) A tira é construída em três cenas. Nelas, se verifica uma situação de conversação entre os personagens envolvidos. A filha é quem representa papel de locutor, isto é, a pessoa que fala, na primeira cena. Os pais são os interlocutores, isto é, as pessoas com quem se fala. Essa tira retrata uma situação de comunicação, pois as pessoas interagem pela linguagem, de tal forma que modificam o comportamento do outro. Assim, o que uma pessoa transmite à outra na forma de linguagem chama-se mensagem. A comunicação ocorre quando, ao emitirmos uma mensagem, nos fazemos compreender por uma pessoa. Em um ato de comunicação não estão em jogo somente palavras, mas também gestos e movimentos. Quando empregamos esses elementos com a intenção de estabelecer uma comunicação, estamos usando diferentes linguagens. Essa linguagem, por conceito, é a representação do pensamento por meio de sinais que permitem a comunicação e a interação entre as pessoas. Tais sinais que permitem o ato de comunicação são os chamados signos linguísticos. Segundo o escritor e linguista Umberto Eco, define-se como signo aquilo que “à base de uma convenção social previamente aceita, possa ser entendido como algo que está no lugar de outra coisa”. Por exemplo, quando se diz que alguém é uma raposa, por uma convenção, estabelece-se que se trata de alguém esperto, por uma analogia com o animal, o vocábulo “raposa” está em lugar de “esperto” no contexto. A partir desses conceitos, percebe-se que, na tira, houve uma falha na comunicação entre o pai e namorado da filha. O rapaz não entendeu a mensagem porque a palavra “Shakespeare” não representa um signo para ele, não comunica nada: o nome do escritor inglês é interpretado como algo para beber. Os signos podem ser verbais (as palavras) ou não verbais (gestos, símbolos, cores, até o tom de voz). Repare que em um anúncio de sorvetes, por exemplo, há, normalmente, sol e uma luz alaranjada, signos que representam o calor. Da mesma maneira, propagandas que querem sugerir uma certa intelectualidade costumam usar atores com óculos, signo de uma possível bagagem cultural. Tais signos, juntos, ajudam o interlocutor a perceber a intenção da mensagem que se quer passar. São signos os sinais verbais ou não verbais, que apresentam dois eixos de significação: uma parte perceptível (sons, letras) e uma parte inteligível (conceito). Assim, no campo das palavras, entende-se por signo linguístico a unidade constituída de expressão e de conteúdo, de significante e de significado, respectivamente significante → coroa significado → 1. arranjo de flores; 2. ornamento de reis, rainhas; 3. idoso. Veja que a propaganda acima explora os recursos do significado do signo “coroa”. Por se tratar de uma propaganda de empresa funerária, a palavra está ligada ao arranjo de flores presente em funerais; no entanto, a figura do senhor em destaque também faz alusão à gíria usada para idosos, ou seja, arranjar uma companheira. Leia este anúncio da LPCE (Liga portuguesa contra epilepsia): (Recolhido do site: http://www.lpce.pt) A intenção do anunciante é divulgar a ideia do voluntariado para ajudar à associação. Os questionamentos dirigidos ao público (“Sente necessidade de ser útil? Necessidade de dar apoio e suporte?”) se juntam à conclusão simples, porém fundamental: “com pequenos gestos podemos melhorar a vida de outras pessoas... seja voluntário”. PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR84 INTERPRETAÇÃO 02 LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL, SIGNO, SIGNIFICANTE E SIGNIFICADO Repare que o anúncio mostra várias mãos juntas como num “cabo de guerra”. Tal procedimento dá ao público uma imagem de que a associação precisa de sua colaboração nesse “jogo”. Ora, essa imagem nos remete à ideia de que quanto mais pessoas estiverem ajudando, a tarefa a ser cumprida será menos árdua. A imagem das mãos no “cabo de guerra” é, portanto, um sinal que ajuda a perceber a intenção da mensagem do anúncio. É um signo não verbal. O ser humano utiliza diferentes tipos de linguagem, como a da música, da dança, da pintura, da fotografi a. Essas várias linguagens se organizam em dois grupos: a linguagem verbal, que tem por unidade os signos verbais, as palavras; e as linguagens não verbais, que têm como unidade signos não verbais, como o gesto, a imagem, o movimento, como analisado acima. Há, ainda, as linguagens mistas, como a das histórias em quadrinhos, o cinema, a televisão, que utilizam a palavra e a imagem. Numa situação de comunicação, se empregamos palavras, gestos, movimentos, estamos empregando um código. Código é um conjunto de sinais convencionados socialmente para a transmissão da mensagem. Não só as palavras, gestos, são códigos, mas também os sinais de trânsito, os símbolos, o código morse, as buzinas de automóveis. É importante notar que só haverá comunicação utilizando um código se os interlocutores tiverem essa convenção internalizada. Determinados gestos podem representar sentidos diferentes dependendo das comunidades em que se vive. Na nossa comunidade, usamos a língua portuguesa como principal código. Língua é um tipo de código formado por palavras e leis combinatórias por meio do qual as pessoas se comunicam e interagem entre si. Em cada sistema linguístico, há regras de diversas naturezas, sejam lexicais, sejam sintáticas. Quando escutamos palavras como love ou sun, percebemos que estamos diante do código empregado na língua inglesa, pois se trata de palavras do vocabulário desse idioma. Porém, dominar bem uma língua não signifi ca apenas saber seu vocabulário; é preciso também ter domínio de suas leis combinatórias, de suas ordens internas, de sua sintaxe. Saber, por exemplo, que no código da língua inglesa o adjetivo vem sempre anteposto ao substantivo, enquanto que, na língua portuguesa, a anteposição do adjetivo pode, inclusive, alterar o sentido da palavra.Outro traço fundamental em jogo nesse sistema linguístico é o aspecto fonético. Quantas vezes ouvimos nas resenhas internacionais sobre jogos da seleção brasileira a pronúncia “errada” do meio-campo Falcão, hoje comentarista de futebol? Invariavelmente ouvíamos “Falcao”, sem o til. Essa nasalização, característica da língua, causa difi culdades em falantes não nativos. Da mesma maneira, nós, falantes de língua portuguesa, apresentamos grandes difi culdades para a realização de certos fonemas de outros códigos linguísticos, como a pronúncia do inglês the (com a língua entre os dentes, inclusive), ou ainda o ich alemão. Além disso, um conhecedor da língua é, presumivelmente, um conhecedor das nuances que regem essa língua. Um estrangeiro poderá ter difi culdades ao receber como resposta um “pois não”. Entrar na “lista negra” não signifi cará uma cor dessa tal lista. Quando se fala em saber usar a língua, percebe-se que a intenção do falante é o que realmente importa, ele é o sujeito dessa ação e é fundamental dominá-la, até mesmo para jogar com suas possibilidades, com suas ambiguidades, seus duplos sentidos. Em outras palavras, em uma situação de conversação, será sempre o falante o sujeito da ação de escolher os enunciados que melhor se ajustem às suas intenções. Toma-se um exemplo recolhido da fala do professor Agostinho Dias Carneiro, em uma palestra para professores de Língua Portuguesa no Colégio Pedro II: A menina, adolescente, chega a casa altas horas da noite. O pai, sisudo, esperando por ela: - A senhora sabe que horas são? - O pneu do carro do Rodrigo furou. - Que isso nunca mais se repita. Repare que a menina não respondeu ao que o pai perguntou. Ela jogou com a língua da maneira mais conveniente para ela. E o pai, ao lançar a fala fi nal, defi nitiva, sabe que, na maioria dos casos, aquilo se repete, sim. Um usuário da língua deverá entender a nuance que regeu esse diálogo, no qual não vale o que se está dizendo, mas o que está subentendido. Dessa forma, como afi rma o linguista russo Mikhail Bakhtin, a verdadeira substância da língua não está num sistema abstrato de formas linguísticas, mas no fenômeno social da interação verbal, realizado através da enunciação. Diz ele: “A interação verbal constitui assim a realidade fundamental da língua”. PROTREINO EXERCÍCIOS 01. Explique o que é linguagem verbal. 02. Explique o que é linguagem não verbal. 03. Explique o que é linguagem mista. 04. Conceitue o que é Língua. 05. Identifi que exemplos de códigos usados cotidianamente pelos falantes de Língua Portuguesa. PROPOSTOS EXERCÍCIOS 01. (ENEM) Casados e independentes Um novo levantamento do IBGE mostra que o numero de casamentos entre pessoas na faixa dos 60 anos cresce, desde 2003, a um ritmo 60% maior que o observado na população brasileira como um todo... Fontes: IBGE e Organização Internacional do Trabalho (OIT) *Som base no último dado disponível, da 2008 Veja São Paulo, 21 abr. 2010 (adaptado) Os gráfi cos expõem dados estatísticos por meio de linguagem verbal e não verbal. No texto, o uso desse recurso PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR 02 LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL, SIGNO, SIGNIFICANTE E SIGNIFICADO 85 INTERPRETAÇÃO a) exemplifi ca o aumento da expectativa de vida da população. b) explica o crescimento da confi ança na instituição do casamento. c) mostra que a população brasileira aumentou nos últimos cinco anos. d) indica que as taxas de casamento e emprego cresceram na mesma proporção. e) sintetiza o crescente número de casamentos e de ocupação no mercado de trabalho. 02. (ENEM) Disponível em: www.sasia.org.br. Acesso em: 30 maio 2016. Essa propaganda foi criada para uma campanha de conscientização sobre a violência contra a mulher. As palavras que compõem a imagem indicam que a a) violência contra a mulher está aumentando. b) agressão à mulher acontece de forma física e verbal. c) violência contra a mulher é praticada por homens. d) agressão à mulher é um fenômeno mundial. e) violência contra a mulher ocorre no ambiente doméstico. 03. (ENEM) Os signos visuais, como meios de comunicação, são classifi cados em categorias de acordo com seus signifi cados. A categoria denominada indício corresponde aos signos visuais que têm origem em formas ou situações naturais ou casuais, as quais, devido à ocorrência em circunstâncias idênticas, muitas vezes repetidas, indicam algo e adquirem signifi cado. Por exemplo, nuvens negras indicam tempestade. Com base nesse conceito, escolha a opção que representa um signo da categoria dos indícios. a) b) c) d) e) 04. (ENEM) KUCZYNSKIEGO, P. Ilustração, 2008. Disponível em: http://capu.pl. Acesso em: 3 ago. 2012. Através da linguagem não verbal, o artista gráfi co polonês Pawla Kuczynskiego aborda a triste realidade do trabalho infantil. O artista gráfi co polonês Pawla Kuczynskiego nasceu em 1976 e recebeu diversos prêmios por suas ilustrações. Nessa obra, ao abordar o trabalho infantil, Kuczynskiego usa sua arte para a) difundir a origem de marcantes diferenças sociais. b) estabelecer uma postura proativa da sociedade. c) provocar a reflexão sobre essa realidade. d) propor alternativas para solucionar esse problema. e) retratar como a questão é enfrentada em vários países do mundo. 05. (ENEM) Cartum de Caulos, disponível em www.caulos.com A linguagem não verbal pode produzir efeitos interessantes, dispensando assim o uso da palavra. O cartum faz uma crítica social. A fi gura destacada está em oposição às outras e representa a a) opressão das minorias sociais. b) carência de recursos tecnológicos. c) falta de liberdade de expressão. d) defesa da qualifi cação profi ssional. e) reação ao controle do pensamento coletivo. PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR86 INTERPRETAÇÃO 02 LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL, SIGNO, SIGNIFICANTE E SIGNIFICADO 06. (PRODEMGE - Analista de Tecnologia da Informação) IVO viu a Uva – htttp://www.ivoviuauva.com.br Na sequência de 1 a 4 dos quadrinhos, podem ser identifi cadas as seguintes características de linguagem: I. No primeiro quadrinho, há apenas a linguagem verbal oral. II. No segundo quadrinho, pode-se perceber apenas a linguagem não-verbal. III. No terceiro quadrinho, o chargista apresenta uma mistura entre o verbal escrito e o não-verbal. IV. No quarto quadrinho, há uma informação verbal escrita. Marque a alternativa CORRETA: a) apenas as proposições III e IV são verdadeiras. b) apenas as proposições I e II são verdadeiras. c) apenas as proposições I e III são verdadeiras. d) as proposições I,II,III e IV são verdadeiras. 07. (IBGP/CISSUL – MG - Condutor Socorrista ) Fonte: http://1.bp.blogspot.com/+IVXd9Wp3Ve4/TJokbm7qKQI/AAAAAAAAEnk/ H4QU5R4PRCY/s1600/0+a+Transito+11.jpg Acesso em: 18/09/2016. Sobre o tipo de linguagem utilizada no cartum, assinale a alternativa INCORRETA. a) Possui linguagem não-verbal. b) Possui linguagem mista. c) Possui linguagem verbal. d) Possui linguagem informal. 08. (IF-TO – Auditor) Disponível em: https://patologiapolitica.wordpress.com/2011/07/08/charge-saber- viver/. Acesso em: 15 ago. 2016. Considerando a relação entre a linguagem verbal e a linguagem não verbal para a compreensão da charge, não é adequado afi rmar que: a) O texto está criticando o assaltante e está dando apoio ao deputado por estar sendo assaltado. b) O texto critica os escândalos de corrupção, desvio de dinheiro, no âmbito da administração pública. c) O texto critica a postura desonesta de certos políticos que lesam a população ao fazerem mau uso do dinheiro público. d) O texto aponta para o fato de que certos políticos lesam a população ao usarem em suas vidas particulares dinheiro público indevido. e) O texto compara o ato (de assaltar) de um assaltante qualquer ao ato de alguns políticos também lesarem a população. 09. (CRC-MG – Motorista) Considerando que as pessoas não se comunicam apenas pela voz ou pela escrita, quanto à linguagem corporal, assinale a alternativa correta. a) Palavras. b) Voz.c) Gestos. d) Linguagem verbal. e) Audição. 10. (IF-GO – Assistente em Administração) Disponível em: <htttp://aprendaescrever.blogspot.com.br/2016/-3/charge-sobre- influencia-da -midia.html>. Acesso em: 21 ado. 2017. No texto, o humor é instaurado pela a) linguagem não verbal, que é a única responsável pela produção de sentidos no texto. b) linguagem verbal e não verbal, que, juntas, se responsabilizam pelo sentido do texto. c) linguagem verbal, que detalhada e de modo exclusivo, resume os sentidos produzidos pelo texto. d) linguagem não verbal que se sobrepõe à verbal, dispensando a primeira na produção de sentidos. PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR 02 LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL, SIGNO, SIGNIFICANTE E SIGNIFICADO 87 INTERPRETAÇÃO 11. Mineiro de Araguari, o cartunista Caulos já publicou seus trabalhos em diversos jornais, entre eles o Jornal do Brasil e o The New York Times. No cartum apresentado, o signifi cado da palavra escrita é reforçado pelos elementos visuais, próprios da linguagem não verbal. A separação das letras da palavra em balões distintos contribui para expressar principalmente a seguinte ideia: a) difi culdade de conexão entre as pessoas b) aceleração da vida na contemporaneidade c) desconhecimento das possibilidades de diálogo d) desencontro de pensamentos sobre um assunto 12. Os versos de Carlos Drummond de Andrade que mais adequadamente traduzem a principal mensagem da fi gura acima são: a) Stop. A vida parou ou foi o automóvel? b) As casas espiam os homens que correm atrás de mulheres. A tarde talvez fosse azul, não houvesse tantos desejos. c) Um silvo breve. Atenção, siga. Dois silvos breves: Pare. Um silvo breve à noite: Acenda a lanterna. Um silvo longo: Diminua a marcha. Um silvo longo e breve: Motoristas a postos. (A este sinal todos os motoristas tomam lugar nos seus veículos para movimentá-los imediatamente.) d) proibido passear sentimentos ternos ou desesperados nesse museu do pardo indiferente e) Sim, meu coração é muito pequeno. Só agora vejo que nele não cabem os homens. Os homens estão cá fora, estão na rua. 13. Para responder à questão, considere a tela Guernica, de Pablo Picasso (fi gura 1), pintada em protesto ao bombardeio a cidade espanhola de mesmo nome, e a imagem criada pelo cartunista argentino, Quino (fi gura 2). Na cena criada por Quino, está presente a intertextualidade, pois a) o humor surge em consequência da falta de dedicação e de empenho da faxineira no momento de realizar as tarefas da casa. b) a dona da casa é uma pessoa que aprecia pintura e possui várias obras de artistas cubistas em sua residência. c) as alterações realizadas pela faxineira na pintura de Picasso mantiveram a ideia original proposta pelo pintor para Guernica. d) o cartunista reproduz a famosa pintura de Picasso, inserindo-a em um novo contexto que é a sala em desordem de uma residência. e) a faxineira irrita-se com a sujeira deixada pelos adolescentes da casa os quais frequentemente realizam festas para os amigos. PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR88 INTERPRETAÇÃO 02 LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL, SIGNO, SIGNIFICANTE E SIGNIFICADO 14. Sobre a charge, assinale a alternativa CORRETA. a) A mensagem de paz do texto que introduz a charge apresenta- se substancialmente oposta à imagem violenta retratada. b) O confronto entre os personagens apresenta uma mensagem coerente com a mensagem inicial da charge: de amor e paz. c) Lutar é algo inerente ao ser humano; por isso pode-se afi rmar que não há qualquer contradição entre a mensagem verbal e a não verbal. d) As frases da torcida indicam que esses espectadores não gostam de violência. e) No contexto da charge, a luta pode ser entendida como uma forma de violência pacífi ca. 15. O cartaz a seguir foi usado em uma campanha pública para doação de sangue. Glossário Rolezinho: diminutivo de rolê ou rolé; em linguagem informal, signifi ca “pequeno passeio”. Recentemente, tem designado encontros simultâneos de centenas de pessoas em locais como praças, parques públicos e shopping centers, organizados via internet. Anonymous riot: rebelião anônima. Considerando como os sentidos são produzidos no cartaz e o seu caráter persuasivo, pode-se afi rmar que: a) As fi guras humanas estilizadas, semelhantes umas às outras, remetem ao grupo homogêneo das pessoas que podem ajudar e ser ajudadas. b) A expressão “rolezinho” remete à meta de se reunir muitas pessoas, em um só dia, para doar sangue. c) O termo “até” indica o limite mínimo de pessoas a serem benefi ciadas a partir da ação de um só indivíduo. d) O destaque visual dado à expressão “ROLEZINHO NO HEMORIO” tem a função de enfatizar a participação individual na campanha. 16. (CMRJ 2018) Você já ouviu falar em “pinturas rupestres”? São as mais antigas formas de arte produzidas pelo ser humano – algumas datam de 40.000 anos antes de Cristo! – e se encontram nas paredes das cavernas que serviam de moradia. Essas pinturas mostram situações do dia a dia das pessoas daquela época, como a que inspirou o próximo texto. A charge retrata uma cena ou situação com intenção crítica, usando o desenho como linguagem. Nessa charge, a mensagem tem sentido crítico, uma vez que a) compara os homens de hoje com os da pré-história. b) ironiza a forma como as pessoas viviam nas cavernas. c) chama a atenção para com o desrespeito com a natureza. d) questiona a autoria dos desenhos mais antigos do homem. e) remete à Idade da Pedra o princípio do respeito aos animais. 17. (IFSC 2018) Em relação ao gênero textual história em quadrinhos, analise as afi rmações a seguir. I. É obrigatório o uso de texto verbal em todos os quadrinhos da história. II. As histórias em quadrinhos servem exclusivamente para a contação de piadas. III. A mescla entre informações verbais e visuais é uma característica fundamental na constituição das histórias. IV. Por ser voltada ao público jovem, é imprescindível a presença de personagens adolescentes. PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR 02 LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL, SIGNO, SIGNIFICANTE E SIGNIFICADO 89 INTERPRETAÇÃO Assinale a alternativa CORRETA. a) Somente III é verdadeira. b) Somente I e IV são verdadeiras. c) Somente III e V são verdadeiras. d) Somente IV é verdadeira. e) Somente I e II são verdadeiras. 18. (CMRJ 2018) Qual é a crítica presente na charge e como o elemento verbal é inserido? a) Existe uma crítica quanto ao esfriamento das relações familiares e o elemento verbal explicita isso através de eufemismo. b) Existe uma crítica quanto à supervalorização da interação interpessoal através de novas mídias de tecnologia e o elemento verbal explicita isso através de ironia. c) Existe uma crítica quanto à supervalorização da interação interpessoal através de novas mídias de tecnologia e o elemento verbal explicita isso através de eufemismo. d) Existe uma crítica quanto ao impacto social causado pelas novas tecnologias de comunicação e informação nas relações entre os casais e o elemento verbal explicita isso através de metonímia. e) Existe uma crítica quanto ao esfriamento das relações familiares e o elemento verbal explicita isso através de ironia. 19. (IFAL 2017) Pela ordem de aparecimento dos textos acima e, considerando o diálogo neles contido entre linguagem verbal e linguagem não verbal, temos, respectivamente, as seguintes ideias: a) desemprego atinge níveis muito altos no país / as relações trabalhistas são injustas b) o jornalismo também é atingido pelo desemprego / é necessário investir em mão de obra qualificada c) o jornalismo é uma área profissional instável / o trabalhador é considerado um super-herói d) as informações são velozes / há trabalhadores lentos e) é preciso frieza no jornalismo / é necessário modernizar o trabalho 20. (IFPE 2017) Leia a tirinha abaixo para responder à questão. Sobre a linguagem dos personagensda tirinha, retirada da página do Facebook “Bode Gaiato”, avalie as assertivas abaixo. I. O texto verbal, embora escrito, revela aproximação com a oralidade. A grafia da palavra “nãm” evidencia esse aspecto. II. Os falantes se utilizam de uma linguagem com fortes marcas regionais, como, por exemplo, a escolha da palavra “mainha”. III. O diálogo entre mãe e filho revela o registro formal da linguagem, como podemos perceber pela utilização das expressões “venha cá pra eu...” e “que nem...”. IV. O vocábulo “boizin”, formado a partir da palavra inglesa “boy”, é uma marca linguística típica de grupos sociais de jovens e adolescentes. V. Visto que todas as línguas naturais são heterogêneas, podemos afirmar que a fala de Júnio e sua mãe revelam preconceito linguístico. Estão CORRETAS apenas as afirmações contidas nas assertivas a) I, II e IV. b) I, III e V. c) II, IV e V. d) II, III e IV. e) III, IV e V. PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR90 INTERPRETAÇÃO 02 LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL, SIGNO, SIGNIFICANTE E SIGNIFICADO 05. APROFUNDAMENTO EXERCÍCIOS DE 01. (UFU 2015) O anúncio publicitário, produzido por uma revista para divulgar seus blogs, dialoga com outro texto. Considerando essa informação, a) indique que texto é esse e explique o processo de intertextualidade que se estabelece entre ele e o anúncio publicitário. b) explique de que maneira a linguagem não verbal do anúncio publicitário contribui com o diálogo estabelecido entre os dois textos. 02. (UERJ 2017) Um estudo sobre contestações do povo dirigidas ao governo na primeira década do século XX, registradas em uma coluna de jornal, revela a atitude do cidadão em momentos não críticos, em seu cotidiano de habitante da cidade do Rio de Janeiro. A conclusão do estudo é que quase só pessoas de algum modo relacionadas com a burocracia do Estado se queixavam, quer os próprios funcionários e operários, quer as vítimas dos funcionários, especialmente da polícia e dos fiscais. Reclamavam funcionários, artesãos, pequenos comerciantes, uma ou outra prostituta. Mas as queixas não revelavam oposição ao Estado. O conteúdo das reclamações girava em torno de problemas elementares, como segurança individual, limpeza pública, transporte, arruamento. Permanece, no entanto, o fato de que entre as reivindicações não se colocava a de participação nas decisões, a de ser ouvido ou representado. O Estado aparece como algo a que se recorre, como algo necessário e útil, mas que permanece fora do controle, externo ao cidadão. Ele não é visto como produto de concerto político, pelo menos não de um concerto em que se inclua a população. É uma visão antes de súdito que de cidadão, de quem se coloca como objeto da ação do Estado e não de quem se julga no direito de a influenciar. Como explicar esse comportamento político da população do Rio de Janeiro? De um lado, a indiferença pela participação, a ausência de visão do governo como responsabilidade coletiva, de visão da política como esfera pública de ação, como campo em que os cidadãos se podem reconhecer como coletividade, sem excluir a aceitação do papel do Estado e certa noção dos limites deste papel e de alguns direitos do cidadão. De outro, 1o contraste de um comportamento participativo em outras esferas de ação, como a religião, a assistência mútua e as grandes festas em que a população parecia reconhecer-se como comunidade. Seria a cidade a responsável pelo fenômeno? Neste caso, como caracterizá-la, como distingui-la de outras? Entramos aqui na vasta e rica literatura sobre o fenômeno urbano, em particular sobre a cultura urbana. JOSÉ MURILO DE CARVALHO Adaptado de Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Companhia das Letras, 1987. No último parágrafo, o autor emprega dois recursos que explicitam sua interlocução com os leitores. Identifique-os. 03. (Fuvest 2015) Examine a seguinte matéria jornalística: Sem-teto usa topo de pontos de ônibus em SP como cama Às 9h desta segunda (17), ninguém dormia no ponto de ônibus da rua Augusta com a Caio Prado. Ninguém a não ser João Paulo Silva, 42, que chegava à oitava hora de sono em cima da parada de coletivos. “Eu sempre durmo em cima desses pontos novos. É gostoso. O teto tem um vidro e uma tela embaixo, então não dá medo de que quebre. É só colocar um cobertor embaixo, pra ficar menos duro, e ninguém te incomoda”, disse Silva depois de acordar e descer da estrutura. No dia, entretanto, ele estava sem a coberta, “por causa do calor de matar”. Por não ter trabalho em local fixo (“Cato lata, ajudo numa empresa de carreto. Faço o que dá”), ele varia o local de pouso. “Às vezes é aqui no centro, já dormi em Pinheiros e até em Santana. Mas é sempre nos pontos, porque eu não vou dormir na rua”. www1.folha.uol.com.br, 19/03/2014. Adaptado. Qual é o efeito de sentido produzido pela associação dos elementos visuais e verbais presentes na imagem acima? Explique. 04. (UNICAMP 2014) PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR 02 LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL, SIGNO, SIGNIFICANTE E SIGNIFICADO 91 INTERPRETAÇÃO Os infográficos apresentam informações de forma sintética, utilizando imagens, cores, organização gráfica, etc. Indique dois exemplos, do infográfico reproduzido acima, em que a informação é apresentada por meio de linguagem não verbal. 05. (UNICAMP 2013) Os textos abaixo integram uma matéria de divulgação científica sobre o tamanho de criaturas marinhas, ilustrada com fotos dos animais mencionados. TEXTO 1 Eles nascem com milímetros e alcançam metros de comprimento, nadam das praias rasas às águas abissais. Em fotos únicas, produzidas em tanques especiais, conheça as medidas dos animais do fundo do mar. TEXTO 2 ESCALA MILIMÉTRICA Enquanto este cavalo-marinho pode chegar a 30 cm, os filhotes medem poucos milímetros ao nascer. Eles surgem depois que a fêmea deposita óvulos em uma bolsa na barriga do macho, que é responsável pela fertilização. Pode-se afirmar que a compreensão do texto 2 depende da imagem que o acompanha. Destaque do texto a expressão responsável por essa dependência e explique por que seu funcionamento causa esse efeito. GABARITO EXERCÍCIOS PROPOSTOS 01. E 02. B 03. B 04. C 05. E 06. A 07. D 08. A 09. C 10. B 11. A 12. D 13. D 14. A 15. B 16. E 17. A 18. E 19. A 20. A EXERCÍCIOS DE APROFUNDAMENTO 01. a) O anúncio publicitário dialoga com a colocação de Lavoisier: “Na Natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. b) A linguagem não verbal aponta para duas teclas do computador unidas, representando um atalho para o recurso de copiar dados. Ambas, unidas, são alvo de crítica, representada pelo pejorativo arremesso de objetos. 02. Recursos: uso de frases interrogativas; uso da primeira pessoa no plural. 03. Estamos diante de uma contradição e, por conseguinte, de uma ironia. Diante desta imagem, nossos olhos sentem um estranhamento imediato fruto do contraste produzido pela palavra escrita em letras garrafais e tomando boa parte do anúncio: CONFORTO. Em cima, com custo, percebemos a existência de um homem deitado. Abaixo do homem um anúncio imenso. O efeito de sentido é produzido pelo contraste gerador da ironia presente entre a palavra CONFORTO e um homem dormindo ao relento, em um lugar que não foi feito para isso. A posição toda torta do homem enquanto dorme colide com a segurança e a beleza escritas também no anúncio, outro contraste que levará à ironia. Refletido pelo vidro, no canto à esquerda, há um outro homem, que também parece maltrapilho, e que parece estar se penteando e utilizando o vidro do ponto de ônibus para sua toalete, o que também remete à beleza expressa na mensagem escrita do anúncio. Uma ironia produzida pela própria realidade. 04. O infográfico apresenta um homem estilizado para mostrar que o consumo é por pessoa, nas laterais do boneco há uma escala para representar a quantidade de água gasta. As bandeiras representam a nacionalidadeou a localização geográfica. A água é representada pela linha ondulada. Há ainda o balão para representar a fala. 05. Os pronomes demonstrativos demonstram a posição de um elemento qualquer em relação à pessoa do discurso, situando-o no espaço, no tempo ou no próprio discurso. Assim, a compreensão do texto II depende da visualização da imagem que acompanha o texto verbal, dependência estabelecida pelo pronome demonstrativo “este”, elemento catafórico, que antecede o que vai ser revelado posteriormente. ANOTAÇÕES PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR92 INTERPRETAÇÃO 02 LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL, SIGNO, SIGNIFICANTE E SIGNIFICADO ANOTAÇÕES INTERPRETAÇÃO PRÉ-VESTIBULAR 93PROENEM.COM.BR SEMÂNTICA I: POLISSEMIA, AMBIGUIDADE, DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO03 Veja esta tira, de Luis Fernando Verissimo: (VERISSIMO, Luis Fernando. As Cobras. Porto Alegre: L&PM, 1997) Nesta tira, Verissimo utiliza o conceito da palavra “semântica” para criar humor. As palavras possuem certos sentidos que podem variar, dependendo do contexto em que são empregadas. Comumente, a Semântica é definida como o estudo do significado. No entanto, como se sabe, esse vocábulo abarca várias acepções. Ogden e Richards (1972), em “O significado de significado”, apontam para a ideia de que “o significado de qualquer frase é aquilo que o elocutor pretende que seja entendido, através dela, pelo ouvinte.” Tal definição deixa implícito um conceito acerca do processo linguístico: o sentido do texto está intrinsecamente ligado ao uso da língua em uma situação de comunicação. De fato, se a língua é um sistema que está em constante processo de construção, sendo constituída por diversas vozes, nas variadas práticas discursivas, é legítimo pensar que o mundo e o homem, que compõem esse processo de referências da língua, também se constroem e se mantêm em processo a cada enunciação. Sendo assim, analisar a língua sob o viés do discurso é trazer para a discussão linguística a interação do homem e seu mundo, atores que são, afinal, desse processo linguístico. Assim, aspectos semânticos envolvidos na construção do sentido como a polissemia, a denontação, a conotação, a homonímia, a sinonímia, a antonímia, a paronímia, e ainda os campos semânticos devem ser analisados sob o olhar discursivo, não podendo ser analisados sem se levar em conta, entre outros fatores, as condições de produção do texto que abarca tais aspectos. A POLISSEMIA Polissemia, como mostram os próprios componentes da palavra (poli + sema + ia), é a capacidade que o vocábulo apresenta de comportar várias significações. Uma das funções da polissemia na construção linguística é economizar as entradas lexicais numa língua, evitando a exacerbação de termos dentro de um sistema linguístico e valorizando, de certa forma, a captação de sentido através do contexto em que determinado signo está inserido. A linguagem publicitária emprega com certa regularidade a polissemia como recurso linguístico, interagindo com o contexto em que o produto está inserido. Neste anúncio, retirado do site do Clube de Criação de São Paulo, o termo “pulso”, como toda lógica discursiva, aponta para uma sequência que caminha em direção a um enfoque biológico: (In www.ccsp.com.br) Pelo direcionamento argumentativo da frase, tem-se a palavra “pulso” entendida como batimento, frequência respiratória. No entanto, quando se percebe que o texto é um anúncio do relógio Rolex, há uma ressignificação do termo “pulso”, que é, de fato, o local apropriado para o uso do relógio. O anúncio, de forma criativa, legitima duas leituras: a biológica e aquela em que o termo “pulso” amplia sua carga de sentido, ganhando expressividade dentro da especificidade do anúncio. CONOTAÇÃO / DENOTAÇÃO A denotação compreende a união do significante e do significado da palavra. A conotação possui outros significados acrescidos à palavra no plano de sua expressão. Pode-se dizer que, na forma denotativa, “dicionarizada”, há a significação objetiva, literal, referencial da palavra. Em contrapartida, a forma conotativa da palavra expressa o sentido subjetivo, figurado, emotivo da palavra. Os textos informativos possuem, predominantemente, a linguagem denotativa, enquanto as propagandas, músicas e poemas caracterizam-se, principalmente, pela linguagem conotativa. http://www.eitapiula.com.br/ A palavra “burro” é explorada em um significado diverso do uso comum: o dicionário é muito bom ou é bom para pessoas ignorantes. Vale lembrar que há um trocadilho intencional com a expressão “pai dos burros”, como se referem aos dicionários. • DENOTAÇÃO – significação específica – sentido comum, dicionarizado utilização do modo automatizado linguagem de uso comum, concreto R ep ro du çã o pr oi bi da A rt . 1 84 d o CP . PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR94 INTERPRETAÇÃO 03 SEMÂNTICA I: POLISSEMIA, AMBIGUIDADE, DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO • CONOTAÇÃO – significação ampla – sentidos que ultrapassam o sentido comum, utilização do modo criativo – linguagem de uso expressivo, abstrato A AMBIGUIDADE E SUA EXPRESSIVIDADE As pesquisas sobre linguagem têm considerado a ambiguidade um fenômeno até certo ponto bem delineado: é um fenômeno ligado a traços discursivos do enunciado, ocorrendo sempre que uma mesma frase apresenta vários sentidos, sendo, então, suscetível a diferentes interpretações. As causas da ambiguidade podem ser de ordem fonética, gramatical ou lexical. A ambiguidade de ordem fonética acontece quando uma unidade sonora é pronunciada sem interrupção, tornando palavras diferentes potencialmente ambíguas. Em português, é o caso de “agosto” – oitavo mês do ano – e “a gosto” – locução adverbial. A ambiguidade gramatical pode ser originada de forma bipartida: em um primeiro caso, a ambiguidade se dá pelas formas gramaticais, em especial no emprego de prefixos e sufixos que possuem mais de um sentido, como o prefixo in-, que assume o sentido de negação em “inapropriado” e “incapaz”, por exemplo, e o sentido de introdução, de movimento para dentro, como em “influir”, “ingerir”. Em outro caso, a ambiguidade se dá pela combinação de palavras numa frase equívoca. Servem como exemplo frases como (1) e (2): (1) O pai trouxe este mapa da França para a filha. (2) Vi uma foto sua no metrô. A construção (1) torna-se ambígua na medida em que se podem observar duas leituras da frase: o mapa caracteriza o território francês ou o mapa foi trazido de lá. Sintaticamente, não está clara a relação estabelecida pelo termo “da França”, se se liga ao substantivo “mapa” ou à forma verbal “trouxe”. Para a construção (2), poderia haver até mais de duas leituras: 2.1 Eu estava no metrô quando vi uma foto em que você estava. 2.2 Eu estava no metrô quando vi a foto que você tirou. 2.3 Eu vi uma foto em que você estava no metrô. Este caso, gerado pela combinação equivocada das palavras na estrutura frasal, recebe o nome de ambiguidade sintática. A ambiguidade de ordem lexical, considerada a mais importante dentre os fatores de ambiguidade presentes na língua, assume duas formas diferentes – a polissemia e a homonímia: (3) Aquela carteira estava velha. A palavra “carteira” pode assumir duas leituras: a de um objeto utilizado para guardar documentos e um objeto utilizado para sentar-se, como uma carteira escolar. Há outro tipo de ambiguidade a que alguns autores chamam de ambiguidade discursiva. O duplo sentido, aqui, não reside na estrutura léxica, nem na construção frasal, mas no sentido implícito do enunciado: (4) Tenho 35 anos. Tal enunciado, solto, não permite saber se o sujeito falante se considera velho ou jovem. Fosse o sujeito um esportista, por exemplo, poderíamos considerá-lo velho, pelas exigências da prática de determinado esporte; fosse um professor, entenderíamos como a voz de um jovem com um futuro profissional pela frente. Apesar de, no ideário linguístico, o discurso ambíguo ser tomado com um fator negativo, a produtividade da ambiguidade,
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