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INTERPRETAÇÃO
PRÉ-VESTIBULAR 75PROENEM.COM.BR
10 DICAS PARA INTERPRETAR 
OS TEXTOS NO ENEM01
1. COMECE SEMPRE A QUESTÃO 
PELO COMANDO. 
No ENEM, nem sempre é necessário ler o texto, se você já tem 
alguma base teórica sobre a estrutura do texto ou sobre o tema 
envolvido. Nesse sentido, convém analisar primeiro o comando 
e, caso a resposta seja óbvia, já poderá ser marcada. Em caso de 
dúvida, leia e releia o texto. Quanto mais questões resolvidas sobre 
o mesmo assunto, mais simples fica a identificação da alternativa 
correta. Por isso, a prática constante é tão importante. 
2. IDENTIFIQUE A TEORIA POR TRÁS DE 
CADA QUESTÃO. 
Muitas questões que parecem se referir a “objetivo do texto” 
ou “objetivo do autor do texto” na verdade querem saber sobre 
função textual, tipologia textual, escola literária, características 
dos gêneros do discurso etc. Por isso, ao dominar conteúdos 
interpretativos como esses, a interpretação fica muito mais rápida 
e fácil na hora da prova. Lembre-se que existem modelos de 
questão e modelos de prova, logo se você dominar esses modelos, 
será mais fácil acertar com mais rapidez e segurança. 
3. IDENTIFIQUE AS ALTERNATIVAS QUE 
REPRESENTAM A MESMA RESPOSTA E 
ELIMINE-AS. 
Na hora da prova, muitas questões costumam apresentar 
como alternativas respostas que remetem a um mesmo conceito, 
ou seja, se uma estiver opção estiver certa, a outra também teria 
de estar. Isso faz com que essas alternativas sejam excludentes 
entre si, pois a validação de uma ou outra naturalmente anularia 
a questão. As respostas corretas são únicas e não podem ter 
sinônimos ou equivalentes em outras opções. 
4. NAS QUESTÕES COM TEXTOS NÃO 
VERBAIS, PROCURE RELACIONAR A 
RESPOSTA A CADA DETALHE DA IMAGEM. 
Na maioria das questões que envolvem texto verbal (palavras) 
e não verbal (imagens), os alunos costumam ter dificuldade, pois 
acham que a respostas só pode estar nas palavras, o que representa 
um engano. Uma mesma frase, dependendo da imagem, pode ser 
uma declaração sincera ou uma ironia, um elogio ou um deboche, 
por exemplo. Portanto, muitas vezes, a charge, a caricatura, as 
expressões do personagem ou os detalhes de um cartaz podem 
contribuir mais para a localização da resposta certa do que o que 
se lê nas frases materializadas no texto.
5. EM QUESTÕES QUE ENVOLVEM TEXTO 
LITERÁRIO, PROCURE TER SEMPRE EM 
MENTE A ESCOLA A QUE PERTENCE A 
OBRA OU O AUTOR. 
A poesia e a prosa quando caem numa questão do ENEM, 
em geral, reforçam marcas comuns de determinados períodos da 
literatura brasileira. Portanto, se você conhece as características 
do Romantismo, por exemplo, ao se deparar com um poema 
dessa fase, já será possível inferir determinados objetivos, 
intenções, sentimentos ou critérios na escolha de determinados 
recursos expressivos. 
6. EM QUESTÕES DE TEXTO JORNALÍSTICO 
OU PUBLICITÁRIO, TENHA ATENÇÃO ÀS 
CARACTERÍSTICAS DO GÊNERO. 
Os gêneros textuais, de modo geral, apresentam características 
particulares relacionadas ao objetivo comunicativo de cada um. O 
tipo de linguagem, o vocabulário, a maior ou menor subjetividade, 
a ideia de interlocutor, o tamanho do texto, tudo isso configura 
as mensagens e costuma aparecer em forma de pergunta na 
prova. Por exemplo, qual o objetivo de se usar uma linguagem 
mais simples e objetiva num texto jornalístico? Atingir um maior 
número de interlocutores. Qual o objetivo de se usar humor 
numa propaganda? Persuadir determinado público a comprar 
determinado produto. Ou seja, cada gênero costuma já apresentar 
suas respostas específicas de acordo com a pergunta que é feita 
ao candidato na hora do exame. 
7. EM QUESTÕES SOBRE LINGUAGEM 
CORPORAL, ATENÇÃO ÀS 
CARACTERÍSTICAS DA IMAGEM E DO 
ESPORTE. 
O ENEM cobra questões de linguagem corporal, ou seja, suas 
aulas de Educação Física são importantíssimas para ajudar a 
resolver essas questões. Muitas dessas perguntas costumam 
requerer mais do seu conhecimento sobre determinados esportes, 
posições e movimentos do que a própria interpretação do texto. 
É comum questões perguntando sobre a quantidade de jogadores 
em certo esporte, sobre o que está acontecendo na imagem de uma 
quadra, sobre a representação de uma dança, sobre movimentos 
de alongamento entre outros. 
8. EM QUESTÕES SOBRE TECNOLOGIA 
DA INFORMAÇÃO, MUITA ATENÇÃO ÀS 
CARACTERÍSTICAS DOS SUPORTES 
ENVOLVIDOS. 
Outro item importante presente nos editais do ENEM é a cobrança 
do conhecimento sobre a tecnologia da informação. Mas o que 
isso significa? Você vai interpretar textos sobre os recursos que 
a humanidade em utilizado para se comunicar em nossa cultura. 
Telegrama, carta, Twitter, Facebook, Direct... tudo pode se transformar 
em questão e você precisa estar preparado para reconhecer 
semelhanças e diferenças entre essas tecnologias. Em que o 
telegrama do passado se assemelha ao nosso Twitter, por exemplo? 
O tipo de linguagem direta e com um mínimo de caracteres. Em que se 
difere um facebook com sua linha do tempo e um diário? O objetivo de 
registros coletivos ou privados. Enfim, tais questões não costumam 
apresentar alto grau de dificuldade, porém assustam os candidatos 
que não esperam curiosidades como essas em suas provas. 
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INTERPRETAÇÃO 01 10 DICAS PARA INTERPRETAR OS TEXTOS NO ENEM
9. RESOLVA O MÁXIMO POSSÍVEL DE 
QUESTÕES E JUSTIFIQUE AS ALTERNATIVAS 
ERRADAS. 
Estudar anotando é o melhor caminho para a maioria dos 
candidatos. Como o modelo de questão estabelecido pelo Inep não 
manda o candidato assinalar a alternativa ERRADA - só se pode 
perguntar pela opção correta – muitos candidatos se habituaram a 
só anotar ou compreender a justificativa da certa, quando na verdade 
justificar a razão de as outras opções estarem erradas é tão importante 
quanto. Portanto, a melhor maneira de se estudar interpretação 
para superar grandes dificuldades é se perguntar “Por que sim?” e 
“Por que não?” e anotar ou destacar em cada opção a razão de sua 
classificação como certa ou errada, adequada ou inadequada. 
10. NÃO DESANIME COM OS ERROS NO 
COMEÇO. REFAÇA, ENTENDA E VENÇA. 
Intepretação é relevante não só para as provas de humanas, 
mas para todas as áreas de conhecimento cobradas na prova 
do ENEM. Desse modo, só é possível realizar uma boa prova, 
interpretando bem. E cada banca tem seu estilo de criar suas 
questões de interpretação. Por isso, não basta estudar o conteúdo 
das matérias apenas. Você precisa, na verdade, praticar o máximo 
de questões em cada área. Muitas vezes, você vai perceber que 
pode errar uma questão mesmo dominando seu conteúdo, o que 
ocorre pois o problema não está na teoria do assunto, mas na sua 
prática de resolução. Nesse sentido, é muito importante resolver 
muita questão e não desanimar com os erros. Errar é natural e 
faz parte do processo de aprendizagem, portanto, valorize seus 
acertos e use suas respostas erradas como roteiro para avaliar-se, 
traçar estratégias para melhoria e maior capacitação.
PROTREINO
EXERCÍCIOS
01. Explique a importância da Educação Física para o ENEM.
02. Justifique a relevância dos textos jornalísticos para o ENEM.
03. Identifique como a tecnologia é cobrada na prova de Linguagens 
do ENEM.
04. Justifique a relação entre texto e imagem nas questões do ENEM.
05. Explique como o aluno encontra a teoria por trás da questão 
apresentada no ENEM.
PROPOSTOS
EXERCÍCIOS
01. (ENEM/2010) Em uma reportagem a respeito da utilização 
do computador, um jornalista posicionou-se da seguinte forma: 
A humanidade viveu milhares de anos sem o computador e 
conseguiu se virar. Um escritor brasileiro disse com orgulho que 
ainda escreve a máquina ou a mão; que precisa do contato físico 
com o papel. Um profissional liberal refletiu que o computador não 
mudou apenas a vida de algumas pessoas, ampliando a oferta de 
pesquisa e correspondência, mudou a carreira de todo mundo. Um 
professor arrematou que todas as disciplinas hoje não podem serimaginadas sem os recursos da computação e, para um físico, ele é 
imprescindível para, por exemplo, investigar a natureza subatômica.
Como era a vida antes do computador? OceanAir em Revista. n° 1, 2007 (adaptado).
Entre as diferentes estratégias argumentativas utilizadas na 
construção de textos, no fragmento, está presente
a) a comparação entre elementos.
b) a reduplicação de informações.
c) o confronto de pontos de vista.
d) a repetição de conceitos.
e) a citação de autoridade.
02. (ENEM/2010) Estamos em plena “Idade Mídia” desde os anos 
de 1990, plugados durante muitas horas semanais (jovens entre 
13 e 24 anos passam 3h30 diárias na Internet, garante pesquisa 
Studio Ideias para o núcleo Jovem da Editora Abril), substituímos as 
cartas pelos e-mails, os diários intímos pelos blogs, os telegramas 
pelo Twitter, a enciclopédia pela Wikipédia, o álbum de fotos pelo 
Flickr. O YouTube é mais atraente do que a TV.
PERISSÉ, G. A escrita na Internet. Especial Sala de Aula. São Paulo, 2010 (fragmento).
Cada sistema de comunicação tem suas especificidades. No 
ciberespaço, os textos virtuais são produzidos combinando-se 
características de gêneros tradicionais. Essa combinação representa,
a) na redação do e-mail, o abandono da formalidade e do rigor 
gramatical.
b) no uso do Twitter, a presença da concisão, que aproxima os 
textos às manchetes jornalísticas.
c) na produção de um blog, a perda da privacidade, pois o blog se 
identifica com o diário íntimo.
d) no uso do Twitter, a falta de coerência nas mensagens ali 
veiculadas, provocada pela economia de palavras.
e) na produção de textos em geral, a soberania da autoria 
colaborativa no ciberespaço.
03. (ENEM/2010)
Prima Julieta
Prima Julieta irradiava um fascínio singular. Era a feminilidade em 
pessoa. Quando a conheci, sendo ainda garoto e já sensibilíssimo ao 
charme feminino, teria ela uns trinta ou trinta e dois anos de idade.
Apenas pelo seu andar percebia-se que era uma deusa, diz Virgílio 
de outra mulher. Prima Julieta caminhava em ritmo lento, agitando 
a cabeça para trás, remando os belos braços brancos. A cabeleira 
loura incluía reflexos metálicos. Ancas poderosas. Os olhos de um 
verde azulado borboleteavam. A voz rouca e ácida, em dois planos: 
voz de pessoa da alta sociedade.
MENDES, M. A idade do serrote. Rio de Janeiro: Sabiá, 1968.
Entre os elementos constitutivos dos gêneros, está o modo como 
se organiza a própria composição textual, tendo-se em vista 
o objetivo de seu autor: narrar, descrever, argumentar, explicar, 
instruir. No trecho, reconhece-se uma sequência textual
a) explicativa, em que se expõem informações objetivas referentes 
à prima Julieta.
b) instrucional, em que se ensina o comportamento feminino, 
inspirado em prima Julieta.
c) narrativa, em que se contam fatos que, no decorrer do tempo, 
envolvem prima Julieta.
d) descritiva, em que se constrói a imagem de prima Julieta a 
partir do que os sentidos do enunciador captam.
e) argumentativa, em que se defende a opinião do enunciador sobre 
prima Julieta, buscando-se a adesão do leitor a essas ideias.
04. (ENEM/2010) O Arlequim, o Pierrô, a Brighella ou a Colombina 
são personagens típicos de grupos teatrais da Commedia dell’art, 
que, há anos, encontram-se presentes em marchinhas e fantasias 
de carnaval. Esses grupos teatrais seguiam, de cidade em cidade, 
com faces e disfarces, fazendo suas críticas, declarando seu amor 
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01 10 DICAS PARA INTERPRETAR OS TEXTOS NO ENEM
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INTERPRETAÇÃO
por todas as belas jovens e, ao fi nal da apresentação, despediam-
se do público com músicas e poesias.
A intenção desses atores era expressar sua mensagem voltada para a
a) crença na dignidade do clero e na divisão entre o mundo real 
e o espiritual.
b) ideologia de luta social que coloca o homem no centro do 
processo histórico.
c) crença na espiritualidade e na busca incansável pela justiça 
social dos feudos.
d) ideia de anarquia expressa pelos trovadores iluministas do 
início do século XVI.
e) ideologia humanista com cenas centradas no homem, na 
mulher e no cotidiano.
05. (ENEM/2010)
XAVIER, C. Disponível em: http://www.releituras.com. Acesso em: 03 set. 2010.
Considerando a relação entre os usos oral e escrito da língua, 
tratada no texto, verifi ca-se que a escrita
a) modifi ca as ideias e intenções daqueles que tiveram seus 
textos registrados por outros.
b) permite, com mais facilidade, a propagação e a permanência 
de ideias ao longo do tempo.
c) fi gura como um modo comunicativo superior ao da oralidade.
d) leva as pessoas a desacreditarem nos fatos narrados por meio 
da oralidade.
e) tem seu surgimento concomitante ao da oralidade.
06. (ENEM/2010)
APADRINHE. IGUAL AO JOÃO, 
MILHARES DE CRIANÇAS 
TAMBÉM PRECISAM DE UM 
MELHOR AMIGO. SEJA O 
MELHOR AMIGO DE UMA 
CRIANÇA.
Anúncio assinado pelo Fundo Cristão para 
Crianças CCF-Brasil. Revista IstoÉ. São 
Paulo: Três, ano 32, n° 2079, 16 set. 2009.
Pela forma como as informações estão organizadas, observa-se 
que, nessa peça publicitária, predominantemente, busca-se
a) conseguir a adesão do leitor à causa anunciada.
b) reforçar o canal de comunicação com o interlocutor.
c) divulgar informações a respeito de um dado assunto.
d) enfatizar os sentimentos e as impressões do próprio enunciador.
e) ressaltar os elementos estéticos, em detrimento do conteúdo 
veiculado.
07. (ENEM/2010) No Brasil colonial, os portugueses procuravam 
ocupar e explorar os territórios descobertos, nos quais viviam 
índios, que eles queriam cristianizar e usar como força de trabalho. 
Os missionários aprendiam os idiomas dos nativos para catequizá-
los nas suas próprias línguas. Ao longo do tempo, as línguas se 
influenciaram. O resultado desse processo foi a formação de uma 
língua geral, desdobrada em duas variedades: o abanheenga, ao sul, 
e o nheengatu, ao norte. Quase todos se comunicavam na língua 
geral, sendo poucos aqueles que falavam apenas o português.
De acordo com o texto, a língua geral formou-se e consolidou-
se no contexto histórico do Brasil-Colônia. Portanto, a formação 
desse idioma e suas variedades foi condicionada
a) pelo interesse dos indígenas em aprender a religião dos 
portugueses.
b) pelo interesse dos portugueses em aprimorar o saber 
linguístico dos índios.
c) pela percepção dos indígenas de que as suas línguas 
precisavam aperfeiçoar-se.
d) pelo interesse unilateral dos indígenas em aprender uma nova 
língua com os portugueses.
e) pela distribuição espacial das línguas indígenas, que era 
anterior à chegada dos portugueses.
08. (ENEM/2010) Por volta do ano de 700 a.C., ocorreu um 
importante invento na Grécia: o alfabeto. Com isso, tornou-
se possível o preenchimento da lacuna entre o discurso oral e 
o escrito. Esse momento histórico foi preparado ao longo de 
aproximadamente três mil anos de evolução e da comunicação 
não alfabética até a sociedade grega alcançar o que Havelock 
chama de um novo estado de espírito, “o espírito alfabético”, 
que originou uma transformação qualitativa da comunicação 
humana. As tecnologias da informação com base na eletrônica 
(inclusive a imprensa eletrônica) apresentam uma capacidade de 
armazenamento. Hoje, os textos eletrônicos permitem flexibilidade 
e feedback, interação e reconfi guração de texto muito maiores e, 
dessa forma, também alteram o próprio processo de comunicação.
CASTELLS, M. A. Era da informação: economia, sociedade e cultura. São Paulo: Paz e 
Terra, 1999 (adaptado).
Com o advento do alfabeto, ocorreram, ao longo da história, várias 
implicações socioculturais. Com a Internet, as transformações na 
comunicação humana resultam
a) da descoberta da mídia impressa, por meio da produção de 
livros, revistas, jornais.
b) do esvaziamento da cultura alfabetizada, que, na era da 
informação, está centrada no mundo dos sons e das imagens.
c) da quebra das fronteiras do tempo e do espaço na integração 
das modalidades escrita, orale audiovisual.
d) da audiência da informação difundida por meio da TV e do 
rádio, cuja dinâmica favorece o crescimento da eletrônica.
e) da penetrabilidade da informação visual, predominante na 
mídia impressa, meio de comunicação de massa.
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INTERPRETAÇÃO 01 10 DICAS PARA INTERPRETAR OS TEXTOS NO ENEM
09. (ENEM/2010)
CURRÍCULO
Identifi cação Pessoal
[Nome Completo]
Brasileiro, [Estado Civil], [Idade] anos
[Endereço – Rua/Av. + Número + Complemento]
[Bairro] – [Cidade] – [Estado]
Telefone: [Telefone com DDD] / E-mail: [E-mail]
Objetivo
[Cargo pretendido]
Formação
Experiência Profi ssional
[Período] – Empresa
Cargo:
Principais atividades:
Qualifi cação Profi ssional
[Descrição] ([Local], conclusão em [Ano de Conclusão do Curso ou 
Atividade]).
Informações Adicionais
[Descrição Informação Adicional]
A busca por emprego faz parte da vida de jovens e adultos. Para 
tanto, é necessário estruturar o currículo adequadamente. Em que 
parte da estrutura do currículo deve ser inserido o fato de você ter 
sido premiado com o título de “Aluno Destaque do Ensino Médio – 
Menção Honrosa”?
a) Identifi cação pessoal.
b) Formação.
c) Experiência Profi ssional.
d) Informações Adicionais.
e) Qualifi cação Profi ssional.
10. (ENEM/2010)
Revista Nova Escola. São Paulo: Abril, ago. 2009.
Esse texto é uma propaganda veiculada nacionalmente. Esse 
gênero textual utiliza-se da persuasão com uma intencionalidade 
específi ca. O principal objetivo desse texto é
a) comprovar que o avanço da dengue no país está relacionado 
ao fato de a população desconhecer os agentes causadores.
b) convencer as pessoas a se mobilizarem, com o intuito de 
eliminar os agentes causadores da doença.
c) demonstrar que a propaganda tem um caráter institucional e, 
por essa razão, não pretende vender produtos.
d) informar à população que a dengue é uma doença que mata e 
que, por essa razão, deve ser combatida.
e) sugerir que a sociedade combata a doença, observando os 
sintomas apresentados e procurando auxílio médico.
11. 
Tampe a panela
Parece conselho de mãe para a comida não esfriar, mas a ciência 
explica como é possível ser um cidadão ecossustentável adotando 
o simples ato de tampar a panela enquanto esquenta a água para o 
macarrão ou para o cafezinho. Segundo o físico Cláudio Furukawa, 
da USP, a cada minuto que a água ferve em uma panela sem tampa, 
cerca de 20 gramas do líquido evaporam. Com o vapor, vão embora 
11 mil calorias. Como o poder de conferir calor do GLP, aquele gás 
utilizado no botijão de cozinha, é de 11 mil calorias por grama, 
será preciso 1 grama a mais de gás por minuto para aquecer a 
mesma quantidade de água. Isso pode não parecer nada para 
você ou para um botijão de 13 quilos, mas imagine o potencial de 
devastação que um cafezinho despretensioso e sem os devidos 
cuidados pode provocar em uma população como a do Brasil: 54,6 
toneladas de gás desperdiçado por minuto de aquecimento da 
água, considerando que cada família brasileira faça um cafezinho 
por dia. Ou 4 200 botijões desperdiçados. 
Superinteressante. São Paulo: Abril, n° 247, dez. 2007.
Segundo o físico da USP, Cláudio Furukawa, é possível ser um 
cidadão ecossustentável adotando atos simples. É um argumento 
utilizado pelo físico, para sustentar a ideia de que podemos 
contribuir para melhorar a qualidade de vida no planeta,
a) tampar a panela para a comida não esfriar, seguindo os 
conselhos da mãe.
b) reduzir a quantidade de calorias, fervendo a água em recipientes 
tampados.
c) analisar o calor do GLP, enquanto a água estiver em processo 
de ebulição.
d) aquecer líquidos utilizando os botijões de 13 quilos, pois 
consomem menos.
e) diminuir a chama do fogão, para aquecer quantidades maiores 
de líquido.
12. O contato com textos exercita a capacidade de reconhecer os 
fi ns para os quais este ou aquele texto é produzido. Esse texto tem 
por fi nalidade
a) apresentar um conteúdo de natureza científi ca.
b) divulgar informações da vida pessoal do pesquisador.
c) anunciar um determinado tipo de botijão de gás.
d) solicitar soluções para os problemas apresentados.
e) instruir o leitor sobre como utilizar corretamente o botijão.
13. Onde fi cam os “artistas”? Onde fi cam os “artesãos”? 
Submergidos no interior da sociedade, sem reconhecimento formal, 
esses grupos passam a ser vistos de diferentes perspectivas pelos 
seus intérpretes, a maioria das vezes, engajados em discussões 
que se polarizam entre artesanato, cultura erudita e cultura popular.
PORTO ALEGRE, M. S. Arte e ofício de artesão. São Paulo, 1985 (adaptado).
O texto aponta para uma discussão antiga e recorrente sobre o que 
é arte. Artesanato é arte ou não? De acordo com uma tendência 
inclusiva sobre a relação entre arte e educação,
a) o artesanato é algo do passado e tem sua sobrevivência 
fadada à extinção por se tratar de trabalho estático produzido 
por poucos.
b) os artistas populares não têm capacidade de pensar e conceber a 
arte intelectual, visto que muitos deles sequer dominam a leitura.
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c) o artista popular e o artesão, portadores de saber cultural, têm 
a capacidade de exprimir, em seus trabalhos, determinada 
formação cultural.
d) os artistas populares produzem suas obras pautados em 
normas técnicas e educacionais rígidas, aprendidas em 
escolas preparatórias.
e) o artesanato tem seu sentido limitado à região em que está 
inserido como uma produção particular, sem expansão de seu 
caráter cultural.
14.
O American Idol islâmico
Quem não gosta do Big Brother diz que os reality shows são 
programas vazios, sem cultura. No mundo árabe, esse problema 
já foi resolvido: em The Millions’ Poet (“O Poeta dos Milhões”), 
líder de audiência no golfo pérsico, o prêmio vai para o melhor 
poeta. O programa, que é transmitido pela Abu Dhabi TV e tem 70 
milhões de espectadores, é uma competição entre 48 poetas de 
12 países árabes — em que o vencedor leva um prêmio de US$ 1,3 
milhão. Mas lá, como aqui, o reality gera controvérsia. O BBB teve 
a polêmica dos “coloridos” (grupo em que todos os participantes 
eram homossexuais). E Millions’ Poet detonou uma discussão 
sobre os direitos da mulher no mundo árabe.
GARATTONI, B. O American Idol islâmico. SuperInteressante. Edição 278, maio 2010 
(fragmento).
No trecho “Mas lá, como aqui, o reality gera controvérsia”, o termo 
destacado foi utilizado para estabelecer uma ligação com outro 
termo presente no texto, isto é, fazer referência ao
a) vencedor, que é um poeta árabe.
b) poeta, que mora na região da Arábia.
c) mundo árabe, local em que há o programa.
d) Brasil, lugar onde há o programa BBB.
e) programa, que há no Brasil e na Arábia.
15.
Calvin apresenta a Haroldo (seu tigre de estimação) sua escultura 
na neve, fazendo uso de uma linguagem especializada. Os 
quadrinhos rompem com a expectativa do leitor, porque
a) Calvin, na sua última fala, emprega um registro formal e 
adequado para a expressão de uma criança.
b) Haroldo, no último quadrinho, apropria-se do registro linguístico 
usado por Calvin na apresentação de sua obra de arte.
c) Calvin emprega um registro de linguagem incompatível com a 
linguagem de quadrinhos.
d) Calvin, no último quadrinho, utiliza um registro linguístico 
informal.
e) Haroldo não compreende o que Calvin lhe explica, em razão do 
registro formal utilizado por este último.
16. (Enem 2018) 
A internet proporcionou o surgimento de novos paradigmas sociais 
e impulsionou a modifi cação de outros já estabelecidos nas 
esferas da comunicação e da informação. A principal consequência 
criticada na tirinha sobre esse processo é a 
a) criação de memes. 
b) ampliação da blogosfera. 
c) supremacia das ideias cibernéticas. 
d) comercialização de pontos de vista. 
e) banalização do comércio eletrônico. 
17.(ENEM 2018) 
A utilização de determinadas variedades linguísticas em 
campanhas educativas tem a função de atingir o público-alvo de 
forma mais direta e efi caz. No caso desse texto, identifi ca-se essa 
estratégia pelo(a) 
a) discurso formal da língua portuguesa. 
b) registro padrão próprio da língua escrita. 
c) seleção lexical restrita à esfera da medicina. 
d) fi delidade ao jargão da linguagem publicitária. 
e) uso de marcas linguísticas típicas da oralidade. 
18. (ENEM 2018) 
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INTERPRETAÇÃO 01 10 DICAS PARA INTERPRETAR OS TEXTOS NO ENEM
Essa imagem ilustra a reação dos celíacos (pessoas sensíveis 
ao glúten) ao ler rótulos de alimentos sem glúten. Essas reações 
indicam que, em geral, os rótulos desses produtos 
a) trazem informações explícitas sobre a presença do glúten. 
b) oferecem várias opções de sabor para esses consumidores. 
c) classificam o produto como adequado para o consumidor 
celíaco. 
d) influenciam o consumo de alimentos especiais para esses 
consumidores. 
e) variam na forma de apresentação de informações relevantes 
para esse público. 
19. (ENEM 2018) TEXTO I
TEXTO II
Imaginemos um cidadão, residente na periferia de um grande centro 
urbano, que diariamente acorda às 5h para trabalhar, enfrenta em 
média 2 horas de transporte público, em geral lotado, para chegar 
às 8h ao trabalho. Termina o expediente às 17h e chega em casa 
às 19h para, aí sim, cuidar dos afazeres domésticos, dos filhos etc. 
Como dizer a essa pessoa que ela deve praticar exercícios, pois é 
importante para sua saúde? Como ela irá entender a mensagem 
da importância do exercício físico? A probabilidade de essa pessoa 
praticar exercícios regularmente é significativamente menor que a 
de pessoas da classe média/alta que vivem outra realidade. Nesse 
caso, a abordagem individual do problema tende a fazer com que 
a pessoa se sinta impotente em não conseguir praticar exercícios 
e, consequentemente, culpada pelo fato de ser ou estar sedentária.
FERREIRA, M. S. Aptidão física e saúde na educação física escolar: ampliando o enfoque. 
RBCE, n. 2, jan. 2001 (adaptado).
O segundo texto, que propõe uma reflexão sobre o primeiro acerca 
do impacto de mudanças no estilo de vida na saúde, apresenta 
uma visão 
a) medicalizada, que relaciona a prática de exercícios físicos por 
qualquer indivíduo à promoção da saúde. 
b) ampliada, que considera aspectos sociais intervenientes na 
prática de exercícios no cotidiano. 
c) crítica, que associa a interferência das tarefas da casa ao 
sedentarismo do indivíduo. 
d) focalizada, que atribui ao indivíduo a responsabilidade pela 
prevenção de doenças. 
e) geracional, que preconiza a representação do culto à jovialidade. 
20. (ENEM 2018) 
A fotografia exibe a fachada de um supermercado em Foz do 
Iguaçu, cuja localização transfronteiriça é marcada tanto pelo 
limite com Argentina e Paraguai quanto pela presença de outros 
povos. Essa fachada revela o(a) 
a) pagamento da identidade linguística. 
b) planejamento linguístico no espaço urbano. 
c) presença marcante da tradição oral na cidade. 
d) disputa de comunidades linguísticas diferentes. 
e) poluição visual promovida pelo multilinguismo. 
05. APROFUNDAMENTO
EXERCÍCIOS DE
01. (UNESP 2014)
Horror a aprender
Se quiséssemos numa fórmula definir a mentalidade mais ou 
menos generalizada dos que militam na vida literária brasileira, não 
lograríamos descobrir outra que melhor se prestasse do que esta: 
horror a aprender. Nosso autodidatismo enraizado, nossa falta 
de hábito universitário, fazem com que aprender, entre nós, seja 
motivo de inferioridade intelectual. Ninguém gosta de aprender. 
Ninguém se quer dar ao trabalho de aprender. Porque já se nasce 
sabendo. Todos somos mestres antes de ser discípulos. Aprender 
o quê? Pois já sabemos tudo de nascença! Ignoramos essa verdade 
de extrema sabedoria: só os bons discípulos dão grandes mestres, 
e só é bom mestre quem foi um dia bom discípulo e continua 
com o espírito aberto a um perpétuo aprendizado. Quem sabe 
aprender sabe ensinar, e só quem gosta de aprender tem o direito 
de dar lições. Como pode divulgar e orientar conhecimentos quem 
mantém o espírito impermeável a qualquer aprendizagem?
Nossos jovens intelectuais, em sua maioria, primam pelo pedantismo, 
autossuficiência e falta de humildade de espírito. São mestres antes 
de ter sido discípulos. Saber não os preocupa, estudar, ninguém lhes 
viu os estudos. É só meter-lhes na mão uma pena e cair-lhes ao 
alcance uma coluna de jornal, e lá vem doutrinação leviana e prosa 
de meia-tigela. Não lhes importa verificar se estão arrombando portas 
abertas ou chovendo no molhado.
(No hospital das letras, 1963.)
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01 10 DICAS PARA INTERPRETAR OS TEXTOS NO ENEM
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INTERPRETAÇÃO
Indique a contradição da personagem mais nova da tira em pretender criar um blog intelectual sobre Saramago. 
02. (FGV 2014) Os enunciados de uma obra científica e, na maioria 
dos casos, de notícias, reportagens, cartas, diários etc., constituem 
juízos, isto é, as objectualidades puramente intencionais pretendem 
corresponder, adequar-se exatamente aos seres reais (ou ideias, 
quando se trata de objetos matemáticos, valores, essências, leis 
etc.) referidos. Fala-se então de “adequatio orationis ad rem”*. Há 
nestes enunciados a intenção séria de verdade. Precisamente por 
isso pode-se falar, nestes casos, de enunciados errados ou falsos 
e mesmo de mentira e fraude, quando se trata de uma notícia ou 
reportagem em que se pressupõe intenção séria. 
O termo “verdade”, quando usado com referência a obras de arte 
ou de ficção, tem significado diverso. Designa com frequência 
qualquer coisa como a genuinidade, sinceridade ou autenticidade 
(termos que, em geral, visam à atitude subjetiva do autor); ou 
a verossimilhança, isto é, na expressão de Aristóteles, não a 
adequação àquilo que aconteceu, mas àquilo que poderia ter 
acontecido; ou a coerência interna no que tange ao mundo 
imaginário das personagens e situações miméticas; ou mesmo a 
visão profunda - de ordem filosófica, psicológica ou sociológica - 
da realidade. Até neste último caso, porém, não se pode falar de 
juízos no sentido preciso. Seria incorreto aplicar aos enunciados 
fictícios critérios de veracidade cognoscitiva. [...] Os mesmos 
padrões que funcionam muito bem no mundo mágico-demoníaco 
do conto de fadas revelam-se falsos e caricatos quando aplicados 
à representação do universo profano da nossa sociedade atual [...]. 
“Falso” seria também um prédio com portal e átrio de mármore que 
encobrissem apartamentos miseráveis. É esta incoerência que é 
“falsa”. Mas ninguém pensaria em chamar de falso um autêntico 
conto de fadas, apesar de o seu mundo imaginário corresponder 
muito menos à realidade empírica do que o de qualquer romance 
de entretenimento. 
Anatol Rosenfeld, literatura e personagem. In: A. Candido et. al. 
A personagem de ficção. 
* adequatio orationis ad rem: adequação da linguagem ao assunto. 
Atenda ao que se pede: 
a) A natureza do texto justifica a citação da frase latina, tendo em 
vista que ela é corrente em textos de Retórica? Justifique sua 
resposta. 
b) No contexto, o que se entende por “situações miméticas” (2º. 
parágrafo)? 
03. (PUCRJ 2017) 
Texto 1
O afeto em Freud
“Se eu nos sonhos sinto medo de uns ladrões, os ladrões são por 
certo imaginários, mas o medo é real, e ocorre o mesmo quando me 
regozijo nos sonhos” (Freud, 1900/1976, p. 458). Prestar atenção 
aos afetos parecia a Freud ser um bom caminho para entender 
a natureza da alma humana. Para compreender um sonho, por 
exemplo, ele seguia os afetos nas séries de representações. O 
mesmo acontecia nos encontros com seus pacientes: as variações 
afetivas, das paixões intensas às hostilidades ao psicanalista e ao 
tratamentoem geral, indicavam-lhe que direção dar ao tratamento.
Texto adaptado de WINOGRAD, Monah & TEIXEIRA, Leônia Cavalcanti. Afeto e 
adoecimento do corpo: considerações psicanalíticas. In: Ágora: Estudos e Teoria 
Psicanalítica. Vol.14 nº 2 Rio de Janeiro, July/Dec. 2011. 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-14982011000200001 - 
acesso em 30/06/2016
Texto 2
Vários estudos constataram uma dimensão profunda do contato 
físico, separada da função discriminativa. Esse sistema recém-
descoberto, chamado pelos pesquisadores de toque afetivo ou 
emocional, é composto por fibras nervosas acionadas exatamente 
pelo tipo de carícia amorosa que uma mãe faz em seu filho. A 
constatação é que as bases neurobiológicas do afeto desempenham 
papel muito mais significativo no comportamento humano do que 
acreditávamos, a ponto de estreitar laços e até mesmo aumentar 
as chances de sobrevivência. Essas fibras podem também ajudar 
o psiquismo a construir e a integrar a percepção de si e do outro, 
informando a consciência sobre nosso próprio corpo e a habilidade 
de nos relacionarmos.
“O toque afetivo pode ajudar na compreensão do desenvolvimento 
do cérebro social; para a maioria das pessoas, o gesto permite 
que o sistema neural reconheça a si mesmo e tome contato com 
o outro”, diz o neurocientista Francis McGlone, pesquisador da 
Universidade John Moores Liverpool, na Inglaterra. “Do ponto de 
vista emocional, uma carícia suave nutre e sustenta boa parte da 
interação social.”
DENWORTH, Lydia. O poder do toque. In: Revista Mente e Cérebro, Ano XI, nº 274. p. 
21-22. Ed. Segmento.
a) Explique, de acordo com o Texto 1, o que há em comum entre 
o processo de compreensão dos sonhos e a indicação de 
tratamento para pacientes, no que diz respeito à conduta de 
Freud.
b) Indique que elemento relacionado a afeto é apresentado no 
Texto 2 e aponte uma de suas utilidades no dia a dia do ser 
humano. 
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INTERPRETAÇÃO 01 10 DICAS PARA INTERPRETAR OS TEXTOS NO ENEM
04. (FUVEST 2016) Leia este texto.
É conhecida a raridade de diários íntimos na sociedade 
escravocrata do Brasil colonial e imperial, em comparação com a 
frequência com que surgem noutra sociedade do mesmo feitio, o 
velho Sul dos Estados Unidos. Gilberto Freire reparou na diferença, 
atribuindo-a ao catolicismo do brasileiro e ao protestantismo do 
americano: aquele podia recorrer ao confessionário, mas a este 
só restava o refúgio do papel. Esta é também a explicação que 
oferece Georges Gusdorf, na base de uma comparação mais ampla 
dos textos autobiográficos produzidos nos países da Reforma 
e da Contrarreforma. Ao passo que no catolicismo o exame de 
consciência está tutelado na confissão pela autoridade sacerdotal, 
no protestantismo, ele não está submetido à interposta pessoa.
Evaldo C. de Mello, “Diários e ‘livros de assentos’”. In: Luiz Felipe de Alencastro (org.), 
História da vida privada no Brasil - 2.
a) De acordo com o texto, em que grupo de países os diários 
íntimos surgiam com maior frequência e por que isso ocorria?
b) A que expressões do texto se referem, respectivamente, os 
termos sublinhados no trecho “ele não está submetido à 
interposta pessoa”? 
05. (UNESP 2018) Leia o trecho do livro O maior espetáculo 
da Terra, do biólogo britânico Richard Dawkins (1941- ), para 
responder às questões.
A seleção natural impele espécies predadoras a tornarem-se cada vez 
melhores em apanhar presas, e simultaneamente impele espécies 
que são caçadas a tornarem-se cada vez melhores em escapar dos 
caçadores. Predadores e presas apostam uma corrida armamentista 
evolucionária, disputada no tempo evolucionário. O resultado tem 
sido uma constante escalada na quantidade de recursos econômicos 
que os animais, dos dois lados, despendem na corrida armamentista, 
em detrimento de outros departamentos de sua economia corporal. 
Caçadores e caçados tornam-se cada vez mais bem equipados para 
correr mais do que (ou surpreender, ou sobrepujar em astúcia etc.) o 
outro lado. Mas um equipamento aprimorado para correr mais não 
se traduz obviamente em mais sucesso numa corrida, pela simples 
razão de que, numa corrida armamentista, o outro lado também está 
aprimorando seu equipamento: essa é a marca registrada das corridas 
armamentistas. Poderíamos dizer, como explicou a Rainha de Copas 
a Alice, que eles correm o mais rápido possível para não sair do lugar.
Darwin tinha plena noção das corridas armamentistas evolucionárias, 
embora não usasse essa expressão. Meu colega John Krebs e eu 
publicamos um artigo sobre o tema em 1979, no qual atribuímos a 
expressão “corrida armamentista” ao biólogo britânico Hugh Cott. 
Talvez significativamente, Cott publicou seu livro, Adaptive coloration 
in animals, em 1940, em plena Segunda Guerra Mundial:
Antes de afirmar que a aparência enganosa de um gafanhoto ou 
borboleta é desnecessariamente detalhada, devemos verificar 
primeiro quais são os poderes de percepção e discriminação dos 
inimigos naturais desses insetos. Não fazê-lo é como dizer que a 
blindagem de um cruzador é pesada demais ou que seu conjunto 
de canhões é demasiado grande, sem investigar a natureza e a 
eficácia do armamento do inimigo. O fato é que, na primeva1 luta 
da selva, assim como nos refinamentos da guerra civilizada, vemos 
em progresso uma grande corrida armamentista evolucionária 
— cujos resultados, para a defesa, manifestam-se em recursos 
como velocidade, estado de alerta, couraça, coloração, hábitos 
subterrâneos, hábitos noturnos, secreções venenosas e gosto 
nauseante; e, para o ataque, em atributos compensadores como 
velocidade, surpresa, emboscada, atração, acuidade visual, garras, 
dentes, ferrões, presas venenosas e coloração atrativa. Assim 
como a velocidade do perseguido desenvolveu-se em relação a um 
aumento na velocidade do perseguidor, ou uma couraça defensiva 
em relação a armas ofensivas, também a perfeição de recursos de 
disfarce evoluiu em resposta a poderes crescentes de percepção.
Saliento que a corrida armamentista é disputada no tempo 
evolucionário. Não deve ser confundida com as corridas entre, 
por exemplo, um guepardo individual e uma gazela individual, 
que é disputada em tempo real. A corrida no tempo evolucionário 
é uma corrida que desenvolve equipamento para as corridas 
em tempo real. E o que isso realmente significa é que os genes 
para produzir o equipamento destinado a vencer o adversário 
em esperteza ou velocidade acumulam-se nos reservatórios 
gênicos de ambos os lados.
(O maior espetáculo da Terra, 2009. Adaptado.)
1primevo: antigo, primitivo.
a) Explique sucintamente o que o autor entende por “corrida 
armamentista evolucionária”.
b) De que forma a fala da Rainha de Copas a Alice – “eles correm 
o mais rápido possível para não sair do lugar” (1º parágrafo) 
– relaciona-se com a “marca registrada das corridas 
armamentistas” (1º parágrafo)? 
GABARITO
 EXERCÍCIOS PROPOSTOS
01. C
02. B
03. D
04. E
05. B
06. A
07. E
08. C
09. D
10. B
11. B
12. A
13. C
14. C
15. D
16. D
17. E
18. E
19. B
20. B
 EXERCÍCIOS DE APROFUNDAMENTO
01. A completa falta de informação da personagem sobre Saramago, escritor amplamente 
conhecido no meio intelectual, é contraditória com a intenção de criar um blog sobre ele. 
02. 
a) Sim, pois a expressão latina comum a textos relativos aos assuntos da retórica, 
“adequatio orationis ad rem,” refere-se aos aspectos linguísticos de produções de 
diversas naturezas textuais, como ocorre no texto de Anatol Rosenfeld.
b) A expressão “situações miméticas” sugere a reprodução de situações de forma 
verossímil, ou seja, a recriação harmônica entre os elementos fantasiosos ou 
imaginários que são determinantes no texto. 
03. 
a) No texto, vemos que Freud seguia os afetos tanto para compreender um sonho, 
quanto para pensar em um tratamento para os pacientes. Ou seja, seguindo “os 
afetos nas séries de representações”, Freud conseguiacompreender um sonho e 
percebendo as variações afetivas dos seus pacientes, Freud conseguia pensar em 
uma direção para o tratamento.
b) No texto II, a autora vai tratar do “poder do toque”, colocando o toque físico como 
elemento relacionado ao afeto. Logo no primeiro parágrafo ela cita várias utilidades 
do contato físico, tais como estreitar laços, aumentar as chances de sobrevivência 
e ajudar o psiquismo a construir e a integrar a percepção de si e do outro.
04. B
a) Segundo o autor, os diários íntimos surgiam com maior frequência nos países em 
que a Reforma Protestante se consolidou, pois os adeptos dessa nova corrente 
religiosa, que não contempla o ato da confissão, não podiam recorrer à autoridade 
sacerdotal para fazer exame de consciência. Assim, recorriam com frequência à 
escrita de textos autobiográficos para elaborarem questionamentos autocríticos 
relacionados com comportamento individual ou conduta social.
b) Os termos “ele” e “interposta pessoa” referem-se a “exame de consciência” e 
“autoridade sacerdotal”, respectivamente.
05. 
a) Segundo o autor, “corrida armamentista evolucionária“ define a competição entre 
as espécies predadoras e as que são caçadas, a fim de aprimorar métodos e 
estratégias de caça ou defesa ao longo da evolução natural da sua espécie. 
b) A mudança das características hereditárias de uma população de seres vivos 
de uma geração para outra é simultânea em todas as espécies, ou seja, tanto 
predadores como presas tratam de produzir mecanismos gênicos destinados a 
vencer o adversário em esperteza ou velocidade. Desta forma, estabelece-se um 
equilíbrio entre os grupos que impede que um ultrapasse o outro, ou seja, ambos 
“correm o mais rápido possível para não sair do lugar”, como afirma a Rainha de 
Copas em “Alice no país das maravilhas”.
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INTERPRETAÇÃO
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LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL, 
SIGNO, SIGNIFICANTE E SIGNIFICADO02
Veja esta tira de Luis Fernando Verissimo:
(VERISSIMO, Luis Fernando. Aventuras da Família Brasil. Porto Alegre: L&PM, 1993.)
A tira é construída em três cenas. Nelas, se verifica uma situação 
de conversação entre os personagens envolvidos. A filha é quem 
representa papel de locutor, isto é, a pessoa que fala, na primeira 
cena. Os pais são os interlocutores, isto é, as pessoas com quem 
se fala. Essa tira retrata uma situação de comunicação, pois as 
pessoas interagem pela linguagem, de tal forma que modificam o 
comportamento do outro. Assim, o que uma pessoa transmite à outra 
na forma de linguagem chama-se mensagem. A comunicação ocorre 
quando, ao emitirmos uma mensagem, nos fazemos compreender 
por uma pessoa.
Em um ato de comunicação não estão em jogo somente 
palavras, mas também gestos e movimentos. Quando empregamos 
esses elementos com a intenção de estabelecer uma comunicação, 
estamos usando diferentes linguagens. Essa linguagem, por 
conceito, é a representação do pensamento por meio de sinais que 
permitem a comunicação e a interação entre as pessoas.
Tais sinais que permitem o ato de comunicação são os 
chamados signos linguísticos. Segundo o escritor e linguista 
Umberto Eco, define-se como signo aquilo que “à base de uma 
convenção social previamente aceita, possa ser entendido como 
algo que está no lugar de outra coisa”. Por exemplo, quando se 
diz que alguém é uma raposa, por uma convenção, estabelece-se 
que se trata de alguém esperto, por uma analogia com o animal, o 
vocábulo “raposa” está em lugar de “esperto” no contexto.
A partir desses conceitos, percebe-se que, na tira, houve uma 
falha na comunicação entre o pai e namorado da filha. O rapaz 
não entendeu a mensagem porque a palavra “Shakespeare” não 
representa um signo para ele, não comunica nada: o nome do 
escritor inglês é interpretado como algo para beber.
Os signos podem ser verbais (as palavras) ou não verbais 
(gestos, símbolos, cores, até o tom de voz). Repare que em um 
anúncio de sorvetes, por exemplo, há, normalmente, sol e uma luz 
alaranjada, signos que representam o calor. Da mesma maneira, 
propagandas que querem sugerir uma certa intelectualidade 
costumam usar atores com óculos, signo de uma possível 
bagagem cultural. Tais signos, juntos, ajudam o interlocutor a 
perceber a intenção da mensagem que se quer passar.
São signos os sinais verbais ou não verbais, que apresentam 
dois eixos de significação: uma parte perceptível (sons, letras) e 
uma parte inteligível (conceito). Assim, no campo das palavras, 
entende-se por signo linguístico a unidade constituída de expressão 
e de conteúdo, de significante e de significado, respectivamente
significante → coroa
significado → 1. arranjo de flores; 2. ornamento de reis, 
rainhas; 3. idoso.
Veja que a propaganda acima explora os recursos do 
significado do signo “coroa”. Por se tratar de uma propaganda 
de empresa funerária, a palavra está ligada ao arranjo de flores 
presente em funerais; no entanto, a figura do senhor em destaque 
também faz alusão à gíria usada para idosos, ou seja, arranjar uma 
companheira.
Leia este anúncio da LPCE (Liga portuguesa contra epilepsia):
(Recolhido do site: http://www.lpce.pt)
A intenção do anunciante é divulgar a ideia do voluntariado 
para ajudar à associação. Os questionamentos dirigidos ao 
público (“Sente necessidade de ser útil? Necessidade de dar apoio 
e suporte?”) se juntam à conclusão simples, porém fundamental: 
“com pequenos gestos podemos melhorar a vida de outras 
pessoas... seja voluntário”.
PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR84
INTERPRETAÇÃO 02 LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL, SIGNO, SIGNIFICANTE E SIGNIFICADO
Repare que o anúncio mostra várias mãos juntas como num 
“cabo de guerra”. Tal procedimento dá ao público uma imagem de 
que a associação precisa de sua colaboração nesse “jogo”. Ora, 
essa imagem nos remete à ideia de que quanto mais pessoas 
estiverem ajudando, a tarefa a ser cumprida será menos árdua. A 
imagem das mãos no “cabo de guerra” é, portanto, um sinal que 
ajuda a perceber a intenção da mensagem do anúncio. É um signo 
não verbal.
O ser humano utiliza diferentes tipos de linguagem, como 
a da música, da dança, da pintura, da fotografi a. Essas várias 
linguagens se organizam em dois grupos: a linguagem verbal, que 
tem por unidade os signos verbais, as palavras; e as linguagens não 
verbais, que têm como unidade signos não verbais, como o gesto, 
a imagem, o movimento, como analisado acima. Há, ainda, as 
linguagens mistas, como a das histórias em quadrinhos, o cinema, 
a televisão, que utilizam a palavra e a imagem.
Numa situação de comunicação, se empregamos palavras, 
gestos, movimentos, estamos empregando um código. Código 
é um conjunto de sinais convencionados socialmente para a 
transmissão da mensagem.
Não só as palavras, gestos, são códigos, mas também os 
sinais de trânsito, os símbolos, o código morse, as buzinas de 
automóveis. É importante notar que só haverá comunicação 
utilizando um código se os interlocutores tiverem essa convenção 
internalizada. Determinados gestos podem representar sentidos 
diferentes dependendo das comunidades em que se vive.
Na nossa comunidade, usamos a língua portuguesa como 
principal código. Língua é um tipo de código formado por palavras 
e leis combinatórias por meio do qual as pessoas se comunicam 
e interagem entre si. Em cada sistema linguístico, há regras de 
diversas naturezas, sejam lexicais, sejam sintáticas. Quando 
escutamos palavras como love ou sun, percebemos que estamos 
diante do código empregado na língua inglesa, pois se trata de 
palavras do vocabulário desse idioma.
Porém, dominar bem uma língua não signifi ca apenas saber 
seu vocabulário; é preciso também ter domínio de suas leis 
combinatórias, de suas ordens internas, de sua sintaxe. Saber, por 
exemplo, que no código da língua inglesa o adjetivo vem sempre 
anteposto ao substantivo, enquanto que, na língua portuguesa, a 
anteposição do adjetivo pode, inclusive, alterar o sentido da palavra.Outro traço fundamental em jogo nesse sistema linguístico é o 
aspecto fonético. Quantas vezes ouvimos nas resenhas internacionais 
sobre jogos da seleção brasileira a pronúncia “errada” do meio-campo 
Falcão, hoje comentarista de futebol? Invariavelmente ouvíamos 
“Falcao”, sem o til. Essa nasalização, característica da língua, causa 
difi culdades em falantes não nativos. Da mesma maneira, nós, 
falantes de língua portuguesa, apresentamos grandes difi culdades 
para a realização de certos fonemas de outros códigos linguísticos, 
como a pronúncia do inglês the (com a língua entre os dentes, 
inclusive), ou ainda o ich alemão.
Além disso, um conhecedor da língua é, presumivelmente, um 
conhecedor das nuances que regem essa língua. Um estrangeiro 
poderá ter difi culdades ao receber como resposta um “pois não”. 
Entrar na “lista negra” não signifi cará uma cor dessa tal lista. 
Quando se fala em saber usar a língua, percebe-se que a intenção 
do falante é o que realmente importa, ele é o sujeito dessa ação 
e é fundamental dominá-la, até mesmo para jogar com suas 
possibilidades, com suas ambiguidades, seus duplos sentidos. Em 
outras palavras, em uma situação de conversação, será sempre o 
falante o sujeito da ação de escolher os enunciados que melhor 
se ajustem às suas intenções. Toma-se um exemplo recolhido da 
fala do professor Agostinho Dias Carneiro, em uma palestra para 
professores de Língua Portuguesa no Colégio Pedro II:
A menina, adolescente, chega a casa altas horas da noite. O pai, 
sisudo, esperando por ela:
- A senhora sabe que horas são?
- O pneu do carro do Rodrigo furou.
- Que isso nunca mais se repita.
Repare que a menina não respondeu ao que o pai perguntou. 
Ela jogou com a língua da maneira mais conveniente para ela. E o 
pai, ao lançar a fala fi nal, defi nitiva, sabe que, na maioria dos casos, 
aquilo se repete, sim.
Um usuário da língua deverá entender a nuance que regeu 
esse diálogo, no qual não vale o que se está dizendo, mas o que 
está subentendido. Dessa forma, como afi rma o linguista russo 
Mikhail Bakhtin, a verdadeira substância da língua não está num 
sistema abstrato de formas linguísticas, mas no fenômeno social 
da interação verbal, realizado através da enunciação. Diz ele: “A 
interação verbal constitui assim a realidade fundamental da língua”.
PROTREINO
EXERCÍCIOS
01. Explique o que é linguagem verbal.
02. Explique o que é linguagem não verbal.
03. Explique o que é linguagem mista.
04. Conceitue o que é Língua.
05. Identifi que exemplos de códigos usados cotidianamente pelos 
falantes de Língua Portuguesa.
PROPOSTOS
EXERCÍCIOS
01. (ENEM)
Casados e independentes
Um novo levantamento do IBGE mostra que o numero de 
casamentos entre pessoas na faixa dos 60 anos cresce, desde 
2003, a um ritmo 60% maior que o observado na população 
brasileira como um todo...
Fontes: IBGE e Organização Internacional do Trabalho (OIT) 
*Som base no último dado disponível, da 2008
Veja São Paulo, 21 abr. 2010 (adaptado)
Os gráfi cos expõem dados estatísticos por meio de linguagem 
verbal e não verbal. No texto, o uso desse recurso
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02 LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL, SIGNO, SIGNIFICANTE E SIGNIFICADO
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INTERPRETAÇÃO
a) exemplifi ca o aumento da expectativa de vida da população.
b) explica o crescimento da confi ança na instituição do 
casamento.
c) mostra que a população brasileira aumentou nos últimos cinco 
anos.
d) indica que as taxas de casamento e emprego cresceram na 
mesma proporção.
e) sintetiza o crescente número de casamentos e de ocupação no 
mercado de trabalho.
02. (ENEM)
Disponível em: www.sasia.org.br. Acesso em: 30 maio 2016.
Essa propaganda foi criada para uma campanha de conscientização 
sobre a violência contra a mulher. As palavras que compõem a 
imagem indicam que a
a) violência contra a mulher está aumentando.
b) agressão à mulher acontece de forma física e verbal.
c) violência contra a mulher é praticada por homens.
d) agressão à mulher é um fenômeno mundial.
e) violência contra a mulher ocorre no ambiente doméstico.
03. (ENEM) Os signos visuais, como meios de comunicação, são 
classifi cados em categorias de acordo com seus signifi cados. A 
categoria denominada indício corresponde aos signos visuais 
que têm origem em formas ou situações naturais ou casuais, as 
quais, devido à ocorrência em circunstâncias idênticas, muitas 
vezes repetidas, indicam algo e adquirem signifi cado. Por exemplo, 
nuvens negras indicam tempestade.
Com base nesse conceito, escolha a opção que representa um 
signo da categoria dos indícios.
a) 
b) 
c) 
d) 
e) 
04. (ENEM)
KUCZYNSKIEGO, P. Ilustração, 2008.
Disponível em: http://capu.pl. Acesso em: 3 ago. 2012.
Através da linguagem não verbal, o artista gráfi co polonês Pawla 
Kuczynskiego aborda a triste realidade do trabalho infantil.
O artista gráfi co polonês Pawla Kuczynskiego nasceu em 1976 
e recebeu diversos prêmios por suas ilustrações. Nessa obra, ao 
abordar o trabalho infantil, Kuczynskiego usa sua arte para
a) difundir a origem de marcantes diferenças sociais.
b) estabelecer uma postura proativa da sociedade.
c) provocar a reflexão sobre essa realidade.
d) propor alternativas para solucionar esse problema.
e) retratar como a questão é enfrentada em vários países do mundo.
05. (ENEM)
Cartum de Caulos, disponível em www.caulos.com
A linguagem não verbal pode produzir efeitos interessantes, 
dispensando assim o uso da palavra.
O cartum faz uma crítica social. A fi gura destacada está em 
oposição às outras e representa a
a) opressão das minorias sociais.
b) carência de recursos tecnológicos.
c) falta de liberdade de expressão.
d) defesa da qualifi cação profi ssional.
e) reação ao controle do pensamento coletivo.
PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR86
INTERPRETAÇÃO 02 LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL, SIGNO, SIGNIFICANTE E SIGNIFICADO
06. (PRODEMGE - Analista de Tecnologia da Informação)
IVO viu a Uva – htttp://www.ivoviuauva.com.br
Na sequência de 1 a 4 dos quadrinhos, podem ser identifi cadas as 
seguintes características de linguagem:
I. No primeiro quadrinho, há apenas a linguagem verbal oral.
II. No segundo quadrinho, pode-se perceber apenas a linguagem 
não-verbal.
III. No terceiro quadrinho, o chargista apresenta uma mistura entre 
o verbal escrito e o não-verbal.
IV. No quarto quadrinho, há uma informação verbal escrita.
Marque a alternativa CORRETA:
a) apenas as proposições III e IV são verdadeiras.
b) apenas as proposições I e II são verdadeiras.
c) apenas as proposições I e III são verdadeiras.
d) as proposições I,II,III e IV são verdadeiras.
07. (IBGP/CISSUL – MG - Condutor Socorrista )
Fonte: http://1.bp.blogspot.com/+IVXd9Wp3Ve4/TJokbm7qKQI/AAAAAAAAEnk/
H4QU5R4PRCY/s1600/0+a+Transito+11.jpg Acesso em: 18/09/2016.
Sobre o tipo de linguagem utilizada no cartum, assinale a alternativa 
INCORRETA.
a) Possui linguagem não-verbal.
b) Possui linguagem mista.
c) Possui linguagem verbal.
d) Possui linguagem informal.
08. (IF-TO – Auditor)
Disponível em: https://patologiapolitica.wordpress.com/2011/07/08/charge-saber-
viver/. Acesso em: 15 ago. 2016.
Considerando a relação entre a linguagem verbal e a linguagem não 
verbal para a compreensão da charge, não é adequado afi rmar que:
a) O texto está criticando o assaltante e está dando apoio ao 
deputado por estar sendo assaltado.
b) O texto critica os escândalos de corrupção, desvio de dinheiro, 
no âmbito da administração pública.
c) O texto critica a postura desonesta de certos políticos que 
lesam a população ao fazerem mau uso do dinheiro público.
d) O texto aponta para o fato de que certos políticos lesam a 
população ao usarem em suas vidas particulares dinheiro 
público indevido.
e) O texto compara o ato (de assaltar) de um assaltante qualquer 
ao ato de alguns políticos também lesarem a população.
09. (CRC-MG – Motorista) Considerando que as pessoas não se 
comunicam apenas pela voz ou pela escrita, quanto à linguagem 
corporal, assinale a alternativa correta.
a) Palavras.
b) Voz.c) Gestos.
d) Linguagem verbal.
e) Audição.
10. (IF-GO – Assistente em Administração)
Disponível em: <htttp://aprendaescrever.blogspot.com.br/2016/-3/charge-sobre-
influencia-da -midia.html>. Acesso em: 21 ado. 2017.
No texto, o humor é instaurado pela
a) linguagem não verbal, que é a única responsável pela produção 
de sentidos no texto.
b) linguagem verbal e não verbal, que, juntas, se responsabilizam 
pelo sentido do texto.
c) linguagem verbal, que detalhada e de modo exclusivo, resume 
os sentidos produzidos pelo texto.
d) linguagem não verbal que se sobrepõe à verbal, dispensando a 
primeira na produção de sentidos.
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02 LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL, SIGNO, SIGNIFICANTE E SIGNIFICADO
87
INTERPRETAÇÃO
11.
Mineiro de Araguari, o cartunista Caulos já publicou seus trabalhos em 
diversos jornais, entre eles o Jornal do Brasil e o The New York Times.
No cartum apresentado, o signifi cado da palavra escrita é reforçado 
pelos elementos visuais, próprios da linguagem não verbal. A 
separação das letras da palavra em balões distintos contribui para 
expressar principalmente a seguinte ideia:
a) difi culdade de conexão entre as pessoas
b) aceleração da vida na contemporaneidade
c) desconhecimento das possibilidades de diálogo
d) desencontro de pensamentos sobre um assunto
12.
Os versos de Carlos Drummond de Andrade que mais adequadamente 
traduzem a principal mensagem da fi gura acima são: 
a) Stop.
A vida parou
ou foi o automóvel? 
b) As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
c) Um silvo breve. Atenção, siga.
Dois silvos breves: Pare.
Um silvo breve à noite: Acenda a lanterna.
Um silvo longo: Diminua a marcha.
Um silvo longo e breve: Motoristas a postos.
(A este sinal todos os motoristas tomam lugar nos 
seus veículos para movimentá-los imediatamente.) 
d) proibido passear sentimentos
ternos ou desesperados
nesse museu do pardo indiferente
e) Sim, meu coração é muito pequeno.
Só agora vejo que nele não cabem os homens.
Os homens estão cá fora, estão na rua. 
13. Para responder à questão, considere a tela Guernica, de Pablo 
Picasso (fi gura 1), pintada em protesto ao bombardeio a cidade 
espanhola de mesmo nome, e a imagem criada pelo cartunista 
argentino, Quino (fi gura 2). 
Na cena criada por Quino, está presente a intertextualidade, pois
a) o humor surge em consequência da falta de dedicação e de 
empenho da faxineira no momento de realizar as tarefas da 
casa. 
b) a dona da casa é uma pessoa que aprecia pintura e possui 
várias obras de artistas cubistas em sua residência. 
c) as alterações realizadas pela faxineira na pintura de Picasso 
mantiveram a ideia original proposta pelo pintor para Guernica. 
d) o cartunista reproduz a famosa pintura de Picasso, inserindo-a 
em um novo contexto que é a sala em desordem de uma 
residência. 
e) a faxineira irrita-se com a sujeira deixada pelos adolescentes 
da casa os quais frequentemente realizam festas para os 
amigos. 
PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR88
INTERPRETAÇÃO 02 LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL, SIGNO, SIGNIFICANTE E SIGNIFICADO
14.
Sobre a charge, assinale a alternativa CORRETA.
a) A mensagem de paz do texto que introduz a charge apresenta-
se substancialmente oposta à imagem violenta retratada. 
b) O confronto entre os personagens apresenta uma mensagem 
coerente com a mensagem inicial da charge: de amor e paz. 
c) Lutar é algo inerente ao ser humano; por isso pode-se afi rmar 
que não há qualquer contradição entre a mensagem verbal e a 
não verbal. 
d) As frases da torcida indicam que esses espectadores não 
gostam de violência. 
e) No contexto da charge, a luta pode ser entendida como uma 
forma de violência pacífi ca. 
15. O cartaz a seguir foi usado em uma campanha pública para 
doação de sangue.
Glossário
Rolezinho: diminutivo de rolê ou rolé; em linguagem informal, signifi ca 
“pequeno passeio”. Recentemente, tem designado encontros 
simultâneos de centenas de pessoas em locais como praças, parques 
públicos e shopping centers, organizados via internet.
Anonymous riot: rebelião anônima.
Considerando como os sentidos são produzidos no cartaz e o seu 
caráter persuasivo, pode-se afi rmar que:
a) As fi guras humanas estilizadas, semelhantes umas às outras, 
remetem ao grupo homogêneo das pessoas que podem ajudar 
e ser ajudadas. 
b) A expressão “rolezinho” remete à meta de se reunir muitas 
pessoas, em um só dia, para doar sangue. 
c) O termo “até” indica o limite mínimo de pessoas a serem 
benefi ciadas a partir da ação de um só indivíduo. 
d) O destaque visual dado à expressão “ROLEZINHO NO 
HEMORIO” tem a função de enfatizar a participação individual 
na campanha. 
16. (CMRJ 2018) Você já ouviu falar em “pinturas rupestres”? São 
as mais antigas formas de arte produzidas pelo ser humano – 
algumas datam de 40.000 anos antes de Cristo! – e se encontram 
nas paredes das cavernas que serviam de moradia. Essas pinturas 
mostram situações do dia a dia das pessoas daquela época, como 
a que inspirou o próximo texto. 
A charge retrata uma cena ou situação com intenção crítica, 
usando o desenho como linguagem. Nessa charge, a mensagem 
tem sentido crítico, uma vez que 
a) compara os homens de hoje com os da pré-história. 
b) ironiza a forma como as pessoas viviam nas cavernas. 
c) chama a atenção para com o desrespeito com a natureza. 
d) questiona a autoria dos desenhos mais antigos do homem. 
e) remete à Idade da Pedra o princípio do respeito aos animais. 
17. (IFSC 2018) Em relação ao gênero textual história em 
quadrinhos, analise as afi rmações a seguir.
I. É obrigatório o uso de texto verbal em todos os quadrinhos da 
história.
II. As histórias em quadrinhos servem exclusivamente para a 
contação de piadas.
III. A mescla entre informações verbais e visuais é uma 
característica fundamental na constituição das histórias.
IV. Por ser voltada ao público jovem, é imprescindível a presença 
de personagens adolescentes.
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02 LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL, SIGNO, SIGNIFICANTE E SIGNIFICADO
89
INTERPRETAÇÃO
Assinale a alternativa CORRETA. 
a) Somente III é verdadeira. 
b) Somente I e IV são verdadeiras. 
c) Somente III e V são verdadeiras. 
d) Somente IV é verdadeira. 
e) Somente I e II são verdadeiras. 
18. (CMRJ 2018) 
Qual é a crítica presente na charge e como o elemento verbal é 
inserido? 
a) Existe uma crítica quanto ao esfriamento das relações 
familiares e o elemento verbal explicita isso através de 
eufemismo. 
b) Existe uma crítica quanto à supervalorização da interação 
interpessoal através de novas mídias de tecnologia e o 
elemento verbal explicita isso através de ironia. 
c) Existe uma crítica quanto à supervalorização da interação 
interpessoal através de novas mídias de tecnologia e o 
elemento verbal explicita isso através de eufemismo. 
d) Existe uma crítica quanto ao impacto social causado pelas 
novas tecnologias de comunicação e informação nas relações 
entre os casais e o elemento verbal explicita isso através de 
metonímia. 
e) Existe uma crítica quanto ao esfriamento das relações 
familiares e o elemento verbal explicita isso através de ironia. 
19. (IFAL 2017) 
Pela ordem de aparecimento dos textos acima e, considerando 
o diálogo neles contido entre linguagem verbal e linguagem não 
verbal, temos, respectivamente, as seguintes ideias: 
a) desemprego atinge níveis muito altos no país / as relações 
trabalhistas são injustas 
b) o jornalismo também é atingido pelo desemprego / é necessário 
investir em mão de obra qualificada 
c) o jornalismo é uma área profissional instável / o trabalhador é 
considerado um super-herói 
d) as informações são velozes / há trabalhadores lentos 
e) é preciso frieza no jornalismo / é necessário modernizar o 
trabalho 
20. (IFPE 2017) Leia a tirinha abaixo para responder à questão.
Sobre a linguagem dos personagensda tirinha, retirada da página 
do Facebook “Bode Gaiato”, avalie as assertivas abaixo.
I. O texto verbal, embora escrito, revela aproximação com a 
oralidade. A grafia da palavra “nãm” evidencia esse aspecto.
II. Os falantes se utilizam de uma linguagem com fortes marcas 
regionais, como, por exemplo, a escolha da palavra “mainha”.
III. O diálogo entre mãe e filho revela o registro formal da 
linguagem, como podemos perceber pela utilização das 
expressões “venha cá pra eu...” e “que nem...”.
IV. O vocábulo “boizin”, formado a partir da palavra inglesa “boy”, 
é uma marca linguística típica de grupos sociais de jovens e 
adolescentes.
V. Visto que todas as línguas naturais são heterogêneas, podemos 
afirmar que a fala de Júnio e sua mãe revelam preconceito 
linguístico.
Estão CORRETAS apenas as afirmações contidas nas assertivas 
a) I, II e IV. 
b) I, III e V. 
c) II, IV e V. 
d) II, III e IV. 
e) III, IV e V. 
PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR90
INTERPRETAÇÃO 02 LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL, SIGNO, SIGNIFICANTE E SIGNIFICADO
05. APROFUNDAMENTO
EXERCÍCIOS DE
01. (UFU 2015) 
O anúncio publicitário, produzido por uma revista para divulgar seus 
blogs, dialoga com outro texto. Considerando essa informação, 
a) indique que texto é esse e explique o processo de intertextualidade 
que se estabelece entre ele e o anúncio publicitário. 
b) explique de que maneira a linguagem não verbal do anúncio 
publicitário contribui com o diálogo estabelecido entre os dois 
textos.
02. (UERJ 2017) 
Um estudo sobre contestações do povo dirigidas ao governo na 
primeira década do século XX, registradas em uma coluna de 
jornal, revela a atitude do cidadão em momentos não críticos, 
em seu cotidiano de habitante da cidade do Rio de Janeiro. A 
conclusão do estudo é que quase só pessoas de algum modo 
relacionadas com a burocracia do Estado se queixavam, quer os 
próprios funcionários e operários, quer as vítimas dos funcionários, 
especialmente da polícia e dos fiscais. Reclamavam funcionários, 
artesãos, pequenos comerciantes, uma ou outra prostituta. 
Mas as queixas não revelavam oposição ao Estado. O conteúdo 
das reclamações girava em torno de problemas elementares, como 
segurança individual, limpeza pública, transporte, arruamento. 
Permanece, no entanto, o fato de que entre as reivindicações não 
se colocava a de participação nas decisões, a de ser ouvido ou 
representado. O Estado aparece como algo a que se recorre, como 
algo necessário e útil, mas que permanece fora do controle, externo 
ao cidadão. Ele não é visto como produto de concerto político, pelo 
menos não de um concerto em que se inclua a população. É uma 
visão antes de súdito que de cidadão, de quem se coloca como objeto 
da ação do Estado e não de quem se julga no direito de a influenciar.
Como explicar esse comportamento político da população do 
Rio de Janeiro? De um lado, a indiferença pela participação, a 
ausência de visão do governo como responsabilidade coletiva, de 
visão da política como esfera pública de ação, como campo em 
que os cidadãos se podem reconhecer como coletividade, sem 
excluir a aceitação do papel do Estado e certa noção dos limites 
deste papel e de alguns direitos do cidadão. De outro, 1o contraste 
de um comportamento participativo em outras esferas de ação, 
como a religião, a assistência mútua e as grandes festas em que a 
população parecia reconhecer-se como comunidade.
Seria a cidade a responsável pelo fenômeno? Neste caso, como 
caracterizá-la, como distingui-la de outras? Entramos aqui na 
vasta e rica literatura sobre o fenômeno urbano, em particular 
sobre a cultura urbana.
JOSÉ MURILO DE CARVALHO 
Adaptado de Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. 
São Paulo: Companhia das Letras, 1987. 
No último parágrafo, o autor emprega dois recursos que explicitam 
sua interlocução com os leitores. Identifique-os. 
03. (Fuvest 2015) Examine a seguinte matéria jornalística: 
Sem-teto usa topo de pontos de 
ônibus em SP como cama 
Às 9h desta segunda (17), ninguém dormia no ponto de ônibus da rua 
Augusta com a Caio Prado. Ninguém a não ser João Paulo Silva, 42, 
que chegava à oitava hora de sono em cima da parada de coletivos. 
“Eu sempre durmo em cima desses pontos novos. É gostoso. O 
teto tem um vidro e uma tela embaixo, então não dá medo de que 
quebre. É só colocar um cobertor embaixo, pra ficar menos duro, e 
ninguém te incomoda”, disse Silva depois de acordar e descer da 
estrutura. No dia, entretanto, ele estava sem a coberta, “por causa 
do calor de matar”. 
Por não ter trabalho em local fixo (“Cato lata, ajudo numa empresa 
de carreto. Faço o que dá”), ele varia o local de pouso. “Às vezes 
é aqui no centro, já dormi em Pinheiros e até em Santana. Mas é 
sempre nos pontos, porque eu não vou dormir na rua”. 
www1.folha.uol.com.br, 19/03/2014. Adaptado. 
Qual é o efeito de sentido produzido pela associação dos elementos 
visuais e verbais presentes na imagem acima? Explique.
04. (UNICAMP 2014)
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02 LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL, SIGNO, SIGNIFICANTE E SIGNIFICADO
91
INTERPRETAÇÃO
Os infográficos apresentam informações de forma sintética, 
utilizando imagens, cores, organização gráfica, etc. Indique dois 
exemplos, do infográfico reproduzido acima, em que a informação 
é apresentada por meio de linguagem não verbal.
05. (UNICAMP 2013) Os textos abaixo integram uma matéria de 
divulgação científica sobre o tamanho de criaturas marinhas, 
ilustrada com fotos dos animais mencionados.
TEXTO 1
Eles nascem com milímetros e alcançam metros de comprimento, 
nadam das praias rasas às águas abissais. Em fotos únicas, 
produzidas em tanques especiais, conheça as medidas dos 
animais do fundo do mar.
TEXTO 2
ESCALA MILIMÉTRICA
Enquanto este cavalo-marinho pode chegar a 30 cm, os filhotes 
medem poucos milímetros ao nascer. Eles surgem depois que a 
fêmea deposita óvulos em uma bolsa na barriga do macho, que é 
responsável pela fertilização.
Pode-se afirmar que a compreensão do texto 2 depende da 
imagem que o acompanha. Destaque do texto a expressão 
responsável por essa dependência e explique por que seu 
funcionamento causa esse efeito.
GABARITO
 EXERCÍCIOS PROPOSTOS
01. E
02. B
03. B
04. C
05. E
06. A
07. D
08. A
09. C
10. B
11. A
12. D
13. D
14. A
15. B
16. E
17. A
18. E
19. A
20. A
 EXERCÍCIOS DE APROFUNDAMENTO
01. 
a) O anúncio publicitário dialoga com a colocação de Lavoisier: “Na Natureza, nada se 
cria, nada se perde, tudo se transforma”.
b) A linguagem não verbal aponta para duas teclas do computador unidas, 
representando um atalho para o recurso de copiar dados. Ambas, unidas, são alvo 
de crítica, representada pelo pejorativo arremesso de objetos. 
02. Recursos: uso de frases interrogativas; uso da primeira pessoa no plural. 
03. Estamos diante de uma contradição e, por conseguinte, de uma ironia. Diante desta 
imagem, nossos olhos sentem um estranhamento imediato fruto do contraste produzido 
pela palavra escrita em letras garrafais e tomando boa parte do anúncio: CONFORTO. Em 
cima, com custo, percebemos a existência de um homem deitado. Abaixo do homem um 
anúncio imenso. O efeito de sentido é produzido pelo contraste gerador da ironia presente 
entre a palavra CONFORTO e um homem dormindo ao relento, em um lugar que não foi feito 
para isso. A posição toda torta do homem enquanto dorme colide com a segurança e a 
beleza escritas também no anúncio, outro contraste que levará à ironia.
Refletido pelo vidro, no canto à esquerda, há um outro homem, que também parece 
maltrapilho, e que parece estar se penteando e utilizando o vidro do ponto de ônibus para 
sua toalete, o que também remete à beleza expressa na mensagem escrita do anúncio. 
Uma ironia produzida pela própria realidade.
04. O infográfico apresenta um homem estilizado para mostrar que o consumo é por 
pessoa, nas laterais do boneco há uma escala para representar a quantidade de água 
gasta. As bandeiras representam a nacionalidadeou a localização geográfica. A água é 
representada pela linha ondulada. Há ainda o balão para representar a fala.
05. Os pronomes demonstrativos demonstram a posição de um elemento qualquer em 
relação à pessoa do discurso, situando-o no espaço, no tempo ou no próprio discurso. 
Assim, a compreensão do texto II depende da visualização da imagem que acompanha 
o texto verbal, dependência estabelecida pelo pronome demonstrativo “este”, elemento 
catafórico, que antecede o que vai ser revelado posteriormente. 
ANOTAÇÕES
PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR92
INTERPRETAÇÃO 02 LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL, SIGNO, SIGNIFICANTE E SIGNIFICADO
ANOTAÇÕES
INTERPRETAÇÃO
PRÉ-VESTIBULAR 93PROENEM.COM.BR
SEMÂNTICA I: POLISSEMIA, 
AMBIGUIDADE, DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO03
Veja esta tira, de Luis Fernando Verissimo:
(VERISSIMO, Luis Fernando. As Cobras. Porto Alegre: L&PM, 1997)
Nesta tira, Verissimo utiliza o conceito da palavra “semântica” 
para criar humor. As palavras possuem certos sentidos que podem 
variar, dependendo do contexto em que são empregadas.
Comumente, a Semântica é definida como o estudo do 
significado. No entanto, como se sabe, esse vocábulo abarca 
várias acepções. Ogden e Richards (1972), em “O significado de 
significado”, apontam para a ideia de que “o significado de qualquer 
frase é aquilo que o elocutor pretende que seja entendido, através 
dela, pelo ouvinte.” Tal definição deixa implícito um conceito acerca 
do processo linguístico: o sentido do texto está intrinsecamente 
ligado ao uso da língua em uma situação de comunicação.
De fato, se a língua é um sistema que está em constante 
processo de construção, sendo constituída por diversas vozes, 
nas variadas práticas discursivas, é legítimo pensar que o mundo 
e o homem, que compõem esse processo de referências da 
língua, também se constroem e se mantêm em processo a cada 
enunciação. Sendo assim, analisar a língua sob o viés do discurso 
é trazer para a discussão linguística a interação do homem e seu 
mundo, atores que são, afinal, desse processo linguístico.
Assim, aspectos semânticos envolvidos na construção do sentido 
como a polissemia, a denontação, a conotação, a homonímia, a 
sinonímia, a antonímia, a paronímia, e ainda os campos semânticos 
devem ser analisados sob o olhar discursivo, não podendo ser 
analisados sem se levar em conta, entre outros fatores, as condições 
de produção do texto que abarca tais aspectos.
A POLISSEMIA 
Polissemia, como mostram os próprios componentes da 
palavra (poli + sema + ia), é a capacidade que o vocábulo apresenta 
de comportar várias significações. Uma das funções da polissemia 
na construção linguística é economizar as entradas lexicais numa 
língua, evitando a exacerbação de termos dentro de um sistema 
linguístico e valorizando, de certa forma, a captação de sentido 
através do contexto em que determinado signo está inserido.
A linguagem publicitária emprega com certa regularidade a 
polissemia como recurso linguístico, interagindo com o contexto 
em que o produto está inserido. Neste anúncio, retirado do site do 
Clube de Criação de São Paulo, o termo “pulso”, como toda lógica 
discursiva, aponta para uma sequência que caminha em direção a 
um enfoque biológico:
(In www.ccsp.com.br)
Pelo direcionamento argumentativo da frase, tem-se a palavra 
“pulso” entendida como batimento, frequência respiratória. No 
entanto, quando se percebe que o texto é um anúncio do relógio 
Rolex, há uma ressignificação do termo “pulso”, que é, de fato, o 
local apropriado para o uso do relógio. O anúncio, de forma criativa, 
legitima duas leituras: a biológica e aquela em que o termo “pulso” 
amplia sua carga de sentido, ganhando expressividade dentro da 
especificidade do anúncio.
CONOTAÇÃO / DENOTAÇÃO
A denotação compreende a união do significante e do significado 
da palavra. A conotação possui outros significados acrescidos à 
palavra no plano de sua expressão. Pode-se dizer que, na forma 
denotativa, “dicionarizada”, há a significação objetiva, literal, referencial 
da palavra. Em contrapartida, a forma conotativa da palavra expressa o 
sentido subjetivo, figurado, emotivo da palavra. Os textos informativos 
possuem, predominantemente, a linguagem denotativa, enquanto as 
propagandas, músicas e poemas caracterizam-se, principalmente, 
pela linguagem conotativa.
http://www.eitapiula.com.br/
A palavra “burro” é explorada em um significado diverso do 
uso comum: o dicionário é muito bom ou é bom para pessoas 
ignorantes. Vale lembrar que há um trocadilho intencional com a 
expressão “pai dos burros”, como se referem aos dicionários.
• DENOTAÇÃO
 – significação específica
 – sentido comum, dicionarizado utilização do modo 
automatizado linguagem de uso comum, concreto
R
ep
ro
du
çã
o 
pr
oi
bi
da
 A
rt
. 1
84
 d
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CP
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PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR94
INTERPRETAÇÃO 03 SEMÂNTICA I: POLISSEMIA, AMBIGUIDADE, DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO
• CONOTAÇÃO
 – significação ampla
 – sentidos que ultrapassam o sentido comum, utilização 
do modo criativo
 – linguagem de uso expressivo, abstrato
A AMBIGUIDADE E SUA 
EXPRESSIVIDADE
As pesquisas sobre linguagem têm considerado a ambiguidade 
um fenômeno até certo ponto bem delineado: é um fenômeno 
ligado a traços discursivos do enunciado, ocorrendo sempre 
que uma mesma frase apresenta vários sentidos, sendo, então, 
suscetível a diferentes interpretações. As causas da ambiguidade 
podem ser de ordem fonética, gramatical ou lexical.
A ambiguidade de ordem fonética acontece quando uma 
unidade sonora é pronunciada sem interrupção, tornando palavras 
diferentes potencialmente ambíguas. Em português, é o caso de 
“agosto” – oitavo mês do ano – e “a gosto” – locução adverbial.
A ambiguidade gramatical pode ser originada de forma 
bipartida: em um primeiro caso, a ambiguidade se dá pelas formas 
gramaticais, em especial no emprego de prefixos e sufixos que 
possuem mais de um sentido, como o prefixo in-, que assume o 
sentido de negação em “inapropriado” e “incapaz”, por exemplo, e o 
sentido de introdução, de movimento para dentro, como em “influir”, 
“ingerir”. Em outro caso, a ambiguidade se dá pela combinação de 
palavras numa frase equívoca. Servem como exemplo frases como 
(1) e (2):
(1) O pai trouxe este mapa da França para a filha.
(2) Vi uma foto sua no metrô.
A construção (1) torna-se ambígua na medida em que se 
podem observar duas leituras da frase: o mapa caracteriza o 
território francês ou o mapa foi trazido de lá. Sintaticamente, 
não está clara a relação estabelecida pelo termo “da França”, se 
se liga ao substantivo “mapa” ou à forma verbal “trouxe”. Para a 
construção (2), poderia haver até mais de duas leituras:
2.1 Eu estava no metrô quando vi uma foto em que você estava.
2.2 Eu estava no metrô quando vi a foto que você tirou.
2.3 Eu vi uma foto em que você estava no metrô.
Este caso, gerado pela combinação equivocada das palavras 
na estrutura frasal, recebe o nome de ambiguidade sintática.
A ambiguidade de ordem lexical, considerada a mais importante 
dentre os fatores de ambiguidade presentes na língua, assume 
duas formas diferentes – a polissemia e a homonímia:
(3) Aquela carteira estava velha.
A palavra “carteira” pode assumir duas leituras: a de um objeto 
utilizado para guardar documentos e um objeto utilizado para 
sentar-se, como uma carteira escolar. Há outro tipo de ambiguidade 
a que alguns autores chamam de ambiguidade discursiva. O duplo 
sentido, aqui, não reside na estrutura léxica, nem na construção 
frasal, mas no sentido implícito do enunciado:
(4) Tenho 35 anos.
Tal enunciado, solto, não permite saber se o sujeito falante 
se considera velho ou jovem. Fosse o sujeito um esportista, por 
exemplo, poderíamos considerá-lo velho, pelas exigências da 
prática de determinado esporte; fosse um professor, entenderíamos 
como a voz de um jovem com um futuro profissional pela frente.
Apesar de, no ideário linguístico, o discurso ambíguo ser 
tomado com um fator negativo, a produtividade da ambiguidade,quando intencional, é um importante recurso textual, valendo-se 
da condição interpretativa do receptor. Um bom exemplo pode ser 
verificado nesta propaganda eleitoral “disfarçada” do ex-deputado 
Eduardo Paes, que foi matéria de O Globo, em dezembro de 2001:
Foto tirada de um cartaz na cidade do Rio.
Verifica-se que a proximidade fônica do nome do deputado e da 
mensagem gera uma ambiguidade intencional, reiterada, inclusive, 
pela marca da assinatura, que é a mesma em “Paes” e “paz”. Como 
a propaganda política, fora do período eleitoral, é considerada 
ilegal, os autores do cartaz souberam explorar as datas festivas 
do final de ano para mandar o “lembrete” aos eleitores: no discurso 
subentendido, “nas eleições de 2002, Paes.”
Dessa forma, o duplo sentido é visto como fonte importante de 
expressividade no contexto linguístico e recurso muito utilizado na 
linguagem referencial, seja em propagandas, em letras de músicas 
ou em charges. Esse recurso que a língua oferece dá aos autores a 
possibilidade da exploração semântica de aspectos verbais e não 
verbais, atraindo a atenção do leitor–ouvinte.
PROTREINO
EXERCÍCIOS
01. Defina o conceito da palavra Semântica.
02. Conceitue conotação.
03. Conceitue denotação.
04. Conceitue denotação.
05. Defina polissemia e apresente um exemplo desse uso.
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INTERPRETAÇÃO
PROPOSTOS
EXERCÍCIOS
01.
Conflitos de interação ajudam a promover o efeito de humor. No 
cartum, o recurso empregado para promover esse efeito é a
a) intertextualidade, sugerida pelos traços identifi cadores do 
homem urbano e do homem rural.
b) ambiguidade, produzida pela interpretação da fala do locutor a 
partir da variedade do interlocutor.
c) conotação, atribuidora de sentidos fi gurados a palavras 
relativas às ações e aos seres.
d) negação enfática, elaborada para reforçar o lamento do 
interlocutor pela perda da estrada.
e) pergunta retórica, usada pelo motorista para estabelecer 
interação com o homem do campo.
02. (ENEM) No ano passado, o governo promoveu uma campanha 
a fi m de reduzir os índices de violência. Noticiando o fato, um jornal 
publicou a seguinte manchete:
CAMPANHA CONTRA A VIOLÊNCIA DO GOVERNO DO ESTADO 
ENTRA EM NOVA FASE
A manchete tem um duplo sentido, e isso difi culta o entendimento. 
Considerando o objetivo da notícia, esse problema poderia ter sido 
evitado com a seguinte redação:
a) Campanha contra o governo do Estado e a violência entram 
em nova fase.
b) A violência do governo do Estado entra em nova fase de 
Campanha.
c) Campanha contra o governo do Estado entra em nova fase de 
violência.
d) A violência da campanha do governo do Estado entra em nova 
fase.
e) Campanha do governo do Estado contra a violência entra em 
nova fase.
03. (UERJ)
Ideologia
Meu partido
É um coração partido
E as ilusões estão todas perdidas
Os meus sonhos foram todos vendidos
Tão barato que eu nem acredito
Eu nem acredito
Que aquele garoto que ia mudar o mundo
(Mudar o mundo)
Frequenta agora as festas do “Grand Monde”
Meus heróis morreram de overdose
Meus inimigos estão no poder
Ideologia
Eu quero uma pra viver
Ideologia
Eu quero uma pra viver
O meu prazer
Agora é risco de vida
Meu sex and drugs não tem nenhum rock ‘n’ roll
Eu vou pagar a conta do analista
Pra nunca mais ter que saber quem eu sou
Pois aquele garoto que ia mudar o mundo
(Mudar o mundo)
Agora assiste a tudo em cima do muro
Meus heróis morreram de overdose
Meus inimigos estão no poder
Ideologia
Eu quero uma pra viver
Ideologia
Eu quero uma pra viver
(Cazuza e Frejat – 1988 In: www.cazuza.com.br)
Nos dois primeiros versos, a palavra “partido” é empregada 
com significados diferentes. Esta repetição produz, no texto, o 
seguinte sentido:
a) revela o nível de alienação do sujeito poético.
b) reafi rma a influência coletiva na esfera pessoal.
c) acrescenta elementos pessoais a um tema social.
d) projeta um sentimento de desencanto sobre a política
04. (UERJ)
O sentido da charge se constrói a partir da ambiguidade de 
determinado termo. O termo em questão é:
a) fora;
b) agora;
c) sistema;
d) protestar.
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05. (FUVEST)
(www.istoÉ.com.br)
Considerando-se o contexto deste anúncio, o tipo de efeito de sentido 
que ocorre na expressão “deixa no ar” também se verifi ca em:
a) Reflorestar as margens dos rios Pinheiros e Tietê.
b) Melhorar a qualidade do ar.
c) Consciência ecológica dos adultos e das futuras gerações.
d) Em cada canto da cidade.
e) Concreto aqui, só os resultados.
06. (FUVEST) Um dos traços marcantes do atual período histórico 
é (...) o papel verdadeiramente despótico da informação. (...) 
As novas condições técnicas deveriam permitir a ampliação 
do conhecimento do planeta, dos objetos que o formam, das 
sociedades que o habitam e dos homens em sua realidade 
intrínseca. Todavia, nas condições atuais, as técnicas da 
informação são principalmente utilizadas por um punhado de 
atores em função de seus objetivos particulares. Essas técnicas 
da informação (por enquanto) são apropriadas por alguns Estados 
e por algumas empresas, aprofundando assim os processos de 
criação de desigualdades. É desse modo que a periferia do sistema 
capitalista acaba se tornando ainda mais periférica, seja porque 
não dispõe totalmente dos novos meios de produção, seja porque 
lhe escapa a possibilidade de controle.
O que é transmitido à maioria da humanidade é, de fato, uma 
informação manipulada que, em lugar de esclarecer, confunde.
(SANTOS, Milton. Por uma outra globalização.)
Observe os sinônimos indicados entre parênteses:
I. “o papel verdadeiramente DESPÓTICO (tirânico) da informação”;
II. “dos homens em sua realidade INTRÍNSECA (inerente)”;
III. “são APROPRIADAS (adequadas) por alguns Estados”.
Considerando-se o texto, a equivalência sinonímica está correta 
APENAS em:
a) I
b) II
c) III
d) I e II
e) I e III
07. (FUVEST) A característica da relação do adulto com o velho 
é a falta de reciprocidade que se pode traduzir numa tolerância 
sem o calor da sinceridade. Não se discute com o velho, não se 
confrontam opiniões com as dele, negando-lhe a oportunidade 
de desenvolver o que só se permite aos amigos: a alteridade, a 
contradição, o afrontamento e mesmo o conflito. Quantas relações 
humanas são pobres e banais porque deixamos que o outro se 
expresse de modo repetitivo e porque nos desviamos das áreas de 
atrito, dos pontos vitais, de tudo o que em nosso confronto pudesse 
causar o crescimento e a dor! Se a tolerância com os velhos é 
entendida assim, como uma abdicação do diálogo, melhor seria 
dar-lhe o nome de banimento ou discriminação.
(BOSI, Ecléa, Memória e sociedade - Lembranças de velhos)
Na avaliação da autora, o que habitualmente caracteriza a relação 
do adulto com o velho é:
a) o desinteresse do adulto pelo confronto de ideias, expressando 
uma tolerância que atua como discriminação do velho;
b) uma sucessão de conflitos, motivada pela baixa tolerância e 
pela insinceridade recíprocas;
c) a inconsequência dos diálogos, já que a um e a outro interessa 
apenas a reiteração de seus pontos de vista;
d) o equívoco do adulto, que trata o velho sem considerar as 
diferenças entre a condição deste e a de um amigo mais próximo;
e) a insinceridade das opiniões do adulto, nas quais se manifestam 
sua divergência e sua impaciência.
08. (ENEM)
O cartaz aborda a questão do aquecimento global. A relação entre 
os recursos verbais e não verbais nessa propaganda revela que:
a) o discurso ambientalista propõe formas radicais de resolver os 
problemas climáticos;
b) a preservação da vida na Terra depende de ações de 
dessalinização da água marinha;
c) a acomodação da topografi a terrestre desencadeia o natural 
degelo das calotas polares;
d) o descongelamentodas calotas polares diminui a quantidade 
de água doce potável do mundo;
e) a agressão ao planeta é dependente da posição assumida pelo 
homem frente aos problemas ambientais.
09. (ENEM) O termo (ou expressão) destacado que está empregado 
em seu sentido próprio, denotativo ocorre em
a) (....)
É de laço e de nó
De gibeira o jiló
Dessa vida, cumprida a sol (....)
(TEIXEIRA, Renato. Romaria. 
Kuarup Discos. setembro de 1992.)
b) Protegendo os inocentes
é que Deus, sábio demais,
põe cenários diferentes
nas impressões digitais.
(CARVALHO, Maria N. S. Evangelho da Trova. /s.n.b.)
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INTERPRETAÇÃO
c) O dicionário-padrão da língua e os dicionários unilíngues são 
os tipos mais comuns de dicionários. Em nossos dias, eles se 
tornaram um objeto de consumo obrigatório para as nações 
civilizadas e desenvolvidas.
(BIDERMAN. Maria T. Camargo. O dicionário-padrão da língua. 
Alfa (28), 2743, 1974 Supl.)
d) 
(O Globo. O menino maluquinho. agosto de 2002.)
e) Humorismo é a arte de fazer cócegas no raciocínio dos outros. 
Há duas espécies de humorismo: o trágico e o cômico. O 
trágico é o que não consegue fazer rir; o cômico é o que é 
verdadeiramente trágico para se fazer.
(Leon Eliachar. www.mercadolivre.com.br.acessado em julho de 2005.)
10. (ENEM)
Revista Bolsa, 1986. In: CARRASCOZA, J. A. A evolução do texto publicitário: a 
associação de palavras como elemento de sedução na publicidade. São Paulo: Futura, 
1999 (adaptado).
Nesse cartaz publicitário de uma empresa de papel e celulose, a 
combinação dos elementos verbais e não verbais visa
a) justifi car os prejuízos ao meio ambiente, ao vincular a empresa 
à difusão da cultura.
b) incentivar a leitura de obras literárias, ao referir-se a títulos 
consagrados do acervo mundial.
c) seduzir o consumidor, ao relacionar o anunciante às histórias 
clássicas da literatura universal.
d) promover uma reflexão sobre a preservação ambiental ao aliar 
o desmatamento aos clássicos da literatura.
e) construir uma imagem positiva do anunciante, ao associar a 
exploração alegadamente sustentável à produção de livros.
11.
TEXTO 1
Criatividade em publicidade: teorias e reflexões
Resumo: O presente artigo aborda uma questão primordial 
na publicidade: a criatividade. Apesar de aclamada pelos 
departamentos de Criação das agências, devemos ter a consciência 
de que nem todo anúncio é, de fato, criativo. A partir do resgate 
teórico, no qual os Conceitos são tratados à luz da publicidade, 
busca-se estabelecer a compreensão dos temas. Para elucidar tais 
questões, é analisada uma campanha impressa da marca XXXX. 
As reflexões apontam que a publicidade criativa é essencialmente 
simples e apresenta uma releitura do cotidiano.
Depexe, S D. Travessias: Pesquisas em Educação, Cultura, Linguagem e Artes, n. 2, 2008.
TEXTO 2
Os dois textos apresentados versam sobre o tema Criatividade. 
O Texto I é um resumo de Caráter Científi co e o Texto II, uma 
homenagem promovida por um site de publicidade. De que maneira 
O Texto II exemplifi ca o conceito de criatividade em publicidade 
apresentado no Texto I?
a) Fazendo menção ao difícil trabalho das mães em criar seus fi lhos.
b) Promovendo uma leitura simplista do papel materno em seu 
trabalho de criar os fi lhos.
c) Explorando a polissemia do termo “criação”.
d) Recorrendo a uma estrutura linguística simples.
e) Utilizando recursos gráfi cos diversifi cados.
12.
Lépida e leve
Língua do meu Amor velosa e doce,
que me convences de que sou frase,
que me contornas, que me vestes quase,
como se o corpo meu de ti vindo me fosse.
Língua que me cativas, que me enleias
os surtos de ave estranha,
em linhas longas de invisíveis teias,
de que és, há tanto, habilidosa aranha...
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[...]
Amo-te as sugestões gloriosas e funestas,
amo-te como todas as mulheres
te amam, ó língua-lama, ó língua-resplendor,
pela carne de som que à ideia emprestas
e pelas frases mudas que proferes
nos silêncios de Amor!...
MACHADO, G. In: MORICONI, I. (org.). Os cem melhores poemas brasileiros do século. o 
de Janeiro: Objetiva, 2001 (fragmento).
A poesia de Gilka Machado identifica-se com as concepções 
artísticas simbolistas. Entretanto, o texto selecionado incorpora 
referências temáticas e formais modernistas, já que, nele, a poeta
a) procura desconstruir a visão metafórica do amor e abandona 
o cuidado formal.
b) concebe a mulher como um ser sem linguagem e questiona o 
poder da palavra.
c) questiona o trabalho intelectual da mulher e antecipa a 
construção do verso livre.
d) propõe um modelo novo de erotização na lírica amorosa e 
propõe a simplificação verbal.
e) explora a construção da essência feminina, a partir da 
polissemia de “língua“, e inova o léxico.
13. A frase que não apresenta ambiguidade é:
a) O coordenador informou ao grupo que sua proposta não tinha 
sido aceita.
b) A briga entre Pedro e Miguel foi séria, por isso lhe disse que era 
melhor não insistir na viagem.
c) De presente de aniversário, a menina pediu muito ousada 
fantasia de fada.
d) Ator e diretor se desentenderam, mas, posteriormente, o ator 
reconheceu suas próprias falhas.
e) Maria assinou o projeto e o orçamento, cujo prazo de entrega 
estava se esgotando.
14. Tristeza de Cronista
A moça viera da cidade para os lados de Botafogo. No ônibus 
repleto, dois rapazes de pé conversavam, e sua conversa era ouvida 
por todos os passageiros. (Inconveniente dos hábitos atuais). Eram 
dois rapazes modernos, bem vestidos, bem nutridos. (Ah! Este 
excesso de vitaminas e de esportes!). Um não conhecia quase 
nada da cidade e outro servia-lhe de cicerone. Mostrava-lhe, pois, 
a avenida e os seus principais edifícios, a Cinelândia, o Obelisco, o 
Monumento dos Pracinhas, o Museu de Arte Moderna, o Aterro, o 
mar... O outro interessava-se logo pelas minúcias: qual o melhor 
cinema? Quantos pracinhas estão ali? que se pode ver no museu? 
Mas os ônibus andam tão depressa e caprichosamente que as 
perguntas e respostas se desencontravam. (Que fôlego humano 
pode competir com o de um ônibus?).
Quanto ao Pão de Açúcar, o moço não manifestou grande surpresa: 
já o conhecia de cartões-postais;
apenas exprimiu o seu receio de vir o carrinho a enguiçar. Mas o 
outro combateu com energia tal receio, como se ele mesmo fosse 
o engenheiro da empresa ou, pelo menos, agente turístico.
Assim chegaram a Botafogo, e a atenção de ambos voltou-se para 
o Corcovado, porque um dizia: “Quando você vir o Cristo mudar de 
posição, e ficar de lado e não de frente, como agora, deve tocar 
a campainha, porque é o lugar de saltar”. O companheiro prestou 
atenção.
Mas, enquanto não saltava, o cicerone explicou ao companheiro: 
“Nesta rua há uma casa muito importante. É a casa de Rui Barbosa. 
Você já ouviu falar nele?” O outro respondeu que sim, porém sem 
grande convicção.
Mais adiante, o outro insistiu: “É uma casa formidável. Imagine que 
tudo lá dentro está conforme ele
deixou!” O segundo aprovou, balançando a cabeça com muita 
seriedade e respeito. Mas o primeiro estava empolgado pelo assunto 
e tornou a perguntar: “Você sabe quem foi Rui Barbosa, não sabe?” 
O segundo atendeu ao interesse do amigo: “Foi um sambista, não 
foi?” O primeiro ficou um pouco sem jeito, principalmente porque 
uns dois passageiros levantaram a cabeça para aquela conversa. 
Diminuiu um pouco a voz: ”Sambista, não”. E tentou explicar. Mas 
as palavras não lhe ocorriam e ficou por aqui: “Foi... foi uma pessoa 
muito falada”. O outro não respondeu.
E foi assim que o Cristo do Corcovado mudou de posição sem eles 
perceberem, e saltaram fora do ponto.
Ora, a moça disse-me; “Você com isso pode fazer uma crônica”. 
Respondi-lhe: “A crônica já está feita por si mesma. É o retrato deste 
mundoconfuso, destas cabeças desajustadas. Poderão elas ser 
consertadas? Haverá maneira de se pôr ordem nessa confusão? 
Há crônicas e crônicas mostrando o caos a que fomos lançados. 
Adianta alguma coisa escrever para os que não querem resolver?”
A moça ficou triste e suspirou. (Ai, nós todos andamos tristes e 
suspirando!).
Meireles, Cecília. Escolha o seu sonho.São Paulo: Círculo do livro, s/d.
Das estruturas destacadas, a que apresenta ambiguidade é
a) “A moça ficou triste e suspirou.” (§ 9º.)
b) “... como se ele fosse o engenheiro da empresa ...” (§ 3º.)
c) “Quando você vir o Cristo mudar de posição, e ficar de lado e 
não de frente, ...” (§ 4º.)
d) “... o Cristo do Corcovado mudou de posição sem eles 
perceberem, ...” (§ 7º.)
e) “Foi ... foi uma pessoa muito falada.” (§ 6º.)
15.
Políticas Públicas de Segurança no Brasil
Parece que uma das razões do fracasso e da inexistência de 
políticas nessa área reside num plano puramente cognitivo. A 
proposição de políticas públicas de segurança, no Brasil, consiste 
num movimento pendular, oscilando entre a reforma social e a 
dissuasão individual. A ideia da reforma decorre da crença de que o 
crime resulta de fatores socioeconômicos que bloqueiam o acesso 
a meios legítimos de se ganhar a vida. Esta deterioração das 
condições de vida traduz-se no acesso restrito de alguns setores 
da população a oportunidades no mercado de trabalho e de bens 
e serviços, assim como na má socialização a que são submetidos 
nos âmbitos familiar, escolar e na convivência com subgrupos 
desviantes. Consequentemente, propostas de controle da 
criminalidade passam inevitavelmente tanto por reformas sociais 
de profundidade como por reformas individuais voltadas a reeducar 
e ressocializar criminosos para o convívio em sociedade. A par 
das políticas convencionais de geração de empregos e combate 
à fome e à miséria, ações de cunho assistencialista visariam 
minimizar os efeitos mais imediatos da carência, além de incutir 
em jovens candidatos potenciais ao crime novos valores através 
da educação, da prática de esportes, do ensino profissionalizante 
e do aprendizado de artes e na convivência pacífica e harmoniosa 
com seus semelhantes. Quando isto já não é mais possível, que se 
reformem então aqueles indivíduos que caíram no mundo do crime 
através do trabalho e da reeducação nas prisões. 
(Cláudio C. Beato Filho)
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INTERPRETAÇÃO
Assinale a afirmativa em que há possibilidade de ambiguidade.
a) “Parece que uma das razões do fracasso e da inexistência de 
políticas nessa área reside num plano puramente cognitivo".
b) “A proposição de políticas públicas de segurança, no Brasil, 
consiste num movimento pendular, oscilando entre a reforma 
social e a dissuasão individual".
c) “A ideia da reforma decorre da crença de que o crime resulta 
de fatores socioeconômicos que bloqueiam o acesso a meios 
legítimos de se ganhar a vida".
d) “Quando isto já não é mais possível, que se reformem então 
aqueles indivíduos que caíram no mundo do crime através do 
trabalho e da reeducação nas prisões".
e) “Esta deterioração das condições de vida traduz-se no acesso 
restrito de alguns setores da população a oportunidades no 
mercado de trabalho e de bens e serviços".
16. (CPS 2019) Leia o texto e a charge de Alberto Montt para 
responder à(s) questão(ões).
Charles Baudelaire, poeta do século XIX, é autor do livro As Flores 
do Mal. Nele, seus poemas abordam temas que questionam as 
convenções morais da sociedade francesa, sendo, por isso, tachado 
como obsceno, como um insulto aos bons costumes da época. A 
partir dele, originaram-se na França os chamados “poetas malditos”.
 
O título da charge retoma o título da obra de Baudelaire, As Flores 
do Mal. O autor, para construir o humor em seu texto, utiliza-se de 
a) metalinguagem, na representação das flores, que recitam 
versos compostos pelo poeta ao próprio Baudelaire. 
b) saudosismo, nas falas das flores, pois elas representam costumes 
morais inerentes à sociedade francesa do século XIX. 
c) metáfora, na representação do poeta como flores que apenas 
dizem verdades, indiferentes às regras morais da sociedade.
d) polissemia do substantivo “flores”, uma vez que podem se 
referir às próprias flores representadas na charge ou aos 
desejos moralmente rejeitados pelo poeta.
e) ambiguidade na locução adjetiva “do mal”, pois, no título 
original, a locução representa a temática dos poemas, mas, na 
charge, representa o conteúdo dos conselhos das flores.
17. (IFAL 2018)
 
Os anúncios publicitários, em linhas gerais, têm como propósito 
estabelecer, no imaginário social, um desejo “inconsciente” pelo 
consumo de um produto. Em muitos casos, há uma nítida falta 
de preocupação entre o que está sendo divulgado e a norma culta 
da língua, já que esses exemplares de textos circulam em várias 
instâncias públicas, a exemplo deste acima, disposto no Aeroporto 
Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília, em set. de 2017.
Assim, podemos verificar que a violação gramatical se deu no 
plano do(a): 
a) Segmentação de palavras. 
b) Sentido estabelecido entre as partes e o todo. 
c) Ambiguidade entre termos. 
d) Polissemia entre palavras homônimas e parônimas. 
e) Desrespeito ao Novo Acordo Ortográfico. 
18. (MACKENZIE 2018) A arqueologia não pode ser 1desvencilhada 
de seu caráter aventureiro e romântico, 2cuja melhor imagem talvez 
seja, desde 3há alguns anos, as saborosas aventuras do arqueólogo 
Indiana Jones. Pois bem, quando do 4auge do sucesso de Indiana 
Jones, o arqueólogo brasileiro Paulo Zanettini escreveu um 
artigo no Jornal da Tarde, de São Paulo, intitulado “Indiana Jones 
deve morrer!”. Para ele, assim como para outros arqueólogos 
profissionais, envolvidos com um trabalho 5árduo, sério e distante 
das 6peripécias das telas, essa imagem aventureira é incômoda.
O fato é que o arqueólogo, 7à diferença do historiador, do geógrafo 
ou de outros estudiosos, possui uma imagem muito mais atraente, 
inspiradora não só de filmes, mas também de romances e livros os 
mais variados.
Bem, para usar uma expressão de Eça de Queiroz, 8“sob o 
manto 9diáfano da fantasia” escondem-se as histórias reais que 
fundamentaram 10tais percepções. 11A arqueologia surgiu no 12bojo do 
Imperialismo do século XIX, como um subproduto da expansão das 
potências coloniais europeias e dos Estados Unidos, que procuravam 
enriquecer explorando outros territórios. Alguns dos primeiros 
arqueólogos de fato foram aventureiros, responsáveis, e não em 
pequena medida, pela fama que se propagou em torno da profissão.
Adaptado de Pedro Paulo Funari, Arqueologia 
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Assinale a alternativa correta. 
a) Encontra-se no texto o predomínio da conotação, uma vez que 
as palavras empregadas transmitem sentidos figurados com 
várias possibilidades de interpretação. 
b) O texto possui um caráter predominantemente estético, com 
os sentidos das palavras reinventados constantemente pelo 
seu autor, a aprofundar o valor literário do texto. 
c) A referência a um autor português reforça o caráter literário 
que o texto assume ao direcionar subjetivamente o teor das 
informações transmitidas. 
d) O domínio discursivo do texto apresenta um caráter instrucional, 
pois seu principal objetivo é transmitir um conhecimento ou 
um saber definido pelo seu autor. 
e) O texto apresenta todas as características de um texto oral, 
com marcas como hesitação, repetição, interação com o leitor, 
o que permite concluir que ele foi escrito para uma exposição 
oral, em uma palestra, por exemplo. 
19. (CFTRJ 2016) 
A tira é um gênero que apresenta linguagem verbal e não verbal 
e, geralmente, propõe uma reflexão por meio do humor.No plano 
verbal, o humor da tira: 
a) tem como foco principal a imagem do carro para ilustrar a 
situação econômica do pai do personagem. 
b) baseia-se na polissemia do termo “crise”, ora relacionado à 
situação econômica, ora a uma fase da vida. 
c) baseia-se na linguagem não verbal, que apresenta dois amigos 
assustados com o tamanho do carro. 
d) está centrado na hipérbole, observada na fala do personagem 
Armandinho, quando usa a palavra “gigante”. 
20. (UEG 2016)
Em termos verbais, o humor da tira é construído a partir da 
polissemia presente na palavra 
a) engenheiro
b) resolvido
c) cadeira
d) grande
e) subir
05. APROFUNDAMENTO
EXERCÍCIOS DE
01. (UNICAMP 2013) Leia a propaganda (adaptada) da Fundação SOS 
Mata Atlântica reproduzida abaixo e responda às questões propostas.
a) Há no texto uma expressão de duplo sentido sobre a qual o 
apelo da propaganda é construído. Transcreva tal expressão e 
explique os dois sentidos que ela pode ter.
b) Há também uma ironia no texto da propaganda, que contribui 
para o seu efeito reivindicativo, expressa no enunciado: 
“Aproveita enquanto tem água.” Explique a ironia contida no 
enunciado e a maneira como ele se relaciona aos elementos 
visuais presentes no cartaz. 
02.(FUVEST 2010) Leia o seguinte texto:
Um músico ambulante toca sua sanfoninha no viaduto do Chá, em 
São Paulo.
Chega o “rapa”* e o interrompe:
— Você tem licença?
— Não, senhor.
— Então me acompanhe.
— Sim, senhor. E que música o senhor vai cantar?
*rapa: carro de prefeitura municipal que conduz fiscais e policiais 
para apreender mercadorias de vendedores ambulantes não 
licenciados. Por extensão, o fiscal ou o policial do rapa.
Para o efeito de humor dessa anedota, contribui, de maneira 
decisiva, um dos verbos do texto. De que verbo se trata? Justifique 
sua resposta.
03. (FUVEST 2017) Leia o seguinte texto, extraído de uma matéria 
jornalística sobre supercomputadores:
Supercomputadores são usados para cálculos de simulação 
pesada. Um exemplo recorrente do uso desse tipo de equipamento 
é a de simulação climática: com quatrilhões por segundo de 
processamento, torna-se possível que um computador tenha 
capacidade de calcular as oscilações meteorológicas. Isso ajuda a 
prevenir desastres, ou a preparar políticas de apoio à agricultura, se 
antecipando a cenários os mais variados.
Evidentemente, há outros usos, como pesquisas científicas que 
precisam também simular cenários, com uma ampla gama de 
variáveis. Estudos militares e de desenvolvimento de tecnologia 
também se beneficiam do poder computacional desse tipo de 
equipamento.
www.techtudo.com.br, 24.06.2016.
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03 SEMÂNTICA I: POLISSEMIA, AMBIGUIDADE, DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO
101
INTERPRETAÇÃO
Reescreva o trecho “é a de simulação climática: com quatrilhões 
por segundo de processamento”, levando em conta a correção e 
a clareza.
04. (FGV 2016) Examine a seguinte mensagem publicitária de uma 
empresa do ramo de construção civil:
a) Tanto a frase quanto a imagem que compõem essa 
propaganda estão divididas, visualmente, em duas partes. 
Explique resumidamente a relação de sentido que existe entre 
imagem e frase, em cada uma das duas partes.
b) Identifique algum recurso expressivo, sintático ou semântico, 
presente na frase do anúncio. 
05. (FUVEST 2015) Leia a seguinte mensagem publicitária de uma 
empresa da área de logística:
A gente anda na linha para levar sua empresa mais longe 
Mudamos o jeito de transportar contêineres no Brasil e Mercosul. 
Através do modal ferroviário, oferecemos soluções logísticas 
econômicas, seguras e sustentáveis. 
a) Visando a obter maior expressividade, recorre-se, no título 
da mensagem, ao emprego de expressão com duplo sentido. 
Indique essa expressão e explique sucintamente. 
b) Segundo o anúncio, uma das vantagens do produto (transporte 
ferroviário) nele oferecido é o fato de esse produto ser “sustentável”. 
Cite um motivo que justifique tal afirmação. 
GABARITO
 EXERCÍCIOS PROPOSTOS
01. B
02. E
03. D
04. C
05. E
06. D
07. A
08. E
09. C
10. E
11. C
12. E
13. D
14. E
15. D
16. E
17. A
18. D
19. B
20. D
 EXERCÍCIOS DE APROFUNDAMENTO
01. 
a) Trata-se da expressão “Lavar as mãos” que pode ser interpretada no seu 
sentido literal, limpar as mãos com água, ou no sentido conotativo, não assumir 
responsabilidades.
b) A imagem de uma torneira que verte uma gota de água “alimentada” pelas árvores 
enfileiradas sobre o cano a que está ligada sugere uma relação intrínseca entre o 
consumo dos recursos hídricos e a devastação da Mata Atlântica. Assim, a frase 
“Aproveita enquanto tem água” é irônica, pois alude à possibilidade de escassez 
de água até para lavar as mãos, se não se tomarem iniciativas que impeçam o 
desmatamento. 
02. A polissemia do verbo acompanhar instaura o humor da anedota, pois o ambulante 
que tocava sanfona depreende que a ordem “Então me acompanhe” se refere à execução 
de um tema musical que deveria acompanhar o canto do policial e não ao sentido mais 
provável: ir junto.
03. O trecho, do modo como está redigido, possui problemas de coesão, já que sua 
clareza fica comprometida. São possíveis diversas redações, umas delas seria: “Um 
exemplo recorrente do uso desse tipo de equipamento é a simulação climática, que 
possui a capacidade de processar quatrilhões de dados por segundo, tornando possível 
que um computador calcule as oscilações meteorológicas”.
04. 
a) O anúncio faz uso de uma fotografia e de um desenho. A fotografia representa 
a realidade e o desenho representa o projeto, ou seja, a fotografia e o desenho 
representam duas coisas distintas, apesar da correlação imagética que há entre elas: 
a realidade (a fotografia) e o projeto (o desenho) que também pode ser entendido como 
um sonho, algo que se almeja construir. O slogan da campanha está escrito em letra 
de mão quando em cima do desenho, representando o projeto; em letra de tipografia 
quando está sobre a fotografia, que representa a realidade que “saiu do papel”. 
A ideia do anúncio é vender os serviços de alguma grande construtora, através da 
dicotomia sonho e realidade.
b) A palavra “papel” adquire o sentido de “trabalho” ou “função” na primeira ocorrência 
e, na segunda, de material que serve de suporte ao desenho. Além da polissemia 
do termo, o quiasmo, figura de linguagem que resulta da disposição cruzada de 
elementos, reforça a expressividade do anúncio. 
05. 
a) Para maior expressividade a palavra linha traz uma ambiguidade bastante 
pertinente, mencionando a expressão andar na linha que quer dizer fazer tudo de 
maneira correta e a ideia de linha de trem, já que a empresa oferece transportes em 
containers via férrea.
b) Hoje sustentável ganhou um significado a mais, quer dizer de toda forma de trabalho que 
não prejudica o meio ambiente, o que acontece com os trens, eles não poluem o ar como 
outros meios de transporte e também são mais baratos.
ANOTAÇÕES
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INTERPRETAÇÃO 03 SEMÂNTICA I: POLISSEMIA, AMBIGUIDADE, DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO
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PRÉ-VESTIBULAR 103PROENEM.COM.BR
SEMÂNTICA II: CAMPO SEMÂNTICO, SINONÍ-
MIA, ANTONÍMIA, HIPERONÍMIA E HIPONÍMIA04
CAMPO SEMÂNTICO, HIPONÍMIA 
E HIPERONÍMIA
Leia este enunciado:
Teve que comprar um computador, um monitor e 
uma impressora para trabalhar em casa, pois, sem esse 
equipamento, não conseguiria dar conta do projeto.
Perceba que as palavras computador, monitor e impressora 
apresentam certa familiaridade de sentido pelo fato de pertencerem 
ao mesmo campo semântico, ou seja, ao universo da informática. Já 
a palavra equipamento engloba todas as outras. No caso, dizemos 
que as primeiras são hipônimos e a última é um hiperônimo.
Hipônimo e Hiperônimo são palavras que pertencem a um 
mesmo campo semântico, sendohipônimo uma palavra de sentido 
mais específico e hiperônimo uma palavra de sentido mais amplo.
O humor da charge seguinte está intimamente ligado à 
concepção de campos semânticos:
(TACHO. Jornal NH [RS], 08/06/04.)
A charge trata da campanha decepcionante do Grêmio no 
Campeonato Brasileiro de 2004, tendo inclusive sido rebaixado 
para a segunda divisão. Essa leitura é legitimada pelas palavras 
que compõem o campo semântico do futebol, como “gol”, “defesa”, 
“ataque”, e até “Adilson”, técnico do time durante o campeonato. 
No entanto, o humor reside na escolha de outros vocábulos do 
universo da informática, como “acesso ilimitado” e “conexão 
muito lenta”, o que autoriza a esdrúxula solução de se pensar em 
um técnico de informática para treinar o time e tentar salvá-lo do 
vexame. As unidades lexicais se avizinham de tal forma que deixam 
claros os limites dos campos semânticos envolvidos no contexto 
da charge: o do futebol e o da informática.
SINONÍMIA
Veja estes enunciados:
Comprei um carro zero km.
Comprei um automóvel zero km.
Os compêndios gramaticais assim caracterizam a sinonímia: 
Quando em contextos diferentes uma palavra pode ser substituída por 
outra, sem alteração semântica, dizemos que são sinônimas entre si.
Salvo uma linguagem técnica, não se pode, a bem da verdade, 
afirmar que existam sinônimos perfeitos, pois a substituição de 
uma palavra por outra não se dará em absolutamente todos os 
contextos. Vejamos as palavras “matar” e “assassinar”: os verbos 
“matar” e “assassinar” são comumente vistos como sinônimos, 
mas não admitem uma substituição integral, na medida em que 
o primeiro apresenta traços semânticos que legitimam seu uso 
em contextos em que estão envolvidos seres humanos ou não, 
enquanto o último apresenta apenas um traço [+humano]. Pode-se 
matar um homem ou um inseto − metaforicamente até mesmo um 
sonho − , mas “assassinar” só caberia no primeiro caso.
O que chama a atenção, nesses casos, é a ideia de similaridade 
que se quer apresentar. Veja um bom exemplo:
O vocábulo “locupletar”, definido como “enriquecer”, “tornar-se 
rico”, tem um sentido similar a esses termos, mas não idêntico, na 
medida em que apresenta um tom mais cerimonioso e, para uma 
compreensão integral, não pode ser analisado fora de um contexto. 
Na charge, por exemplo, esse tom formal em que se apresenta 
confere ao texto uma ironia, como se aquele ato cometido por ele 
– o político – não fosse um ato de enriquecer ilicitamente, dada a 
pompa com que se apresenta o item lexical.
Da mesma maneira, na sequência pronunciada pela população 
(“corrupto, ladrão, f.d.p., safado”) as palavras não podem ser 
consideradas idênticas; se tomadas isoladamente, não têm o 
mesmo significado de modo algum. Porém, inseridas no contexto 
político que a charge apresenta, desempenham uma função 
comunicativa bastante similar.
ANTONÍMIA
Numa definição muito ampla, o processo de antonímia se 
caracteriza por uma relação de inversão de sentido entre dois 
termos, como em “grande” / “pequeno” ou em “feio” / “bonito”.
Edward Lopes (2003) resume a abordagem sobre a antonímia, 
tratando a relação de oposição entre itens lexicais como pares 
antônimos: “são antonímicos dois termos, a e b, se as frases que 
obtemos, comutando-os, possuírem, sob algum ponto de vista, 
sentidos opostos.”
Ilari e Geraldi (1985) não compartilham dessa definição. Para 
eles, as definições tradicionais que tratam de sentidos “contrários” ou 
“opostos” implicam, antes, uma dúvida e não esgotam essencialmente 
a questão da antonímia. É preciso, portanto, investigar o que se 
entende por oposição de sentido ou sentidos contrários.
Esses autores apontam o exemplo do par “nascer” / “morrer”, 
que não representam, realmente, ações contrárias, mas dois 
momentos do processo de viver: o começo e o término da vida. Da 
mesma maneira, aludem ainda os autores ao par “chegar” / “partir”; 
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INTERPRETAÇÃO 04 SEMÂNTICA II: CAMPO SEMÂNTICO, SINONÍMIA, ANTONÍMIA, HIPERONÍMIA E HIPONÍMIA
os versos de Fernando Brant para melodia de Milton Nascimento 
em “Encontros e despedidas” ilustram a oposição que capta 
momentos diferentes de um mesmo processo: “chegar e partir são 
só dois lados da mesma viagem / o trem que chega é o mesmo 
trem da partida”.
Em “abrir” / “fechar”, o procedimento é diferente. Não são 
momentos de um mesmo processo, mas ações distintas pela 
direção e pelos resultados que acarretam. É caso de “subir” / 
“descer”, por exemplo.
Há, ainda, segundo Ilari e Geraldi, o caso de “dar” / “receber”, 
que podem ser analisados como a descrição de uma mesma 
cena, sob pontos de vista diferentes quanto ao papel dos sujeitos 
gramaticais: o sujeito de “dar” é a fonte, o sujeito de “receber” é o 
destinatário, papéis considerados incompatíveis na cena proposta.
Assim, da mesma forma que o contexto é fundamental 
para estabelecer as relações de sinonímia, igualmente o é para 
estabelecer as relações de antonímia no âmbito discursivo. O 
anúncio a seguir, da Casa do Hemofílico do Rio de Janeiro, traz a 
dimensão do processo antonímico ao nível do discurso:
(In www.ccsp.com.br)
O anúncio baseia-se num jogo de oposições. A principal delas se 
dá pela oposição “vê” / “não vê” (sangue). A denotação empregada 
na primeira construção, “ver sangue”, opõe-se à conotação da outra; 
“não ver sangue” representa, aqui, não ter sangue disponível para 
uma transfusão.
A partir daí interagem as oposições secundárias, o interlocutor 
a quem se dirige a mensagem (“você”) se opõe às milhares de 
pessoas que precisam “ver” sangue. O traço individual se opõe ao 
traço coletivo. A gradação entre os verbos “desmaiar” e “morrer” 
também forma uma relação de oposição, ratificando o traço de 
banalidade da primeira atitude se confrontada com a outra.
Assim, apropriando-se do caráter polissêmico do signo, seja 
ele verbal ou não verbal, o jogo discursivo do anúncio, representado 
pelos vocábulos envolvidos, estabelece uma relação de oposição 
entre as duas atitudes presentes no contexto.
O processo de oposição pode se dar, como já visto, em linguagem 
não verbal. O anúncio a seguir, da joalheria Natan, serve de exemplo: 
o homem, careca, oferece uma joia à mulher. Ao ver a joia, o homem 
aparece aos olhos dela, agora, com cabelos e “pinta” de galã.
http://dapleura.blogspot.com/
A campanha, que tem como conceito “o poder dos quilates”, 
trabalha com um jogo discursivo baseado na oposição de sentidos 
na maneira como a pessoa que dá o presente é vista por quem 
recebe. O “poder” da joia faz com que a pessoa veja com outros 
olhos o doador do presente. Há, assim, uma aproximação com o 
ditado popular “quem ama o feio bonito lhe parece”. Jocosamente, 
o amor aqui é materializado pela joia da Natan.
O processo de construção de sentido, dessa forma, baseia-se 
em um contexto. Assim como há uma sinonímia textual, há também 
uma antonímia textual, ancorada no discurso. São os elementos 
presentes no anúncio – a joia e a mudança estética do homem, por 
exemplo – que ajudam a representar a cena composta por uma 
contradição dependente direta do contexto em que se insere.
HOMONÍMIA
Veja estes pares de palavras:
cem / sem
colher (verbo) / colher (substantivo)
manga (fruta) / manga (camisa)
Segundo os compêndios gramaticais, quando há duas palavras 
com a mesma escrita ou o mesmo som, temos homônimos. Os 
homônimos podem ser homófonos, quando o som é igual e a 
escrita é diferente: cem / sem; homógrafos, quando a escrita é igual 
e o som é diferente: colher (v) / colher (s). Quando há escrita e som 
iguais dizemos que são homônimos perfeitos: manga / manga.
Por conta da imprecisão dos critérios em estabelecer uma 
diferenciação entre os conceitos de polissemia e homonímia, é 
preferível abarcar a ideia de que tais conceitos se relacionam, de fato 
– já que os fenômenos apresentam uma mesma forma com vários 
sentidos, dependendo do contexto em que estão inseridos.Contudo, é 
importante entender que a homonímia se realiza no plano diacrônico, 
enquanto a polissemia no plano sincrônico. Assim, como afirma 
Valente (2001), sincronicamente, a homonímia é uma polissemia, 
numa palavra com duas significações. Dessa forma, o conceito de 
homonímia perfeita fica restrito a investigações de cunho diacrônico, 
e a polissemia será investigada sob uma perspectiva sincrônica.
PARONÍMIA
Palavras parecidas em escrita e pronúncia recebem o nome de 
parônimos. Os pares “bocal” / “bucal” servem de exemplo: bocal, 
extremidade de lâmpada, por exemplo, nada tem a ver com bucal, 
relativo à boca. No entanto, pela sua proximidade gráfica e sonora, 
são parônimos. Essas palavras no português costumam causar 
dificuldades ao falante. Alguns exemplos:
Eminente / Iminente Retificar / Ratificar Fragrante / Flagrante 
Infligir / Infringir
Despercebido / Desapercebido
Inflação / Infração
É importante notar como esses aspectos semânticos podem ser 
expressivos na construção da mensagem. Veja o exemplo a seguir:
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04 SEMÂNTICA II: CAMPO SEMÂNTICO, SINONÍMIA, ANTONÍMIA, HIPERONÍMIA E HIPONÍMIA
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INTERPRETAÇÃO
Os sujeitos da charge são o Presidente do Banco Central no 
governo Lula, Henrique Meirelles, e o robô, do filme estrelado por Will 
Smith, Eu, Robô. Meirelles estava sendo acusado de sonegar fontes 
de renda, e a charge, por meio de um processo de paronomásia, 
cria humor ao explicitar o jogo fônico da palavra “robô” com a 
palavra implícita “roubou”.
PROTREINO
EXERCÍCIOS
01. Defina o conceito de hipônimo.
02. Defina o conceito de hiperônimo.
03. Justifique por que não é possível existir sinônimos perfeitos.
04. Explique como se caracteriza o processo de antonímia.
05. Determine o que significa homônimo.
PROPOSTOS
EXERCÍCIOS
01. Leia o seguinte texto, que faz parte de um anúncio de 
um produto alimentício:
EM RESPEITO A SUA NATUREZA, SÓ TRABALHAMOS COM O 
MELHOR DA NATUREZA
Selecionamos só o que a natureza tem de melhor para levar até a 
sua casa. Porque faz parte da natureza dos nossos consumidores 
querer produtos saborosos, nutritivos e, acima de tudo, confiáveis.
www.destakjornal.com.br, 13/05/2013. Adaptado.
Procurando dar maior expressividade ao texto, seu autor
a) serve-se do procedimento textual da sinonímia.
b) recorre à reiteração de vocábulos homônimos.
c) explora o caráter polissêmico das palavras.
d) mescla as linguagens científica e jornalística.
e) emprega vocábulos iguais na forma, mas de sentidos 
contrários.
02.
Minha vida
Minha vida
não é tempo que corre
do meu natal
à minha morte
Minha vida é o meu dia de natal
Dia da minha morte
In: COOPER, Jorge. Poesia Completa. Maceió: Cepal, 2010, p. 41.
No poema, aparecem os vocábulos “vida” e “morte”, que, sendo 
antônimos, contribuem para o desfecho paradoxal expresso nos 
dois últimos versos. Quanto às relações semânticas dos pares de 
palavras abaixo, qual das alternativas apresenta um erro?
a) extroversão / introversão – antonímia
b) experto / esperto – homonímia
c) ratificar / retificar – paronímia
d) pelo (contração prepositiva) / pelo (substantivo) – homonímia
e) concerto / ajuste – sinonímia
03.
Expressões Idiomáticas
Expressões idiomáticas ou idiomatismo são expressões que se 
caracterizam por não identificar seu significado através de suas 
palavras individuais ou no sentido literal.
Não é possível traduzi-las em outra língua e se originam de gírias 
e culturas de cada região. Nas diversas regiões do país, há várias 
expressões idiomáticas que integram os chamados dialetos.
Disponível em: www.brasilescola.com. Acesso em: 24 abr. 2010 (adaptado).
O texto esclarece o leitor sobre as expressões idiomáticas, 
utilizando-se de um recurso metalinguístico que se caracteriza por
a) influenciar o leitor sobre atitudes a serem tomadas em relação 
ao preconceito contra os falantes que utilizam expressões 
idiomáticas.
b) externar atitudes preconceituosas em relação às classes 
menos favorecidas que utilizam expressões idiomáticas.
c) divulgar as várias expressões idiomáticas existentes e controlar 
a atenção do interlocutor, ativando o canal de comunicação 
entre ambos.
d) definir o que são expressões idiomáticas e como elas fazem 
parte do cotidiano do falante pertencente a grupos regionais 
diferentes.
e) preocupar-se em elaborar esteticamente os sentidos das 
expressões idiomáticas existentes em regiões distintas.
04.
O gosto da surpresa
Betty Milan 
Psicanalista e escritora
Nada é melhor do que se surpreender, olhar o mundo com olhos 
de criança. Por isso as pessoas gostam de viajar. Nem o trânsito, 
nem a fila no aeroporto, nem o eventual desconforto do hotel são 
empecilhos neste caso. Só viajar importa, ir de um para outro lugar 
e se entregar à cena que se descortina. Como, aliás, no teatro.
O turista compra a viagem baseado nas garantias que a 
agência de turismo oferece, mas se transporta em busca de 
surpresa. Porque é dela que nós precisamos mais. Isso explica a 
célebre frase “navegar é preciso, viver não”, erroneamente atribuída 
a Fernando Pessoa, já que data da Idade Média.
Agora, não é necessário se deslocar no espaço para se 
surpreender e se renovar. Olhar atentamente uma flor, acompanhar 
o seu desenvolvimento, do botão à pétala caída, pode ser tão 
enriquecedor quanto visitar um monumento histórico.
Tudo depende do olhar. A gente tanto pode olhar sem ver nada 
quanto se maravilhar, uma capacidade natural na criança e que o 
adulto precisa conquistar, suspendendo a agitação da vida cotidiana 
e não se deixando absorver por preocupações egocêntricas. Como 
diz um provérbio chinês, a lua só se reflete perfeitamente numa 
água tranquila.
O que nós vemos e ouvimos depende de nós. A meditação nos 
afasta do clamor do cotidiano e nos permite, por exemplo, ouvir a 
nossa respiração. Quem escuta com o espírito e não com o ouvido, 
percebe os sons mais sutis. Ouve o silêncio, que é o mais profundo 
de todos os sons, como bem sabem os músicos. Numa de suas 
músicas, Caetano Veloso diz que “só o João (Gilberto) é melhor do 
que o silêncio”. Porque o silêncio permite entrar em contato com 
um outro eu, que só existe quando nos voltamos para nós mesmos.
Há milênios, os asiáticos, que valorizam a longevidade, se 
exercitam na meditação, enquanto nós, ocidentais, evitamos o 
desligamento que ela implica. Por imaginarmos que sem estar 
ligado não é possível existir, ignoramos que o afastamento do 
circuito habitual propicia uma experiência única de nós mesmos, 
uma experiência sempre nova.
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INTERPRETAÇÃO 04 S EMÂNTICA II: CAMPO SEMÂNTICO, SINONÍMIA, ANTONÍMIA, HIPERONÍMIA E HIPONÍMIA
Desde a Idade Média, muitos séculos se passaram. Mas o 
lema dos navegadores continua atual. Surpreender-se é preciso. A 
surpresa é a verdadeira fonte da juventude, promessa de renovação 
e de vida. 
(Veja, Editora Abril, edição 2184 – ano 43 – nº 39, 29/09/2010, p. 116)
No trecho: “...suspendendo a agitação da vida cotidiana e não se 
deixando absorver por preocupações egocêntricas”, as palavras 
grifadas mantêm, com os vocábulos “absolver” e “personalistas”, 
uma relação de:
a) homonímia e sinonímia, respectivamente.
b) sinonímia e homonínia, respectivamente.
c) antonímia e paronímia, respectivamente.
d) antonímia e sinonímia, respectivamente.
e) paronímia e sinonímia, respectivamente.
05. Os textos 1 (manchete de capa da revista Época de 26/08/2013), 
2 (manchete de capa da revista Veja de 28/08/2013) e 3 serão 
analisados em conjunto, na perspectiva da polifonia, do dialogismo 
e da intertextualidade, isto é, das relações mantidas entre eles.
TEXTO 1 TEXTO 2
TEXTO 3
Cair das nuvens
1. Espantar-se, surpreender-se (com algo que é muito diferente 
do que se pensava ou se desejava); perceber o próprio equívoco 
ou engano.
2. Restr. Decepcionar-se intensamente; desiludir-se.
3. Chegar de modoimprevisto; aparecer repentinamente; cair do céu.
Dicionário Caldas Aulete. http://aulete.uol.com.br/nuvem#ixzz2ggk52qoh
No que diz respeito ao signifi cado das expressões, numere a 
segunda coluna de acordo com a primeira:
COLUNA I COLUNA II
1. Ir às nuvens.
II. (fi car ou estar) 
Nas nuvens.
III. Pôr (alguém 
ou algo) nas 
nuvens.
IV. Tomar a 
nuvem por 
Juno.
V. (passar) 
Em brancas 
nuvens.
( ) Sem notar o que se passa em 
volta; em estado de distração e 
alheamento; em estado de intensa 
alegria ou contentamento.
( ) Elogiar muito, com entusiasmo, 
ou usando palavras muito 
enfáticas.
( ) Alegrar-se intensamente, fi car 
exultante com algo.
( ) Sem celebração, sem festas; 
sem ser notado, em branco; sem 
sofrimento, sem amarguras.
Está correta, de cima para baixo, a seguinte sequência:
a) 5 – 4 – 1 – 3. 
b) 2 – 3 – 1 – 5. 
c) 2 – 1 – 3 – 5. 
d) 1 – 3 – 2 – 4. 
e) 1 – 4 – 3 – 2.
06. (ENEM) Nas conversas diárias, utiliza-se frequentemente 
a palavra “próprio” e ela se ajusta a várias situações. Leia os 
exemplos de diálogos:
I. — A Vera se veste diferente!
— É mesmo, é que ela tem um estilo próprio.
II. — A Lena já viu esse fi lme uma dezena de vezes! Eu não 
consigo ver o que ele tem de tão maravilhoso assim.
— É que ele é próprio para adolescente.
III. — Dora, o que eu faço? Ando tão preocupada com o Fabinho! 
Meu fi lho está impossível!
— Relaxa, Tânia! É próprio da idade. Com o tempo, ele se 
acomoda.
Nas ocorrências I, II e III, “próprio” é sinônimo de, respectivamente:
a) adequado, particular, típico;
b) peculiar, adequado, característico;
c) conveniente, adequado, particular;
d) adequado, exclusivo, conveniente;
e) peculiar, exclusivo, característico.
07. (ENEM)
O efeito de sentido da charge é provocado pela combinação 
de informações visuais e recursos linguísticos. No contexto da 
ilustração, a frase proferida recorre à:
a) polissemia, ou seja, aos múltiplos sentidos da expressão “rede 
social” para transmitir a ideia que pretende veicular;
b) ironia para conferir um novo signifi cado ao termo “outra coisa”;
c) homonímia para opor, a partir do advérbio de lugar, o espaço da 
população pobre e o espaço da População rica;
d) personifi cação para opor o mundo real pobre ao mundo virtual 
rico;
e) antonímia para comparar a rede mundial de computadores com a 
rede caseira de descanso da família.
08. (ENEM)
Soneto de fi delidade
De tudo ao meu amor serei atento
Antes e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou ao seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fi m de quem ama.
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infi nito enquanto dure.
(MORAES, Vinicius de. Antologia poética. São Paulo: Cia das Letras, 1992. )
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04 SEMÂNTICA II: CAMPO SEMÂNTICO, SINONÍMIA, ANTONÍMIA, HIPERONÍMIA E HIPONÍMIA
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INTERPRETAÇÃO
A palavra mesmo pode assumir diferentes significados, de acordo 
com a sua função na frase. Assinale a alternativa em que o sentido 
de mesmo equivale ao que se verifica no 3º verso da 1a estrofe do 
poema de Vinicius de Moraes:
a) Pai, para onde fores, / irei também trilhando as mesmas ruas... 
(Augusto dos Anjos)
b) Agora, como outrora, há aqui o mesmo contraste da vida 
interior, que é modesta, com a exterior, que é ruidosa. (Machado 
de Assis)
c) Havia o mal, profundo e persistente, para o qual o remédio não 
surtiu efeito, mesmo em doses variáveis. (Raimundo Faoro)
d) Mas, olhe cá, Mana Glória, há mesmo necessidade de fazê-lo 
padre? (Machado de Assis)
e) Vamos de qualquer maneira, mas vamos mesmo. (Aurélio)
09. (UERJ) Com base no texto a seguir, responda à questão.
Existe sempre um conceito por trás do que faço, só que nem 
sempre a montagem se completa. Os conceitos se escondem no 
subconsciente. Zigue-zagues que atordoam.
Quando o xadrez funciona, o conceito é formado por encaixes 
eliminando a importância exagerada que poderia ser dada a certas 
fotos mais formais.
Não são acasos felizes, pois, desde o começo de um projeto, 
uma ideia já existe; apenas ela é flexível e se deixa impregnar 
pela existência das pessoas fotografadas. O interessante é fazer 
a matéria externa vibrar em toda sua força de maneira que seja 
espelho de minhas intenções, sem deixar de ser espelho da vida.
CORAÇÃO ESPELHO DA CARNE.
Edward Weston diz nos Notebooks que “a câmera deve ser usada 
para documentar a vida”. Documentar no sentido íntegro, não o bater 
chapa automático de algum acontecimento mais importante histórico 
ou socialmente, porém o documento de vida. Diria que revelar essa 
vida, essa força, é o essencial, pois de qualquer forma documento 
sempre será a foto tomada. Ele continua: “rendendo a verdadeira 
substância da coisa em si, seja ela aço polido ou carne palpitante”.
(Miguel Rio Branco [fotógrafo]. Notes on the tides. Rio de Janeiro: Sol Gráfica , 2006)
de maneira que seja espelho de minhas intenções, sem deixar de 
ser espelho da vida.
O significado essencial do fragmento destacado acima também 
pode ser observado em:
a) Os conceitos se escondem no subconsciente.
b) Quando o xadrez funciona, o conceito é formado por encaixes
c) pois, desde o começo de um projeto, uma ideia já existe;
d) e se deixa impregnar pela existência das pessoas fotografadas.
10. (ENEM)
Nuances
Euforia: alegria barulhenta. Felicidade: alegria silenciosa.
Gravar: quando o ator é de televisão. Filmar: quando ele quer deixar 
claro que não é de televisão.
Grávida: em qualquer ocasião. Gestante: em filas e assentos 
preferenciais.
Guardar: na gaveta. Salvar: no Computador. Salvaguardar: no 
Exército.
Menta: no sorvete, na bala ou no xarope. Hortelã: na horta ou no 
suco de abacaxi.
Peça: quando você vai assistir. Espetáculo: quando você está em 
cartaz com ele.
DUVIVIER, G. Folha de S. Paulo, 24 mar. 2014 (adaptado)
O texto trata da diferença de sentido entre vocábulos muito 
próximos. Essa diferença é apresentada considerando-se a(s)
a) alternâncias na sonoridade.
b) adequação às situações de uso.
c) marcação flexional das palavras.
d) grafia na norma-padrão da língua.
e) categorias gramaticais das palavras.
11. Estabelece relação de hiperonímia/hiponímia, nessa ordem, o 
seguinte par de palavras:
a) estrondo – ruído;
b) pescador – trabalhador;
c) pista – aeroporto;
d) piloto – comissário;
e) aeronave – jatinho.
12. Assinale a única frase que se completa com a segunda forma 
entre parênteses:
a) Os culpados __________ as leis. (infringiram / infligiram).
b) O ___________ do senador termina no próximo ano. (mandado 
/ mandato).
c) Não saia, pois a chuva está ___________. (iminente / eminente).
d) Ladrão foi apanhado em __________. (flagrante / fragrante).
e) Os requintes de educação caracterizam um perfeito 
___________. (cavalheiro / cavaleiro).
13. Observe as frases.
I. O paciente submeteu-se a SESSÕES de sangria, utilizando-se 
de sanguessugas.
II. Encontrou, na SEÇÃO de remédios, o que procurava para o seu 
alívio.
O par de palavras SESSÃO/SEÇÃO relaciona-se ao estudo da:
a) homonímia;
b) sinonímia;
c) paronímia;
d) antonímia;
e) polissemia.
14. No ______ do violoncelista ______ havia muitas pessoas, pois era 
uma ______ beneficente.
a) conserto - eminente - sessão
b) concerto - iminente - seção
c) conserto - iminente - seção
d) concerto - eminente – sessão
15. Assinale o item em que a palavra destacada está incorretamente 
aplicada:
a) Trouxeram-me um ramalhete de flores fragrantes.
b) A justiça infligiu pena merecida aos desordeiros.
c) Promoveram uma festa beneficiente para a creche.
d) Devemos ser fiéis aos cumprimentos do dever.
e) A cessão de terras compete ao Estado.
16. (IFAL 2017) Como se sabe, galinhas são aves. Assim, a relaçãoque se estabelece, respectivamente, entre esses dois termos é de 
a) homonímia.
b) paronímia.
c) antonímia.
d) hiponímia.
e) hiperonímia.
17. (ENEM PPL 2017) Acho que educar é como catar piolho na 
cabeça de criança.
É preciso ter confiança, perseverança e um certo despojamento.
É preciso, também, conquistar a confiança de quem se quer educar, 
para fazê-lo deitar no colo e ouvir histórias.
MUNDUKURU, D. Disponível em: http://caravanamekukradja.blogspot.com.br. 
Acesso em: 5 dez. 2012.
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INTERPRETAÇÃO 04 SEMÂNTICA II: CAMPO SEMÂNTICO, SINONÍMIA, ANTONÍMIA, HIPERONÍMIA E HIPONÍMIA
Concorrem para a estruturação e para a progressão das ideias no 
texto os seguintes recursos: 
a) Comparação e enumeração. 
b) Hiperonímia e antonímia. 
c) Argumentação e citação. 
d) Narração e retomada. 
e) Pontuação e hipérbole. 
18. (IFPE 2017) 
UM DOADOR UNIVERSAL
Tomo um táxi e mando tocar para o hospital do Ipase. Vou 
visitar um amigo que foi operado. O motorista volta-se para mim: 
- O senhor não está doente e agora não é hora de visita. Por 
acaso é médico? Ultimamente ando sentindo um negócio esquisito 
aqui no lombo... 
- Não sou médico. 
Ele deu uma risadinha. 
- Ou não quer dar uma consulta de graça, hein, doutor? É 
isso mesmo, deixa para lá. Para dizer a verdade, não tem cara de 
médico. Vai doar sangue. 
- Quem, eu? 
- O senhor mesmo, quem havia de ser? Não tem mais ninguém 
aqui. 
- Tenho cara de quem vai doar sangue? 
- Para doar sangue não precisa ter cara, basta ter sangue. 
O senhor veja o meu caso, por exemplo. Sempre tive vontade de 
doar sangue. E doar mesmo de graça, ali no duro. Deus me livre de 
vender meu próprio sangue: não paguei nada por ele. Escuta aqui 
uma coisa, quer saber o que mais, vou doar meu sangue e é já. 
Deteve o táxi à porta do hospital, saltou ao mesmo tempo que 
eu, foi entrando: 
- E é já. Esse negócio tem de ser assim: a gente sente vontade 
de fazer uma coisa, pois então faz e acabou-se. Antes que seja 
tarde: acabo desperdiçando esse sangue meu por aí, em algum 
desastre. Ou então morro e ninguém aproveita. Já imaginou quanto 
sangue desperdiçado por aí nos que morrem? 
- E nos que não morrem? - limitei-me a acrescentar. 
- Isso mesmo. E nos que não morrem! Essa eu gostei. Está 
se vendo que o senhor é moço distinto. Olhe aqui uma coisa, não 
precisa pagar a corrida. 
Deixei-me ficar, perplexo, na portaria (e ele tinha razão, não era 
hora de visitas) enquanto uma senhora reclamava seus serviços: 
- Meu marido está saindo do hospital, não pode andar direito... 
- Que é que tem seu marido, minha senhora? 
- Quebrou a perna. 
- Então como é que a senhora queria que ele andasse direito? 
- Eu não queria. Isto é, queria... Por isso é que estou dizendo - 
confundiu- se a mulher. - O seu táxi não está livre? 
- O táxi está livre, eu é que não estou. A senhora vai me 
desculpar, mas vou doar sangue. Ou hoje ou nunca. 
E gritou para um enfermeiro que ia passando e que nem o 
ouviu: 
- Você aí, ô, branquinho, onde é que se doa sangue? 
Procurei intervir: 
- Atenda a freguesa... O marido dela... 
- Já sei: quebrou a perna e não pode andar direito. 
- Teve alta hoje. - acudiu a mulher, pressentindo simpatia. 
- Não custa nada – insisti. - Ele precisa de táxi. A esta hora... 
- Eu queria doar sangue - vacilou ele. - A gente não pode nem 
fazer uma caridade, poxa! 
- Deixa de fazer uma e faz outra, dá na mesma. 
Pensou um pouco, acabou concordando: 
- Está bem. Mas então faço o serviço completo: vai de graça. 
Vamos embora. Cadê o capenga? 
Afastou-se com a mulher, e em pouco passava de novo por mim, 
ajudando-a a amparar o marido, que se arrastava, capengando. 
- Vamos, velhinho: te aguenta aí. Cada uma! 
Ainda acenou para mim, de longe, se despedindo. 
SABINO, Fernando. Um doador universal. Disponível em: <<http://www.otempo.com.
br/opini%C3%A3o/fernando-sabino/fernando-sabino-um-doador-universal-1.538>>. 
Acesso: 08 maio 2017. 
Na leitura de textos, deparamo-nos, muitas vezes, com palavras 
das quais desconhecemos o significado, no entanto, a partir do 
contexto, conseguimos interpretá-las. Seguindo esse entendimento, 
a partir da significação contextual da palavra, assinale a alternativa 
que contém o vocábulo que substituiria adequadamente o termo 
destacado no trecho a seguir, extraído do texto, de acordo com a 
relação de significado estabelecida.
“Está se vendo que o senhor é moço distinto.” 
a) Rápido; antonímia. 
b) Comum; sinonímia. 
c) Inteligente; sinonímia. 
d) Forte; antonímia. 
e) Exigente; sinonímia. 
19. (UFU 2015) Como é usual no desenvolvimento de novas 
tecnologias, os 1drones também brotaram de centros militares. 
Mas no Exército eles têm outro nome: veículos aéreos não 
tripulados (os 2vants). São aeronaves autônomas, guiadas a 
distância por pilotos ou que navegam sozinhas, e que podem medir 
de poucos centímetros a dezenas de metros de comprimento. No 
começo dos anos 2000, passaram a ser utilizadas regularmente 
em missões do governo americano, e gradualmente substituem 
pilotos no campo de batalha. Se em 2009 3% da tropa da Força 
Aérea dos Estados Unidos guiava os vants, agora a parcela é de 
ao menos 10%, e há queixas de que não é o suficiente. E se no 
início eles substituíam soldados em tarefas arriscadas, agora 
solucionam até dilemas morais típicos de situações de guerra, e 
que antes só humanos conseguiam resolver. Às 3máquinas foram 
atribuídas decisões deontológicas. Quando foram concebidos, os 
vants eram totalmente guiados por um controle remoto. Tudo que 
a 4máquina fazia era responder aos comandos de um humano. 
Mas cada vez mais o homem se mostra dispensável. Os drones 
militares da década de 2010 contam com softwares dotados de 
algoritmos capazes de não só guiá-los, mas de identificar alvos e 
decidir se é preciso abatê-los. Um ex-operador de 5drones militares 
dos Estados Unidos revelou recentemente que as 6aeronaves 
rastreavam, sozinhas, o celular de um inimigo e indicavam se 
era necessário executá-lo, mesmo que ele não fosse o dono do 
7aparelho, e com risco real de matar civis ao redor. Israel também 
divulgou a realização de testes com um programa que fará com 
que drones solucionem dilemas éticos. Exemplo: se o dano 
colateral, a morte de civis, for matematicamente mais prejudicial 
do que a execução de um alvo de menor relevância, a máquina 
cancela o ataque. Fórmulas matemáticas, em vez de humanos, 
podem passar a reger o campo de batalha. 
THOMAS, Jennifer Ann. Veja, 14 de fevereiro, 2015, p. 173. (Fragmento) 
No fragmento, uma das relações de coesão se estabelece por meio de 
a) meronímia, o termo drones (ref. 1) constitui uma parte de vants 
(ref. 2).
b) hiperonímia, a relação existente entre um termo mais genérico, 
máquinas (ref. 3) e um mais específico, drones (ref. 5). 
c) catáfora, o termo aeronaves (ref. 6) substitui o termo máquina 
(ref. 4).
d) anáfora, o termo drones (ref. 1) aponta para o termo aparelho 
(ref. 7).
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INTERPRETAÇÃO
20. (UNIRIO 2000) 
A bola não é inimiga 
como o touro, numa corrida
e embora seja um utensílio
caseiro e que se usa sem risco,
não é o utensílio impessoal,
sempre manso, de gesto usual:
é um utensílio semivivo,
de reações próprias como bicho,
e que, como bicho, é mister
(mais que bicho, como mulher)
usar com malícia e atenção
dando aos pés astúcias de mão.
João Cabral de Melo Neto
De acordo com o texto, o par em que NÃO há relação de sinonímia 
é: 
a) "utensílio" (v. 3) - instrumento. 
b) "impessoal" (v. 5) - original. 
c) "usual" (v. 6) - corriqueiro. 
d) "mister" (v. 9) - necessário. 
e) "astúcias" (v. 12) - manhas. 
05. APROFUNDAMENTO
EXERCÍCIOS DE
01. Examine as tiras do cartunista americano Bill Watterson (1958 - ).
(Unesp 2018)Na tira 1, como o garoto Calvin interpreta o choro 
da mãe? Reescreva a última fala de Calvin, substituindo o verbo 
“antropomorfiza” por outro de sentido equivalente.
02. Leia a charge.
Observando as imagens, vê-se que as personagens estão se 
referindo a personalidades diferentes, daí o efeito de humor da 
charge quanto aos seus comentários.
(Unifesp 2008) Do ponto de vista linguístico, o que gera a confusão 
das personagens?
03. (FUVEST 2018) Leia o texto.
Um tema frequente em culturas variadas é o do desafio à ordem 
divina, a apropriação do fogo pelos mortais. Nos mitos gregos, 
Prometeu é quem rouba o fogo dos deuses. Diz Vernant que 
Prometeu representa no Olimpo uma vozinha de contestação, 
espécie de movimento estudantil de maio de 1968. Zeus decide 
esconder dos homens o fogo, antes disponível para todos, mortais 
e imortais, na copa de certas árvores – os freixos – porque 
Prometeu tentara tapeá-lo numa repartição da carne de um touro 
entre deuses e homens.
Na mitologia dos Yanomami, o dono do fogo era o jacaré, que 
cuidadosamente o escondia dos outros, comendo taturanas 
assadas com sua mulher sapo, sem que ninguém soubesse. Ao 
resto do povo – animais que naquela época eram gente – eles só 
davam as taturanas cruas. O jacaré costumava esconder o fogo na 
boca. Os outros decidem fazer uma festa para fazê-lo rir e soltar as 
chamas. Todos fazem coisas engraçadas, mas o jacaré fica firme, 
no máximo dá um sorrisinho.
Betty Mindlin, O fogo e as chamas dos mitos. Revista Estudos Avançados. Adaptado.
a) O emprego do diminutivo nas palavras “vozinha” e “sorrisinho”, 
consideradas no contexto, produz o mesmo efeito de sentido 
nos dois casos? Justifique.
b) Reescreva o trecho “Os outros decidem fazer uma festa para 
fazê-lo rir (...). Todos fazem coisas engraçadas”, substituindo 
o verbo “fazer” por sinônimos adequados ao contexto em duas 
de suas três ocorrências. 
04. (FUVEST 2010) Leia este texto.
O ano nem sempre foi como nós o conhecemos agora. Por exemplo: 
no antigo calendário romano, abril era o segundo mês do ano. E na 
França, até meados do século XVI, abril era o primeiro mês. Como 
havia o hábito de dar presentes no começo de cada ano, o primeiro 
dia de abril era, para os franceses da época, o que o Natal é para 
nós hoje, um dia de alegrias, salvo1 para quem ganhava meias 
ou uma água-de-colônia barata. Com a introdução do calendário 
gregoriano, no século XVI, primeiro de janeiro passou a ser o 
primeiro dia do ano e, portanto, o dia dos presentes. E primeiro de 
abril passou ser um falso Natal – o dia de não se ganhar mais nada.
Por extensão, o dia de ser iludido. Por extensão, o Dia da Mentira.
Luís F. Veríssimo, As mentiras que os homens contam. Adaptado.
a) Tendo em vista o contexto, é correto afirmar que o trecho 
“meias ou uma água-de-colônia barata” deve ser entendido 
apenas em seu sentido literal? Justifique sua resposta.
b) Crie uma frase que contenha um sinônimo da palavra “salvo” (ref.1), 
mantendo o sentido que ela tem no texto. 
05. (FGV 2015) 
Texto I
QUAL O PODER DA LEITURA NESTES TEMPOS DIFÍCEIS?
Hoje, é possível dizer que o mundo inteiro é um “espaço em crise”. 
Uma crise se estabelece de fato quando transformações de caráter 
brutal – mesmo se preparadas há tempos -, ou ainda uma violência 
permanente e generalizada, tornam extensamente inoperantes 
os modos de regulamentação, sociais e psíquicos, que até então 
estavam sendo praticados. Ora, a aceleração das transformações, 
o crescimento das desigualdades, das disparidades, a extensão das 
migrações alteraram ou fizeram desaparecer os parâmetros nos 
quais a vida se desenvolvia, vulnerabilizando homens, mulheres 
e crianças, de maneira obviamente bastante distinta, de acordo 
com os recursos materiais, culturais, afetivos de que dispõem e 
segundo o lugar onde vivem.
Para boa parte deles, no entanto, tais crises se manifestam em 
transtornos semelhantes. Vividas como rupturas, ainda mais 
quando são acompanhadas da separação dos próximos, da perda 
da casa ou das paisagens familiares, as crises os confinam em 
um tempo imediato – sem projeto, sem futuro -, em um espaço 
sem linha de fuga. Despertam feridas antigas, reativam o medo 
do abandono, abalam o sentimento de continuidade de si e a 
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INTERPRETAÇÃO 04 SEMÂNTICA II: CAMPO SEMÂNTICO, SINONÍMIA, ANTONÍMIA, HIPERONÍMIA E HIPONÍMIA
autoestima. Provocam, às vezes, uma perda total de sentido, 
mas podem igualmente estimular a criatividade e a inventividade, 
contribuindo para que outros equilíbrios sejam forjados, pois 
em nosso psiquismo, como disse René Kaës, uma “crise libera, 
ao mesmo tempo, forças de morte e forças de regeneração”. “O 
desastre ou a crise são também, e sobretudo, oportunidades”, 
escreveram Chamoiseau e Glissant, após a passagem de um ciclone. 
“Quando tudo desmorona ou se vê transformado, são também os 
rigores ou as impossibilidades que se veem transformados. São os 
improváveis que, de repente, se veem esculpidos por novas luzes”.
A leitura pode garantir essas forças de vida? O que esperar dela 
– sem vãs ilusões – em lugares onde a crise é particularmente 
intensa, seja em contextos de guerra ou de repetidas violências, 
de deslocamentos de populações mais ou menos forçados, ou de 
vertiginosas recessões econômicas?
Em tais contextos, crianças, adolescentes e adultos poderiam 
redescobrir o papel dessa atividade na reconstrução de si mesmos 
e, além disso, a contribuição única da literatura e da arte para a 
atividade psíquica. Para a vida, em suma.
Michèle Petit, A arte de ler ou como resistir à adversidade. São Paulo: ed. 34, 2009.
Texto II
Paradoxalmente, o caos em que a humanidade corre o risco de 
mergulhar traz em seu bojo sua própria e última oportunidade. 
Por quê? Para começar, porque a proximidade do perigo favorece 
as instâncias de conscientização, que podem então multiplicar-
se, ampliar-se e fazer surgir uma grande política de salvação do 
mundo. E, sobretudo, pela seguinte razão: quando um sistema é 
incapaz de resolver seus problemas vitais, ou ele se desintegra, ou 
é capaz, dentro de sua própria desintegração, de metamorfosear-
se num metassistema mais rico, capaz de buscar soluções para 
esses problemas.
Edgar Morin, http://www.comitepaz.org.br
Texto III
O que diz o vento (07/10/1991)
Para o Brasil chegar afinal ao Primeiro Mundo só falta vulcão. Uns 
abalozinhos já têm havido por aí, e cada vez mais frequentes. Agora 
passa por Itu esse vendaval, com tantas vítimas e tantos prejuízos 
a lastimar. Alguns jornais não tiveram dúvida: ciclone. Ou tornado, 
quem sabe.
Shelley que me desculpe, mas vento me dá nos nervos. Desarruma a 
gente por dentro. Mas, em matéria de vento, poeta tem imunidades. 
Manuel Bandeira associou à canção do vento a canção da sua vida.
O vento varria as luzes, as músicas, os aromas. E a sua vida ficava 
cada vez mais cheia de aromas, de estrelas, de cânticos.
Fúria dos elementos, símbolo da instabilidade, o vento é ao mesmo 
tempo sopro de vida. Uma aragem acompanha sempre os anjos. E 
foi o vento que fez descer sobre os apóstolos as línguas de fogo do 
Espírito Santo. Destruidor e salvador, com o vento renasce a vida, 
diz a “Ode to the West Wind”, de Shelley. No inverno só um poeta 
romântico entrevê o início da primavera. Divindade para os gregos, 
o vento inquieta porque sacode a apatia e a estagnação. 
Com esse poder de levar embora, suponhamos que uma lufada 
varresse o Brasil, como na canção do Manuel Bandeira. Que é que 
esse vento benfazejo devia levar embora? Todo mundo sabe o 
mundo de males que nos oprime nesta hora. Deviam ser varridos 
para sempre. Se vento leva e traz, se vento é mudança, não custa 
acreditar que, passada a tempestade, vem a bonança. E com ela, o 
sopro renovador — garante o poeta. A casa destelhada, a destruição 
já começou. Vem aí a reconstrução.
Otto Lara Resende, Bom dia para nascer: crônicas publicadas na Folha de S. Paulo. São 
Paulo:Cia. das Letras, 2011. Adaptado. 
Responda o que se pede
a) Apesar do texto II abordar um tema genérico e o texto I, um 
tema mais específico, é possível identificar no conteúdo de 
ambos alguma ideia comum? Justifique sua resposta.
b) Sem provocar alterações no sentido do texto II, que 
sinônimos poderiam substituir, respectivamente, as palavras 
“Paradoxalmente” (início do texto) e “metamorfosear-se” (final 
do texto)? 
GABARITO
 EXERCÍCIOS PROPOSTOS
01. C
02. E
03. D
04. E
05. B
06. B
07. A
08. C
09. D
10. B
11. E
12. B
13. A
14. D
15. C
16. D
17. A
18. C
19. B
20. B
 EXERCÍCIOS DE APROFUNDAMENTO
01. Na tira 1, Calvin atribui o choro da mãe ao fato de ela estar “ferindo” a cebola, ou 
seja, dá ao verbo “cortar” outro significado, o que se depreende da sua fala no último 
quadrinho: “deve ser difícil cozinhar se você antropomorfiza as hortaliças”. Esta frase de 
Calvin poderia ser substituída por: deve ser difícil cozinhar se você humaniza as hortaliças 
02. O elemento linguístico gerador da confusão entre as crianças representadas é de 
ordem fonética: os nomes (Chaves e Chávez) são homônimos homófonos, isto é, palavras 
de mesma pronúncia.
03. 
a) Não, o emprego do diminutivo nas palavras “vozinha” e “sorrisinho” não produz o 
mesmo efeito de sentido nos dois casos. Enquanto que, na primeira ocorrência, 
o diminutivo pretende diminuir a atitude contestatória de Prometeu, na segunda, 
confere ironia ao comportamento do jacaré.
b) substituindo o verbo “fazer” por sinônimos adequados ao contexto, os trechos 
poderiam apresentar as seguintes configurações: os outros decidem realizar 
(preparar) uma festa para provocar-lhe o riso (...). Todos praticam (elaboram) coisas 
engraçadas.
04. 
a) Não, a referência a “meias ou uma água-de-colônia barata” é usada ironicamente em 
sentido figurado, aludindo a um presente banal, adquirido sem grande envolvimento 
ou preocupação em causar satisfação à pessoa a quem vai ser oferecido.
a) Qualquer frase que contivesse os termos “exceto”, “à exceção de” ou “afora” 
manteria a noção de exclusão que a palavra “salvo” expressa no terceiro período 
do texto, como por exemplo: Todos os países da América Latina possuem faixa 
litorânea, exceto Bolívia e Paraguai.
05. 
a) Sim, pois ambos exprimem a possibilidade de enfrentar e reverter situações difíceis. 
O texto I defende a tese de que as adversidades podem ser oportunidade e motivo 
de superações individuais, e o texto II expressa a mesma opinião relativamente às 
tragédias que a Humanidade enfrenta na atualidade, como referido no excerto “o 
desastre ou a crise são também e, sobretudo, oportunidades”
b) Preservando o sentido do texto, os termos “paradoxalmente” e “metamorfosear-
se” poderiam ser substituídos por “contraditoriamente” e “transformar-se”, 
respectivamente
ANOTAÇÕES
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FUNÇÕES DA LINGUAGEM05
Em um sistema de comunicação, reconhecemos os elementos 
básicos: o emissor, o receptor e a mensagem. Além desses 
elementos, temos o código pelo qual a mensagem é decodificada 
e o canal, que é o suporte físico que sustenta a comunicação. O 
ar, por exemplo, é o canal mais comum. O último elemento desse 
sistema de comunicação é o contexto ou referente.
Quando se dá uma comunicação, damos ênfase a um desses 
elementos, o que determina uma função a essa linguagem. 
Segundo um modelo proposto pelo linguista Roman Jakobson, são 
seis as funções da linguagem:
A ênfase no fator:
Emissor ð	 Emotiva ou Expressiva
Receptor ð	 Apelativa ou Conativa
Referente ð	 Referencial
Mensagem ð	 Poética
Código ð	 Metalinguística
Canal ð	 Fática
A FUNÇÃO EMOTIVA
Quando a intenção do produtor do texto é posicionar-se em 
relação ao que está abordando, é expressar seus sentimentos e 
emoções e o texto resultante é subjetivo, temos a função emotiva. 
Uma autobiografia, um diário são exemplos desses textos. Veja 
outros exemplos:
(QUINO. Toda Mafalda. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 2002.)
Velha infância 
Você é assim
Um sonho pra mim
E quando eu não te vejo
Eu penso em você
Desde o amanhecer
Até quando eu me deito
Eu gosto de você
E gosto de ficar com você
Meu riso é tão feliz contigo
O meu melhor amigo é o 
meu amor
[...]
(ANTUNES, A. / BROWN, C. / MORAES, D. / MONTE, M. / BABY, Pedro. CD Tribalistas. 
EMI. 2002.)
Ainda que de gêneros diferentes, os dois textos – a tira de Quino 
e a música dos Tribalistas – apresentam uma linguagem centrada 
na 1ª pessoa, dando ênfase à expressividade, à subjetividade do 
emissor.
A FUNÇÃO APELATIVA
Quando a intenção do produtor da mensagem é influenciar, 
envolver, persuadir o destinatário; quando a mensagem se organiza 
em forma de ordem, chamamento, apelo ou súplica, temos a função 
conativa ou apelativa da linguagem. A linguagem publicitária utiliza 
essencialmente essa função da linguagem:
(Veja)
Veja que o anúncio se constrói a partir de um apelo ao 
leitor para que experimente a tinta da HP. Repare, também, 
nos verbos no Imperativo [ouse, invente]. O foco da mensagem 
está centrada no receptor. O uso do imperativo é representativo 
dessa função da linguagem.
A FUNÇÃO REFERENCIAL
A função referencial centra-se na informação. Quando a 
intenção é transmitir ao interlocutor dados da realidade de 
uma forma direta e objetiva, sem ambiguidades, com palavras 
empregadas em seu sentido denotativo. Portanto, essa é a função 
que predomina em textos técnicos, institucionais, jornalísticos – 
informativos por excelência. Veja um exemplo:
China quer investir na produção de soja no país
A China, maior importador mundial de soja, está promovendo 
uma ofensiva em várias frentes e em vários Estados no Brasil visando 
aumentar a sua presença na cadeia produtiva da cultura no país, 
informam Fabiano Maisonnave e Estelita Hass Carazzai. A estratégia 
será concretizada por meio de acordos de exportação com os 
agricultores, investimentos em indústrias e compra de terras.
(www.folhauol.com.br)
PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR112
INTERPRETAÇÃO 05 FUNÇÕES DA LINGUAGEM
A FUNÇÃO POÉTICA 
Quando a intenção do produtor do texto está voltada para a 
própria mensagem, mas não com a informação somente, e sim 
com a construção dessa mensagem, com uma melhor arrumação 
das palavras, quer na escolha, quer na combinação delas, temos 
a função poética. Assim, a função poética abarca elementos 
fundamentais expressivos como a sonoridade, o ritmo, o belo e o 
inusitado das imagens, valores conotativos, figuras de palavras. 
Esse belo poema de Manuel Bandeira dispensa comentários 
maiores. Apenas absorva a beleza de sua linguagem e de suas 
imagens poéticas:
Belo belo I
Belo belo belo,
Tenho tudo quanto quero.
Tenho o fogo de constelações extintas há milênios. 
E o risco brevíssimo — que foi? passou — de tantas estrelas 
cadentes.
A aurora apaga-se,
E eu guardo as mais puras lágrimas da aurora.
O dia vem, e dia adentro
Continuo a possuir o segredo grande da noite.
Belo belo belo,
Tenho tudo quanto quero.
Não quero o êxtase nem os tormentos.
Não quero o que a terra só dá com trabalho.
As dádivas dos anjos são inaproveitáveis: Os anjos não 
compreendem os homens.
Não quero amar,
Não quero ser amado.
Não quero combater,
Não quero ser soldado.
— Quero a delícia de poder sentir as coisas mais simples.
A linguagem publicitária frequentemente utiliza a função 
poética em seus anúncios. Repare a imagem poética gerada pela 
palavra “princípio” em uma campanha veiculada na década de 90:
Ética: uma questão de princípio.
A FUNÇÃO METALINGUÍSTICA
Quando a preocupação do emissor está voltada para o 
próprio código utilizado, ou seja, o código é o tema da mensagem 
ou é utilizado para explicar o próprio código, temos a função 
metalinguística. Veja os exemplos:
Gosto da palavra fornida. É uma palavra que diz tudo o quer 
dizer. Se você lê que uma mulher é bem fornida, sabe exatamente 
como ela é. Não gorda, mas cheia, roliça, carnuda. E quente. Talvez 
sejaa semelhança com forno. Talvez seja apenas o tipo de mente 
que eu tenho.
(Luis Fernando Verissimo)
Fornido [part. De fornir.] Adj.
1. Abastecido, provido.
2. Robusto, carnudo, nutrido, alentado.
HOLLANDA, Aurélio Buarque de. Dicionário Aurélio Eletrônico. 
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996.)
Repare que nos dois exemplos temos uma metalinguagem. 
O cronista escreve um texto em que utiliza o código da língua 
portuguesa exatamente para falar da língua portuguesa; já o 
verbete do dicionário é o exemplo típico, uma vez que as palavras 
se organizam para explicar as próprias palavras.
A FUNÇÃO FÁTICA 
A preocupação do emissor em manter o contato com o 
interlocutor, prolongando uma comunicação ou então testando o 
canal com frases do tipo “Veja bem...” ou “Olha...” ou “Entende?” 
caracteriza a função fática. Assim, o início, a retomada e final de 
uma conversação centram-se numa função fática. Veja um trecho 
da canção Sinal Fechado, de Paulinho da Viola, que caracteriza 
essa função:
– Olá, como vai?
– Eu vou indo. E você, tudo bem?
– Tudo bem, eu vou indo correndo pegar meu lugar no futuro 
e você?
– Tudo bem, eu vou indo em busca de um sono tranquilo, quem 
sabe...
– Quanto tempo.
– Pois é. Quanto tempo.
[...]
PROTREINO
EXERCÍCIOS
01. Explique no que consiste a função emotiva e apresente um 
exemplo.
02. Apresente dois exemplos de função apelativa.
03. Justifique por que as propagandas usam essencialmente a função 
apelativa.
04. Explique o que é função referencial e apresente dois exemplos.
05. Apresente uma característica da função fática.
PROPOSTOS
EXERCÍCIOS
01. 
Desabafo
Desculpem-me, mas não dá pra fazer uma cronicazinha 
divertida hoje. Simplesmente não dá. Não tem como disfarçar: 
esta é uma típica manhã de segunda-feira. A começar pela luz 
acesa da sala que esqueci ontem à noite. Seis recados para serem 
respondidos na secretária eletrônica. Recados chatos. Contas para 
pagar que venceram ontem. Estou nervoso. Estou zangado.
CARNEIRO, J. E. Veja, 11 set. 2002 (fragmento).
Nos textos em geral, é comum a manifestação simultânea de 
várias funções da linguagem, com o predomínio, entretanto, de 
uma sobre as outras. No fragmento da crônica Desabafo, a função 
da linguagem predominante é a emotiva ou expressiva, pois
a) o discurso do enunciador tem como foco o próprio código.
b) a atitude do enunciador se sobrepõe àquilo que está sendo dito.
c) o interlocutor é o foco do enunciador na construção da 
mensagem.
d) o referente é o elemento que se sobressai em detrimento dos 
demais.
e) o enunciador tem como objetivo principal a manutenção da 
comunicação.
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05 FUNÇÕES DA LINGUAGEM
113
INTERPRETAÇÃO
02. Assinale a alternativa que contenha a sequência correta sobre 
as funções da linguagem, importantes elementos da comunicação:
1. Ênfase no emissor (lª pessoa) e na expressão direta de suas 
emoções e atitudes.
2. Evidencia o assunto, o objeto, os fatos, os juízos. É a linguagem 
da comunicação.
3. Busca mobilizar a atenção do receptor, produzindo um apelo 
ou uma ordem.
4. Ênfase no canal para checar sua recepção ou para manter a 
conexão entre os falantes.
5. Visa à tradução do código ou à elaboração do discurso, seja ele 
linguístico ou extralinguístico.
6. Voltada para o processo de estruturação da mensagem e para 
seus próprios constituintes, tendo em vista produzir um efeito 
estético.
( ) função metalinguística.
( ) função poética.
( ) função referencial.
( ) função fática.
( ) função conativa.
( ) função emotiva.
a) 1, 2, 4, 3, 6, 5.
b) 5, 2, 6, 4, 3, 1.
c) 5, 6, 2, 4, 3, 1.
d) 6, 5, 2, 4, 3, 1.
e) 3, 5, 2, 4, 6, 1.
03.
O exercício da crônica
Escrever prosa é uma arte ingrata. Eu digo prosa fiada, como 
faz um cronista; não a prosa de um ficcionista, na qual este é 
levado meio a tapas pelas personagens e situações que, azar 
dele, criou porque quis. Com um prosador do cotidiano, a coisa 
fia mais fino. Senta-se ele diante de sua máquina, olha através 
da janela e busca fundo em sua imaginação um fato qualquer, de 
preferência colhido no noticiário matutino, ou da véspera, em que, 
com as suas artimanhas peculiares, possa injetar um sangue novo. 
Se nada houver, resta-lhe o recurso de olhar em torno e esperar 
que, através de um processo associativo, surja-lhe de repente a 
crônica, provinda dos fatos e feitos de sua vida emocionalmente 
despertados pela concentração. Ou então, em última instância, 
recorrer ao assunto da falta de assunto, já bastante gasto, mas do 
qual, no ato de escrever, pode surgir o inesperado.
MORAES, V. Para viver um grande amor: crônicas e poemas. 
São Paulo: Cia. das Letras, 1991.
Predomina nesse texto a função da linguagem que se constitui
a) nas diferenças entre o cronista e o ficcionista.
b) nos elementos que servem de inspiração ao cronista.
c) nos assuntos que podem ser tratados em uma crônica.
d) no papel da vida do cronista no processo de escrita da crônica.
e) nas dificuldades de se escrever uma crônica por meio de uma 
crônica.
04. Há o hipotrélico. O termo é novo, de impensada origem e ainda 
sem definição que lhe apanhe em todas as pétalas o significado. 
Sabe-se, só, que vem do bom português. Para a prática, tome-se 
hipotrélico querendo dizer: antipodático, sengraçante imprizido; 
ou talvez, vicedito: indivíduo pedante, importuno agudo, falta 
de respeito para com a opinião alheia. Sob mais que, tratando-
se de palavra inventada, e, como adiante se verá, embirrando o 
hipotrélico em não tolerar neologismos, começa ele por se negar 
nominalmente a própria existência.
(ROSA, G. Tutameia: terceiras estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001) (fragmento).
Nesse trecho de uma obra de Guimarães Rosa, depreende-se a 
predominância de uma das funções da
a) metalinguística, pois o trecho tem como propósito essencial 
usar a língua portuguesa para explicar a própria língua, por isso 
a utilização de vários sinônimos e definições.
b) referencial, pois o trecho tem como principal objetivo discorrer 
sobre um fato que não diz respeito ao escritor ou ao leitor, por 
isso o predomínio da terceira pessoa.
c) fática, pois o trecho apresenta clara tentativa de estabelecimento 
de conexão com o leitor, por isso o emprego dos termos “sabe-
se lá” e “tome-se hipotrélico”.
d) poética, pois o trecho trata da criação de palavras novas, 
necessária para textos em prosa, por isso o emprego de 
“hipotrélico”.
e) expressiva, pois o trecho tem como meta mostrar a subjetividade 
do autor, por isso o uso do advérbio de dúvida “talvez”.
05.
O telefone tocou.
— Alô? Quem fala?
— Como? Com quem deseja falar?
— Quero falar com o sr. Samuel Cardoso.
— É ele mesmo. Quem fala, por obséquio?
— Não se lembra mais da minha voz, seu Samuel? Faça um 
esforço.
— Lamento muito, minha senhora, mas não me lembro. Pode 
dizer-me de quem se trata?
(ANDRADE, C. D. Contos de aprendiz. Rio de Janeiro: José Olympio, 1958.)
Pela insistência em manter o contato entre o emissor e o receptor, 
predomina no texto a função
a) metalinguística.
b) fática.
c) referencial.
d) emotiva.
e) conativa.
06. (ENEM) Ler não é decifrar, como num jogo de adivinhações, 
o sentido de um texto. É, a partir do texto, ser capaz de atribuir-
lhe significado, conseguir relacioná-lo a todos os outros textos 
significativos para cada um, reconhecer nele o tipo de leitura que o 
seu autor pretendia e, dono da própria vontade, entregar-se a essa 
leitura, ou rebelar-se contra ela, propondo uma outra não prevista.
LAJOLO, M. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo: Ática, 1993.
Nesse texto, a autora apresenta reflexões sobre o processo de 
produção de sentidos, valendo-se da metalinguagem. Essa função 
da linguagem torna-se evidente pelo fato de o texto
a) ressaltar a importância da intertextualidade.
b) propor leituras diferentes das previsíveis.
c) apresentar o ponto de vista da autora.
d) discorrer sobre o ato de leitura.
e) focar a participação do leitor.
07. (ENEM)
Canção do vento e da minha vida
O vento varria asfolhas,
O vento varria os frutos,
O vento varria as flores...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De frutos, de flores, de folhas.
[...]
O vento varria os sonhos
E varria as amizades...
O vento varria as mulheres...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De afetos e de mulheres.
O vento varria os meses
E varria os teus sorrisos...
O vento varria tudo!
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De tudo.
BANDEIRA, M. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1967.
PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR114
INTERPRETAÇÃO 05 FUNÇÕES DA LINGUAGEM
Predomina no texto a função da linguagem:
a) fática, porque o autor procura testar o canal de comunicação.
b) metalinguística, porque há explicação do signifi cado das 
expressões.
c) conativa, uma vez que o leitor é provocado a participar de uma 
ação.
d) referencial, já que são apresentadas informações sobre 
acontecimentos e fatos reais.
e) poética, pois chama-se a atenção para a elaboração especial e 
artística da estrutura do texto.
08. (ENEM) A biosfera, que reú ne todos os ambientes onde se 
desenvolvem os seres vivos, se divide em unidades menores 
chamadas ecossistemas, que podem ser uma tem mú ltiplos 
mecanismos que regulam o nú mero de organismos dentro dele, 
controlando sua reproduç ã o, crescimento e migraç õ es.
DUARTE, M. O guia dos curiosos. Sã o Paulo: Companhia das Letras, 1995.
Predomina no texto a funç ã o da linguagem
a) emotiva, porque o autor expressa seu sentimento em relaç ã o 
à ecologia.
b) fá tica, porque o texto testa o funcionamento do canal de 
comunicaç ã o.
c) poé tica, porque o texto chama a atenç ã o para os recursos de 
linguagem.
d) conativa, porque o texto procura orientar comportamentos do 
leitor.
e) referencial, porque o texto trata de noç õ es e informaç õ es 
conceituais.
09. (ENEM)
TEXTO I
Fundamentam-se as regras da Gramática Normativa nas obras 
dos grandes escritores, em cuja linguagem as classes ilustradas 
põem o seu ideal de perfeição, porque nela é que se espelha o que 
o uso idiomático estabilizou e consagrou.
LIMA, C. H. R. Gramática normativa da língua portuguesa. Rio de Janeiro: José Olympio, 
1989.
TEXTO II
Gosto de dizer. Direi melhor: gosto de palavrar. As palavras 
são para mim corpos tocáveis, sereias visíveis, sensualidades 
incorporadas. Talvez porque a sensualidade real não tem para mim 
interesse de nenhuma espécie — nem sequer mental ou de sonho 
—, transmudou-se-me o desejo para aquilo que em mim cria ritmos 
verbais, ou os escuta de outros. Estremeço se dizem bem. Tal 
página de Fialho, tal página de Chateaubriand, fazem formigar toda 
a minha vida em todas as veias, fazem-me raivar tremulamente 
quieto de um prazer inatingível que estou tendo. Tal página, até, de 
Vieira, na sua fria perfeição de engenharia sintáctica, me faz tremer 
como um ramo ao vento, num delírio passivo de coisa movida.
PESSOA, F. O livro do desassossego. São Paulo: Brasiliense, 1986.
A linguagem cumpre diferentes funções no processo de 
comunicação. A função que predomina nos textos I e II
a) destaca o “como” se elabora a mensagem, considerando-se a 
seleção, combinação e sonoridade do texto.
b) coloca o foco no “com o quê” se constrói a mensagem, sendo o 
código utilizado o seu próprio objeto.
c) focaliza o “quem” produz a mensagem, mostrando seu 
posicionamento e suas impressões pessoais.
d) orienta-se no “para quem” se dirige a mensagem, estimulando 
a mudança de seu comportamento.
e) enfatiza sobre “o quê” versa a mensagem, apresentada com 
palavras precisas e objetivas.
10. (ENEM)
Poema tirado de uma notícia de jornal
João Gostoso era carregador de feira livre e morava
no morro da Babilônia num barracão sem número.
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.
BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira: poesias reunidas. 
Rio de Janeiro: José Olympio, 1980.
No poema de Manuel Bandeira, há uma ressignifi cação de 
elementos da função referencial da linguagem pela
a) atribuição de título ao texto com base em uma notícia veiculada 
em jornal.
b) utilização de frases curtas, características de textos do gênero 
jornalístico.
c) indicação de nomes de lugares como garantia da veracidade 
da cena narrada.
d) enumeração de ações, com foco nos eventos acontecidos à 
personagem do texto.
e) apresentação de elementos próprios da notícia, tais 
como quem, onde, quando e o quê.
11.
O texto é uma propaganda de 
um adoçante que tem o seguinte 
mote: Mude sua embalagem. A 
estratégia que o autor utiliza para 
o convencimento do leitor baseia-
se no emprego de recursos 
expressivos, verbais e não verbais, 
com vistas a:
a) ridicularizar a forma física do possível cliente do produto 
anunciado, aconselhando-o a uma busca de mudanças estéticas;
b) enfatizar a tendência da sociedade contemporânea de buscar 
hábitos alimentares saudáveis, reforçando tal postura.
c) criticar o consumo excessivo de produtos industrializados por 
parte da população, propondo a redução desse consumo;
d) associar o vocábulo “açúcar” à imagem do corpo fora de forma, 
sugerindo a substituição desse produto pelo adoçante;
e) relacionar a imagem do saco de açúcar a um corpo humano 
que não desenvolve atividades físicas, incentivando a prática 
esportiva.
12.
As atrizes
Naturalmente
Ela sorria
Mas não me dava trela
Trocava a roupa
Na minha frente
E ia bailar sem mais aquela
Escolhia qualquer um
Lançava olhares
Debaixo do meu nariz
Dançava colada
Em novos pares
Com um pé atrás
Com um pé a fi m 
Surgiram outras
Naturalmente
Sem nem olhar a minha cara
Tomavam banho
Na minha frente
Para sair com outro cara
Porém nunca me importei
Com tais amantes
 [...]
Com tantos fi lmes
Na minha mente
É natural que toda atriz
Presentemente represente
Muito para mim
CHICO BUARQUE. Carioca. Rio de Janeiro: Biscoito Fino, 2006 (fragmento)
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05 FUNÇÕES DA LINGUAGEM
115
INTERPRETAÇÃO
Na canção, Chico Buarque trabalha uma determinada função da 
linguagem para marcar a subjetividade do eu lírico ante as atrizes 
que ele admira. A intensidade dessa admiração está marcada em:
a) "Naturalmente/ Ela sorria/ Mas não me dava trela".
b) "Tomavam banho/ Na minha frente/ Para sair com outro cara".
c) "Surgiram outras/ Naturalmente/ Sem nem olhar a minha cara".
d) "Escolhia qualquer um/ Lançava olhares/ Debaixo do meu nariz".
e) "É natural que toda atriz/ Presentemente represente/ Muito 
para mim".
13.
Entre as funções de um cartaz, está a divulgação de campanhas. 
Para cumprir essa função, as palavras e as imagens desse cartaz 
estão combinadas de maneira a 
a) evidenciar as formas de contágio da tuberculose. 
b) mostrar as formas de tratamento da doença.
c) discutir os tipos da doença com a população. 
d) alertar a população em relação à tuberculose. 
e) combater os sintomas da tuberculose.
14.
14 coisas que você não deve jogar na privada
Nem no ralo. Elas poluem rios, lagos e mares, o que contamina o 
ambiente e os animais. Também deixa mais difícil obter a água 
que nós mesmos usaremos. Alguns produtos podem causar 
entupimentos:
• cotonete e fi o dental;
• medicamento e preservativo;
• óleo de cozinha;
• ponta de cigarro;
• poeira de varrição de casa;
• fi o de cabelo e pelo de animais;
• tinta que não seja à base de água;
• querosene, gasolina, solvente, tíner.
Jogue esses produtos no lixo comum. Alguns deles, como óleo 
de cozinha, medicamento e tinta, podem ser levados a pontos de 
coleta especiais, que darão a destinação fi nal adequada.
MORGADO, M.; EMASA. Manual de etiqueta. Planeta Sustentável, jul.-ago. 2013 
(adaptado).
O texto tem objetivo educativo. Nesse sentido, além do foco no 
interlocutor, que caracteriza a função conativa da linguagem, 
predomina também nele a função referencial, que busca
a) despertar no leitor sentimentos de amor pela natureza, 
induzindo-o a ter atitudes responsáveis que benefi ciarão a 
sustentabilidade do planeta.
b) informar o leitor sobre as consequências da destinaçãoinadequada do lixo, orientando-o sobre como fazer o correto 
descarte de alguns dejetos.
c) transmitir uma mensagem de caráter subjetivo, mostrando 
exemplos de atitudes sustentáveis do autor do texto em 
relação ao planeta.
d) estabelecer uma comunicação com o leitor, procurando 
certifi car-se de que a mensagem sobre ações de 
sustentabilidade está sendo compreendida.
e) explorar o uso da linguagem, conceituando detalhadamente os 
termos utilizados de forma a proporcionar melhor compreensão 
do texto.
15.
TEXTO 1
TEXTO 2
Como já visto, a propaganda emprega a função apelativa numa 
intenção persuasiva. É o que acontece com esta propaganda do 
projeto “Brasil — um país de todos”:
Nessa propaganda, para expressar a necessidade de erradicação 
do trabalho escravo, as ferramentas apresentam um valor 
simbólico representado como:
a) armas de defesa que sugerem medo de transformações;
b) grades de prisão que marcam a intensidade da exploração;
c) instrumentos de luta que mostram o poder dos exploradores;
d) objetos de tortura que expressam a insignifi cância do trabalho.
16. (EPCAR (AFA) 2020) Em 1934, um redator de Nova York chamado 
Robert Pirosh largou o emprego bem remunerado numa agência 
de publicidade e rumou para Hollywood, decidido a trabalhar como 
roteirista. Lá chegando, anotou o nome e o endereço de todos 
os diretores, produtores e executivos que conseguiu encontrar e 
enviou-lhes o que certamente é o pedido de emprego mais efi caz 
que alguém já escreveu, pois resultou em três entrevistas, uma das 
quais lhe rendeu o cargo de roteirista assistente na MGM.
Prezado senhor:
Gosto de palavras. 1Gosto de palavras gordas, untuosas, como 
lodo, torpitude, glutinoso, bajulador. Gosto de palavras solenes, 
como pudico, ranzinza, pecunioso, valetudinário. 2Gosto de palavras 
espúrias, enganosas, como mortiço, liquidar, tonsura, mundana. 
Gosto de suaves palavras com “V”, como Svengali, avesso, bravura, 
verve. Gosto de palavras crocantes, quebradiças, crepitantes, 
como estilha, croque, esbarrão, crosta. 3Gosto de palavras 
emburradas, carrancudas, amuadas, como furtivo, macambúzio, 
escabioso, sovina. 4Gosto de palavras chocantes, exclamativas, 
enfáticas, como astuto, estafante, requintado, horrendo. Gosto de 
palavras elegantes, rebuscadas, como estival, peregrinação, Elísio, 
PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR116
INTERPRETAÇÃO 05 FUNÇÕES DA LINGUAGEM
Alcíone. Gosto de palavras vermiformes, contorcidas, farinhentas, 
como rastejar, choramingar, guinchar, gotejar. Gosto de palavras 
escorregadias, risonhas, como topete, borbulhão, arroto.
Gosto mais da palavra roteirista que da palavra redator, e por 
isso resolvi largar meu emprego numa agência de publicidade 
de Nova York e tentar a sorte em Hollywood, mas, antes de dar 
o grande salto, fui para a Europa, onde passei um ano estudando, 
contemplando e perambulando.
Acabei de voltar e ainda gosto de palavras.
Posso trocar algumas com o senhor?
Robert Pirosh
Madison Avenue, 385
Quarto 610
Nova York
Eldorado 5-6024.
(USHER, Shaun .(Org) Cartas extraordinárias: a correspondência inesquecível de 
pessoas notáveis. Trad. de Hildegard Feist. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.p. 
48.) 
Analisando a forma e o objetivo do texto, é correto afirmar que 
a) a linguagem utilizada é acentuadamente formal, já que o remetente 
está em um contexto que necessita desse tipo de tratamento. 
b) para convencer o destinatário, Robert utilizou, ao longo da carta, 
discurso direto, caracterizando assim um tom de proximidade 
e amizade com o receptor. 
c) o texto é marcadamente denotativo, possibilitando ao 
destinatário perceber a versatilidade linguística do remetente. 
d) a carta se utiliza de elementos da função emotiva – centrada 
no emissor – ainda que a intenção predominante do autor seja 
a função apelativa – conquistar o receptor. 
17. (PUCSP 2017) Segundo o crítico Araripe Jr., referindo-se à 
produção de Alencar no romance Iracema, “os assuntos pouco 
interessavam à sua musa fértil; a linguagem era tudo”. Ou seja, o 
como se diz é mais importante do que aquilo que se diz. Assim, é 
correto afirmar que, na linguagem da obra, 
a) predomina a função poética, ou seja, a que se volta para a 
construção do texto, a partir dos aprocedimentos de seleção e 
combinação vocabular, marcado por princípio estético. 
b) predomina a função emotiva, em detrimento da referencial, já 
que é sob a ótica de Iracema que se constrói a narrativa. 
c) a função referencial, de caráter histórico, é que dá chão firme 
para o desenvolvimento do romance que alegoriza a fundação 
do Ceará. 
d) há largo uso da função apelativa, visto que é forte a intervenção 
do narrador sobre os sentimentos das personagens. 
18. (EPCAR (CPCAR) 2017) Leia o texto a seguir e responda à questão.
O Sal da Terra
Anda!
Quero te dizer nenhum segredo
Falo desse chão, da nossa casa
Vem que tá na hora de arrumar
Tempo!
Quero viver mais duzentos anos
Quero não ferir meu semelhante
Nem por isso quero me ferir
Vamos precisar de todo mundo
Pra banir do mundo a opressão
Para construir a vida nova
Vamos precisar de muito amor
A felicidade mora ao lado
E quem não é tolo pode ver
A paz na Terra, amor
O pé na terra
A paz na Terra, amor
O sal da
Terra!
És o mais bonito dos planetas
Tão te maltratando por dinheiro
Tu que és a nave nossa irmã
Canta!
Leva tua vida em harmonia
E nos alimenta com seus frutos
Tu que és do homem, a maçã
Vamos precisar de todo mundo
Um mais um é sempre mais que 
dois
Pra melhor juntar as nossas forças
É só repartir melhor o pão
Recriar o paraíso agora
Para merecer quem vem depois
Deixa nascer, o amor
Deixa fluir, o amor
Deixa crescer, o amor
Deixa viver, o amor
O sal da terra
GUEDES, Beto. www.mundojovem.com.br/musicas/o-sal-da-terra-beto-guedestransito.
Acesso em 18/04/2016. 
Assinale a opção que contém uma informação correta sobre a 
canção “O Sal da Terra”. 
a) A função apelativa é predominante no texto. 
b) Apenas a linguagem padrão foi empregada em toda a canção. 
c) Foi utilizado, no texto, apenas pronome de segunda pessoa 
gramatical para se referir à Terra. 
d) A canção foi escrita apenas para dois interlocutores: a Terra e 
o Tempo. 
19. (IFCE 2016) Leia os textos abaixo e indique a alternativa que 
contém, respectivamente, a classificação correta quanto à função 
da linguagem neles predominante.
Texto I
“Entendo que poesia é negócio de grande responsabilidade, e 
não considero honesto rotular-se de poeta quem apenas verseje 
por dor de cotovelo, falta de dinheiro ou momentânea tomada 
de contato com as forças líricas do mundo, sem se entregar 
aos trabalhos cotidianos e secretos da técnica, da leitura, da 
contemplação e mesmo da ação. Até os poetas se armam, um 
poeta desarmado é, mesmo, um ser à mercê de inspirações fáceis, 
dócil às modas e compromissos.”
(Carlos Drummond de Andrade) 
Texto II
“Quando criança, e depois adolescente, fui precoce em muitas 
coisas. Em sentir um ambiente, por exemplo, em apreender a 
atmosfera íntima de uma pessoa. Por outro lado, longe de precoce, 
estava em incrível atraso em relação a outras coisas importantes. 
Continuo, aliás, atrasada em muitos terrenos. Nada posso fazer: 
parece que há em mim um lado infantil que não cresce jamais”.
(Clarice Lispector)
Texto III
 
a) Referencial – apelativa – poética. 
b) Fática – poética – apelativa. 
c) Metalinguística – emotiva – poética. 
d) Poética – metalinguística – emotiva. 
e) Metalinguística – referencial – emotiva. 
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05 FUNÇÕES DA LINGUAGEM
117
INTERPRETAÇÃO
20. (IFSP 2016) Observe o texto adaptado abaixo.
O zika vírus foi identificado no Brasil pela primeira vez no 
final de abril por pesquisadores da Universidade Federal da Bahia 
(UFBA). Pertencente à mesma família dos vírus da dengue e da 
febre amarela, o zika é endêmico de alguns países da África e do 
sudeste da Ásia. Veja perguntas e respostas sobre a doença:
Como ocorre a transmissão?
Assim como os vírus da dengue edo chikungunya, o zika 
também é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. A prevenção, 
portanto, segue as mesmas regras aplicadas a essas doenças. 
Evitar a água parada, que os mosquitos usam para se reproduzir, 
é a principal medida.
Quais são os sintomas?
Os principais sintomas da doença provocada pelo zika vírus 
são febre intermitente, erupções na pele, coceira e dor muscular. 
Segundo a infectologista Rosana Richtmann, a boa notícia é que o 
zika vírus é muito menos agressivo que o vírus da dengue: não há 
registro de mortes relacionadas à doença. A evolução é benigna e 
os sintomas geralmente desaparecem espontaneamente em um 
período de 3 até 7 dias.
Como é o tratamento?
Não há vacina nem tratamento específico para a doença. 
Segundo informações do Ministério da Saúde, os casos devem ser 
tratados com o uso de paracetamol ou dipirona para controle da 
febre e da dor. Assim como na dengue, o uso de ácido acetilsalicílico 
(aspirina) deve ser evitado por causa do risco aumentado de 
hemorragias.
É correto afirmar que, no que tange às funções da linguagem, o 
texto acima é um exemplo de Função 
a) Referencial ou Denotativa. 
b) Expressiva ou Emotiva. 
c) Apelativa ou Conativa. 
d) Fática. 
e) Metalinguística 
05.
APROFUNDAMENTO
EXERCÍCIOS DE
01. (UFU 2018) Considerando-se o total de 140.350 relatos de 
violência à Central de Atendimento à Mulher, escreva um parágrafo 
com, no máximo 10 linhas, a partir do texto II, cuja função da 
linguagem predominante seja a referencial. 
02. (UFPE 2013)
Em todo texto, predomina uma determinada finalidade 
comunicativa.
Escreva um comentário, no qual você apresente a finalidade 
comunicativa predominante no texto acima, e pelo menos três 
características ou recursos da linguagem nele utilizada, em função 
dessa finalidade.
03. (UFU 2016) O Brasil conheceu em 2015 a pior epidemia de 
dengue de sua história. Segundo o Ministério da Saúde, foram 
notificados mais de 1,5 milhão de possíveis casos da doença, que 
resultaram em 811 mortes.
Viu, além disso, a chegada do vírus zika, que rapidamente se espraia 
pelo território. Dados oficiais estimam em ao menos 500 mil o número 
de possíveis contaminações por esse agente infeccioso. 
A princípio considerado pouco perigoso, o zika tornou-se 
motivo de inquietação após ser confirmada a relação entre o vírus 
e o nascimento de bebês com microcefalia. 
Tais números evidenciam as diversas falhas no combate ao 
mosquito transmissor dos dois patógenos, o famigerado Aedes 
aegypti. 
Como se não bastasse, é provável que esse quadro se agrave 
em 2016. Dados oficiais mostram 199 municípios sob risco de 
novas epidemias de dengue, zika e chikungunya e 665 em situação 
de alerta – cifras mais expressivas do que as registradas no ano 
passado. 
Diante de tal situação, seria de se esperar que as autoridades 
buscassem com máxima presteza todos os meios para enfrentar 
a doença e o seu transmissor. O sentido de urgência, entretanto, 
parece não contaminar a burocracia nacional.
 Folha de S. Paulo, 11 de dezembro de 2015 (fragmento). 
Com base no texto acima, faça o que se pede. 
Qual é a função da linguagem predominante desse texto, levando 
em consideração os recursos linguísticos empregados pelo autor? 
Justifique sua resposta com fragmentos do texto. 
04. (FUVEST 2010) Leia estas duas estrofes da conhecida canção 
“Asa-Branca”, de Luís Gonzaga e Humberto Teixeira.
Quando olhei a terra ardendo
Qual fogueira de São João,
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação.
Quando o verde dos teus olhos
se espalhar na plantação,
eu te asseguro, não chores não, viu,
eu voltarei, viu, meu coração.
a) Na segunda estrofe, substitua a palavra “viu” por outra que 
cumpra a mesma função comunicativa que ela tem no texto.
b) Nessas estrofes, os únicos recursos poéticos utilizados são 
rima e ritmo? Justifique sua resposta. 
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INTERPRETAÇÃO 05 FUNÇÕES DA LINGUAGEM
05. (UERJ 2005)
TEXTO I
COPLAS1
I
O GERENTE - Este hotel está na berra2!
Coisa é muito natural!
Jamais houve nesta terra
Um hotel assim mais tal!
Toda a gente, meus senhores,
Toda a gente ao vê-lo diz:
Que os não há superiores
Na cidade de Paris!
Que belo hotel excepcional
O Grande Hotel da Capital
Federal!
CORO - Que belo hotel excepcional, etc... 
II
O GERENTE - Nesta casa não é raro
Protestar algum freguês:
Acha bom, mas acha caro
Quando chega o fim do mês.
Por ser bom precisamente,
Se o freguês é do bom-tom
Vai dizendo a toda a gente
Que isto é caro mas é bom.
Que belo hotel excepcional!
O Grande Hotel da Capital
Federal!
CORO - Que belo hotel excepcional, etc...
O GERENTE (Aos criados) - Vamos! Vamos! Aviem-se! Tomem as 
malas e encaminhem estes senhores! Mexam-se! Mexam-se!... 
(Vozerio. Os hóspedes pedem quarto, banhos, etc... Os criados 
respondem. Tomam as malas, saem todos, uns pela escadaria, 
outros pela direita.)
CENA II
O GERENTE, depois, FIGUEIREDO
O GERENTE (Só.) - Não há mãos a medir! Pudera! Se nunca houve 
no Rio de Janeiro um Hotel assim! Serviço elétrico de primeira 
ordem! Cozinha esplêndida, música de câmara durante as refeições 
da mesa redonda! Um relógio pneumático em cada aposento! 
Banhos frios e quentes, duchas, sala de natação, ginástica e 
massagem! Grande salão com um plafond3 pintado pelos nossos 
primeiros artistas! Enfim, uma verdadeira novidade! - Antes de nos 
estabelecermos aqui, era uma vergonha! Havia hotéis em S. Paulo 
superiores aos melhores do Rio de Janeiro! Mas em boa hora foi 
organizada a Companhia do Grande Hotel da Capital Federal, que 
dotou esta cidade com um melhoramento tão reclamado! E o caso 
é que a empresa está dando ótimos dividendos e as ações andam 
por empenhos! (Figueiredo aparece no topo da escada e começa a 
descer.) Ali vem o Figueiredo. Aquele é o verdadeiro tipo do carioca: 
nunca está satisfeito. Aposto que vem fazer alguma reclamação. 
(AZEVEDO, Arthur. A Capital federal. Rio de Janeiro: Serviço Nacional de Teatro, 1972.)
1espécie de estrofe
2estar na moda
3teto 
O texto I faz parte de uma peça de teatro, forma de expressão que 
se destacou na captação das imagens de um Rio de Janeiro que se 
modernizava no início do século XX.
a) Aponte o gênero de composição em que se enquadra esse 
texto e um aspecto característico desse gênero.
b) A fala do gerente revela atitudes distintas, quando se dirige aos 
criados e quando está só. Identifique o modo verbal e a função 
da linguagem predominantes na fala dirigida aos criados. 
GABARITO
 EXERCÍCIOS PROPOSTOS
01. B
02. C
03. E
04. A
05. B
06. D
07. E
08. E
09. B
10. E
11. D
12. E
13. D
14. B
15. B
16. D
17. A
18. A
19. C
20. A
 EXERCÍCIOS DE APROFUNDAMENTO
01. Para atender às exigências da linguagem referencial, as ocorrências relatadas à Central 
de Atendimento à Mulher, que infringem as disposições legais enunciadas no texto I, o 
parágrafo deve apresentar objetividade, imparcialidade e clareza. Como sugestão, poderia 
ser redigido o seguinte: O gráfico apresentado revela que o percentual de relatos relativos 
à violência física supera todos os outros que atingem a mulher de variadas formas. A 
violência psicológica, forma subjetiva de agressão por ferir a autoestima, abrange um 
terço das ocorrências, em um universo em que figuram também as de ordem moral e 
sexual, assim como as que resultam em cárcere privado, violação de patrimônio e tráfico 
de pessoas.
02. O conteúdo do texto e o próprio título, associados à fotografia de um jovem com 
síndrome de Down, incitam o receptor da mensagem a participar na construção de um 
mundo mais justo, aceitando a diversidade, a convivência pacífica com as diferenças 
e a união cada vez maior dos que abraçam essa causa. Assim, a função conativa ou 
apelativa, cujo objetivo é de influenciar e convencer o receptor de alguma coisa por 
meio de uma ordem ou pedido, usa verbos no imperativo (“mostre”, “junte”, “seja”) ou 
conjugados na 3ª pessoa, enfaticamente repetidos na expressão “se você acredita”, para 
defender a inclusãosocial das pessoas portadoras dessa deficiência e,assim, ajudar a 
construção de um mundo mais justo.
03. A função da linguagem predominante no trecho é referencial, uma vez que o destaque 
dado pelo autor é o assunto. Portanto, são esperados fatos concretos (“O Brasil conheceu 
em 2015 a pior epidemia de dengue de sua história. Segundo o Ministério da Saúde, 
foram notificados mais de 1,5 milhão de possíveis casos da doença, que resultaram em 
811 mortes.”) descritos de forma objetiva e impessoal (“A princípio considerado pouco 
perigoso, o zika tornou-se motivo de inquietação após ser confirmada
04. 
a) No contexto, o termo “viu” assinala a função fática da linguagem em que o emissor 
deseja chamar a atenção do receptor para se certificar que existe contato entre 
ambos e equivale a tá? ouviu? entendeu?
b) Além da rima e do ritmo marcado pelo predomínio do verso redondilho maior, o 
poeta usou figuras de estilo que traduzem a sua emoção: decepção, na primeira 
estrofe e anseio de regresso, na segunda. A comparação (“a terra ardendo/Qual 
fogueira de São João”), a metáfora (“Quando o verde dos teus olhos/se espalhar 
na plantação”) e a metonímia (”meu coração”) revelam a preocupação do eu lírico 
em transmitir sentimentos de forma original e concisa, como é típico da linguagem 
poética. 
05. 
a) Gênero dramático. 
Podemos citar como características desse gênero: 
- ausência de narrador 
- presença de rubricas 
- predomínio de diálogos 
- personagens encarnados por atores 
- encenação dos episódios em um palco 
b) Modo imperativo. 
Função apelativa ou conativa. 
ANOTAÇÕES
INTERPRETAÇÃO
PRÉ-VESTIBULAR 119PROENEM.COM.BR
PALAVRAS DENOTATIVAS06
A gramática usualmente apresenta dez classes gramaticais 
nas quais insere as palavras por conta de sua flexão, uso e 
relação com outras palavras. Entretanto, alguns vocábulos não 
se enquadram em nenhuma das dez categorias, ainda que sejam 
utilizadas normalmente em nosso dia a dia.
São termos semelhantes a advérbios, mas que, por não 
exprimirem exatamente uma circunstância, classificam-se à parte, 
sem uma categoria particular. O termo “denotativo” refere-se a uma 
significação plena, literal; denotar significa caracterizar ou demonstrar. 
Assim, uma palavra denotativa indica um significado preciso, sem que 
esteja funcionando como uma das dez classes gramaticais. 
Esses significados são úteis e auxiliares na construção da 
textualidade, já que funcionam como modalizadores do discurso 
ou mesmo como mecanismos de coesão. Na verdade, chega a ser 
mais correto nomear esses termos como palavras e expressões 
denotativas, já que muitas vezes se constituem de vários vocábulos 
combinados, em lugar de apenas um vocábulo.
Entre as diversas significações que assumem dentro dos mais 
variados contextos, podem denotar, entre outras:
Inclusão
até, inclusive, mesmo, também, até mesmo, além disso.
Exclusão
apenas, salvo, senão, nem sequer, só, somente.
Afastamento
embora.
Designação
eis.
Realce
cá, lá, é que, só.
Retificação
aliás, ou antes, isto é, ou melhor.
Situação 
afinal, então, aí.
PROTREINO
EXERCÍCIOS
01. Explique o que significa uma palavra em seu uso denotativo
02. Identifique a diferença entre o uso de palavras em sentido 
denotativo e conotativo.
03. Apresente dois exemplos de frases em seu sentido denotativo.
04. Justifique por que a palavra usada na frase ao lado está sem
sentido denotativo: “O homem chorou rios e rios de lágrima.”
05. Explique por que os significados das palavras denotativas são 
uteis para a construção do texto.
PROPOSTOS
EXERCÍCIOS
01. Observe o emprego da palavra então em:
“Ela o trouxe pela mão até a cozinha. Ele não se queria deixar ir. 
Então, o que queres fazer aqui? Ele respondeu: quero a mulher.“
Nelida Piñon
O mesmo sentido da palavra então ocorre na alternativa:
a) “Ele ainda herói bateu algumas vezes mais. Até que gritou seu
nome, sou eu, então não vê, então não sente (...)” (Nelida Piñon)
b) “Mas eis que Portugal se faz aos mares! E raras são então as
armadas e os combates do Oriente em que se não esforce um
Ramires (...)” (Eça de Queirós)
c) “No fim da tarde do dia 12 de fevereiro de 1970, eu, então 
com 13 anos, estava caminhando pela praia de Torres, no Rio 
Grande do Sul.” (Luis Fernando Veríssimo)
d) “A luz da sala parecia então mais amarela e mais rica, as
pessoas envelhecidas.” (Clarice Lispector)
e) “Na hora da pílula lilás ela foi buscar o copo d’água e então ele
me olhou lá do seu mundo de estruturas.” (Lygia Fagundes Telles)
02. Assinale a alternativa em que a palavra “só” classifica-se como 
palavra denotativa:
a) Ele sentia-se muito só em casa.
b) Dentre todas as pessoas presentes, só ele levantou a mão.
c) Ele apresentou-se só diante da plateia.
d) Só, não conseguia ajuda para consertar o telhado.
e) Mesmo em meio àquela multidão, só, era como se sentia.
03. Assinale a alternativa em que a palavra “embora” classifica-se 
como palavra denotativa:
a) Embora chovesse, todos foram à praia.
b) Não havia muita gente, embora o evento tivesse sido divulgado.
c) Ir embora é a melhor opção quando não se quer esperar.
d) Fazíamos tudo na casa, embora não reclamássemos.
04. A partícula “é que” indica realce em:
a) A verdade é que vamos vencer!
b) Isso é que é filme!
c) A profecia da vidente é que seremos felizes.
d) Toda a nossa expectativa é que a chuva caia sobre o sertão.
05. Assinale a alternativa em que o termo sublinhado seja uma
palavra ou expressão denotativa:
a) Eis que surge um policial para evitar o crime.
b) Ainda que haja resistência, é necessário seguir em frente.
c) O ideal é que todos assumam suas responsabilidades.
d) Não houve qualquer problema, embora todos esperassem o pior.
e) Depois de um dia duro de trabalho, enfim estava só e poderia
descansar.
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INTERPRETAÇÃO 06 PALAVRAS DENOTATIVAS
06. Assinale a opção em as palavras / locuções denotativas NÃO 
foram bem classificadas:
a) A palavra se, por exemplo, pode ter muitas funções. (de 
explicação)
b) Todos saíram, exceto o vigia. (de exclusão)
c) Mesmo eu não sabia de nada! (de inclusão)
d) Ele também participou da homenagem. (de inclusão)
e) O pároco, isto é, o vigário da nossa paróquia esteve aqui. 
(de adição)
07.
Bode no pasto
Quase ninguém duvidou do saber do homem, do seu poder mágico, 
pois andava com uns livros de história, de magia, com versões 
sobre fatos reais, mistérios, ciências ocultas. Até mesmo os 
céticos, críticos, admitiam sua condição de mestre, de domínio da 
arte, da mágica, reflexo de vivências no país e no mundo.
Então visto como sábio, senhor de poderes ocultos, o homem 
prometeu uma façanha, ou seja, domar bodes, mudar o hábito da 
espécie. Aí pegou umas folhas, esfregou na venta dum cabrito, e 
garantiu que a praga estava eliminada, nunca mais faria estragos 
naquela terra. (…)
(Nagib Jorge Neto. Diário de Pernambuco. 20 / 11/ 98)
As palavras destacadas no texto estabelecem, respectivamente, as 
seguintes relações lógicas:
a) soma, soma, conclusão
b) inclusão, explicação, situação
c) exclusão, retificação, lugar
d) soma, ratificação, tempo
e) inclusão, retificação, conclusão
08. “Aliás – descubro eu agora – também eu não faço a menor 
falta, e até o que escrevo um outro escreveria. Um outro escritor, 
sim, mas teria que ser homem porque escritora mulher pode 
lacrimejar piegas.”
(Clarice Lispector, A hora da estrela.)
As palavras sublinhadas no texto estabelecem, respectivamente, 
as seguintes relações lógicas:
a) designação, inclusão, exclusão
b) situação, realce, inclusão
c) retificação, situação, situação
d) situação, situação, realce
e) retificação, inclusão, inclusão
09. Assinale a alternativa em que o termo sublinhado classifique-
se como “palavra denotativa”:
a) Eu lá que vou saber!
b) Venha cá, menino!
c) Tenho medo de ir lá longe.
d) O livro está aí na prateleira.
10. O termo sublinhado representa uma palavra denotativa em:
a) O menino foi salvo pelos bombeiros.
b)Ele tinha muito medo das histórias do além.
c) Ele até fugiu da sala com medo!
d) Mesmo triste, voltou ao palco.
11. 
Atleta de Bengala
O tigre-de-bengala não tem esse nome porque precisa de 
ajuda para andar. Ele é chamado assim só porque mora na região 
de Bengala, na Ásia. Aliás, ele salta e corre muito bem e é um grande 
caçador. Essa espécie chega a medir quase 4 metros da cabeça até 
o fim da cauda e pode pesar até 250 quilos.
As palavras denotativas servem para apresentar um sentido 
real, literal de uma palavra ou de uma expressão que não se 
encaixa, no contexto da oração, a uma classe de palavra. Observe o 
trecho abaixo, extraído do texto:
"Essa espécie chega a medir quase 4 metros da cabeça até o 
fim da cauda e pode pesar até 250 quilos."
Considerando o termo destacado acima, pode-se observar um 
valor de:
a) explicação
b) inclusão
c) adição
d) realce
e) aproximação
12. Em “Podemos até dançar.”, o elemento em destaque apresenta 
sentido de
a) inclusão.
b) conclusão.
c) tempo.
d) delimitação.
e) modo.
13. 
Bode no Pasto
Quase ninguém duvidou do saber do homem, do seu poder 
mágico, pois andava com uns livros de história, de magia, com 
versões sobre fatos reais, mistérios, ciências ocultas. Até mesmo 
os céticos, críticos, admitiam sua condição de mestre, de domínio 
da arte, da mágica, reflexo de vivências no país e no mundo.
Então visto como sábio, senhor de poderes ocultos, o homem 
prometeu uma façanha, ou seja, domar bodes, mudar o hábito da 
espécie. Aí pegou umas folhas, esfregou na venta dum cabrito, e 
garantiu que a praga estava eliminada, nunca mais faria estragos 
naquela terra. 
(…) (Nagib Jorge Neto. Diário de Pernambuco. 20 / 11/ 98)
As palavras destacadas no texto estabelecem, respectivamente, as 
seguintes relações lógicas:
a) explicação, soma, comparação, soma, conclusão
b) causa, inclusão, comparação, explicação, situação
c) causa, exclusão, conformidade, retificação, tempo
d) conclusão, soma, conformidade, ratificação, tempo
e) explicação, inclusão, causa, retificação, conclusão
14. Assinale a opção em que o termo destacado não identifica 
rigorosamente o que está indicado após o enunciado:
a) O pedreiro precisa fazer esse trabalho. Aliás eu já lhe paguei por 
isso. — retificação.
b) Todos me acusaram e se opuseram às minhas ideias. Até você 
ficou contra mim. — inclusão.
c) No quintal é que vocês podem fazer a festa. — restrição.
d) Deixe brincar no balanço somente as crianças. — seleção.
e) Era para pegar peixe que íamos até o açude. — restrição.
15. Leia as estrofes a seguir:
Qual não é sua surpresa
Ao ver à sua oração
A rosa branca ir ficando
Rubra de indignação
É que a rosa, além de branca
(Diga-se isso a bem da rosa)
Era da espécie mais franca
E da seiva mais raivosa.
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06 PALAVRAS DENOTATIVAS
121
INTERPRETAÇÃO
Nos versos acima, a locução É que denota:
a) designação.
b) explicação.
c) inclusão.
d) realce.
e) retificação.
16. 
Somente uma crise muito séria faria o presidente desistir de 
enfrentar o protocolo que ele tanto aprecia.
Para falar a verdade, nem chega a haver uma crise específica 
na vida nacional.(...) Tampouco o problema de violência é novo, é 
endêmico, nada tem de epidêmico.
Pessoalmente, acho que Lula se sai muito bem quando viaja: 
destaca o Brasil como um país diferente dos outros, no bem e no 
mal, – e a eleição de Lula, em tese, foi um bem, do qual podemos 
nos orgulhar.”
(Carlos H. Cony - F.S.P.- 04/08/03)
Na crônica acima, “No outro lado da rua”, Carlos H. Cony comenta 
o adiamento da viagem de Lula à África e aventa uma hipótese 
explicativa: Destacamos dois elementos que caracterizam a presença 
do enunciador no enunciado: “Para falar a verdade” e “Pessoalmente”.
Assinale o valor que esses marcadores indicam, respectivamente:
a) explicação e explicação.
b) restrição e ênfase.
c) ênfase e restrição.
d) oposição e explicação.
e) explicação e oposição.
02. (ITA – ADAPTADA) Com um pouco de exagero, costumo dizer 
que todo jogo é de azar. Falo assim referindo-me ao futebol que, 
ao contrário da roleta ou da loteria, implica tática e estratégia, sem 
falar no principal, que é o talento e a habilidade dos jogadores. 
Apesar disso, não consegue eliminar o azar, isto é, o acaso.
E já que falamos em acaso, vale lembrar que, em francês, “acaso” 
escreve-se “hasard”, como no célebre verso de Mallarmé, que diz: “um 
lance de dados jamais eliminará o acaso”. Ele está, no fundo, referindo-
se ao fazer do poema que, em que pese a mestria e lucidez do poeta, 
está ainda assim sujeito ao azar, ou seja, ao acaso.
Se no poema é assim, imagina numa partida de futebol, que 
envolve 22 jogadores se movendo num campo de amplas dimensões. 
Se é verdade que eles jogam conforme esquemas de marcação e 
ataque, seguindo a orientação do técnico, deve-se no entanto levar 
em conta que cada jogador tem sua percepção da jogada e decide 
deslocar-se nesta ou naquela direção, ou manter-se parado, certo 
de que a bola chegará a seus pés. Nada disso se pode prever, daí 
resultando um alto índice de probabilidades, ou seja, de ocorrências 
imprevisíveis e que, portanto, escapam ao controle.
Tomemos, como exemplo, um lance que quase sempre implica 
perigo de gol: o tiro de canto. Não é à toa que, quando se cria 
essa situação, os jogadores da defesa se afligem em anular as 
possibilidades que têm os adversários de fazerem o gol. Sentem-
se ao sabor do acaso, da imprevisibilidade. O time adversário 
desloca para a área do que sofre o tiro de canto seus jogadores 
mais altos e, por isso mesmo, treinados para cabecear para dentro 
do gol. Isto reduz o grau de imprevisibilidade por aumentar as 
possibilidades do time atacante de aproveitar em seu favor o tiro de 
canto e fazer o gol. Nessa mesma medida, crescem, para a defesa, 
as dificuldades de evitar o pior. Mas nada disso consegue eliminar 
o acaso, uma vez que o batedor do escanteio, por mais exímio que 
seja, não pode com precisão absoluta lançar a bola na cabeça de 
determinado jogador. Além do mais, a inquietação ali na área é 
grande, todos os jogadores se movimentam, uns tentando escapar 
à marcação, outros procurando marcá-los. Essa movimentação, 
multiplicada pelo número de jogadores que se movem, aumenta 
fantasticamente o grau de imprevisibilidade do que ocorrerá 
quando a bola for lançada. A que altura chegará ali? Qual jogador 
estará, naquele instante, em posição propícia para cabeceá-la, seja 
para dentro do gol, seja para longe dele? Não existe treinamento 
tático, posição privilegiada, nada que torne previsível o desfecho do 
tiro de canto. A bola pode cair ao alcance deste ou daquele jogador 
e, dependendo da sorte, será gol ou não.
Não quero dizer com isso que o resultado das partidas de 
futebol seja apenas fruto do acaso, mas a verdade é que, sem um 
pouco de sorte, neste campo, como em outros, não se vai muito 
longe; jogadores, técnicos e torcedores sabem disso, tanto que 
todos querem se livrar do chamado “pé frio”. Como não pretendo 
passar por supersticioso, evito aderir abertamente a essa tese, mas 
quando vejo, durante uma partida, meu time perder “gols feitos”, 
nasce-me o desagradável temor de que aquele não é um bom dia 
para nós e de que a derrota é certa.
Que eu, mero torcedor, pense assim, é compreensível, mas que 
dizer de técnicos de futebol que vivem de terço na mão e medalhas 
de santos sob a camisa e que, em face de cada lance decisivo, 
as puxam para fora, as beijam e murmuram orações? Isso para 
não falar nos que consultam pais-de-santo e pagam promessas 
a Iemanjá. É como se dissessem: treino os jogadores, traço o 
esquema de jogo, armo jogadas, mas, independentemente disso, 
existem forças imponderáveis que só obedecem aos santos e pais-
de-santo; são as forças do acaso.
Mas não se pode descartar o fator psicológico que, como se 
sabe, atua sobre os jogadores de qualquer esporte; tanto isso é 
certo que, hoje, entre os preparadores das equipes há sempreum psicólogo. De fato, se o jogador não estiver psicologicamente 
preparado para vencer, não dará o melhor de si.
Exemplifico essa crença na psicologia com a história de um 
técnico inglês que, num jogo decisivo da Copa da Europa, teve 
um de seus jogadores machucado. Não era um craque, mas sua 
perda desfalcaria o time. O médico da equipe, depois de atender o 
jogador, disse ao técnico: “Ele já voltou a si do desmaio, mas não 
sabe quem é”. E o técnico: “Ótimo! Diga que ele é o Pelé e que volte 
para o campo imediatamente”.
Na frase, “Apesar disso, não consegue eliminar o azar, isto é, o 
acaso.”, a utilização da expressão denotativa “isto é”  permite 
entender que “o azar” é:
a) consequência do acaso.
b) sinônimo de acaso.
c) causa do acaso.
d) justificação para o acaso.
e) o contrário de acaso.
18.
Se
01 Você disse que não sabe se não
Mas também não tem certeza que sim
Quer saber?
Quando é assim
05 Deixa vir do coração
Você sabe que eu só penso em você
Você diz que vive pensando em mim
Pode ser se é assim
10 tem que largar a mão do não
Soltar essa louca, arder de paixão
Não há como doer pra decidir
Só dizer sim ou não
Mas você adora um se...
15 Eu levo a sério, mas você disfarça
Você me diz à beça e eu nessa de horror
E me remete ao frio que vem lá do sul
Insiste em zero a zero e eu quero um a um
Sei lá o que te dá que não quer meu calor
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INTERPRETAÇÃO 06 PALAVRAS DENOTATIVAS
20 São Jorge por favor me empresta o dragão
Mais fácil aprender japonês em braile
Do que você decidir se dá ou não
Assinale a opção em que se faz uma análise inaceitável em relação 
à estratégia de estruturação do texto acima:
a) O uso da palavra “também” (verso 02) pressupõe uma 
informação que está contida no verso anterior.
b) No verso 06, a palavra “só” introduz uma ideia de seleção de 
um fato entre outros potencialmente possíveis.
c) A palavra “só”, no verso 13, introduz uma noção de restrição 
em relação a outras situações pressupostas.
d) A palavra “lá” (verso 17) indica noção de explicação.
e) A palavra lá (verso 19) traduz apenas uma noção enfática, que 
a classifica como meramente expletiva.
19.
dor de dente
Em frente de Sousa Costa, a pretinha Marina, imóvel, se agarra 
com as duas mãos no banco, estarrecida, boca aberta, olhos 
esbugalhados, gozando. Como tinham ido ao Rio pelo noturno, esta 
era realmente a primeira vez que enfim Marina viajava de trem, a sua 
maior aspiração. Automóvel, jamais a interessara, era canja, não tinha 
apito. Mesmo pra ir da casinha dela, na chegada de Jundiaí, para a vila 
Laura, foram buscá-la na Fiat, não tinha apito. E nos seus quatorze 
anos, Marina guardava aquele deseja eterno com que, todos os dias 
de sua já longa vida, espiava os trens, trepada no barranco, os trens 
sublimes passando. A casa do pai dela, carapina em Jundiaí, era justo 
numa curva de apitar, e o apito nascera dentro dela como a suprema 
expressão da dignidade dos veículos.
Só uma coisa Marina ainda achava superior ao trem: ter dor 
de dente. Chegara a rezar a Deus pedindo que mandasse uma dor 
de dente, nem que fosse uma dorzinha só, bem pequenina, porque 
achava muito lindo a gente andar com um lenço vermelho amarrado 
na cara. Achava lidíssimo. No tempo em que morava com a família, 
chegava a chorar de escondido, porque o Dito andava sempre de 
lenço amarrado na cara, maravilhoso, já todo banguela de tanto 
dente arrancado com dor. E ela com aquela dentadura branca, 
alvinha sem uma dor... Chorava.
(Mário de Andrade)
Identifique a opção em que não ocorre uma palavra denotativa:
a) “Mesmo pra ir da casinha dela, na chegada de Jundiaí, para a 
vila Laura, foram busca-la na Fiat, não tinha apito.”
b) “Só uma coisa Marina ainda achava superior ao trem: ter dor 
de dente.”
c) “Chegara a rezar a Deus pedindo que mandasse uma dor de 
dente, nem que fosse uma dorzinha só, bem pequenina, porque 
achava muito lindo a gente andar com um lenço vermelho 
amarrado na cara.”
d) “Como tinham ido ao Rio pelo noturno, esta era realmente a 
primeira vez que enfim Marina viajava de trem, a sua maior 
aspiração. Automóvel, jamais a interessara, era canja, não tinha 
apito.”
20. Leia o fragmento abaixo, extraído de uma canção de Gilberto Gil:
Sabe, gente
Eu sei que no fundo o problema é só da gente
É só do coração dizer não quando a mente
Tenta nos levar pra casa do sofrer
E quando escutar um samba-canção
Assim como “Eu preciso aprender a ser só”
Reagir e ouvir o coração responder:
“Eu preciso aprender a só ser”
Identifique o verso em que a palavra “só” foi empregada com 
sentido e valor diferente das demais:
a) Eu sei que no fundo o problema é só da gente
b) É só do coração dizer não quando a mente
c) Assim como “Eu preciso aprender a ser só”
d) “Eu preciso aprender a só ser”05.
APROFUNDAMENTO
EXERCÍCIOS DE
01. (UFJF 2012) As imagens abaixo ilustram alguns procedimentos 
utilizados por um novo modo de conhecer e explicar a realidade que 
se estruturou entre os séculos XVI e XVIII. Com base nas informações 
acima e em seus conhecimentos, responda ao que se pede:
Explique o impacto desse novo modo de conceber o conhecimento 
sobre os dogmas religiosos vigentes na época.
02.
“O casal Arnolfini”, Jan Van Eyck (1389-1441). http://upload.wikimedia.org
Sempre que se evoca o tema do Renascimento, a imagem 
que nos vem à mente é a dos grandes artistas e de suas obras 
mais famosas. Isso nos coloca a questão: por que razão o 
Renascimento implica esse destaque tão grande dado às artes 
visuais? De fato, as artes plásticas acabaram se convertendo 
num centro de convergência de todas as principais tendências da 
cultura renascentista. E mais do que isso, acabaram espelhando os 
impulsos mais marcantes do processo de evolução das relações 
sociais e mercantis.
NICOLAU SEVCENKO 
Adaptado de O Renascimento. 
São Paulo: Atual; Campinas: Ed. Unicamp, 1968.
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06 PALAVRAS DENOTATIVAS
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INTERPRETAÇÃO
As diversas manifestações da cultura renascentista na Europa ocidental, entre os séculos XIV e XVI, estiveram relacionadas à criação de 
novos valores e práticas sociais que se confrontaram com aqueles da sociedade medieval. Cite dois aspectos da cultura renascentista que 
justifiquem a sua importância para o início dos Tempos Modernos.
03. (UFF 2012) O Renascimento é caracterizado pela valorização do homem, da razão e da ciência, contrapondo-se ao pensamento 
teocêntrico predominante no período medieval. Esse movimento artístico-cultural contribuiu para o estreitamento das relações entre 
ciência e arte, como citado no texto: “os cientistas também iriam [...] conquistar a forma, o movimento, o espaço, a luz, a cor e mesmo a 
expressão e o sentimento”. Um dos aspectos mais importantes da nova ordem decorrente do Renascimento foi a formação das repúblicas 
italianas. Dentre elas, se destacaram Florença e Veneza. Essas repúblicas inovaram no sentido das suas formas de governo, assim como 
na redefinição do lugar do homem no mundo, inspirando a partir daí novas formas de representá-lo.
Analise o papel de Veneza no desenvolvimento do comércio europeu, e suas relações com o Oriente.
04. (FUVEST 2011) Observe a imagem e leia o texto a seguir:
Michelangelo começou cedo na arte de dissecar cadáveres. Tinha apenas 13 anos quando participou das primeiras sessões. A ligação 
do artista com a medicina foi reflexo da efervescência cultural e científica do Renascimento. A prática da dissecação, que se encontrava 
dormente havia 1.400 anos, foi retomada e exerceu influência decisiva sobre a arte que então se produzia.
Explique a relação, mencionada no texto, entre artes plásticas e dissecação de cadáveres, no contexto do Renascimento. 
05. Identifique, na imagem acima, duas características da arte renascentista.
GABARITO
 EXERCÍCIOS PROPOSTOS
01. A
02. B
03. C
04. B
05. A
06. E
07. B
08. E
09. A
10. C
11. E
12. A
13.B
14. A
15. D
16. B
17. B
18. E
19. D
20. C
 EXERCÍCIOS DE APROFUNDAMENTO
01. O estudante poderá destacar, dentre outros: o choque entre as concepções teocêntricas e da Igreja Católica e as baseadas no empirismo e no racionalismo. Também será considerada 
a identificação das reações que este processo produziu na Igreja, a exemplo do acirramento das perseguições aos adeptos desta nova forma de pensar e da condenação de diversas 
obras de intelectuais da época. Além de obras condenadas, diversos intelectuais foram condenados e executados na fogueira, destacando-se como principais exemplos Giordano Bruno 
e Galileu Galilei (que para fugir à condenação negou suas teorias).
02. Entre os séculos XIV e XVI, um conjunto de transformações econômicas, sociopolíticas e culturais contribuiu para a desestruturação dos valores da sociedade medieval no Ocidente 
europeu. O Renascimento, como movimento filosófico e artístico, e as ideias humanistas.
03. Os candidatos devem explicar o papel vanguardista de Veneza no desenvolvimento do comércio com o Oriente e associar a isso a variedade de produtos colocados na Europa que 
aumentaram o comércio e expandiram o luxo. Em decorrência disso, foram criadas novas necessidades que ajudaram a alterar as formas econômicas feudais e que levaram às trocas 
científicas e culturais com o Ocidente. Tais modificações alimentaram mudanças no cenário da ciência, da religião e da arte. 
04. Influenciado pelas concepções gregas de humanismo e naturalismo, os renascentistas procuravam reproduzir e valorizar o homem. A dissecação de cadáveres - como mencionada 
no texto - permitiu maior conhecimento do corpo humano, favorecendo a riqueza de detalhes e fortalecendo o realismo.
05. A valorização do ser humano (antropocentrismo) e a adoção da perspectiva na pintura, associada a novidades como a noção de profundidade e a projeção de luz e sombra
ANOTAÇÕES
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INTERPRETAÇÃO
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HISTÓRIA DA 
LÍNGUA PORTUGUESA07
A língua portuguesa compõe um grupo de idiomas chamados 
“neolatinos”, por serem derivados do Latim, língua oficial do Império 
Romano, que dominou praticamente toda a Europa durante sete 
séculos. Ao longo do tempo, especialmente após a queda do 
Império Romano, o latim sofreu inúmeras mudanças e acabou por 
transformar-se em uma gama enorme de idiomas, como o italiano, 
o francês, o romeno, o espanhol, o provençal, o catalão, o sardo, o 
dalmático, o galego e, claro, nosso português.
O latim, introduzido na Península Ibérica em torno do século 
III AEC, foi a língua oficial da região até a chegada dos invasores 
germânicos que ficaram na localidade do século V ao VII. A 
península é invadida pelos muçulmanos em 711 e permanecem 
por lá até por volta do século X. Apenas no século XII surge o reino 
de Portugal. Durante toda essa jornada, o latim falado na região 
sofreu a influência das línguas germânicas, do árabe, além da 
natural evolução temporal que sofre qualquer idioma falado.
Palavras de influência germânica
agasalhar, aia, albergue, arrear, bando, brotar, elmo, enguiçar, 
espeto, espiar, espora, estaca, ganso, garbo, guarda, guerra, 
íngreme, luva, mofo, roca, sítio, trégua triscar;
Palavras de influência árabe
Açúcar, alcateia, álcool, alcova, aldeia, alecrim, alfaiate, alface, 
alfândega, algarismo, algibeira, algoz, almanaque, almofada, 
alquimia, armazém, arroz, arsenal, auge, azul, damasco, elixir, 
enxaqueca, esmeralda, fulano, garrafa, girafa, harém, ímã, javali, 
limão, magazine, masmorra, mesquita, resma, sorvete, sultão, 
talco, tapete, xadrez, xarope, xaveco, xeque, xerife, zarabatana.
Os primeiros textos escritos em português datam do século 
XIII. Esses registros mostram que a língua portuguesa não se 
diferencia do galego, idioma utilizado na província da Galícia, que, 
nos dias de hoje, fica na Espanha. Foi essa língua amalgamada, 
“galego-português” ou “galaico-português”, que era a “versão do 
latim” falada na região da Península Ibérica.
As primeiras obras do Trovadorismo, como cantigas de amor 
e cantigas de amigo são registradas nesse “proto” português. 
Somente por volta de 1350, com a extinção da escola literária galego-
portuguesa, que o português se afirma como língua independente, 
oficializando como a expressão idiomática do Reino de Portugal.
A partir do século XV, com a expansão marítima, Portugal começa 
a levar sua língua ao mundo.   Transportada por capitães e fixada 
junto às conquistas e colonizações, o português chega à África, Ásia, 
Oceania e, evidentemente, desembarca também no Brasil.
É no século XVI que a língua encontra seu “esplendor” 
renascentista. Os Lusíadas de Camões e a publicação da primeira 
gramática da língua portuguesa em 1536 por Fernão de Oliveira 
são marcos significativos que elevam a língua portuguesa a uma 
organização e expressão extraordinárias.
Neste período, era comum que os portugueses nobres e aqueles 
em campanhas colonizatórias usassem também o espanhol como 
segunda língua e muitos autores portugueses também escrevem 
suas obras na língua vizinha. Essa proximidade geográfica, cultural e 
política acaba por influenciar ambas as línguas ao longo da história.
Palavras de influência espanhola
Aperrear, boina, bolero, caudilho, cavalheiro, chiste, cordilheira, 
galã, lagartixa, mantilha, mochila, muleta, pirueta, tijolo
A partir do século XVIII, por conta da preponderância 
econômica, política e cultural da França, o francês passa a ser uma 
língua de prestígio mundial, contribuindo com diversas expressões 
que acabaram por ser incorporadas à língua portuguesa. Fato 
semelhante ocorre a partir do século XX com o inglês, devido, em 
especial, à influência dos Estados Unidos.
Palavras de influência francesa
Ateliê, abajur, avenida, bijuteria, bufê, buquê, capô, chance, 
chassis, chique, chofer, crachá, departamento, envelope, felicitar, 
greve, guichê, menu, omelete, pose, restaurante, sutiã, toalete, 
tricô, vitrine.
Palavras de influência inglesa
Basquetebol, bife, coquetel, detetive, escanear, estartar, filme, 
futebol, lanche, náilon, nocaute, pulôver, repórter, sanduíche, 
suéter, xampu.
No Brasil, a língua desenvolveu-se com influência das línguas 
indígenas e das línguas de origem africana, traços sentidos tanto 
no vocabulário quanto na pronúncia brasileira, que se diferencia da 
forma de falar dos europeus. Esporadicamente, palavras e termos 
oriundos de línguas dos imigrantes também se incorporaram ao 
léxico português.
Palavras de influência africana
Acarajé, angu, babalaô, batuque, cachumba, cachimbo, caçula, 
candoblé, cochilar, Exu, fubá, Iemanjá, miçangacamundongo, 
marimbondo, moleque, quilombo, senzala, tanga.
Palavras de influência tupi
Abacaxi, arara, capinar, carioca, jabuticaba, jararaca, jiboia, 
mandioca, Mooca, Niterói, piranha, Tietê, urubu.
Palavras de influência italiana
Cantina, boletim, carnaval, mortadela, risoto, salsicha, confete, 
porcelana, banquete, macarrão, cenário, violino, violoncelo, 
bandolim, sonata, ária, dueto, soprano.
Com duzentos milhões de falantes da língua e sua 
ampla territorialidade, o Brasil é o principal país lusófono. 
É comum que hoje se diferenciem o português europeu do 
português brasileiro, dado que apresentam variações significativas 
nos campos fonético, lexical e sintático.
A língua portuguesa, hoje a quinta língua mais falada no mundo 
em número de falantes, estende seus domínios por todos os 
continentes, sendo falada oficialmente, além de Brasil e Portugal, 
em Guiné-Bissau, Angola, Cabo Verde, Moçambique, Timor Leste, 
São Tomé e Príncipe, Guiné Equatorial e Timor Leste. Além disso, 
regiões como Goa, na Índia, e Macau, na China, também são 
regiões onde a língua é falada, herança dos tempos das grandes 
navegações empreendidas pelos portugueses.
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INTERPRETAÇÃO 07 HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
PROTREINO
EXERCÍCIOS
01. Identifique o nome do grupo ao qual a Língua Portuguesa 
pertence.
02. Cite em quais aspectos são sentidas as diferenças entre o 
português europeu e o português brasileiro.
03. Cite cinco palavras de influência africana.
04. Apresente as influências diretas que são sentidas pela Língua 
Portuguesa do Brasil.
05. Identifique o período em que o latim foi inserido na Península 
Ibérica.
PROPOSTOS
EXERCÍCIOS
01. (ENEM) A substituição do haver por ter em construções 
existenciais, no português do Brasil, corresponde a um dos 
processos mais característicos da história da língua portuguesa, 
paralelo ao que já ocorrera em relação à aplicação do domínio de 
ter na área semântica de “posse”, no final da fase arcaica. Mattos 
e Silva (2001:136) analisa as vitórias de ter sobre haver e discute a 
emergência de ter existencial, tomando por base a obra pedagógica 
de João de Barros. Em textos escritos nos anos quarenta e 
cinquenta do século XVI, encontram-se evidências, embora raras, 
tanto de ter “existencial”, não mencionado pelos clássicos estudos 
de sintaxe histórica, quanto de haver como verbo existencial com 
concordância, lembrado por Ivo Castro, e anotado como “novidade” 
no século XVIII por Said Ali.
Como se vê, nada é categórico e um purismo estreito só revela 
um conhecimento deficiente da língua. Há mais perguntas que 
respostas. Pode-se conceber uma norma única e prescritiva? É 
válido confundir o bom uso e a norma com a própria língua e dessa 
forma fazer uma avaliação crítica e hierarquizante de outros usos 
e, através deles, dos usuários? Substitui-se uma norma por outra?
CALLOU, D. A propósito de norma, correção e preconceito linguístico: do presente para o 
passado, In: Cadernos de Letras da UFF, n.° 36, 2008. Disponível em: www.uff.br. Acesso 
em: 26 fev. 2012 (adaptado).
Para a autora, a substituição de “haver” por “ter” em diferentes 
contextos evidencia que
a) o estabelecimento de uma norma prescinde de uma pesquisa 
histórica.
b) os estudo clássicos de sintaxe histórica enfatizam a variação e 
a mudança na língua.
c) a avaliação crítica e hierarquizante dos usos da língua 
fundamenta a definição da norma.
d) a adoção de uma única norma revela uma atitude adequada 
para os estudos linguísticos.
e) os comportamentos puristas são prejudiciais à compreensão 
da constituição linguística.
02. (ENEM) O léxico e a cultura
Potencialmente, todas as línguas de todos os tempos podem 
candidatar-se a expressar qualquer conteúdo. A pesquisa linguística 
do século XX demonstrou que não há diferença qualitativa entre 
os idiomas do mundo – ou seja, não há idiomas gramaticalmente 
mais primitivos ou mais desenvolvidos. Entretanto, para que 
possa ser efetivamente utilizada, essa igualdade potencial precisa 
realizar-se na prática histórica do idioma, o que nem sempre 
acontece. Teoricamente, uma língua com pouca tradição escrita 
(como as línguas indígenas brasileiras) ou uma língua já extinta 
(como o latim ou o grego clássicos) podem ser empregadas para 
falar sobre qualquer assunto, como, digamos, física quântica ou 
biologia molecular. Na prática, contudo, não é possível, de uma 
hora para outra, expressar tais conteúdos em camaiurá ou latim, 
simplesmente porque não haveria vocabulário próprio para esses 
conteúdos. É perfeitamente possível desenvolver esse vocabulário 
específico, seja por meio de empréstimos de outras línguas, seja 
por meio da criação de novos termos na língua em questão, mas tal 
tarefa não se realizaria em pouco tempo nem com pouco esforço.
BEARZOTI FILHO, P. Miniaurélio: o dicionário da língua portuguesa. Manual do professor. 
Curitiba: Positivo, 2004 (fragmento).
Estudos contemporâneos mostram que cada língua possui sua 
própria complexidade e dinâmica de funcionamento. O texto 
ressalta essa dinâmica, na medida em que enfatiza
a) a inexistência de conteúdo comum a todas as línguas, pois o 
léxico contempla visão de mundo particular específica de uma 
cultura.
b) a existência de línguas limitadas por não permitirem ao falante 
nativo se comunicar perfeitamente a respeito de qualquer 
conteúdo.
c) a tendência a serem mais restritos o vocabulário e a gramática 
de línguas indígenas, se comparados com outras línguas de 
origem europeia.
d) a existência de diferenças vocabulares entre os idiomas, 
especificidades relacionadas à própria cultura dos falantes de 
uma comunidade.
e) a atribuição de maior importância sociocultural às línguas 
contemporâneas, pois permitem que sejam abordadas 
quaisquer temáticas, sem dificuldades.
03. (ENEM)
TEXTO I
Antigamente
Antigamente, os pirralhos dobravam a língua diante dos pais, 
e se um se esquecia de arear os dentes antes de cair nos braços 
de Morfeu, era capaz de entrar no couro. Não devia também se 
esquecer de lavar os pés, sem tugir nem mugir. Nada de bater 
na cacunda do padrinho, nem de debicar os mais velhos, pois 
levava tunda. Ainda cedinho, aguava as plantas, ia ao corte e logo 
voltava aos penates. Não ficava mangando na rua nem escapulia 
do mestre, mesmo que não entendesse patavina da instrução 
moral e cívica. O verdadeiro smart calçava botina de botões para 
comparecer todo liró ao copo-d’água, se bem que no convescote 
apenas lambiscasse, para evitar flatos. Os bilontras é que eram um 
precipício, jogando com pau de dois bicos, pelo que carecia muita 
cautela e caldo de galinha. O melhor era pôr as barbas de molho 
diante de treteiro de topete, depois de fintar e engambelar os coiós, 
e antes que se pusesse tudo em pratos limpos, ele abria o arco.
ANDRADE, C. D. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983 (fragmento).
TEXTO II
Expressão Significado
Cair nos braços de Morfeu Dormir
Debicar Zombar, ridicularizar
Tunda Surra
Mangar Escarnecer, caçoar
Tugir Murmurar
Liró Bem-vestido
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07 HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
127
INTERPRETAÇÃO
Copo d’água Lanche oferecido pelos amigos
Convescote Piquenique
Bilontra Velhaco
Treteiro de topete Tratante atrevido
Abrir o arco Fugir
FIORIN, J. L. As línguas mudam. In: Revista Língua Portuguesa, n. 24, out. 2007 
(adaptado).
Na leitura do fragmento do texto Antigamente constata-se 
pelo emprego de palavras obsoletas, que itens lexicais outrora 
produtivos não mais o são no português brasileiro atual. Esse 
fenômeno revela que
a) a língua portuguesa de antigamente carecia de termos para se 
referir a fatos e coisas do cotidiano.
b) o português brasileiro se constitui evitando a ampliação do 
léxico proveniente do português europeu.
c) a heterogeneidade do português leva a uma estabilidade do 
seu léxico no eixo temporal.
d) o português brasileiro apoia-se no léxico inglês para ser 
reconhecido como língua independente.
e) o léxico do português representa uma realidade linguística 
variável e diversificada.
04. (ENEM)
TEXTO I
A língua ticuna é o idioma mais falado entre os indígenas 
brasileiros. De acordo com o pesquisador Aryon Rodrigues, há 
40 mil índios que falam o idioma. A maioria mora ao longo do Rio 
Solimões, no Alto Amazonas. É a maior nação indígena do Brasil, 
sendo também encontrada no Peru e na Colômbia. Os ticunas falam 
uma língua considerada isolada, que não mantém semelhança 
com nenhuma outra língua indígena e apresenta complexidades 
em sua fonologia e sintaxe. Sua característica principal é o uso de 
diferentes alturas na voz.
O uso intensivo da língua não chega a ser ameaçado pela 
proximidade de cidades ou mesmo pela convivência com falantes 
de outras línguas no interior da própria área ticuna: nas aldeias, 
esses outros falantes são minoritários e acabam por se submeter 
à realidade ticuna, razão pela qual, talvez, não representem uma 
ameaça linguística.
Língua Portuguesa, n. 52, fev. 2010 (adaptado).
TEXTO II
“O inglês está destinado a ser uma língua mundial em sentidomais amplo do que o latim foi na era passada e o francês é na 
presente”, dizia o presidente americano John Adams no século XVIII. 
A profecia se cumpriu: o inglês é hoje a língua franca da globalização. 
No extremo oposto da economia linguística mundial, estão as 
línguas de pequenas comunidades declinantes. Calcula-se que hoje 
se falem de 6 000 a 7 000 línguas no mundo todo. Quase metade 
delas deve desaparecer nos próximos 100 anos. A última edição do 
Ethnologue — o mais abrangente estudo sobre as línguas mundiais 
—, de 2005, listava 516 línguas em risco de extinção.
Veja, n.36, set. 2007 (adaptado).
Os textos tratam de línguas de culturas completamente diferentes, 
cujas realidades se aproximam em função do(a)
a) semelhança no modo de expansão.
b) preferência de uso na modalidade falada.
c) modo de organização das regras sintáticas.
d) predomínio em relação às outras línguas de contato.
e) fato de motivarem o desaparecimento de línguas minoritárias.
05. (ENEM) A forte presença de palavras indígenas e africanas e 
de termos trazidos pelos imigrantes a partir do século XIX é um 
dos traços que distinguem o português do Brasil e o português 
de Portugal. Mas, olhando para a história dos empréstimos que 
o português brasileiro recebeu de línguas europeias a partir do 
século XX, outra diferença também aparece: com a vinda ao 
Brasil da família real portuguesa (1808) e, particularmente, com a 
Independência, Portugal deixou de ser o intermediário obrigatório 
da assimilação desses empréstimos e, assim, Brasil e Portugal 
começaram a divergir, não só por terem sofrido influências 
diferentes, mas também pela maneira como reagiram a elas.
ILARI, R.; BASSO, R. O português da gente: a língua que estudamos, a língua que 
falamos. São Paulo: Contexto, 2006.
Os empréstimos linguísticos, recebidos de diversas línguas, são 
importantes na constituição do português do Brasil porque
a) deixaram marcas da história vivida pela nação, como a 
colonização e a imigração.
b) transformaram em um só idioma línguas diferentes, como as 
africanas, as indígenas e as europeias.
c) promoveram uma língua acessível a falantes de origens 
distintas, como o africano, o indígena e o europeu.
d) guardaram uma relação de identidade entre os falantes do 
português do Brasil e os do português de Portugal.
e) tornaram a língua do Brasil mais complexa do que as línguas 
de outros países que também tiveram colonização portuguesa.
06. (ENEM)
A língua tupi no Brasil
Há 300 anos, morar na vila de São Paulo de Piratininga (peixe 
seco, em tupi) era quase sinônimo de falar língua de índio. Em cada 
cinco habitantes da cidade, só dois conheciam o português. Por isso, 
em 1698, o governador da província, Artur de Sá e Meneses, implorou 
a Portugal que só mandasse padres que soubessem “a língua geral 
dos índios”, pois “aquela gente não se explica em outro idioma”.
Derivado do dialeto de São Vicente, o tupi de São Paulo se 
desenvolveu e se espalhou no século XVII, graças ao isolamento 
geográfico da cidade e à atividade pouco cristã dos mamelucos 
paulistas: as bandeiras, expedições ao sertão em busca de escravos 
índios. Muitos bandeirantes nem sequer falavam o português ou se 
expressavam mal. Domingos Jorge Velho, o paulista que destruiu 
o Quilombo dos Palmares em 1694, foi descrito pelo bispo de 
Pernambuco como “um bárbaro que nem falar sabe”. Em suas 
andanças, essa gente batizou lugares como Avanhandava (lugar 
onde o índio corre), Pindamonhangaba (lugar de fazer anzol) e Itu 
(cachoeira). E acabou inventando uma nova língua.
“Os escravos dos bandeirantes vinham de mais de 100 tribos 
diferentes”, conta o historiador e antropólogo John Monteiro, da 
Universidade Estadual de Campinas. “Isso mudou o tupi paulista, 
que, além da influência do português, ainda recebia palavras de 
outros idiomas.” O resultado da mistura ficou conhecido como 
língua geral do sul, uma espécie de tupi facilitado.
ÂNGELO, C. Disponível em: http://super.abril.com.br. Acesso em: 8 ago. 2012 (adaptado).
O texto trata de aspectos sócio-históricos da formação linguística 
nacional. Quanto ao papel do tupi na formação do português 
brasileiro, depreende-se que essa língua indígena
a) contribuiu efetivamente para o léxico, com nomes relativos aos 
traços característicos dos lugares designados.
b) originou o português falado em São Paulo no século XVII, em cuja 
base gramatical também está a fala de variadas etnias indígenas.
c) desenvolveu-se sob influência dos trabalhos de catequese dos 
padres portugueses, vindos de Lisboa.
d) misturou-se aos falares africanos, em razão das interações 
entre portugueses e negros nas investidas contra o Quilombo 
dos Palmares.
e) expandiu-se paralelamente ao português falado pelo colonizador, 
e juntos originaram a língua dos bandeirantes paulistas.
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INTERPRETAÇÃO 07 HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
07. (ENEM) Nestes últimos anos, a situação mudou bastante e 
o Brasil, normalizado, já não nos parece tão mítico, no bem e no 
mal. Houve um mútuo reconhecimento entre os dois países de 
expressão portuguesa de um lado e do outro do Atlântico: o Brasil 
descobriu Portugal e Portugal, em um retorno das caravelas, 
voltou a descobrir o Brasil e a ser, por seu lado, colonizado por 
expressões linguísticas, as telenovelas, os romances, a poesia, a 
comida e as formas de tratamento brasileiros. O mesmo, embora 
em nível superficial, dele excluído o plano da língua, aconteceu com 
a Europa, que, depois da diáspora dos anos 70, depois da inserção 
na cultura da bossa-nova e da música popular brasileira, da 
problemática ecológica centrada na Amazônia, ou da problemática 
social emergente do fenômeno dos meninos de rua, e até do álibi 
ocultista dos romances de Paulo Coelho, continua todos os dias a 
descobrir, no bem e no mal, o novo Brasil. Se, no fim do século XIX, 
Sílvio Romero definia a literatura brasileira como manifestação de 
um país mestiço, será fácil para nós defini-la como expressão de 
um país polifônico: em que já não é determinante o eixo Rio-São 
Paulo, mas que, em cada região, desenvolve originalmente a sua 
unitária e particular tradição cultural. É esse, para nós, no início do 
século XXI, o novo estilo brasileiro.
STEGAGNO-PICCHIO, L. História da literatura brasileira. 
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2004 (adaptado).
No texto, a autora mostra como o Brasil, ao longo de sua história, 
foi, aos poucos, construindo uma identidade cultural e literária 
relativamente autônoma frente à identidade europeia, em geral, e à 
portuguesa em particular. Sua análise pressupõe, de modo especial, o 
papel do patrimônio literário e linguístico, que favoreceu o surgimento 
daquilo que ela chama de “estilo brasileiro”. Diante desse pressuposto, 
e levando em consideração o texto e as diferentes etapas de 
consolidação da cultura brasileira, constata-se que
a) o Brasil redescobriu a cultura portuguesa no século XIX, o que o 
fez assimilar novos gêneros artísticos e culturais, assim como 
usos originais do idioma, conforme ilustra o caso do escritor 
Machado de Assis.
b) a Europa reconheceu a importância da língua portuguesa no 
mundo, a partir da projeção que poetas brasileiros ganharam 
naqueles países, a partir do século XX.
c) ocorre, no início do século XXI, promovido pela solidificação 
da cultura nacional, maior reconhecimento do Brasil por ele 
mesmo, tanto nos aspectos positivos quanto nos negativos.
d) o Brasil continua sendo, como no século XIX, uma nação 
culturalmente mestiça, embora a expressão dominante seja 
aquela produzida no eixo Rio-São Paulo, em especial aquela 
ligada às telenovelas.
e) o novo estilo cultural brasileiro se caracteriza por uma união 
bastante significativa entre as diversas matrizes culturais 
advindas das várias regiões do país, como se pode comprovar 
na obra de Paulo Coelho.
08. (ENEM) Quando os portugueses se instalaram no Brasil, o 
país era povoado de índios. Importaram,depois, da África, grande 
número de escravos. O Português, o Índio e o Negro constituem, 
durante o período colonial, as três bases da população brasileira. 
Mas no que se refere à cultura, a contribuição do Português foi de 
longe a mais notada.
Durante muito tempo o português e o tupi viveram lado a 
lado como línguas de comunicação. Era o tupi que utilizavam os 
bandeirantes nas suas expedições. Em 1694, dizia o Padre Antônio 
Vieira que “as famílias dos portugueses e índios em São Paulo 
estão tão ligadas hoje umas com as outras, que as mulheres e os 
filhos se criam mística e domesticamente, e a língua que nas ditas 
famílias se fala é a dos Índios, e a portuguesa a vão os meninos 
aprender à escola.”
TEYSSIER, P. História da língua portuguesa . Lisboa: Livraria Sá da Costa, 1984 
(adaptado).
A identidade de uma nação está diretamente ligada à cultura de 
seu povo. O texto mostra que, no período colonial brasileiro, o 
Português, o índio e o Negro formaram a base da população e que 
o patrimônio linguístico brasileiro é resultado da
a) contribuição dos índios na escolarização dos brasileiros.
b) diferença entre as línguas dos colonizadores e as dos indígenas.
c) importância do padre Antônio Vieira para a literatura de língua 
portuguesa.
d) origem das diferenças entre a língua portuguesa e as línguas tupi.
e) interação pacífica no uso da língua portuguesa e da língua tupi.
09. (MPE-RS – Promotor) “Nada paralisou mais a inteligência do 
que a busca por bodes expiatórios”, escreveu o historiador Theodore 
Zeldin. A tentativa de jogar a culpa por uma situação indesejada - 
de desastres naturais a guerras, de crises econômicas a epidemias 
- nas costas de um único indivíduo ou grupo quase sempre 
inocente é uma prática tão disseminada que alguns estudiosos a 
consideram essencial para entender a vida em sociedade.
No livro Bode Expiatório - Uma História da Prática de Culpar Outras 
Pessoas, Charlie Campbell defende a tese de que cada ser humano 
tende a se considerar melhor do que realmente é, e por isso tem 
dificuldade de admitir os próprios erros. Junte-se a isso a necessidade 
intrinsecamente humana de tentar encontrar um sentido, uma ordem 
no caos do mundo, e têm-se os elementos exatos para aceitarmos a 
primeira e a mais simples explicação que aparecer para os males a 
nos afligir. Desde muito cedo, provavelmente com o surgimento das 
primeiras crenças religiosas, a humanidade desenvolveu rituais para 
transferir a culpa para pessoas, animais ou objetos como uma forma 
de purificação e recomeço. A expressão “bode expiatório” refere-se a 
uma passagem do Velho Testamento que descreve o sacrifício de dois 
ruminantes no Dia da Expiação. O primeiro bode era sacrificado em 
tributo a Deus, para pagar pelos pecados da comunidade. O segundo 
era enxotado da aldeia, carregando consigo, simbolicamente, a culpa 
de todos os moradores.
A escolha do bode expiatório costuma obeceder a, pelo menos, 
um de três requisitos. Primeiro, deve ser alguém capaz de substituir 
sozinho muitas vítimas potenciais. Foi o que ocorreu com Andrés 
Escobar, zagueiro da seleção colombiana de futebol, cujo gol contra na 
partida com os Estados Unidos eliminou seu time da Copa do Mundo 
de 1994. Quando voltou à Colômbia, Escobar foi assassinado a tiros, 
supostamente por apostadores que haviam perdido dinheiro com a 
derrota. Por maior que tenha sido o erro do jogador, é óbvio que num 
time que tem onze integrantes não se pode atribuir a apenas um deles 
toda a culpa por um resultado ruim.
O segundo quesito a ser preenchido por um candidato a bode 
expiatório é ser um alvo facilmente identificável. O ditador alemão 
Adolf Hitler, um dos mais cruéis inventores de bodes expiatórios de 
todos os tempos, achava que um verdadeiro líder nacional era aquele 
que, em vez de dividir a atenção de seu povo, tratava de canalizá-
la contra um grande inimigo. Após séculos de antissemitismo na 
Europa, não foi difícil para os nazistas transformar os judeus em 
suas vítimas preferenciais, atribuindo a eles a responsabilidade 
por uma série de malfeitorias. A expiação coletiva imposta pelos 
nazistas resultou na morte de 6 milhões de judeus.
O terceiro critério para encontrar um bom culpado é suspeitar 
de qualquer pessoa que tente defender a inocência de um bode 
expiatório. Na caça às bruxas da Idade Média, que resultou no 
julgamento e na execução de milhares de mulheres, funcionava 
assim. Os métodos para identificar uma “noiva do demônio” eram 
absurdos. Um deles consistia em jogar a acusada num rio com as 
mãos e os pés atados; se ela boiasse, seria culpada;. se afundasse, 
seria inocente, mas aí já estaria morta. Nessas condições, poucos 
testemunhavam em favor das supostas bruxas. Essa regra também 
é atávica dos estados totalitários, que, por princípio, não podem 
assumir as próprias falhas sob o risco de perderem a legitimidade, 
e por isso precisam de alguém para expiar suas culpas.
Adaptado de: SCHELP, D. A arte de culpar os outros. Veja, 16 de maio de 2012, p. 113-114.
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INTERPRETAÇÃO
Em uma perspectiva etimológica, muitas palavras entraram prontas 
do latim ou de outro idioma para o léxico da Língua Portuguesa. 
No entanto, a maioria dos falantes não reconhece a origem das 
palavras, quer na sua forma mais antiga conhecida, quer em 
alguma etapa de sua evolução. Para compreender o processo 
de derivação das palavras que utiliza em seu dia a dia, o falante 
geralmente lança mão de seu conhecimento acerca do sentido e 
da função de prefixos e sufixos.
Com base nessa ressalva, pode-se afirmar corretamente que, entre 
as palavras abaixo extraídas do texto, a única que foi formada pelo 
acréscimo de sufixo que transforma adjetivos em substantivos é
a) humanidade.
b) rituais.
c) purificação.
d) ruminantes.
e) zagueiro.
10. (UEG) O islamismo surge na península arábica no século 7 
d.C. Dentre as obras literárias que surgiram no mundo islâmico, 
influenciadas pela religião muçulmana, destaca-se a obra:
a) os Vedas
b) os Upanishades
c) os Contos de Grimm
d) As mil e uma noites
11. 
“Acuenda o Pajubá”: conheça o “dialeto secreto” 
utilizado por gays e travestis
Com origem no iorubá, linguagem foi adotada por travestis e 
ganhou a comunidade
“Nhaí, amapô! Não faça a loka e pague meu acué, deixe de equê 
se não eu puxo teu picumã!” Entendeu as palavras dessa frase? 
Se sim, é porque você manja alguma coisa de pajubá, o “dialeto 
secreto” dos gays e travestis.
Adepto do uso das expressões, mesmo nos ambientes mais 
formais, um advogado afirma: “É claro que eu não vou falar durante 
uma audiência ou numa reunião, mas na firma, com meus colegas 
de trabalho, eu falo de ‘acué’ o tempo inteiro”, brinca. “A gente tem 
que ter cuidado de falar outras palavras porque hoje o pessoal já 
entende, né? Tá na internet, tem até dicionário ...”, comenta.
Da perspectiva do usuário, o pajubá ganha status de dialeto, 
caracterizando-se como elemento de patrimônio linguístico, 
especialmente por 
a) ter mais de mil palavras conhecidas. 
b) ter palavras diferentes de uma linguagem secreta. 
c) ser consolidado por objetos formais de registro. 
d) ser utilizado por advogados em situações formais. 
e) ser comum em conversas no ambiente de trabalho. 
12. (UNICAMP)
Morro da Babilônia
À noite, do morro
descem vozes que criam o terror
(terror urbano, cinquenta por cento de cinema,
e o resto que veio de Luanda ou se perdeu na língua Geral).
Quando houve revolução, os soldados
espalharam no morro,
o quartel pegou fogo, eles não voltaram.
Alguns, chumbados, morreram.
O morro ficou mais encantado.
Mas as vozes do morro
não são propriamente lúgubres.
Há mesmo um cavaquinho bem afinado
que domina os ruídos da pedra e da folhagem
e desce até nós, modesto e recreativo,
como uma gentileza do morro.
(Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo. São Paulo: Companhia das 
Letras, 2012, p.19.)
No poema“Morro da Babilônia”, de Carlos Drummond de Andrade,
f) a menção à cidade do Rio de Janeiro é feita de modo indireto, 
metonimicamente, pela referência ao Morro da Babilônia.
g) o sentimento do mundo é representado pela percepção 
particular sobre a cidade do Rio de Janeiro, aludida pela 
metáfora do Morro da Babilônia.
h) o tratamento dado ao Morro da Babilônia assemelha-se ao 
que é dado a uma pessoa, o que caracteriza a figura de estilo 
denominada paronomásia.
i) a referência ao Morro da Babilônia produz, no percurso 
figurativo do poema, um oximoro: a relação entre terror e 
gentileza no espaço urbano.
13. No ano de 1985 aconteceu um acidente muito grave em Angra 
dos Reis, no Rio de Janeiro, perto da aldeia guarani de Sapukai. 
Choveu muito e as águas pluviais provocaram deslizamentos de 
terras das encostas da Serra do Mar, destruindo o Laboratório 
de Radioecologia da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, 
construída em 1970 num lugar que os índios tupinambás, há mais 
de 500 anos, chamavam de Itaorna. O prejuízo foi calculado na 
época em 8 bilhões de cruzeiros. Os engenheiros responsáveis pela 
construção da usina nuclear não sabiam que o nome dado pelos 
índios continha informação sobre a estrutura do solo, minado pelas 
águas da chuva. Só descobriram que Itaorna, em língua tupinambá, 
quer dizer ‘pedra podre’, depois do acidente.
FREIRE, J. R. B. Disponível em: www.taquiprati.com.br. Acesso em: 1 ago. 2012 
(adaptado).
Considerando-se a história da ocupação na região de Angra dos 
Reis mencionada no texto, os fenômenos naturais que a atingiram 
poderiam ter sido previstos e suas consequências minimizadas se 
a) o acervo linguístico indígena fosse conhecido e valorizado. 
b) as línguas indígenas brasileiras tivessem sido substituídas pela 
língua geral. 
c) o conhecimento acadêmico tivesse sido priorizado pelos 
engenheiros. 
d) a língua tupinambá tivesse palavras adequadas para descrever 
o solo. 
e) o laboratório tivesse sido construído de acordo com as leis 
ambientais vigentes na época. 
14.
O INTERNETÊS NA ESCOLA 
O internetês – expressão grafolinguística criada na internet 
pelos adolescentes na última década – foi, durante algum tempo, 
um bicho de sete cabeças para gramáticos e estudiosos da língua. 
Eles temiam que as abreviações fonéticas (onde “casa” vira ksa; e 
“aqui” vira aki) comprometessem o uso da norma culta do português 
para além das fronteiras cibernéticas. Mas, ao que tudo indica, o 
temido intemetês não passa de um simpático bichinho de uma 
cabecinha só. Ainda que a maioria dos professores e educadores se 
preocupe com ele, a ocorrência do internetês nas provas escolares, 
vestibulares e em concursos públicos é insignificante. Essa forma 
de expressão parece ainda estar restrita a seu hábitat natural. 
Aliás, aí está a questão: saber separar bem a hora em que podemos 
escrever de qq jto, da hora em que não podemos escrever de “qualquer 
jeito”. Mas, e para um adolescente que fica várias horas “teclando” 
que nem louco nos instant messengers e chats da vida, é fácil virar 
a “chavinha” no cérebro do internetês para o português culto? “Essa 
dificuldade será proporcional ao contato que o adolescente tenha com 
textos na forma culta, como jornais ou obras literárias. Dependendo 
deste contato, ele terá mais facilidade para abrir mão do internetês” – 
explica Eduardo de Almeida Navarro, professor livre-docente de língua 
tupi e literatura colonial da USP. 
RAMPAZZO, F. Disponível em: www9.revistalingua.com.br. Acesso em: 01 mar. 2012 
(adaptado).
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Segundo o texto, a interação virtual favoreceu o surgimento da 
modalidade linguística conhecida como internetês. Quanto à influência 
do internetês no uso da forma culta da língua, infere-se que 
a) a ocorrência de termos do internetês em situações formais 
de escrita aponta a necessidade de a língua ser vista como 
herança cultural que merece ser bem cuidada. 
b) a dificuldade dos adolescentes para produzirem textos mais 
complexos é evidente, sendo consequência da expansão do 
uso indiscriminado da internet por esse público. 
c) a carência de vocabulário culto na fala de jovens tem sido um 
alerta quanto ao uso massivo da internet, principalmente no 
que concerne a mensagens instantâneas. 
d) a criação de neologismos no campo cibernético é inevitável 
e restringe a capacidade de compreensão dos internautas 
quando precisam lidar com leitura de textos formais. 
e) a alternância de variante linguística é uma habilidade dos 
usuários da língua e é acionada pelos jovens de acordo com 
suas necessidades discursivas. 
15. A Língua Portuguesa tem origem no idioma:
a) Francês.
b) Italiano.
c) Espanhol.
d) Galego-Português.
e) Mandarim.
16. (ENEM)
Texto I
Um ato de criatividade pode gerar um modelo produtivo. Foi o 
que aconteceu com a palavra sambódromo, criativamente formada 
com a terminação -(o)dromo (=corrida), que  figura  em  hipódromo,  
autódromo, cartódromo, formas  que designam   itens culturais da 
alta  burguesia. Não demoraram a circular, a partir de então, formas 
populares como rangódromo, beijódromo, camelódromo.
AZEREDO, J. C. Gramática Houaiss da língua portuguesa. São Paulo: Publifolha, 2008
Texto II
Existe coisa mais descabida do que chamar de 
sambódromo  uma  passarela para desfile de escolas  de samba? 
Em grego, -dromo quer  dizer “ação de correr, lugar de corrida”,  daí  as 
palavras autódromo e hipódromo. É certo que, às   vezes, durante o desfile, 
a escola se atrasa e é obrigada a correr para não perder pontos, mas não 
se descoloca a velocidade de um cavalo ou de um carro de Fórmula 1.
GULLAR, F. Disponível em: www1.folha.uol.com.br. Acesso em: 3 ago. 2012.
Há nas línguas mecanismos geradores de palavras. Embora o texto 
II apresente um julgamento de valor sobre a formação da palavra 
sambódromo, o processo de formação dessa palavra reflete
a) o dinamismo da língua na criação de novas palavras.
b) uma nova realidade limitando o aparecimento de novas 
palavras.
c) a apropriação inadequada de mecanismos de  criação de 
palavras por leigos.
d) o reconhecimento a impropriedade semântica dos 
neologismos.
e) a restrição na produção de novas palavras com o radical grego.
17. (ENEM)
Mandinga — Era a denominação que, no período das grandes 
navegações, os portugueses davam à costa ocidental da África. A 
palavra se tornou sinônimo de feitiçaria porque os exploradores 
lusitanos consideravam bruxos os africanos que ali habitavam — é 
que eles davam indicações sobre a existência de ouro na região. 
Em idioma nativo, manding designava terra de feiticeiros. A palavra 
acabou virando sinônimo de feitiço, sortilégio. 
COTRIM, M. O pulo do gato 3. São Paulo: Geração Editorial, 2009 (fragmento). 
No texto evidencia-se que a construção do significado da palavra 
mandinga resulta de um(a) 
a) contexto sócio-histórico. 
b) diversidade étnica. 
c) descoberta geográfica. 
d) apropriação religiosa. 
e) contraste cultural. 
18. (ENEM)
Cuitelinho
Cheguei na bera do porto
Onde as onda se espaia.
As garça dá meia volta,
Senta na bera da praia.
E o cuitelinho não gosta
Que o botão da rosa caia.
Quando eu vim da minha terra,
Despedi da parentaia.
Eu entrei em Mato Grosso,
Dei em terras paraguaia.
Lá tinha revolução,
Enfrentei fortes bataia.
A tua saudade corta
Como o aço de navaia.
O coração fica aflito,
Bate uma e outra faia.
E os oio se enche d´água
Que até a vista se atrapaia.
Folclore recolhido por Paulo 
Vanzolini e Antônio Xandó.
 
BORTONI-RICARDO, S. M. Educação em língua materna. São Paulo: Parábola, 2004.
Transmitida por gerações, a canção Cuitelinho manifesta aspectos 
culturais de um povo, nos quais se inclui sua forma de falar, além 
de registrar um momento histórico. Depreende-se disso que a 
importância em preservar a produção cultural de uma nação consiste 
no fato de que produções como a canção Cuitelinhoevidenciam a
a) recriação da realidade brasileira de forma ficcional.
b) criação neológica na língua portuguesa.
c) formação da identidade nacional por meio da tradição oral.
d) incorreção da língua portuguesa que é falada por pessoas do 
interior do Brasil.
e) padronização de palavras que variam regionalmente, mas 
possuem mesmo significado.
19. Resta saber o que ficou das línguas indígenas no português do 
Brasil. Serafim da Silva Neto afirma: “No Português do Brasil, não 
há, positivamente, influência das línguas africanas ou ameríndias”. 
Todavia, é difícil de aceitar que um longo período de bilinguismo de 
dois séculos não deixasse marcas no português do Brasil.
ELIA, S. Fundamentos Histórico-Linguísticos do Português do Brasil. Rio de Janeiro: 
Lucerna, 2003 (adaptado).
No final do sec. XVIII, no norte do Egito, foi descoberta a Pedra 
de Roseta, que continha um texto escrito em egípcio antigo, 
uma versão desse texto chamada “demótico”, e o mesmo texto 
escrito em grego. Até então, a antiga escrita egípcia não estava 
decifrada. O inglês Thomas Young estudou o objeto e fez algumas 
descobertas como, por exemplo, a direção em que a leitura deveria 
ser feita. Mais tarde, o francês Jean- François Champollion voltou 
a estudá-la e conseguiu decifrar a antiga escrita egípcia a partir do 
grego, provando que, na verdade, o grego era a língua original do 
texto e que o egípcio era uma tradução.
Com base na leitura dos textos conclui-se, sobre as línguas, que:
a) cada língua é única e intraduzível.
b) elementos de uma língua são preservados, ainda que não haja 
mais falantes dessa língua.
c) a língua escrita de determinado grupo desaparece quando a 
sociedade que a produzia é extinta.
d) o egípcio antigo e o grego apresentam a mesma estrutura 
gramatical, assim como as línguas indígenas brasileiras e o 
português do Brasil.
e) o egípcio e o grego apresentavam letras e palavras similares, 
o que possibilitou a comparação linguística, o mesmo que 
aconteceu com as línguas indígenas brasileiras e o português 
do Brasil.
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INTERPRETAÇÃO
20. Compare os textos I e II a seguir, que tratam de aspectos ligados 
a variedades da língua portuguesa no mundo e no Brasil.
Texto I
Acompanhando os navegadores, colonizadores e comerciantes 
portugueses em todas as suas incríveis viagens, a partir do século 
XV, o português se transformou na língua de um império. Nesse 
processo, entrou em contato — forçado, o mais das vezes; amigável, 
em alguns casos — com as mais diversas línguas, passando por 
processos de variação e de mudança linguística. Assim, contar a 
história do português do Brasil é mergulhar na sua história colonial 
e de país independente, já que as línguas não são mecanismos 
desgarrados dos povos que as utilizam. Nesse cenário, são muitos 
os aspectos da estrutura linguística que não só expressam a 
diferença entre Portugal e Brasil como também definem, no Brasil, 
diferenças regionais e sociais.
PAGOTTO, E. P. Línguas do Brasil. Disponível em: http://cienciaecultura.bvs.br. Acesso 
em: 5 jul. 2009 (adaptado).
Texto II
Barbarismo é vício que se comete na escritura de cada uma das 
partes da construção ou na pronunciação. E em nenhuma parte 
da Terra se comete mais essa figura da pronunciação que nestes 
reinos, por causa das muitas nações que trouxemos ao jugo do 
nosso serviço. Porque bem como os Gregos e Romanos haviam 
por bárbaras todas as outras nações estranhas a eles, por não 
poderem formar sua linguagem, assim nós podemos dizer que as 
nações de África, Guiné, Ásia, Brasil barbarizam quando querem 
imitar a nossa. 
BARROS, J. Gramática da língua portuguesa. Porto: Porto Editora, 1957 (adaptado).
Os textos abordam o contato da língua portuguesa com outras 
línguas e processos de variação e de mudança decorridos desse 
contato. Da comparação entre os textos, conclui-se que a posição 
de João de Barros (Texto II), em relação aos usos sociais da 
linguagem, revela:
a) atitude crítica do autor quanto à gramática que as nações 
a serviço de Portugal possuíam e, ao mesmo tempo, de 
benevolência quanto ao conhecimento que os povos tinham de 
suas línguas.
b) atitude preconceituosa relativa a vícios culturais das nações 
sob domínio português, dado o interesse dos falantes dessa 
línguas em copiar a língua do império, o que implicou a falência 
do idioma falado em Portugal.
c) o desejo de conservar, em Portugal, as estruturas da variante 
padrão da língua grega — em oposição às consideradas 
bárbaras —, em vista da necessidade de preservação do padrão 
de correção dessa língua à época.
d) adesão à concepção de língua como entidade homogênea 
e invariável, e negação da ideia de que a língua portuguesa 
pertence a outros povos.
e) atitude crítica, que se estende à própria língua portuguesa, por 
se tratar de sistema que não disporia de elementos necessários 
para a plena inserção sociocultural de falantes não nativos do 
português.
05.
APROFUNDAMENTO
EXERCÍCIOS DE
01. (PUCRJ 2017 Adaptada) 
Efeitos da mudança das condições
Tenho, até o presente, falado de mudanças — tão comuns e 
tão diversas nos seres orgânicos reduzidos ao estado doméstico e, 
em menor escala, naqueles que se encontram em estado selvagem 
— como se elas fossem fortuitas. É, sem objeção, uma expressão 
muito incorreta; talvez, contudo, seja suficiente para demonstrar a 
nossa total ignorância sobre as razões de cada variação particular.
Alguns cientistas julgam que uma das funções do sistema 
reprodutor consiste tanto em produzir diferenças individuais, ou 
pequenos desvios de estrutura, como em produzir descendentes 
semelhantes aos pais. Mas o fato de as variações e de as 
deformações se apresentarem em maior número no estado 
doméstico que no estado natural, o fato de as espécies que têm 
um habitat muito extenso serem mais variáveis que as que têm 
um habitat restrito, permitem-nos concluir que a variabilidade deve 
ter, comumente, qualquer analogia com as condições de sobrevida 
às quais cada espécie foi submetida durante algumas gerações 
sucessivas. Tentei provar que as mudanças de condições atuam 
de duas maneiras: diretamente, sobre toda a organização, ou sobre 
algumas partes unicamente do organismo; e indiretamente, por 
meio do sistema reprodutor. Em todos os casos, há dois fatores: 
a natureza do organismo, que é a mais importante das duas, e a 
natureza das condições ambientes. Neste último caso, o organismo 
parece tornar-se plástico e encontramos uma grande variabilidade 
incerta. No primeiro caso, a natureza do organismo é tal que cede 
facilmente, quando submetido a certas condições, e todos, ou 
quase todos os indivíduos, se modificam da mesma maneira.
É difícil delimitar até que ponto a alteração das condições — 
por exemplo, a alteração do clima, da alimentação, etc. — atua de 
uma maneira definida. Há razão para se acreditar que, no decurso 
do tempo, os efeitos destas alterações sejam tão marcantes que 
possam ser provados por evidências claras. Contudo, podemos 
concluir, sem receio de engano, que não se pode atribuir unicamente 
a uma tal causa atualmente as adaptações de estrutura, tão 
numerosas e tão complicadas, que observamos na natureza entre 
os diferentes seres orgânicos.
DARWIN, Charles. A origem das espécies. Rio de Janeiro: Ediouro Publicações S.A., pp. 
143-4 (Tradução de Eduardo Fonseca, 2004.)
a) Indique a palavra ou expressão a que se refere a última 
ocorrência de “que” no texto.
b) No texto, o enunciador apresenta suas reflexões acerca do 
que está sendo observado e das investigações que vem 
desenvolvendo. Destaque, do último parágrafo, a expressão 
que, em si mesma, denota certeza a respeito do que é 
enunciado. 
02. (UNIFESP 2007) Leia o trecho de Triste fim de Policarpo 
Quaresma, de Lima Barreto, para responder às questões seguintes:
Durante os lazeres burocráticos, estudou, mas estudou a 
Pátria, nas suas riquezas naturais,na sua história, na sua geografia, 
na sua literatura e na sua política. Quaresma sabia as espécies de 
minerais, vegetais e animais que o Brasil continha; sabia o valor do 
ouro, dos diamantes exportados por Minas, as guerras holandesas, 
as batalhas do Paraguai, as nascentes e o curso de todos os rios.
(...)
Havia um ano a esta parte que se dedicava ao tupi-guarani. 
Todas as manhãs, antes que a “Aurora com seus dedos rosados 
abrisse caminho ao louro Febo”, ele se atracava até ao almoço com 
o Montoya, “Arte y diccionario de la lengua guarani ó más bien tupi”, 
e estudava o jargão caboclo com afinco e paixão. Na repartição, os 
pequenos empregados, amanuenses e escreventes, tendo notícia 
desse seu estudo do idioma tupiniquim, deram não se sabe por que 
em chamá-lo - Ubirajara. Certa vez, o escrevente Azevedo, ao assinar 
o ponto, distraído, sem reparar quem lhe estava às costas, disse em 
tom chocarreiro: “Você já viu que hoje o Ubirajara está tardando?”
Quaresma era considerado no Arsenal: a sua idade, a sua 
ilustração, a modéstia e honestidade do seu viver impunham-
no ao respeito de todos. Sentindo que a alcunha lhe era dirigida, 
não perdeu a dignidade, não prorrompeu em doestos e insultos. 
Endireitou-se, consertou o seu “pince-nez”, levantou o dedo 
indicador no ar e respondeu:
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INTERPRETAÇÃO 07 HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
- Senhor Azevedo, não seja leviano. Não queira levar ao 
ridículo aqueles que trabalham em silêncio, para a grandeza e a 
emancipação da Pátria.
Vocabulário:
amanuenses: escreventes;
doestos: injúrias. 
Examine a frase:
“Havia um ano a esta parte que se dedicava ao tupi-guarani.”
a) No conjunto da obra, que relação há entre nacionalismo e o 
estudo de tupi-guarani?
b) Quanto ao sentido, explique o emprego da forma verbal 
“dedicava” e justifique sua resposta com uma expressão 
presente no texto. 
03. (FGV 2012) Os mecanismos constitucionais que caracterizam o 
Estado de direito têm o objetivo de defender o indivíduo dos abusos 
do poder. Em outras palavras, são garantias de liberdade, da assim 
chamada 1liberdade negativa, entendida como esfera de ação em 
que o indivíduo não está obrigado por quem detém o poder coativo a 
fazer aquilo que não deseja ou não está impedido de fazer aquilo que 
deseja. Há uma acepção de liberdade – que é a acepção prevalecente 
na tradição liberal – segundo a qual “liberdade” e “poder” são dois 
termos 3antitéticos, que denotam duas realidades em contraste entre 
si e são, portanto, incompatíveis: nas relações entre duas pessoas, à 
medida que se estende o poder (poder de comandar ou de impedir) de 
uma diminui a liberdade em sentido negativo da outra e, vice-versa, 
à medida que a segunda amplia a sua esfera de liberdade diminui o 
poder da primeira. Deve-se agora acrescentar que para o pensamento 
liberal a liberdade individual está garantida, mais que pelos 
mecanismos constitucionais do Estado de direito, também pelo fato 
de que ao Estado são reconhecidas tarefas limitadas à manutenção 
da ordem pública interna e internacional. No pensamento liberal, 
teoria do controle do poder e teoria da limitação das tarefas do Estado 
procedem no mesmo passo: pode-se até mesmo dizer que a segunda 
é a 2conditio sine qua non da primeira, no sentido de que o controle 
dos abusos do poder é tanto mais fácil quanto mais restrito é o âmbito 
em que o Estado pode estender a própria intervenção, ou mais breve e 
simplesmente no sentido de que o Estado mínimo é mais controlável 
do que o Estado máximo. Do ponto de vista do indivíduo, do qual se 
põe o liberalismo, o Estado é concebido como um mal necessário; e 
enquanto mal, embora necessário (e nisso o liberalismo se distingue 
do 4anarquismo), o Estado deve se intrometer o menos possível na 
esfera de ação dos indivíduos.
Noberto Bobbio, Liberalismo e democracia. São Paulo: Brasiliense, 2006.
a) Considerada no contexto, a expressão “liberdade negativa” (ref. 
1) deve ser entendida como algo positivo para o indivíduo. Você 
concorda com essa afirmação? Justifique sua resposta.
b) Considerando o gênero a que pertence o texto, é adequado, do 
ponto de vista lógico, o emprego da expressão latina “conditio 
sine qua non” (ref. 2)? Justifique sua resposta.
c) É correto afirmar que os prefixos que ocorrem nas palavras 
“antitéticos” (ref. 3) e “anarquismo” (ref. 4) têm o mesmo 
sentido que os prefixos formadores, respectivamente, das 
palavras “antediluviano” e “amoral”? Justifique sua resposta. 
04. (CP2 2012) 
Texto I
Mestiços (fragmento) 
É no mirar nossas raízes que vamos encontrar as 
características de nossa singularidade. Estamos maduros para 
encarar nossa condição de únicos, originais. 1Somos, com muita 
honra, provavelmente o maior país mestiço do mundo. Reconhecer 
isso é galgar mais um degrau na direção de nosso orgulho, de 
nossa nacionalidade (...). 
Entramos no século 21 no apogeu do poder da mídia, deixando 
que ela faça a nossa cabeça. Não há novela que não mostre 
brancos e pretos namorando, apaixonando-se. Nossos filmes e 
mesmo a nossa publicidade começaram, há não muito tempo, a 
escancarar a mestiçagem. A porta da frente já está aberta para 
pardos, brancos e pretos.(...) 
Ouço da boca dos negros que conheço que, quando entram 
em livraria, por mais bem vestidos que estejam, são discretamente 
seguidos e vigiados. Ainda se estranha um negro em livraria. 
2Conheço também a 3vox populi que diz não ter preconceito, desde 
que “esse estranho” não queira entrar na família. 
Sim, temos preconceito, mas o nosso preconceito não é 
igual ao dos países de Primeiro Mundo que supõem pureza 
racial. Discriminamos cor e também nos isolamos de pobres, de 
delinquentes e, em certas circunstâncias, até dos “CDFs” e de outros 
tipos de “certinhos”. Frequentemente, honestos são vistos como 
tolos ou simplórios. Vi, há não muito tempo, num documentário de 
uma ONG que estuda o caipira paulista, uma senhora – classe A – 
dizendo saber que branco e preto são iguais e que gostaria de não 
ter preconceito, mas não consegue. Ela sabe que está errada, mas, 
de maneira muito ingênua, pergunta ao entrevistador: “Não seria 
melhor se fôssemos todos brancos ou pretos?” 
(Anna Veronica Mautner. In: Folha de S. Paulo, 31/12/2004)
3 Vox populi: expressão em latim que significa literalmente “voz do 
povo”. 
Texto II
“Conheço também a vox populi que diz não ter preconceito, 
desde que “esse estranho” não queira entrar na família”. (Texto I, 
referência 2) 
Que expressão do texto II se refere ao termo “vox populi” do texto I? 
05. (UNICAMP 2010) 
a) Qual é o pressuposto da personagem que defende o acordo 
ortográfico entre os países de língua portuguesa? Por que esse 
pressuposto é inadequado?
b) Explique como, na tira ao lado, esse pressuposto é quebrado. 
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07 HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
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INTERPRETAÇÃO
GABARITO
 EXERCÍCIOS PROPOSTOS
01. E
02. D
03. E
04. D
05. A
06. A
07. C
08. E
09. A
10. D
11. C
12. A
13. A
14. E
15. D
16. A
17. A
18. C
19. B
20. D
 EXERCÍCIOS DE APROFUNDAMENTO
01. 
a) Na última ocorrência de “que”, vemos que “que” se refere à expressão “as adaptações 
de estrutura”, uma vez que são as adaptações de estrutura que observamos na 
natureza entre os diferentes seres orgânicos. 
b) A expressão é “sem receio de engano”, já que indica que para o autor não há 
possibilidade de engano/erro nessa afirmação. 
02. 
a) O tupi guarani representa a língua dos nativos, ou seja, uma língua sem influências 
estrangeiras.
b) Dedicar representa no texto estudar, pesquisar, descobrir, é que fazia Lima Barreto. 
Isso fica claro no trecho: “Todas as manhãs, antes que a ‘Aurora com seus dedos 
rosados abrisse caminho ao louro Febo’, ele se atracava até ao almoço com o 
Montoya, ‘Arte y diccionario de la lengua guarani ó más bien tupi’, e estudava o jargão 
caboclo comafinco e paixão”. 
03. A
a) Sim, pois o conceito de “liberdade negativa” traz subjacente a garantia de o indivíduo 
não ser obrigado a atos indesejados por abuso do poder constituído ou não ser 
impedido de fazer aquilo que deseja, ou seja, supõe um estado de direito em que 
sejam evitadas arbitrariedades por parte da esfera estatal.
b) Sim, a expressão “conditio sine qua non” é adequada ao contexto, erudito e de cunho 
científico, pois trata-se de uma expressão latina que remonta aos termos jurídicos 
do Direito romano e que pode ser traduzido como sem a/o qual não pode deixar de 
ser, indispensável. 
c) Não, os prefixos gregos ant(i) e a(n) que ocorrem nas palavras “antitéticos” e “ 
anarquismo” expressam oposição e negação, respectivamente. Já o prefixo latino 
ante e o de origem mista a das palavras “antediliviano” e “amoral” expressam 
anterioridade e ausência. 
04. A expressão “vox Populi” significa “voz do povo”, ou seja, indica a opinião das pessoas. 
Uma expressão do texto II que se refere a esse termo é “opinião alheia”, pois também 
indica a opinião das pessoas
05. 
a) O pressuposto é que o acordo ortográfico promoveria a unidade da língua em todos 
os países lusófonos. O acordo contempla apenas a ortografia e não interfere nos 
aspectos morfossintáticos ou lexicais que caracterizam a relação da Língua e seus 
falantes com a região onde se desenvolve a sua cultura, razão pela qual é inadequado 
o pressuposto do personagem. Embora se possa unificar a ortografia, as variantes 
sempre existirão. 
b) Ao desconhecer o significado de “peúgas”(*) e “bica”(**) e estranhar a palavra 
“bicha”(***) no contexto da frase (termos usados no português europeu e não no 
Brasil), o personagem fica confuso, pois verifica que não houve unificação do idioma 
como afirmara anteriormente. 
ANOTAÇÕES
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INTERPRETAÇÃO
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FIGURAS DE LINGUAGEM I:
FIGURAS DE PALAVRA E DE PENSAMENTO08
ESTILÍSTICA
Quando falamos em Estilística estamos realmente falando da 
parte da gramática que estuda o estilo, entendendo por estilo um 
conjunto de características e de usos de linguagem representativos 
da intencionalidade do enunciador e capazes de estabelecer distinção 
entre dois textos. 
Quando diretamente relacionada à Semântica, a Estilística 
ocupa-se significação contextual e expressiva das palavras 
e expressões, baseando-se nas suas possibilidades de 
plurissignificação. Pode, também, dar conta de modelos de 
construção gramatical, desde que sirvam à expressividade. 
Contudo, sua principal área de atuação reside no par conotação/
denotação e no estabelecimento da linguagem figurada.
Normalmente encontraremos a base para a análise da 
Estilística nos textos literários, já que “a linguagem literária 
desvia-se, sistematicamente, da norma padrão com o objetivo 
de colocar em primeiro plano as propriedades linguísticas do 
texto e de desfamiliarizar as percepções automatizadas do leitor”. 
Outro campo de análise será a linguagem publicitária que utiliza 
diversos jogos de palavras e sentidos em sua tarefa de persuadir 
os consumidores.
LINGUAGEM FIGURADA
Procura da Poesia
(...)
Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra
(Carlos Drummond de Andrade)
O poeta Drummond ensina que as palavras podem apresentar 
múltiplos significados, dependendo do contexto em que as 
utilizemos. A essa possibilidade de uma palavra apresentar diversos 
sentidos chamamos polissemia. Alguns desses sentidos nos 
remetem à ideia original da palavra, isto é, seu sentido primordial, 
denotativo. Outros ganham um sentido dentro do contexto em que 
são usados, o chamado sentido figurado ou conotativo.
No mesmo poema, Drummond fala que as palavras, antes 
da poesia, ficam em “estado de dicionário”, isto é, apresentando 
apenas sua significação objetiva, ligada diretamente à necessidade 
em se nomear determinado ser ou processo. Contudo, podem-se 
usar as palavras atribuindo-lhes novos sentidos de acordo com a 
intenção, com o estilo a que se propõe. Alguns desses sentidos são 
absolutamente comuns (ainda que se distanciem do significado 
original) formados por associações ou aceitos culturalmente como 
tais. É o que ocorre com a palavra coração que, por extensão e 
associação, pode significar amor, paixão ou até mesmo ser usada 
como adjetivo.
Desta maneira, pode-se entender que as figuras de linguagem 
são manifestações do indivíduo na intenção estilística de explorar 
usos da língua em determinados contextos, buscando a superação 
da linguagem em prol de maior expressividade para o texto. 
É sempre útil alertar que as figuras dependem da intenção e, 
normalmente, do contexto em que são empregadas para que se as 
possa realmente considerar. 
Entre as várias maneiras de obterem-se tais efeitos, faz-se 
uma divisão entre as figuras. Duas delas apresentaremos aqui: 
aquelas que manifestam suas relações através de expressões 
que se revelam possuidoras de outros sentidos, as figuras de 
pensamento; e aqueles chamamos tropos linguísticos – por alguns 
considerados figuras de palavra – em que os termos são usados 
em sentido conotativo para sua realização.
FIGURAS DE PENSAMENTO
Antítese - Consiste na oposição entre duas ou mais ideias, 
onde os conceitos se contrapõem, mas não se excluem.
“Os jardins têm vida e morte”
No caso de os conceitos tornarem-se irrealizáveis, teremos um 
paradoxo:
“Rio de neve em fogo convertido”
L. Camões
Apóstrofe – é uma invocação ou interpelação direta às pessoas 
ou seres personificados.
“Deus! Ó Deus! Onde estás que não respondes?!”
Castro Alves
Comparação ou símile – é o estabelecimento de uma 
comparação entre duas ideias, através do uso explícito de um 
conectivo ou de uma construção marcantemente comparativa.
“Seus olhos brilhavam mais do que as estrelas”
“A saudade bateu foi que nem maré”
J. Vercillo
Eufemismo – é uma forma suave de expressar alguma 
mensagem desagradável, forte ou socialmente desvalorizada. 
Com o aparecimento do comportamento “politicamente correto”, o 
eufemismo ganha uso corrente, seja nas empresas – como forma 
de prestigiar funções subalternas com nomes imponentes – seja 
no cotidiano, em que o uso de algumas expressões passou a soar 
preconceituoso ou grosseiro.
“Ela deu o último suspiro”
“Meu avô trabalhava como um humilde chefe de recepção de 
edifícios”
Quando se utilizam expressões para satirizar ou mesmo fazer 
um uso popular diante determinada situação, temos o disfemismo.
“O bandido vestiu o paletó de madeira”
Gradação – configura-se como uma sequência de palavras, 
sejam sinônimas ou não, promovendo a intensificação de uma ideia.
“O trigo nasceu, cresceu, espigou, amadureceu, colheu-se, 
mediu-se”
Pe. Antônio Vieira
Hipérbole -  consiste no exagero deliberado de uma afirmação.
“Ela chorou rios de lágrimas”
Ironia – consiste em dizer justamente o oposto do que se 
pretende.
“Este goleiro é excelente: dez falhas numa única partida...”
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INTERPRETAÇÃO 08 FIGURAS DE LINGUAGEM I: FIGURAS DE PALAVRA E DE PENSAMENTO
Perífrase – é o emprego de vários vocábulos para expressar 
um único nome.
“O Poeta dos Escravos”
(Em lugar de Castro Alves)
Prosopopéia (ou Personificação) – é a atribuição de vida e 
vontade própria a seres inanimados.
“Os penhascos gemiam”
Sinestesia – consiste em mesclar numa mesma expressão 
sensações percebidas por diferentes órgãos do sentido.
“Um grito áspero revelava todo o seu medo.”
‘TROPOS’ LINGUÍSTICOS - AS 
FIGURAS DE PALAVRA
Consideram-se tropos as palavras tomadas fora de seu sentido 
original, explorando claramente as possibilidades de significação 
contextual, sendo utilizadas em sentido conotativo. É comum 
também a designação desse processocomo figuras de palavra.
Metáfora – figura que realça os aspectos conotativos de um 
vocábulo, ensejando uma comparação imediata.
“Seus olhos eram estrelas”
“Alessandra é uma flor”
Metonímia – Existe quando o significado sugerido pelo termo 
resulta de uma aproximação de ideias, empregando um termo no 
lugar de outro, com o qual mantém uma relação de contiguidade 
(autor pela obra, todo pela parte, lugar pelo produto, efeito pela 
causa etc.). Note que, quando se fala em metonímia, sempre 
haverá uma substituição de uma ideia pela outra.
“Vivem sem teto” (sem casa)
“Pegar um níquel” (uma moeda)
“Ele comeu dois pratos” (a comida contida nos pratos)
“Pedir a mão da moça em casamento” (a própria moça, não 
só a mão)
“Coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor 
do rosto.”
Machado de Assis
Catacrese – é a figura que confere novo emprego a um 
vocábulo, por falta de termos apropriados.
“O pé da mesa quebrou”
“Apoiou-se, então, nos braços da cadeira”
Antonomásia – é um caso especial de metonímia, através 
do qual um nome próprio é substituído por uma circunstância ou 
qualidade a ele intrinsecamente relacionada.
“O Genovês salta os mares...”
(Castro Alves)
(o termo “Genovês” se refere a Cristóvão Colombo)
PROTREINO
EXERCÍCIOS
01. Explique o que significa estilística.
02. Cite e defina duas figuras do pensamento.
03. Justifique por que o texto publicitário usa diversos recursos 
linguísticos, como jogos de palavras.
04. Explique o sentido de linguagem figurada.
05. Defina o que significa ‘estado de dicionário’.
PROPOSTOS
EXERCÍCIOS
01. (ENEM)
Metáfora 
Gilberto Gil 
Uma lata existe para conter algo Mas quando o poeta diz: 
"Lata" Pode estar querendo dizer o incontível 
Uma meta existe para ser um alvo Mas quando o poeta diz: "Meta" 
Pode estar querendo dizer o inatingível 
Por isso, não se meta a exigir do poeta Que determine o 
conteúdo em sua lata Na lata do poeta tudo-nada cabe Pois ao 
poeta cabe fazer Com que na lata venha caber O incabível 
Deixe a meta do poeta, não discuta Deixe a sua meta fora da 
disputa Meta dentro e fora, lata absoluta Deixe-a simplesmente 
metáfora. 
Disponível em: http://www.letras.terra.com.br. Acesso em: 5 fev. 2009. 
A metáfora é a figura de linguagem identificada pela comparação 
subjetiva, pela semelhança ou analogia entre elementos. O texto 
de Gilberto Gil brinca com a linguagem remetendo-nos a essa 
conhecida figura. O trecho em que se identifica a metáfora é: 
a) “Uma lata existe para conter algo”. 
b) “Mas quando o poeta diz: ’Lata’”. 
c) “Uma meta existe para ser um alvo”. 
d) “Por isso não se meta a exigir do poeta”. 
e) “Que determine o conteúdo em sua lata”. 
02. (ENEM)
TEXTO I
Onde está a honestidade?
Você tem palacete reluzente
Tem joias e criados à vontade
Sem ter nenhuma herança ou parente
Só anda de automóvel na cidade…
E o povo pergunta com maldade:
Onde está a honestidade?
Onde está a honestidade?
O seu dinheiro nasce de repente
E embora não se saiba se é verdade
Você acha nas ruas diariamente
Anéis, dinheiro e felicidade…
Vassoura dos salões da sociedade
Que varre o que encontrar em sua frente
Promove festivais de caridade
Em nome de qualquer defunto ausente…
ROSA, N. Disponível em: http://www.mpbnet.com.br. Acesso em: abr. 2010.
TEXTO II
Um vulto da história da música popular brasileira, reconhecido 
nacionalmente, é Noel Rosa. Ele nasceu em 1910, no Rio de Janeiro; 
portanto, se estivesse vivo, estaria completando 100 anos. Mas 
faleceu aos 26 anos de idade, vítima de tuberculose, deixando um 
acervo de grande valor para o patrimônio cultural brasileiro. Muitas 
de suas letras representam a sociedade contemporânea, como se 
tivessem sido escritas no século XXI.
Disponível em: http://www.mpbnet.com.br. Acesso em: abr. 2010.
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08 F IGURAS DE LINGUAGEM I: FIGURAS DE PALAVRA E DE PENSAMENTO
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INTERPRETAÇÃO
Um texto pertencente ao patrimônio literário-cultural brasileiro é 
atualizável, na medida em que ele se refere a valores e situações 
de um povo. A atualidade da canção Onde está a honestidade?, de 
Noel Rosa, evidencia-se por meio
a) da ironia, ao se referir ao enriquecimento de origem duvidosa 
de alguns.
b) da crítica aos ricos que possuem joias, mas não têm herança.
c) da maldade do povo a perguntar sobre a honestidade.
d) do privilégio de alguns em clamar pela honestidade.
e) da insistência em promover eventos benefi centes.
03.
I - DENTRO DA NOITE
(Manuel Bandeira)
Dentro da noite a vida canta
E esgarça névoas ao luar...
Fosco minguante o vale encanta.
Morreu pecando alguma santa...
A água não para de chorar. [...]
II - SONHO BRANCO
(Cruz e Sousa)
De linho e rosas brancas vais vestido,
Sonho virgem que cantas no meu peito!...
És do Luar o claro deus eleito,
Das estrelas puríssimas nascido. [...]
Após atenciosa leitura dos textos acima (textos de séculos 
diferentes: o primeiro, do início do século XX; o segundo, do fi nal 
do século XIX), considerando a falta de semelhança entre eles, 
identifi que uma fi gura de linguagem comum. 
a) Paradoxo
b) Catacrese
c) Sinestesia
d) Hipérbole
e) prosopopéia
04.
1 Triste Bahia! Oh quão dessemelhante
2 Estás, e estou do nosso antigo estado!
3 Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,
4 Rica te vejo eu já, tu a mi abundante.
5 A ti trocou-te a máquina mercante,
6 Que em tua larga barra tem entrado,
7 A mim foi-me trocando, e tem trocado
8 Tanto negócio, e tanto negociante.
9 Deste em dar tanto açúcar excelente
10 Pelas drogas inúteis, que abelhuda
11 Simples aceitas do sagaz Brichote.
12 Oh se quisera Deus, que de repente
13 Um dia amanheceras tão sisuda
14 Que fora de algodão o teu capote!
(MATOS, Gregório de. Poesias selecionadas. 3. ed. São Paulo: FTD, 1998. p. 141.)
Sobre fi guras de linguagem no poema, considere as afi rmativas a 
seguir.
I. A descrição do eu lírico e da Bahia confi gura uma antítese entre 
o estado antigo e o atual de ambos.
II. A antítese é verifi cada na oposição entre as expressões 
“máquina mercante” e “drogas inúteis”, embora ambas se 
refi ram à Bahia.
III. Os versos 3 e 4 são exemplos do papel relevante da gradação 
no conjunto do poema, pois enumeram estados de espírito do 
eu lírico.
IV. Os versos “Um dia amanheceras tão sisuda / Que fora de 
algodão o teu capote!” confi guram exemplos de personifi cação 
e metáfora, respectivamente.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afi rmativas I e IV são corretas.
b) Somente as afi rmativas II e III são corretas.
c) Somente as afi rmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afi rmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afi rmativas I, II e IV são corretas
05. (ENEM)
Aquarela
O corpo no cavalete
é um pássaro que agoniza
exausto do próprio grito.
As vísceras vasculhadas
principiam a contagem
regressiva.
No assoalho o sangue
se decompõe em matizes
que a brisa beija e balança:
o verde - de nossas matas
o amarelo - de nosso ouro
o azul - de nosso céu
o branco o negro o negro
CACASO. In: HOLLANDA, H. B (Org.). 26 poetas hoje. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2007.
Situado na vigência do Regime Militar que governou o Brasil, 
na década de 1970, o poema de Cacaso edifi ca uma forma de 
resistência e protesto a esse período, metaforizando
a) as artes plásticas, deturpadas pela repressão e censura.
b) a natureza brasileira, agonizante como um pássaro enjaulado.
c) o nacionalismo romântico, silenciado pela perplexidade com a 
Ditadura.
d) o emblema nacional, transfi gurado pelas marcas do medo e 
da violência.
e) as riquezas da terra, espoliadas durante o aparelhamento do 
poder armado.
06. (ENEM)
Disponível em: www.portaldapropaganda.com.br. Acesso em: 29. out. 2013 (adaptado).
Os meios de comunicação podem contribuir para a resolução de 
problemas sociais, entre os quais o da violência sexual infantil. 
Nesse sentido, a propaganda usa a metáfora do pesadelo para
a) informar crianças vítimas de abuso sexual sobre os perigos 
dessa prática, contribuindo para erradicá-la.b) denunciar ocorrências de abuso sexual contra meninas, com o 
objetivo de colocar criminosos na cadeia.
c) dar a devida dimensão do que é o abuso sexual para uma 
criança, enfatizando a importância da denúncia.
d) destacar que a violência sexual infantil predomina durante 
a noite, o que requer maior cuidado dos responsáveis nesse 
período.
e) chamar a atenção para o fato de o abuso infantil ocorrer 
durante o sono, sendo confundido por algumas crianças com 
um pesadelo.
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INTERPRETAÇÃO 08 FIGURAS DE LINGUAGEM I: FIGURAS DE PALAVRA E DE PENSAMENTO
07. (ENEM)
Aquele bêbado
— Juro nunca mais beber — e fez o sinal da cruz com os indicadores. 
Acrescentou: — Álcool.
O mais ele achou que podia beber. Bebia paisagens, músicas de 
Tom Jobim, versos de Mário Quintana. Tomou um pileque de 
Segall. Nos fins de semana, embebedava-se de Índia Reclinada, de 
Celso Antônio.
— Curou-se 100% do vício — comentavam os amigos. Só ele sabia 
que andava mais bêbado que um gambá. Morreu de etilismo 
abstrato, no meio de uma carraspana de pôr do sol no Leblon, e seu 
féretro ostentava inúmeras coroas de ex-alcoólatras anônimos.
ANDRADE, C. D. Contos plausíveis. Rio de Janeiro: Record, 1991.
A causa mortis do personagem, expressa no último parágrafo, 
adquire um efeito irônico no texto porque, ao longo da narrativa, 
ocorre uma
a) metaforização do sentido literal do verbo “beber”.
b) aproximação exagerada da estética abstracionista.
c) apresentação gradativa da coloquialidade da linguagem.
d) exploração hiperbólica da expressão “inúmeras coroas”.
e) citação aleatória de nomes de diferentes artistas.
08. (ENEM)
O açúcar
O branco açúcar que adoçará meu café
nesta manhã de Ipanema
não foi produzido por mim
nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.
Vejo-o puro
e afável ao paladar
como beijo de moça, água
na pele, flor
que se dissolve na boca. Mas este açúcar
não foi feito por mim.
Este açúcar veio
da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira,
[dono da mercearia.
Este açúcar veio
de uma usina de açúcar em Pernambuco
ou no Estado do Rio
e tampouco o fez o dono da usina.
Este açúcar era cana
e veio dos canaviais extensos
que não nascem por acaso
no regaço do vale.
(...)
Em usinas escuras,
homens de vida amarga
e dura
produziram este açúcar
branco e puro
com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.
Ferreira Gullar. Toda Poesia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980, p. 227-8.
A antítese que configura uma imagem da divisão social do trabalho 
na sociedade brasileira é expressa poeticamente na oposição entre 
a doçura do branco açúcar e
a) o trabalho do dono da mercearia de onde veio o açúcar.
b) o beijo de moça, a água na pele e a flor que se dissolve na boca.
c) o trabalho do dono do engenho em Pernambuco, onde se 
produz o açúcar.
d) a beleza dos extensos canaviais que nascem no regaço do vale.
e) o trabalho dos homens de vida amarga em usinas escuras.
09. (ENEM)
TEXTO I
Onde está a honestidade?
Você tem palacete reluzente
Tem joias e criados à vontade
Sem ter nenhuma herança ou parente
Só anda de automóvel na cidade...
E o povo pergunta com maldade:
Onde está a honestidade?
Onde está a honestidade?
O seu dinheiro nasce de repente
E embora não se saiba se é verdade
Você acha nas ruas diariamente
Anéis, dinheiro e felicidade...
Vassoura dos salões da sociedade
Que varre o que encontrar em sua frente
Promove festivais de caridade
Em nome de qualquer defunto ausente...
ROSA, N. Disponível em: http://www.mpbnet.com.br. Acesso em: abr. 2010
TEXTO II
Um vulto da história da música popular brasileira, reconhecido 
nacionalmente, é Noel Rosa. Ele nasceu em 1910, no Rio de Janeiro; 
portanto, se estivesse vivo, estaria completando 100 anos. Mas 
faleceu aos 26 anos de idade, vítima de tuberculose, deixando um 
acervo de grande valor para o patrimônio cultural brasileiro. Muitas 
de suas letras representam a sociedade contemporânea, como se 
tivessem sido escritas no século XXI.
Disponível em: http://www.mpbnet.com.br. Acesso em: abr. 2010.
Um texto pertencente ao patrimônio literário-cultural brasileiro é 
atualizável, na medida em que ele se refere a valores e situações 
de um povo. A atualidade da canção Onde está a honestidade?, de 
Noel Rosa, evidencia-se por meio
a) da ironia, ao se referir ao enriquecimento de origem duvidosa 
de alguns.
b) da crítica aos ricos que possuem joias, mas não têm herança.
c) da maldade do povo a perguntar sobre a honestidade.
d) do privilégio de alguns em clamar pela honestidade.
e) da insistência em promover eventos beneficentes.
10. (ENEM) Oximoro, ou paradoxismo, é uma figura de retórica em 
que se combinam palavras de sentido oposto que parecem excluir-
se mutuamente, mas que, no contexto, reforçam a expressão.
Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa.
Considerando a definição apresentada, o fragmento poético da 
obra Cantares, de Hilda Hilst, publicada em 2004, em que pode ser 
encontrada a referida figura de retórica é:
a) “Dos dois contemplo 
rigor e fixidez. 
Passado e sentimento 
me contemplam”.
b) “De sol e lua 
De fogo e vento 
Te enlaço”.
c) “Areia, vou sorvendo 
A água do teu rio”.
d) “Ritualiza a matança 
de quem só te deu vida. 
E me deixa viver 
nessa que morre”.
e) “O bisturi e o verso. 
Dois instrumentos 
entre as minhas mãos”. 
11. (IFSP 2016)
Tintim
Durante alguns anos, o tintim me intrigou. Tintim por tintim: 
o que queria dizer aquilo? Imaginei que fosse alguma misteriosa 
medida de outros tempos que sobrevivera ao sistema métrico, 
como a braça, a légua, etc. Outro mistério era o triz. Qual a exata 
definição de um triz? É uma subdivisão de tempo ou de espaço. As 
coisas deixam de acontecer por um triz, por uma fração de segundo 
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08 FIGURAS DE LINGUAGEM I: FIGURAS DE PALAVRA E DE PENSAMENTO
139
INTERPRETAÇÃO
ou de milímetro. Mas que fração? O triz talvez correspondesse a 
meio tintim, ou o tintim a um décimo de triz. 
Tanto o tintim quanto o triz pertenceriam ao obscuro mundo 
das microcoisas. 
Há quem diga que não existe uma fração mínima de matéria, 
que tudo pode ser dividido e subdividido. Assim como existe o 
infinito para fora – isto é, o espaço sem fim, depois que o Universo 
acaba – existiria o infinito para dentro. A menor fração da menor 
partícula do último átomo ainda seria formada por dois trizes, e 
cada triz por dois tintins, e cada tintim por dois trizes, e assim por 
diante, até a loucura. 
Descobri, finalmente, o que significa tintim. É verdade que, 
se tivesse me dado o trabalho de olhar no dicionário mais cedo, 
minha ignorância não teria durado tanto. Mas o óbvio, às vezes, é 
a última coisa que nos ocorre. Está no Aurelião. Tintim, vocábulo 
onomatopaico que evoca o tinido das moedas. 
Originalmente, portanto, "tintim por tintim" indicava um 
pagamento feito minuciosamente, moeda por moeda. Isso no tempo 
em que as moedas, no Brasil, tiniam, ao contrário de hoje, quando 
são feitas de papelão e se chocam sem ruído. Numa investigação 
feita hoje da corrupção no país tintim por tintim ficaríamos tinindo 
sem parar e chegaríamos a uma nova concepção de infinito. 
Tintim por tintim. A menina muito dada namoraria sim-sim por 
sim-sim. O gordo incontrolável progrediria pela vida quindim por 
quindim. O telespectador habitual viveria plim-plim por plim-plim. 
E você e eu vamos ganhando nosso salário tin por tin (olha aí, a 
inflação já levou dois tins). 
Resolvido o mistério do tintim, que não é uma subdivisão nem 
de tempo nem de espaço nem de matéria, resta o triz. O Aurelião 
não nos ajuda. "Triz", diz ele, significa por pouco. Sim, mas que 
pouco? Queremos algarismos, vírgulas, zeros, definições para "triz". 
Substantivo feminino. Popular. 
"Icterícia." Triz quer dizer icterícia. Ou teremos que mudar 
todas as nossas teorias sobre o Universo ou teremos que mudar 
de assunto. Acho melhor mudar de assunto.O Universo já tem problemas demais. 
(VERÍSSIMO, Luis Fernando. Comédias para ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.) 
Considere o trecho: “O Aurelião não nos ajuda. "Triz", diz ele, 
significa por pouco”. A figura de linguagem presente no trecho é: 
f) metáfora. 
g) antítese. 
h) hipérbole. 
i) eufemismo. 
j) personificação. 
12. (UNICAMP)
Morro da Babilônia
À noite, do morro
descem vozes que criam o terror
(terror urbano, cinquenta por cento de cinema,
e o resto que veio de Luanda ou se perdeu na língua Geral).
Quando houve revolução, os soldados
espalharam no morro,
o quartel pegou fogo, eles não voltaram.
Alguns, chumbados, morreram.
O morro ficou mais encantado.
Mas as vozes do morro
não são propriamente lúgubres.
Há mesmo um cavaquinho bem afinado
que domina os ruídos da pedra e da folhagem
e desce até nós, modesto e recreativo,
como uma gentileza do morro.
(Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo. São Paulo: Companhia das 
Letras, 2012, p.19.)
No poema “Morro da Babilônia”, de Carlos Drummond de Andrade,
k) a menção à cidade do Rio de Janeiro é feita de modo indireto, 
metonimicamente, pela referência ao Morro da Babilônia.
l) o sentimento do mundo é representado pela percepção 
particular sobre a cidade do Rio de Janeiro, aludida pela 
metáfora do Morro da Babilônia.
m) o tratamento dado ao Morro da Babilônia assemelha-se ao 
que é dado a uma pessoa, o que caracteriza a figura de estilo 
denominada paronomásia.
n) a referência ao Morro da Babilônia produz, no percurso 
figurativo do poema, um oximoro: a relação entre terror e 
gentileza no espaço urbano.
13. 
A tirinha denota a postura assumida por seu produtor frente ao 
uso social da tecnologia para fins de interação e de informação. 
Tal posicionamento é expresso, de forma argumentativa, por meio 
de uma atitude 
a) crítica, expressa pelas ironias. 
b) resignada, expressa pelas enumerações. 
c) indignada, expressa pelos discursos diretos. 
d) agressiva, expressa pela contra-argumentação. 
e) alienada, expressa pela negação da realidade. 
14. (IFAL 2018) Antítese é a figura de linguagem que ocorre quando 
há uma aproximação de palavras ou expressões de sentidos 
opostos. Assinale a opção em que há uma antítese. 
a) "O homem é uma substância vivente, sensitiva, racional. O pó vive? 
Não. Pois como é pó o vivente? O pó sente? Não. Pois como é pó o 
sensitivo? O pó entende e discorre? Não. Pois como é pó o racional?" 
(VIEIRA, Antônio Pe. Sermões, Erechim: Edelbra, 1998, p. 56) 
b) "Vou-me embora pra Pasárgada / Lá sou amigo do rei / Lá 
tenho a mulher que eu quero / Na cama que escolherei / Vou-
me embora pra Pasárgada." (Texto extraído do livro Bandeira a 
Vida Inteira, Rio de Janeiro: Editora Alumbramento, 1986, p. 90) 
c) "O Trivium explica que a lógica é a arte da dedução. Na qualidade 
de seres pensantes, sabemos alguma coisa e desse saber 
podemos deduzir um novo saber, um novo conhecimento." 
(MIRIAM, Joseph. O Trivium: as artes liberais da lógica, gramática 
e retórica: entendendo a natureza e a função da linguagem. Trad.: 
Henrique Paul Dimyterko. São Paulo: É Realizações, 2008, p. 24) 
d) "Mas que o homem, pela necessidade de sua natureza, busque 
não existir, ou mudar de forma, isso é tão impossível quanto criar 
algo a partir de nada, como todos podem concluir meditando um 
pouco." (MARCONDES, Danilo. Textos básicos de ética: de Platão 
a Foucault. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, p. 75) 
e) "Deve-se reconhecer que muitas proposições mencionam a 
“quantidade” mais especificamente do que as proposições de 
forma típica." (COPI, Irving. Introdução à Lógica. Trad.: Álvaro 
Cabral. 2.ª ed. São Paulo: Mestre Jou, 1978, p. 200) 
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INTERPRETAÇÃO 08 FIGURAS DE LINGUAGEM I: FIGURAS DE PALAVRA E DE PENSAMENTO
15. (UNIFESP)
Maria Bofetão
A surra que Maria Clara aplicou na vilã Laura levantou a 
audiência da novela Celebridade.
Na segunda-feira passada, 28 tabefes bem aplicados pela 
heroína Maria Clara (Malu Mader) derrubaram a ignóbil Laura 
(Cláudia Abreu) e levantaram a audiência de Celebridade, a novela 
das 8 da Globo. (…)
Tanto a mocinha quanto a vilã ganharam nova dimensão 
nos últimos tempos. Maria Clara, depois de perder sua fortuna, 
deixou de ser apenas uma patricinha magnânima e insossa, a 
aborrecida Maria Chata. Ela ganhou fibra e mostrou que não tem 
sangue de barata. Quanto à Laura, ficou claro que sua maldade 
tem proporções oceânicas: continuou com suas perfídias mesmo 
depois de conquistar a fama e o dinheiro que almejava. Por tripudiar 
tanto assim sobre a inimiga, atraiu o ódio dos noveleiros. 
(Veja, 05.05.2004.)
Em “Quanto à Laura, ficou claro que sua maldade tem proporções 
oceânicas”, a figura de linguagem presente é
a) uma metáfora, já que compara a maldade com o oceano.
b) uma hipérbole, pois expressa a ideia de uma maldade 
exagerada.
c) um eufemismo, já que não afirma diretamente o quanto há de 
maldade.
d) uma ironia, pois se reconhece a maldade, mas ficam 
pressupostos outros sentidos.
e) um pleonasmo, já que entre maldade e oceânicas há uma 
repetição de sentido.
16. (EEAR 2019) Leia:
I. O Rio Doce entrou em agonia, após o desastre que poluiu suas 
águas com lama.
II. Suas águas, claras, estão agora escuras, de mãos 
irresponsáveis que a sujaram.
Nas frases há, respectivamente, as seguintes figuras de linguagem: 
a) Eufemismo – Prosopopeia. 
b) Prosopopeia – Antítese. 
c) Antítese – Prosopopeia. 
d) Eufemismo – Antítese. 
17. (CP2 2019)
Do Velho ao Jovem
Na face do velho
as rugas são letras,
palavras escritas na carne,
abecedário do viver.
Na face do jovem
o frescor da pele
e o brilho dos olhos
são dúvidas.
Nas mãos entrelaçadas
de ambos,
o velho tempo
funde-se ao novo,
e as falas silenciadas
explodem.
O que os livros escondem,
as palavras ditas libertam.
E não há quem ponha
um ponto final na história 
Infinitas são as personagens…
Vovó Kalinda, Tia Mambene,
Primo Sendó, Ya Tapuli,
Menina Meká, Menino Kambi,
Neide do Brás, Cíntia da Lapa,
Piter do Estácio, Cris de Acari,
Mabel do Pelô, Sil de Manaíra
E também de Santana e de Belô
e mais e mais, outras e outros…
Nos olhos do jovem
também o brilho de muitas histórias.
E não há quem ponha
um ponto final no rap
É preciso eternizar as palavras
da liberdade ainda e agora…
Texto de Conceição Evaristo publicado no livro Poemas da recordação e outros 
movimentos (Belo Horizonte: Nandyala, 2008).
Em “as rugas são letras” (linha 2), foi empregada como recurso 
estilístico a figura de linguagem 
a) antítese. 
b) hipérbole. 
c) metáfora. 
d) metonímia. 
18. (CP2 2019)
Coleção 
Colecionamos objetos 
mas não o espaço 
entre os objetos 
fotos 
mas não o tempo 
entre as fotos 
selos 
mas não 
viagens 
lepidópteros 
mas não 
seu voo 
garrafas 
mas não 
a memória da sede 
discos 
mas nunca 
o pequeno intervalo de silêncio 
entre duas canções 
MARQUES, Ana Martins. O livro das semelhanças. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. 
Quanto aos termos relacionados no poema, pode-se identificar 
uma antítese entre 
a) “fotos” e “tempo”. 
b) “selos” e “viagens”. 
c) “silêncio” e “canções”. 
d) “lepidópteros” e “voo”. 
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08 FIGURAS DE LINGUAGEM I: FIGURAS DE PALAVRA E DE PENSAMENTO
141
INTERPRETAÇÃO
19. (IME 2019)
O elefante
Fabrico um elefante
de meus poucos recursos.
Um tanto de madeira
tirado a velhos móveis
talvez lhe dê apoio.
E o encho de algodão,
de paina, de doçura.
A cola vai fixar
suas orelhas pensas.
A tromba se enovela,
é a parte mais feliz
de sua arquitetura.
Mas há também as presas,
dessa matéria pura
que não sei figurar.
Tão alva essa riqueza
a espojar-se nos circos
sem perda ou corrupção.
E há por fim os olhos,
onde se deposita
a parte do elefante
mais fluida e permanente,
alheia a toda fraude.
Eis o meu pobre elefante
pronto para sair
à procura deamigos
num mundo enfastiado
que já não crê em bichos
e duvida das coisas.
Ei-lo, massa imponente
e frágil, que se abana
e move lentamente
a pele costurada
onde há flores de pano
e nuvens, alusões
a um mundo mais poético
onde o amor reagrupa
as formas naturais.
Vai o meu elefante
pela rua povoada,
mas não o querem ver
nem mesmo para rir
da cauda que ameaça
deixá-lo ir sozinho.
É todo graça, embora
as pernas não ajudem
e seu ventre balofo
se arrisque a desabar
ao mais leve empurrão.
Mostra com elegância
sua mínima vida,
e não há cidade
alma que se disponha
a recolher em si
desse corpo sensível
a fugitiva imagem,
o passo desastrado
mas faminto e tocante.
Mas faminto de seres
e situações patéticas,
de encontros ao luar
no mais profundo oceano,
sob a raiz das árvores
ou no seio das conchas,
de luzes que não cegam
e brilham através
dos troncos mais espessos.
Esse passo que vai
sem esmagar as plantas
no campo de batalha,
à procura de sítios,
segredos, episódios
não contados em livro,
de que apenas o vento,
as folhas, a formiga
reconhecem o talhe,
mas que os homens ignoram,
pois só ousam mostrar-se
sob a paz das cortinas
à pálpebra cerrada.
E já tarde da noite
volta meu elefante,
mas volta fatigado,
as patas vacilantes
se desmancham no pó.
Ele não encontrou
o de que carecia,
o de que carecemos,
eu e meu elefante,
em que amo disfarçar-me.
Exausto de pesquisa,
caiu-lhe o vasto engenho
como simples papel.
A cola se dissolve
e todo o seu conteúdo
de perdão, de carícia,
de pluma, de algodão,
jorra sobre o tapete,
qual mito desmontado.
Amanhã recomeço.
ANDRADE, Carlos Drummond de. O Elefante. 9ª ed. - São Paulo: Editora Record, 1983. 
Considere os versos 95 a 98 do poema, transcritos abaixo:
“e todo o seu conteúdo
de perdão, de carícia,
de pluma, de algodão,
jorra sobre o tapete,”
A figura de linguagem construída a partir de uma relação entre os campos semânticos evocados pelo título do poema e de seus versos 
acima destacados é a (o) 
a) ambiguidade. b) apóstrofe. c) antítese. d) eufemismo. e) metonímia. 
20. (CFTMG 2018) 
A alegria
O sofrimento não tem
nenhum valor
não acende um halo
em volta de tua cabeça, não
ilumina trecho algum
de tua carne escura
(nem mesmo o que iluminaria
a lembrança ou a ilusão
de uma alegria).
Sofres tu, sofre
um cachorro ferido, um inseto
que o inseticida envenena.
Será maior a tua dor
que a daquele gato que viste
a espinha quebrada a pau
arrastando-se a berrar pela sarjeta
sem ao menos poder morrer?
A justiça é moral, a injustiça
não. A dor
te iguala a ratos e baratas
que também de dentro dos esgotos
espiam o sol
e no seu corpo nojento
de entre fezes
querem estar contentes.
GULLAR, Ferreira. Na vertigem do dia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980.
Na segunda estrofe, o questionamento do eu lírico é expresso por meio de uma 
a) metáfora da impotência diante da morte iminente. 
b) antítese entre as ideias de sofrimento e de alegria. 
c) comparação entre a dor humana e a dor do gato. 
d) hipérbole da violência cometida contra o animal. 
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INTERPRETAÇÃO 08 FIGURAS DE LINGUAGEM I: FIGURAS DE PALAVRA E DE PENSAMENTO
APROFUNDAMENTO
EXERCÍCIOS DE
01. (CP2 2014) 
Uma música que seja...
...como os mais belos harmônicos da natureza. Uma música que 
seja como o som do vento na cordoalha dos navios, aumentando 
gradativamente de tom até atingir aquele em que se cria uma reta 
ascendente para o infinito. Uma música que seja como o som 
do vento numa enorme harpa plantada no deserto. Uma música 
que seja como a nota lancinante deixada no ar por um pássaro 
que morre. Uma música que seja como o som dos altos ramos 
das grandes árvores vergadas pelos temporais. Uma música que 
seja como o ponto de reunião de muitas vozes em busca de uma 
harmonia nova. Uma música que seja como o voo de uma gaivota 
numa aurora de novos sons.
(Moraes, Vinícius de. Poesia completa e prosa: volume único/ Organização Eucanaã 
Ferraz._ Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2004. Pág. 623)
Vocabulário:
Cordoalha – conjunto de cordas de várias espécies, geralmente 
usado em navios.
Lancinante – pungente; que aflige, que atormenta. 
No texto, o eu lírico relaciona a música à natureza por meio de qual 
figura de linguagem? 
02.
Texto 1
A primeira vez que vim ao Rio de Janeiro foi em 1855.
Poucos dias depois da minha chegada, um amigo e 
companheiro de infância, o Dr. Sá, levou-me à festa da Glória; uma 
das poucas
festas populares da corte. Conforme o costume, a grande 
romaria desfilando pela Rua da Lapa e ao longo do cais, serpejava 
nas faldas do outeiro e apinhava-se em torno da poética ermida, 
cujo âmbito regurgitava com a multidão do povo.
Era ave-maria quando chegamos ao adro; perdida a esperança 
de romper a mole de gente que murava cada uma das portas da 
igreja, nos resignamos a gozar da fresca viração que vinha do 
mar, contemplando o delicioso panorama da baía e admirando 
ou criticando as devotas que também tinham chegado tarde e 
pareciam satisfeitas com a exibição de seus adornos.
Enquanto Sá era disputado pelos numerosos amigos e 
conhecidos, gozava eu da minha tranquila e independente 
obscuridade, sentado comodamente sobre a pequena muralha e 
resolvido a estabelecer ali o meu observatório. Para um provinciano 
recém-chegado à corte, que melhor festa do que ver passar-lhe 
pelos olhos, à doce luz da tarde, uma parte da população desta 
grande cidade, com os seus vários matizes e infinitas gradações?
Todas as raças, desde o caucasiano sem mescla até o africano 
puro; todas as posições, desde as ilustrações da política, da fortuna 
ou do talento, até o proletário humilde e desconhecido; todas as 
profissões, desde o banqueiro até o mendigo; finalmente, todos os 
tipos grotescos da sociedade brasileira, desde a arrogante nulidade 
até a vil lisonja, desfilaram em face de mim, roçando a seda e a 
casimira pela baeta ou pelo algodão, misturando os perfumes 
delicados às impuras exalações, o fumo aromático do havana às 
acres baforadas do cigarro de palha.
(ALENCAR, José de. Lucíola. São Paulo: Editora Ática, 1988, p.12.)
Texto 2
Quando a manhã chuvosa nasceu, as pessoas que passavam 
para o trabalho se aproximavam dos corpos para ver se eram 
conhecidos, seguiam em frente. Lá pelas nove horas, Cabeça de 
Nós Todo, que entrara de serviço às sete e trinta, foi ver o corpo do 
ladrão. Ao retirar o lençol de cima do cadáver, concluiu: “É bandido”. 
O defunto tinha duas tatuagens, a do braço esquerdo era uma
mulher de pernas abertas e olhos fechados, a do direito, 
são Jorge guerreiro. E, ainda, calçava chinelo Charlote, vestia 
calça boquinha, camiseta de linha colorida confeccionada por 
presidiários. Porém, quando apontou na extremidade direita 
da praça da Quadra Quinze, em seu coração de policial, nos 
passos que lhe apresentavam a imagem do corpo de Francisco, 
um nervosismo brando foi num crescente ininterrupto até virar 
desespero absoluto. O presunto era de um trabalhador.
(LINS, Paulo. Cidade de Deus. São Paulo: Companhia das Letras, 2002, p 55-56.)
a) No último parágrafo do Texto 1, Alencar contrasta a seda e o 
algodão, o havana e o cigarro de palha. Explique a natureza 
desse contraste explicitando conotações associáveis a tais 
expressões substantivas.
b) Reproduzimos a seguir um outro fragmento do livro Lucíola, de 
José de Alencar (um diálogo entre os personagens Paulo e Sá).
- Quem é esta senhora? perguntei a Sá. [...]
- NÃO É UMA SENHORA, PAULO! É UMA MULHER BONITA. 
QUERES CONHECÊ-LA?
Transforme em discurso indireto a frase destacada nesse diálogo, 
dando continuidade à seguinte estrutura: Paulo perguntou a Sá 
quem era aquela senhora. Este respondeu-lhe que ... 
03. (UERJ 2016) 
VAGABUNDO
Eu durmo e vivo ao sol como um cigano,
Fumando meu cigarro vaporoso;
Nas noites de verão namoro estrelas;
Sou pobre, sou mendigo e sou 1ditoso!
Ando roto, sem bolsos nem dinheiro
Mas tenho na viola uma riqueza:
Canto à lua de noite serenatas,
E quem vive de amornão tem pobreza.
(...)
Oito dias lá vão que ando cismado
Na donzela que ali defronte mora.
Ela ao ver-me sorri tão docemente!
Desconfio que a moça me namora!...
Tenho por meu palácio as longas ruas;
Passeio a gosto e durmo sem temores;
Quando bebo, sou rei como um poeta,
E o vinho faz sonhar com os amores.
O degrau das igrejas é meu trono,
Minha pátria é o vento que respiro,
Minha mãe é a lua macilenta,
E a preguiça a mulher por quem suspiro.
Escrevo na parede as minhas rimas,
De painéis a carvão adorno a rua;
Como as aves do céu e as flores puras
Abro meu peito ao sol e durmo à lua.
(...)
Ora, se por aí alguma bela
Bem doirada e amante da preguiça
Quiser a 2nívea mão unir à minha,
Há de achar-me na Sé, domingo, à Missa.
Álvares de Azevedo 
Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000.
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08 FIGURAS DE LINGUAGEM I: FIGURAS DE PALAVRA E DE PENSAMENTO
143
INTERPRETAÇÃO
1ditoso − feliz
2nívea − branca 
Sou pobre, sou mendigo e sou ditoso! (v. 4)
O verso acima reúne dois traços que podem ser considerados inconciliáveis. 
Explicite esses traços e nomeie duas figuras de linguagem que reforçam o significado do verso. 
04. (UNESP 2018) Para responder à(s) questão(ões), leia o soneto de Raimundo Correia (1859-1911).
Esbraseia o Ocidente na agonia
O sol... Aves em bandos destacados,
Por céus de ouro e de púrpura raiados,
Fogem... Fecha-se a pálpebra do dia...
Delineiam-se, além, da serrania
Os vértices de chama aureolados,
E em tudo, em torno, esbatem derramados
Uns tons suaves de melancolia...
Um mundo de vapores no ar flutua...
Como uma informe nódoa, avulta e cresce
A sombra à proporção que a luz recua...
A natureza apática esmaece...
Pouco a pouco, entre as árvores, a lua
Surge trêmula, trêmula... Anoitece.
(Poesia completa e prosa, 1961.) 
a) Há no soneto menção a um sentimento que permeia e circunda a natureza retratada. Que sentimento é esse? Do que decorre tal 
sentimento?
b) Verifica-se na terceira estrofe a ocorrência de uma antítese. Que termos configuram essa antítese? 
05. (UNESP 2017) Leia o soneto “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades” do poeta português Luís Vaz de Camões (1525?-1580) 
para responder à questãoa seguir.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
muda-se o ser, muda-se a confiança;
todo o mundo é composto de mudança,
tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
diferentes em tudo da 1esperança;
do mal ficam as mágoas na lembrança,
e do bem – se algum houve –, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
que já coberto foi de neve fria,
e enfim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
outra mudança faz de 2mor espanto:
que não se muda já como 3soía.
Sonetos, 2001.
1esperança: esperado.
2mor: maior.
3soer: costumar (soía: costumava).
A sinestesia (do grego syn, que significa “reunião”, “junção”, “ao mesmo tempo”, e aisthesis, “sensação”, “percepção”) designa a transferência 
de percepção de um sentido para outro, isto é, a fusão, num só ato perceptivo, de dois sentidos ou mais.
(Massaud Moisés. Dicionário de termos literários, 2004. Adaptado.)
Transcreva o verso em que se verifica a ocorrência de sinestesia. Justifique sua resposta.
Reescreva o verso da terceira estrofe “que já coberto foi de neve fria”, adaptando-o para a ordem direta e substituindo o pronome “que” 
pelo seu referente. 
GABARITO
 EXERCÍCIOS PROPOSTOS
01. E
02. A
03. E
04. A
05. D
06. C
07. A
08. E
09. A
10. D
11. E
12. A
13. A
14. A
15. B
16. B
17. C
18. D
19. C
20. C
 EXERCÍCIOS DE APROFUNDAMENTO
01. A palavra “como” é típica da figura de linguagem da comparação. No texto, observa-se que o eu lírico está, a todo momento, comparando a música à natureza a partir dessa palavra, 
como visto, por exemplo, no trecho “Uma música que seja como o som do vento numa enorme harpa plantada no deserto.” 
02. 
a) Na referida passagem, José de Alencar explora as diferenças socioeconômicas entre os personagens da cena urbana que descreve. Utilizando-se de metonímia, a seda e o havana 
conotam a riqueza e o status das classes socialmente privilegiadas, enquanto o algodão e o cigarro de palha evocam a condição desfavorecida das classes populares. 
b) Paulo perguntou a Sá quem era aquela senhora. Este respondeu-lhe que não se tratava de uma senhora, mas sim de uma mulher bonita. Em seguida, perguntou a ele se desejava 
conhecê-la.
03. Traços que caracterizam o verso: pobreza/mendicância × felicidade. 
Tem-se aí algumas figuras de linguagem e de pensamento como a antítese, ou seja, há contradição entre ser muito pobre e ser feliz (ditoso). Há uma gradação quando a ordem de 
apresentação é pobre, mendigo e ditoso, que quer dizer feliz. A anáfora fica por conta do verbo sou repetido em cada período por coordenação. 
04. 
a) No soneto “Anoitecer”, o poeta descreve o final do dia incorporando à paisagem uma profunda melancolia. Embora vinculada à estética parnasiana, a obra de Raimundo Correia 
evolui, iniciando sua carreira como romântico, para depois adotar o parnasianismo até se aproximar, em alguns poemas, com a escola simbolista. Assim, o final do dia sugere 
também o declínio da vida, o que gera reflexões e sentimentos de tristeza e melancolia sobre a passagem do tempo, a transitoriedade e efemeridade das coisas.
a) Na terceira estrofe, os termos “sombra” e “luz” configuram uma antítese, figura de estilo que recorre a termos, palavras ou orações que se opõem quanto ao sentido para conferir 
mais expressividade ao texto. 
05. No verso “e enfim converte em choro o doce canto”, ocorre a sinestesia, transferência de percepção do sentido gustativo (doce) para o auditivo (canto). Se o verso “que já coberto foi 
de neve fria” fosse reescrito na ordem direta e o pronome “que” substituído pelo seu referente, teríamos a seguinte redação: “o chão de verde manto já foi coberto de neve fria”. 
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INTERPRETAÇÃO 08 FIGURAS DE LINGUAGEM I: FIGURAS DE PALAVRA E DE PENSAMENTO
ANOTAÇÕES
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INTERPRETAÇÃO
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FIGURAS DE LINGUAGEM II: FIGURAS 
DE CONSTRUÇÃO E DE HARMONIA09
FIGURAS DE CONSTRUÇÃO 
OU DE SINTAXE
As figuras de sintaxe caracterizam-se por alterarem de alguma 
maneira as regras tradicionais da Gramática, isto é, a coesão 
normativa é substituída por uma coesão significativa, condicionada 
pelo contexto geral e pela situação, em busca de maior 
expressividade. Com isso, encontraremos repetições de termos, 
inversão de elementos, discordância entre outras modificações.
Podemos classificá-las em grupos:
1. por repetição
2. por omissão
3. transposição
4. discordância
FIGURAS DE CONSTRUÇÃO POR REPETIÇÃO
Anáfora - é a repetição de um termo ao início de versos ou 
frases.
“Tudo é silêncio, tudo (é) calma, tudo (é) mudez”
Olavo Bilac
Pleonasmo - repetição desnecessária de um termo já expresso, 
com valor enfático. Note que tal repetição tem de apresentar valor 
estilístico, do contrário será considerado vicioso. Podemos ainda 
dividir o pleonasmo em sintático e semântico.
1. Pleonasmo sintático - É a repetição de um termo da 
oração, normalmente por referência pronominal.
“A mim, não me agradam tais comentários”
2. Pleonasmo semântico - Consiste na repetição das ideias 
presentes nos termos.
“Sonhei que estava sonhando um sonho sonhado”
Martinho da Vila
Polissíndeto - emprego reiterado de conectivos entre elemen-
tos coordenados.
“Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua”
Olavo Bilac
FIGURAS DE CONSTRUÇÃO POR OMISSÃO
Assíndeto - omissão do conectivo entre termos coordenados.
“A barca vinha perto, chegou, atracou, entramos.”
Machado de Assis
Elipse - omissão de um termo da oração, facilmente percebido 
pelo contexto.
Um cavalheiro. Até na miséria, um cavalheiro.
Faltei à prova.
Zeugma - tipo de elipse em que um termo participa de duas ou 
mais orações, porém sóaparece em uma única vez.
Eu fiz uma parte, Antônio fez outra e Sueli fez a última.
FIGURAS DE CONSTRUÇÃO 
POR TRANSPOSIÇÃO
Hipérbato - inversão da ordem natural das palavras na oração 
ou da ordem das orações no período. Existe, então, a introdução de 
uma expressão no interior de outro sintagma. Também é chamada 
de “inversão”.
“A casa, torno a ver, em que moramos”
Prolepse (ou Antecipação) - deslocamento de um termo do 
interior de uma oração para o início do período.
“Os pastores parece que vivem no fim do mundo.”
(Parece que os pastores vivem no fim do mundo)
“Prima Justina creio que se levantou.”
(Creio que prima Justina se levantou)
FIGURAS DE CONSTRUÇÃO 
POR DISCORDÂNCIA
Anacoluto - introdução aleatória de um termo sem qualquer 
função sintática dentro da oração.
“Bom! Bom! Eu parece-me que ainda não ofendi ninguém!”
José Régio
Hipálage - transposição de uma virtude própria de determinado 
termo para outro integrante da oração.
“As lojas loquazes dos barbeiros”
(Loquazes, que tem o sentido de “falantes”, refere-se aos 
barbeiros, não às lojas.)
Silepse - concordância estabelecida ideologicamente, contra-
riando a norma gramatical. São de três tipos:
1. Silepse de gênero - concordância ideológica com a pessoa 
referida e não com a exigência do termo.
“Senhor Presidente, Vossa Excelência parece cansado.”
2. Silepse de número - concordância ideológica com o 
número (singular ou plural), contrariando o número do 
termo referido.
“A multidão ouvia com atenção. Ao final, aplaudiram.”
1. Silepse de pessoa - concordância ideológica com uma 
pessoa diferente da expressa na oração.
“Todos entramos imediatamente”
“no fundo a gente se consolava, pensávamos em nós 
mesmos.”
Autran Dourado
PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR86
INTERPRETAÇÃO 09 FIGURAS DE LINGUAGEM II: FIGURAS DE CONSTRUÇÃO E DE HARMONIA
FIGURAS DE HARMONIA
Aliteração - é a incidência expressiva de fonemas consonantais 
idênticos.
“Me deixa ser teu escracho capacho, teu cacho, riacho de amor...”
Chico Buarque
Assonância - é a repetição de sílabas ou vogais idênticas.
“Duma nuança mansa que não cansa”
E. Perneta
Onomatopeia - quando o vocábulo busca reproduzir o próprio 
som ou ruído de objeto representado.
“Sino de Belém, como soa bem!
Sino de Belém bate bem-bem-bem.”
Manuel Bandeira
Paronomásia - consiste no emprego, ao final ou no interior dos 
versos, de vocábulos parônimos.
“Por todo o dia
um certo verde
um inseto verde
o incerto ver-te”
Ramos Filho
PROTREINO
EXERCÍCIOS
01. Conceitue as três figuras de construção por omissão.
02. Cite duas figuras de construção por repetição.
03. Identifique os grupos pertencentes às figuras de construção 
ou sintaxe.
04. Conceitue duas figuras de harmonia.
05. Identifique quantos e quais são os grupos de silepse.
PROPOSTOS
EXERCÍCIOS
01. (IBMEC-RJ) Joaquim Maria Machado de Assis é cronista, 
contista, dramaturgo, jornalista, poeta, novelista, romancista, 
crítico e ensaísta.
Em 2008, comemora-se o centenário de sua morte, ocorrida 
em setembro de 1908. Machado de Assis é considerado o mais 
canônico escritor da Literatura Brasileira e deixou uma rica 
produção literária composta de textos dos mais variados gêneros, 
em que se destacam o conto e o romance.
Segue o texto desse autor, em poesia.
À Carolina
Querida! Ao pé do leito derradeiro, 
em que descansas desta longa vida, 
aqui venho e virei, pobre querida, 
trazer-te o coração de companheiro. 
Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro 
que, a despeito de toda a humana lida,
fez a nossa existência apetecida
e num recanto pôs um mundo inteiro...
Trago-te flores - restos arrancados
da terra que nos viu passar unidos
e ora mortos nos deixa e separados;
que eu, se tenho, nos olhos mal feridos,
pensamentos de vida formulados,
são pensamentos idos e vividos.
“E num recanto pôs um mundo inteiro.” (verso 8). Observamos no 
verso destacado as seguintes figuras de linguagem: 
a) Metonímia e hipérbato.
b) Hipérbato e hipérbole.
c) Hipérbole e pleonasmo.
d) Pleonasmo e anáfora.
e) Personificação e pleonasmo.
02. (ENEM)
Canção do vento e da minha vida
O vento varria as folhas,
O vento varria os frutos,
O vento varria as flores...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De frutos, de flores, de folhas.
[...]
O vento varria os sonhos
E varria as amizades...
O vento varria as mulheres...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De afetos e de mulheres.
O vento varria os meses
E varria os teus sorrisos...
O vento varria tudo!
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De tudo.
BANDEIRA, M. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1967.
Na estruturação do texto, destaca-se
a) a construção de oposições semânticas.
b) a apresentação de ideias de forma objetiva.
c) o emprego recorrente de figuras de linguagem, como o 
eufemismo.
d) a repetição de sons e de construções sintáticas semelhantes.
e) a inversão da ordem sintática das palavras.
03. (UECE)
A Fita Métrica do Amor
Martha Medeiros
Como se mede uma pessoa? Os tamanhos variam conforme 
o grau de envolvimento. Ela é enorme pra você quando fala do 
que leu e viveu, quando trata você com carinho e respeito, quando 
olha nos olhos e sorri destravado. É pequena pra você quando só 
pensa em si mesmo, quando se comporta de uma maneira pouco 
gentil, quando fracassa justamente no momento em que teria que 
demonstrar o que há de mais importante entre duas pessoas: a 
amizade.
Uma pessoa é gigante pra você quando se interessa pela sua 
vida, quando busca alternativas para o seu crescimento, quando 
sonha junto. É pequena quando desvia do assunto.
Uma pessoa é grande quando perdoa, quando compreende, 
quando se coloca no lugar do outro, quando age não de acordo 
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09 FIGURAS DE LINGUAGEM II: FIGURAS DE CONSTRUÇÃO E DE HARMONIA
87
INTERPRETAÇÃO
com o que esperam dela, mas de acordo com o que espera de 
si mesma. Uma pessoa é pequena quando se deixa reger por 
comportamentos clichês.
Uma mesma pessoa pode aparentar grandeza ou miudeza 
dentro de um relacionamento, pode crescer ou decrescer num 
espaço de poucas semanas: será ela que mudou ou será que o amor 
é traiçoeiro nas suas medições? Uma decepção pode diminuir o 
tamanho de um amor que parecia ser grande. Uma ausência pode 
aumentar o tamanho de um amor que parecia ser ínfimo.
É difícil conviver com esta elasticidade: as pessoas se 
agigantam e se encolhem aos nossos olhos. Nosso julgamento é 
feito não através de centímetros e metros, mas de ações e reações, 
de expectativas e frustrações. Uma pessoa é única ao estender 
a mão, e ao recolhê-la inesperadamente, se torna mais uma. O 
egoísmo unifica os insignificantes.
Não é a altura, nem o peso, nem os músculos que tornam uma 
pessoa grande. É a sua sensibilidade sem tamanho.
Como figura de linguagem, a anáfora é caracterizada pela repetição 
de uma ou mais palavras no início de versos, orações ou períodos. 
Na crônica, a autora recorre à anáfora, nos três primeiros parágrafos 
do texto, pela repetição da conjunção “quando”, com o objetivo de
a) ampliar a expressividade do conteúdo da mensagem, 
enfatizando o sentido do termo repetido consecutivamente.
b) empregar a anáfora como um recurso estilístico indispensável 
a qualquer texto de cunho literário.
c) respeitar as características da crônica, já que a anáfora é um 
recurso linguístico próprio deste tipo de gênero textual.
d) fazer referência a uma informação previamente mencionada.
04. (UFG) Leia o poema a seguir.
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um ônibus
na estrada
é só uma faixa
contínua
que puxa
& piche
& placas & postes
& mais & mais
asfalto
& pastos
& bois
& soja & cana
ao longo da estrada
interminável
& monótona
& sem fim
PEREIRA, Luís Araujo. Minigrafias. Goiânia: Cânone Editorial, 2009. p. 75.
A anáfora é um recurso de linguagem cuja função é de organização 
textual, de retomada referencial ou de repetição da mesma palavra 
ou construção. No poema apresentado, emprega-se “&” por meio 
dessa figura de linguagem, fazendo a anáfora produzir efeito de 
sentido equivalente ao
a) movimentoacelerado do ônibus, evidente na imagem “um 
ônibus/ na estrada/ é só uma faixa/ contínua/ que puxa”.
b) tipo de vida monótono dos motoristas de ônibus implicado na 
anáfora e na repetição de consoantes e de vogais.
c) som do ônibus na estrada, sugerido pelo emprego de 
aliterações e assonâncias ao longo do poema.
d) panorama econômico da rodovia, reiterado nas palavras “piche”, 
“placas”, “postes”, “asfalto”, “pasto”, “bois”, “soja” e “cana”.
e) cenário da rodovia, igual a todas as estradas, presente na 
imagem “interminável/ & monótona/ & sem fim”.
05. (UEG) Leia o trecho abaixo:
– Desde que estou retirando 
só a morte vejo ativa, 
só a morte deparei 
e às vezes até festiva; 
só morte tem encontrado 
quem pensava encontrar vida, 
e o pouco que não foi morte 
foi de vida severina 
(aquela vida que é menos 
vivida que defendida, 
e é ainda mais severina 
para o homem que retira).
NETO, João Cabral de Melo. Morte e vida severina. Rio de Janeiro: MEDIAfashion, 2008. p. 82. 
Verifica-se, em termos estruturais, uma
a) aliteração no penúltimo verso.
b) anáfora no segundo e terceiro versos.
c) comparação no quinto verso.
d) metáfora no terceiro e quarto versos.
06. (UFU-MG)
Dionisos Dendrites
Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas
Ramos nascem de seu peito
Pés percutem a pedra enegrecida
Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.
Acorre o vento ao círculo demente
O vinho espuma nas taças incendiadas.
Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços
Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas
E o vaticínio do tumulto à Noite –
Chegada do inverno aos lares
Fim de guerra em campos estrangeiros.
As bocas mordem colos e flancos desnudados:
À sombra mergulham faces convulsivas
Corpos se avizinham à vida fria dos valados
Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.
Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos
Mergulham no vórtice da festa consagrada.
E quando o Sol o ingênuo olhar acende
Um secreto murmúrio ata num só feixe
O louro trigo nascido das encostas.
SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.
Considerando a leitura do poema e o uso dos recursos expressivos, 
em Dionisos Dendrites,
a) a aliteração no verso “Pés percutem a pedra enegrecida” 
indica um som reproduzido como o dos tambores do verso 
subsequente.
b) a gradação em ‘bocas’, ‘faces’ e ‘corpos’, nos três primeiros 
versos da 3ª estrofe, aponta para a opulência do ritual. 
c) a metonímia em “seu olhar verde penetra a Noite entre tochas 
acesas” revela o embate estabelecido entre a vida e a morte.
d) a metáfora em ‘taças incendiadas’, no verso “o vinho espuma 
nas taças incendiadas”, denota o sentimento de enfado dos 
presentes em relação ao ritual.
07. (FUVEST) Desde pequeno, tive tendência para personificar 
as coisas. Tia Tula, que achava que mormaço fazia mal, sempre 
gritava: “Vem pra dentro, menino, olha o mormaço!” Mas eu ouvia o 
mormaço com M maiúsculo.
Mormaço, para mim, era um velho que pegava crianças! Ia pra 
dentro logo. E ainda hoje, quando leio que alguém se viu perseguido 
pelo clamor público, vejo com estes olhos o Sr. Clamor Público, 
magro, arquejante, de preto, brandindo um guarda-chuva, com 
um gogó protuberante que se abaixa e levanta no excitamento 
da perseguição. E já estava devidamente grandezinho, pois devia 
contar uns trinta anos, quando me fui, com um grupo de colegas, 
a ver o lançamento da pedra fundamental da ponte Uruguaiana-
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INTERPRETAÇÃO 09 FIGURAS DE LINGUAGEM II: FIGURAS DE CONSTRUÇÃO E DE HARMONIA
Libres, ocasião de grandes solenidades, com os presidentes Justo 
e Getúlio, e gente muita, tanto assim que fomos alojados os do 
meu grupo num casarão que creio fosse a Prefeitura, com os 
demais jornalistas do Brasil e Argentina. Era como um alojamento 
de quartel, com breve espaço entre as camas e todas as portas 
e janelas abertas, tudo com os alegres incômodos e duvidosos 
encantos de uma coletividade democrática.
Pois lá pelas tantas da noite, como eu pressentisse, em 
meu entredormir, um vulto junto à minha cama, sentei-me 
estremunhado* e olhei atônito para um tipo de chiru*, ali parado, 
de bigodes caídos, pala pendente e chapéu descido sobre os olhos. 
Diante da minha muda interrogação, ele resolveu explicar-se, com 
a devida calma:
– Pois é! Não vê que eu sou o sereno...
Mário Quintana, As cem melhores crônicas brasileiras.
*Glossário: 
estremunhado: mal acordado. 
chiru: que ou aquele que tem pele morena, traços acaboclados (regionalismo: Sul do Brasil).
Considerando que “silepse é a concordância que se faz não com a 
forma gramatical das palavras, mas com seu sentido, com a ideia 
que elas representam”, indique o fragmento em que essa figura de 
linguagem se manifesta.
a) “olha o mormaço”.
b) “pois devia contar uns trinta anos”.
c) “fomos alojados os do meu grupo”.
d) “com os demais jornalistas do Brasil”.
e) “pala pendente e chapéu descido sobre os olhos”.
08. (UNESP) Elegia na morte de Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, 
poeta e cidadão
A morte chegou pelo interurbano em longas espirais metálicas.
Era de madrugada. Ouvi a voz de minha mãe, viúva.
De repente não tinha pai.
No escuro de minha casa em Los Angeles procurei recompor 
tua lembrança
Depois de tanta ausência. Fragmentos da infância
Boiaram do mar de minhas lágrimas. Vi-me eu menino
Correndo ao teu encontro. Na ilha noturna
Tinham-se apenas acendido os lampiões a gás, e a clarineta
De Augusto geralmente procrastinava a tarde.
Era belo esperar-te, cidadão. O bondinho
Rangia nos trilhos a muitas praias de distância...
Dizíamos: “Ê-vem meu pai!”. Quando a curva
Se acendia de luzes semoventes*, ah, corríamos
Corríamos ao teu encontro. A grande coisa era chegar antes
Mas ser marraio** em teus braços, sentir por último
Os doces espinhos da tua barba.
Trazias de então uma expressão indizível de fidelidade e 
paciência
Teu rosto tinha os sulcos fundamentais da doçura
De quem se deixou ser. Teus ombros possantes
Se curvavam como ao peso da enorme poesia
Que não realizaste. O barbante cortava teus dedos
Pesados de mil embrulhos: carne, pão, utensílios
Para o cotidiano (e frequentemente o binóculo
Que vivias comprando e com que te deixavas horas inteiras
Mirando o mar). Dize-me, meu pai
Que viste tantos anos através do teu óculo de alcance
Que nunca revelaste a ninguém?
Vencias o percurso entre a amendoeira e a casa como o atleta 
exausto no último lance da maratona.
Te grimpávamos. Eras penca de filho. Jamais
Uma palavra dura, um rosnar paterno. Entravas a casa
humilde
A um gesto do mar. A noite se fechava
Sobre o grupo familial como uma grande porta espessa.
Muitas vezes te vi desejar. Desejavas. Deixavas-te olhando o mar
Com mirada de argonauta. Teus pequenos olhos feios
Buscavam ilhas, outras ilhas... — as imaculadas, inacessíveis
Ilhas do Tesouro. Querias. Querias um dia aportar
E trazer — depositar aos pés da amada as joias fulgurantes
Do teu amor. Sim, foste descobridor, e entre eles
Dos mais provectos***. Muitas vezes te vi, comandante
Comandar, batido de ventos, perdido na fosforência
De vastos e noturnos oceanos
Sem jamais.
Deste-nos pobreza e amor. A mim me deste
A suprema pobreza: o dom da poesia, e a capacidade de amar
Em silêncio. Foste um pobre. Mendigavas nosso amor
Em silêncio. Foste um no lado esquerdo. Mas
Teu amor inventou. Financiaste uma lancha
Movida a água: foi reta para o fundo. Partiste um dia
Para um brasil além, garimpeiro sem medo e sem mácula.
Doze luas voltaste. Tua primogênita — diz-se —
Não te reconheceu. Trazias grandes barbas e pequenas águas-
marinhas.
(Vinicius de Moraes. Antologia poética. 11 ed. Rio de Janeiro: 
José Olympio Editora, 1974, p. 180-181.)
(*) Semovente: “Que ou o que anda ou se move por si próprio.”
(**) Marraio: “No gude e noutros jogos, palavra que dá, a quem primeiro a grita, o direito 
de ser o último a jogar.”
(***) Provecto: “Que conhece muito um assunto ou uma ciência, experiente, versado, 
mestre.”
(Dicionário Eletrônico Houaiss)
Marque a alternativa cujo verso contémum pleonasmo, ou seja, 
uma redundância de termos com bom efeito estilístico.
a) De repente não tinha pai.
b) Rangia nos trilhos a muitas praias de distância...
c) Se curvavam como ao peso da enorme poesia
d) Sobre o grupo familial como uma grande porta espessa.
e) Deste-nos pobreza e amor. A mim me deste
09. (UNESP) Para chegar ao soberbo resultado de transformar a 
banha em fibra, aí vem o futebol.
Mas por que o futebol?
Não seria, porventura, melhor exercitar-se a mocidade em 
jogos nacionais, sem mescla de estrangeirismo, o murro, o cacete, 
a faca de ponta, por exemplo?
Não é que me repugne a introdução de coisas exóticas entre 
nós. Mas gosto de indagar se elas serão assimiláveis ou não.
No caso afirmativo, seja muito bem-vinda a instituição alheia, 
fecundemo-la, arranjemos nela um filho híbrido que possa viver cá 
em casa. De outro modo, resignemo-nos às broncas tradições dos 
sertanejos e dos matutos. Ora, parece- -me que o futebol não se 
adapta a estas boas paragens do cangaço. É roupa de empréstimo, 
que não nos serve.
Para que um costume intruso possa estabelecer-se 
definitivamente em um país é necessário, não só que se harmonize 
com a índole do povo que o vai receber, mas que o lugar a ocupar 
não esteja tomado por outro mais antigo, de cunho indígena. É 
preciso, pois, que vá preencher uma lacuna, como diz o chavão.
O do futebol não preenche coisa nenhuma, pois já temos a 
muito conhecida bola de palha de milho, que nossos amadores 
mambembes1 jogam com uma perícia que deixaria o mais 
experimentado sportman britânico de queixo caído.
Os campeões brasileiros não teriam feito a figura triste que 
fizeram em Antuérpia se a bola figurasse nos programas das 
Olimpíadas e estivessem a disputá-la quatro sujeitos de pulso. 
Apenas um representante nosso conseguiu ali distinguir-se, no tiro 
de revólver, o que é pouco lisonjeiro para a vaidade de um país em 
que se fala tanto. Aqui seria muito mais fácil o indivíduo salientar-
se no tiro de espingarda umbiguda, emboscado atrás de um pau.
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09 FIGURAS DE LINGUAGEM II: FIGURAS DE CONSTRUÇÃO E DE HARMONIA
89
INTERPRETAÇÃO
Temos esportes em quantidade. Para que metermos o bedelho 
em coisas estrangeiras?
O futebol não pega, tenham a certeza. Não vale o argumento 
de que ele tem ganho terreno nas capitais de importância. Não 
confundamos.
As grandes cidades estão no litoral; isto aqui é diferente, é 
sertão.
As cidades regurgitam de gente de outras raças ou que pretende 
ser de outras raças; nós somos mais ou menos botocudos, com 
laivos de sangue cabinda e galego.
Nas cidades os viciados elegantes absorvem o ópio, a cocaína, 
a morfina; por aqui há pessoas que ainda fumam liamba².
1 mambembe: medíocre, reles, de baixa condição. 
2 liamba: cânhamo, maconha.
(Linhas tortas, 1971.)
Na oração “O do futebol não preenche coisa nenhuma” (7o parágrafo) 
é omitida, por elipse, uma palavra empregada anteriormente:
a) país.
b) povo.
c) lugar.
d) costume.
e) chavão.
10. (CISMETRO-SP – VETERINÁRIO) Observe o trecho do hino 
nacional apresentado a seguir, e responda à questão.
“Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heroico o brado retumbante”
Assinale a alternativa que corresponde à figura de linguagem 
empregada no trecho.
a) Hipérbole.
b) Eufemismo.
c) Hipérbato.
d) Zeugma.
11. (FEI) Assinalar a alternativa correta, correspondente à figuras 
de linguagem, presentes nos fragmentos abaixo:
I. “Não te esqueças daquele amor ardente que já nos olhos meus 
tão puro viste.”
II. “A moral legisla para o homem; o direito para o cidadão.”
III. “A maioria concordava nos pontos essenciais; nos pormenores 
porém, discordavam.”
IV. “Isaac a vinte passos, divisando o vulto de um, para, ergues a 
mão em viseira, firma os olhos.”
a) anacoluto, hipérbato, hipálage, pleonasmo;
b) hipérbato, zeugma, silepse, assíndeto;
c) anáfora, polissíndeto, elipse, hipérbato;
d) pleonasmo, anacoluto, catacrese, eufemismo;
e) hipálage, silepse, polissíndeto, zeugma.
12. (PUC – SP) Nos trechos: “…nem um dos autores nacionais ou 
nacionalizados de oitenta pra lá faltava nas estantes do major” e 
“…o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja” 
encontramos, respectivamente, as seguintes figuras de linguagem:
a) prosopopeia e hipérbole;
b) hipérbole e metonímia;
c) perífrase e hipérbole;
d) metonímia e eufemismo;
e) metonímia e prosopopeia.
13. (UM-SP) Indique a alternativa em que haja uma concordância 
realizada por silepse:
a) Os irmãos de Teresa, os pais de Júlio e nós, habitantes desta 
pacata região, precisaremos de muita força para sobreviver.
b) Poderão existir inúmeros problemas conosco devido às 
opiniões dadas neste relatório.
c) Os adultos somos bem mais prudentes que os jovens no 
combate às dificuldades.
d) Dar-lhe-emos novas oportunidades de trabalho para que você 
obtenha resultados mais satisfatórios.
e) Haveremos de conseguir os medicamentos necessários para a 
cura desse vírus insubordinável a qualquer tratamento.
14. (CESGRANRIO) Na frase “O fio da ideia cresceu, engrossou e 
partiu-se” ocorre processo de gradação. Não há gradação em:
a) O carro arrancou, ganhou velocidade e capotou.
b) O avião decolou, ganhou altura e caiu.
c) O balão inflou, começou a subir e apagou.
d) A inspiração surgiu, tomou conta de sua mente e frustrou-se.
e) João pegou de um livro, ouviu um disco e saiu.
15. (UNESP) Na frase: "O pessoal estão exagerando, me disse 
ontem um camelô", encontramos a figura de linguagem chamada:
a) silepse de pessoa
b) elipse
c) anacoluto
d) hipérbole
e) silepse de número
16. (UDESC) O nome de Emir quase nunca era mencionado nas 
horas das refeições ou nas conversas animadas por baforadas de 
narguilé, goles de 1áraque e lances de gamão. 2Os filhos de Emilie 
éramos proibidos de participar dessas reuniões que varavam a 
noite e terminavam no pátio da fonte, aclarado por uma luz azulada. 
Era um momento em que os assuntos, já peneirados, esgotados e 
fartos de serem repetidos, 3davam lugar a 4confidências e 5lamúrias, 
6abafadas às vezes pela linguagem dos pássaros, e entremeadas 
por exclamações e vozes que pronunciavam o nome de Deus. 
Era como se a manhã – 7como uma intrusa que silencia as vozes 
calorosas da noite – 8dispersasse o ambiente festivo, 9arrefecendo 
os gestos dos mais exaltados, chamando-os ao ofício 10que se 
inicia com a aurora. 11Mas, em algumas reuniões de sextas-feiras, o 
12prenúncio da manhã não os dispersava. Eu acordava com berros 
dilacerantes, gemidos terríveis, ruídos de trote e 13uma algazarra 
de alimárias que 14assistiam à agonia dos carneiros que possuíam 
nomes e 15eram alimentados pelas mãos de Emilie.
HATOUM, Milton. Relato de um certo Oriente. 
São Paulo: Companhia das Letras, 2008, pp. 50 e 51. 
Assinale a alternativa correta em relação à obra Relato de um certo 
Oriente, Milton Hatoum, e ao texto.
a) O uso do sinal gráfico da crase é opcional em “abafadas 
às vezes” (referência 6), assim como em “davam lugar a 
confidências” (referência 3).
b) Em “Os filhos de Emilie éramos proibidos de participar dessas 
reuniões” (referência 2) há a figura de linguagem chamada 
silepse de pessoa.
c) As palavras “áraque” (referência 1), “confidências” (referência 
4), “lamúrias” (referência 5) e “prenúncio” (referência 12) são 
acentuadas por serem paroxítonas terminadas em ditongo.
d) Infere-se da leitura da obra, que o nome de Emir, filho mais novo 
de Emilie, quase nunca era mencionado nos encontros familiares 
porque há muito abandonara a família, causando mágoa.
e) Infere-se da leitura da obra, que os empregados, principalmente 
as mulheres, eram tratados com muita regalia, pois participa-
vam de todos os encontros e de todas as atividades festivas da 
família de Emilie.
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INTERPRETAÇÃO 09 FIGURAS DE LINGUAGEM II: FIGURAS DE CONSTRUÇÃO E DE HARMONIA
17. (CPS) Leia o texto e o poema para responder à questão a seguir.
A ondomotriz é uma forma de energia renovável que se aproveita 
da energia das ondas oceânicas.Além de poder fornecer energia, 
as ondas também serviram de inspiração para Manuel Bandeira 
compor o poema “A onda”.
A onda
a onda anda
aonde anda
a onda?
a onda ainda
ainda onda
ainda anda
aonde?
aonde?
a onda a onda 
Assinale a alternativa que apresenta uma figura de linguagem 
utilizada no poema.
a) Antítese, associação de ideias contrárias por meio de palavras 
de sentidos opostos.
b) Catacrese, emprego de uma palavra no sentido figurado por 
falta de um termo apropriado.
c) Eufemismo, atenuação de ideias consideradas desagradáveis, 
ofensivas ou cruéis.
d) Onomatopeia, palavras especiais criadas para representar 
sons específicos.
e) Paranomásia, semelhança sonora e gráfica entre palavras de 
significados distintos.
18. (FAAP)
Soneto de Separação
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
(Vinícius de Morais)
"Silencioso e branco como a bruma".
À repetição das mesmas consoantes em BRANCO e BRUMA em 
busca da sonoridade, dá-se o nome:
a) assonância
b) aliteração
c) eco
d) trocadilho
e) pleonasmo
19. (UFRN) Sou homem de tristes palavras. De que era que eu tinha 
tanta, tanta culpa? Se o meu pai, sempre fazendo ausência: e O 
RIO-RIO-RIO - O RIO - PONDO PERPÉTUO [grifo nosso]. Eu sofria já 
o começo da velhice - esta vida era só o demoramento. Eu mesmo 
tinha achaques, ânsias, cá de baixo, cansaços, perrenguice de 
reumatismo. E ele? Por quê? Devia de padecer demais.
De tão idoso, não ia, mais dia menos dia, fraquejar o vigor, 
deixar que a canoa emborcasse, ou que bubuiasse sem pulso, na 
levada do rio, para se despenhar horas abaixo, em tororoma e no 
tombo da cachoeira, brava, com o fervimento e morte. Apertava o 
coração. Ele estava lá, sem a minha tranquilidade. Sou o culpado 
do que nem sei, de dor em aberto, no meu foro. Soubesse - se as 
coisas fossem outras. E fui tomando ideia.
(ROSA, João Guimarães. Primeiras estórias. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1976.)
Pode-se afirmar que, na expressão em destaque no fragmento 
textual, a manifestação da função poética da linguagem evidencia 
o dinamismo do tempo.
Esse dinamismo é representado por
a) ritmo cadente e neologismo.
b) assonância e reiteração de vocábulo.
c) onomatopeia e uso de metáfora.
d) efeitos de eco e uso de metonímia.
20. (FATEC)
As Cousas do Mundo
Neste mundo é mais rico o que mais rapa:
Quem mais limpo se faz, tem mais carepa;
Com sua língua, ao nobre o vil decepa:
O velhaco maior sempre tem capa.
Mostra o patife da nobreza o mapa:
Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
Quem menos falar pode, mais increpa;
Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.
A flor baixa se inculca por tulipa;
Bengala hoje na mão, ontem garlopa.
Mais isento se mostra o que mais chupa.
Para a tropa do trapo vazo a tripa
E mais não digo, porque a Musa topa
Em apa, epa, ipa, opa, upa.
(Gregório de Matos Guerra, Seleção de Obras Poéticas)
Em "Para a tropa do trapo vazo a tripa", pode-se constatar que 
o poeta teve grande cuidado com a seleção e disposição das 
palavras que compõem a sonoridade do verso, para salientar 
certos fonemas que se repetem (principalmente os "pês" e os 
"tês"), utilizando, ao mesmo tempo, palavras que se diferenciam 
por mudanças fonéticas mínimas (tropa/trapo/tripa).
Os recursos estilísticos empregados aí foram
a) personificação e alusão.
b) paralelismo e comparação.
c) aliteração e paronomásia.
d) assonância e preterição.
e) metáfora e metonímia.
05.
APROFUNDAMENTO
EXERCÍCIOS DE
01. (UNESP) Leia o poema de Manuel Bandeira (1886-1968) para 
responder à questão a seguir.
Poema só para Jaime Ovalle1
Quando hoje acordei, ainda fazia escuro
(Embora a manhã já estivesse avançada).
Chovia.
Chovia uma triste chuva de resignação
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09 FIGURAS DE LINGUAGEM II: FIGURAS DE CONSTRUÇÃO E DE HARMONIA
91
INTERPRETAÇÃO
Como contraste e consolo ao calor tempestuoso da noite.
Então me levantei,
Bebi o café que eu mesmo preparei,
Depois me deitei novamente, acendi um cigarro e fiquei pensando...
– Humildemente pensando na vida e nas mulheres que amei.
(Estrela da vida inteira, 1993.)
1 Jaime Ovalle (1894-1955): compositor e instrumentista. Aproximou-se do meio 
intelectual carioca e se tornou amigo íntimo de Villa-Lobos, Di Cavalcanti, Sérgio Buarque 
de Hollanda e Manuel Bandeira. Sua música mais famosa é “Azulão”, em parceria com o 
poeta Manuel Bandeira. (Dicionário Cravo Albin da música popular brasileira) 
Pleonasmo (do grego pleonasmós, superabundância): 
emprego de palavras redundantes, de igual sentido; redundância. 
Há o pleonasmo vicioso, decorrente da ignorância da língua e que 
deve ser evitado, e o pleonasmo estilístico, usado intencionalmente 
para comunicar à expressão mais vigor ou intensidade.
(Domingos Paschoal Cegalla. Dicionário de dificuldades da língua portuguesa, 2009. 
Adaptado.)
Transcreva o verso em que se verifica a ocorrência de um 
pleonasmo. Justifique sua resposta. 
Identifique ainda duas características do poema, uma formal e outra 
temática, que o vinculam ao movimento modernista brasileiro.
02. (FGV)
Meu amigo Marcos 
O generoso e divertido companheiro de crônicas
Conheci Marcos Rey há mais de vinte anos, quando sonhava 
tornar-me escritor. Certa vez confessei esse desejo à atriz Célia 
Helena, que deixou sua marca no teatro paulista. Tempos depois, ela 
me convidou para tentar adaptar um livro para teatro. Era O RAPTO 
DO GAROTO DE OURO, de Marcos. Passei noites me torturando 
sobre as teclas. Célia marcou um encontro entre mim e ele, pois a 
montagem dependia da aprovação do autor. Quando adolescente, 
eu ficara fascinado com MEMÓRIAS DE UM GIGOLÔ, seu livro mais 
conhecido. Nunca tinha visto um escritor de perto. Imaginava uma 
figura pomposa, em cima de um pedestal. Meu coração quase saiu 
pela boca quando apertei a campainha. Fui recebido por Palma, 
sua mulher. Um homem gordinho e simpático entrou na sala. Na 
época, já sofria de uma doença que lhe dificultava o movimento das 
mãos e dos pés. Cumprimentou-me. Sorriu. Estava tão nervoso 
que nem consegui dizer “boa-tarde”. Gaguejei. Mas ele me tratou 
com o respeito que se dedica a um colega. Propôs mudanças no 
texto. Orientou-me. Principalmente, acreditou em mim. A peça 
permaneceu em cartaz dois anos. Muito do que sou hoje devo ao 
carinho com que me recebeu naquele dia.
(WALCYR CARRASCO, PÁG. 98 - VEJA SP, 14 DE ABRIL, 1999.)
Em português, expressões como SAIR PARA FORA ou SUBIR PARA 
CIMA são criticáveis por serem redundantes, isto é, conterem 
repetição desnecessária da mesma ideia. Trata-se de um defeito de 
estilo denominado PLEONASMO.
Na frase a seguir, é possível perceber a presença de DOIS 
pleonasmos:
Na reunião, houve uma inesperada surpresa: todos os membros do 
Conselho foram unânimes em reconhecer os méritos do escritor.
Reescreva essa frase, eliminando os pleonasmos.
Justifique as alterações feitas. 
03. (UNESP) As questões de números seguintes tomam por base 
um fragmento da Poética, do filósofo grego Aristóteles (384-
322 a.C.), um fragmento de Corte na Aldeia, do poeta clássico 
português Francisco Rodrigues Lobo (1580-1622), e um fragmento 
de uma crônica do escritor realista brasileiro Machado de Assis 
(1839-1908).
Poética
Pelas precedentes considerações se manifesta que não é 
ofício de poeta narrar o que aconteceu; é, sim, o de representar 
o que poderia acontecer, quer dizer: o que é possível segundo 
a verossimilhança e a necessidade. Com efeito, não diferem o 
historiador e o poeta, por escreverem verso ou prosa (pois que bem 
poderiam ser postas em verso as obras de Heródoto, e nem por isso 
deixariam de ser história,se fossem em verso o que eram em prosa), 
- diferem, sim, em que diz um as coisas que sucederam, e outro as 
que poderiam suceder. Por isso a poesia é algo de mais filosófico 
e mais sério do que a história, pois refere aquela principalmente o 
universal, e esta o particular. Por “referir-se ao universal” entendo 
eu atribuir a um indivíduo de determinada natureza pensamentos 
e ações que, por liame de necessidade e verossimilhança, convêm 
a tal natureza; e ao universal, assim entendido, visa a poesia, ainda 
que dê nomes aos seus personagens; particular, pelo contrário, é o 
que fez Alcibíades ou o que lhe aconteceu.
(Aristóteles, Poética)
Corte na Aldeia
— A minha inclinação em matéria de livros (disse ele), de 
todos os que estão presentes é bem conhecida; somente poderei 
dar agora de novo a razão dela. Sou particularmente afeiçoado a 
livros de história verdadeira, e, mais que às outras, às do Reino em 
que vivo e da terra onde nasci; dos Reis e Príncipes que teve; das 
mudanças que nele fez o tempo e a fortuna; das guerras, batalhas e 
ocasiões que nele houve; dos homens insignes, que, pelo discurso 
dos anos, floresceram; das nobrezas e brasões que por armas, 
letras, ou privança se adquiriram. [...]
[...]
— Vós, senhor Doutor (disse Solino) achareis isso nos vossos 
cartapácios; mas eu ainda estou contumaz. Primeiramente, nas 
histórias a que chamam verdadeiras, cada um mente segundo lhe 
convém, ou a quem o informou, ou favoreceu para mentir; porque 
se não forem estas tintas, é tudo tão misturado que não há pano 
sem nódoa, nem légua sem mau caminho. No livro fingido contam-
se as cousas como era bem que fossem e não como sucederam, 
e assim são mais aperfeiçoadas. Descreve o cavaleiro como era 
bem que os houvesse, as damas quão castas, os Reis quão justos, 
os amores quão verdadeiros, os extremos quão grandes, as leis, 
as cortesias, o trato tão conforme com a razão. E assim não lereis 
livro em o qual se não destruam soberbos, favoreçam humildes, 
amparem fracos, sirvam donzelas, se cumpram palavras, guardem 
juramentos e satisfaçam boas obras. [...]
Muito festejaram todos o conto, e logo prosseguiu o Doutor:
— Tão bem fingidas podem ser as histórias que merecem mais 
louvor que as verdadeiras; mas há poucas que o sejam; que a fábula 
bem escrita (como diz Santo Ambrósio), ainda que não tenha força 
de verdade, tem uma ordem de razão, em que se podem manifestar 
as cousas verdadeiras.
(Francisco Rodrigues Lobo, Corte na Aldeia)
Crônica (15.03.1877)
Mais dia menos dia, demito-me deste lugar. Um historiador 
de quinzena, que passa os dias no fundo de um gabinete escuro e 
solitário, que não vai às touradas, às câmaras, à rua do Ouvidor, um 
historiador assim é um puro contador de histórias.
E repare o leitor como a língua portuguesa é engenhosa. Um 
contador de histórias é justamente o contrário de historiador, não 
sendo um historiador, afinal de contas, mais do que um contador 
de histórias. Por que essa diferença? Simples, leitor, nada mais 
simples. O historiador foi inventado por ti, homem culto, letrado, 
humanista; o contador de histórias foi inventado pelo povo, que 
nunca leu Tito Lívio, e entende que contar o que se passou é só 
fantasiar.
PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR92
INTERPRETAÇÃO 09 FIGURAS DE LINGUAGEM II: FIGURAS DE CONSTRUÇÃO E DE HARMONIA
O certo é que se eu quiser dar uma descrição verídica da 
tourada de domingo passado, não poderei, porque não a vi.
[...]
(Joaquim Maria Machado de Assis, História de Quinze Dias. In: Crônicas)
A leitura do último período do fragmento de Rodrigues Lobo revela 
que o escritor valeu-se com elegância do recurso à elipse para 
evitar a repetição desnecessária de elementos. Com base nesta 
observação,
a) aponte, na série enumerativa que começa com a oração “se 
não destruam soberbos”, os vocábulos que são omitidos, por 
elipse, nas outras orações da série;
b) considerando que as sete orações da série enumerativa se 
encontram na chamada “voz passiva sintética”, indique o 
sujeito da primeira oração e as características de flexão e 
concordância que permitem identificá-lo. 
04. (UERJ)
Ao 1valimento que tem o mentir
Mau ofício é mentir, mas proveitoso... 
Tanta mentira, tanta utilidade 
Traz consigo o mentir nesta cidade 
Como o diz o mais triste mentiroso.
Eu, como um ignorante e um baboso, 
Me pus a verdadeiro, por vaidade; 
Todo o meu 2cabedal meti em verdade 
E saí do negócio 3perdidoso. 
Perdi o principal, que eram verdades, 
Perdi os interesses de estimar-me, 
Perdi-me a mim em tanta 4soledade; 
Deram os meus amigos em deixar-me, 
5Cobrei ódios e inimizades... 
Eu me meto a mentir e a aproveitar-me.
GREGÓRIO DE MATOS 
PIRES, M. L. G. (org.). Poetas do período barroco. Lisboa: Comunicação, 1985.
1valimento − validade 
2cabedal − conhecimento 
3perdidoso − prejudicado 
4soledade − solidão 
5cobrar − receber 
A primeira estrofe do poema apresenta inversões da ordem direta 
das orações. Esse recurso expressivo, chamado hipérbato, é 
frequente na estética barroca.
Reescreva os versos 2 e 3 da primeira estrofe na ordem direta, 
desfazendo o hipérbato. Em seguida, explique o efeito do hipérbato 
para a camada sonora dessa estrofe. 
05. (UNESP) A questão a seguir tomam por base um texto do poeta 
simbolista brasileiro Alphonsus de Guimaraens (1870-1921).
Eras a Sombra do Poente
Eras a sombra do poente
Em calmarias bem calmas;
E no ermo agreste, silente,
Palmeira cheia de palmas.
Eras a canção de outrora,
Por entre nuvens de prece;
Palidez que ao longe cora
E beijo que aos lábios desce.
Eras a harmonia esparsa
Em violas e violoncelos:
E como um voo de garça
Em solitários castelos.
Eras tudo, tudo quanto
De suave esperança existe;
Manto dos pobres e manto
Com que as chagas me cobriste.
Eras o Cordeiro, a Pomba,
A crença que o amor renova...
És agora a cruz que tomba
À beira da tua cova.
(“Pastoral aos Crentes do Amor e da Morte”, 1923. In: GUIMARAENS, Alphonsus de. 
POESIAS - I. Rio de Janeiro: Org. Simões, 1955, p. 284.) 
A reiteração é um procedimento que, aplicado a diferentes níveis do 
discurso, permite ao poeta obter efeitos de musicalidade e ênfase 
semântica. Para tanto, o escritor pode reiterar fonemas (aliterações, 
assonâncias, rimas), vocábulos, versos, estrofes, ou, pelo processo 
denominado “paralelismo”, retomar mesmas estruturas sintáticas 
de frases, repetindo alguns elementos e fazendo variar outros. 
Tendo em vista estas observações,
a) identifique no poema de Alphonsus um desses procedimentos.
b) servindo-se de uma passagem do texto, demonstre o processo 
de reiteração que você identificou no item a. 
GABARITO
 EXERCÍCIOS PROPOSTOS
01. B
02. D
03. A
04. D
05. B
06. A
07. C
08. E
09. D
10. C
11. A
12. E
13. C
14. E
15. E
16. B
17. E
18. B
19. B
20. C
 EXERCÍCIOS DE APROFUNDAMENTO
01. Há pleonasmo no quarto verso: “Chovia uma triste chuva de resignação”. Aqui o autor 
procura enfatizar a ideia de chuva, pois poderia substituir o verbo “chover” pelo verbo “cair” 
(“Caía uma triste chuva de resignação”). Trata-se, portanto, de um pleonasmo estilístico.
No aspecto formal, o poema se vincula ao movimento modernista brasileiro por 
apresentar versos livres. Quanto à temática, demonstra características modernistas por 
discorrer sobre o cotidiano.
02. Na reunião, houve uma surpresa: todos os membros do Conselho reconheceram os 
méritos do escritor.
Há redundância em “surpresa inesperada” (toda surpresa é inesperada); e todos 
“unânimes”.
03. a) O que se encontra elíptico (por zeugma) no trecho mencionado é “se não”. O 
pronome apassivador seguido do advérbio de negação.
b) O sujeito da primeira oração é “soberbos”, com o qual concorda o verbo “destruam”, 
apassivado pelo “se”. O que assegura a identificação do sujeito é a flexão do verbo no 
plural.
04. Uma das respostas:
- O mentir traz consigo tanta mentira, tanta utilidade nesta cidade.
- O mentir nesta cidade traz consigo tanta mentira, tanta utilidade.
O hipérbato produz a rima. 
05. a) O uso da anáfora.b) A anáfora gradativamente vai relevando os atributos da amada morta chegando à 
sublimação mística da mulher relacionando-a com o “Cordeiro” e a “Pomba”.
ANOTAÇÕES
INTERPRETAÇÃO
PRÉ-VESTIBULAR 95PROENEM.COM.BR
MODALIZADORES10
O QUE É MODALIZAÇÃO?
A modalização é um conceito advindo da ciência linguística 
para definir os mecanismos discursivos que apresentam a função 
de manifestar o posicionamento do enunciador em relação àquilo 
que é dito. Por não ser uma categoria estrutural da gramática, é 
bastante complexo realizar uma classificação das modalidades na 
língua, cabendo seu entendimento à própria área da compreensão 
textual e mesmo da análise do discurso.
De forma geral, um modalizador é um elemento gramatical ou 
lexical – palavra ou expressão – por meio do qual o enunciador 
revela alguma atitude relativa ao conteúdo daquilo que ele mesmo 
enuncia. Assim, mesmo de forma encoberta, o enunciador deixa 
seus posicionamentos subentendidos ou sugeridos, de forma a 
influenciar o coenunciador a compreender o enunciado sob um 
determinado aspecto que lhe é dissimuladamente proposto.
Em todo ato de comunicação, podem-se fazer presentes 
mediações diversas, oriundas das intenções com as quais um 
discurso é imaginado, produzido e realizado. Seja evidenciar 
uma certeza, uma dúvida, a obrigatoriedade ou a proibição, uma 
possibilidade, algum sentimento, entre outros. Para a linguística a 
própria língua guarda características argumentativas, na medida 
em que, por meio dela, interagindo escrita ou oralmente, os falantes 
reproduzem entendimentos, atitudes e argumentos. 
Os elementos modalizadores, portanto, são utilizados como 
um indicativo da própria existência de um discurso argumentativo, 
ao transparecer o ponto de vista apresentado pelo enunciador da 
maneira como ele buscou a elaboração de seu discurso. 
Entre as inúmeras possibilidades intencionais que podem ser 
expressas na comunicação, destaca-se que, no geral, os recursos 
gramaticais utilizados para expressá-los não são tão extensos 
quanto as alternativas de significação. A função modalizadora 
manifesta-se principalmente por meio de advérbios – quando 
indicativos acerca do acolhimento do enunciado em sua totalidade 
ou parcialidade por parte do enunciador; do uso de modos verbais, 
de forma a indicar se o enunciado expressa um acontecimento ou 
uma vontade; do emprego de verbos auxiliares que acrescentam 
noções circunstanciais que podem apontar necessidades ou 
possibilidades; do uso de estruturas subordinativas, como orações 
principais em que seus verbos constitutivos possam expressar 
modalidade; ou do uso de adjetivos, cuja escolha pode revelar 
opinião ou posicionamento.
Pode-se afirmar, sem margem para dúvidas, que não existe 
possibilidade de comunicação sem que haja modalização (que, 
inclusive pode manifestar-se pela entoação da voz na fala) explícita 
ou implícita, uma vez que sempre haverá intencionalidade nos 
discursos que são produzidos. Assim, sem esgotar as possibilidades 
significativas, pode-se enumerar algumas possibilidades 
modalizadoras, como a seguir:
• asseverativos
Aqueles que conferem certeza a um discurso, podendo ser 
afirmativos (evidentemente, certamente, claro, sem dúvida, lógico); 
ou negativos como a polarização de termos pelo uso do “não” 
ou expressões como “de jeito nenhum”, “de forma alguma”, entre 
outros.
• dubtáveis
Aqueles que colocam um discurso em dúvida, estabelecem 
que um enunciado está sujeito à desconfiança, à incerteza ou à 
imprecisão. Exemplos: talvez, possivelmente, é provável etc.
• delimitadores
Aqueles que estabelecem uma restrição ou um limite ao 
entendimento do alcance de conceitos ou do discurso. Exemplos: 
quase, tipo de, espécie de, linguisticamente, matematicamente, 
geograficamente etc.
• deontológicos
Aqueles que indicam obrigatoriedades, proibições e 
permissões. Exemplos: necessariamente, obrigatoriamente, não 
deve fazer, deve apresentar etc.
• afetivos
Apresentam as emoções do enunciador diante do conteúdo do 
discurso, bem como posicionamentos de princípio ou predileções. 
Esses modalizadores podem ser subjetivos, quando marcam 
a reação do enunciador diante do que é exposto (infelizmente, 
curiosamente, espantosamente etc.) ou intersubjetivos, quando 
incluem na sensação emotiva a relação com o coenunciador, seja 
pela aceitação, pela colaboração ou pela rejeição (sinceramente, 
francamente, lamentavelmente etc.)
PROTREINO
EXERCÍCIOS
01. Conceitue o que é um modalizador.
02. Cite quais são os tipos de modalizadores.
03. Identifique como a função modalizadora ocorre.
04. Explique o que é modalização.
05. Apresente as características dos modalizadores dubtáveis.
PROPOSTOS
EXERCÍCIOS
01. (UERJ) Aparentemente, foi o filósofo grego Epicuro que sugeriu, 
já em torno de 270 a.C., que existem inúmeros mundos espalhados 
pelo cosmo, alguns como o nosso e outros completamente 
diferentes, muitos deles com criaturas e plantas.
Desde então, ideias sobre a pluralidade dos mundos têm ocupado 
uma fração significativa do debate entre ciência e religião. Em um 
exemplo dramático, o monge Giordano Bruno foi queimado vivo pela 
Inquisição Romana em 1600 por pregar, dentre outras coisas, que 
cada estrela é um Sol e que cada Sol tem os seus planetas. 
PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR96
INTERPRETAÇÃO 10 MODALIZADORES
Religiões mais conservadoras negam a possibilidade de 
vida extraterrestre, especialmente se for inteligente. No caso do 
cristianismo, Deus é o criador e a criação é descrita na Bíblia, e 
não vemos qualquer menção de outros mundos e gentes. Pelo 
contrário, os homens são as criaturas escolhidas e, portanto, 
privilegiadas. Todos os animais e plantas terrestres estão aqui para 
nos servir. Ser inteligente é uma dádiva que nos põe no topo da 
pirâmide da vida. 
O que ocorreria se travássemos contato com outra civilização 
inteligente? Deixando de lado as inúmeras dificuldades de um 
contato dessa natureza - da raridade da vida aos desafios 
tecnológicos de viagens interestelares - tudo depende do nível de 
inteligência dos membros dessa civilização. 
Se são eles que vêm até aqui, não há dúvida de que são 
muito mais desenvolvidos do que nós. Não necessariamente 
mais inteligentes, mas com mais tempo para desenvolver suas 
tecnologias. Afinal, estamos ainda na infância da era tecnológica: 
a primeira locomotiva a vapor foi inventada a menos de 200 anos 
(em 1814). 
Tal qual a reação dos nativos das Américas quando viram 
as armas de fogo dos europeus, o que são capazes de fazer nos 
pareceria mágica. 
Claro, ao abrirmos a possibilidade de que vida extraterrestre 
inteligente exista, a probabilidade de que sejam mais inteligentes 
do que nós é alta. De qualquer forma, mais inteligentes ou mais 
avançados tecnologicamente, nossa reação ao travar contato com 
tais seres seria um misto de adoração e terror. Se fossem muito 
mais avançados do que nós, a ponto de haverem desenvolvido 
tecnologias que os liberassem de seus corpos, esses seres 
teriam uma existência apenas espiritual. À essa altura, seria difícil 
distingui-los de deuses. 
Por mais de 40 anos, cientistas vasculham os céus com seus 
rádio telescópios tentando ouvir sinais de civilizações inteligentes. 
(...) Infelizmente, até agora nada foi encontrado. Muitos cientistas 
acham essa busca uma imensa perda de tempo e de dinheiro. 
As chances de que algo significativo venha a ser encontrado são 
extremamente remotas. 
Em quais frequências os ETs estariam enviando os seus 
sinais? E como decifrá-los? Por outro lado, os que defendem a 
busca afirmam que um resultado positivo mudaria profundamente 
a nossa civilização. A confirmação da existência de outra forma 
de vida inteligente no universo provocaria uma revolução. Alguns 
até afirmam que seria a maior notícia já anunciada de todos os 
tempos. Eu concordo. 
Não estaríamos mais sós. Se os ETs fossem mais avançados 
e pacíficos, poderiam nos ajudar a lidar com nossos problemas 
sociais, como a fome, o racismo e os confrontosreligiosos. Talvez 
nos ajudassem a resolver desafios científicos. Nesse caso, quão 
diferentes seriam dos deuses que tantos acreditam existir? Não é à 
toa que inúmeras seitas modernas dirigem suas preces às estrelas 
e não aos altares.
Marcelo Gleiser - Folha de S. Paulo, 01/03/2009
Claro, ao abrirmos a possibilidade de que vida extraterrestre 
inteligente exista, (7° parágrafo)
No fragmento acima, o vocábulo claro projeta uma opinião do autor 
do texto sobre o que vai ser dito em seguida.
Outro exemplo em que a palavra ou expressão sublinhada cumpre 
função semelhante é:
a) Desde então, ideias sobre a pluralidade dos mundos têm 
ocupado (2° parágrafo)
b) Por mais de 40 anos, cientistas vasculham os céus (8° 
parágrafo)
c) Infelizmente, até agora nada foi encontrado. (8° parágrafo)
d) Nesse caso, quão diferentes seriam dos deuses (10° parágrafo)
02. (UERJ) Existe sempre um conceito por trás do que faço, só que 
nem sempre a montagem se completa. Os conceitos se escondem 
no subconsciente. Ziguezagues que atordoam. 
Quando o xadrez funciona, o conceito é formado por encaixes 
eliminando a importância exagerada que poderia ser dada a certas 
fotos mais formais.
Não são acasos felizes, pois, desde o começo de um projeto, 
uma ideia já existe; apenas ela é flexível e se deixa impregnar 
pela existência das pessoas fotografadas. O interessante é fazer 
a matéria externa vibrar em toda sua força de maneira que seja 
espelho de minhas intenções, sem deixar de ser espelho da vida. 
CORAÇÃO ESPELHO DA CARNE.
Edward Weston diz nos “Notebooks” que “a câmera deve ser 
usada para documentar a vida”. Documentar no sentido íntegro, 
não o bater chapa automático de algum acontecimento mais 
importante histórico ou socialmente, porém o documento de 
vida. Diria que revelar essa vida, essa força, é o essencial, pois 
de qualquer forma documento sempre será a foto tomada. Ele 
continua: “rendendo a verdadeira substância da coisa em si, seja 
ela aço polido ou carne palpitante” 
MIGUEL RIO BRANCO (fotógrafo)
Notes on the tides. Rio de Janeiro: Sol Gráfica , 2006.
Existe sempre um conceito por trás do que faço, só que nem 
sempre a montagem se completa. (. 1)
Em relação ao que foi dito anteriormente, o uso da expressão 
destacada tem o valor de:
a) realce.
b) ressalva.
c) exclusão.
d) contestação.
03. (UERJ) Competição e individualismo excessivos ameaçam 
saúde dos trabalhadores
Ideologia do individualismo
O novo cenário mundial do trabalho apresenta facetas como 
a da competição globalizada e a da ideologia do individualismo. 
A afirmação foi feita pelo professor da Universidade de Brasília 
(UnB) Mário César Ferreira, ao participar do seminário Trabalho em 
Debate: Crise e Oportunidades.
Segundo ele, pela primeira vez, há uma ligação direta entre 
trabalho e índices de suicídio, sobretudo na França, em função das 
mudanças focadas na ideia de excelência.
Fim da especialização
“A configuração do mundo do trabalho é cada vez mais volátil”, 
disse o professor. Ele destacou ainda a crescente expansão do 
terceiro setor, do trabalho em domicílio e do trabalho feminino, 
bem como a exclusão de perfis como o de trabalhadores jovens e 
dos fortemente especializados. “As organizações preferem perfis 
polivalentes e multifuncionais.” Desta forma, a escolarização 
clássica do trabalhador amplia-se para a qualificação contínua, 
enquanto a ultraespecialização evolui para a multiespecialização.
Metamorfoses do trabalho
Ele ressaltou que as “metamorfoses” no cenário do trabalho 
não são “indolores” para os que trabalham e provocam erros 
frequentes, retrabalho, danificação de máquinas e queda de 
produtividade.
Outra grande consequência, de acordo com o professor, diz 
respeito à saúde dos trabalhadores, que leva à alta rotatividade nos 
postos de trabalho e aos casos de suicídio. “Trata-se de um cenário 
em que todos perdem, a sociedade, os governantes e, em particular, 
os trabalhadores”, avaliou.
PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR
10 MODALIZADORES
97
INTERPRETAÇÃO
Articulação entre econômico e social
Para a coordenadora da Diretoria de Cooperação e 
Desenvolvimento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada 
(Ipea), Christiane Girard, a problemática das relações de trabalho 
envolve também uma questão: qual o tipo de desenvolvimento que 
nós, como cidadãos, queremos ter?
Segundo Christiane, é preciso “articular” o econômico e o 
social, como acontece na economia solidária.
“Ela é uma das alternativas que aparecem e precisa ser 
discutida. A resposta do trabalhador se manifesta por meio 
do estresse, de doenças diversas e do suicídio. A gente não se 
pergunta o suficiente sobre o peso da gestão do trabalho”, disse a 
representante do Ipea.
Adaptado de www.diariodasaude.com.br
“A resposta do trabalhador se manifesta por meio do estresse, de 
doenças diversas e do suicídio. A gente não se pergunta o suficiente 
sobre o peso da gestão do trabalho”, disse a representante do Ipea. 
(. 38-41)
A negação expressa pela fala transcrita acima remete, na verdade, 
a uma afirmação.
Essa afirmação está corretamente enunciada em:
a) a gestão do trabalho deve ser mais bem avaliada
b) o mundo do trabalho deve secundarizar a gestão
c) os gestores precisam ser suficientemente saudáveis
d) os trabalhadores precisam atender melhor aos gestores
04. (UERJ)
A Arte de Enganar
Em seu livro Pernas pro ar, Eduardo Galeano recorda que, na 
era vitoriana, era proibido mencionar “calças” na presença de uma 
jovem. Hoje em dia, diz ele, não cai bem utilizar certas expressões 
perante a opinião pública: “O capitalismo exibe o nome artístico 
de economia de mercado; imperialismo se chama globalização; 
suas vítimas se chamam países em via de desenvolvimento; 
oportunismo se chama pragmatismo; despedir sem indenização 
nem explicação se chama flexibilização laboral” etc.
A lista é longa. Acrescento os inúmeros preconceitos que 
carregamos: ladrão é sonegador; lobista é consultor; fracasso 
é crise; especulação é derivativo; latifúndio é agronegócio; 
desmatamento é investimento rural; lavanderia de dinheiro escuso 
é paraíso fiscal; acumulação privada de riqueza é democracia; 
socialização de bens é ditadura; governar a favor da maioria é 
populismo; tortura é constrangimento ilegal; invasão é intervenção; 
peste é pandemia; magricela é anoréxica.
Eufemismo é a arte de dizer uma coisa e acreditar que o público 
escuta ou lê outra. É um jeitinho de escamotear significados. De 
tentar encobrir verdades e realidades.
Posso admitir que pertenço à terceira idade, embora esteja 
na cara: sou velho. Ora, poderia dizer que sou seminovo! Como 
carros em revendedoras de veículos. Todos velhos! Mas o adjetivo 
seminovo os torna mais vendáveis.
Coitadas das palavras! Elas são distorcidas para que a 
realidade, escamoteada, permaneça como está. Não conseguem, 
contudo, escapar da luta de classes: pobre é ladrão, rico é corrupto.
Pobre é viciado, rico é dependente químico.
Em suma, eufemismo é um truque semântico para tentar 
amenizar os fatos.
Frei Betto - Adaptado de O Dia, 21/03/2015.
No segundo parágrafo, o emprego de certa estrutura encaminha a 
reflexão do leitor para os disfarces que a linguagem permite.
Essa estrutura é caracterizada principalmente por:
a) modalização.
b) pressuposição.
c) exemplificação.
d) particularização.
05. (UERJ)
A Educação Pela Seda
Vestidos muito justos são vulgares. Revelar formas é vulgar. 
Toda revelação é de uma vulgaridade abominável.
Os conceitos a vestiram como uma segunda pele, e pode-se 
adivinhar a norma que lhe rege a vida ao primeiro olhar.
Rosa Amanda Strausz - Mínimo múltiplo comum: contos. 
Rio de Janeiro: José Olympio, 1990.
Os conceitos a vestiram como uma segunda pele,
O vocábulo a é comumente utilizado para substituir termos já 
enunciados. No texto, entretanto, ele tem um uso incomum, já que 
permite subentender um termo não enunciado.
Esse uso indica um recurso assim denominado:
a) elipse
b) catáfora
c) designação
d) modalização
06. (UERJ) Há alguns meses fui convidadoa visitar o Museu da 
Ciência de La Coruña, na Galícia. Ao final da visita, o curador1 
anunciou que tinha uma surpresa para mim e me conduziu ao 
planetário2. Um planetário sempre é um lugar sugestivo, porque, 
quando se apagam as luzes, temos a impressão de estar num 
deserto sob um céu estrelado. Mas naquela noite algo especial me 
aguardava.
De repente a sala ficou inteiramente às escuras, e ouvi um lindo 
acalanto de Manuel de Falla. Lentamente (embora um pouco mais 
depressa do que na realidade, já que a apresentação durou ao todo 
quinze minutos) o céu sobre minha cabeça se pôs a rodar. Era o céu 
que aparecera sobre minha cidade natal – Alessandria, na Itália – 
na noite de 5 para 6 de janeiro de 1932, quando nasci. Quase hiper-
realisticamente vivenciei a primeira noite de minha vida.
Vivenciei-a pela primeira vez, pois não tinha visto essa primeira 
noite. Provavelmente nem minha mãe a viu, exausta como estava 
depois de me dar à luz; mas talvez meu pai a tenha visto, ao sair 
para o terraço, um pouco agitado com o fato maravilhoso (pelo 
menos para ele) que testemunhara e ajudara a produzir. 
O planetário usava um artifício mecânico que se pode encontrar 
em muitos lugares. Outras pessoas talvez tenham passado por 
uma experiência semelhante. Mas vocês hão de me perdoar se 
durante aqueles quinze minutos tive a impressão de ser o único 
homem desde o início dos tempos que havia tido o privilégio de 
se encontrar com seu próprio começo. Eu estava tão feliz que 
tive a sensação – quase o desejo – de que podia, deveria morrer 
naquele exato momento e que qualquer outro momento teria sido 
inadequado. Teria morrido alegremente, pois vivera a mais bela 
história que li em toda a minha vida.
Talvez eu tivesse encontrado a história que todos nós 
procuramos nas páginas dos livros e nas telas dos cinemas: uma 
história na qual as estrelas e eu éramos os protagonistas. Era 
ficção porque a história fora reinventada pelo curador; era História 
porque recontava o que acontecera no cosmos num momento do 
passado; era vida real porque eu era real e não uma personagem 
de romance.
UMBERTO ECO 
Adaptado de Seis passeios pelos bosques da ficção. Tradução: Hildegard Feist. 
São Paulo: Companhia das Letras, 1994.
1 curador − responsável pelo museu 
2 planetário − local onde é possível reproduzir o movimento dos astros
Talvez eu tivesse encontrado a história que todos nós procuramos 
nas páginas dos livros e nas telas dos cinemas: uma história na 
qual as estrelas e eu éramos os protagonistas.
PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR98
INTERPRETAÇÃO 10 MODALIZADORES
Na frase anterior, o autor procura delimitar um sentido para a 
palavra história por meio dos trechos destacados.
Esses trechos apresentam uma formulação do seguinte tipo:
a) exemplificação
b) particularização
c) modalização
d) dedução
07. (DPE-RJ)
Os muros nas favelas e a segregação social
Sob o argumento da proteção ambiental, 13 comunidades, 11 
delas localizadas na Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro, serão 
cercadas por muros de 3,4 metros de altura, em média. É mais que 
óbvio para todos a importância que proteger a Mata Atlântica tem 
nos dias atuais. É claro que o poder público deve se apropriar dessa 
pauta, a fim de resolver problemáticas como as do desmatamento. 
Entretanto, ao analisarmos a eficácia e a legitimidade desse 
projeto, podem-se concluir alguns equívocos, que contribuem para 
a formação de limites sociais, e não ecológicos. 
Tomando como referência a formação desses limites sociais, 
pode-se aferir a exasperação dos conflitos entre os moradores 
dessas comunidades e os moradores de classe média, já que a 
sensação de “segurança” é relacionada diretamente à construção 
do muro, que, por sua vez, pode aprofundar diversos estigmas que 
são projetados à população das favelas. 
Quando um muro é construído para separar pessoas, 
nenhuma outra questão está colocada, a não ser a produção de 
segregação social e espacial. Não podemos esquecer as políticas 
de sanitarização do século 19, que contribuíram para a visão da 
pobreza como doença, sujeira e outras coisas mais. Essas políticas, 
além de moverem os moradores de baixa renda para locais 
distantes, no caso os subúrbios, estão diretamente relacionadas 
ao empreendedorismo imobiliário cujo público alvo era as elites 
emergentes. 
A inquietação com o crescimento das favelas deve ter como 
centro o combate à pobreza, o acesso a direitos e uma política 
habitacional adequada. Não deve, de forma alguma, ser tratada 
de forma imediatista, expressando assim o caráter eleitoreiro 
de nossas políticas públicas. Além do mais, todas as pesquisas 
relacionadas ao tema nunca contam com a participação de 
associações de moradores e plebiscitos que são realizados nas 
comunidades. 
(http://oglobo.globo.com/opiniao/mat/2010/05/26/os-...
A alternativa em que a oração sublinhada exerce função 
modalizadora é:
a) ‘‘...É claro que o poder público deve se apropriar dessa pauta...”
b) “...É mais que óbvio para todos a importância que proteger a 
Mata Atlântica tem nos dias atuais...”
c) “...Entretanto, ao analisarmos a eficácia e a legitimidade desse 
projeto, podem-se concluir alguns equívocos...”
d) “...Tomando como referência a formação desses limites 
sociais, pode-se aferir a exasperação dos conflitos entre os 
moradores...”
08. (IF-MG)
Por que a escola deve ser interdisciplinar?
“A proposta de currículo interdisciplinar justifica-se a partir 
de razões históricas, filosóficas, socio-políticas e ideológicas, 
acrescidas das razões psicopedagógicas.
Historicamente, temos de considerar que vivemos hoje a era 
da informática, com suas contradições, seus paradoxos. Como já 
afirmava Heráclito, o filósofo grego pré-socrático, “no mundo tudo 
flui, tudo se transforma, pois a essência da vida é a mutabilidade, 
e não a permanência”. Assim, aquela escola, que era boa para o 
momento da revolução industrial, já não atende às necessidades 
do homem do final do século XX.
Nossa era é a da pós-modernidade (ou neomodernidade, 
como querem alguns autores), em que à lógica formal, clássica, 
normativa e maniqueísta (bivalente), impõe-se a lógica dialética, 
fundamentada na noção de contradição, dialógica.
Paralelamente, a luta pela igualdade de direitos, pela 
supremacia da liberdade, pelo resgate da democracia e a revisão 
de conceitos de poder deram novo sentido à noção de cidadania, 
de coletividade, de valores cívicos.
Dentre as razões que temos para buscar uma transformação 
curricular, passa também uma razão política muito forte: hoje 
vivemos uma democracia, e queremos formar pessoas criativas, 
questionadoras, críticas, comprometidas com as mudanças e não 
com a reprodução de modelos.
Questões histórico-filosóficas e sociopolítica-ideológicas vêm 
exigindo, há muito tempo, uma total revisão na instituição escolar.
Mais recentemente, com a divulgação dos trabalhos teóricos 
sobre a psicologia genética e sua aplicação ao campo da pedagogia, 
tornou-se imperiosa essa necessidade de mudanças na estrutura 
escolar, visando, sobretudo, ao resgate da inteireza do ser humano 
e da unidade do conhecimento.
A rapidez das mudanças em todos os setores da sociedade 
atual (científico, cultural, tecnológico ou político-econômico), o 
acúmulo de conhecimentos, as novas exigências do mercado 
de trabalho, sobretudo no campo da pesquisa, da gerência e da 
produção, têm provocado uma revisão didático-pedagógica do 
processo de educação escolar.
Surge, assim, uma nova concepção de ensino e de currículo, 
baseada na interdependência entre os diversos campos 
de conhecimento, superando-se o modelo fragmentado e 
compartimentado de estrutura curricular fundamentada no 
isolamento dos conteúdos.
Temos de considerar ainda as razões psicopedagógicas 
que nos levam a propor um currículo interdisciplinar, e que 
estão relacionadas com os conhecimentos já adquiridos 
sobre o funcionamento do cérebro humano e os processos de 
conhecimento e de aprendizagem. Os avanços significativos da 
PsicologiaGenética nos permitem hoje conceituar, com Piaget, 
inteligência como a capacidade de estabelecer relações; confrontar, 
com Vygotski, o desenvolvimento de conceitos espontâneos e 
científicos; admitir com Gardner, a ideia de inteligência múltipla, 
o que implica uma série de competências a serem desenvolvidas 
pela escola: competência lingüística, lógico-matemática, espacial, 
cinestésica, musical, pictórica, intrapessoal e interpessoal.
Ora, todos esses avanços exigem um repensar do currículo 
escolar, baseado na rede de relações, eliminando-se os “redutos 
disciplinares” em prol de uma proposta interdisciplinar. Um currículo 
escolar atualizado não pode ignorar o modo de funcionamento da 
mente humana, as necessidades da aprendizagem e as novas 
tecnologias informáticas diretamente associadas à concepção de 
inteligência . É preciso, hoje, pensar o conhecimento (e o currículo) 
como uma ampla rede de significações, e a escola como lugar não 
apenas de transmissão do saber, mas também de sua construção 
coletiva.
Eis, pois, a grande razão para termos um currículo 
interdisciplinar: é preciso resgatar a inteireza do ser e do saber, e o 
trabalho em parceria.”
Artigo: Interdisciplinaridade Um novo paradigma curricular 
Rosa Maria Calaes de Andrade
Assinale a alternativa que não apresenta modalizações deônticas:
a) “Ora, todos estes avanços exigem um repensar do currículo 
escolar, baseado na ideia de rede de relações, eliminando-
se os “redutos disciplinares”, em prol de uma proposta 
interdisciplinar.” (11° parágrafo)
PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR
10 MODALIZADORES
99
INTERPRETAÇÃO
b) “... hoje vivemos numa democracia, e queremos formar 
pessoas criativas, questionadoras, críticas, comprometidas 
com as mudanças, e não com a reprodução de modelos.” (5° 
parágrafo)
c) “Historicamente falando, temos de considerar que vivemos 
hoje a era da informática, com suas contradições, seus 
paradoxos.” (2° parágrafo)
d) “Temos de considerar ainda as razões psicope-dagógicas 
que nos levam a propor um currículo interdisciplinar.” (10° 
parágrafo)
e) “É preciso hoje pensar o conhecimento (e o currículo) como 
uma ampla rede de significações e a escola como lugar 
não apenas de transmissão do saber, mas também de sua 
construção coletiva.” (11° parágrafo)
09. (CODEMIG)
Democracia refém (José Roberto de Toledo)
Desde 2008, o ibope pergunta à população em idade de votar 
quão satisfeita ela está com o funcionamento da democracia 
no Brasil. Os resultados nunca foram brilhantes ainda menos 
se comparados com países latino-americanos como Uruguai e 
Argentina, mas jamais haviam sido tão chocantes quanto agora. 
Só 15% dos brasileiros se dizem “satisfeitos” (14%) ou “muito 
satisfeitos” (1%) com o jeito que o regime democrático funciona 
no país.
(Estado de São Paulo, 04/09/2015)
Há uma série de vocábulos denominados “modalizadores”, que se 
caracterizam por inserir opiniões do enunciador sobre o assunto 
tratado. O segmento abaixo, retirado do texto, cujo vocábulo 
sublinhado é exemplo de modalizador é:
a) “Só 15% dos brasileiros se dizem ‘satisfeitos’”;
b) “Desde 2008, o ibope pergunta à população em idade de votar 
quão satisfeita ela está...”;
c) “Os resultados nunca foram brilhantes...”;
d) “...mas jamais haviam sido tão chocantes quanto agora.”;
e) “...ou ‘muito satisfeitos’ (1%) com o jeito que o regime 
democrático funciona no país”.
10. (PREFEITURA DE GOIANÉSIA-GO)
O verbo achar é usado na fala da personagem como parte da 
estratégia de
a) evidenciação da fonte radiofônica.
b) avaliação do fato.
c) imposição de verdade.
d) modalização do discurso.
11. (PUC-SP) TEXTO I: Poemeu
(Millôr Fernandes)
Pedem-me um Não,
Digo "Pois sim!",
Exigem um Sim,
Digo "Pois não!".
E, entre o Sim e o Não,
O Pois Sim e o Pois não,
Eu me mantenho
Na contramão.
Veja. São Paulo. 26 out. 2005. p. 29
TEXTO II: Depois de brincar de referendo...
 É hora de falar sério
Ganhe o NÃO ou ganhe o SIM, o problema do crime no Brasil 
vai continuar do mesmo tamanho. Durante quase um mês as 
autoridades submeteram o país à propaganda eleitoral de uma 
questão sobre a qual a opinião das pessoas, por mais bem-
intencionadas, não tem o menor poder. O referendo das armas vai 
ser lembrado como um daqueles momentos em que um país entra 
em transe emocional e algumas pessoas se convencem de que 
basta uma torcida muito forte para que se produza um resultado 
positivo para a sociedade. 
Em finais de Copa do Mundo essa mobilização é muito 
apropriada. O referendo das armas no Brasil tem algo dessa ilusão 
coletiva de que se pode vencer um inimigo poderoso, o crime 
violento, apenas pela repetição de mantras e mediante sinais feitos 
com as mãos imitando o voo da pomba branca da paz. Infelizmente 
a vida real exige mais do que boas intenções para seguir o vetor do 
progresso social.
Ganhe o SIM ou o NÃO na proposta de proibir a comercialização 
de armas, continuará intacto e movimentado o principal caminho 
que elas percorrem das forjas do metal até as mãos dos bandidos. 
Esse caminho é a corrupção policial. Se quisesse efetivamente 
diminuir o número de armas em circulação o governo deveria ter 
optado por agir silenciosa e drasticamente dentro das organizações 
policiais. São conhecidos os expedientes usados por policiais 
corruptos que deixam as armas escaparem para as mãos dos 
bandidos em troca de dinheiro.
O caminho mais comum é a simples venda para os bandidos 
de armas ilegais apreendidas em operações policiais. A apreensão 
não é reportada ao comando policial e, em lugar de serem 
encaminhadas para destruição, elas são vendidas aos bandidos. 
É frequente criminosos serem soltos em troca de deixarem a arma 
com policiais. O MESMO vale para cidadãos pegos com armas 
ilegais ou sem licença para o porte. Eles são liberados pagando 
como pedágio a arma que portavam. Policiais corruptos também 
simulam o roubo, furto ou até a perda da arma oficial. Depois raspam 
sua numeração e a vendem. A corporação cuida de entregar-lhes 
uma nova, que pode vir a ter o MESMO destino. Enquanto esse 
tráfico não for interrompido, podem ser organizados milhares de 
referendos e o problema do crime continuará do MESMO tamanho.
Shelp, Diogo. Veja. São Paulo. 26 out. 2005. p. 62
De acordo com o discurso gramatical tradicional, advérbio é 
palavra invariável que expressa circunstância e incide sobre verbos, 
adjetivos e até mesmo advérbios. No entanto, extrapolando esse 
discurso, sabe-se que, como modalizador, em vez de exprimir 
uma circunstância (tempo, lugar, intensidade etc.) relacionada a 
um verbo, advérbio ou adjetivo, o advérbio pode revelar estados 
psicológicos do enunciador. Isso se vê em:
PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR100
INTERPRETAÇÃO 10 MODALIZADORES
a) "[...] basta uma torcida MUITO forte para que se produza um 
resultado positivo para a sociedade." 
b) "INFELIZMENTE a vida real exige mais do que boas intenções 
para seguir o vetor do progresso social." 
c) "o governo deveria ter optado por agir SILENCIOSA E 
DRASTICAMENTE dentro das organizações policiais." 
d) "A apreensão NÃO é reportada ao comando policial [...]" 
e) "DEPOIS raspam sua numeração e a vendem." 
12. (EA CFOAV/CFOINT/CFOINF) Leia o texto e responda à questão.
Para Sempre Jovem
Recentemente, vi na televisão a propaganda de um jipe que 
saltava obstáculos como se fosse um cavalo de corrida. Já tinha 
visto esse comercial, mas comecei a prestar atenção na letra da 
música, soando forte e repetindo a estrofe de uma canção muito 
conhecida, “forever Young... I wanna live forever and Young...” 
(para sempre jovem... quero viver para sempre e jovem). 1Será que, 
realmente, 2queremos viver muito e, de preferência, para sempre 
jovens? (...)
O crescimento da população idosa nos países desenvolvidos 
é uma bomba-relógio que já começa a implodir os sistemas 
previdenciários, despreparados para amparar populações com 
uma média de vida em torno de anos. A velhice se tornou uma 
epidemia incontrolável nos países desenvolvidos. Sustentar apopulação idosa sobrecarrega os jovens, cada vez em menor 
número, pois, nesses países, há também um declínio da natalidade. 
Será isso socialmente justo?
Uma pessoa muito longeva consome uma quantidade total 
de alimentos muito maior do que as outras, o que contribui para 
esgotar mais rapidamente os recursos fi nitos do planeta 3e agravar 
ainda mais os desequilíbrios sociais. Para que uns poucos possam 
viver muito, outros 4terão de passar fome. Será que, em um futuro 
breve, teremos uma guerra de extermínio aos idosos, como na 
fi cção do escritor argentino Bioy Casares, O diário da guerra do 
porco? Seria uma guerra justa? [...]
TEIXEIRA, João. Para sempre jovens. In: Revista Filosofi a: ciência & vida.
Ano VII, n. 92, março-2014, p. 54.
Elementos de modalização são responsáveis por expressar 
intenções e pontos de vista do enunciador. Por intermédio deles, o 
enunciador inscreve no texto seus julgamentos e opiniões sobre o 
conteúdo, fornecendo ao interlocutor “pistas” de reconhecimento 
do efeito de sentido que pretende produzir.
Observe os elementos de modalização destacados nos excertos e 
as respectivas análises.
I. “...e agravar ainda mais os desequilíbrios sociais.” (ref. 3) – O 
advérbio destacado ratifi ca a ideia de que a situação que já é 
caótica vai piorar.
II. “...terão de passar fome.” (ref. 4) – O verbo auxiliar utilizado 
ressalta a total falta de saída para os jovens.
III. “Será que, realmente, queremos viver muito...” (ref. 1) – O 
advérbio utilizado reforça o questionamento sobre o desejo de 
viver muito, presente no senso comum.
IV. “...queremos viver muito e, de preferência, para sempre 
jovens?” (ref. 2) – A locução adverbial sugere que a vida longa 
será também de qualidade.
Apresentam afi rmações corretas as alternativas
a) I e II apenas. 
b) III e IV apenas.
c) I, II e III apenas.
d) I, II, III e IV.
e) I e IV
13. (VUNESP) Leia a tira para responder à questão.
(Dik Browne. Hagar, o Horrível. Folha de S.Paulo, 27.09.2015)
A fala da mulher permite inferir que, ao treinar o cão, ela pretendeu
a) reproduzir as ordens do marido. 
b) mostrar-se preocupada com o marido. 
c) contestar a autoridade do marido.
d) tornar-se superior ao marido. 
e) manter-se submissa ao marido.
14. (FGV) Na frase “Escolas de São Paulo vetam até escova de dente 
para economizar água.”, o emprego do até mostra um modalizador, 
ou seja, um termo em que o enunciador do texto expressa uma 
opinião. Nesse caso, a opinião é de que 
a) há um exagero na medida. 
b) mostra um cuidado exemplar na medida tomada.
c) indica uma dúvida sobre o efeito pretendido. 
d) ocorrem inúmeros outros casos de economia de água.
e) demonstra um apoio à medida tomada.
15. (TJ-BA) “O caminho para baixo era estreito e íngreme, e tanto 
os homens quanto os animais não sabiam onde estavam pisando, 
por causa da neve; todos os que saíam da trilha ou tropeçavam 
em algo perdiam o equilíbrio e despencavam no precipício. A 
esses perigos eles resistiam, pois àquela altura já se haviam 
acostumado a tais infortúnios, mas, por fi m, chegaram a um lugar 
onde o caminho era estreito demais para os elefantes e até para os 
animais de carga. Uma avalanche anterior já havia arrastado cerca 
de trezentos metros da encosta, ao passo que outra, mais recente, 
agravara ainda mais a situação. A essa altura, os soldados mais 
uma vez perderam a calma e quase caíram em desespero.” 
(Políbio, Histórias)
“Pois àquela altura já se haviam acostumado a tais infortúnios”; O 
termo “àquela altura” se refere:
a) ao momento por que passavam; 
b) à altitude das montanhas; 
c) à dimensão dos caminhos; 
d) ao modo por que atravessavam os caminhos; 
e) à consequência dos fatos anteriores.
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10 MODALIZADORES
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INTERPRETAÇÃO
TEXTO PARA AS QUESTÕES 16 E 17:
O Lema da Tropa
O destemido tenente, no seu primeiro dia como comandante 
de uma fração de tropa, vendo que alguns de seus combatentes 
apresentavam medo e angústia diante da barbárie da guerra, 
gritou, com fi rmeza, para inspirar seus homens a enfrentarem o 
grupamento inimigo que se aproximava:
– Ou mato ou morro!
Ditas essas palavras, metade de seus homens fugiu para o 
mato e outra metade fugiu para o morro. 
16. (EEAR) Considere o seguinte trecho do texto:
“– Ou mato ou morro!
Ditas essas palavras, metade de seus homens fugiu para o 
mato e outra metade fugiu para o morro.”
No fragmento acima, para que houvesse redução de possibilidades 
interpretativas, do ponto de vista morfológico, e manutenção 
do sentido original desejado pelo tenente, bastaria que ele, ao 
encorajar seus combatentes,
a) acrescentasse preposições, como, por exemplo, “para”, antes 
dos substantivos, criando locuções adverbiais.
b) acrescentasse determinantes às palavras, como, por exemplo, 
o artigo defi nido “o” antes dos substantivos.
c) conjugasse os verbos pronunciados no tempo presente do 
modo indicativo.
d) pronunciasse as palavras considerando-as como verbos na 
forma nominal do infi nitivo.
17. (EEAR) No texto acima, considerando os aspectos morfológicos 
da Língua Portuguesa, a construção do humor se efetua, 
principalmente, pela
a) falta de capacidade linguística dos combatentes que, ao 
confundirem as palavras do tenente, no contexto, atribuíram 
valores de advérbios aos verbos pronunciados pelo tenente.
b) ausência de interpretação plausível por parte dos combatentes 
que, ao ouvirem as palavras, confundem suas classes 
gramaticais, atribuindo a elas valores inadmissíveis na Língua 
Portuguesa.
c) capacidade que os combatentes tiveram de interpretar as 
palavras pronunciadas, confundindo verbos com substantivos, 
justifi cando, com isso, a vasta flexibilidade de sentidos de uma 
língua em sua situação de uso.
d) capacidade de os combatentes trocarem, propositalmente, 
as classes morfológicas das palavras pronunciadas pelo 
tenente, justifi cando o medo deles e a rigidez de signifi cados e 
inflexibilidade de sentidos de tais palavras.
18. (CP2)
Uma noite real no Museu Nacional
Gira coroa da majestade 
samba de verdade, identidade cultural 
Imperatriz é o relicário 
no bicentenário do Museu Nacional 
Onde a musa inspira a poesia 
a cultura irradia o cantar da Imperatriz 
é um palácio, emoldura a beleza 
abrigou a realeza, patrimônio é raiz 
que germinou e floresceu lá na colina 
a obra-prima viu o meu Brasil nascer 
no anoitecer dizem que tudo ganha vida
paisagem colorida deslumbrante de viver 
bailam meteoros e planetas 
dinossauros, borboletas 
brilham os cristais 
o canto da cigarra em sinfonia 
relembrou aqueles dias que não voltarão jamais 
À luz dourada do amanhecer 
as princesas deixam o jardim 
os portões se abrem pro lazer 
pipas ganham ares 
encontros populares 
decretam que a Quinta é pra você 
Samba de enredo da escola de samba Imperatriz Leopoldinense em 2018 
Compositores: Jorge Arthur, Maninho do Ponto, Julinho Maestro, Marcio Pessi,
Piu das Casinhas 
O título do texto, “Uma noite real no Museu Nacional”, apresenta 
uma série de recursos linguísticos e textuais frequentes em textos 
literários, como a rima, a intertextualidade e a ambiguidade.
Considerando os versos do texto, o termo do título que foi 
empregado com sentido ambíguo é
a) “noite”.
b) “real”.
c) “Museu”.
d) “Nacional”.
19. (ESPM)
“É Brasileiro, já passou de Português...”
A ideia de uma língua única, que não se altera, é um mito, pois 
a heterogeneidade social e cultural implica a heterogeneidade 
linguística.
(...)
Embora Brasil e Portugal tenham uma língua comum, é nítido 
a qualquer falante do português que existem diferenças entre o 
português falado nos dois países – claro que elas também existem 
com relação aos demais países de língua portuguesa. (...) Essas 
diferenças são tão grandes que podemos afi rmar que no Brasil 
se fala uma língua diferente da de Portugal, que os linguistas 
denominaram de português brasileiro. Isso é tão evidente que, se 
você observar um processador de textos, o Word, por exemplo, na 
ferramenta idiomas há as opções português

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