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O Congresso de Viena -Apostila Estácio de Sá


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Exílio de Napoleão em Elba 
 
As negociações de paz entre a França e os outros países foram interrompidas 
com a fuga de Napoleão de Elba e o início do governo dos 100 dias. Mas sua 
derrota, em Waterloo, tornou necessária a convocação de um congresso, que 
pusesse um fim definitivo às hostilidades e reconfigurasse o mapa da Europa. 
Esse congresso ocorreu, em Viena, em 1815. 
 
A escolha não foi aleatória. Viena foi uma das poucas cidades importante das 
Europa que não sofreu com a revolução e cuja casa dinástica, os Habsburgo, 
havia permanecido no poder. 
 
Alguns dos principais países participantes do Congresso foram a Áustria, a 
Prússia, o Reino Unidos, Portugal, Espanha, Dinamarca, Suécia, Suíça, Rússia 
e, é claro, a França. Mesmo derrotada, ela ainda era um importante fator a 
ser considerado, tanto política quanto economicamente. A palavra de ordem 
do Congresso foi restauração. A fim de levar ao equilíbrio geopolítico, a 
principal proposta de Viena era reconduzir as monarquias depostas ao poder, 
legitimando um Estado semelhante ao do Antigo Regime. 
 
As guerras napoleônicas evidenciaram a fragilidade dos reinos, especialmente 
no tocante a defesa militar. A partir de Viena foi criada a santa Aliança, que 
reunia Rússia, Áustria e Prússia firmando uma cooperação militar entre estes 
reinos. Dentre os diversos arranjos, coube a Viena a devolução dos chamados 
Estados pontifícios, ou seja, que pertenciam à Igreja. 
 
Durante a Idade Média, sabemos que a Igreja era uma poderosa senhora 
feudal, dona de muitas terras. Com a reforma protestante e a centralização 
dos Estados nacionais, muitas terras eclesiásticas foram confiscadas, a 
exemplo do que ocorreu na Inglaterra, mas a Igreja manteve, na Itália, onde o 
catolicismo ainda era sólido, algumas regiões nas quais o papa era o chefe de 
Estado. 
 
 
 
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Esses Estados foram alvo de muita disputa enquanto existiram e essas 
controvérsias só foram resolvidas na década de 1930, com o tratado de 
Latrão, que reconhecia o Estado do Vaticano, sob o governo do papado. Por 
isso, embora o Vaticano se encontre no coração da Itália, é um pais 
independente, com suas próprias leis e seu próprio governante, o que faz com 
que o papa, além de líder espiritual, seja também um chefe de Estado. 
 
Viena acabou por manter a divisão da Itália e da Alemanha em vários reinos. 
Por essa razão, a centralização das monarquias nacionais, que no resto da 
Europa aconteceu na Idade Moderna, nestes países ela ocorreria somente no 
século XIX. 
 
 
 
 
 
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De acordo com Viena, caberia a Áustria, a posse dos Balcãs. Essa é uma região 
que sempre aparece nos diversos conflitos que estudamos, como a Primeira e 
a Segunda Guerra mundiais. Viena levou em consideração as chamadas 
fronteiras geográficas, mas existe outro tipo de fronteira, a ideológica, que é 
um pouco mais complicada de ser definida. 
 
Durante sua história, os Balcãs foram habitados por inúmeros povos, cuja 
cultura deu origem a várias diferenças tanto étnicas quanto religiosas. Dessa 
maneira, esta região acabou sendo, ao longo do tempo, reivindicada e 
invadida pelos mais diversos países, como a Alemanha. 
 
A ambição dos monarcas europeus representados por seus ministros, em 
Viena, era reimplantar o absolutismo e exterminar com a influência 
revolucionária e liberal propagada pela Revolução Francesa. 
 
 
 
 
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Seria este um objetivo possível? 
Os reis acreditavam que sim e se baseavam no princípio da legitimidade já 
que as casas reais eram as legítimas herdeiras dos tronos da Europa. Mas, 
embora Viena tenha garantido um período de paz relativa, no plano 
internacional, no plano interno, não se podia dizer o mesmo. O liberalismo já 
se impunha como ideologia, especialmente entre os burgueses. As revoluções 
eclodiriam por vários lugares, como a Revolução Liberal do Porto, de 1820, 
em Portugal.