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PORTFÓLIO ADRIANE DE PAULA PROJETO

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1º MOMENTO – AS PRIMEIRAS ESCOLAS DO BRASIL 
Ao caminhar pela cidade, observando seus prédios, é fácil saber quando se está diante de uma escola, isso porque a escola é uma das instituições sociais mais importantes. Torna-se assustador imaginar que todas as pessoas passam em torno de quinze anos de suas vidas freqüentando esse espaço. E é interessante perceber que a história da escola e da educação acompanha todos os estágios da evolução humana, desde a forma de educação primitiva, mais informal, até o modelo de educação ministrado na escola atual.
Talvez por isso, ela é tida como o espaço de concretização e assimilação do conhecimento. Analisando-a do ponto de vista do contexto histórico, surgirão muitos questionamentos a respeito da atuação dessa instituição.
O ambiente escolar sempre existiu? Qual a nossa verdadeira função como educadores? Quem tem direito à educação? Quem é o sujeito da educação? Somo formados para servir à quem? Devemos desenvolver o que? Será que no nosso período de formação somos levados à refletir sobre o papel da escola e o mundo que nos cerca? Como podemos atuar de forma ativa e transformadora? Será que é só na escola que se dá o processo educativo? Qual a relação entre ambiente escolar e estruturação do pensamento?
A educação nas comunidades primitivas era um ensino informal e visava um ensino das coisas práticas da vida coletiva, focada na sobrevivência e perpetuação de padrões culturais, ou seja, não havia uma educação confiada a uma instituição específica., porque ela acontecia espontaneamente mediada pela convivência em grupo. É o aprender fazendo, inter-relacionando vida e trabalho nesse processo.
Com a conquista grega é que vem toda uma revolução na tradição do ensino, passando a ser vista de uma maneira mais racional.
O termo escola vem do grego scholé significando “lazer, tempo livre”. Esse termo era utilizado para nomear os estabelecimentos de ensino pelo fato de a tradição greco-romana não valorizar a formação profissional e o trabalho manual. Formar o homem das classes dirigentes era o ideal da educação grega. O professor não deveria ensinar de acordo com suas concepções, mas de acordo com a exigência da sociedade, devendo formar os futuros governantes e ocupantes dos altos cargos. O mestre filósofo era o responsável pela educação dos seus discípulos, em geral cinco e geralmente ensinava política, artes, aritmética e filosofia.
Na Idade Média, o conhecimento ficou praticamente nos mosteiros. È aí que a educação ambienta-se na escola e os religiosos se encarregam da transmissão do saber. Era ainda uma educação elitizada, não havendo separação entre crianças e adultos. Os nobres só se preocupavam em aumentar suas riquezas, e acreditavam até que o escrever era próprio para as mulheres, portanto desprezavam a cultura e a instrução. Com o desenvolvimento do comércio é que surge a necessidade de aprender a ler, escrever e contar. A burguesia estimula uma escola com ensinos práticos para a vida e para os interesses da classe emergente. Portanto, o aparecimento da instituição escolar estar diretamente ligado ao aparecimento e desenvolvimento do capitalismo. Percebemos isso claramente ao notar que no período da Revolução Industrial ( a partir de 1750), época áurea do sistema capitalista, houve a necessidade de mão-de-obra para operar as máquinas e que para tal manejo teriam que ter no mínimo uma instrução básica. A burguesia percebeu que a educação serviria para disciplinar esses milhares de trabalhadores. Adam Smith,um dos grandes teóricos do Capitalismo, inclusive defendia que a educação era necessária e deveria ser dada em pequenas doses às massas.
Portanto a burguesia viu na educação uma poderosa arma de controle para disciplinar os trabalhadores. Vemos aí que a Escola surge com funções ideológicas: inculcar na grande massa os valores e normas da classe dominante, mostrando a função de cada um conforme sua classe de origem.
Tal posição não é vista claramente pela massa, porque a Escola sempre é vista como uma instituição neutra que trata a todos de forma igual. Nunca se reflete sobre seu atual papel, o que de certa forma esconde a realidade da maioria.
Pelo que foi dito acima, conclui-se claramente o poder que a escola tem de disseminar o pensamento ideológico de quem comanda a sociedade. Ou seja, o aparelho escolar está a serviço da classe que controla a sociedade.
Os jesuítas criaram as primeiras escolas quando aqui chegaram em 1549, com o objetivo de formar sacerdotes e catequizar o índio, dedicando-se também à educação da elite nacional. A Companhia de Jesus foi uma instituição criada essencialmente para fortalecer e defender a Igreja. A Companhia demorou 59 anos para formular o seu plano de atuação – O Ratio Studiorum, finalizado em 1599 e totalmente influenciado pela cultura européia e considerado um perfeito instrumento de controle. Ou seja, privilegiavam uma cultura intelectual idealizada em nome da Igreja, em detrimento da emancipação intelectual.
Na Alemanha e na França é que se inicia a educação pública estatal, porém, sem o interesse de atender aos filhos da classe trabalhadora. No séc. XIX ela é inaugurada nos EUA e no Brasil no final do séc. XIX quando principiou o processo de industrialização do país.
No Brasil, para uma melhor compreensão da atuação da escola, fundamental é falar das tendências pedagógicas. Lembrando que nenhuma teoria ou método pedagógico é neutro, pois está enraizado no momento histórico, econômico e político na qual é formulado.
No século XX, no Brasil construiu-se um ideal de sociedade do lazer ancorado na ilusão do mundo de consumo, surgem os movimentos de contra-cultura( beatniks, hippies, punks); os movimentos de mobilização das minorias( movimento estudantil, feminista, grupos de defesa dos direitos humanos) e o surgimento das ONGs. Todas essas mudanças exigiram um novo tipo de escola, principalmente uma escola pública, leiga, gratuita e obrigatória devido à vertiginosa industrialização.
No Brasil, a educação só passou realmente a ser debatida no início do século XX a partir das discussões surgidas com os intelectuais brasileiros que passaram a analisar a educação de forma mais profunda. Tal análise começou como o movimento escolanovista na década de 20, que surgiu como uma crítica à educação tradicional, buscando acima de tudo a universalização do ensino no país. Preconizava ainda uma nova escola, onde o aluno passasse a ser ouvido e defendendo uma escola que formasse um homem novo.
A partir desse movimento surge o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova (1932), documento assinado e liderado por Fernando de Azevedo e com apoio de Aluízio de Azevedo, Anísio Teixeira, Cecília Meireles e várias outras personalidades.
Tal manifesto surgiu porque não havia ainda um sistema escolar adequado ao país, dando uma forma mais racional à educação, cientificando-a.
Nos anos 60, surgem movimentos contra a escola, propondo a desescolarização, e uma crítica ferrenha à escola, surgindo uma nova concepção. A escola passa a ser vista sob a perspectiva de reprodutora das desigualdades da sociedade.
Dermeval Saviani, um dos grandes teóricos da educação, classifica as teorias educacionais em teorias críticas e não-críticas. As teorias não-críticas entendem a educação como uma ferramenta de equalização social, de superação da desigualdade social, vista de forma autônoma em sua atuação, e ao tentar entendê-la partem dela mesma. Como exemplos de teorias não-críticas temos a pedagogia tradicional( preconiza o professor como centro do processo de ensino e ao aluno cabe aprender o que lhe é transmitido, sem ter o direito de questionar, preconiza o “aprender”), a pedagogia nova( defende a escola como um meio de equalização social, enfatiza o “aprender a aprender”). Daí vem o escolanovismo. Propunha uma amplamodificação na aparência das escolas, com salas de aula de aspecto mais agradável e mais alegre. A partir daí surge a pedagogia tecnicista, já que a pedagogia nova não conseguiu seu intento. A última das teorias não –críticas é a pedagogia tecnicista que enfatiza o “aprender a fazer” e tem como objetivo tornar o processo de ensino mais operacional, formando homens competentes e produtivos.
As teorias acima representam um processo de reorganização do aparelho escolar que passou por um intenso processo de burocratização. Essa fragmentação no trabalho pedagógico causou um caos no campo educativo por tentar comparar a educação com o sistema fabril.
Quanto às teorias críticas, elas são também denominadas de teorias crítico-reprodutivistas, pois são compreendidas a partir da influência da sociedade a qual servem. Portanto, há uma estreita relação entre educação e sociedade. Entre essas teorias Dermeval Saviani cita: a teoria do sistema de ensino enquanto violência simbólica(como exemplo temos a violência material imposta pela classe dominante à classe dominada, o que provoca uma violência cultural, o que vemos claramente na ação pedagógica institucionalizada, ou seja, no sistema escolar).
Uma outra teoria crítico-reprodutivista é a teoria da escola enquanto aparelho ideológico de Estado, que Althusser bem distinguiu em Aparelhos Repressivos de Estado(a Polícia, os Tribunais, etc.) e os Aparelhos Ideológicos de Estado(a igreja, a família, os sindicatos, as escolas, etc.).Esses aparelhos ideológicos espalham a ideologia dominante, de forma não institucionalizada, mas de forma massiva e ideológica, já que a escola serve como instrumento de inculcação do pensamento da classe dominante. Para isso, ela prepara durante vários anos as crianças provenientes de todas as classes sociais e as transmite a ideologia da classe dominante, reproduzindo assim as relações de exploração do sistema capitalista.
A teoria dualista é a última teoria crítico-reprodutivista. Esta teoria acredita que a escola é dividida em duas camadas ou classes: o proletariado e a burguesia e que essa divisão está presente em todo o conjunto escolar, desde a primária até a secundária. Tal teoria entende que a escola cumpre a missão de formar a força de trabalho pra atuar no sistema, contribuindo para a reprodução das relações produtivas. Ela reconhece que existe uma ideologia proletária, mas que a ideologia proletária não está na escola.
Através dessas teorias conclui-se que as teorias não-críticas não conseguem bons resultados, por distanciarem a educação da realidade do aluno e as teorias crítico-reprodutivistas explicam o porquê do fracasso escolar.
Comenius ( Jean Amos Komenisky – 1592 – 1670), considerado o pai da didática, considerou a escola como o espaço fundamental da educação do homem, estruturando seu pensamento na máxima: Ensinar tudo a todos. Para ele, essa educação concebida em um ambiente adequado, com diálogo e através da experiência é que formaria cidadãos capazes e atuantes no mundo. E Comenius acredita na escola como uma aliada nesse modelo de construção do saber.
Maria Montessori, representante da Pedagogia Nova, a partir de experiências com o ensino de crianças, conclui que o espaço ideal para ser uma escola é uma casa com um jardim cultivado pelas crianças, com liberdade onde as crianças aprendem e se desenvolvem sem a ajuda dos adultos. Já que para Montessori, o ambiente adulto se torna um obstáculo para o desenvolvimento das crianças. Assim, preparando-se um ambiente adequado aos movimentos das crianças, ocorrerá a manifestação psíquica natural e portanto um aprendizado saudável.
Para Paulo Freire, grande expoente da educação brasileira, a escola é o espaço onde se dá o diálogo entre os homens, mediatizados pelo mundo ao redor, surgindo daí a necessidade de transformação do mundo. “ Não devemos chamar o povo à escola para receber instrução, postulados, receitas, ameaças, repreensões e punições, mas para participar coletivamente da construção de um saber, que vai além do saber de pura experiência feito, que leve em conta as suas necessidades e o torne instrumento de luta, possibilitando-lhe transformar-se em sujeito de sua própria história(...) Freire, 1980. Freire considera a escola como um espaço político para a organização popular.
Numa perspectiva realmente progressista, democrática e não–arbitrária, não se muda a “cara” da escola por portaria. Não se decreta que, de hoje em diante, a escola será competente, séria e alegre. Não se democratiza a escola autoritariamente. A administração precisa testemunhar ao corpo docente que o respeita, que não teme revelar seus limites a ele, corpo docente. A administração precisa deixar claro que pode errar. Só não pode é mentir. (Freire, 1980).
2º MOMENTO: A ESCOLA COMO LUGAR PRIVELIGIADO DE MÉMORIAS 
Das discussões realizadas na disciplina Cultura, Patrimônio & Lugares de Memória foram dialogados, com teóricos, conceitos acerca de cultura, memória e patrimônio, bem como visitas a monumentos e aldeias indígenas, como forma de vivenciar algumas manifestações culturais. 
A partir dessas discussões, percebemos que a história enquanto história cultural não possue uma definição única no conceito entre os historiadores, alguns definem como herdeira da história, enquanto outros definem como herdeira da historiografia francesa, ou seja, história das mentalidades, surgida a partir dos anos 1960, muito importante para ligação das culturas dos vários povos. Como defende Cuche (2002),
 As culturas das diferentes coletividades de imigrantes não são um dado acabado, como qualquer outra cultura. Elas são a resultante de inúmeras interações no interior de cada coletividade, bem com o das interações entre cada coletividade e as outras coletividades de seu ambiente social. (CUCHE, 2002 p.233)
 A nova história cultural se origina de diferentes tradições, valoriza objetos, domínios e métodos diferenciados, considerando diversas abordagens e representações até sobre o já representado, ou seja, representações de determinada época depende do objeto cultural, seja ele material ou imaterial levando em conta sua representação. Acerca disso (Chartier,1990) destaca, 
[...] trata-se de identificar o modo como em diferentes lugares e momentos determinada realidade social é construída, pensada, dada a ler, [sendo necessário] considerar os esquemas geradores das classificações e das percepções próprias de cada grupo ou meio como verdadeiras instituições sociais, incorporando sob a forma de categorias mentais e de representações coletivas as demarcações da própria organização social. (CHARTIER, 1990 p. 25) 
 O estudo tem como abordagem principal o eixo memória enquanto elemento essencial, compreendendo que “o resgate” da memória faz com que as professoras dessa escola possam relacionar os acontecimentos da época a sua própria história de vida, suas experiências sociais e suas lutas cotidianas, bem como experiências sociais e cotidianas de outras épocas. Sobre isso Jacques Le Goff, afirma que, 
“a memória, como propriedade de conservar certas informações, remete-nos em primeiro lugar a um conjunto de funções psíquicas, graças às quais o homem pode atualizar impressões ou informações passadas, ou que ele representa como passadas” (LE GOFF, 1999, p. 423). 
Afirma ainda,
 A memória, como propriedade de conservar certas informações, remete-nos em primeiro lugar a um conjunto de funções psíquicas, graças às quais o homem pode atualizar impressões ou informações passadas, ou que ele representa como passadas. Deste ponto de vista, o estudo da memória abarca a psicologia, a psicofisiologia, a neurofisiologia, a biologia e, quanto às perturbações da memória, das quais a amnésia é a principal. ( LE GOFF,1999 p.424)
 A escola armazena grande parte da memória social em decorrência de seu cotidiano e de sua temporariedade. Ela representa o momento de toda aprendizagem através de elementos utilizados na juventude, tais como normas; transmissão de valores; uniformes; caminho percorrido atéà escola; brincadeiras e desafios; experiências com o grupo; material didático utilizado e outros acontecimentos que ganham sentido na relação social com o cotidiano. Isso mostra que a escola enquanto lugar de memória é ao mesmo tempo simbólica e material.
 Nesse contexto, a escola com seu prédio ostensivo para cidade, serve como documento dos acontecimentos passados, que refletem valores de uma época resguardados, não violável pois conserva em sua atuação ritual de origem da sua criação, como por exemplo, o uso diariamente da farda, de grande importância, a forma antes do início da aula para rezar pedindo e agradecendo a Deus, a entoação do Hino Nacional e o louvor a Virgem Maria e São José, padroeiro da escola Esses 4 atos acontecem no pátio principal da escola remetendo aos pais que por ali passam a um reavivamento da memória retomada naquele ritual simbólico. Dessa maneira, a escola como lugar de memória se apresenta de forma material e simbólica.
 As memórias são importantes registros vividos que partem das lembranças e perpetuam lugares com referências e paisagem para um constante retorno ao passado, trazendo em si os mais diversos sentimentos documentados e expressados em narrativas, sonhos e percepções. Os lugares de memória de acordo com Nora (1993), “nascem e vivem do sentimento que não há memória espontânea nas sociedades atuais, que é preciso criar arquivos, organizar celebrações, manter aniversários, pronunciar elogios fúnebres, notariar atas, porque estas operações não são naturais", pois a aceleração do tempo nos faz esquecer ou desconsiderar o passado. 
São lugares com efeito nos três sentidos da palavra, material, simbólico e funcional, simultaneamente, somente em graus diferentes. Mesmo um lugar de aparência puramente material, como um depósito de arquivo, só é lugar de memória se a imaginação o investe de uma aura simbólica. Mesmo um lugar puramente funcional, como um manual de aula, um testamento, uma associação de antigos combatentes, só entra na categoria se for objeto de um ritual. Mesmo um minuto de silêncio que parece um exemplo extremo de uma significação simbólica, é ao mesmo tempo o recorte material de uma unidade temporal é serve, periodicamente, para uma chamada concentrada da lembrança. Os três aspectos coexistem sempre. (NORA, 1993,21-22)
 Para Pierre Nora, os lugares de memória são, primeiramente, lugares em uma tríplice acepção: são lugares materiais onde a memória social se ancora e pode ser apreendida pelos sentidos; são lugares funcionais porque têm ou adquiriram a função de alicerçar memórias coletivas e são lugares simbólicos onde essa memória coletiva – vale dizer, essa identidade - se expressa e se revela. São, portanto, lugares carregados de uma vontade de memória.
 Trabalhar com a formação das professoras requer um conhecimento das memórias e histórias da rotina escolar, embora a realidade social apresente grande crise, as instituições escolares ainda podem ser espaços privilegiados para produção e reflexão de subjetividade de saberes; de encontro de pessoas; de reencontro com a história e com a vida; lugar onde memória, palavras e práticas podem ser compartilhadas. 
 As instituições de memórias buscaram criar vínculos com passado e não ligarse a eles, exatamente porque nestas instituições o processo de atribuição de valor é sempre circunstancial. Instituição ligada ao poder e com poder de selecionar e decidir o que preservar, ela produz “lugares de memória” Nora (1993), e estes em última instância, estão mais ligados a uma história que a memória. Não há uma simples história, mas a história corrompida e petrificada, aquela sem mudança que fixa uma memória, daí efetivamente escapar da história. Os objetos (virtuais ou não) são organizados e hierarquizados pelas instituições de memória em torno desta fuga da história. 
A solidariedade como forma de conhecimento produz práticas independentes, que produzidas da realidade do dia a dia se afirmam das vozes que não foram ouvidas e que não são reconhecidas como história, mas através da história oral são privilegiadas, reconstituindo o futuro pela produção de novos tempos. Dessa forma Thompson destaca,
 A história oral é uma história construída em torno de pessoas. Ela lança a vida para dentro da própria história e isso alarga seu campo de ação. Admite heróis não só dentre os líderes, mas dentre a maioria desconhecida do povo. Estimula professores e alunos a serem companheiros de trabalho. Traz a história para dentro da comunidade e extrai a história de dentro da comunidade. (Thompson,1992:44)
 Em função disso, entendemos que pesquisar a formação das professoras através da história oral nos possibilita compreender o cotidiano da época, bem como suas práticas descartadas pelo modelo vigente, resgatando a memória como instrumento de formação de professores e o espaço escolar como um lugar de aproximação das pessoas. As trajetórias escolares e as memórias de formação são lugares privilegiados de construção do entendimento. São experiências intensas de exposição e autoconhecimento, de descoberta dos laços entre a memória pessoal e social. 
A ideia de conservação e de heranças do passado enquanto ação cultural teve inicio no decorrer do século XVIII, permanecendo até o século XIX e se firmando concretamente no século XX. Atualmente cuidar do patrimônio constitui um campo do conhecimento que assegura sua integração pela legislação que protege e regula; pela prática da restauração e da conservação de bens móveis e imóveis e pelo acompanhamento de profissionais especializados e pesquisadores ligados a patrimônios.
 Em visita realizada pelo grupo de doutorandos de história em locais de memórias, na cidade de Imperatriz, surgiu a necessidade de pesquisar sobre documentos que foram encontrados em uma igreja, como forma de resgatar a memória da história da religião, bem como, a higienização, conservação e reinstalação desses documentos a partir de uma nova organização como forma de viabilizar o acesso de usuário. 
 Dessa forma, comungamos com as ideias de Pierre Nora (1993) ao afirmar que memória e história se opõem. Seguindo o mesmo raciocínio, ele diz que, desde que haja rastro, distância, mediação, não estamos mais dentro da verdadeira memória, mas dentro da história. A memória seria, assim, um fenômeno sempre atual, um elo vivido no eterno presente e a história uma representação do passado (NORA, 1993). 
A memória é vida, sempre carregada por grupos vivos, em permanente evolução, aberta à dialética lembrança/esquecimento. A história é a reconstrução sempre problemática e incompleta do que já não existe mais. A memória é um fenômeno sempre atual, um elo vivido no eterno presente; a história uma representação do passado, operação intelectual que sempre busca a análise e o discurso crítico. É justamente esse lado crítico que destrói a memória espontânea. ( NORA,1993p.14). 
Assim podemos compreender que memória é um processo de construção coletiva em que o individuo se apresenta em um contexto social, enquanto a história registra fatos e lembranças muitas vezes já esquecidas. Conforme Le Goff, 
A memória coletiva faz parte das grandes questões das sociedades desenvolvidas e das sociedades em vias de desenvolvimento, das classes dominantes e das classes dominadas, lutando, todas, pelo poder ou pela vida. (...) A memória coletiva é não somente uma conquista, é também um instrumento e um objeto de poder (LE GOFF, 1999, p.469- 470). 
Desse breve recorte da pesquisa, ressaltamos a escola enquanto lugar de memória, considerando as memórias como experiências vividas anteriormente, na busca do que fizemos e de nossa identidade ligadas a história de vida.
 Pensar o conceito de lugares de memória nessa conjuntura, e pensar a atividade de reinvenção criativa desses grupos, é pensar os processos de subjetividade subversivos por eles experienciados, no seio de relações sociais desiguais que permitiram continuar se reconhecendo enquanto grupo étnico. 
A memória é a vida, sempre carregada por grupos vivos e, nesse sentido,ela esta em permanente evolução, aberto a dialética da lembrança e do esquecimento, inconsciente de suas deformações sucessivas, vulneráveis a todos os usos e manipulações, susceptíveis de longa latência e de repentinas revitalizações.(...) A memória é um fenômeno sempre atual, um elo vivido no eterno presente.(...) Porque é efetiva e mágica, a memória não se acomoda a detalhes que a confortam; ela se alimenta de lembranças vagas, telescópicas, globais ou flutuantes, particulares ou simbólicas, sensível a todas as transferências, cenas, censuras ou projeções.(...)A memória emerge de um grupo que ela une(...)A memória se enraíza no concreto, no espaço, no gesto, na imagem, no objeto.(NORA, 1993, p.9;1).
 De acordo com a citação, podemos dizer que a memoria é seletiva, nossas lembranças são individuais, são histórica e social, notamos o mundo de acordo com nossas experiências. 
3º MOMENTO - A HISTÓRIA DO COLÉGIO ESTADUAL DE JOSÉ DE ANCHIETA 
O Colégio mais antigo de nossa cidade é o Colégio Estadual José de Anchieta, Ensino Fundamental e Médio, está localizado na Rua Juazeiro, 1501, no centro da cidade de Quedas do Iguaçu, Paraná. 
O colégio dispõe de duas linhas telefônicas, sendo uma (046) 35321936 e a outra (046) 35324726. O FAX é (046) 35324726 e o e-mail qigjoseanchieta@seed.pr.gov.br. Sua dependência Administrativa é Estadual, e não confessional, porém o nome remete ao líder da igreja católica, sendo seu prédio de propriedade do Estado do Paraná. Está jurisdicionado ao Núcleo Regional de Educação de Laranjeiras do Sul, código 31. A distância do Colégio até a sede do NRE é de aproximadamente 75 km. 
O Colégio foi criado no dia 30 de dezembro de 1969 sob o decreto oficial n° 17.781 com o nome de Ginásio Estadual de Campo Novo, sendo a primeira escola de 5ª à 8ª série de Quedas do Iguaçu. Iniciou regularmente suas atividades em 1970, com 88 alunos matriculados, sob a direção do Sr. Idimir Tranqüilo Giraldi - o fundador da Escola. O Ato de autorização da Escola foi a Resolução n° 2855/81 de 30 de novembro de 1.981. O Ato de Reconhecimento da Escola foi através da Resolução n° 3.573/84 de 01 de junho de 1.984. 
O Ato de renovação do reconhecimento da Escola/Colégio foi de acordo com a Resolução n° 2.732/2002 de 11 de outubro de 2.002. O Ato Administrativo de Aprovação do Regimento Escolar é o n° 170/00 de 21 de dezembro de 2.000. A Escola até chegar à denominação atual chamou-se também Escola José de Anchieta Ensino de Primeiro Grau, posteriormente Escola Estadual José de Anchieta, Ensino de 1º Grau. A partir de 11 de setembro de 1998 com a Resolução Nº 3.120, passou a denominar-se Escola Estadual José de Anchieta – Ensino Fundamental. Hoje tem por finalidade ministrar o Ensino Fundamental de 6ª á 9ª Ano e Ensino Médio, funcionando nos períodos matutino, vespertino e noturno. Atualmente está denominada como Colégio Estadual José de Anchieta, Ensino Fundamental e Médio.
Todos os fatos históricos da escola foram arquivados em fotos, noticias, com o inicio da tecnologia a equipe pedagogia fez arquivo digital, para todos ter acesso. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 
CHARTIER, Roger: A historia cultural entre práticas e representações; trad.de Maria Manuela Galhardo. -Rio de Janeiro : Bertrand Brasil ; 1990. 
CUCHE, Denys. A Noção de Cultura nas Ciências Sociais. 2ª edição, Bauru, EDUSC, 2002. 
LE GOFF, Jacques. História e Memória. São Paulo, Editora da Unicamp, 1996. 
NORA, Pierre. Entre memória e história: a problemática dos lugares. Trad. Yara Khoury. Projeto História, São Paulo: PUC-SP, n. 10, p. 7-28, dez. 1993. 
THOMPSON, Paul. 1992. A Voz do Passado: história oral. Rio de Janeiro. Paz e Terra. 
Sistema de ENSINO EAD – POLO DE QUEDAS DO IGUAÇU
HISTÓRIA 
ADRIANE MARCANTE DE PAULA 
PRODUÇÃO TEXTUAL INTERDISCIPLINAR 
Quedas do Iguaçu
2017
ADRIANE MARCANTE DE PAULA
PRODUÇÃO TEXTUAL INTERDISCIPLINAR 
Trabalho apresentado à Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção de média bimestral na disciplina de História 
Quedas do Iguaçu
2017

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