Buscar

Direitos fundamentais versus direitos da personalidad

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

13/10/2017 Direitos fundamentais versus direitos da personalidade: - Jus.com.br | Jus Navigandi
https://jus.com.br/imprimir/5387/direitos-fundamentais-versus-direitos-da-personalidade 1/8
Este texto foi publicado no Jus no endereço
https://jus.com.br/artigos/5387 
Para ver outras publicações como esta, acesse https://jus.com.br
Direitos fundamentais versus direitos da personalidade
contraposição, coexistência ou complementaridade?
Direitos fundamentais versus direitos da personalidade: contraposição, coexistência ou complementaridade?
Allessandra Helena Neves
Publicado em 06/2004. Elaborado em 09/2003.
Sumário. 1. A Dicotomia: Direito Público versus Direito Privado; 2. Coexistência do Direito Público e do Direito Privado; 3.
Enfoque Constitucional no Direito Pátrio; 4. Direito da Personalidade enquanto Direito Fundamental.
1.A DICOTOMIA: DIREITO PÚBLICO VERSUS DIREITO PRIVADO
É tradição doutrinária a divisão do direito positivo entre público e privado, e é antiga a concepção de que estes campos sempre se
afastaram, percorrendo sempre caminhos divergentes.
Segundo destaca MARCOS DE CAMPOS LUDWIG , a distinção entre esses ramos do direito realmente seria antiga, entretanto a
noção de dicotomia é um fenômeno historicamente recente.
A distinção do direito positivo remonta ao direito romano, constituindo-se de forma pacífica entre os doutrinadores daquele tempo
.
Naquele momento histórico, os jurisconsultos definiam, segundo leciona ARNOLDO WALD , o ius publicum (direito público)
como aquele que se refere aos interesses do Estado, e o direito privado como sendo o referente aos interesses particulares; relações
de direito público seriam, então, aquelas em que o Estado intervém e as de direito privado aquele travadas entre particulares.
O fato é que a distinção apresentada no direito romano não era suficiente para delimitar as fronteiras desses dois ramos do direito;
mas ainda assim, a distinção persistiu e, inclusive, foi com fulcro nela que os institutos básicos do direito foram elaborados. 
Na Idade Média, os conceitos estabelecidos pelo direito romano teriam padecido frente às confusões propostas pelo feudalismo,
mormente quanto à organização do poder estatal e a confusão entre soberania e propriedade; somente com a Revolução Francesa,
os conceitos novamente foram delineados, reformando a divisão entre o direito público e o privado. 
Cria-se, apenas nesse momento, a dicotomia do direito positivo , e várias teorias desenvolvem-se para tentar afirmar uma perfeita
distinção entre o direito público e o privado, tarefa que se torna cada vem mais árdua, como adiante se verá.
Uma primeira distinção envolveria a patrimonialidade, no caso do direito privado, em contraposição a problemas de ordem superior
tratados pelo direito público ; entretanto, é cediço que essa visão é muito antiga e, não menos certo, é que esta mesma permeou
nosso direito privado por muitos anos. 
Ainda se tenta afirmar a distinção entre os ramos do direito pelo critério subjetivo, tomando por norte a participação ou não do
Estado nas relações jurídicas, como previa o direito romano: participando o Estado, ou sendo sujeito na relação, o direito seria
público; caso as relações adviessem apenas de particulares, tendo apenas estes como sujeitos, estaríamos tratando do direito
privado 
Entretanto, não podemos nos filiar a um critério que toma apenas em consideração a presença do Estado nas relações jurídicas, pois
podem existir, por exemplo, no direito privado, normas em que se torna patente a presença do Estado.
Também não procede a distinção que atribui ao conteúdo do direito público, normas sempre cogentes – de ordem pública –
enquanto que ficaria legado ao direito privado, normas facultativas – dispositivas ; é cediço que tanto no direito público como no
direito privado, as normas se misturam, permeando todo o sistema tanto com disposições de ordem pública quanto facultativas. 
ANACLETO DE OLIVEIRA FARIA ainda enfatiza outra corrente, pouco convincente quanto às últimas apresentadas, tratando
da distinção entre o direito público e o privado em que no primeiro, haveria desigualdade nas relações jurídicas, como o primado da
justiça distributiva; no segundo, as partes encontram-se em absoluta igualdade, subordinadas aos princípios da justiça comutativa.
Relata o autor, que seria imprópria a alegação nesse sentido, tendo em vista que, ente outras coisas, deixaria de fora alguns ramos
do direito, como por exemplo o direito internacional, que não se adequaria a nenhum daqueles argumentos, já que seu âmbito é de
mera coordenação. 
[1]
[2]
[3]
[4]
[5]
[6]
[7]
[8]
[9]
[10]
[11]
[12]
[13]
13/10/2017 Direitos fundamentais versus direitos da personalidade: - Jus.com.br | Jus Navigandi
https://jus.com.br/imprimir/5387/direitos-fundamentais-versus-direitos-da-personalidade 2/8
PABLO STOLZE GAGLIANO e RODOLFO PAMPLONA FILHO entendem por direito público como o destinado a disciplinar os
interesses gerais da coletividade; já como direito privado entendem como o conjunto de preceitos reguladores dos indivíduos entre
si.
De outro lado, SÍLVIO DE SALVO VENOSA , ao ter que optar por alguma diferenciação entre os dois ramos, prefere anotar que:
"melhor será considerar como direito público o direito que tem por finalidade regular as relações do Estado, dos Estados entre si, do
Estado com relação a seus súditos, quando procede com seu poder de soberania, isto é, poder de império. Direito privado é o que
regula as relações entre particulares naquilo que é de seu peculiar interesse".
Destaca ARNOLDO WALD que o direito privado é o conjunto de normas que compõem os conflitos de interesses entre os
particulares, enquanto o direito público regula as relações entre os Estados, e entre o Estado e os particulares.
Já para ANACLETO DE OLIVEIRA FARIA considera-se direito público – tendo em vista a visão clássica do direito romano –
aquele que se refere ao interesse ou à utilidade do poder público; o direito privado, o que se refere ao interesse dos indivíduos.
Ultrapassadas as particularidades iniciais sobre o tema, para melhor delimitação de nosso estudo, focado na dicotomia do direito
positivo, estaremos usando a Constituição Federal como representação do direito público; por outro lado, o Código Civil como
expressão do direito privado. 
Entretanto, a dicotomia clássica do direito positivo vem perdendo campo, dando lugar a novas interpretações destes dois ramos do
direito, demonstrando o seu entrelaçamento e interação, a evidenciar que não se afastam, nem se repelem, ao contrário devem
coexistir, principalmente porque, não importa o foco – se do direito público ou do privado – a intenção é sempre a mesma, regular
todas as relações jurídicas da melhor maneira para a preservação da dignidade da pessoa humana.
2.COEXISTÊNCIA DO DIREITO PÚBLICO E DO DIREITO PRIVADO
Paulatinamente, caem as barreiras que dividem de forma intransponível o direito público do privado; a dicotomia perde campo,
recebendo críticas e dando espaço à tendência de publicização do direito privado e privatização do público. 
Note-se que só será admitida a discussão em torno desses processos de publicização do privado e privatização do público quando se
aceita a dicotomia entre esses ramos do direito; sem esse reconhecimento perde sentido falar-se em processos opostos de invasão,
interferência ou algo semelhante. 
Enfim, as críticas têm fundamento no fato de que o homem vive, naturalmente, em sociedade e, bem por isso, não se poderia
admitir de modo absoluto que existam interesses contrastantes entre o individual e o social. 
Assim, os interesses do direito público e privado devem caminhar convergindo a um mesmo objetivo; não devem de maneira
alguma divergir, seguindo rumos distintos, e não é demais ressaltar que no fim desse caminho comum que o direito público e o
direito privado devem seguir, está a dignidadeda pessoa humana, cerne de todo o sistema jurídico positivo. 
É patente que nos últimos tempos o direito privado tem abraçado conceitos essencialmente públicos, como a contemplação de
normas de ordem pública, preceitos de interesse geral, respeito à função social ; aliás, atribui-se ao fim da Primeira Guerra
Mundial o desenvolvimento das relações entre direito privado e constitucional, e a incomunicabilidade, agora, dá lugar à
complementaridade e dependência. 
Demonstra MARCOS DE CAMPOS LUDWIG que toda vez que se tratar, valorativamente, da primazia do público sobre o
privado, fala-se em publicização do privado; salienta o autor que, por outro lado, com o mesmo critério valorativo, quando fosse
valorizada a supremacia do privado sobre o público, estaríamos diante da privatização do público. 
Cria-se, nesse contexto, a antidicotomia desse direitos, que estabelece a complementaridade entre direito público e o direito
privado. Mesmo porque, é certo que o Direito Civil, enquanto clara expressão da ordem jurídica privada, jamais poderá distanciar-
se dos ditames da Constituição Federal.
Evidente, de mais a mais, que se deve tomar extrema cautela com a submissão do Código Civil à Constituição Federal, sob pena de
esvaziamento de todo o conteúdo e autonomia da norma de direito privado, em prol da aplicação sem limites desta em detrimento
daquele.
E não podemos, entretanto, compreender esse fenômeno de complementaridade como uma fusão da esfera pública com a privada,
tendo em vista que a falta de limites entre o público e o privado considera-se como uma característica do totalitarismo. 
Desta forma os processos de publicização do direito privado e privatização do direito público exigem um redimensionamento dos
valores fundamentais do direito privado – mormente o que reflete no ser humano –, alterando, sobremaneira, o modo de
interpretação das esferas pública e privada.
3.ENFOQUE CONSTITUCIONAL NO DIREITO PÁTRIO
O movimento humanista, que atravessava o século do Iluminismo, não só fazia do homem o condutor da vida política, dando
tamanho ímpeto ao indivíduo e à razão de que é portador que este, tornado o único agente da potência e da autoridade políticas, era
saudado, em sua autonomia, como criador das normas da ordem jurídica e destinatário de sua proteção. 
SIMONE GOYARD-FABRE , salientado aspectos do constitucionalismo moderno aduz que, no século XVI, a palavra
Constituição era utilizada conjuntamente com a metáfora "corpo político" para designar a organização do Poder.
[14]
[15]
[16]
[17]
[18]
[19]
[20]
[21]
[22]
[23]
[24]
[25]
[26]
[27]
[28]
[29]
[30]
13/10/2017 Direitos fundamentais versus direitos da personalidade: - Jus.com.br | Jus Navigandi
https://jus.com.br/imprimir/5387/direitos-fundamentais-versus-direitos-da-personalidade 3/8
Daí em diante, sua evolução culmina com a idéia de "lei fundamental", que se consubstancia num corpo de normas superior a todas
as outras, determinando sua regularidade ou irregularidade e, em conseqüência, sua validade ou invalidade jurídica.
Segundo a autora, "a Constituição, ao definir as bases sobre as quais se estabelece o estatuto orgânico do Estado, é, portanto, a regra
‘fundamental’ que a potência estatal impõe sobre si mesma (...) o governo só exerce um poder real na medida em que este é
constitucional". 
Desta forma só se estabelece a supremacia do Direito e do poder do Estado, se sua estrutura fundar-se na democracia; o Estado deve
espelhar-se em sua constituição democrática.
Esta, como superior – lei das leis –, se concretiza por um documento escrito que prevê a organização e, de outro lado, sua própria
limitação, em conseqüência da tendência trazida pelo Iluminismo que se arrastou pelos séculos; só assim será aceito e não será
considerado arbitrário.
Nesse passo, NORBERTO BOBBIO , ressalta que "o reconhecimento e a proteção dos direitos do homem estão na base das
Constituições democráticas modernas. A paz, por sua vez, é o pressuposto necessário para o reconhecimento e a efetiva proteção dos
direitos do homem em cada Estado e no sistema internacional. Ao mesmo tempo, o processo de democratização do sistema
internacional, que é o caminho obrigatório para a busca do ideal da ‘paz perpétua’, no sentido kantiano da expressão, não pode
avançar sem uma gradativa ampliação do reconhecimento e da proteção dos direitos do homem, acima de cada Estado."
Prossegue o autor salientando que os "Direitos do homem, democracia e paz são três momentos necessários do mesmo movimento
histórico: sem direitos do homem reconhecidos e protegidos, não há democracia; sem democracia, não existem as condições
mínimas para a solução pacífica dos conflitos. Em outras palavras, a democracia é a sociedade dos cidadãos, e os súditos se tornam
cidadãos quando lhes são reconhecidos alguns direitos fundamentais; haverá paz estável, uma paz que não tenha a guerra como
alternativa, somente quando existirem cidadãos não mais apenas deste ou daquele Estado, mas do mundo".
Acentua MANOEL GONÇALVES FERREIRA FILHO que é por meio da Constituição que se busca instituir o governo que não é
arbitrário, organizado segundo normas que não pode alterar, limitado pelo respeito devido aos direitos do Homem; assim, deve a
Constituição estar à frente de todas as demais normas a ela sujeitas, buscando, cada vez mais, a proteção do sujeito contra, inclusive
e principalmente, seu próprio poder.
Nesse sentido, se até 2002, estava em vigor um Código Civil que não contemplava a tutela aos direitos da personalidade, a
Constituição, como veremos, alçou a dignidade humana ao centro do sistema jurídico, dando ensejo a uma ampla esfera de direitos
civis constitucionais, tutelando, sobremaneira, os direitos e garantias individuais. 
Isso porque nossa Constituição Federal, como característica das constituições oitocentistas, embora se funde no princípio de
dimensão pública, preocupa-se expressamente com prevalência dessas garantias e direitos individuais, optando por estas em
detrimento da supremacia de seu próprio poder.
E nesta opção, permite-se, no campo do direito provado, de forma específica no direito civil, que o princípio da dignidade da pessoa
humana ofereça uma reconstrução conceitual ao termo pessoa.
A tarefa é dada de forma específica ao direito civil tendo em vista o fato de que as constituições do século XX já o terem posto – ou
deixado suposto – o princípio da dignidade da pessoa humana como estruturante da ordem constitucional. 
Desta forma, tendo em vista o não tratamento, mormente em nosso sistema pátrio, pelos direito da personalidade no corpo do
Código Civil, esses direitos sofreram parcial processo de constitucionalização ; e foi com a Constituição de 1988 que os direitos
da personalidade foram alçadas à norma fundamental.
4.DIREITO DA PERSONALIDADE ENQUANTO DIREITO FUNDAMENTAL
Percorridos os caminhos da inicial distinção e dicotomia, estabelecemos a coexistência entre os ramos do direito positivo e
salientamos as implicações dos processos de publicização e contitucionalização do direito privado e privatização do público;
culminaremos, agora, com os questionamentos sobre a natureza do direito da personalidade enquanto direito fundamental.
A doutrina não nos parece pacífica ao posicionar os direitos fundamentais e os direitos da personalidade um em função do outro;
dividem-se para defini-los ora o segundo como espécie do primeiro, ora como direitos com o mesmo conteúdo, mas mesmo assim
diversos, entre outras conclusões, que veremos adiante.
De início, traremos à colação a teoria que trata dos direitos em enfoque usados como palavras análogas que tem o mesmo
significado.
O doutrinador português RABINDRANATH V. A. CAPELO DE SOUSA considera que os direitos reconhecidos pelo Código Civil
e pelas Constituição portugueses tratam de forma idêntica os dois direitos, compartilhando, exatamente, o mesmo conteúdo.
Entendemosque não se pode admitir tal argumento, tendo em vista que nem todo direito fundamental é também da personalidade
e, bem por isso não podem ser considerados análogos, já que, em determinados pontos, se distanciam.
Nesse passo, como ressalta GILBERTO HADDAD JABUR , alguns direitos são fundamentais, mas não personalíssimos.
Conclui o autor, que os direitos não são exatamente os mesmos, mas que possuem semelhante gênese e conteúdo e, mais, que os
direitos personalíssimos – denominação por ele utilizada, em que pese o fato de acharmos mais conveniente a expressão direitos da
personalidade – seriam expressões dos direitos fundamentais em face dos particulares, mas não, exatamente, uma esfera ou ramo
daqueles, o que demandaria, além da diversidade de destinatário, descoincidência de substância. 
[31]
[32]
[33]
[34]
[35]
[36]
[37]
[38]
[39]
13/10/2017 Direitos fundamentais versus direitos da personalidade: - Jus.com.br | Jus Navigandi
https://jus.com.br/imprimir/5387/direitos-fundamentais-versus-direitos-da-personalidade 4/8
Citamos, ainda, o posicionamento que considera os direitos da personalidade como decorrentes dos direitos fundamentais e, na
esteira, PAULO NADER relata que ambos visam proteger unicamente a condição humana, com fulcro em sua personalidade,
não se confundindo com os direitos humanos – que preferimos sejam chamados de fundamentais – mas deles se desprendem.
Nesse passo, os direitos da personalidade seriam espécies dos quais os direitos humanos ou fundamentais seriam o gênero. 
Com mesmo entendimento, HERMANO DUVAL enfatiza que sob a denominação de "garantia dos direitos individuais" é que se
instalam no século XIX os direitos de personalidade; arremata que os mesmos seriam como uma gama dos direitos humanos .
É de ressaltar, enfim, que os direitos da personalidade, embora tenham seu embrião na Declaração de Direitos francesa de 1789, são
direitos autônomos e, em verdade, não se pode negar que foi, sem dúvida, no direito público que, inicialmente, os direitos da
personalidade foram reconhecidos para, depois, ingressarem no direito positivo privado, mormente se estiver em foco nossa
sistemática jurídica.
Entretanto, é necessário reconhecer que, ainda tendo o mesmo conteúdo e o mesmo suporte – a dignidade da pessoa humana – os
direitos aqui citados são postos em campos diversos e não devem ser confundidos, sob pena, como já ressaltado, de um possível
esvaziamento desses campos.
Bem por isso, como ressalta GILBERTO HADDAD JABUR , os direitos da personalidade – repise-se que o autor os chama de
personalíssimos – receberiam a denominação de direitos subjetivos privados, enquanto que os fundamentais seriam subjetivos
públicos.
Enfatiza o autor que alguns dos direitos da personalidade, se examinados em relação ao Estado (e não em relação aos outros
indivíduos), ingressam no campo das liberdades públicas, consagradas pelo Direito Constitucional. 
Para EDILSOM PEREIRA DE FARIAS , o raciocínio deve ser inverso: ao tratar da interelação desses direitos ressalta que
possuem "duplo caráter". Isto porque, como prossegue, se constituem como direitos fundamentais e, ao mesmo tempo, são direitos
da personalidade, os direitos à honra, à intimidade, à vida privada e à imagem todos paulatinamente entendidos, de início, como
"direitos subjetivos da personalidade", com eficácia prevalente no âmbito "inter privado", para só mais tarde alcançar a estrutura
constitucional. Mas conclui, em que pese a estreita relação entre esses direitos, ambos pertencem a planos distintos do direito. 
Segundo nos ensina ANACLETO DE OLIVEIRA FARIA , ainda que alguns desses direitos tenham a dupla natureza de públicos e
privados, são direitos distintos e não devem ser confundidos, já que os primeiros devem proteger os indivíduos da atuação do
próprio Estado e os segundos teriam o objetivo de tutelar esses interesses frente aos demais particulares.
Acreditamos que os direitos fundamentais e da personalidade tem, efetivamente, conteúdos similares que devem convergir para
afirmar e tutelar a dignidade da pessoa humana.
Mas não exatamente os mesmos, como acima demonstrado, pelo que apontamos os fundamentais como aqueles reconhecidos para
proteger o indivíduo contra a ação do Estado – mormente no que diz respeito às liberdades públicas – e os da personalidade como
aqueles que teriam por sujeito passivo não o Estado, mas outro particular, no âmbito das relações privadas.
BILIOGRAFIA
ALVES, José Carlos Moreira: Direito Romano. Rio de Janeiro: Forense, 1998.
ARAUJO, Luiz Alberto David. A Proteção Constitucional da Própria Imagem: Pessoa Física, Pessoa Jurídica e Produto. Belo
Horizonte: Del Rey, 1996.
Bobbio, Norberto. A Era dos Direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992.
CRETELLA JÚNIOR, José. Curso de Direito Romano. Rio de Janeiro: Forense, 1997.
Cunha, Alexandre dos Santos. Dignidade da Pessoa Humana: Conceito Fundamental do Direito Civil. In: Martins-Costa, Judith
(org.). A Reconstrução do Direito Privado. São Paulo: Revista dos Tribunais, p. 230-263, 2002.
Cunha, Sérgio Sérvulo da. O que é um Princípio. In: Grave, Eros Roberto; Cunha, Sérgio Sérvulo da (coords.). Estudos de Direito
Constitucional em homenagem a José Afonso da Silva. São Paulo: Malheiros, p. 261-276, 2003.
Cupis, Adriano de. Os Direitos da Personalidade. Lisboa: Livraria Morais, 1961.
Diniz, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. 18 ed. São Paulo: Saraiva, 2002, 1, 3 e 7 v.
________. O Estado Atual do Biodireito. São Paulo: Saraiva, 2001.
DONNINI, Oduvaldo; DONNINI, Rogério Ferraz. Imprensa Livre, Dano Moral, Dano à Imagem, e sua Qualificação: a Luz do
Novo Código Civil. São Paulo: Método, 2002.
DOTTI, René Ariel. Proteção da Vida privada e Liberdade de Informação: Possibilidades e Limites. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 1980.
Duval, Hermano. Direito à Imagem. São Paulo: Saraiva, 1988.
Faria, Anacleto de Oliveira. Instituições de Direito. 4 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1978.
[40]
[41]
[42]
[43]
[44]
[45]
[46]
[47]
[48]
13/10/2017 Direitos fundamentais versus direitos da personalidade: - Jus.com.br | Jus Navigandi
https://jus.com.br/imprimir/5387/direitos-fundamentais-versus-direitos-da-personalidade 5/8
Farias, Edilsom Pereira de. Colisão de Direitos: A Honra, A Intimidade, A Vida Privada e a Imagem Versus a Liberdade de
Expressão e Informação. 2 ed. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 2000.
Felipe, Jorge Franklin Alves; Alves, Geraldo Magela. O Novo Código Civil Anotado. 3 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003.
Ferreira Filho, Manoel Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 18 ed. São Paulo: Ed. Saraiva, 1990.
________. Direitos Humanos Fundamentais. São Paulo: Saraiva, 1995.
FIUZA, Ricardo. Novo Código Civil Comentado. São Paulo: Saraiva, 2002.
Flach, Daisson. O Direito á Intimidade e à Vida Privada e a Disciplina dos Meio de Comunicação. in: Martins-Costa, Judith (org.). A
Reconstrução do Direito Privado. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002.
Fleiner, Thomas. O que são direitos humanos? São Paulo: Max Limonad, 2003.
França, R. Limongi. Instituições de Direito Civil. São Paulo: Saraiva, 1988.
Freitas, Teixeira de. Esboço do Código Civil. Brasilia: Ministério da Justiça, 1952.
Gagliano, Pablo Stolze; Pamplona Filho, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil: Parte Geral. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
GEHLEN, Gabriel Menna Barreto Von. O Chamado Direito Civil Constitucional. in: Martins-Costa, Judith (org.). A Reconstrução
do Direito Privado. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002.
GOMES, Orlando. Introdução ao Direito Civil. 13 ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998.
Goyard-Fabre, Simone. Os princípios filosóficos do Direito Político Moderno. Trad. Irene A. Paternot. São Paulo: Martins Fontes,
1999.
Guerra Filho, Willis Santiago (coord.). Dos Direitos Humanos aos Direitos Fundamentais. Porto Alegre: Livraria do Advogado,1997.
Guimarães, Paulo Jorge Scartezzini. A Publicidade Ilícita e a Responsabilidade Civil das Celebridades que dela Participam. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2001.
Herkenhoff, João Baptista. Direitos Humanos: Uma Idéia, Muitas Vozes. Aparecida, SP: Santuário, 1998.
J. CRETELLA JÚNIOR. Curso de Direito Romano. 20 ed. Rio de Janeiro: Forense, 1997.
Jabur, Gilberto Haddad. Liberdade de Pensamento e Direito à Vida Privada: Conflitos entre direitos da personalidade. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2000.
KANT, Immanuel. Crítica da Razão Pura. Trad. Valerio Rogden e Udo Baldur. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultura,
1996.
KELSEN, Hans. Teoria pura do direito. 6 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
Ludwig, Marcos de Campos. Direito Público e Direito Privado: A Superação da Dicotomia. In: Martins-Costa, Judith (org.). A
Reconstrução do Direito Privado. São Paulo: Revista dos Tribunais, p., 2002.
Martins, Luciana Mabilia. A Reconstrução do Direito Privado: O Direito Civil à Privacidade e à Intimidade. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2002.
Martins-Costa, Judith. Os Danos à Pessoa no Direito Brasileiro e a Natureza da sua Reparação. In: Martins-Costa, Judith (org.). A
Reconstrução do Direito Privado. São Paulo: Revista dos Tribunais, p. 408-4446, 2002.
Mello, Sônia Maria Vieira de. O Direito do Consumidor na Era da Globalização: A Descoberta da Cidadania. Rio de Janeiro:
Renovar, 1998.
MORAIS, Alexandre de. Direitos Humanos Fundamentais. São Paulo: Atlas, 2000.
Nader, Paulo. Curso de Direito Civil: Parte Geral. Rio de Janeiro: Forense, 2003.
NEGREIROS, Teresa. A Dicotomia Público-privada frente ao problema da Colisão de Princípios. In: Torres, Ricardo Lobo (org.)
Teoria dos direitos fundamentais. Rio de Janeiro: Renovar, 2001.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2000.
Piovesan, Flávia. Diretos Humanos, Globalização Econômica e integração Regional. In: Grave, Eros Roberto; Cunha, Sérgio Sérvulo
da (coords.). Estudos de Direito Constitucional em homenagem a José Afonso da Silva. São Paulo: Malheiros, p. 616-652, 2003.
________. Temas de Direitos Humanos. 2 ed. rev. ampl. e atualizada. Max Limonad, 2003.
Robert, Cinthia; Marcial, Danielle. Direitos Humanos: Teoria e Prática. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 1999.
RODRIGUES, Silvio. Direito Civil: Parte Geral. 32 ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2002, 1 v.
Reale, Miguel. O Projeto do Novo Código Civil. 2 ed. São Paulo: Ed. Saraiva, 1999.
________. Filosofia do Direito. 3 ed. rev. e aum. São Paulo: Saraiva, 1962
13/10/2017 Direitos fundamentais versus direitos da personalidade: - Jus.com.br | Jus Navigandi
https://jus.com.br/imprimir/5387/direitos-fundamentais-versus-direitos-da-personalidade 6/8
SANTOS, José Vicente dos. Direitos Humanos: Declarações de Direitos e Garantias. Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de
Edições Técnicas, 1990.
Souza, Maria Isabel de Azevedo. O Princípio da Exclusividade como Nota Distinta do Direito Privado. In: Martins-Costa, Judith
(org.). A Reconstrução do Direito Privado. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002.
Sousa, Rabindranath V. A. Capelo de. O Direito Geral de Personalidade. Coimbra: Coimbra, 1995.
Venosa, Sílvio de Salvo. Direito Civil. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2003, 1, 3 e 4 v.
VIANA, Rui Geraldo Camargo (org.). Temas Atuais de Direito Civil na Constituição Federal. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2000.
VINCENT, R. J. Human Rights and International Relations. Cambrigde: Cambrigde University, 1986.
Wald, Arnoldo. Direito Civil: Introdução e Parte Geral, 9 ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
NOTAS
 Direito Público e Direito Privado: A Superação da Dicotomia, p. 94.
 Anacleto de Oliveira Faria, Instituições de Direito, p.13-14.
 Direito Civil: Introdução e Parte Geral, p.6.
 Anacleto de Oliveira Faria, op. cit., p.15, salienta que possivelmente os doutrinadores da época desconheciam a real diferenciação
desses campos do direito, bem como suas efetivas implicações mas, ainda assim, pela tradição, a dicotomia se manteve firme nos
estudos jurídicos, e no desenvolvimento das matérias atribuídas a cada um desses campos.
 Ibid., p.15-16.
 Marcos de Campos Ludwig, op. cit., p. 95-96: "A dicotomia, como critério adotado de pretensão cientifica, veio afinal manifestar-
se claramente através da técnica normativa adotada pelos países da família romano-germânica, a partir da Revolução Francesa,
para moldar seus ordenamentos jurídicos. Nessa época, surgiu o outro pólo da relação que hoje conhecemos – a Constituição,
entendida em seu sentido contemporâneo".
 Anacleto de Oliveira Faria, op. cit., p.20.
 Nosso Código Civil de 1916, espelhava justamente esse conceito do direito privado como aquele que ressaltava a propriedade,
como se o foco fosse apenas aquilo que o ser humano tem, e não efetivamente aquilo que ele é. Mas havia uma contradição no
próprio sistema citado: apesar da prevalência do patrimônio para caracterizar aquilo que era privado, na Parte Especial, dando a
conotação de uma ordem preferencial de valores estabelecidos, a família viria antes das coisas, o que de pronto, já demonstra a
impropriedade nesta distinção.
 Ibid., p.21; Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho, Novo Curso de Direito Civil: Parte Geral, p.32-33.
 Sílvio de Salvo Venosa, Direito Civil - Parte Geral, p.88-89; Anacleto de Oliveira Faria, op. cit., p.21.
 Marcos de Campos Ludwig, op. cit., p. 99. Note-se pelo Direito de Família, que faz parte do direito privado, mas que abarca
inúmeras normas de ordem pública, como as relativas ao casamento e suas formalidades.
 Op. cit., p.22.
 Ibid., mesma página: "a quase unanimidade dos juristas é concorde na conclusão da impossibilidade de perfeita solução do
problema. A divisão, todavia, é aceita por ser ‘útil e necessária’, já que toda a elaboração da ciência do direito, através de séculos,
vem se operando em função dessa distinção. Razões de ordem histórica, didática e, mesmo prática, justificam aquilo que
logicamente (num sentido absoluto, ao menos) não encontra plena explicação". No mesmo sentido, cf. Maria Helena Diniz, Curso de
Direito Civil Brasileiro – Teoria Geral do Direito Civil, p.19.
 Op. cit., p.32.
 Op. cit., p.90.
 Op. cit., p.7.
 Op. cit., p.17.
 Cf., nesse passo, Marcos De Campos Ludwig, op. cit., p. 95-96: "de um lado, passou haver a Constituição, encarregada de dividir
os poderes do Estado e limitar seu âmbito de atuação, entre si e perante os cidadãos, como diploma público por excelência, de raízes
jusracionalistas; de outro lado, descansava o Código Civil, responsável por regrar as relações substancialmente perfeito e total (…)
afora os critérios formais de hierarquia, não se cogitava, então, de eventuais ligações entre essas duas fontes, porquanto tratavam de
esferas opostas: o campo de organização e limitação do Estado e o campo de regulação da sociedade civil".
 Tendo em vista nossa opção de utilizar o Direito Constitucional como expressão do público, e o Direito Civil enquanto expressão
do privado, também seriam corretas as expressões "constitucionalização do direito civil" e "civilização do direito constitucional".
 Ibid., p.98.
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
13/10/2017 Direitos fundamentais versus direitos da personalidade: - Jus.com.br | Jus Navigandi
https://jus.com.br/imprimir/5387/direitos-fundamentais-versus-direitos-da-personalidade 7/8
 Nesse passo, cf. Anacleto de Oliveira Faria, op. cit., p.18: "a sociedade deve existir para assegurar melhores condições de vida aos
cidadãos. Os indivíduos não podem agir de forma exageradamente egoística, devendo subordinar seus caprichos ao bem
comum.Disto resulta a circunstância de que o interesse individual e social interpenetram".
 Nesse sentido, cf. Teresa Negreiros, A dicotomia público-privado frenteao problema da colisão de princípios, p.369: "o público e
o privado compenetram-se para garantir, em todas as suas múltiplas – e concretas – dimensões, a existência socializada e livre, por
isso digna, da pessoa humana".
 Marcos de Campos Ludwig, op. cit., p.98.
 Gabriel Menna Barreto Von Gehlen, O Chamado Direito Civil Constitucional, p.184.
 Op. cit., p.98.
 Ibid., p.102.
 Alexandre dos Santos Cunha, Dignidade da Pessoa Humana: Conceito Fundamental do Direito Civil, p.244-245.
 Maria Isabel de Azevedo Souza, O Princípio da Exclusividade como Nota Distinta do Direito Privado, p.307.
 Os princípios filosóficos do Direito Político Moderno, p.98.
 Ibid., p.103.
 Ibid., p.105.
 Norberto Bobbio, A Era dos Direitos, p.1.
 Op. cit., p.3.
 Alexandre dos Santos Cunha, op. cit., p.254-255.
 Nesse passo, cf. Judith Martins-Costa, Os Danos à Pessoa no Direito Brasileiro e a Natureza da sua Reparação, p.414-415.
 Gilberto Haddad Jabur, Liberdade de Pensamento e Direito à Vida Privada: Conflitos entre direitos da personalidade, p.28; cf.,
nesse passo, ibid., p.68: "A todos, inclusive ao Estado, cumpre o dever genérico de observar e respeitar a expressão individual da
personalidade de seu semelhante"; cf., ainda, Edilsom Pereira de Farias, Colisão de Direitos: A Honra, A Intimidade, A Vida
Privada e a Imagem Versus a Liberdade de Expressão e Informação, p.128-129: "Podem-se mencionar como constituições
precursoras daquela tendência a Constituição da Itália de 1947 e a Lei Fundamental da República Federal da Alemanha de 1949. A
primeira estabelece, dentre seus princípios fundamentais que ‘a República reconhece e garante os direitos invioláveis do homem,
seja como indivíduo seja nas formações sociais onde desenvolve sua personalidade (art.2º). A segunda prescreve, logo no seu
primeiro artigo (1.1), que a dignidade do homem é intangível: respeitá-la e protegê-la é obrigação de todo o poder público. E em
seguida estabelece que todos têm o direito ao livre desenvolvimento da sua personalidade (2.1)".
 O Direito Geral de Personalidade, p. 619-621: "Ora, à dignidade e o ao desenvolvimento da pessoa humana é-lhes inerente no
nosso sistema jurídico o direito geral de personalidade previsto no art. 70º do Código Civil, que a nossa Constituição, por via dos
seus arts. 1º e 2º, desde logo recolhe. Por outro lado, por força do art. 16º, nº 2, da Constituição, ‘os preceitos constitucionais e
legais relativos aos direitos fundamentais devem ser interpretados e integrados de harmonia com a Declaração Universal dos
Direitos do Homem’. Acontece que o Preâmbulo da Declaração considera que ‘na Carta, os povos das Nações Unidas proclamaram,
de novo, a sua fé nos direitos fundamentais do homem, na sua dignidade e no valor da pessoa humana, na igualdade de direitos dos
homens e das mulheres e se declaram resolvidas a favorecer o progresso social e a instaurar melhores condições de vida dentro de
uma liberdade mais ampla’ e que o art. 29º, nº 1, da Declaração supõe o direito ao ‘livre e pleno desenvolvimento da personalidade’.
Finalmente, o art. 16º, nº 1, da Constituição estabelece que ‘os direitos fundamentais consagrados na Constituição não excluem
quaisquer outros constantes das leis’, Ora, o art. 70º do Código Civil consagra um direito geral de personalidade, que, pelo acervo de
bens e valores jurídicos tutelados, reveste natureza fundamental e é análogo ao regime dos direitos, liberdades e garantias previstos
no Título II da Parte I da Constituição".
 Op. cit., p.81: "portanto: arts. 12 e 13 da Constituição Federal (Título I, ‘Dos direitos e garantias fundamentais’: Capítulo III, ‘Da
nacionalidade’). Outros direitos, políticos (CF, arts. 14 a 16) e dos partidos políticos (CF, art. 17), também foram inseridos no mesmo
Título II da Constituição, apenas oponíveis ao Estado. Daí serem fundamentais e não personalíssimos".
 Ibid., p.81.
 Curso de Direito Civil: Parte Geral, p.210.
 Alexandre dos Santos Cunha, op.cit., p.261: "os direitos da personalidade são direitos fundamentais do individuo, sudsumidos no
princípio da dignidade da pessoa humana, em si direito fundamental, e, devendo ser alvo da tutela do Estado, são campo de livre
exercício da autonomia privada, dela constitutivo, não podendo ser limitados senão tendo em vista a salvaguarda de direitos de
terceiros".
 Direito à Imagem, p.29.
 Ibid., p.31.
 Op. cit., p.80.
 Ibid., p.78-79; destaques no original. O autor, ao tratar dos direitos que denomina personalíssimos ressalta sobre o assunto: "A
verdade é que, a exemplo de tantas matérias, existem no campo da proteção humana duas maneiras de encará-las: através da tutela
do direito público e por meio da proteção de direito privado. Na primeira, é a salvaguarda de um bem geral, e de ordem pública, que
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
41
42
43
44
45
13/10/2017 Direitos fundamentais versus direitos da personalidade: - Jus.com.br | Jus Navigandi
https://jus.com.br/imprimir/5387/direitos-fundamentais-versus-direitos-da-personalidade 8/8
prepondera, tomando-se em conta que as interferências se produzem, em princípio, com o Estado. Na segunda, sobre interesses
públicos também recaem a proteção, mas as relações estão confinadas à órbita privada (onde particulares se relacionam entre si).
São direitos que, resultando da mesma condição humana, têm duas ressonâncias e assumem dois papéis. O aspecto público, através
da Constituição Federal, normas penais e administrativas correspondentes, é, de uma borda, o arrimo primeiro dos direitos
fundamentais; o mesmo texto constitucional, mediante pertinente regulamentação civil, comercial e laboral que comporta também
serve de fundamento aos direitos privados. É que os direitos humanos encerram normas de caráter supranacional, às quais
correspondem declarações e documentos de igual conteúdo (CF, arts. 3º e 4º, II)".
 Op. cit., p.130-131.
 Ibid., p.133.
 Op. cit., p.293.
Autor
Allessandra Helena Neves
Advogada, Pós Graduada e Mestranda em Direito Civil,Professora de Direito Civil
Informações sobre o texto
Como citar este texto (NBR 6023:2002 ABNT)
NEVES, Allessandra Helena. Direitos fundamentais versus direitos da personalidade: contraposição, coexistência ou
complementaridade?. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 9, n. 352, 24 jun. 2004. Disponível em:
<https://jus.com.br/artigos/5387>. Acesso em: 13 out. 2017.
46
47
48

Continue navegando