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HISTÓRIA DA ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Da pré-história aos tempos atuais... A história da comida e a comida fazendo história • As populações desenvolvem seu padrão alimentar em função da disponibilidade de alimentos acessíveis para a região em que se localizam e para cada época que se encontram E pelas trocas com diferentes povos e culturas. ADAPTAÇÃO À CULINÁRIA/ GASTRONOMIA LOCAL E REGIONAL A história da comida e a comida fazendo história 1 • Alimentava-se de frutos e raiz ao observar o comportamento de outros animais; • Passou a comer carnes cruas e moluscos; 2 • Descobriu a arte de assar e cozinhar; • Descobriu utensílios, terras e povos distintos; 3 • Iniciou-se uma vasta história de experiências com alimentos; • Atualmente contamos com uma ciência especializada: a Nutrição! PRÉ-HISTÓRIA - Paleolítico • Nomadismo • Alimentação de grãos, raízes, ovos de animais, vegetais, mel (135milhões anos), etc.; • Criação de utensílios de caça: mudança na dieta alimentar → de vegetariana para carnívora; • Carne para alimentação e proteção; • Materiais para ferramentas: pedra, madeira, ossos e dentes de animais. Franco, 2004 PRÉ-HISTÓRIA • Descoberta do fogo (1,5milhões de anos): caça e pesca consumidas assadas em espetos sobre chamas ou brasas Fogo: conservação, digestão e sabor! • Sedentarização: desenvolvimento da agricultura e domesticação de animais/vegetais: – Arroz começou a ser plantando na China em 8000 a.C; – Soja há 5000 a.C. – Milho (nas américas) há 10mil anos; – Animais: ovelha e cabra (8000 a.C.), porco (7000 a.C.) e vaca (4000 a.C.) • Necessidade da vida em comunidades; • Utensílios para armazenar água e grãos; • Primeiras panelas – cocção em água fervente; • Secagem ao sol da carne como método de conservação. PRÉ-HISTÓRIA - Neolítico Recine e Radaelli, 2001; Flandrin, 1996; Cauvin, 1994 Produção de alimentos (uso de cereais na produção de pães) e bebidas. Colheitas mais abundantes: aumento da população/ tribos Ação do homem sobre a Natureza mais intensa ANTIGUIDADE • Alimentação dos faraós: massas, frutas, legumes, laticínios, especiarias, cereais, condimentos, carnes, peixes, mel e bebidas; • Saúde e longevidade – prazeres da mesa; • Inapetência=doença • Farmacopeia e relação entre alimentação e a cura de moléstias – “mente sã em corpo são” – filósofos e médicos, • Hipócrates: “Que o seu alimento seja o teu remédio e que o teu remédio seja o seu alimento” (2.500 anos) • Gastronomia e dietética (comida = nutrir o corpo) – equilíbrio entre os alimentos frios/quentes, úmidos/secos, • Comer relacionado ao estágio do dia, estado fisiológico • Trigo (moeda) e cevada. Além do arroz e milho; • Vinho Recine e Radaelli, 2001; Flandrin, 1996; Garcia, 1995 IDADE MÉDIA • Portugal, Espanha e Itália competiam no financiamento de viagens marítimas = descoberta de novos alimentos e especiarias (domínio econômico) • As especiarias usadas em banquetes para ostentar riqueza: noz-moscada e pimenta-do-reino; • Apresentação/aparência dos pratos; • 3 sabores fundamentais: forte (especiarias), doce (açúcar - remédio) e ácido (vinagre, vinho e frutas cítricas); • Mosteiros: – local de aperfeiçoamento da cozinha (vinho a partir de videiras nobres e maçã; malte e cerveja) Abreu et al, 2001; Garcia, 1995; Savarin, 1995 IDADE MODERNA XV a XVIII • América (1492): descobertas gastronômicas que foram difundidas na Europa = tomate, batata, abacaxi, abacate, abóbora, cacau (milho+pimentão em pó=chocolate), amendoim, baunilha, milho, mandioca, feijão, pimentas; • Revolução nas receitas da época; • A batata foi um dos alimentos mais importantes, tornando-se base alimentar (séc. XVIII). Gula, 1997; Garcia, 1995; Ornellas, 1978 • Produtos que foram introduzidos no Brasil pelos portugueses e negros escravizados: – Cana-de-açúcar (substitui o mel), arroz, laranja, manga, tangerina, chá, banana, melancia, coco, palmeira de dendê, pimentas, gado e galinha; IDADE MODERNA XV a XVIII Sacarocracia Carneiro, 2003 • Alimentos-droga (estimulante): açúcar, chá, café e chocolate (Mintz, 2001); – Desde o séc. XVIII, o café era considerado remédio. Para o medico do rei de Portugal, D. João V, entre outras virtudes, • “... Conforta a memória; alegra ânimo; remédio nas vertigens; nas apoplexias; nos sonos profundos; nas hidropsias; nos catarros; na gota; nos males dos olhos e ouvidos; nas palpitações do coração; nas flatulências, nas cólicas de causa fria, nas quedas, nas supressões de urinas“ (Carneiro, 2003). IDADE MODERNA XV a XVIII • Sociedade urbana; energia elétrica (refeições à noite); • 1765 - 10 restaurante (Boulanger) – sopas quentes; • Etiqueta e gastronomia = distinção social; • Primeiros tratados de higiene – estudos sobre microorganismos; • Surgimento dos talheres e boas maneiras à mesa; grandes banquetes e formalidades IDADE MODERNA XV a XVIII • Transformações globais nos padrões alimentares com importantes consequências sociais; GUERRAS Carências/fome Novos hábitos (Ex: chiclete e coca cola) IDADE CONTEMPORÂNEA XIX - atual Carneiro, 2003 Descobertas técnico-científicas e a modificação dos costumes alimentares: • Aparecimento de novos produtos; • Renovação de técnicas agrícolas e industriais; • Produção de alimentos em escala industrial; • Técnicas de fermentação; • Avanços genéticos e cultivo de plantas/criação de animais; • Processos industriais para conservação de alimentos; • Cultivo/consumo de maior variedade de frutas e verduras e consumo de ovos e gorduras animal/vegetal; • Popularização do açúcar. IDADE CONTEMPORÂNEA XIX - atual • Indústria e as novas tecnologias da alimentação foram um processo histórico de racionalização, industrialização e funcionalização da alimentação • Consequências: – contaminação ambiental com embalagens e garrafas plásticas, uso de aditivos químicos, padronização dos gostos alimentares, controle oligopólico dos mercados, relações comerciais desvantajosas para os países periféricos. IDADE CONTEMPORÂNEA XIX - atual Considerações importantes! Em todos os períodos o homem utiliza técnicas milenares que persistem até hoje: - Aquecer água com pedra quente; - Assar ao calor da brasa; - Cozinhar nas cinzas/pelo calor das pedras. • Alimentos e práticas regionais + contato entre diferentes culturas; • Novos produtos + resgate das tradições = ampliação das possibilidades alimentares; • Os hábitos alimentares variam de país para país e de região para região dentro de um mesmo país; Alimentação é Cultura!!! Considerações importantes! • O homem pré histórico era omnívoro e nós??? • Qual o futuro da alimentação e da comensalidade humana? PARA REFLEXÃO ?!?! Referências • ABREU, E. S. et al. Alimentação mundial - Uma reflexão sobre a história. Saúde soc., São Paulo, v. 10, n. 2, p. 3-14, Dec. 2001. • ABREU, E. S. Restaurante "por quilo": vale quanto pesa? Uma avaliação do padrão alimentar em restaurantes de Cerqueira César, São Paulo, SP. São Paulo, 2000. [Dissertação de Mestrado - Faculdade de Saúde Pública da USP]. • CANESQUI,A.M; DIEZ-GARCIA, R. W. Antropologia e nutrição: um diálogo possível. Editora Fiocruz, 2005. • CARNEIRO, H. Comida e Sociedade: uma história da alimentação. Elsevier: 1ed., 2003. • FLANDRIN, J. L.; MONTANARI, M. (org.), História da alimentação, São Paulo, Estação Liberdade, pp. 80-92, 1996. • FRANCO, A. De caçador a gourmet. Uma história da gastronomia. São Paulo: Editora Senac, 2004. • MACIEL, M. E. Identidade Cultural e Alimentação. In: CANESQUI, A. M; GARCIA, R. W. D. (Org.) Antropologia e Nutrição: Um diálogo possível. Rio de Janeiro: ABRASCO, 2005 • MINTZ, S. W. Comida e antropologia: uma breve revisão. Revista Brasileira de • Ciências Sociais, 16:31-41, 2001 • RECINE, E; RADAELLI, P. Alimentação e Cultura. Brasília: NUT/FS/UnB – ATAN/DAB/SPS, 2001 • SAVARIN, B. Fisiologia do gosto. Trad. P. Neves, São Paulo. Ed. Companhia das Letras, 1995.
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