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Bruxismo na Infância: Diagnóstico e Tratamento

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BRUXISMO NA INFÂNCIA: a importância do diagnóstico e tratamento dessa condição 
parafuncional 
BRUXISM IN CHILDHOOD: the importance of the diagnosis and treatment of this 
parafunctional condition 
 
 
Amanda Issler Botoni da Silva¹ 
Susan Coimbra Oliveira² 
 
 
RESUMO: O bruxismo vem sendo um tema de constantes estudos, tanto na odontologia quanto em 
outras áreas da saúde. É um distúrbio complexo, abrangendo vertentes multifatoriais. Seu tratamento 
consiste na integralidade das diversas especialidades. Seu prognóstico favorável depende do 
diagnóstico preciso, detectando o fator principal de seu surgimento. O presente estudo teve como 
objetivo relatar que o bruxismo ocorre durante uma função normal, tanto pela mastigação quanto pela 
deglutição, mas sempre está relacionado a um estado emocional e estresse do paciente. Pode 
causar danos nas restaurações, periodonto, ATM, músculos da mastigação e dores de cabeça 
principalmente ao acordar. Por ser um aspecto multifatorial, o tratamento propõe ação de diversos 
profissionais e é fundamental o entendimento do cirurgião-dentista sobre os meios fisiológicos 
abrangidos no desenvolvimento do bruxismo, para um tratamento apropriado que suceda um 
prognóstico proveitoso e longo. 
 
Palavra-chave: Bruxismo. Tratamento. Prognóstico. 
ABSTRACT: Bruxism has been a subject of constant studies, both in dentistry and in other areas of 
health. It is a complex disorder, encompassing multifactorial aspects. Its treatment consists of the 
integrality of the various specialties. Its favorable prognosis depends on the precise diagnosis, 
detecting the main factor of its appearance. The present study aimed to report that bruxism occurs 
during normal function, both by chewing and by swallowing, but is always related to an emotional state 
and stress of the patient. It can cause damage to the restorations, periodontium, TMJ, masticatory 
muscles and headaches especially upon waking. Because it is a multifactorial aspect, the treatment 
proposes action of several professionals and it is fundamental the understanding of the dentist on the 
physiological means covered in the development of bruxism, for an appropriate treatment that 
happens a prognostic and long. 
 
Keyword: Bruxismo. Treatment. Prognosis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
¹Amanda Issler Botoni da Silva, graduando em Odontologia pelo Centro Universitário São Lucas 
2017. Email: amanda-issler@hotmail.com 
²Susan Coimbra Oliveira, graduando em Odontologia pelo Centro Universitário São Lucas 2017. 
Email: susancoimbra99@hotmail.com 
 
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1. Introdução 
O bruxismo ou “la bruxomania”, derivado do grego “bruchein” que significa 
fricção, apertamento, ranger ou até triturar os dentes e da palavra “mania”, 
caracterizado por exaltação de temperamento, ou seja, compulsão sendo uma 
movimentação repetitiva dos músculos da mastigação (MARIE & PIETKIEWICS, 
1907). 
Descrito por ser uma atividade involuntária e parafuncional do sistema 
mastigatório produzida por contrações rítmicas ou tônicas dos músculos 
mandibulares, e por ranger e/ou apertar os dentes, o bruxismo traz para o indivíduo 
muitas complicações podendo ocorrer em crianças e adultos. Esse ato de ranger os 
dentes ocorre em períodos de preocupação, estresse, ansiedade, agitação e durante 
o sono acompanhado por ruídos, tanto durante o dia (bruxismo diurno), como a noite 
(bruxismo noturno). O bruxismo diurno é caracterizado de forma consciente por 
apertar os dentes, e por morder objetos, bochechas e roer unhas; o bruxismo 
noturno é caracterizado de forma inconsciente e consiste em ranger os dentes 
durante o sono (MACEDO, 2008). 
A intensidade e a frequência resultam em um estresse da musculatura 
mastigatória e na articulação temporomandibular (ATM), podendo causar até 
fraturas dos dentes, que se trata de uma ativação mútua da musculatura 
responsável pela abertura e fechamento mandibular, que ao invés da alternância 
dos movimentos, essa movimentação é feita inconscientemente não apresentando 
propósitos funcionas. As causas podem ser de origem psicológica, como o estresse, 
neurológicas, como a doença de Parkison, psiquiátricas, nos casos de depressão, e 
relacionado a distúrbios do sono (MACEDO, 2008). 
O diagnóstico do bruxismo depende da história do paciente e/ou 
informações do responsável, a avaliação clínica dos desgastes dos dentes, 
presença de hipertrofia dos músculos mastigatórios, mobilidade dentária, dor na 
articulação temporomandibular (ATM), dores de cabeça frequentes. Nas crianças o 
diagnóstico precoce dessa condição parafuncional podem evitar o desequilíbrio 
entre função e crescimento e visa manter o controle e prevenção de danos aos 
componentes do sistema estomatognático, trazendo nos últimos anos uma grande 
preocupação onde, com maior frequência, pais e responsáveis procuram os 
odontopediatras com esta queixa, além de que esta condição parafuncional tem um 
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impacto na qualidade de vida da criança e nos familiares em sua volta. Porém, 
estudos sobre o bruxismo em crianças vem sendo considerado um tema pouco 
explorado na literatura (PACHECO, 2015). 
Não existe nenhum tratamento específico para o bruxismo, pois cada 
paciente deve ser avaliado individualmente e tratado de acordo com fatores 
associados para que sejam evitadas possíveis complicações futuras. No exame 
clinico deve ser avaliado sinais de desgaste dental, estalos ou dor na ATM, dores de 
cabeça frequente. Sendo assim, o bruxismo é considerado uma ocorrência frequente 
na infância, e que o diagnóstico suscita de questionamentos aos pais e por parte dos 
clínicos para uma avaliação da qualidade de vida que esta condição parafuncional 
traz para a criança e seus familiares (MACHADO, 2011). 
 
2. Fundamentação Técnica 
A Academia Americana de Medicina do Sono na segunda edição de 
classificação internacional dos distúrbios do sono listou o bruxismo entre os 
distúrbios do sono relacionados ao movimento, definindo-o como uma atividade 
bucal caracterizada por ranger ou apertar os dentes durante o sono (AMERICAN 
ACADEMY OF SLEEP MEDICINE, 2006). 
O bruxismo é visto como um transtorno involuntário e inconsciente de 
movimento, definido pelo exagerado apertamento e/ou rangimento dos dentes, 
caracterizados como movimentos mandibulares anormais. O apertar e bater dos 
dentes de forma centrada é o movimento de bruxismo chamado cêntrico, e não 
provoca desgaste dos dentes, já o ranger dos dentes é classificado como excêntrico 
e causa desgaste dos dentes. Essas atividades repetitivas são consideradas 
importantes fatores do desencadeamento da dor na disfunção temporomandibulares 
(MACIEL, 2010). 
O bruxismo não é uma doença, mas quando exacerbada pode levar a um 
desequilíbrio fisiopatológico do sistema estomatognático. Várias modalidades 
terapêuticas têm sido sugeridas, mas não há um consenso sobre qual a mais 
eficiente (MACIEL, 2010). 
2.1 Prevalência e Etiologia do bruxismo 
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Os hábitos parafuncionais são danosos e têm grande importância no 
desenvolvimento da Disfunção Temporomandibular (DTM’S), pois os músculos da 
mastigação geralmente estão acarretando fadiga muscular e resultando em 
desgaste anormal e o amolecimento pelo ranger e apertar dos dentes, sendo o sinal 
clínico mais evidente dessa parafunção. A sensação dolorosa nos tecidos 
musculares são indicativos de danos nos tecidos pela alteração do seu metabolismo 
histológico, uma vez que fibras musculares lesadas estão associadas com 
processos inflamatórios reparadores, o que explica a sensação dolorosa nessas 
situações (PACHECO, 2015). 
Em alguns estudos têm apresentado a ligação entre o bruxismo e diversas 
patologias, tal como Síndrome da Apnéia Obstrutiva do sono e as desordensrespiratórias, que equivale a uma completa cessação da respiração por no máximo 
10 segundos, é um caso comum em períodos do sono de alguns indivíduos. A 
correlação entre bruxismo, apnéia e a posição supina tem sido constatada, e o 
tratamento de pacientes com severa apnéia obstrutiva pode levar a eliminação do 
bruxismo. Associadamente, hábitos bucais como sucção de dedo, morder objetos, 
entre outros, são comuns e podem ocorrer de forma transitória. Porém, quando 
esses ultrapassam a tolerância fisiológica, o sistema pode entrar em colapso e afetar 
a saúde da pessoa (GONÇALVES E TOLEDO, 2010). 
A causa do bruxismo é muito questionável, complexa e complicada de ser 
distinguida. Grande parte dos autores concorda que normalmente é multifatorial, 
sendo capaz de existir uma combinação de fatores locais, psicológicos, sistêmicos 
ou ocupacionais e genéticos (DINIZ, 2009), (KOYANO, 2008). 
3. Fatores Predisponentes 
3.1 Fatores Locais 
Os distúrbios da pessoa que podem causar o bruxismo são falhas na oclusal 
dos dentes, por possuírem restaurações altas, contatos oclusais prematuros, 
mordida cruzada, más oclusões, dentes ou restaurações fraturadas (HADDAD, 
1994). 
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Analisando outros tipos de hábitos, a sucção de chupeta também apresentou 
estar relacionada ao bruxismo. É fundamental novos estudos para melhor 
entendimento dos fatores locais do bruxismo (GONÇALVES e TOLEDO, 2010). 
3.2 Fatores Psicológicos 
A etiologia do bruxismo é multifatorial, estando vigorosamente relacionada a 
fatores emocionais e de estresse. O bruxismo é um distúrbio que acontece no 
primeiro momento no Sistema Nervoso Central apropriado a uma tensão emocional 
e uma relação entre ansiedade e depressão agressiva (CORRÊA, 2010). 
O aspecto psicológico é considerado um fator importante na psicofisiologia 
do bruxismo por se tratar de uma resposta de escape, pelo fato de a cavidade bucal 
possuir um grande potencial afetivo e ser um local privilegiado para a expressão dos 
impulsos de emoções e de conflitos latentes (PIZZOL, 2006). 
No caso das crianças, se forem muito solicitadas nas aulas da escola e 
serem muito exigidas a terem bons rendimentos escolar, na prática de atividades e 
esportes e problemas familiares, podem levar um sobrepeso da sua situação 
emocional. Sendo assim, esses fatores acabam favorecendo o surgimento de 
hábitos parafuncionais de morder ou ranger os dentes (PIERRO et al., 2006). 
3.3 Fatores Sistêmicos ou Ocupacionais 
 Estudos mostram que o bruxismo é predominante em crianças com 
alteração crônica das vias aéreas, como, rinite ou sinusite, portanto, apresentam 
uma respiração principalmente bucal. Concluindo que há ligação entre bruxismo e 
alterações crônicas das vias aéreas (GOMES et al., 2010). 
As deficiências nutricionais e vitamínicas, pacientes portadores de asma ou 
rinite, distúrbios gastrointestinais, desordens endócrinas, Síndrome de Down e 
deficiência mental podem estar relacionados ao desenvolvimento do hábito (DEMIR 
et al., 2004). 
Dentre os fatores sistêmicos se destacam também os parasitas intestinais 
que podem afetar o sistema nervoso central e impedem a pessoa de repousar, o 
parasita produz toxinas no corpo que podem causar inquietação e perturbar o sono. 
Sintomas como nervosismo, insônia e ranger os dentes são tipicamente atribuídos a 
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Enterobius vermicularis, Ascarislumbricoides entre outros parasitas (TEHRANI, 
2010). 
3.4 Fatores Genéticos ou Hereditários 
O bruxismo apresenta um componente genético significante, apesar de que 
não seja a única causa (LOBBEZOO et al., 2014). Estudos mostram que, crianças 
com bruxismo do sono têm pelo menos uma pessoa da família com bruxismo, e que 
possuíam esse hábito na infância, seus filhos acabam adquirindo o mesmo hábito 
(LAVIGNE et al., 2008). 
A predisposição genética pode ter algum papel na origem da parafunção, 
mas os mecanismos exatos e o modo de transmissão não são conhecidos até hoje. 
Sugere-se um efeito genético na variação fenotípica de cinco parassonias, como: 
caminhar e falar durante o sono, pesadelos, bruxismo e enurese; tão bem como 
efeitos genéticos compartilhados especialmente entre falar e caminhar durante o 
sono (HUBLIN, 1998). 
4. Sinais, sintomas e consequências associados ao bruxismo. 
O bruxismo é muito comum na infância e pode causar danos ao sistema 
estomatognático. Os sintomas mais relatados pelos pacientes bruxistas são fortes 
dores de cabeça frequente e dores na articulação temporomandibular (ATM). Os 
sinais mais comuns observados pelos cirurgiões-dentistas são o desgaste anormal 
levando até ao amolecimento dos dentes. Alguns danos nos tecidos moles também 
podem acontecer como, por exemplo, mordida na bochecha (GONÇALVES E 
TOLEDO, 2010). 
Esse movimento parafuncional, visa prosseguir por longos períodos 
chegando até a vida adulta. Mostrando a grande importância do diagnóstico prévio e 
um tratamento preciso na infância para prevenir grandes problemas no futuro 
(CARLSSON et al., 2003). 
5. Diagnóstico do bruxismo 
 Baseados na American Academy Of Sleep Medicine (2006), as medidas 
usadas para detectar o bruxismo são: desgastes em dentes anteriores na face 
incisal, desgaste oclusal em dentes posteriores, descrições dos pais de ruídos 
9 
 
contínuos de ranger os dentes durante o sono, linha branca na mucosa bucal e 
marca dos dentes na língua. 
Seu prognóstico favorável depende do diagnóstico preciso, detectando o 
fator principal de seu surgimento. Na maioria das vezes, a pessoa só sabe que é 
portadora do bruxismo, quando alguém lhe conta o que presenciou enquanto ela 
dormia, ou quando procura assistência odontológica (AMERICAN ACADEMY OF 
SLEEP MEDICINE, 2006) 
6. Tratamento do bruxismo 
Não se conhece, ainda, um tratamento eficaz para cura total do bruxismo. O 
tratamento adequado para diminuir os sintomas, resulta do motivo etiológico, através 
dos sinais e sintomas manifestados, logo é relevante o diagnóstico certo. Os 
medicamentos ansiolíticos e relaxantes musculares são úteis para o controle dos 
quadros de estresse e ansiedade. Apesar disso, não tem alguma droga de primeira 
eleição, os medicamentos são usados por pouco tempo, no entanto esse tipo de 
tratamento não é o mais seguro, podendo provocar dependência química e 
reaparecimento dos sintomas após suspensão (SILVA & CANTISANO 2009). 
Os recursos mais indicados para o tratamento é o ajuste oclusal, 
procedimentos restauradores para o restabelecimento da dimensão vertical, nas 
restaurações de amálgama ou resina em excesso, realizar acabamento e polimento 
para eliminar qualquer interferência, nas restaurações de resina deve-se reparar as 
características anatômicas caso sejam insatisfatórias. Placas miorrelaxantes de 
silicone ou acrílico, moldadas segundo o formato da arcada dentária do paciente, 
apesar de ser um tratamento mais indicado, deve ser usado com ponderação em 
crianças, pois ela está em fase de desenvolvimento, sendo assim, é necessário 
consultas de retorno ao dentista a cada 6 meses para realizar a troca da placa. Elas 
ajudam a restringir os movimentos dos músculos mastigatórios, dando proteção dos 
dentes ao atrito que provoca o desgaste e o abalo dos dentes, permitindo que a 
mandíbula tenha uma relação normal com a maxila, atingindo um equilíbrio 
neuromuscular (CORRÊA, 2010). 
Técnicas psicológicas podem ser utilizadas como tratamento principal ou 
associado na eliminação do bruxismo, nos casos mais graves de tensão ou 
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ansiedade, o acompanhamento de psicólogos é indispensável e os placebos podem 
ser utilizados quando a etiologia é psicológica. A massagem e o calor úmido também 
têm sido utilizados para ativar amusculatura, aumentar a circulação e permitir a 
eliminação rápida de ácidos e outros resíduos e irritantes metabólicos teciduais 
(CORRÊA, 2010). 
Essas formas de tratamento precisam ser empregados juntos e de forma 
multidisciplinar, incluindo odontopediatras, pediatras, otorrinolaringologistas e 
psicólogos (CORRÊA 2010). 
7. MÉTODOS 
Para essa revisão de literatura teve como base artigos, livros, monografias, 
associados através de buscas em bancos de dados como, Scielo, Google 
acadêmico e Bireme, relacionado ao tema bruxismo infantil. Revisando assim sobre 
os sinais, sintomas, fatores predisponentes que causam consequências no dia a dia 
do crescimento de uma criança buscando diagnosticar o fator da parafunção e o 
tratamento para um melhor prognóstico favorável. 
8. DISCUSSÃO 
Apesar de MARIE & PIETKIEWICZ (1907) introduzirem este assunto na 
literatura francesa em 1901, o primeiro sistema de classificação sobre o bruxismo foi 
o de MILLER, introduzido em 1936. Este autor classificou o bruxismo como 
“bruxomania” para sugerir o hábito de ranger e apertar os dentes durante o dia, e o 
termo “bruxismo” com o significado de “um hábito de ranger e apertar os dentes que 
ocorre exclusivamente durante a noite”. 
O segundo sistema de classificação foi publicado por RAMFJORD em 1961, 
que classificou o bruxismo como sendo dos tipos cêntrico ou excêntrico. O apertar e 
ranjer dos dentes de forma centrada é o movimento de bruxismo chamado cêntrico, 
e não provoca desgaste dos dentes, já o ranger dos dentes é classificado como 
excêntrico e causa desgaste dos dentes. RAMFJORD (1961) ainda acrescentou que 
o bruxismo cêntrico ocorre principalmente durante o dia e o excêntrico durante a 
noite. Baseando-se nas pesquisas Barbosa (2008) definiu o bruxismo como o ranger 
e/ou apertar de dentes de forma repetida e inconsciente, sendo assim considerado 
um hábito parafuncional. 
11 
 
 PIZZOL et al., (2006) acrescenta que o bruxismo é uma atividade 
parafuncional do sistema mastigatório de etiologia multifatorial, sendo os principais 
fatores locais, psicológicos, sistêmicos e genéticos. 
Dentre os fatores locais DEMIR et al., (2004), observaram as maloclusões, 
traumatismo oclusal, contato prematuro, reabsorção radicular, presença de cálculo 
dental, dentes perdidos, excesso de material restaurador. Porém PIERRO (2006), 
discorda sobre as maloclusões, pois há evidências de que o bruxismo em crianças 
pequenas pode ser consequência da imaturidade do sistema mastigatório 
neuromuscular. 
SERRA NEGRA et al., (2006) também diz em que a maloclusão não acelera 
a possibilidade de suceder o bruxismo. Em associação ao acontecido dos outros 
hábitos bucais parafuncionais, não foi observado ligação com o bruxismo. Sugere 
recomendação preventiva no ato de hábitos bucais, sucção digital e chupeta. 
Enquanto AHMAD (1986) considera que intervenções oclusais podem 
estimular o bruxismo, já OKESON (1992) considera que a eliminação destas 
intervenções não diminui o bruxismo, então não seriam relevantes na manifestação 
do problema. 
Já relacionado aos fatores sistêmicos DEMIR et al., (2004), falam que as 
deficiências nutricionais e vitamínicas, distúrbios gastrintestinais, desordens 
endócrinas, Síndrome de Down e deficiência mental podem estar relacionadas ao 
desenvolvimento do hábito. 
CARIOLA (2006) diz que fortes tensões emocionais, problemas familiares, 
ansiedade, depressão, medo, provas escolares ou mesmo a prática de esportes 
competitivos podem atuar como fatores de origem psicológica e ocupacional para o 
desencadeamento desta condição. 
Com relação aos fatores hereditários, LOBBEZOO (2014) relata no seu 
estudo sobre predisposição genética e confirma que pais que possuíam o hábito na 
infância frequentemente apresentam filhos que apertam ou rangem os dentes. 
VANDERAS et al., (1999) considera que crianças com problemas 
psicológicos, especialmente com déficit de atenção, problemas comportamentais e 
12 
 
hiperatividade encontra-se em grande risco de bruxismo. O predomínio de bruxismo 
em crianças com paralisia cerebral e Síndrome de Down, foi similar no que foi 
descoberta em crianças sem compromisso mental. 
KATO et al., (2001) disse que crianças com apnéia do sono aparecem com 
frequência e com grande hábito de morder os lábios, aumentando assim a atividade 
parafuncional, podendo levar, entre outros ao bruxismo, agregado com sono 
fragmentado. Há o desfavorável que crianças com obstrução das vias aéreas jogam 
a mandíbula para frente para favorecer a passagem de ar, podendo incentivar 
receptores das vias aéreas superiores para expandir o tônus das vias aéreas, 
levando ao bruxismo. 
Segundo KNUTSON (2003), o distúrbio dos músculos da juntura da coluna 
cervical, principalmente da região superior, é capaz de ser considerada um fator 
etiológico do bruxismo crônico em crianças. Encontra-se uma ligação de vício entre 
a análise do hábito de bruxismo e o período de aleitamento materno, isto é, quando 
o tempo de aleitamento materno é maior, a prevalência do hábito é menor, apesar 
de essa relação permaneça no limite de significância. 
BAYARDO et al., (1996) e HUBLIN et al (1998), diz que bruxismo é mais 
contínuo em meninas. Porém, BERTHI et al (2006), relatam 92% das crianças que 
possuem o hábito eram meninos. Já DEMIR et al (2004) e PETIT et al (2007) não 
constataram diferenças estatisticamente significantes no prevalecimento do 
bruxismo em crianças de ambos os sexos. 
CORRÊA (2010) concorda que o tratamento do bruxismo é alterável, e que 
sua escolha depende muito da etiologia, ele determina basicamente a melhoria da 
harmonia oclusal e da dimensão vertical pelas restaurações de resina composta. 
Entendido que a maioria das crianças que são bruxistas são ansiosas, pequenos 
números de tratamentos diferentes têm sido feitos tendo em vista favorecer o lado 
emotivo do paciente como o uso de florais de Bach, homeopatia e acupuntura. 
GHANIZADEH (2013) investigou a utilidade do fármaco hidroxizina para 
tratamento do bruxismo noturno em crianças. O estudo cotejou o efeito de 
hidroxizina e placebo, os dois reduziram o bruxismo, sendo assim, hidroxizina mais 
efetiva. Esses resultados complementam vigorosamente mais uma opção de 
13 
 
tratamento na literatura atualmente para as crianças com bruxismo, uma vez que há 
um número restrito de medicamentos em utilização e todos já pesquisados têm 
relevantes efeitos adversos. GHANIZADEH (2013) favorece a utilização do fármaco 
em razão de que ele minimiza a ansiedade, estimula o relaxamento muscular e tem 
poucos efeitos contrários dentre os já consumidos como Clonidina e Clonazepan. 
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Com base nos artigos revisados, conclui-se que o bruxismo é uma 
parafunção de etiologia multifatorial, sendo os principais fatores locais, genéticos, 
psicológico, neurológicos, sistêmicos e ocupacionais. Tendo como possíveis 
consequências desgaste dental excessivo, sensibilidade, mobilidade dental e danos 
aos tecidos moles, causando dores de cabeça frequente, perda da dimensão 
vertical, dores na articulação temporomandibular (ATM). 
A forma de tratamento discutido depende do fator etiológico, sinais e 
sintomas clínicos, buscando o correto diagnóstico. Apesar de ser um distúrbio que 
prejudica muitas pessoas e que pode provocar anomalias, até então é improvável 
determinar um tratamento padrão, cada pessoa deve ser investigada e tratado 
individualmente. Portanto, o cirurgião-dentista deve estar preparado para realizar um 
bom diagnóstico de sinais e sintomas, identificando o problema e informando ao 
paciente da severidade do caso que o acomete. 
10. REFERÊNCIAS 
 
1. AMERICAN ACADEMY OF SLEEPMEDICINE. Internacional classification of 
sleep disorders 2nd ed. Westchester: American Academy Of Sleep Medicine, 
2006. 
2. ANTONIO, A. G.; PIERRO, V. S. S.; MAIA, L.; Bruxism in children: a warning 
sign for 41 psychological problems. Journal-Canadian Dental Association, v. 72, 
n. 2, p. 155, 2006. 
3. BISINÉLLI, G. F.; Ocorrência de bruxismo em crianças com hábitos orais 
deletérios. p.13-18, 2015. 
 
4. BORTOLETTO, C. C.; Efeito da massoterapia e da utilização de placa oclusal 
sobre a atividade muscular e sobre a força de mordida em criança com 
bruxismo. p.13-17, São Paulo, 2012.

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