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Semiologia do idoso

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(
Julya Pavão
 - 
SEMIOLOGIA
) (
1
)
SEMIOLOGIA DO IDOSO
· Relação médico-paciente:
· É necessário evitar qualquer tipo de preconceito, discriminação ou estereotipagem de uma pessoa em função exclusivamente de ter atingido uma idade que a defina como idosa, pois isso faz com que as gerações mais jovens vejam os idosos como seres diferentes de si.
· Outro problema é a não-valorização das queixas pelo médico. Em nossa sociedade, existe o preconceito de que os velhos são poliqueixosos, e é comum os médicos adotarem essa postura, não deixando os seus pacientes idosos falarem ou não levando em consideração suas queixas, atribuindo tudo ao processo de envelhecimento.
· Anamnese:
· A anamnese é e sempre será a base para o cuidado dos pacientes, principalmente do geronte. A história geralmente é longa e demanda muitos encontros para ser completada. Algumas vezes, a entrevista por si só pode ser terapêutica.
· A oportunidade dada ao paciente de expressar as suas preocupações e receber atenção é comprovadamente terapêutica.
· O ideal é que esses pacientes sejam atendidos por uma equipe multiprofissional, quando então os dados obtidos por cada um dos membros da equipe (assistente social, psicólogo, fisioterapeuta, nutricionista, enfermeira) completam a entrevista médica e poupam tempo.
· Em primeiro lugar, é preciso assegurar-se da confiabilidade dos dados fornecidos pelo paciente.
· Os pacientes idosos geralmente são portadores de múltiplas afecções crônicas e tendem a apresentá-las de forma atípica. Portanto, o princípio de iniciar a anamnese com uma queixa principal pode não ser de grande valia nesses pacientes. É comum o paciente dizer que relate aquilo que mais o incomoda.
· Em muitas situações, a queixa principal do paciente difere totalmente daquela informada pelos familiares. Nesse caso, é importante valorizar as duas informações, mesmo quando o paciente é portador de distúrbio cognitivo e não seja capaz de compreender o que se passa.
· Os medicamentos que estão sendo usados e aqueles que foram utilizados recentemente pelo paciente merecem especial atenção.
· Diminuição da memória: queixa freqüente entre as pessoas idosas, muitas vezes erroneamente atribuída ao processo de envelhecimento, conquanto o normal seja envelhecer lúcido. As causas vão desde problemas potencialmente reversíveis, como o hipotireoidismo e deficiência de algumas vitaminas, até doenças neurodegenerativas, ainda sem cura, como a doença de Alzheimer, que irá levar o paciente a uma situação de extrema dependência.
· Distúrbios de comportamento e deambulação compulsiva: em consequência das modificações cerebrais e da redução dos neurotransmissores que ocorrem com o envelhecimento, o idoso é propenso a apresentar distúrbios de comportamento, mesmo na ausência de doenças neuropsiquiátricas. A deambulação compulsiva é um sintoma relativamente comum nas demências, principalmente na doença de Alzheimer, mas pode aparecer como efeito de medicamentos, principalmente os antipsicóticos.
· Tonturas, alterações da marcha e quedas: nem sempre a tontura ou tonteira relatada pelo idoso é vertigem, e o paciente pode estar referindo-se a um quadro de síncope, convulsão ou outro problema. Esses sintomas podem ser causados por doenças neurológicas, cardiovasculares e até distúrbios metabólicos, como a descompensação diabética.
· Perdas sensoriais: a surdez é um importante problema entre os idosos, estimulando-se que 50% dos pacientes com 80 anos ou mais têm audição diminuída. A causa mais comum é a presbiacusia, na qual a perda da audição para sons agudos é maior. Outras causas são representadas por infecções, cerúmen e doenças neurológicas. A perda visual deve ser sempre inquirida, pois muitos pacientes idosos, por não exercerem atividades que necessitem de acuidade visual apurada, não valorizam a perda, e o diagnóstico de uma doença que pode causar cegueira será tardio.
· Dentes: perguntar sobre os dentes e as condições de mastigação é muito importante, pois muitas vezes a desnutrição de um paciente geronte pode ser corrigida após uma avaliação odontológica e a correção de eventuais problemas.
· Perda de peso: o ser humano ganha peso dos 25 até por volta dos 60 anos; depois disso, o peso corporal tende a reduzir-se por perda de massa óssea e muscular. No geral, deve-se ficar atento para emagrecimento acentuado em curto espaço de tempo. Cumpre ressaltar que a perda de peso faz parte dos critérios para diagnóstico de depressão, distúrbio muito comum nessa faixa etária.
· Modificações do sono: a insônia e a sonolência são queixas comuns entre os idosos e, frequentemente, são causa de iatrogenia, pois, muitas vezes, sem avaliação adequada, esses pacientes são medicados com hipnóticos que podem causar desde alterações leves da memória até estados confusionais. O sono noturno sofre um encurtamento, enquanto aumentam os períodos de sonolência diurna. A ansiedade e a depressão são causas importantes de insônia.
· Fadiga: é uma queixa comum no idoso e, tal como nos pacientes jovens, pode ser um sintoma de doença orgânica ou psíquica. A depressão é uma das causas mais comuns de fadiga nessa faixa etária e pode ser sua única manifestação.
· Incontinência urinária e fecal: está incluída, juntamente com a depressão, as demências, os estados confusionais, as quedas e a síndrome dos maus-tratos, no que se convencionou chamar de Gigantes da Geriatria. Na avaliação da mulher idosa com incontinência urinária, deve-se sempre ter em mente a possibilidade de incontinência de esforço por frouxidão da musculatura pélvica e, no homem idoso, a incontinência por transbordamento na hipertrofia prostática. Não se pode esquecer das causas transitórias de incontinência, mais comuns nos idosos por terem uma reserva funcional vesical e uretral menor, como as infecções, uretrite atrófica, estados confusionais, medicamentos, imobilidade e fecaloma. A incontinência fecal é menos prevalente e geralmente acompanha a urinária. Deve ser sempre pesquisada, pois, se os pacientes tendem a esconder a incontinência urinária, quanto mais a fecal.
· Sexualidade: é a forma como uma pessoa vivencia e expressa o seu sexo e, frequentemente, é confundida com a relação sexual, que, por sua vez, não está restrita ao ato da penetração, mas engloba também a troca de sons, cheiros, olhares, toques e carícias. O ato sexual é influenciado por inúmeros fatores orgânicos, emocionais, sociais e culturais. Ele pode estar alterado devido a problemas hormonais, doenças do aparelho geniturinário, doenças cardiovasculares, doenças cerebrais e inúmeras outras afecções comuns nos idosos. A depressão é uma das doenças que cursam com diminuição da libido, queixa que corrobora para o diagnóstico, mesmo nos idosos. Convém lembrar que muitos medicamentos antidepressivos podem causar distúrbios ejaculatórios e disfunção erétil em homens. O envelhecimento pode, independentemente da presença de doenças, alterar o ciclo da resposta sexual, que é composto de 4 fases: excitação, platô, orgasmo e resolução.
· Ansiedade e depressão: são os problemas psiquiátricos mais comuns em idosos e, geralmente, apresentam-se de maneira atípica, com deficiência de memória e distúrbios da percepção, incluindo alucinações e delírios.
· Febre: os idosos podem apresentar infecções sem resposta febril, que é um sinal de mau prognóstico. Com mais frequência, apresentam confusão mental, delírios e alucinações quando têm elevação da temperatura.
· Dor: com o envelhecimento, o limiar de dor aumenta e, consequentemente, os pacientes idosos podem apresentar problemas graves de saúde sem que a dor seja um sinal de alarme. Paradoxalmente, quando têm dor, os idosos podem apresentar um nível de tolerância menor e uma reação bem mais acentuada.
· Queixas relacionadas às mudanças no ciclo da vida: os eventos e as mudanças no ciclo da vida que comumente podem afetar a saúde e a capacidade funcional dos idosos são a menopausa, a aposentadoria, doença e morte do cônjuge e/ou de ilhós, o diagnóstico de uma doença incapacitante ou terminal e o “ninho vazio”,ou seja, a saída dos filhos da casa dos pais.
· Antecedentes e hábitos de vida: no que se refere aos antecedentes pessoais do paciente, pode não ter utilidade saber as condições de nascimento e doenças da infância, mas a história de tuberculose, doenças sexualmente transmissíveis e intervenções cirúrgicas é de extrema importância. Nas mulheres, a época da menarca não é tão relevante quanto a época e as condições da menopausa. Da mesma forma que as doenças da infância, algumas informações sobre os familiares são menos importantes na avaliação do paciente idoso, a não ser os casos de diabetes, demência, depressão e doenças neurológicas, como a coréia de Huntington. As condições e os hábitos de vida são muito importantes e incluem partes da Avaliação Funcional do Idoso. Devem-se investigar minuciosamente os hábitos alimentares, as condições de trabalho, a prática de atividade física e os vícios, principalmente o consumo de álcool, que tende a ser ocultado pelo paciente. Outro vício esquecido nos idosos é o consumo de drogas, pois é comum acreditar que nessa faixa etária isso não acontece. O tipo de habitação, a presença de escadas, a localização dos banheiros são informações importantes, principalmente nos casos de quedas. Saber se o paciente reside sozinho ou com familiares, conhecer suas condições financeiras e quem administra as finanças é necessário para o planejamento terapêutico.
· Exame físico:
· O exame físico do idoso deve ser completo e minucioso. 
· No caso de um paciente agitado ou em estado grave, o exame pode ser mais sumário na primeira visita, priorizando-se os problemas que trazem risco de vida e que demandam intervenção terapêutica imediata. Porém, deve ser completada o mais breve possível, inclusive com a realização da avaliação funcional.
· O exame físico começa a ser realizado no momento em que o paciente entra no consultório, ou o médico entra no ambiente onde ele está. Observam-se a postura, fácies, deambulação, os gestos, o modo de sentar e levantar, como ele se despe e acomoda-se na mesa para exame.
· É importante que o examinador se lembre de elevar a cabeceira da mesa de exame, pois são freqüentes, nessa faixa etária, afecções que causam dispnéia de decúbito.
· Postura e marcha: algumas alterações na postura podem ser consideradas típicas na velhice, mas variam a época e a velocidade em que essas modificações vão ocorrer e até onde elas serão influenciadas pelas enfermidades, medicamentos e seqüelas de doenças. Devemos lembrar que, com o avançar da idade, a cabeça desloca-se para frente e ocorre diminuição da lordose lombar normal. Com o envelhecimento, a marcha também pode modificar-se mesmo na ausência de qualquer doença. A marcha senil caracteriza-se por aumento da flexão dos cotovelos, cintura e quadril. Diminui também o balanço dos braços, o levantamento dos pés e o comprimento dos passos (marcha de pequenos passos). A marcha do idoso pode estar alterada pela presença de doenças neurológicas e/ou osteomusculares. Antes de rotular a marcha do paciente como marcha senil, é preciso afastar todas as doenças que podem alterá-la.
· Fácies: algumas expressões fisionômicas típicas que caracterizam fácies típicas de algumas doenças, como o hipotireoidismo, hipertireoidismo, depressão, e mesmo da síndrome parkinsoniana podem não estar presentes nos idosos.
· Peso e altura: quando se determina a estatura, deve-se ter em mente que ela é provavelmente menor do que a que o paciente alcançou ao final de sua fase de crescimento. Há aumento ponderal até por volta dos 60 anos e, em seguida, queda lenta e gradual. O idoso deve ser pesado em toda consulta médica e seu índice de massa corporal calculado.
· Hidratação: as alterações da pele, da mucosa oral e da língua e das conjuntivas que ocorrem com o envelhecimento dificultam a avaliação do estado de hidratação do paciente idoso.
· Pele: devem-se buscar sinais de características nutricionais, principalmente vitamínicas, pois elas são mais comuns nos idosos, destacando-se as alterações tegumentares da pelagra e do escorbuto. Durante o exame da pele, pode-se avaliar a presença de lesões sugestivas de maus-tratos, de úlceras de pressão e as condições de higiene do paciente.
· Pressão arterial: com o envelhecimento, a pressão arterial sistêmica eleva-se (hipertensão sistólica isolada do idoso), o que constitui um fator de risco importante para as doenças cerebrovasculares, além do fato que, entre esses pacientes, a prevalência da hipertensão arterial essencial também é maior.
· Hipotensão postural: hipotensão postural ou ortostática é reconhecida quando ocorre uma queda de 20mmHg ou mais na pressão sistólica e/ou 10mmHg ou mais na diastólica ao passar-se da posição deitada para a posição de pé.
· Exame da cabeça e do pescoço: nos pacientes idosos é importante observar alterações no tamanho do crânio, pois ele pode aumentar na doença de Paget dos ossos, que acontece quase exclusivamente indivíduos de faixas etárias mais avançadas. O exame do pescoço deve ser bastante minucioso no idoso. Palpam-se a tireóide, os pulsos arteriais, que também devem ser auscultados, as cadeias ganglionares e as parótidas.
· Exame do tórax: à inspeção do tórax, são freqüentes a cifose torácica e o alargamento do diâmetro ântero-posterior, situações que podem ser consideradas consequências do envelhecimento normal, mas que se acentuam na presença de algumas doenças comuns nessa faixa etária (DPOC, osteoporose). Nas mulheres, as mamas devem ser sempre examinadas, pois o câncer de mama também é comum nas idosas.
· Exame do abdome: é importante lembrar a necessidade de palpar e auscultar o trajeto da aorta abdominal, pois dilatações aneurismáticas e estenoses de seus ramos são mais comuns em idades avançadas. A palpação da região suprapúbica também é importante nos casos de diminuição do volume urinário ou incontinência, sob pena de deixar passar uma bexiga distendida. O toque retal deve completar o exame, pois as doenças prostáticas, os fecalomas e as neoplasias do reto são freqüentes nessa faixa etária.
· Exame das extremidades: examinam-se os membros em busca de doenças osteoarticulares, as quais são a principal causa de incapacidade nesse grupo de indivíduos. Pesquisam-se sinais de inflamação e isquemia. Avalia-se o trofismo muscular. Os pulsos devem ser rotineiramente palpados, pois a insuficiência vascular é mais comum nesses pacientes, consequência de doenças crônicas, como a hipertensão e diabetes, e do tabagismo. O edema sempre deve ser pesquisado, sem esquecer que ele pode ser causado pela estase venosa em decorrência da imobilidade. A presença de veias varicosas contribui para agravar essa situação.
· Exame neurológico: deve ser realizado em todos os idosos, independentemente da queixa do paciente, pois muitas doenças neurológicas podem manifestar-se com sintomas inespecíficos, como é o caso da doença de Parkinson, que pode ocorrer sem tremor e o paciente procurar assistência por depressão e/ou quedas. Primeiro, avalia-se a função mental. Examinam-se os nervos cranianos e, principalmente, a movimentação ocular. A força e o trofismo muscular devem ser avaliados e os reflexos profundos testados. Sinais de comprometimento piramidal (sinal de Babinsky, hiper-reflexia) e extrapiramidal (rigidez, tremores, coréia, bradicinesia) devem ser pesquisados, pois as doenças neurodegenerativas que acometem os idosos podem afetar esses sistemas. Avalia-se também a sensibilidade tátil, dolorosa, vibratória e propioceptiva.
· Avaliação funcional do idoso:
· A avaliação funcional é definida como um conjunto sistematizado de informações, testes e escalas que mensuram a capacidade do idoso de executar as atividades para o seu autocuidado e de viver independente em seu meio. 
· Os parâmetros a serem avaliados numa avaliação funcional são os seguintes: equilíbrio e mobilidade, função cognitiva, capacidade do indivíduo de realizar as atividades básicas da vida diária, capacidade do indivíduo de realizar as atividades instrumentais da vida diária, condições emocionais, disponibilidadee adequação de suporte familiar e social, condições ambientais.
· Equilíbrio e mobilidade: a avaliação desse item pode ser feita por um teste simples chamado de Get up and Go Test (“Teste de Levantar e Andar”), cujo objetivo é avaliar o equilíbrio sentado, transferência de sentado para a posição de pé, estabilidade na deambulação e alterações no curso da marcha sem utilizar estratégias de compensação. O indivíduo é solicitado a levantar-se de uma cadeira alta com encosto reto e descanso para os braços, deambular 3m, voltar e sentar-se novamente. Uma variação desse teste é o chamado Timed Get Up and Go Test (“Teste de Levantar e Andar Cronometrado”) em que, além dos itens anteriores, é avaliado o tempo necessário para o indivíduo realizar a tarefa. Para avaliação específica do equilíbrio, uma prova simples de ser realizada é a pesquisa de sinal de Romberg, realizada com o indivíduo em posição ereta, pés unidos e olhos fechados. O sinal é positivo quando há o aparecimento de oscilações corpóreas, podendo ocorrer queda em qualquer direção. 
· Função cognitiva: os testes para a avaliação do estado mental devem ser simples, rápidos e que possam ser reaplicados, não necessitarem de material complementar e conhecimento especializado para que possam ser aplicados também por membros da equipe multidisciplinar.
· Mini-exame do Estado Mental (MEEM): a pontuação máxima do teste é 30 pontos, havendo grande influência da escolaridade nos escores de interpretação. Sofre influência da escolaridade.
· Questionário Resumido do Estado Mental (MSQ): é uma avaliação geral da cognição sem interesse em detectar alterações mínimas ou localizadas e ainda não está validado em nosso meio. Também sofre influência da escolaridade.
· Fluência verbal: teste utilizado para o estudo da linguagem e da memória semântica. Solicita-se que o indivíduo diga o maior número de itens de uma categoria semântica (exemplo: animais, frutas) ou fonêmica (palavras indicadas por determinada letra) durante 1 minuto. O escore é a soma de itens corretos. Indivíduos normais com escolaridade menor que 8 anos devem falar no mínimo 9 itens, e os com escolaridade de 8 e mais anos mínimo de 13 itens.
· Capacidade do indivíduo de realizar as atividades básicas da vida diária: avalia-se a capacidade do indivíduo de realizar essas tarefas, observando se é independente, total ou parcialmente dependente e se necessita de ajuda mecânica, como bengalas, andadores ou cadeiras de rodas. No item referente à incontinência, observar se é intermitente, contínua ou noturna. 
· Capacidade do indivíduo de realizar as atividades instrumentais da vida diária: as atividades instrumentais da vida diária são as necessárias para uma vida independente e ativa na comunidade. Estão relacionadas às atividades mais complexas e, de acordo com a capacidade para realizar essas atividades, é possível determinar se o indivíduo pode viver sozinho.
· Condições emocionais do paciente: os idosos estão sujeitos às mesmas doenças psíquicas que acometem a população mais jovem. Alterações no comportamento que persistem por um tempo mínimo de duas semanas, como irritabilidade, pessimismo, sensação de menos valia, inúmeras queixas orgânicas, a falta de interesse pelas atividades habituais, os distúrbios de memória e o afastamento social, não devem ser considerados como características da população idosa, mas sim como prováveis sinais e sintomas de uma depressão. Um dos instrumentos mais utilizados é a Escala Geriátrica de Depressão de Yesavage. Essa escala é de simples e rápida aplicação, com resposta dicotômica de sim/não. A versão original contém 30 itens, mas existem versões mais curtas, sendo a mais utilizada a de 15 itens.
· Disponibilidade e adequação de suporte familiar e social: as redes de suporte sociais são classificadas em: sistemas informais de suporte, que são as redes de relacionamento entre membros de uma mesma família, amigos e vizinhos; sistemas formais de suporte compostos de serviços de atendimento ao idoso, que incluem hospitais, atendimento domiciliar, instituições de abrigamento e programas formais de capacitação de pessoal voltados ao atendimento da população. Importante ressaltar que a presença e o tipo de suporte social que o indivíduo possui irão interferir muitas vezes na conduta médica a ser tomada. Indivíduos sem suporte social podem sofrer mais iatrogenia, e o médico deve ficar atento a esse parâmetro quando planejar determinado tratamento para o paciente idoso.
· Maus-tratos: um grave problema que acomete a população idosa está relacionado à presença de “maus-tratos” infligidos por familiares, cuidadores ou outras pessoas de sua convivência. O médico deve conhecer os tipos de maus-tratos (abuso físico, abuso psíquico ou emocional, abuso material, abuso sexual, negligência), as situações que sugerem a existência dos mesmos (lesões físicas, descuido com a higiene, desidratação e desnutrição difíceis de serem explicadas, explicações vagas de ambas as partes sobre quaisquer tipo de lesões, diferenças entre a história relatada pelo paciente e a contada pelo familiar ou cuidador, demora entre o aparecimento dos sintomas ou lesão e a solicitação de atendimento médico, visitas freqüentes ao médico devido à piora de uma doença crônica apesar de tratamento correto), quais os fatores de risco e ter uma postura ativa quando se deparar diante de uma situação de risco ou sugestiva de maus-tratos.
· Condições ambientais: os idosos aspiram viver em ambientes seguros, mas em que possam exercer o controle pessoal. O ambiente deve propiciar autonomia, mas com grau de especificidade e cuidado, o que impõe a necessidade de planejamento e adaptação dos espaços a depender da diminuição das capacidades físicas, sensoriais e funcionais.
· Avaliação nutricional:
· A avaliação nutricional do idoso é um item fundamental na avaliação geriátrica, apresenta características próprias e visa identificar os idosos em risco nutricional com conseqüente indicação de intervenção e avaliar a eficácia desta.
· Essa avaliação é realizada pela história clínica, exame físico, antropometria, exames laboratoriais, índices múltiplos e impedância bioelétrica.
· Na história clínica é importante avaliar: perda ou ganho de peso, alterações do padrão alimentar, presença de sintomas gastrointestinais, avaliação da capacidade funcional, demanda metabólica, antecedentes patológicos, uso de medicamentos, história social, história dietética.
· O exame físico deve ser minucioso e visa identificar sinais específicos da carência de nutrientes.
· Exames complementares:
· Em qualquer idade, os exames complementares são úteis para a confirmação diagnóstica, esclarecimento etiológico, avaliação prognóstica e/ou para acompanhamento terapêutico.
· Exames complementares poderão ser necessários para estabelecer o prognóstico, como se faz no estadiamento das neoplasias malignas, os quais não só orientam a terapêutica como também podem definir a provável evolução. Em outros casos, são indispensáveis para a avaliação ou acompanhamento do tratamento, como, por exemplo, a dosagem de eletrólitos, principalmente potássio, nos pacientes que estão utilizando diuréticos.
· Convém lembrar que as alterações referidas nos exames complementares refletem, quase exclusivamente, o resultado do processo de envelhecimento. As doenças que podem acometer os idosos são responsáveis por alterações muito mais importantes nos valores desses exames.
· Peculiaridades clínicas das doenças no idoso:
· Múltiplas doenças comumente coexistem: a premissa clínica de que todos os sinais e sintomas devam ser explicados por um único diagnóstico é de pouco valor quando se presta assistência a pacientes idosos. Nestes, é comum o fato de várias doenças crônicas e agudas interagirem, entre si e com fatores sociais e psicológicos, para determinar o quadro clínico. Vários estudos têm demonstrado que cerca da metade das pessoas com mais de 60 anos que procuram assistência médica são portadoras de duas ou mais doenças, e essa situação tem sido designada na literatura comoco-morbidades ou multimorbidades, ou, ainda, morbidades múltiplas.
· Predominância de doenças crônicas: em função da menor reserva funcional e da exposição ao longo da vida a inúmeros fatores de risco, entre os idosos prevalecem as doenças crônicas, definidas como qualquer condição que dure mais de três meses.
· Espectro próprio e amplo de doenças.
· As doenças podem apresentar-se de maneira atípica: na velhice, as doenças podem apresentar-se de maneira oligossintomática, com sintomatologia inespecífica, ou, muitas vezes, de maneira totalmente atípica.
· Algumas doenças podem apresentar-se tardiamente, em fases mais avançadas: a tendência das doenças de se apresentarem tardiamente e em estádios avançados não é rara nos idosos, principalmente com as neoplasias malignas.
· Muitas doenças interagem entre si.
· Gigantes da Geriatria:
· Alguns problemas clínicos, comuns na velhice, com múltiplas causas, curso crônico, embora não impliquem risco de vida iminente, comprometem a qualidade de vida e constituem um desafio diagnóstico e terapêutico. Esses problemas receberam a denominação de “Gigantes da Geriatria” ou “5 is”, compreendendo: insuficiência cerebral, incontinência urinária e/ou fecal, instabilidade postural e quedas, imobilidade e iatrogenia.
· Insuficiência cerebral: uma discreta perda de memória para fatos recentes e da capacidade de reter novas informações, que não progride e que não prejudica as atividades do paciente, é normal na velhice. No entanto, alterações da memória, da orientação, da percepção, da linguagem e distúrbios do comportamento, de intensidade suficiente para interferir com as atividades do indivíduo, são causadas por várias afecções e podem ser agrupados em 3 grandes síndromes: o Delirium (redução aguda ou subaguda da capacidade intelectual, em geral acompanhada de incapacidade de manter a atenção e com flutuações do nível de consciência, intercalando períodos de sonolência com momentos de agitação), a Demência (diminuição persistente e geralmente progressiva das funções cognitivas) e a Depressão (3D).
· Incontinência urinária e/ou fecal: é um dos problemas médicos que mais afetam a dignidade do paciente idoso, e, não raro, é escondida, em especial pelas mulheres, que se conformam com tal situação, como um preço a ser pago por terem tido filhos. Incontinência refere-se à perda involuntária de urina e/ou de fezes em quantidades suficientes e com a frequência necessária para se transformar em problema social ou de saúde. Ela é anormal em qualquer idade e deve ser tratada, podendo ser curada mesmo nos idosos mais debilitados.
· Instabilidade postural e quedas: o equilíbrio e a marcha dependem de uma complexa interação das funções nervosas, osteomusculares, cardiovasculares e sensoriais, além da capacidade de adaptar-se rapidamente às mudanças ambientais e posturais. O controle do equilíbrio altera-se com a idade e a marcha torna-se instável, de modo que, diante de uma agressão adicional a qualquer uma das funções supracitadas, o idoso pode cair.
· Imobilidade: a imobilidade nunca deve ser encarada como fato normal na velhice. A sua prevenção é um dos principais objetivos do cuidado ao idoso, já que esse grupo de pacientes, por sua vulnerabilidade, é muito mais propenso que os jovens a ter doenças que podem levar a essa situação. É comum que os idosos, depois de uma queda, mesmo sem grandes repercussões, apresentem medo de novas quedas e parem de deambular, desenvolvendo uma síndrome da imobilidade, sem que existam razões orgânicas para isso.
· Iatrogenia: um sinal de que o idoso está recebendo assistência inadequada é a chamada cascata iatrogênica. Quando, a partir de uma avaliação diagnóstica, institui-se um tratamento que produz efeitos adversos, em vez de suspender ou modificar a posologia do medicamento, o médico prescreve outro para tratar o efeito adverso, e assim por diante.
· Síndrome do idoso frágil: Fried et AL. Descreveram, em 2001, o fenótipo dessa síndrome e associaram-no a maior risco de declínio funcional e morte. De acordo com esses autores, a síndrome poderia ser diagnosticada na presença de três ou mais dos cinco sintomas: perda de peso, velocidade lenta da marcha, inatividade física, sensação subjetiva de exaustão (fadiga) e fraqueza muscular (medida pela redução da força do aperto de mão). Prevenir o seu desenvolvimento é a melhor terapêutica, já que, depois de instalada, é praticamente impossível revertê-la. A síndrome do idoso frágil é a velhice que nenhum ser humano quer ter.
 
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SEMIOLOGIA
 
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É necessário evitar qualquer tipo de 
preconceito, discriminação ou 
estereotipagem de uma pessoa em 
função exclusivamente de ter atingido 
uma 
idade que a defina como idosa, 
pois isso faz com que as gerações mais 
jovens vejam os idosos como seres 
diferentes de si.
 
·
 
Outro problema é a não
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valorização 
das queixas pelo médico. Em nossa 
sociedade, existe o preconceito de que 
os velhos são poliqueixoso
s, e é 
comum os médicos adotarem essa 
postura, não deixando os seus 
pacientes idosos falarem ou não 
levando em consideração suas queixas, 
atribuindo tudo ao processo de 
envelhecimento.
 
Ø
 
Anamnese:
 
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A anamnese é e sempre será a base 
para o cuidado dos paciente
s, 
principalmente do geronte. A história 
geralmente é longa e demanda muitos 
encontros para ser completada. 
Algumas vezes, a entrevista por si só 
pode ser terapêutica.
 
·
 
A oportunidade dada ao paciente de 
expressar as suas preocupações e 
receber atenção é co
mprovadamente 
terapêutica.
 
·
 
O ideal é que esses pacientes sejam 
atendidos por uma equipe 
multiprofissional, quando então os 
dados obtidos por cada um dos 
membros da equipe (assistente social, 
psicólogo, fisioterapeuta, nutricionista, 
enfermeira) completam a
 
entrevista 
médica e poupam tempo.
 
·
 
Em primeiro lugar, é preciso assegurar
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se da confiabilidade dos dados 
fornecidos pelo paciente.
 
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Os pacientes idosos geralmente são 
portadores de múltiplas afecções 
crônicas e tendem a apresentá
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forma atípica. Porta
nto, o princípio de 
iniciar a anamnese com uma queixa 
principal pode não ser de grande valia 
nesses pacientes. É comum o paciente 
dizer que relate aquilo que mais o 
incomoda.
 
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Em muitas situações, a queixa 
principal do paciente difere totalmente 
daquela inf
ormada pelos familiares
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Nesse caso, é importante valorizar as 
duas informações, mesmo quando o 
paciente é portador de distúrbio 
cognitivo e não seja capaz de 
compreender o que se passa.
 
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Os medicamentos que estão sendo 
usados e aqueles que foram utilizados
 
recentemente pelo paciente merecem 
especial atenção.
 
·
 
Diminuição da memória
: queixa 
freqüente entre as pessoas idosas, 
muitas vezes erroneamente atribuída ao 
processo de envelhecimento, 
conquanto o normal seja envelhecer 
lúcido. As causas vão desde problem
as 
potencialmente reversíveis, como o 
hipotireoidismo e deficiência de 
algumas vitaminas, até doenças 
neurodegenerativas, ainda sem cura, 
como a doença de Alzheimer, que irá 
levar o paciente a uma situação de 
extrema dependência.
 
·
 
Distúrbios de comportament
o e 
deambulação compulsiva
: em 
consequência das modificações 
cerebrais e da redução dos 
neurotransmissores que ocorrem com o 
envelhecimento, o idoso é propenso a 
apresentar distúrbios de 
comportamento, mesmo na ausência de 
doenças neuropsiquiátricas. A 
dea
mbulação compulsiva é um sintoma 
relativamente comum nas demências, 
principalmente na doença de 
Alzheimer, mas pode aparecer como 
efeito de medicamentos, 
principalmente os antipsicóticos.

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