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Aula 8 Impostos Sobre o Comércio Exterior

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Fundamentos de Direito Empresarial e Tributário
Aula 8 - Impostos Sobre o Comércio Exterior
Introdução
Os países, de forma geral, tentam incentivar suas empresas a exportarem, já que, o resultado das empresas, contribui para o crescimento da economia da nação e cria barreiras aos produtos importados quando considera necessário (com o objetivo de proteger as empresas locais, e consequentemente, a economia local).
Nesta aula você irá reconhecer um pouco mais sobre Comércio Exterior para entendermos melhor sua carga tributária.
Vamos lá!
Políticas de incentivo ao comércio
Diversos países trabalham com políticas específicas para incentivar o comércio internacional e, cujos principais mecanismos são incentivos fiscais, políticas de financiamento e seguro de crédito. Por exemplo, no Brasil, existe um conjunto de incentivos fiscais que beneficia os exportadores. A legislação tributária brasileira permite o ressarcimento, ao exportador, dos impostos pagos sobre matérias-primas, produtos intermediários e embalagens que foram adquiridos no mercado interno para compor o produto exportado. Segundo a legislação, não há incidência de COFINS (Contribuição para o Fundo de Investimento Social) nem de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre as exportações, e o valor da receita de exportações de produtos manufaturados pode ser excluído da receita operacional bruta para o cálculo do PIS (Programa de Integração Social).
Outro benefício é concedido pela modalidade de importação conhecida como Drawback, estabelecendo a suspensão do pagamento de tributos sobre a importação de mercadorias que são utilizadas na fabricação, complementação ou acondicionamento (embalagem) de produtos que serão exportados, e também sobre mercadorias que serão importadas para serem beneficiadas e reenviadas ao mercado externo.
A legislação brasileira também isenta ou reduz o pagamento do Imposto de Renda na Fonte sobre despesas realizadas no exterior com promoção, propaganda, pesquisa de mercado, aluguéis de stands em feiras, exposições e manutenção escritórios comerciais, armazéns, depósitos e entrepostos etc.
Existe ainda o Drawback interno, modalidade fiscal que isenta as empresas industriais brasileiras de pagar IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) sobre as mercadorias que são vendidas a outras empresas industriais brasileiras para a produção ou acondicionamento de mercadorias que serão exportadas no prazo máximo de 1 ano.
Todos esses incentivos existentes, no Brasil, serão estudados no capítulo sobre a política brasileira de comércio exterior.
Secretaria da Receita Federal
Subordinada ao Ministério da Fazenda, a Secretaria da Receita Federal é um dos principais intervenientes no comércio exterior brasileiro, sendo responsável pelo desembaraço aduaneiro das mercadorias, ou seja, pela liberação das mercadorias exportadas e importadas mediante atendimento das exigências fiscais.
Esse órgão opera o Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex), que agrega as atividades de registro, acompanhamento e controle das operações de comércio exterior, conferindo mais agilidade, transparência e menores custos às operações de comércio exterior.
Além disso, a SRF possui outras atribuições.
Atribuições
Outras atribuições da SRF incluem:
Planejar, supervisionar, executar, controlar e avaliar as atividades de administração tributária federal, incluindo as que se referem às tarifas de importação e exportação;
Propor medidas de aperfeiçoamento e regulamentação da legislação tributária federal e outras de política fiscal e tributária;
Interpretar e aplicar a legislação fiscal e correlata, relacionada com sua área de atribuição;
Acompanhar a execução da política tributária e fiscal e estudar os efeitos na economia do país;
Proceder ao julgamento de processos fiscais;
Dirigir, supervisionar, orientar e coordenar os serviços de fiscalização, cobrança, arrecadação, recolhimento e controle dos demais tributos e rendas da União, salvo quando tais atribuições forem cometidas a outros órgãos.
Impostos e taxas incidentes na importação
Quanto aos direitos alfandegários, o Brasil adotou, em janeiro de 1995, a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), baseada no Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias (SH).
Com a entrada em vigor da Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul, o Brasil passou a aplicar, na maioria dos produtos importados de países terceiros, o mesmo âmbito de direitos alfandegários que os restantes parceiros, sendo que, 
periodicamente, são estabelecidas exceções (redução ou aumento temporário do imposto de importação) para os produtos considerados sensíveis.
Além das imposições alfandegárias, há também necessidade de pagamento dos seguintes encargos:
Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)
Em geral, é calculado em uma base ad valorem, embora para certos produtos (por exemplo, da indústria vitivinícola e cervejeira) seja calculado por um valor fixo por unidade;
Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)
As alíquotas desse tributo variam entre 7% e 25% consoante o estado de destino das mercadorias (em Santa Catarina, por exemplo, a alíquota normal é de 17%, com exceção de alguns produtos previstos em lei própria). Ao contrário do imposto pago no desembaraço aduaneiro que, como já foi mencionado, varia de estado para estado, desde janeiro de 2013 vigora uma alíquota única de 4% em todos os estados nas operações interestaduais seguintes à respetiva importação. Essa alíquota única incide sobre a primeira saída da mercadoria do estabelecimento importador para outro estado da Federação, desde que a mercadoria não tenha sofrido industrialização ou, apesar de submetida à industrialização, o conteúdo de importação seja superior a 40%, e não se aplica nas operações interestaduais com mercadorias importados do exterior que não tenham similar nacional;
Contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Património do Servidor Público (PIS Importação)
Alíquota de 1,65% para a quase totalidade das importações;
Contribuição para o Financiamento da Segurança Social (COFINS Importação)
Alíquota de 7,60% para a quase totalidade das importações.
Tratamento Tributário na Importação
A Alíquota do Imposto de Importação tem por base a Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul.
O Imposto de Importação (II) incide sobre mercadoria estrangeira, bem como sobre bagagem de viajante e bens enviados como presente ou amostra, ou a título gratuito. Para fins de incidência do imposto, considera-se estrangeira a mercadoria nacional ou nacionalizada exportada, que retorne ao país, salvo se:
Enviada em consignação e não vendida no prazo autorizado;
Devolvida por motivo de defeito técnico, para reparo ou substituição;
Por motivo de modificações na sistemática de importação por parte do país importador;
Por motivo de guerra ou calamidade pública;
Por outros motivos alheios à vontade do exportador.
Há certas mercadorias onde não há incidência de imposto. São elas:
Mercadoria estrangeira que, corretamente descrita nos documentos de transporte, chegar ao país por erro inequívoco ou comprovado de expedição, e que for redestinada ou devolvida para o exterior.
Mercadoria estrangeira idêntica, em igual quantidade e valor, e que se destine à reposição de outra anteriormente importada que se tenha revelado, após o desembaraço aduaneiro, defeituosa ou imprestável para o fim a que se destinava, desde que observada a regulamentação editada pelo Ministério da Fazenda.
Mercadoria estrangeira que tenha sido objeto da pena de perdimento.
Mercadoria estrangeira devolvida para o exterior antes do registro da declaração de importação, observada a regulamentação editada pelo Ministério da Fazenda.
Embarcações construídas no Brasil e transferidas por matriz de empresa brasileira de navegação para subsidiária integral no exterior, que retornem ao registro brasileiro, como propriedade da mesma empresa nacional de origem;
Mercadoriaestrangeira avariada ou que se revele imprestável para os fins a que se destinava, desde que seja destruída sob controle aduaneiro, antes do desembaraço aduaneiro, sem ônus para a Fazenda Nacional;
Mercadoria estrangeira em trânsito aduaneiro de passagem, acidentalmente destruída.
Fato Gerador
O fato gerador do Imposto de Importação é a entrada de mercadoria estrangeira no território aduaneiro. Para efeito do cálculo do imposto, considera-se ocorrido o fato gerador na data do registro da Declaração de Importação de mercadoria despachada para consumo ou, nos casos previstos em lei, no dia do lançamento do correspondente crédito tributário. Não constitui fato gerador do imposto a entrada no território aduaneiro:
Do pescado capturado fora das águas territoriais do país, por empresa localizada no seu território, desde que satisfeitas as exigências que regulam a atividade pesqueira;
De mercadoria à qual tenha sido aplicado o regime de exportação temporária, ainda que descumprido o regime.
Fonte: Vikpit / Shutterstock
A taxa de câmbio utilizada para a conversão do valor da mercadoria expresso em moeda estrangeira para a moeda nacional (para efeito de cálculo dos tributos incidentes na importação) é aquela vigente na data em que se considerar ocorrido o fato gerador. Essa taxa é diariamente disponibilizada no Siscomex, e é fixada com base no fechamento do dia anterior da cotação de venda da respectiva moeda.
Em relação à alíquota do Imposto de Importação, a legislação brasileira prevê a utilização de alíquota específica, ad valorem, ou a conjugação de ambas. A alíquota específica é um valor fixo aplicado por unidade de medida da mercadoria. As alíquotas do Imposto de Importação constam da TEC/NCM. Atualmente, prevalece a utilização da alíquota ad valorem, não existindo determinação de aplicação de alíquotas específicas na TEC.
Vejamos, agora, o fato gerador de alguns encargos tributários:
IPI
O Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) incide sobre produtos industrializados e tem como fato gerador, na importação, o desembaraço aduaneiro de produto de procedência estrangeira. A base de cálculo do IPI é o valor aduaneiro da mercadoria acrescido do montante do Imposto de Importação. As alíquotas do IPI, na importação, são as mesmas aplicáveis nas operações no mercado interno, e constam na Tabela de Incidência do IPI (TIPI), aprovada pelo Decreto nº 6.006, de 28/12/2006. Em geral, as alíquotas são ad valorem; entretanto, alguns produtos (por exemplo, chocolates, bebidas, cigarros e fumo), sujeitam-se, por unidade ou por determinada quantidade de produto, ao imposto fixado em reais.
O IPI está regulamentado pelo Decreto nº 4.544, de 26/12/2002. Na importação, o IPI também é recolhido por ocasião do registro da DI. Observa-se que as importações de bens a que se apliquem os regimes de tributação especial ou simplificada são isentas do IPI. Além disso, aplica-se ao IPI o mesmo regime de tributação aplicado ao II, desde que satisfeitos os requisitos e condições exigidos para a concessão de benefício análogo, se houver, relativo ao II.
PIS/PASEP e COFINS
A Lei 10.865, de 30 de abril de 2004, instituiu a Contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público, incidente na Importação de Produtos Estrangeiros ou Serviços (PIS/PASEPImportação), e a Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social devida pelo Importador de Bens Estrangeiros ou Serviços do Exterior (COFINSImportação).
No caso de importação de mercadorias, as hipóteses de incidência, o fato gerador e a data da ocorrência do fato gerador das contribuições são as mesmas que as observadas para o Imposto de Importação. Salvo exceções previstas na legislação, as alíquotas são de 1,65% para o PIS/Pasep-Importação e de 7,6% para a COFINS-Importação. A base de cálculo das contribuições é o valor aduaneiro, acrescido do valor do ICMS e do valor das próprias contribuições.
AFRMM
O AFRMM (Adicional de Frete para a Renovação da Marinha Mercante) é um instrumento de ação político-governamental que se destina a atender aos encargos da intervenção da União no apoio ao desenvolvimento da marinha mercante e da indústria de construção e reparação naval brasileiras.
O fato gerador do AFRMM é o início efetivo da operação de descarregamento da embarcação em porto brasileiro.
O AFRMM é calculado sobre a remuneração do transporte aquaviário, aplicando-se as seguintes alíquotas:
25% na navegação de longo curso;
10% na navegação de cabotagem;
40%¨na navegação fluvial e lacustre, quando do transporte de granéis líquidos nas regiões Norte e Nordeste.
CIDE-Combustíveis
Instituída pela Lei nº 10.336/01, a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico — Combustíveis (Cide-Combustíveis) incide sobre a importação de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados, e álcool etílico combustível, tendo como fato gerador as operações de importação de:
gasolina e suas correntes;
diesel e suas correntes;
querosene de aviação e outros querosenes;
óleos combustíveis;
gás liquefeito de petróleo, inclusive o derivado de gás natural e de nafta;
e álcool etílico combustível.
A base de cálculo da Cide-Combustíveis é a quantidade dos produtos sujeitos a sua incidência, importados ou comercializados no mercado interno, expressa na unidade de medida estabelecida para cada produto.
O pagamento da Cide-Combustíveis deve ser efetuado na data do registro da Declaração de Importação. A Instrução Normativa SRF nº 422, de 17 de maio de 2004, e alterações posteriores, dispõem sobre a incidência, apuração e exigência da CIDE-Combustíveis, bem como tabelas de unidades de medidas estatísticas para os produtos sujeitos à incidência da Contribuição.
ICMS
O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) é um tributo de competência estadual que incide sobre a movimentação de produtos no mercado interno e sobre serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação. Esse imposto incide também sobre os bens importados em geral, a fim de promover tratamento tributário isonômico para os produtos importados e os nacionais.
O ICMS também é um tributo não cumulativo, sendo o valor pago, no momento da importação, creditado pelo importador para compensação com o imposto devido em operações que ele realizar posteriormente e que forem sujeitas a esse tributo. Esse tributo atende ainda ao princípio da seletividade, pois o ônus do imposto é diferente em razão da essencialidade do produto. Isso faz com que as alíquotas sejam variáveis, podendo ir de zero, para os produtos essenciais, a 25%, em alguns casos.
O Brasil é uma República Federativa e, em razão de não haver uma regulamentação única para esse imposto, cada um dos 26 estados e o Distrito Federal tem sua própria legislação, o que dá origem a 27 regulamentações sobre o ICMS, com diversas alíquotas e tratamentos tributários diferenciados.
Você poderá ter acesso à legislação e às alíquotas do ICMS, referentes a cada estado brasileiro e ao Distrito Federal, por meio do endereço eletrônico das Secretarias de Fazenda de cada um deles. Em caso de dúvidas, contate diretamente a respectiva Secretaria de Fazenda.
Siscomex
Essa taxa é devida ao ato de registro da Declaração de Importação (DI) no SISCOMEX, conforme especificado na Lei No. 9.716, de 26 de novembro de 1998. Assim, a Taxa de Utilização do Siscomex tem como fato gerador a utilização desse sistema. A taxa é devida independentemente da ocorrência de tributo a recolher, sendo debitada em conta corrente, juntamente com os tributos incidentes na importação.
Tratamento Tributário da Exportação
Dentro do princípio mundialmente aceito de não se exportar tributos, o governo brasileiro tem procurado desonerar das exportações os tributos nacionais, permitindo às empresas ofertarem seus produtos a preços competitivos no mercado internacional.
A desoneração fiscal ao longo da cadeia produtiva tem uma importância fundamentalna composição final do preço de exportação. Por isso, é aconselhável que o exportador acompanhe continuamente a legislação referente ao assunto.
Os principais tributos de exportação são:
Imposto de Exportação; 
O I.E., previsto na Constituição Federal, art. 153, inciso II, incide sobre a exportação de produtos nacionais ou nacionalizados, entendidos como sendo produtos de procedência estrangeira que foram importados a título definitivo. Cabe ao Poder Executivo relacionar os produtos sujeitos ao imposto.
A regra é a não incidência, a isenção ou a alíquota zero para o IE, tendo em vista que a incidência desse tributo diminuiria a competitividade do produto nacional no mercado internacional.
Você pode consultar o site da Secretária da Receita Federal para saber mais sobre o imposto de exportação. Lá poderá obter informações sobre leis e decretos relacionados a esse imposto.
ICMS nos Processos de Exportação; ICMS nos Processos de Exportação
Imposto sobre a circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação.
Por força constitucional (Art. 155, inciso X-a da Constituição Federal), o ICMS não incide sobre operações que destinem ao exterior de produtos industrializados, excluídos os semielaborados definidos em lei complementar.
A Lei Complementar nº 87/96 de 13/09/96, conhecida como Lei Kandir, teve impactos positivos na cadeia produtiva, pois desonerou da cobrança do ICMS, as exportações de produtos primários e semielaborados, a aquisição de bens de capital, a energia consumida e os bens de uso e consumo das empresas.
IPI na Exportação; 
Por força de imunidade constitucional (Art. 153, § 3º, inciso III da Constituição Federal), o IPI não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao exterior.
Para saber mais sobre o Imposto de Produtos Industrializados, acesse o site da Secretaria Receita Federal. Lá você poderá obter informações sobre Leis, Decretos, Instruções Normativas, Atos Declaratórios, Regulamentos e Incentivos à Exportação relacionados a esse imposto.
PIS/COFINS Aplicado à Exportação. 
A COFINS (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social) é uma contribuição social que se destina ao exclusivo financiamento das despesas com atividades-fim das áreas de Saúde, previdência e assistência social.
O PIS (Programa de Integração Social) é uma contribuição destinada a financiar o programa de seguro-desemprego e o abono anual aos empregados.
Para saber mais sobre a COFINS e o PIS, acesse o site da Secretaria da Receita Federal. Lá você poderá obter informações sobre Leis, Medidas Provisórias, Decretos e Instruções Normativas, Atos Declaratórios, Portarias e Incentivos Fiscais relacionados a esses tributos.

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