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Tributos no comércio exterior_02


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DESCRIÇÃO
Tributos no comércio exterior e seu papel na Administração
Aduaneira.
PROPÓSITO
Entender como os tributos federais e estaduais incidem sobre as
operações de comércio exterior, tanto na importação quanto na
exportação, além de inteirar-se das funções exercidas pelo
Imposto de Importação ao longo da história e seus efeitos sobre
a economia do país.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o estudo, é importante ter em mãos a
Constituição da República, de 1988; o Código Tributário Nacional,
especialmente, os artigos que vão do 19 ao 28; o Decreto-Lei nº
37/1966 com as suas alterações, considerando a lei básica
aduaneira; e o Regulamento Aduaneiro, aprovado pelo Decreto
nº 6759/2009.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Reconhecer a importância dos tributos incidentes sobre o
comércio exterior em face da concorrência internacional
MÓDULO 2
Identificar a função regulatória exercida pelos Impostos de
Importação e de Exportação
MÓDULO 3
Diferenciar os demais tributos incidentes sobre o comércio
exterior
 
Fonte: Travel mania / Shutterstock
INTRODUÇÃO
Vamos compreender a função que exercem os impostos sobre a
importação e sobre a exportação, e como repercutem no
panorama econômico brasileiro. Vamos entender, também, as
razões das diversas maneiras como se apresentam as renúncias
fiscais, particularidade que distingue o Direito Aduaneiro dos
demais ramos do Direito.
O dinamismo do comércio exterior, que deriva da evolução dos
meios de troca e de pagamento entre exportadores e
importadores, dos processos de unitização de carga que
promovem a modernização de portos, aeroportos e pontos de
fronteira, e a assinatura de tratados e convenções, visando à
uniformização de procedimentos pelas alfândegas do mundo
afora, conduzem, inevitavelmente, à necessária e permanente
adaptação da legislação interna no que respeita ao comércio
internacional.
Assim, vamos estudar os processos de despacho aduaneiro de
mercadorias, traduzidos nos chamados regimes aduaneiros,
entendidos como o conjunto de atos e procedimentos para o qual
contribuem importadores e exportadores, com vistas à liberação
e entrega de bens após a inspeção feita pelas autoridades
fiscais.
Como complemento natural, vamos analisar os tributos que
incidem sobre o comércio exterior, haja vista que, no regime
federativo, não só o governo central tributa mercadorias
nacionais e estrangeiras. Destinadas ao consumo no país, nas
importações, por exemplo, incidem os impostos sobre a venda
interna da mercadoria, competência atribuída, não só ao governo
federal, como, também, aos estados.
MÓDULO 1
 Reconhecer a importância dos tributos incidentes sobre o
comércio exterior em face da concorrência internacional
BARREIRAS
ADMINISTRATIVAS E
TÉCNICAS
 
Fonte: Travel mania / Shutterstock
Neste módulo, examinaremos as barreiras impostas aos
operadores do comércio com outros países, ou seja, iremos
conhecer as exigências de natureza fiscal e administrativa que
têm que ser cumpridas por todos aqueles que se propõem a
ingressar com mercadorias no território nacional ou que
promovam a saída de produtos nacionais ou nacionalizados
através das nossas fronteiras, sejam terrestres, aéreas ou
aquáticas.
As barreiras administrativas e técnicas consistem em medidas
adotadas pelos governos ou pelas empresas privadas, com o
objetivo de restringir o acesso de produtos estrangeiros a seus
territórios, com prejuízo sensível para o livre comércio entre as
nações, objetivo maior do Acordo Geral sobre Tarifas
Aduaneiras e Comércio, conhecido como GATT.
javascript:void(0)
É preciso notar, porém, que nem todas as práticas consideradas
restritivas ao comércio são condenadas pelo órgão multilateral de
comércio. A condição básica para o reconhecimento de barreira,
sem dúvida, é a constatação do prejuízo causado ao país que se
vale do recurso ao Órgão de Solução de Controvérsias da
OMC.
ACORDO GERAL SOBRE
TARIFAS ADUANEIRAS E
COMÉRCIO
Acordo internacional estabelecido em 1947, visando
promover o comércio internacional e remover ou reduzir
barreiras.
 ATENÇÃO
O comitê gestor do Acordo sobre Barreiras Técnicas, da
Organização Mundial de Comércio (OMC), que já possui
mecanismos de solução de controvérsias, vem desenvolvendo
estudos com o objetivo de ampliar a proteção aos países
importadores e exportadores contra práticas desleais que
coloquem em risco a inviolabilidade das cargas e das pessoas, o
meio ambiente, a saúde e a segurança nacional, além de outros
pontos que se mostram vulneráveis diante do crescimento do
comércio internacional.
As medidas adotadas, nesse sentido, buscam preservar os
objetivos gerais previstos no GATT, quais sejam, entre outros,
eliminar as barreiras tributárias e não tributárias impostas por
alguns países e que afetam o livre comércio. O crescimento das
trocas internacionais justifica essa preocupação, visto que, em
um ambiente de perfeita transparência nas transações, todos os
países tendem a crescer, pois o comércio internacional, como se
diz, é “uma via de mão dupla”.
A intensificação do intercâmbio comercial, contudo, gera, além
disso, um acirramento da concorrência e a reserva de mercado,
com detrimento da liberdade das trocas.
 EXEMPLO
Práticas, como, por exemplo, o dumping, a concessão de
subsídios, os contingenciamentos, e muitas outras, produzem
efeitos diversos e nocivos a todos os protagonistas do comércio
internacional.
Tais imposições têm sempre como justificativa — ou pretexto —
proteger a vida humana ou animal, os recursos naturais e o meio
ambiente. Verifica-se, assim, verdadeira antinomia de propósitos
entre os países-membros da OMC que firmaram o acordo
visando à eliminação de barreiras ao comércio, e as práticas
condenadas pela OMC adotadas por esses mesmos países
signatários.
Vale notar que se tornou frequente a adoção, por alguns países,
de medidas fitossanitárias, sob a alegação de prejuízo ao meio
ambiente, o estabelecimento de regulamentos técnicos
arbitrários, de concessão de subsídios de toda espécie, e a
fixação de quotas quantitativas de entrada de produtos. Essas
medidas são tomadas em substituição às tarifas alfandegárias,
único instrumento permitido pela OMC para o fim de regular o
comércio internacional e proteger a indústria nacional.
É do interesse de todos e necessário, para a elevação do nível
de vida e o bem-estar das populações, que o intercâmbio
comercial seja livre de barreiras impostas pelos países, quando
denotam violação das regras dispostas nos acordos bi ou
multilaterais firmados. Por ocasião da assinatura do GATT, o
comércio internacional padecia de séria proteção, mediante a
imposição de elevadas alíquotas do Imposto de Importação, que
inibiam as trocas de produtos. Várias negociações foram
realizadas, no período que antecedeu a assinatura do acordo,
para que as tarifas aduaneiras fossem reduzidas e o comércio
intensificado.
No Brasil, antes da conclusão da rodada uruguaia do GATT,
encerrada em 1994, as alíquotas atingiam níveis proibitivos. Além
disso, as quotas e os contingenciamentos utilizados na
importação de bens tornavam o Brasil um dos países mais
protecionistas do mundo.
 
Fonte: Wikipedia
A partir de 1995, ano de criação da OMC, que coincidiu com a
assinatura do acordo base para a criação do Mercado Comum do
Sul (Mercosul), a política de comércio exterior do país alinhou-se
à dos demais signatários do acordo, provocando a redução das
alíquotas do imposto e adotando, em contrapartida, as medidas
compensatórias de práticas comerciais abusivas ou ilegais.
É de se ressaltar que as restrições às exportações, como
adotadas por alguns países, também são prejudiciais ao
comércio mundial, na medida em que encarecem a matéria-prima
e os produtos intermediários produzidos naquele país e utilizados
nos processos de industrialização do país de destino das
exportações.
Torna-se oportuno salientar que as chamadas regras de origem,
que têm por fim assegurar a transparência nastransações
comerciais, podem constituir séria barreira ao comércio caso
sejam adotadas sem critérios razoáveis e estritamente técnicos e
econômicos. Essas regras são instituídas mediante a
apresentação obrigatória do Certificado de Origem nas
importações originárias de países com os quais tenham sido
firmados acordos de redução tarifária.
Na hipótese de modificação significativa, de forma a se
considerar produto novo, é imprescindível que a classificação
tarifária do produto tenha sido alterada em função da
transformação. No caso específico do Mercosul, é considerado
originário do país o produto que tenha incorporado o máximo de
40% do valor FOB (Trata-se do valor da mercadoria no local de
embarque.) do produto final, em insumos de terceiros países.
Assim também, as operações de montagem permitem a
incorporação de no máximo 50% de materiais oriundos de
terceiros países, para que possa ser considerado originário do
país signatário do acordo.
javascript:void(0)
CERTIFICADO DE ORIGEM NAS
IMPORTAÇÕES ORIGINÁRIAS
São, assim, considerados originários de determinado país os
produtos elaborados integralmente no território desse país,
que no seu território tenham sido objeto de modificação no
seu estado ou na sua natureza, de modo a serem
considerados produtos novos, ou que atendam ao percentual,
acordado entre os países, de matérias-primas ou produtos
intermediários produzidos no país de origem.
 RESUMINDO
É importante assinalar que interesses comerciais ou
circunstanciais podem provocar distorções consideráveis no
comércio entre as nações, o que deve ser combatido pelos
países que se sintam prejudicados, mediante o ingresso junto ao
órgão de Solução de Controvérsias da OMC com vistas a
preservar o livre comércio, objetivo maior do acordo.
DEFINIÇÃO E TIPOS DE
TRIBUTOS, FATO GERADOR E
INCIDÊNCIA
As importações e as exportações são regidas pelo chamado
Regime Aduaneiro, que consiste no tratamento jurídico-tributário
disposto na legislação vigente e dispensado às operações com
mercadorias importadas ou exportadas, objeto de controle pelas
alfândegas. Traduzem-se, também, como regras que disciplinam
a entrada e a saída de bens no âmbito do território nacional.
 
Fonte: 3DDock / Shutterstock
 
Fonte: Christoph Burgstedt / Shutterstock
Como regra, toda mercadoria que ingressa no território aduaneiro
é passível de tributação. Todavia, considerando a natureza
extrafiscal do Imposto de Importação, assim como do Imposto de
Exportação, certas operações são dispensadas de tributos,
mediante a concessão de isenções ou, mesmo, gozam da
imunidade constitucionalmente prevista.
Dessa forma, o tratamento tributário a que se sujeitam as
mercadorias que entram ou saem do território nacional depende
do regime aduaneiro aplicável, entendido como o conjunto de
atos legais e normativos, além dos procedimentos administrativos
que visem à liberação da mercadoria pelas autoridades
aduaneiras. Esses regimes são classificados, conforme o caso,
em gerais ou comuns, especiais e aplicados em áreas especiais.
Preliminarmente, cabe salientar que a entrada e a saída de
mercadorias do território nacional estão sujeitas à incidência de
tributos de variadas espécies e competência. A complexidade do
sistema tributário, no Brasil, impõe a exigência de impostos
federais e estaduais, pagos por importadores e exportadores,
sem contar as contribuições especiais, espécie tributária que
igualmente são cobradas nas importações e exportações.
As mercadorias que ingressam no país se destinam a consumo
ou emprego em atividades comerciais, industriais ou de
prestação de serviços, conforme o caso. Tendo em vista a
variedade de impostos previstos na Constituição e na legislação
específica, são cobrados, pelas autoridades fiscais:
IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO E
IMPOSTO SOBRE PRODUTOS
INDUSTRIALIZADOS – IPI
(Plano federal)
IMPOSTO SOBRE A CIRCULAÇÃO DE
MERCADORIAS E SERVIÇOS – ICMS
(Competência dos Estados)
Vale acrescentar: ainda são exigidas algumas contribuições,
como o Adicional ao Frete para Renovação da Marinha
Mercante (AFRMM), e outras específicas, dependendo do
produto, como, por exemplo, a Contribuição de Intervenção no
Domínio Econômico. Note que a CIDE-Combustíveis é o único
tributo devido quando se tratar de importação de combustíveis
líquidos, sólidos ou gasosos.
Por razões econômicas e fiscais, o mesmo não se dá nas
exportações. Segundo a máxima “não se exporta imposto”, não
é costume a cobrança de tributo na venda de mercadorias ao
exterior, o que oneraria o produto e, ao mesmo tempo, reduziria
as condições de competitividade do país.
Em face da natureza econômica, típica dos dois impostos
federais cobrados, o ingresso de bens no país pode dar-se
importação a título definitivo ou não:
TÍTULO DEFINITIVO
Quando a mercadoria é incorporada à economia nacional, tanto
para simples consumo como para fins de integração a processo
produtivo.


TÍTULO NÃO DEFINITIVO
Quando, porém, o bem não se destina à incorporação ao
processo industrial, mas contribui com essa atividade produtiva
ou, ainda, presta determinado tipo de serviço no país, devendo
retornar ao exterior tal como aqui ingressou.
O mesmo raciocínio pode ser feito para as exportações. Por
vezes, o produto nacional deixa o país a fim de participar de
exposição ou, por exemplo, servir à construção de uma
estrada ou de um gasoduto, para ficarmos apenas com duas
possíveis saídas temporárias:
REGIMES ADUANEIROS GERAIS
Salvo por renúncia legal, os tributos devidos são pagos na
entrada da mercadoria no país. Nos regimes aduaneiros gerais,
ou comuns, a mercadoria que chega ao país — ou dele sai — é
submetida a todos os procedimentos normais de uma importação
para consumo — ou de uma exportação comum —, não se
entendendo a palavra “consumo” em seu sentido econômico,
mas, sim, que a mercadoria foi incorporada ao patrimônio
econômico nacional, digamos assim, tanto com fins de consumo
propriamente dito como para o fim de integrar o ativo de uma
empresa industrial.
REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS
São dispensados os tributos por razões estritamente econômicas.
Caracterizam-se, em regra, pela suspensão dos tributos, desde
que cumpridos determinados requisitos estabelecidos em lei.
Apenas uma modalidade de drawback (é um benefício fiscal pelo
qual se obtém isenção ou suspensão de impostos sobre insumos
usados no processo de fabricação dos produtos) goza da isenção
do Imposto de Importação, diferentemente das demais,
beneficiadas pela suspensão.
Tais requisitos dizem respeito, inicialmente, ao prazo de
permanência da mercadoria no país. Este, sem dúvida, constitui
fator distintivo dos regimes gerais, cujo ingresso — ou saída —
ocorre em caráter definitivo. Outro fator característico dos
regimes especiais prende-se à finalidade econômica. Com
efeito, não faria sentido o ingresso ou a saída temporária da
mercadoria, não fora devido a um interesse superior, qual seja, o
emprego em atividade industrial ou na prestação de serviço.
A última das três condições dos regimes especiais prende-se à
garantia dos tributos devidos. Ao firmar o termo de
responsabilidade, o importador, assim como o exportador, é
chamado a oferecer depósito, fiança, caução de título ou um
seguro, que garanta o recolhimento dos tributos normalmente
exigidos caso a mercadoria seja extraviada ou desviada durante
o período de permanência, temporária, recorde-se, no país ou no
exterior.
REGIMES ADUANEIROS APLICADOS
EM ÁREAS ESPECIAIS
São as áreas de livre comércio, criadas com a finalidade de
favorecer o progresso e o desenvolvimento de zonas fronteiriças
de determinadas regiões do país, além de aumentar as relações
bilaterais com os países vizinhos.
Os regimes aduaneiros aplicados em áreas especiais
representam fatores de estímulo ao desenvolvimento econômico
de regiões desprovidas de recursos suficientes para alavancarem
o crescimento de sua economia e de suas populações.
Enquanto não se processao despacho para ingresso definitivo
da mercadoria no país, o importador, no Brasil, é consignatário
da mercadoria. Aqui, faz-se necessário distinguir as duas
figuras, lembrando que:
 
Fonte: davooda / Shutterstock
CONSIGNATÁRIO
É aquele a quem se destina o bem e quem se responsabiliza pela
sua guarda e destinação.

javascript:void(0)
 
Fonte: davooda / Shutterstock
IMPORTADOR
É o destinatário final, caso a mercadoria seja nacionalizada
durante o período de permanência sob o regime especial.
O Imposto de Importação, tributo de competência federal, é
previsto no art. 153, inc. I, da Constituição da República de 1988,
nos artigos de 19 a 22 do Código Tributário Nacional e no
Decreto-Lei n° 37, de 18 de novembro de 1966. Atualmente, a
incidência do imposto está regulamentada no Decreto n°
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6.759/09, de 5 de fevereiro de 2009, que constitui o
Regulamento Aduaneiro (RA).
A nossa lei fundamental em vigor excepciona, expressamente, o
Imposto de Importação dos princípios da legalidade e da
anterioridade da lei. Em outras palavras, o § 1º, do art. 153, da
Carta Magna, faculta ao Poder Executivo a competência para
fixar a alíquota do imposto de acordo com a necessidade e a
conveniência econômica. O órgão encarregado da fixação das
alíquotas é a Secretaria Executiva da Câmara de Comércio
Exterior (Camex).
Assim, também, o imposto constitui exceção aos princípios da
anterioridade em relação ao exercício e da nonagesimal,
conforme dispõe o § 1º, do art. 153, da CRFB/88, que exclui o
Imposto de Importação da regra, segundo a qual é vedado cobrar
tributo no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada
a lei que o instituiu ou majorou e, ainda, nos 90 dias após a
publicação.
O imposto constitui importante instrumento de política econômica
e, consequentemente, de orientação sobre os rumos do comércio
exterior. Desse modo, o Imposto de Importação exerce funções
de incentivo ao incremento da produção de determinados bens,
de atração de investimentos, de controle cambial etc. Essa é a
função extrafiscal que caracteriza o imposto. O Imposto de
Importação não tem, evidentemente, função arrecadadora.
Nos termos do caput do art. 1º, do Decreto-Lei nº 37/1966, o fato
gerador do imposto é a entrada de mercadoria estrangeira no
território aduaneiro, que, como já dissemos, coincide com o
território nacional e, de acordo com o art. 72, do Regulamento
Aduaneiro.
Para fins de cálculo, considera-se ocorrido o fato gerador do
imposto na data do registro da declaração de importação, na
repartição aduaneira por onde ocorrer o despacho de importação,
conforme dispõem o art. 23, do Decreto-Lei 37/1966, e o art. 73,
inc. I, do Regulamento Aduaneiro.
Significa dizer que, se por acaso ocorrer extravio ou desvio de
finalidade da mercadoria ingressada no país, o imposto devido,
acrescido dos gravames cobrados, obedecerá à alíquota vigente
na data do registro da Declaração de Importação, sendo o valor
atualizado de acordo com o índice de correção monetária
calculada até a data da exigência, independentemente de
possível alteração na regra em data posterior ao registro.
 
Fonte: Imagine Photographer / Shutterstock
O imposto incide sobre o produto estrangeiro, conforme disposto
no art. 153, inc. I, da Constituição Federal. Para esse fim,
entende-se como estrangeiro o produto industrializado ou
extraído do solo do país exportador. Isso porque a Carta Magna é
clara ao se referir a produto e não à mercadoria, devendo ser
interpretada como tudo aquilo que seja ou que possa ser
considerado objeto de comércio.
Todavia, quando se tratar de peça para reposição de outras
avariadas pelo uso em operação industrial, incide o imposto,
tendo em vista considerar-se que se trata de nova importação.
Com efeito, a importação posterior não se confunde com a
primeira, criando, portanto, novo fato gerador.
STATUS JURÍDICO: PRODUTO
NACIONAL, ESTRANGEIRO,
NACIONALIZADO E
DESNACIONALIZADO
 
Fonte: Pasuwan / Shutterstock
Na introdução do tema, falamos em despacho aduaneiro de
mercadorias, conjunto de procedimentos que envolve as
autoridades aduaneiras e os operadores no comércio exterior.
Agora, trataremos das consequências advindas do despacho
aduaneiro na importação e, após, sobre os conceitos de
mercadoria nacionalizada, diferenciando-a de mercadoria
nacional.
Como vimos, o art. 153, da Constituição Federal, dispõe que a
União pode instituir imposto incidente sobre a importação de
produtos estrangeiros sem especificar o significado, nesse
contexto, da palavra “produto”, que pode ser vista em dois
sentidos.
Em uma primeira visão e, tendo sido utilizado pela Constituição
no campo do Direito Tributário, é de se supor que o termo se
refira ao resultado de uma operação de industrialização, no
sentido de produto industrializado. Contudo, a palavra “produto”
possui conceito amplo, englobando, inclusive, o de mercadoria,
uma vez que deve ser entendido como tudo aquilo que é obtido e
extraído da natureza ou produzido pelo homem.
Dito isso, é fácil deduzir que todo bem que ingresse, no território
aduaneiro, está passível de imposição de tributos, salvo se o
produto gozar de benefício fiscal, como a imunidade, a isenção, a
suspensão ou qualquer outra espécie de renúncia fiscal, pois o
Imposto de Importação incide sobre a entrada, no país, de
produto estrangeiro.
PRODUTO
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É ou pode ser uma mercadoria, desde que seja objeto de
comercialização. E, como mercadoria, qualquer coisa móvel
ou corpórea suscetível de comercialização interna ou com o
exterior.
Ao ingressar no território aduaneiro, a mercadoria se submete ao
processo de despacho aduaneiro de importação, a partir do qual
ela se torna uma mercadoria nacionalizada. Em vista disso, faz-
se necessário distinguir despacho para consumo e
nacionalização da mercadoria.
Desde que nenhuma irregularidade seja encontrada pelas
autoridades alfandegárias, é por meio da importação que a
mercadoria é desembaraçada, ou seja, liberada e entregue ao
importador, destinando-se ao consumo, à venda ou à integração
em processo de industrialização.
Quando, na linguagem aduaneira, se diz:
DESPACHADA PARA CONSUMO
Não se quer dizer que a mercadoria vá ser consumida com o seu
uso regular. O conceito econômico de “consumo” não pode ser
aqui aplicado, devendo-se entender, em matéria aduaneira, que a
mercadoria será entregue ao importador, e cumprirá uma das
finalidades acima indicadas.
NACIONALIZAÇÃO
Pode-se dizer que o bem importado, conferido e desembaraçado
pela alfândega e entregue ao importador, deixará de ser um
produto estrangeiro para integrar o patrimônio econômico
nacional. Nesse caso, usa-se o termo “nacionalização” para o
bem que ingressa em definitivo no território nacional.
Os dois conceitos, portanto, “despacho para consumo” e
“nacionalização”, têm natureza distinta, ou seja, o primeiro deve
ser entendido no sentido jurídico e o segundo no sentido
econômico, embora, na prática, decorram dos mesmos
procedimentos na alfândega.
Em resumo, uma vez liberada, é indiferente dizer-se que a
mercadoria foi despachada para consumo ou nacionalizada. Em
que pese o sentido diferente, a consequência é a mesma, qual
seja, a entrega da mercadoria ao importador livre e
desembaraçada pelas autoridades aduaneiras.
Ao colocar rótulo ou etiqueta em seus produtos, a legislação
brasileira sobre o IPI exige que o importador ou revendedor
informe com precisão a origem do produto. Evidentemente, isso
só pode ser feito após o desembaraço e a entrega do bem ao
importador, isto é, quando o bem já estiver liberado para
consumo, venda ou industrialização.
Dados os conceitos de produto estrangeiro e nacionalizado,
passemos a analisar os conceitos de produto nacional e
desnacionalizado. Basicamente, o produto nacional é aquele
passível de exportação, sendo utilizado o mesmo conceito de
produto tanto para a importação quanto para a exportação.
 
Fonte: Maxx-Studio/ Shutterstock
Para melhor entendimento, não só o produto nacional, a saber,
o industrializado ou o extraído no país, pode ser exportado.
Também o produto nacionalizado, ou seja, importado a título
definitivo, é passível de exportação. Recordando, o produto
importado para consumo — ou nacionalizado — ingressa no país
e se incorpora à economia nacional, como se produto nacional
fosse. Assim, para fins de tratamento tributário, na exportação,
não se distingue produto nacional e produto nacionalizado, visto
que ambos podem ser objetos de exportação. Em contrapartida,
produto desnacionalizado é aquele que deixou o país em
caráter definitivo.
Nesse sentido e, vistos sob ângulos opostos, os conceitos de
nacionalização (de produto estrangeiro) e de desnacionalização
(de produto nacional ou nacionalizado) se equivalem.
Um caso particular que merece citação diz respeito à entrada e à
saída temporárias de bens do país. Essas modalidades, que
serão mais bem estudadas quando abordarmos os regimes
aduaneiros especiais, são as chamadas admissão temporária e
exportação temporária, além de outras, consideradas como
regimes suspensivos, uma vez que os tributos devidos não são
exigidos na entrada ou na saída dos bens.
Nesses casos, importador e exportador se sujeitam à condição
suspensiva dos tributos, tendo em vista que só serão exigidos na
hipótese de descumprimento de condições estabelecidas por lei.
Como exemplo de tais condições, tem-se destinar o bem, em
regra, a uma finalidade econômica; e respeitar o prazo de
permanência no Brasil ou no exterior e retornar à origem, tão logo
se conclua o regime especial.
Por último, mesmo a saída em caráter definitivo não submete a
operação de exportação à incidência dos impostos de
exportação, IPI ou ICMS, em razão da imunidade prevista na
Constituição da República.
Assista ao vídeo a seguir para saber mais acerca dos diferentes
tributos sobre o comércio exterior.
FUNÇÕES, PRINCÍPIOS E
FORMAS DE CÁLCULO DOS
TRIBUTOS
O comércio exterior constitui importante instrumento de
desenvolvimento econômico e de atração de capitais. Os tributos
que incidem sobre as operações de entrada e saída de
mercadorias do país gozam de tratamento tributário diferenciado,
ora sendo contemplados com a renúncia total ou parcial, ora com
o diferimento ou a suspensão de tributos.
Esses fatores revelam a função extrafiscal ou regulatória do
Imposto de Importação, característica igualmente reconhecida
para os demais tributos, vinculados às operações com o exterior.
Como respaldo dessa característica, a Constituição brasileira
excepciona expressamente o Imposto de Importação do princípio
da legalidade. Dispõe o inc. I, combinado com o § 1º, ambos do
art. 153, que é vedado exigir ou aumentar tributo sem lei que o
estabeleça.
 
Fonte: Art Alex / Shutterstock
O imposto constitui, também, exceção ao princípio da
anterioridade da lei, segundo o qual é vedado cobrar tributo no
mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que
o instituiu ou majorou. É o que encontramos no inc. III, al. b,
combinado com o § 1º, ambos do art. 150, da Carta Magna.
Coerentemente, o imposto é, ainda, exceção ao princípio da
anterioridade nonagesimal da lei, disposto no art. 150, inc. III, al.
c, que veda a cobrança de tributo antes de decorridos 90 dias da
data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou.
A aplicação dos princípios acima citados ao Imposto de
Importação corresponderia à perda da finalidade do tributo, que
consiste em promover o desenvolvimento do país. É bastante
significativo o montante do imposto dispensado pela renúncia,
tanto pelas imunidades e isenções concedidas, quanto pela
aplicação do princípio da seletividade, que, embora não
constando expressamente do Texto Maior, é igualmente aplicado
ao Imposto de Importação.
Aplicam-se aos tributos incidentes sobre o comércio exterior
todos os princípios expressos e implícitos na Constituição da
República, com exceção daqueles mencionados pelas razões
expostas. Assim, os tributos incidentes no comércio exterior
estão sujeitos, apenas para citar alguns, aos princípios da
legalidade, no que se refere à criação de tributos, da capacidade
contributiva, da vedação ao confisco, da irretroatividade da lei e
do tratamento uniforme da lei tributária, entre outros.
REGRA GERAL
Os tributos são calculados aplicando-se uma alíquota, em geral,
ad valorem (calculada sobre o valor do bem), sobre uma base de
cálculo. O Imposto de Importação não foge à norma estabelecida
para os demais impostos constantes do sistema tributário
vigente. A alíquota incidente é encontrada na Tarifa Externa
Comum (TEC), tendo por base a Nomenclatura Comum do
Mercosul (NCM), enquanto a base de cálculo é o valor de
transação da mercadoria importada.
Em decisão apertada prolatada no REsp nº 1.799.306/RS, a
Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça determinou a
inclusão das despesas de capatazia na base de cálculo do
imposto.
Com efeito, no julgamento, o STJ reformou decisões anteriores,
bem como contrariou toda a doutrina especializada, que entendia
violação ao Regulamento Aduaneiro e ao Acordo sobre
Valoração Aduaneira firmado no âmbito do GATT, que,
expressamente, dispõem que a base de cálculo do imposto
consiste no valor de transação da mercadoria no ponto de
chegada ao destino, ou seja, no porto, aeroporto ou ponto de
fronteira, antes de efetuada a descarga.
É de se acrescentar que os impostos incidentes sobre as
operações de importação tomam como ponto de partida o cálculo
do Imposto de Importação, elevando, assim, o valor a ser pago.
Para calcular o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI),
aplica-se a alíquota relativa ao produto importado sobre uma
base representada pelo mesmo valor atribuído à mercadoria
quando se calculou o Imposto de Importação, acrescido do valor
do Imposto de Importação encontrado e de eventuais encargos
cambiais previstos em lei. Por oportuno, há muitos anos a lei não
prevê encargos cambiais, como um ágio, por exemplo, ou uma
sobretaxa de câmbio.
De modo similar é calculado o ICMS. A alíquota do imposto
vigente no estado incide sobre uma base de cálculo constituída
do mesmo valor que serviu de base para o cálculo do Imposto de
Importação, ao qual se somam os valores dos dois impostos
anteriormente calculados, quais sejam, o Imposto de Importação
e o IPI, e os encargos alfandegários, como eventuais multas
aplicadas e demais tributos incidentes.
VERIFICANDO O
APRENDIZADO
1. NAS IMPORTAÇÕES DE GÁS LIQUEFEITO DE
PETRÓLEO, INCIDE(M):
A) O Imposto de Importação (I.I.), o IPI e o ICMS.
B) Sendo o I. I. isento neste caso, apenas o IPI e o ICMS.
C) Apenas a CIDE-Combustíveis.
D) O I. I., o IPI, o ICMS e a CIDE-Combustíveis.
E) O I.I. e o ICMS.
2. DAS AFIRMATIVAS ABAIXO, MARQUE A OPÇÃO
CORRETA.
A) Para fins aduaneiros, são indiferentes os conceitos de produto
estrangeiro, produto importado e produto desnacionalizado.
B) São objeto de tributação apenas as importações de produtos
estrangeiros e desnacionalizados.
C) Em termos jurídicos aduaneiros, são idênticos os conceitos de
produto importado e produto nacional.
D) São sujeitos ao Imposto de Exportação, quando incidente, os
produtos nacional ou desnacionalizado.
E) Há incidência tributária na admissão temporária de produto.
GABARITO
1. Nas importações de gás liquefeito de petróleo, incide(m):
A alternativa "C " está correta.
 
Nas importações comuns, incidem, em regra, o I. I., o IPI e o
ICMS. Todavia, quando se tratar de importação de combustíveis,
sejam líquidos, sólidos ou gasosos, o único tributo incidente é
uma contribuição, a CIDE-Combustíveis.
2. Das afirmativas abaixo, marque a opção correta.
A alternativa "D " está correta.
 
Os conceitos de produto nacional, estrangeiro, nacionalizado e
desnacionalizado são distintos segundo a legislação e a doutrina
sobre o comércio exterior. Embora com conceitos distintos,
somente o produtonacional e o produto (que foi)
desnacionalizado estão sujeitos ao Imposto de Exportação,
quando exigido.
MÓDULO 2
 Identificar a função regulatória exercida pelos Impostos
de Importação e de Exportação
Depois de estudarmos os tributos que incidem sobre as
operações de comércio exterior e os conceitos de produto
nacional, estrangeiro, nacionalizado e desnacionalizado, veremos
com mais detalhes a incidência e demais características dos
impostos, das contribuições e a Taxa de Utilização do Siscomex.
IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO
 
Fonte: Visual Generation / Shutterstock
LEGISLAÇÃO APLICÁVEL
O Imposto de Importação é um tributo de competência federal,
previsto no artigo 153, inc. I, da Constituição da República de
1988, nos artigos 19 a 22 do Código Tributário Nacional, e regido
pelo Decreto-Lei n° 37, de 18 de novembro de 1966, ainda em
vigor. Atualmente, o imposto está regulamentado pelo Decreto n°
6.759/09, de 5 de fevereiro de 2009, o chamado Regulamento
Aduaneiro (RA).
 
Fonte: Phongphan / Shutterstock
Ao se estudar qualquer modalidade de tributo, os principais
aspectos a serem considerados são:
• Incidência; 
• Fato gerador; 
• Sujeitos passivos; 
• Base de cálculo; 
• Características próprias de cada um, o que lhes atribui a
particularidade em termos de incidência.
Todos esses aspectos derivam, basicamente, da Constituição
brasileira, na qual se destaca a função regulatória do imposto,
que o diferencia dos demais tributos, que, em regra, cumprem
função financeira, ou seja, visam à obtenção de recursos para o
tesouro.
A seguir, vejamos as principais características do Imposto de
Importação.
O imposto incide sobre o produto estrangeiro que entra no
território aduaneiro. Tratando-se de características extrafiscais,
o texto constitucional de 1988 excepciona, expressamente, o
Imposto de Importação do princípio da legalidade no que se
refere à alteração de suas alíquotas.
Diz o inc. I, combinado com o § 1º, ambos do art. 153, da
Constituição, que é vedado exigir ou aumentar tributo sem lei
que o estabeleça, assim como o imposto em estudo é também
exceção ao princípio da anterioridade da lei. Desta feita, dispõe a
Carta Magna, no inc. III, al. b combinada com o § 1º, ambos do
art. 150, que é vedado cobrar tributo no mesmo exercício
financeiro em que haja sido publicada a lei que o instituiu ou
majorou. Da mesma forma, por meio da Emenda Constitucional
nº 42/2003, o referido imposto passou a excepcionar o princípio
da anterioridade chamada nonagesimal, segundo a qual é
vedado cobrar tributo antes de decorridos 90 dias da data em que
haja sido publicada a lei que o instituiu ou aumentou. A exceção
se refere à al. c, do inc. III, do art. 150, da Constituição da
República.
 COMENTÁRIO
É simples o motivo dessas exceções. O imposto é importante
instrumento de política econômica e de comércio exterior do país.
Mediante a tributação ou pela renúncia fiscal, setores industriais,
investidores internos e estrangeiros, bem como outros ramos da
atividade econômica são estimulados ou desestimulados pelo
aumento ou pela redução das alíquotas. Essa é a função
extrafiscal do imposto.
Seria incoerente, portanto, a aplicação dos princípios
supracitados em relação ao Imposto de Importação, pois lhe
esvaziaria a utilidade para fins de política econômica. Não
obstante a sua função arrecadatória ser colocada em segundo
plano, são plenamente aplicáveis ao imposto os demais
princípios previstos na Carta Magna.
O fato gerador do Imposto de Importação é a entrada do produto
estrangeiro no território aduaneiro, segundo dispõe o art. 72 do
Regulamento Aduaneiro. Conforme determina o art. 23, do
Decreto-Lei nº 37/1966, considera-se ocorrido o fato gerador do
imposto na data do registro da declaração de importação na
repartição por onde se processar o despacho aduaneiro de
importação e conforme dispõe o art. 73, inc. I, do Decreto nº
6.759/2009. Os dispositivos, no entanto, têm sido objeto de
reiteradas decisões judiciais, todas corroborando o entendimento
expendido. Nos acórdãos publicados, lê-se a menção expressa
ao caráter extrafiscal do imposto de importação, como acima
descrito. Essas decisões têm sido importantes para se assegurar
o direito adquirido ao pagamento do imposto segundo a alíquota
vigente, na data do registro da documentação respectiva, na
alfândega, data de ocorrência do fato gerador para fins de
lançamento do tributo. Lembre-se de que a Súmula nº 4, do
antigo Tribunal Federal de Recursos, reconhece a
compatibilidade entre o fato gerador do Imposto de Importação e
o disposto no art. 23, do Decreto-Lei nº 37/1966.
Desse modo, a majoração ou a redução da alíquota, após a
chegada da mercadoria ao ponto de descarga, produz efeito
imediato sobre o valor dos tributos devidos, desde que a
mercadoria não tenha sido submetida a despacho com vistas ao
desembaraço do bem importado.
 
Fonte: Ivector / Shutterstock
É de se considerar, ainda, ocorrido o fato gerador no dia do
lançamento do correspondente crédito tributário, como se
depreende do art. 73, inc. II, do Decreto nº 6759/2009, nos casos
de:
Bens contidos em remessa postal internacional não sujeitos
ao regime de importação comum;
Bens compreendidos no conceito de bagagem, seja
acompanhada ou desacompanhada;
Mercadoria constante de manifesto ou de outras declarações
de efeito equivalente, cujo extravio ou avaria for apurado pela
autoridade aduaneira;
Mercadoria estrangeira que não tenha sido objeto de
declaração de importação, na hipótese em que tenha sido
consumida ou revendida ou não seja localizada pela
fiscalização aduaneira.
Questão interessante prende-se à importação de partes ou peças
para reposição de outras anteriormente importadas e que se
tornaram inservíveis por avaria causada pelo uso normal do
aparelho ou equipamento de aplicação industrial. O Superior
Tribunal de Justiça já se posicionou a respeito, decidindo que se
trata de nova importação, sujeita, portanto, ao pagamento dos
tributos normalmente exigíveis.
Segundo o STJ, a importação posterior não se confunde, nem se
sobrepõe à primeira, ocorrendo, sem dúvida, um novo fato
gerador.
SUJEITOS E PROCEDIMENTOS
 
Fonte: MIND AND I / Shutterstock
O sujeito passivo, em tese, é a pessoa que tem o dever legal de
cumprir a obrigação tributária surgida com a ocorrência do fato
gerador. O sujeito passivo, conforme seja a responsabilidade pela
ocorrência do fato gerador, pode ser o contribuinte, que, por
definição, tem a relação pessoal ou direta com o fato gerador, ou
o responsável, aquele que, embora não tenha a relação direta, é
indicado por lei para a satisfação da obrigação surgida.
Nos termos do art. 104, do Regulamento Aduaneiro, são
contribuintes do imposto o importador — assim considerada
qualquer pessoa que promova a entrada de mercadoria
estrangeira no território aduaneiro:
DESTINATÁRIO DE REMESSA
POSTAL INTERNACIONAL
(Indicado pelo respectivo remetente e que admita o seu
recebimento)
ADQUIRENTE DE MERCADORIA
ENTREPOSTADA
Neste último caso, o consignatário de mercadoria depositada no
regime especial de entreposto aduaneiro. Já os responsáveis
tributários pelo pagamento do imposto são — nos termos dos
artigos 105 e 106, do regulamento:
TRANSPORTADOR
Pelos tributos devidos sobre mercadorias procedentes do
exterior, que não cheguem ao destino ou cheguem avariadas,
ainda que em percurso doméstico o fiel depositário, assim
considerada qualquer pessoa encarregada da custódia de
mercadoria sob controle aduaneiro, por solidariedade.
ADQUIRENTE OU O CESSIONÁRIO DE
MERCADORIA BENEFICIADA
Com isenção ou redução do imposto.
REPRESENTANTE
No país, do transportador ou armador estrangeiro.
ADQUIRENTE DE MERCADORIA DE
PROCEDÊNCIA ESTRANGEIRA
No caso de importação realizada por sua conta e ordem, por
intermédio de pessoa jurídica importadora.
ENCOMENDANTE
Adquire mercadoria de procedência estrangeira de pessoa
jurídica importadora.
EXPEDIDOR OPERADORDE TRANSPORTE
Multimodal ou qualquer subcontratado para a realização do
transporte multimodal.
BENEFICIÁRIO DE REGIME ADUANEIRO
SUSPENSIVO
Destinado à industrialização para exportação, no caso de
admissão de mercadoria admitida no regime por outro
beneficiário, mediante sua anuência, com vistas à execução de
etapa da cadeia industrial do produto a ser exportado.
QUALQUER OUTRA PESSOA
Que a lei assim designar.
 
Fonte: Diego Grandi / Shutterstock
Por decisão da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, o
agente marítimo foi excluído da responsabilidade tributária pela
falta ou pela avaria verificada no curso do despacho aduaneiro de
mercadoria importada, tendo em vista que não restou
comprovada a sua participação no ato de que resultou o sinistro.
Entendeu o STJ que o agente marítimo não é representante,
empregado, mandatário ou comissário do transportador, mas sim
representante do armador, não cabendo, assim, ser a ele
imputada a responsabilidade, conforme se depreende dos termos
do art. 135, inc. II, do Código Tributário Nacional.
CÁLCULO DO IMPOSTO,
ALÍQUOTAS E INCIDÊNCIA
O Imposto de Importação devido pelo ingresso de mercadoria no
território nacional é calculado, em regra, mediante a aplicação de
uma alíquota sobre uma base de cálculo. A alíquota é
representada por um percentual, por isso ad valorem, que incide
sobre uma base imponível expressa em moeda. De acordo com a
legislação em vigor, somente em moeda nacional pode o tributo
ser pago no Brasil.
 
Fonte: mstanley / Shutterstock
O valor da mercadoria, apurado segundo as normas do artigo VII,
do GATT, é calculado com base na taxa de câmbio vigente no dia
do registro da Declaração de Importação no Siscomex. Por sua
vez, a alíquota ad valorem é encontrada na Nomenclatura
Comum do Mercosul, baseada no Sistema Harmonizado de
Designação e Codificação de Mercadorias (NCM/SH), constante
do GATT.
Excepcionalmente, porém, é utilizada a alíquota específica,
combinada com a ad valorem, no caso de importação de fumo e
seus derivados e bebidas, sendo que a alíquota específica incide
sobre determinada unidade de medida, a saber, o peso da
mercadoria, o volume ou a quantidade, conforme especificado no
art. 75, inc. II, do Regulamento Aduaneiro.
As alíquotas do I.I. variam de acordo com a classificação fiscal da
mercadoria estrangeira na Tarifa Externa Comum (TEC). Vale
dizer que o I.I. é calculado pela aplicação das alíquotas fixadas
pela TEC, conforme o posicionamento da mercadoria segundo a
Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM).
 EXEMPLO
O cavalo, quando não se trata de reprodutor de raça pura, está
classificado na posição NCM/SH 0101.90.10, cuja alíquota
correspondente é 2 %. Vejamos com mais detalhes:
Os quatro primeiros dígitos da classificação fiscal da
mercadoria referem-se ao capítulo e à posição em que se
insere a mercadoria;
Os dois dígitos subsequentes referem-se à subposição, que
pode ser subdivida em dois níveis, conforme o caso;
Os últimos dois dígitos referem-se ao item e subitem em que
a mercadoria está inserida.
A estrutura do Sistema Harmonizado obedece a uma ordem
progressiva de elaboração dos produtos, começando com
animais vivos e terminando com obras de arte. Compreende
seções, capítulos, posições, subposições, dispostos de forma
numérica, podendo chegar a 8 dígitos, com a Tarifa Externa
Comum (TEC).
Vejamos, a seguir, a estrutura da TEC, com base no Sistema
Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias
(SH), conjugada à Nomenclatura Brasileira de Mercadorias
(NBM), denominada pela sigla NBM/SH:
05 capítulo
0503 posição
0503.00 subposição
0503.00.1 item
0503.00.13 subitem
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a
rolagem horizontal
A TEC pode conter, ainda, os chamados “ex”, em que se
classificam produtos beneficiados com a redução de alíquota,
tendo em vista o interesse econômico do país devidamente
justificado pelo importador.
Além de notas explicativas dos títulos de seções, capítulos,
posições e subposições, a nomenclatura, segundo o Sistema
Harmonizado, contém seis regras gerais e uma regra geral
complementar, para a sua interpretação, que orientam a forma
como são classificadas as mercadorias importadas. No que tange
à classificação em item e subitem, a classificação fiscal das
mercadorias segue a Regra Geral Complementar (RGC), que,
basicamente, determina a adoção das regras e dos critérios do
SH.
 ATENÇÃO
As Notas Explicativas do Sistema Harmonizado de
Designação e Codificação de Mercadorias (NESH), elaboradas
pela Organização Mundial de Alfândegas, contêm comentários
exaustivos e definidos sobre o alcance geral das posições e
subposições do Sistema Harmonizado.
 
Fonte: Pcess609 / Shutterstock
Passemos, então, ao estudo dos regimes de tributação.
REGIME DE TRIBUTAÇÃO
SIMPLIFICADA – RTS
É definido como o que permite o pagamento do Imposto de
Importação incidente sobre bens despachados por remessa
postal ou encomenda aérea internacional, destinados à pessoa
física ou jurídica, cujo valor não ultrapasse US$3.000,00 ou o
equivalente em outra moeda, mediante aplicação da alíquota
única de 60%. Não são exigidos os demais tributos internos,
como o IPI e as Contribuições para o PIS/PASEP e a COFINS, e
sua cobrança independe da classificação tarifária que
eventualmente possa receber a mercadoria. A base de cálculo,
nessa modalidade, é o preço efetivamente pago pela mercadoria,
acrescido do valor do frete e do seguro devido pelo transporte até
o local de descarga ou de entrega do bem. Cabe ressaltar que,
sobre medicamentos destinados à pessoa física, a alíquota do
RTS é zero. Vale ainda destacar que estão excluídos do regime
as bebidas alcoólicas e o fumo e seus derivados.
Caso o bem submetido a essa modalidade de tributação exceda
o valor ou a quantidade estipulados, a mercadoria será objeto de
fiscalização e se aplicará o regime normal de tributação,
exigindo-se, porém, a presença do importador.
REGIME DE TRIBUTAÇÃO ESPECIAL
– RTE
Os bens contidos e declarados como bagagem desacompanhada
que chegarem ao país como remessa internacional serão objeto
do Regime de Tributação Especial, se assim desejar o
contribuinte e desde que os observem as características
necessárias ao gozo desse regime.
A mercadoria será despachada sob a modalidade de DSI,
conforme vimos, mediante registro no Siscomex Importação. O
interessado deverá comunicar a opção aos Correios ou à
empresa de courier.
Também será aplicado o regime especial nos casos em que a
mercadoria exceda o limite de isenção permitido, sendo aplicada
a alíquota única de 50% sobre o valor constante de documento
fiscal de compra, não sendo exigidos os demais tributos federais.
REGIME DE TRIBUTAÇÃO UNIFICADA
— RTU
Tem por base a Lei nº 11.898/2009, regulamentada pelo Decreto
nº 6.956/2009, alterado pelo Decreto 9.525/2018, e é disciplinado
pela Instrução Normativa nº 1.698/2017.
São beneficiários do regime as empresas microimportadoras, os
microempreendedores individuais (MEI), os empresários
individuais e as empresas regidas pelo Simples Nacional.
A habilitação ao regime é feita com base em protocolo de
processo eletrônico encaminhado à alfândega onde o contribuinte
mantiver domicílio tributário. O deferimento e,
consequentemente, a validade de sua habilitação são condições
essenciais para o início da operação comercial com a mercadoria
submetida ao RTU. A liberação da mercadoria não exime o
contribuinte de futuras e eventuais inspeções feitas pela
autoridade aduaneira, em qualquer ponto do país, inclusive no
que tange à sua regularidade fiscal.
O prazo de habilitação ao RTU é indeterminado, ou seja,
dispensa renovação e o contribuinte só será desabilitado em face
de possível descumprimento das normas pertinentes ao regime.
IMPOSTO DE EXPORTAÇÃO
 
Fonte: Visual Generation / Shutterstock
O Imposto de Exportação, de competência federal, incide sobre a
mercadoria nacional ou nacionalizada destinadaao exterior.
Assim como o Imposto de Importação, também esse imposto
exerce função extrafiscal, constituindo igualmente exceção aos
princípios da legalidade e da anterioridade da lei em relação ao
exercício e à anterioridade nonagesimal.
LEGISLAÇÃO APLICÁVEL
Sua base legal é encontrada no art. 153, inc. II, da Constituição
da República, nos artigos de 23 a 28, do Código Tributário
Nacional, e no Decreto-Lei n° 1.578, de 11 de outubro de 1977,
nos artigos 213 e seguintes do Regulamento Aduaneiro,
aprovado pelo Decreto nº 6759/2009.
O imposto tem como fato gerador a saída da mercadoria do
território nacional, devendo ser considerado ocorrido o fato
gerador, para fins de cálculo, a data do registro da Declaração de
Exportação no Siscomex.
É de se observar que a Constituição da República excluiu
expressamente as exportações do campo de incidência do IPI e
do ICMS, respectivamente, no art. 153, § 3°, inc. III e no art. 155,
§ 2º, inc. X, al. a.
 
Fonte: Zolnierek / Shutterstock
SUJEITOS E PROCEDIMENTOS
 
Fonte: KAMONRAT / Shutterstock
Conforme dispõe o art. 217, do Regulamento Aduaneiro,
qualquer pessoa que promova a saída de mercadoria do território
aduaneiro é considerada contribuinte do imposto, calculado
mediante a aplicação de uma alíquota sobre a base de cálculo.
O desembaraço aduaneiro de exportação é o procedimento pelo
qual se processa, nas repartições alfandegárias, a liberação da
mercadoria para saída do país, seja a título definitivo ou não,
após o pagamento de tributos, se devidos, e o cumprimento das
formalidades legais e regulamentares exigidas. O processamento
das exportações é efetuado por meio do Sistema Integrado do
Comércio Exterior (Siscomex).
É necessária a juntada da nota fiscal de venda do produto a ser
exportado, dispensada apenas quando se tratar, por exemplo: de
remessa para o exterior de objeto de valor reduzido, de amostra
sem valor comercial, entre outros.
ALÍQUOTA E INCIDÊNCIA
À Secretaria Executiva da Câmara de Comércio Exterior
(CAMEX), órgão colegiado vinculado à Presidência da República,
compete decidir sobre a imposição, ou não, do tributo. Quando
fixada, a alíquota básica é de 30%, podendo ser elevada a até
150% ou reduzida a zero, de modo a atender aos objetivos da
política cambial e do comércio exterior.
A base de cálculo é o preço normal que a mercadoria, ou sua
similar, alcançaria, ao tempo da exportação, em uma venda em
condições de livre concorrência no mercado internacional,
observadas as normas expedidas pela CAMEX. O preço à vista
da mercadoria, FOB ou colocado na fronteira, é indicativo do
preço normal.
 
Fonte: Opat Suvi / Shutterstock
A dificuldade de apuração do preço normal pode levar a Câmara
de Comércio Exterior a fixar critérios específicos ou estabelecer
pauta de valor mínimo como base para o cálculo do Imposto de
Exportação, nos termos do que dispõe o art. 214, § 1°, do
regulamento.
Assista ao vídeo a seguir para saber mais sobre Impostos de
Importação e Exportação.
VERIFICANDO O
APRENDIZADO
1. DAS AFIRMATIVAS ABAIXO, IDENTIFIQUE A
RELATIVA AOS CONTRIBUINTES DO IMPOSTO DE
IMPORTAÇÃO.
A) O importador e, nos casos de falta ou avaria, também o
transportador e o depositário.
B) Toda pessoa jurídica que ingresse regularmente com
mercadoria estrangeira no território nacional.
C) O importador de mercadoria estrangeira ou desnacionalizada
e o viajante sobre a bagagem que conduz.
D) Toda pessoa, física ou jurídica, que ingresse no país com
mercadoria ou produto sujeito a tributos.
E) As pessoas físicas que ingressem com qualquer mercadoria
estrangeira no Brasil.
2. TENDO EM VISTA O SEU CARÁTER
EXTRAFISCAL OU REGULATÓRIO, O IMPOSTO DE
EXPORTAÇÃO CONSTITUI EXCEÇÃO AOS
PRINCÍPIOS DA:
A) Anterioridade da lei em relação ao exercício e ao da
anterioridade nonagesimal.
B) Legalidade e da anterioridade da lei nos dois sentidos, do
exercício e nonagesimal.
C) Legalidade, da anterioridade da lei nos dois sentidos e da
vedação ao confisco.
D) Legalidade e da anterioridade da lei em relação ao exercício,
como dispõe a CRFB.
E) Tipicidade e da vedação ao confisco.
GABARITO
1. Das afirmativas abaixo, identifique a relativa aos
contribuintes do Imposto de Importação.
A alternativa "D " está correta.
 
Tanto a pessoa jurídica como a física podem ser contribuintes,
inclusive na condução de bagagem, quando o viajante ingressa
no país com mercadoria sujeita à tributação.
2. Tendo em vista o seu caráter extrafiscal ou regulatório, o
Imposto de Exportação constitui exceção aos princípios da:
A alternativa "B " está correta.
 
Apesar do caráter extrafiscal do imposto, os demais princípios,
implícitos e expressos, constantes ou derivados da Constituição
da República, devem ser obedecidos. No caso do princípio da
anterioridade da lei, a natureza fiscal compreende as duas
hipóteses, quais sejam, aquela em relação ao exercício, assim
como a nonagesimal.
MÓDULO 3
 Diferenciar os demais tributos incidentes sobre o
comércio exterior
Vimos que a importação consiste no ingresso de produtos
estrangeiros no território aduaneiro, que coincide com o território
nacional. Mutatis mutandis, exportação é a saída de produtos
nacionais ou nacionalizados do território nacional. Assim
entendido, é natural que tributos de competência dos três níveis
de poder incidam sobre essas operações.
Vamos estudar, agora, os principais tributos previstos na
Constituição e nas leis, devidos na entrada e na saída de
produtos do nosso território.
IMPACTOS ADUANEIROS EM
OUTROS IMPOSTOS (IPI,
ICMS, ISS E IR)
 
Fonte: Monster Ztudio / Shutterstock
Conforme foi dito, a Constituição brasileira imuniza de tributos às
exportações, ressalvando, apenas, alguns tributos internos,
impostos, taxas e contribuições, que incidem sobre a produção e
a comercialização, que indiretamente oneram as exportações.
Além do Imposto de Importação, as operações sobre o comércio
exterior estão sujeitas a outros tributos, a saber:
• Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); 
• Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de
Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte
Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS); 
• Contribuição para o Programa de Integração Social e de
Formação para o Patrimônio do Servidor Público (PIS/PASEP); 
• Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
(COFINS);
• Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante
(AFRMM).
O Imposto sobre Produtos Industrializados, como o próprio nome
sugere, incide sobre o produto industrializado, não importando
onde tenha ocorrido o processo de industrialização. Como não
incide sobre a operação em si, que, no caso presente, ocorre no
exterior, o IPI é exigido, também, na entrada de produto
estrangeiro no país.
O IPI tem como fato gerador o desembaraço aduaneiro, e é
calculado aplicando-se a alíquota relativa ao produto importado
sobre o mesmo valor que serviu de base para o cálculo do
Imposto de Importação, somado ao valor do Imposto de
Importação devido e ao montante dos encargos cambiais
porventura cobrados, o que, há décadas não integra, na prática,
a base de cálculo do IPI na importação.
Quem é contribuinte do Imposto 
de Importação?
javascript:void(0)
É a pessoa, importador ou não, que introduziu a mercadoria no
país. Vejamos a seguir duas modalidades de importação:
 
Fonte: Designincolor / Shutterstock
IMPORTAÇÕES POR CONTA E
ORDEM DE TERCEIRO
O importador é aquele que contrata a importação, troca
mensagens e ajusta preço com o exportador, efetua o
pagamento, recebe a mercadoria, promove o despacho
aduaneiro junto à alfândega e, após esse procedimento, a
transfere ao adquirente.


 
Fonte: Olesia_g / Shutterstock
IMPORTAÇÕES POR ENCOMENDA
O importador assume todos os encargos da importação, inclusive
efetuando a remessa de divisas ao exterior às suas expensas e,
ao final, a transfere ao adquirente mediante a expedição de Nota
Fiscal de venda. Esseé o principal fator distintivo da modalidade
anterior, visto que a responsabilidade pela introdução da
mercadoria, no território nacional, cabe ao importador, que se
torna, assim, o verdadeiro proprietário da mercadoria importada.
DESEMBARAÇO ADUANEIRO
A expressão consiste na liberação da mercadoria, o que se
verifica após a conferência aduaneira, ato pelo qual a
autoridade confronta a mercadoria com a documentação
apresentada. Na hipótese de verificação parametrizada, a
mercadoria segue o mesmo critério de liberação previsto para
o Imposto de Importação, ou seja, se a seleção recair sobre o
canal verde, a mercadoria é liberada sem a conferência física
do bem e assim sucessivamente segundo os parâmetros
estabelecidos.
Vale observar que, em todos os casos, a isenção ou a redução
do Imposto de Importação de que se beneficia o importador
estende-se ao IPI. Assim, com as devidas considerações, se por
alguma razão o Imposto de Importação vier a ser exigido, o IPI
vinculado também o será.
A classificação do produto industrializado, na Tabela de
Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (TIPI),
segue também a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM),
tendo por base o Sistema Harmonizado de Codificação e
Designação de Mercadorias (SH). Também incide na
importação o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e
Serviços Interestaduais e Intermunicipais de Transportes e
Comunicação (ICMS).
O imposto, de competência dos estados e do Distrito Federal,
tem como fato gerador a entrada da mercadoria estrangeira no
território nacional. Calcula-se o ICMS aplicando-se a alíquota
correspondente, que varia entre 17% e 20%, conforme o estado,
sobre o mesmo valor que serviu para cálculo do I.I. e do IPI,
somando-se a este o próprio I.I. e ao IPI calculados, além das
despesas alfandegárias porventura havidas, como multas e
adicionais previstos.
Nas operações internas, o imposto integra a base de cálculo, o
que se costuma chamar de “imposto por dentro”. Nas
operações internacionais, diferentemente, a regra a seguir é a
exposta acima.
 
Fonte: Monster Ztudio / Shutterstock
O preço de importação expresso em moeda estrangeira será
convertido em moeda nacional, com base na mesma taxa de
câmbio utilizada para cálculo do Imposto de Importação.
Nas importações, também é exigido o Adicional ao Frete para
Renovação da Marinha Mercante (AFRMM), cujo produto da
arrecadação constitui um dos recursos do Fundo da Marinha
Mercante destinado a prover a renovação, ampliação e
recuperação da frota mercante nacional de veículos aquáticos.
Tal adicional será examinado a seguir.
Sobre as importações de produtos estrangeiros e serviços
incidem ainda a Contribuição para os Programas de
Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor
Público e a Contribuição Social para o Financiamento da
Seguridade Social, respectivamente, PIS/PASEP-Importação e a
COFINS-Importação, instituídas pela Lei nº 10.865/2004, com as
alterações procedidas pela Lei nº 13.137/2015.
As contribuições têm como fato gerador a entrada de bens
estrangeiros no território nacional, assim como o pagamento, o
crédito, a entrega, o emprego ou a remessa de valores a
residentes ou domiciliados no exterior como contraprestação por
serviços prestados.
O produto da arrecadação do PIS/PASEP se destina a financiar
o abono salarial pago aos trabalhadores, enquanto a COFINS
tem por finalidade assegurar recursos para pagamento do
seguro-desemprego.
A base de cálculo do PIS/PASEP e da COFINS, incidente sobre
a importação de bens, é o valor aduaneiro do produto importado.
Originariamente, o ICMS integrava a base de cálculo das
contribuições. Todavia, no julgamento em regime de repercussão
geral no RE nº 574.706, o Supremo Tribunal Federal excluiu o
ICMS da base de cálculo das contribuições em tela por entender
que o imposto não pode ser considerado faturamento ou receita
bruta das empresas, uma vez que o valor pago a título do
imposto é repassado ao consumidor.
Ao julgar a questão, o STF decidiu que o PIS e a COFINS
incidem apenas sobre o valor faturado pela empresa, entendido
este como a soma dos valores recebidos pela empresa nas
operações de venda de mercadorias.
As alíquotas estabelecidas para o PIS/PASEP-Importação e para
a COFINS-Importação na lei são, respectivamente, 1,65% e
7,6%, aplicando-se as mesmas normas relativas à suspensão do
pagamento do Imposto de Importação e do IPI vinculado à
importação, quando se tratar de importação de mercadorias sob
os regimes aduaneiros especiais.
 ATENÇÃO
Não se cogita incidência de Imposto de Renda e de ISS na
importação, em razão dos fatos geradores dos dois impostos não
serem compatíveis com as atividades de comércio exterior. Da
mesma forma, não incidem os dois impostos nas exportações.
AFRMM — ADICIONAL AO
FRETE PARA RENOVAÇÃO
DA MARINHA MERCANTE
 
Fonte: Foto-select / Shutterstock
O AFRMM, instituído pelo Decreto-lei nº 2.404/1987, é
disciplinado pela Lei nº 10.893/2004. A cobrança, fiscalização,
arrecadação, restituição e o ressarcimento do tributo é
competência da Receita Federal, sendo que o pagamento é feito
de forma online, através do site do Sistema Mercante.
O fato gerador da contribuição é a movimentação de carga
importada no porto de descarga da mercadoria e a base de
cálculo, sobre a qual incidem as alíquotas de 25% para o
transporte de longo curso, 10% no transporte de cabotagem e
40% na navegação fluvial e lacustre de granéis líquidos nas
regiões Norte e Nordeste. A base de cálculo da contribuição é o
valor do frete declarado no conhecimento de carga. O
contribuinte do AFRMM é a empresa de navegação marítima.
 ATENÇÃO
Nas hipóteses em que o frete esteja expresso em moeda
estrangeira, a conversão deve ser feita à taxa de câmbio média
para compra, indicada pelo Banco Central do Brasil, e vigente na
data do efetivo início da operação de descarga da embarcação.
TAXA DE UTILIZAÇÃO DO
SISCOMEX
 
Fonte: beeboys / Shutterstock
A Taxa de Utilização do Siscomex, administrada pela Secretaria
Especial da Receita Federal do Brasil, foi criada pela Lei nº
9.716/98. O art. 306, do Regulamento Aduaneiro, dispõe sobre a
contribuição. A taxa é devida por ocasião do Registro da
Declaração de Importação no Siscomex, à base de R$30,00 por
declaração e R$10,00 por adição, assim entendida como a
mercadoria destacada pela classificação tarifária. A taxa é
cobrada juntamente com o Imposto de Importação.
O valor da taxa foi aumentado em cerca de 500% pela Portaria
MF 257/2011, mais tarde declarada ilegal pelo Superior Tribunal
de Justiça, considerando que a taxa só pode ser corrigida em
razão da variação dos custos de operação e investimentos, o que
não se verificou.
A Receita Federal não demonstrou ter havido reajustes nos
custos de operação originais e sequer nos custos de operação
atuais que justificassem a elevação do valor da taxa.
Assista ao vídeo a seguir para saber a respeito de Outros
Tributos sobre o Comércio Exterior.
VERIFICANDO O
APRENDIZADO
1. AS IMPORTAÇÕES DE PRODUTOS
ESTRANGEIROS SUJEITAM-SE AO PAGAMENTO
DO:
A) IPI, calculado com base na alíquota ad valorem, quando se
tratar de fumo e seus derivados e bebidas.
B) ICMS, apenas quando se tratar de produto sujeito ao IPI,
tendo em vista a similitude entre os dois impostos.
C) AFRMM, nos casos de importação de combustíveis e
lubrificantes sólidos, líquidos e gasosos.
D) I. I., IPI, em casos de importação de produtos industrializados
no exterior, e ao ICMS estadual.
E) I.I. e AFRMM.
2. A TAXA DE UTILIZAÇÃO DO SISCOMEX É
COBRADA:
A) No momento do registro da Declaração de Importação no
Siscomex.
B) No momento em que a mercadoria chega ao ponto de
descarga no país.
C) Junto com o Adicional ao Frete para Renovação da Marinha
Mercante.
D) Apenas quando a mercadoria é transportada por via marítima.
E) Apenas no transporte aeronáutico de mercadorias.
GABARITO
1. As importações de produtos estrangeiros sujeitam-seao
pagamento do:
A alternativa "D " está correta.
 
As importações se sujeitam ao Imposto de Importação, IPI,
tratando-se de produtos industrializados no exterior, e ao ICMS
estadual. Por exclusão, na letra a, consta que o IPI só contém
alíquotas ad valorem, o que está equivocado; na letra b, vale
notar que o ICMS não se restringe aos produtos sujeitos ao IPI;
e, na letra c, nos casos de importação de combustíveis, incide a
CIDE-Combustíveis. Portanto, apenas a letra D é correta.
2. A Taxa de Utilização do Siscomex é cobrada:
A alternativa "A " está correta.
 
Por ser devida em virtude da utilização do Siscomex, a taxa tem
como fato gerador o registro da Declaração de Importação ou de
Exportação no sistema informatizado.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Estudamos sobre os tributos no comércio exterior e verificamos a
necessidade de simplificação da regulamentação e dos
procedimentos em comércio exterior. Fica óbvio que a quantidade
de tributos incidentes nas importações reflete a complexidade do
próprio Sistema Tributário Nacional, com seus mais de 80 tributos
que pesam sobre a economia como um todo.
Identificamos os diferentes tributos, com foco sobretudo nos
diversos aspectos dos impostos de importação e exportação,
mas também vendo os reflexos do comércio exterior em outros
tributos.
Não é certo dizer que, enquanto as exportações devem ser
desoneradas, as importações devem ser tributadas de modo a
desestimular a entrada de produtos estrangeiros no país.
Absolutamente!
O que se precisa é criar formas de incentivo à industrialização de
bens no país, tornando, assim, as importações mais seletivas, de
modo a que sejam importados apenas bens de produção e
reduzida a importação de bens de consumo geral — o que
provoca o desequilíbrio na balança comercial, com
consequências desastrosas para toda a sociedade brasileira.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
MEIRA, Liziane Angelotti. Tributos sobre o comércio exterior.
São Paulo: Saraiva, 2012.
PIRES, Adilson Rodrigues. O dumping e a natureza dos
direitos antidumping. In: Revista do Icet, Fortaleza (CE), v. II, n.
2, p. 9-25, 2001.
PIRES, Adilson Rodrigues. Práticas abusivas no comércio
internacional. 1. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001.
PIRES, Adilson Rodrigues. Tributação sobre o comércio
exterior. Tributação das Empresas, São Paulo: Quartier Latin,
2006.
EXPLORE+
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tratam dos impactos das reformas tributárias.
Leia o artigo Os limites do valor aduaneiro como base de
cálculo dos tributos incidentes na importação, do professor
Adilson Pires Rodrigues.
CONTEUDISTA
Adilson Rodrigues Pires
 CURRÍCULO LATTES
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