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A HUMANIZACAO ATRAVES LUDICO

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Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ – UESPI 
CAMPUS ALEXANDRE ALVES DE OLIVEIRA 
LICENCIATURA PLENA EM PEDAGOGIA 
 
 
 
SENYRA ADRIANY DA SILVA ALVES 
 
 
 
 
A HUMANIZAÇÃO ATRAVÉS DO LÚDICO NO TRATAMENTO DAS CRIANÇAS 
COM CÂNCER NO HOSPITAL SÃO MARCOS – TERESINA – PIAUÍ 
 
 
 
 
 
 
 
 
PARNAÍBA 
2017 
 
 
 
SENYRA ADRIANY DA SILVA ALVES 
 
 
 
 
 
 
 
 
A HUMANIZAÇÃO ATRAVÉS DO LÚDICO NO TRATAMENTO DAS CRIANÇAS 
COM CÂNCER NO HOSPITAL SÃO MARCOS – TERESINA – PIAUÍ 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado 
à Universidade Estadual do Piauí em 
Cumprimento às exigências para obtenção da 
graduação em Licenciatura Plena em 
Pedagogia. 
Orientação: Profª. Dra. Lourdes Karoline 
Almeida Silva. 
 
 
 
 
PARNAÍBA 
2017 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SENYRA ADRIANY DA SILVA ALVES 
 
 
 
 
 
A HUMANIZAÇÃO ATRAVÉS DO LÚDICO NO TRATAMENTO DAS CRIANÇAS 
COM CÂNCER NO HOSPITAL SÃO MARCOS – TERESINA – PIAUÍ 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado 
à Universidade Estadual do Piauí em 
Cumprimento às exigências para obtenção da 
graduação em Licenciatura Plena em 
Pedagogia. 
Orientação: Profª. Dra. Lourdes Karoline 
Almeida Silva. 
 
 
 
Aprovado em 03 de agosto de 2017. 
 
 
 
_______________________________________________ 
Profª. Dra. Lourdes Karoline Almeida Silva (Orientador) 
 
 
_________________________________________________ 
Profª. Ma. Cláudia Virgínia Albuquerque Prazim Brasilino 
(Membro Examinador) 
 
 
_______________________________________________ 
Prof. Me. Romário Ráwlyson Nascimento (Membro Examinador)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a “Gang das Carecas” 
do Hospital São Marcos em Teresina - Piauí. 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
À minha família: para começar minha mãe, a pessoa em que tento inspirar-me 
em sua força e sabedoria. Ela foi a pessoa que me fez esquecer a dor e ter forças para 
lutar. Te amo mãe. Ao meu marido, meu Deus, como eu o amo! Como foi importante 
neste período de conflitos, agonias, medo e dor. Como foi atencioso, compreensivo, 
amoroso comigo. Ele é minha metade, minha coragem e minha alma. Quantas noites 
passou do meu lado tentando acalmar-me das agonias que a quimioterapia me 
ocasionava. Das vezes que foi comigo à Teresina para acompanhar-me e ficava aflito 
com tantas pessoas sofrendo. Sempre com palavras positivas que tudo vai dar certo, de 
como estou linda e fazendo-me sentir amada, desejada e tentando mostrar que não 
preciso de dois peitos para ser mulher. Às minhas filhas que são os presentes mais lindo 
que Deus colocou em minha vida. Obrigada filhas por serem minha mãe nesta fase em 
que até para escovar os dentes precisei de vocês. Quantas noites vocês reversaram 
para cuidar de mim: trocar fraldas, levar-me ao banheiro e até para banhar-me. Amo 
sem medidas vocês duas. Não esqueço do sofrimento de vocês e da tentativa de 
disfarçar o medo de perder a mãe. Saibam que todos os dias, tenho força para lutar por 
vocês e para vocês. À Soraya, Antônio e Luana, obrigada por cuidarem de mim no pós-
operatório em sua casa, por se preocuparem comigo toda vez que viajo para minhas 
consultas. Mais uma vez OBRIGADA! À Valéria, minha irmã de coração que o Pai 
Celestial colocou em minha vida. Você foi a dona de minha casa e mãe de minhas filhas 
durante a minha ausência temporária. Graças a você, pude ficar sossegada sabendo 
que minha família estava bem. Te amo “Vaca Lelete”! A minha sogra Dona Fransquinha, 
a minha comadre-cunhada Ana Maria, meu cunhado Pablo e meus sobrinhos Ana 
Gabrielle e Airton, obrigada por suas orações e ajuda quando eu mais precisei. E como 
não falar de meu médico-anjo Dr. Thiago Almendra e toda a sua equipe, pessoas 
maravilhosas que são exemplos de atendimento humanizado. Obrigada por me salvar, 
por preocupar-se comigo, por olhar o paciente como ser humano e não como mais um 
prontuário. Fica aqui o meu eterno agradecimento. Aos sobrinhos Solano, Gabriel e 
Jonathan que sempre ficavam preocupados comigo, a titia está bem! Gostaria de 
agradecer de uma forma bem especial a todos os meus amigos e professores do curso 
que me ajudara-me e me deram o apoio para poder concluí-lo: MUITO, MAS MUITO 
OBRIGADA!!! Principalmente a minha amiga Lourdes Karoline que me apoiou e foi 
solidária em minhas fraquezas e a minha “nova” parceira Cláudia Prazim que sempre 
me dava forças e trocávamos “figurinhas” sobre assuntos que aliviam minha alma. A 
 
todos os meus amigos de Parnaíba que fizeram campanha para ajudar-me 
financeiramente, obrigada e que Deus Pai os abençoe! E para finalizar, quero agradecer 
à equipe do Hospital São Marcos (médicos, enfermeiros, atendentes e zeladores) que 
sempre foram muito prestativos comigo e agradeço principalmente a todas da Gang das 
Carecas que estiveram comigo nesta batalha e aqueles/as que ainda estão enfrentando 
este campo minado tentando sobreviver a cada dia. Às minhas amigas que foram 
derrotadas, sua luta não foi em vão. De alguma maneira serviu como ensinamento para 
não desistir nunca. Que minhas lembranças de nossos momentos nunca sejam 
apagadas. A cada dia é um motivo de comemoração, um aprendizado, uma vitória e 
muitos agradecimentos por esse presente que temos e às vezes não sabemos valorizar: 
VIDA! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As pessoas são sempre maiores que suas 
doenças 
(Dr. Patch Adams) 
 
RESUMO 
 
Este trabalho destaca o atendimento humanizado no tratamento oncológico das 
crianças através do lúdico, pois o fator emocional faz o papel do remédio que auxilia 
na diminuição da dor e transforma o ambiente hospitalar num local mágico em que 
todos são apenas risos e brincadeiras. O paciente oncológico trava uma batalha 
diária com a doença, surgindo daí o medo, a angústia e a depressão, por sua vida 
ter mudado repentinamente. Retrato isso na introdução, que enumerei como “seção 
I”, através de um memorial que narra a minha trajetória com o câncer: na minha 
infância, no diagnóstico da doença e as experiências que tive junto à humanização 
no tratamento. Na “seção II”, faço a fundamentação teórica, onde explico através de 
estudos voltados para o tema a importância do/a pedagogo/a hospitalar como 
transformador/a harmônico/a do ambiente e o/a responsável por aplicar, mediante 
projeto, o lúdico de uma forma mais voltada à necessidade do/a paciente 
internado/a. Dentro da “seção III”, apresento o local da pesquisa e sua história, 
analiso as respostas do meu sujeito de pesquisa, a pedagoga hospitalar do Hospital 
São Marcos, professora Rosália, também conhecida como Dra. Sorriso. Nesta 
seção, promovo um diálogo entre a teoria estudada e as falas do sujeito entrevistado 
e finalizo com as considerações finais, que apresentam a minha forma de enfrentar a 
doença, a diferença e a importância da humanização do atendimento no tratamento 
médico e como a ludicidade é uma ferramenta diferencial na recuperação da pessoa 
com câncer. 
 
Palavras-chave: Pedagogia hospitalar. Câncer. Humanização. Crianças. Lúdico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT: 
 
This academic work emphasizes the humanized care in the oncological treatment of 
childrenthrough playfulness, since the emotional factor plays the role of the medicine 
that helps to reduce pain and turns the hospital environment into a magical place 
where everyone is just laughing and joking. The oncological patient is in a daily battle 
against the disease, resulting in fear, anguish and depression, because his life has 
suddenly changed. As depicted that in the introduction, which I listed as "section I", 
through a memorial that narrates my trajectory with cancer: in my childhood, in the 
diagnosis of the disease and the experiences that I had with the humanization in the 
treatment. In section II, I did the theoretical fundaments where I explain through 
studies focused on the theme the importance of the hospital's pedagogue as a 
transforming agent for a more harmonious environment and responsible for applying 
a ludical project to can meets the needs from the hospitalized patients. In section III, I 
present the investigation location and its history. I analyze the answers of my 
research subject, the hospital's pedagogue at the São Marcos Hospital, Professor 
Rosália, also known as Dr. Sorriso. In this section, I promote a dialogue between the 
theory studied and the speeches of the subject interviewed and I conclude with the 
final considerations, which present my way of facing the disease, the difference and 
the importance of the humanization of the care in medical treatment and how 
playfulness is a differential tool in the rehabilitation of the person with cancer. 
 
Keywords: Hospital pedagogy. Cancer. Humanization. Children. Playful. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 11 
2 DIÁRIO DE UMA DESPEITADA ................................................................... 15 
2.1 Aconteceu comigo e agora? ....................................................................... 17 
2.2 A Gang das Carecas! .................................................................................... 20 
3 O PODER E A MAGIA DO LÚDICO ............................................................. 24 
3.1 O atendimento humanizado em crianças hospitalizadas ......................... 24 
3.2 Pedagogia Hospitalar: onde tudo começou! .............................................. 25 
3.3 No reino encantado do lúdico... .................................................................. 28 
4 O AMOR COMO MOTIVAÇÃO PARA A PESQUISA ................................... 32 
4.1 Conhecendo um pouco o Hospital São Marcos ......................................... 32 
4.2 Prazer sou Dra. Sorriso! ............................................................................... 35 
4.3 Analisando os dados coletados .................................................................. 37 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 44 
6 REFERENCIAS .............................................................................................. 47 
ANEXO A ....................................................................................................... 50 
ANEXO B ....................................................................................................... 52 
APENDICE A ................................................................................................. 55 
APÊNDICE B .................................................................................................. 62 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Neste trabalho identifico a importância da humanização do atendimento 
através do lúdico no período de recuperação do tratamento de crianças com câncer 
no Hospital São Marcos em Teresina-PI. Em muitos casos, essa experiência pode 
tornar-se traumática não só para a criança, mas para todos nós que se tornamos 
cancerígenos e que deixamos o nosso mundo de trabalho, estudo e brincadeiras 
para ficarmos limitados e, muitas vezes, hospitalizados, tomando medicamentos 
fortes que diminuem nossa imunidade e impossibilitando-nos, no caso dos 
pequenos, de brincar, ou seja, deixam de ser crianças e passam a ser vistas e 
tratadas como enfermas. 
Encontrando-me em um tratamento de câncer de mama em novembro de 
2015, descobri o trabalho de ludicidade com esses pacientes. E, sendo acadêmica 
do curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Piauí, senti interesse pela 
Pedagogia Hospitalar, através da pedagoga e participante do grupo Doutores da 
Amizade, desenvolvido pela Rede Feminina de Combate ao Câncer do Piauí, 
Rosália de Sousa Silva, mais conhecida por todo hospital como “Sorriso”. 
Por se tratar de uma área da Pedagogia pouco trabalhada, não consegui 
executar esta pesquisa em Parnaíba por alguns motivos: o primeiro, a carência de 
hospitais com especialização em oncologia infantil e com isso, a ausência de 
profissionais na Pedagogia Hospitalar, em especial, na oncologia infantil. Por isso, 
sua execução no referido hospital, na capital, Teresina. 
Este estudo investigou como acontece a humanização no atendimento 
hospitalar através do lúdico. Para isso, realizou-se uma pesquisa qualitativa, através 
de um questionário com a profissional mencionada e observações no espaço físico 
do Setor da Rede Feminina do Hospital São Marcos, no período de 29 de agosto a 
28 de setembro de 2016, em Teresina-PI. Período esse, em que me encontrava 
neste local, fazendo sessões de radioterapia e que no intervalo, antes do 
atendimento, deslocava-me para executar as atividades necessárias, para a 
realização desta monografia. 
De acordo com Minayo (2009, p.16), entende-se por pesquisa “[...] a atividade 
básica da ciência na sua indagação e construção da realidade”. É através da 
pesquisa que aprendemos sobre o funcionamento das coisas, bem como a solução 
12 
 
das problemáticas abordadas. Nesse trabalho, utilizei algumas metodologias para 
investigar a humanização do atendimento através do lúdico na recuperação das 
crianças com câncer e reconheci que a brincadeira é um fator importante que auxilia 
nessa melhora com a transformação do hospital em um mundo de fantasias. 
Trata-se de uma pesquisa qualitativa com um estudo de caso, mas tendo 
como apresentação um memorial e um diário de campo. Apliquei um questionário 
com apenas uma pessoa no processo de reconhecimento da relação teoria-prática e 
do significado do lúdico na Pedagogia Hospitalar. Ressalto que o estudo qualitativo, 
segundo Menga e Marli (2013, p.20), “desenvolve numa situação natural, é rico em 
dados descritivos, tem um plano aberto e flexível e focaliza a realidade de uma 
forma complexa e contextuada”. 
A pesquisa caracteriza-se como qualitativa. Por isso, trabalhei a humanização 
através da aplicabilidade do lúdico no tratamento das crianças no Hospital São 
Marcos em Teresina (PI), identificado no serviço voluntário de Rosália “Sorriso”. Não 
pretendi questionar os métodos aplicados no questionário, apenas entender e 
explicar o resultado obtido de seu trabalho. Ressalta-se que em alguns momentos 
do texto, refiro-me à Rosália como „Sorriso‟. 
Este é um estudo de caso, focado no trabalho de uma pedagoga hospitalar 
voluntária da Rede Feminina do Hospital São Marcos, trabalho esse em que também 
senti os resultados e que me identifiquei com a realidade em que vivi no meu 
tratamento, servindo de fonte para a realização de minha pesquisa. Sou, por 
conseguinte, pesquisadora e pesquisa do meu próprio trabalho. De acordo com 
Menga e Marli (2013, p. 20): 
 
 
O interesse, portanto, incide naquilo que ele tem de único, de 
particular, mesmo que posteriormente venham a ficar evidentes 
certas semelhanças comoutros casos ou situações. Quando 
queremos estudar algo singular, que tenha um valor em si mesmo, 
devemos escolher o estudo de caso. [...] O caso é bem simples e 
delimitado, devendo ter seus contornos claramente definidos no 
desenrolar do estudo [...]. 
 
 
Conforme discutido na academia, a diferença entre pesquisa qualitativa e 
quantitativa é a abordagem dos dados. O estudo quantitativo é feito através de uma 
pesquisa com diversos objetos obtidos através de entrevista ou questionário para 
que seja realizada uma estatística nas respostas, sobre uma problemática do 
13 
 
assunto abordado. Após essas obtenções de dados, faz-se uma análise teórica que 
busca explicações ou soluções através de fundamentações em livros de autores 
especialistas no teor discutido. 
Neste estudo, discuto a importância da brincadeira cuja proposta baseia-se 
no sentido teórico do lúdico e sua praticidade na terapia do amor. “Teoria é a 
resposta para a realidade”, segundo Minayo (2009, p.17). 
O período de realização deste estudo começou em 01 de setembro de 2016, 
no qual eu estava em Teresina fazendo um procedimento de radioterapia para o 
tratamento de câncer de mama e comecei a fazer observações e a indagar aos 
voluntários e funcionários da Rede Feminina de Combate ao Câncer e do Hospital a 
assistência prestada às crianças pacientes de câncer. 
Após duas semanas de observação à tarde, no horário de 13h30 às 17:00 
horas, de segunda à sexta-feira, surgiu o meu interesse na elaboração do trabalho 
de conclusão do curso de Pedagogia. Com a aprovação da Sorriso, elaborei um 
questionário de 06 perguntas escritas em uma folha de caderno e entreguei à 
Rosália (Sorriso) para que posteriormente fosse respondido. Devido ao grande 
serviço prestado pela colaboradora da pesquisa, foi determinado a entrega das 
respostas no dia 28 de setembro, data essa em que foi necessário o meu retorno à 
Parnaíba. 
O questionário foi transcrito de acordo com as respostas da colaboradora da 
pesquisa e que enquanto pesquisadora, preservei as respostas conforme sua 
originalidade, sendo assim, isentado de possíveis erros cometidos pela 
colaboradora, como também o respeito por não querer responder alguma pergunta 
realizada na pesquisa. 
Todo esse aprendizado me motivou a fazer esse trabalho em que ressalto a 
importância da Pedagogia Hospitalar, sua origem, o Pedagogo Hospitalar e a 
humanização através do lúdico. Explico através de minha experiência com o câncer, 
os medos, as aflições e a importância de sentir-se vivo. Divido-o em quatro seções: 
a primeira é a Introdução em que explica minha metodologia de pesquisa, a segunda 
é o Diário de uma despeitada! Em que falo um pouco sobre minha história de vida 
com o câncer, a terceira é O Poder e a Magia do Lúdico, a quarta é O Amor como 
Motivação para a Pesquisa e a quarta, as Considerações Finais. 
Ressalto que todas as imagens fazem parte do meu álbum de registros em 
que sempre que preciso, revejo-as e lembro que somos pequenos e egoístas. 
14 
 
Temos outras pessoas em situações piores do que a nossa e achamos que somos 
sempre as vítimas de tudo. Aprendi o verdadeiro valor humano e que somos apenas 
carne podres que não começaram a feder! 
Na seção três é composto por três subseções: O Atendimento Humanizado 
em Crianças Hospitalares; A Pedagogia Hospitalar: Onde Tudo Começou e, No 
Reino Encantado do Lúdico em que apresento a fundamentação teórica deste 
trabalho. 
Na quarta seção, também subdividi em três partes: Conhecendo um pouco o 
Hospital São Marcos; Prazer sou Dra Sorriso! (escrevo uma breve biografia de 
minha colaboradora na pesquisa e por fim), Analisando os dados coletado faço uma 
análise de meu questionário, utilizando uma linguagem informal e usando teóricos 
relacionados ao assunto. Finalizo com minhas considerações finais, na qual 
exponho a minha análise, no que se refere aos resultados e às necessidades que 
poderiam ser resolvidas para os profissionais e pacientes, tornando o tratamento 
mais harmonioso e com isso dando vacinas de amor para aumentar a imunidade 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
 
 
 
 
 
 By Senyra Alves 
 
 
2 DIÁRIO DE UMA DESPEITADA 
 
Resolvi apresentar como tema de minha tese de conclusão de curso, a 
Humanização através do lúdico no tratamento das crianças com câncer no Hospital 
São Marcos em Teresina, no Piauí, local onde faço meu acompanhamento médico 
para o controle desta doença. Para realização deste trabalho de conclusão, preciso 
contar através desse memorial um pouco de minha vida e a minha experiência com 
o câncer. 
Meu nome é Senyra Adriany da Silva Alves, tenho 45 anos, sou casada há 25 
anos com Pedro, tenho 02 filhas lindas: Saphyra e Savina (ambas já cursando 
faculdade), estou concluindo o curso de Licenciatura Plena em Pedagogia e faço 
tratamento contra um câncer de mama desde 2015. 
 A palavra “Câncer” esteve sempre presente em minha vida. A primeira vez 
que a conheci, devia ter uns 04 a 05 anos (se não me falha a memória) quando 
soube que esse era o motivo da viagem de minha mãe que durou dois anos. Em 
minha infância, lembro-me que brinquei muito, mas também, ouvi essa palavra que 
tinha como significado “sentença de morte”. 
Minha mãe sobreviveu a esta “sentença”, mas teve a rejeição de meu pai, ela 
16 
 
não era mais “completa”. Estava faltando um outro “peito” que a tornaria 
feminina…mulher. Sempre foi muito forte, mas nos momentos de dor e de aflição por 
ser pai-mãe de quatro filhos menores e ter a responsabilidade de cuidar de um idoso 
com Alzaimer, sentia vontade de tornar-me sua mãe. 
Assim fui crescendo, vendo essa condição de vida de uma mulher 
mastectomizada1 que era o exemplo de sobrevivência dessa doença, a qual levava 
algumas mulheres a ver em minha mãe a esperança de não se tornar mais uma 
dessas estatísticas de mortalidade. Algumas senhoras iam à nossa casa e 
conversavam com minha mãe, na esperança de que pudesse ensinar-lhes alguma 
fórmula que as curassem ou que fizesse o câncer sumir. Às vezes, recebíamos 
apenas a notícia que alguém não tinha conseguido. 
A minha adolescência não foi diferente da minha infância, apenas que as 
protagonistas já eram mais próximas, faziam parte de nossa família. Era por parte de 
minha mãe: primas e tias que também foram portadoras desse destino, fazendo 
assim um histórico muito negativo de perdas por esta doença ou Cancer Antigen 
(CA), para amenizar um pouco o peso do nome. 
Os anos foram passando e conheci meu marido, casei e tive duas filhas. 
Levava uma vida normal até o ano de 2007, quando em uma tarde senti meu peito 
esquerdo esquentar. Foi um susto, apenas uma mastite2 que estava começando. 
Nada que um bom antibiótico e vitamina E não conseguisse resolver, mas fiquei de 
repouso por 06 meses. 
No ano de 2011, minha mama esquerda novamente começou uma 
inflamação. Desta vez, pareceu um pouco mais grave, porque estava saindo um 
líquido escuro e doía muito. Voltava o fantasma da sentença pairando em nossa 
família, com isso a busca por médico e a esperança de mais uma vez ser alarme 
falso, mas eu tinha apenas uma preocupação: minha mãe! 
 Fazia apenas dois anos que meu irmão havia sido assassinado e ela estava 
muito abalada, a ideia de perder outro filho seria a gota d‟água. Ela estava passando 
por uma depressão, ainda senti muito a falta de Sérgio. Mas graça a Deus, 
novamente foi diagnosticada uma mastite muito forte e o líquido, segundo o Dr. 
 
1
 A mastectomia é uma cirurgia de retirada total ou parcial da mama, associada ounão à retirada dos gânglios 
linfáticos da axila (esvaziamento axilar). INCA. Disponível em: < 
http://www.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=108> Acesso em: 15.07.2017 
2
 Mastite é infecção do tecido do peito, que causa a dor e o inchamento no peito afetado. MEDICAL. Disponível 
em < http://www.news-medical.net/health/What-is-Mastitis-(Portuguese).aspx>. Acesso em: 15.07.2017. 
17 
 
Fulano de Tal (prefiro não mencionar o nome), era resto de leite que estava sendo 
expelido e, quando indagado se poderia ter câncer, sua resposta foi convincente: se 
um dia ela tiver, rasgo meu diploma! 
Mais uma vez voltei ao tratamento e repouso. Desta vez, a dosagem de 
remédio foi mais forte: um ano de Amoxilina 300mg e Nimisulina 100m, ambos eram 
duas vezes ao dia. Passado algum tempo, meu marido foi ser diretor de um certo 
programa de televisão local e fizeram uma entrevista com o um médico sobre 
prevenção do câncer de próstata, a campanha “Novembro Azul”. 
Em uma conversa informal entre eles, foi descoberto sua especialidade 
(mastologia) e mencionado o meu “problema” mamário. Ao saber do meu histórico 
de casos de câncer na família, fui “intimada” a ir à sua clínica fazer uma consulta e 
uma mamografia. Quando vimos o resultado, fiquei surpresa ao ver que minhas 
mamas pareciam duas “cumbucas de mugunzá” com tantos caroços nelas e que a 
probabilidade de desenvolver o câncer era de 95%. Nossa!!!! 
Logo agora que tinha passado no Exame Nacional de Ensino Médio – Enem, 
já teria que começar um novo tratamento!!! Não tem problema, ainda tenho 5% de 
chance contra o câncer. E fiquei fazendo planos baseados neste pequeno 
percentual de cura. Levando a vida “normalmente”, fui fazendo o curso de 
Licenciatura Plena em Pedagogia e tomando os remédios que ajudavam a reter o 
desenvolvimento do nódulo em mim. 
 
 
 By Senyra Alves 
 
2.1 Aconteceu comigo e agora? 
 
18 
 
O tempo correu e cheguei ao 5° período, e por descuido parei de tomar os 
remédios desde novembro de 2014. Já era março de 2015 e comecei a sentir um 
desconforto, tempo de voltar ao médico. Marquei minha consulta e a mamografia 
para o dia 20 de abril, como era véspera de feriado e após o exame ficava muito 
dolorida, era perfeito este dia para descansar. 
Chegou o dia e de uma maneira estranha, levei uma queda e bati as duas 
mamas na grama, surgiu um pouco acima do peito direito um nódulo. Era 
visivelmente denso e um pouco grande. Não doía e para nós (eu e Pedro: meu 
marido), parecia mais uma íngua ou um nódulo de água, devido à queda. Nunca o 
câncer. 
Chegando à clínica, fui recebida pelo meu médico e logo foi analisando o 
nódulo. Resolveu-se que seria preciso fazer uma biópsia. O resultado foi: 0,02% de 
chance de ser câncer. Mas não era isso que as imagens do ultrassom mostravam: 
ele estava maior, forma mais oval e com um “rabo” para baixo do braço e pela 
expressão do doutor, não era bom. Baseado no meu histórico de casos na família e 
pelas condições em que o caroço estava crescendo, fizemos mais uma biópsia, 
sendo com 05 lâminas para vários laboratórios. Neste período, até receber o 
resultado, cama e repouso. 
Foram os 28 dias mais longos de minha vida. A condição em que me 
encontrava de ser uma pessoa independente e virar um “bebê” que dependia de 
tudo, foi a pior parte do meu repouso. Além de sentir o medo da incerteza, havia 
uma faca colocada na guilhotina em cima de nossas cabeças. A minha 
espiritualidade me ajudou a planejar o que estava por vir. Era o fim de tarde, final de 
maio quando recebi um telefonema da atendente de meu médico para que eu fosse 
imediatamente ao seu consultório, de preferência naquela tarde. 
Não avisei ninguém, fui apenas com a companhia de Deus, mas já sabia o 
resultado. Quando nos encontramos, ele apenas confirmou o que eu esperava: 
“Senyra, deu positivo a biópsia. Você tem câncer! Cadê o Pedrinho e suas filhas? 
Precisamos conversar com todos sobre os procedimentos”. Neste momento, senti o 
corpo ficar anestesiado. Passou um filme de tudo o que passei na minha cabeça e 
as palavras do doutor ecoando…Ok! Tenho câncer. 
Tentei me equilibrar e falei: se tenho que tirar, que tire logo as duas. Não 
quero passar por tudo novamente e sei que se ficar uma, ele vai voltar. Voltou com a 
minha mãe e pelo jeito da outra mama, isso é um fato. Combinamos de junto com 
19 
 
minha família acertarmos tudo, no dia seguinte. Saí e fui encontrar minha irmã, 
sozinha às 19h. Pude, durante o percurso, colocar a cabeça no lugar. Pensei em 
como falar com minha mãe, com meu marido e em minhas filhas. Na longa 
caminhada que iria fazer. 
Foi um momento em que precisei de muita força, um momento de desespero 
para minha mãe e de medo para minha família. Tentei manter-me calma, pensei que 
tudo era um presente que Deus reservara para mim. Recebi uma energia muito boa 
de meu marido e minhas filhas. Era amor. Fiz todos os procedimentos pré-
operatórios e finalmente chegou a cirurgia. 
No dia 11 de julho de 2015, fiz mastectomia total (retirada das duas mamas) e 
coloquei próteses de silicone, apesar de preferir ficar “despeitada” mesmo. O pós-
cirúrgico foi muito ruim. Fiquei quase dois meses de cama, sem poder mexer os 
braços e sendo dependente para tudo: escovar os dentes, ir ao banheiro, tomar 
banho, pentear os cabelos (se bem que cortei-os bem curtinhos) e outras coisinhas. 
Foi um período em que descobri as coisas boas que o câncer nos dá. Aprendi os 
prazeres que temos todos os dias e simplesmente ignoramos. Descobri que somos 
muito mais que um simples pedaço de carne que anda e fala, somos essência. Senti 
o amor das pessoas e amar sem distinção. 
Neste tempo recebi diariamente visitas de amigos pessoais e de faculdade. 
Sempre com mensagens positivas e carinho. Lembro-me que fiz uma postagem no 
Facebook neste período, estava de cabelo já bem curtinhos e falei justamente sobre 
isso: valores e amizade. 
Tive uma complicação na prótese onde estava o câncer e fiz uma nova 
cirurgia, fiquei só com a prótese esquerda. Passando uns dias, começo minhas idas 
à Teresina para dar início ao meu tratamento no Hospital São Marcos. Ao chegar lá, 
vi o verdadeiro significado da palavra “provação”, “dor” e “resistência” quando olhava 
aquelas pessoas tentando viver. Algumas já cheiravam à morte (aquele cheiro forte 
de éter, álcool, desinfetante e remédio ou até mesmo, o cheiro de carne 
apodrecendo) e outras disfarçavam o risco de ficarem com o mesmo odor. Ou seja, 
eu era uma delas: a mesma doença, o mesmo medo e o pavor das reações das 
quimioterapias. 
Fiz a consulta médica e uma nova biópsia do material retirado e foi 
constatado que tenho um cancro da mama triplo negativo, faço parte de 10% que 
possuem este câncer. Segundo minha oncologista, é considerado o mais violento e 
20 
 
pelo meu caso não tenho cura. Posso ter o controle, mas quaisquer alterações só 
usarei a quimioterapia vermelha. Por falar na quimio, lembro da primeira dosagem: 
foi totalmente fora do que pensei. 
No início, foi aplicado um soro, depois um outro medicamento chamado de 
pré-quimio (para preparar a veia) e por fim, um líquido em uma embalagem laranja 
(quase vermelha). No começo, senti assim que entrou na minha artéria algo gelado 
espalhar, depois começou a arder e a coçar, foi ficando vermelho e pôr fim a 
enfermeira diagnosticou que secou uma veia. Fez-se tudo novamente, deu certo e 
sempre bebendo muita água. É estranho como ela é muito forte: de imediato senti o 
gosto do medicamento e os cheiros tornarem-se mais fortes. Minha urina saía da cor 
de sangue e já tinha perdido o paladar. Saí às 17h30 direto para rodoviária, só 
pensavana reação e queria passar tudo em casa ao lado de minha família. 
Foi ruim a dormida. Estava começando os efeitos. A agonia era insuportável. 
A dor era tanta que não conseguia ficar deitada, nem sentada e a vontade era de 
sair correndo, rasgando minhas veias para tirar aquilo que me queimava viva. Tinha 
momento que pedia perdão a Deus por tudo e rogava para morrer. Pedro ficava 
desesperado. Era minha companhia nestas noites intermináveis, sempre ao meu 
lado pedindo para ter calma. Quando estava exausta e o corpo não suportava, 
conseguia dormir. Assim foram em todas as oito dosagens de quimioterapias. 
Com vinte dias após a quimio, os fiozinhos de cabelos (que já eram poucos 
porque tinha raspado o cabelo na máquina nº 01) já estavam caindo. Caiam não só 
na cabeça, mas em todo corpo. Vi a cada dia, ao tomar banho, o sabão de coco (era 
a única coisa que podia usar) sair cheio de pelos, como se houvesse alguma cera 
depilatória nele. A cada ensaboada era motivo de risada. Era a única maneira de 
não sofrer: rir! Mas rir muito! 
 
2.2 A Gang das Carecas! 
 
Se eu já estava com câncer e não tinha mais o que fazer, procurei tirar as 
coisas boas que ele tem a oferecer e sim: ele tem muita coisa boa para nos dar e 
ensinar. Cabe a nós, seres egoístas e candidatos a eternas “vitimas” do destino. Por 
exemplo: quando eu estava careca, nunca gostei de usar lenço e muitas pessoas 
me questionavam o não uso. Por quê? Por que tenho que esconder-me com um 
lenço? 
21 
 
 NÃO!!! Não preciso e não quero! Não fiquei feia e nem menos „mulher‟ por 
estar carequinha. Amei ficar assim. Descobri que os homens carecas são uns 
felizardos: não ficam escravos de salões de beleza, estão sempre prontos a 
quaisquer horas do dia, o penteado combina com toda roupa, não tem que ficar 
pensando em chuva (devido à chapinha) e ninguém irá copiar seu corte de cabelo. 
Outra coisa que descobri também é que ser “careca” rouba todos os olhares para si. 
Gente, quando eu ia ter tantos olhares voltados para mim??? Nunca! Viu só? O 
câncer me proporcionou isso! 
 
 Foto By Saphyra 
 
Era a única maneira de passar por tudo isso com menos dor e trauma, ver o 
lado bom das coisas. Quando comecei a quimio, sabia que ia perder apetite e minha 
alimentação mudaria por completo...legal! Estava precisando fazer uma dieta e 
mudar a minha alimentação...beleza!!! Só o meu amigo câncer para me dar essa 
motivação! Nesse período de mudança capilar, no hospital conheci outras mulheres 
que, como eu, estava sem cabelos. Nos aproximamos, falamos de nossas 
experiências, de nossa família e criamos a “GANG DAS CARECAS”, onde respeitar 
o câncer é fundamental, mas temê-lo é fora de questão! 
 
22 
 
 
 Foto by Senyra Alves 
 
Sobre os cabelos já falei aqui. E sobre ser mastectomizada, tudo bem! Tinha 
os peitos muito grandes mesmo. E ser „despeitada‟ é ótimo. Como fiquei com raiva 
dos homens por não terem mamas. É bom demais! Posso pular, dançar, correr sem 
ter „aquilo‟ balançando. Isto fora a sensação de liberdade de não estar presa a um 
sutien. É BOM DEMAIS!!! E te garanto, não sinto falta. Sobre o que Pedro fala por 
eu não ter mamas?? “Não casei com seus peitos. Casei com você e vejo você sem 
diferença nenhuma. ” Yessssssssssssss....ele continua me desejando do mesmo 
jeito. 
Quanto a minha faculdade, foram pessoas importantes que me ajudavam a 
fazer os trabalhos ou repassavam os assuntos. Aproveitava também para estudar 
enquanto tomava as medicações, era uma maneira do tempo passar rápido e eu não 
prestar muita atenção nas reações. Quando voltavam, na época dos seminários, ia 
apresentá-los com máscaras, ainda sentido os sintomas, mas sempre pensando: 
isso também vai passar ou um dia a menos. Via toda a minha vida como um grande 
painel feito de mosaicos. Cada parte por menor que seja, era fundamental na 
construção da obra prima. Sim, devemos ver a vida como uma bela obra de arte. 
Foi solicitado a colocação do cateter para que eu não perdesse mais veias. 
Fui à Teresina fazer a cirurgia e essa foi a grande mudança de minha pesquisa para 
conclusão de curso, quando conheci um “batorezinho” de 06 anos 
(aproximadamente), carequinha que adentrou em meu quarto e me encantou. Senti 
sua alegria e vida, e, ao ver que éramos iguais em “condições capilares” deu uma 
boa gargalhada. 
Quando recebi minha alta, fui procura-lo e conheci uma mulher baixinha e que 
me recebeu com enorme sorriso. Após uma conversa informal na qual ela falou de 
23 
 
seu trabalho, fez-me participar de algumas brincadeiras e conheci a humanização 
feita através do lúdico. Percebi que não erámos tratados como doentes, fomos 
integrados como pessoas que precisavam apenas de um pouco de diversão para 
tornar tudo mais simples. 
Saí do hospital com minha cabeça pensando em toda a experiência que vivi 
naquela última hora e convicta de que é isso que quero ser: uma Doutora da 
Amizade. Tornar o ambiente hospitalar mais harmonioso, onde se possa fazer um 
tratamento de saúde com menos dor. Sei que o fator psicológico é muito importante 
neste momento tão difícil e que todo carinho, atenção e paciência são fundamentais. 
Trazer de volta a alegria para o paciente, fazer sua autoestima melhorar e com isso 
o corpo reage positivamente para a recuperação. 
No final de agosto do ano passado, fui submetida a fazer 28 sessões de 
radioterapia devido a uma formação de lesão no local de minha cirurgia. Ocasião 
perfeita para eu fazer a minha pesquisa e observar o trabalho da pedagoga 
hospitalar. Ia todos os dias (de segunda à sexta) no horário antes de entrar na radio. 
Utilizei algumas metodologias na minha pesquisa qualitativa: tem um memorial, 
diário de campo (sendo eu, parte da pesquisa) e, estudo de caso (quando falo do 
trabalho de Sorriso). 
Quando falo que sou parte da pesquisa, estou confirmando que a 
humanização tem um fator positivo para “nós pacientes”. Não estou aqui querendo 
ensinar ninguém a trabalhar, mas quero mostrar, por experiência própria, que a 
Pedagogia Hospitalar, trabalhando a humanização através do lúdico, tem o poder de 
transformar a dor numa bela gargalhada! 
. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
3 O PODER E A MAGIA DO LÚDICO 
 
3.1 O atendimento humanizado em crianças hospitalizadas 
 
Lendo a introdução do livro “O Amor é Contagioso” (1999), o Dr. Patch Adams 
fala que, ao ser internado, o paciente e seus familiares são colocados em um 
ambiente em que o medo e a confusão deixam-nos tensos e ansiosos, às vezes, 
vidas são desestruturadas para sempre. Neste momento, tudo nos dá pavor e 
insegurança no que poderá nos acontecer neste ambiente que lembra dor e morte. 
Por isso, quando a criança chega à enfermaria, a equipe de saúde deve 
recebê-la amistosamente para esse momento crucial na internação não ser 
traumático. Estes primeiros momentos e contatos, para o paciente que está entrando 
neste mundo cheio de limitações, são importantes para que possa ter uma 
hospitalização com menos sofrimento. Na enfermaria, a criança é separada de sua 
família, com isso o/a atendente ou enfermeiro/a deve procurar um acolhimento junto 
à equipe para acalmá-la, fazê-la parar de chorar. Tentar convencê-la e mostrar sua 
acomodação e seus companheiros de quarto. 
Conversei informalmente com uma enfermeira da ala infantil, ela explicou-me 
que as crianças são geralmente solidárias a quem compreendem seu choro e estão 
do seu lado. Em seguida, mesmo chorando, é levada para os procedimentos de 
higiene e as vestimentas hospitalares, tornando ainda mais desagradável o 
ambiente hospitalar. Desta forma,cito um texto de Carvalho e Begnis (2006, p.109) 
apud Bar-Mor (1997) que retrata bem o que falo: 
 
 
[...] a atmosfera do hospital pode se tornar estressante, com impacto 
sobre o estado psicológico da criança. Nesse sentido são comuns 
algumas manifestações da criança através de regressões, diminuição 
no ritmo do desenvolvimento, desordens do sono e da alimentação, 
dependência, agressividade, apatia, negativismo e uma variedade de 
transtornos e disfunções. 
 
 
Para que a chegada ao hospital do paciente se torne um pouco agradável, Dr. 
Patch Adams (1990, p.72) sugere aos/as enfermeiros/as que: “[...] mesmo aqueles 
que imaginam que não há nada para fazer ou para ser possuem uma grande 
imaginação. É o único lugar onde tudo é possível, imediatamente. Use sua 
imaginação com paixão”. No filme “O Amor é Contagioso” (1998), ele começa a 
25 
 
aprender que a atenção dada ao paciente alivia suas dores. Na época, as 
universidades de medicina davam ao graduando do curso, um status de jalecos e 
diplomas de superioridade em que médico e paciente não se misturam. 
O Dr. Adams mostra que o/a doente e a equipe podem trabalhar em conjunto. 
Assim, o/a atendente que receber o paciente deverá ser mais alegre e amistoso/a 
para que, em seguida, usando estórias, possa apresentar o/a atendente e 
encaminha-lo à enfermaria mostrando calmamente como funciona o ambiente 
passa-a-passo responsável pelos seus cuidados e onde ficará internado. 
Neste momento, é bom a mãe (pai ou responsável) esclarecer para a criança 
o fato de que é necessário ficar naquele ambiente para o tratamento médico, mas 
receberá visitas e além de fazer novos amiguinhos, será bem tratada por todos. 
Geralmente, a mãe ou o/a acompanhante devem ser auxiliados pela equipe de 
saúde e assistência de apoio à criança. Entra aí a equipe interdisciplinar do hospital, 
que através da pedagogia hospitalar põe em prática a humanização no atendimento 
aos pequenos enfermos. 
A formação da equipe multidisciplinar é o primeiro passo para o atendimento 
humanizado, mas nada disso será possível se cada membro atuar individualmente, 
pois o ideal é que cada profissional ao trabalhar em sua área específica seja 
interligado ao que o pedagogo hospitalar estiver aplicando. E assim, o tratamento 
possa ser global, interativo e integrativo, sendo fundamental a troca de informações 
entre os profissionais. 
 
3.2 Pedagogia Hospitalar: onde tudo começou! 
 
Esse assunto despertou-me o interesse pela história da pedagogia hospitalar e 
depois de muito pesquisar li em um site das professoras da Universidade São 
Francisco, PROFESSORASUSF em Bragança Paulista – SP a história da pedagogia 
hospitalar originou-se na Europa, no início do século XX, quando Henri Sellier criou 
a primeira escola para crianças inadaptadas, em Paris, em 1935. Isso foi um fator 
importante para a educação especial, pois era uma época em que a criança não 
tinha seus direitos reconhecidos e as que nasciam intituladas defeituosas eram 
descartadas. 
Lembro em minhas aulas da história da educação que a sociedade europeia 
valorizava o corpo perfeito, sem defeitos ou mutilados e as que nasciam ou sofria 
26 
 
alguma perda eram descartadas ou sacrificadas. Já na Idade Média os deficientes, 
apesar de não matar mais essas “aberrações” ou “frutos do pecado”, eram 
marginalizados pela Igreja e seus fiéis. 
Apenas no século XX, devido à Segunda Guerra Mundial, houve um grande 
número de crianças e adolescentes feridos e mutilados que não tinham como ir à 
escola. Daí foi necessária uma mobilização de um grupo de médicos para promover 
a assistência, principalmente no que se referia à educação. Nos anos seguintes, o 
professor-assistencial foi sendo reconhecido dentro dos hospitais e conquistando 
seu espaço através das classes hospitalares. 
Em um artigo de Esteves (2001, p.02), encontrei uma informação importante 
sobre a formação de pedagogos que seja especializado em educação especial e 
isso me faz, novamente questionar sobre o curso de pedagogia: por que o curso de 
pedagogia não oferece para seus alunos o direito de escolher qual a área que 
deseja trabalhar? Por que somos apenas preparados para atuar em salas de aulas, 
quando temos um “leque” imenso de campo de trabalho para atuarmos? 
A Europa já pensava nisso quando em 1939 fundou C.N.E.F.E.I. – Centro 
Nacional de Estudos e de Formação para a Infância Inadaptadas de Suresnes 
voltado apenas na formação de professores para o trabalho em hospitais e institutos 
de crianças ou adolescentes especiais. Também neste mesmo ano, foi criado pelo 
Ministério da Educação na França o cargo de Professor Hospitalar. Tendo como 
missão mostrar que a escola não apenas em um lugar fechado, promove estágios 
em regime de internato voltado para professores e diretores de escolas, médicos e 
assistentes sociais. 
O Centro Nacional de Estudos e de Formação para Infância Inadaptada de 
Suresnes já formou desde 1939, mil (1000) professores de classes hospitalares. 
Classe hospitalar além de uma necessidade do hospital para assistir a criança e sua 
família, integrando-os ao mundo exterior, dá continuidade à sua vida escolar, bem 
como faz de sua internação um novo meio de vida, com limitações mas tendo um 
ambiente acolhedor e humanizado. 
A classe hospitalar não se dirige apenas paras as crianças e adolescentes, 
mas atende as famílias que não querem ou aceitam falar sobre seus filhos e suas 
doenças. Ela busca trabalhar na recuperação da criança em sua socialização 
através da inclusão através da continuidade à sua educação. Em seu texto, Esteves 
(2001, p.04) ela confirma se a escola é promotora da saúde, o hospital pode ser o 
27 
 
mantenedor da escolarização. 
O profissional que trabalha na classe hospitalar deve ser licenciado em 
Pedagogia, com especialização em Educação Especial para que possa atender às 
necessidades da criança ou do jovem internado. Fazendo o Curso de Licenciatura 
Plena em Pedagogia, somos preparados a ser profissionais habilitados a exercerem 
a função de educadores ou a trabalharem em diversas repartições, elaborando 
projetos, ou na própria área educacional. E Pimenta (2006, p.15) explica bem isso 
quando afirma que o curso de pedagogia serve para a formação de profissionais no 
sistema de educação em escolas, instituições escolares e não escolares. 
Lendo Pedagogia e pedagogos, para quê?, Libâneo (2009, p.37), vi que o 
graduado em Pedagogia pode ser considerado um profissional das ciência 
pedagógica, sendo um pesquisador pedagógico e sua problemática, destacando sua 
multidimensionalidade. No mesmo texto ele fala que o curso além de oferecer 
formação teórica, pode-se atuais também em: 
 
 
[...] diferentes setores de atividades nos níveis centrais e 
intermediários do sistema de ensino (políticas públicas para a 
educação, planificação e gestão, pesquisa e supervisão do sistema 
de ensino); na escola (administração, supervisão de ensino, 
assistência pedagógico-didática a professoras e alunos, formação 
continuada, avaliação); nas atividades extra-escola (práticas 
educativas paraescolares, serviços de saúde e promoção social, 
meios de comunicação, formação profissional, produção de materiais 
didáticos de variadas natureza etc); nas atividades ligadas à 
formação e capacitação de pessoal nas empresas. 
 
 
Desta forma, podemos afirmar que o pedagogo, após sua graduação pode 
ser um profissional preparado para atuar em diversos campos de trabalho, mas o 
que eu pude observar dentro do curso de pedagogia, é que o „preparo‟ ocorre 
apenas no campo educacional escolar. Tendo o professor recém-diplomado, às 
vezes, uma situação traumática ao se deparar em sala de aula real eem outro 
campo de atuação, como a pedagogia hospitalar. O não-preparo psicológico que 
temos (falo como graduanda do curso de Pedagogia), durante o curso, faz da 
primeira vez quando nos deparamos com a situação, uma experiência traumática. 
Já no Brasil, a pedagogia começou em 1950 no Rio de Janeiro, quando a 
primeira instituição a receber esse tipo de atendimento foi um hospital público 
infantil, o Hospital Municipal Jesus em 14 de agosto deste referido ano, que teve 
28 
 
como pioneira a professora Lecy Rittmeyer. Para Cavalcante, Guimarães e Almeida 
(2015, p.03), pode-se dizer que esta data é o marco para a Pedagogia Hospital no 
Brasil: 
No Brasil em 1995, foi reconhecido por meio do Estatuto da Criança e do 
Adolescente – ECA, através da Resolução nº 41 de outubro deste ano, no item 09, o 
“direito da criança de desfrutar de alguma recreação, programas de educação para a 
saúde, acompanhamento do currículo escolar durante sua permanência hospitalar”. 
Sobre a legalização da pratica pedagógica hospitalar no Brasil, Esteves (2008, p.03) 
nos fala que o Ministério da Educação, em 2002, através da Secretaria de Educação 
Especial elaborou um documento de estratégias e orientações para atendimento nas 
classes hospitalares, assegurando o acesso à educação básica. : 
Esse trabalho da Pedagogia tem crescido pelo Brasil, enfatizando no 
atendimento à criança a filosofia humanística, na qual ela passa a ser o centro de 
tudo e a valorização do ser, pois, aliás suas escolhas são infindáveis. Junto com a 
equipe multidisciplinar, o pedagogo hospitalar pode projetar brincadeiras em que se 
aplica uma metodologia lúdica ao paciente, proporcionando momentos de 
descontração e de aprendizado. 
 
 
 Foto by Ana Saphyra 
 
3.3 No reino encantado do lúdico... 
 
Era uma vez no ano de 1971, um jovem doutor chamado Hunter Doherty 
Patch Adams que tinha um poder mágico de transformar leitos hospitalares em 
verdadeiro picadeiro de circo. Quando ele se vestia com sua roupa de “super-
médico-palhaço” usava sua porçãozinha mágica que transformava dores em risos. 
29 
 
Seu objetivo era animar pacientes com brincadeiras para reduzir o sofrimento deles. 
Doutor Patch (como ele era chamado) defende que sentimentos como bom humor, 
compaixão, amor, alegria e esperança são antídotos que dão reações positivas na 
recuperação do enfermo, ou seja, essas porções mágicas fazem parte de uma 
magia muito poderosa chamada “Lúdico”. 
Mas, para iniciar essa aventura, neste reino encantado, devo primeiro saber o 
que significa essa palavra mágica. De acordo com o dicionário Ediouro da Língua 
Portuguesa (2000, p.591), a palavra “lúdico” significa: “adj. Relativo a, ou que tem 
caráter de jogos ou divertimentos”. Posso dizer que entendo o lúdico por ser uma 
atividade de alegria, prazer, descontração, socialização agradável e educativa. 
Assim, digo que a ludicidade é a capacidade que o ser humano tem de 
divertir-se e envolver-se com coisas prazerosas. Ressalto que o lúdico no espaço 
hospitalar se apresenta como uma ferramenta de fundamental importância visando 
melhorar a vida dos pacientes internados. Para Carvalho e Begnis (2006, p.111): 
 
 
(...) inclusão do lúdico no hospital demonstram que a forma de 
atendimento em unidades hospitalares e de promoção à saúde 
atravessa um momento de transformação, no qual se deixa de 
focalizar apenas a doença para enxergar o indivíduo como um todo, 
englobando, na prestação de assistência, cuidados com os aspectos 
psicológicos, sociais e culturais, além dos físicos. 
 
 
Neste contexto, entendo que o lúdico influencia enormemente a recuperação 
da criança hospitalizada, pois através do riso, do jogo e das brincadeiras, a criança 
aprende a agir e sua criatividade é estimulada. O brincar, cantar e ouvir história, tem 
a finalidade de tornar a estadia da criança no hospital menos traumatizante e mais 
alegre, possibilitando assim melhores condições para sua recuperação. 
A magia do lúdico tem esse poder não só apenas com as crianças, a sua 
porção transformadora é maior com os adultos, porque os seus efeitos servem como 
uma “fonte de juventude” que os tornam na idade que desejarem. Sua reação tem 
várias manifestações, lembro bem de dois filmes que assisti onde este assunto é o 
foco. 
No filme “Antes de Partir” (2007), dois homens: Edward Cole e Carter 
Cahmbers que se conhecem em um quarto de hospital: um é o empresário e o outro, 
um simples mecânico. Ambos com a mesma doença terminal e em situação 
30 
 
terminal. Sendo um filme de fundo cômico, ele consegue trazer a questão de uma 
amizade fortalecida na luta pelos últimos dias de prazer e ludicidade, em que a 
busca por realizações e aventuras os fazem esquecer suas dores e seu pouco de 
tempo vida. Neste caso, eles ainda podiam “curtir” o doce sabor da vida. 
Presenciei muitos casos assim: em que não se tinha mais nada o que fazer, 
apenas tomar remédios para aliviar as dores e voltar para casa, onde queriam ficar 
com as suas famílias até o último momento. É como no filme “Lado a Lado” (1999), 
no qual a atriz Susan Saradon faz o papel de Jackie Harrison que é uma mulher de 
40 e poucos anos, mãe perfeita e divorciada, que descobre ter um câncer em estado 
avançado e que não tem como tratá-lo. Volta a morar com o ex-marido, os filhos e a 
sua atual mulher, interpretada por Julia Roberts (Isabel Kelly). Jackie resolve utilizar 
a ludicidade através de um memorial feito com fotos e depois transformado em uma 
colcha de pano. Dessa forma, nos momentos de produção, ela esquecia suas 
agonias e medos. 
O lúdico pode ser usado também para os acompanhantes dos pacientes. 
Pois, eles podem aliviar seu estresse e interagir neste momento mágico. Conforme 
Carvalho e Begnis (2006, p.111): 
 
 
(...) o lúdico exerce efeitos terapêuticos sobre os pais, pois 
proporciona uma oportunidade de reorganização e de descanso. 
Nesse sentido, mesmo que estejam ativamente brincando com seus 
filhos, eles deslocam por algum tempo o foco do seu pensamento 
para algo além da doença. 
 
 
Em minhas visitas à Brinquedoteca do Hospital São Marcos, presenciei 
algumas mães fazendo atividades com seus filhos e pude observar que naquele 
momento não havia preocupação, só momentos de paz. Eram apenas mães 
brincando com seus filhos, não havia pacientes e acompanhantes. Voltando para o 
nosso mago Patch Adams (1999, p.79), ele fala da “paz como um aliviador de 
sofrimentos. Que devemos busca-la dentro de nós. Que quem encontra a paz 
interior diminui a pressão arterial e a tensão”. 
Os efeitos que o lúdico proporciona à criança é imediato. Eles estendem sua 
onda de reações contagiando a todos presentes. Tem uma cena do filme “Patch 
Adams – O Amor é Contagioso” (1999) que retrata bem o verdadeiro sentido do 
lúdico, na qual o paciente do quarto 305, que é um ser amargo, grosso e que 
31 
 
maltratava todas as enfermeiras, cede ao ver aquele “anjo” com sua “brincadeira” de 
sinônimo para a palavra “morte”. Após esse concurso de significados, a internação 
do 305, passou ter mais momentos de prazer e risadas. 
Para Borges, Nascimento e Silva (2008, p.215): 
 
Durante o período de utilização do lúdico, observou-se que as 
alterações de comportamento dos pacientes (passividade, 
agressividade, ansiedade, perturbações no sono e irritabilidade) 
foram diminuindo gradativamente para darem lugar à 
espontaneidade e satisfação. 
 
 
 
Dr. Patch Adams
3
 
 
Após este passeio sobre o reino encantado do lúdico, ressalto a importância 
do mago que se transformou em Doutor da Alegria, Patch Adams, que continuaviajando pelo mundo, com seu exército de doutores “palhaços”, expulsando os 
dragões da dor, tristeza e sofrimentos em hospitais. Com seu nariz de palhaço e 
dando gargalhas, ele humaniza muitos jalecos desumanizados, fazendo, assim, 
muitos “batorezinhos” e carecas felizes para sempre..... 
 
 
 
 
 
 
 
3
 Imagem disponível em: <http://gislenegr.blogspot.com.br/2011/12/dr-patch-adams-um-olhar-
humanitario.html>. Acesso em: 23.08.2017 
32 
 
4 O AMOR COMO MOTIVAÇÃO PARA A PESQUISA 
 
 
 
 Hospital São Marcos 
4
 
 
4.1 Conhecendo um pouco o Hospital São Marcos 
 
Para falar da pesquisa e todos os assuntos abordados neste trabalho, vou 
começar com a história da fundação do Hospital São Marcos (HSM), sua 
caracterização e a importância para o tratamento de câncer para o Piauí como 
também para os demais estados da região Nordeste e alguns da região Norte. 
Ressalta-se o método utilizado pela equipe multidisciplinar do Hospital São Marcos, 
bem como a análise dos dados obtidos através da metodologia aplicada, das 
brincadeiras, contação de histórias, teatro, músicas e outras atividades lúdicas. 
Porém, é importante explicar o tipo de pesquisa a ser utilizada e o seus 
procedimentos. 
 No site do HSM5, encontrei informações relevantes para este trabalho 
científico, bem como sua história e importância no combate ao câncer. Sendo 
considerada como Utilidade Pública pela Lei Estadual nº 1019/1954, a Sociedade 
Piauiense de Combate ao Câncer (SPCC), criada em novembro de 1953, teve como 
seu primeiro presidente o Dr. Ulisses Marques que se dedicou a expandir o hospital 
para tratamento de câncer no Piauí. Logo depois, em 26 de fevereiro de 1954, houve 
a mudança de Sociedade Piauiense de Combate ao Câncer para Associação 
 
4
 Imagem retirada no Google Imagem do Hospital São Marcos. Disponível:< 
https://www.google.com.br/search?biw=1236&bih=602&tbm=isch&sa=1&q=hospital+sao+marcos+teresina&o
q=hospital+sao+marcos+teresina&gs_l=psy-ab.3...30130.33099.0.33652.0.0.0.0.0.0.0.0..0.0....0...1.1.64.psy-
ab..0.0.0.piWFmg5cFE8#imgrc=mzu2p9ESG1fm2M:> Acesso em: 23.08.2017 
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 Hospital São Marcos. Disponível em: http://www.saomarcos.org.br/ 
33 
 
Piauiense de Combate ao Câncer (APCC). 
Em 1957, foi construído o novo Hospital do Câncer com apenas 50 leitos. A 
obra teve como apoio um movimento da Diocese de Teresina e de funcionários 
públicos através de eventos, com o objetivo de angariar fundos para auxiliar a obra. 
Segundo informações do Hospital São Marcos, no ano de 1979, houve a 
mudança do nome de Hospital do Câncer para Hospital São Marcos, devido ao 
grande número de pessoas não-cancerígenas que recusavam a internar-se devido 
ao nome do mesmo. Conforme informações disponíveis no site do En Frente do 
Instituto de Psico-Oncologia, “a crença na antiguidade era que o câncer resultava de 
um „desequilíbrio humoral‟, um excesso de bile negra ou melancólica”. Ainda nos 
dias de hoje, pude observar que existe este estigma sobre o câncer, não pela a 
doença em si, mas por suas sequelas em nós mulheres. 
Atualmente, o Hospital São Marcos pertencente à APCC e é composto de 380 
leitos. Aproximadamente 93 apartamentos (tipos A e B), sendo que o tipo A é 
individual e o B acomodação para dois pacientes do mesmo sexo, mas ambos com 
TV, frigobar, acomodação para o acompanhante, e sistema viva voz, no quarto e no 
banheiro, para se comunicar com a Enfermagem. Além de 37 enfermarias que 
acomodam 03 a 06 pacientes (do mesmo sexo) e só é permitido acompanhante para 
menores de 18 anos e maiores de 60 anos. 
De acordo com os dados da Rede Feminina de Combate ao Câncer (RFCC), 
tem-se que ela é uma extensão do Hospital São Marcos e que objetiva a assistência 
social no combate ao câncer. Por ser uma entidade filantrópica, mantém-se de 
doações e conta com o auxílio de voluntárias que trabalham para promover o bem-
estar do paciente oncológico carente. Apesar de existir desde 1954, seu estatuto foi 
oficialmente registrado no cartório em 1987. 
Os projetos desenvolvidos pela Rede Feminina de Combate ao Câncer – PI 
são vários: Abrigar; Apoiar; Aliviar; Alimentar e Alertar. Também, mantem a Casa de 
Apoio à Criança com Câncer (CACC) – Lar de Maria, onde hospeda crianças em 
tratamento oncológico fora de suas cidades e sem condições financeiras de se 
manterem nesse período. 
Através do projeto Abrigar é realizado um serviço para acomodar, apoiar e 
visitar pacientes carentes em residências e pensões, principalmente na Casa de 
Apoio à Criança com Câncer – Lar de Maria, com foco em pais e crianças que não 
têm condições de ter uma boa alimentação e local para dormir. 
34 
 
O projeto Aliviar realiza o atendimento através de atividades com crianças 
doentes internas e externas, que conta com o programa Doutores da Amizade, que 
auxilia com recreações para os “pequenos pacientes” internados, dando-lhes um 
momento de descontração em seus leitos das enfermarias e até mesmo na Unidade 
de Terapia Intensiva (UTI), além das enfermarias dos adultos. Os voluntários fazem 
a contação de histórias, teatro de fantoches, músicas, artes infantis e expressão 
corporal. 
É formado por um grupo de voluntários que se dispõe a levar carinho aos 
pequenos enfermos. Através de conversas informais com enfermeiras do hospital, 
soube que a Rede Feminina de Combate ao Câncer, paga apenas uma 
renumeração para o deslocamento do grupo, o restante do custo é pago com o 
sorriso das crianças. 
Nas datas comemorativas e com o apoio de alunos e de alunas de algumas 
universidades, o Setor da Rede Feminina do Hospital São Marcos é transformado 
em uma grande festa com participação de músicos, palhaços, balões, lanches e 
brincadeiras, fazendo do local um cantinho mágico onde se utilizam do lúdico como 
terapia para recuperação dos pequenos. 
A Rosália falou a um programa de entretenimento „Programão‟ que era 
apaixonada pelo que fazia. Aprendia com cada um dos pacientes, mas eles são 
quem nos ajudam a ser cada dia melhor! Ela que todos os dias, transmitindo para os 
pacientes de câncer, esse amor que faz bem. 
Neste momento de dor, procurei sentir o conforto através das crianças que 
estavam passando as aflições do mesmo tratamento que eu, e encontrei no setor da 
Rede Feminina do Hospital São Marcos alguns estudantes de universidades 
prestando serviço voluntário com os pequenos cancerígenos. Aquilo fazia as 
crianças (e até mesmo eu) esquecer um pouco nossos problemas, nossas dores. 
Aquelas pessoas doando um pouco de seu tempo para um “estranho” é uma 
das declarações de amor ao próximo mais sincera que senti. O voluntariado é uma 
forma de amar ao próximo. 
Não simples assim ser voluntário, tem todo um preparo e vários sites que 
orientam o “futuro candidato” no seu preparo. Encontrei na página do Instituto 
Voluntário em Ação, o Manual do Voluntariado da Fundação Abrinq definindo o 
voluntário como ator social e agente de transformação, prestando serviço não 
remunerados em beneficio ao próximo e a comunidade. O voluntário doa seu tempo 
35 
 
e seus conhecimentos, atendendo também suas próprias motivações pessoais, 
sejam elas de caráter religioso, cultural, filosófico ou emocional. 
 É através deste trabalho humanista que o voluntário realiza nos hospitais uma 
visão voltada para o indivíduo em geral, não apenas para nossas necessidades 
físicas, mas também para as necessidades emocionais, afetivas e sociais e de 
nossas famílias. Para isso, o trabalho é constituído de uma equipe na qual 
participamassistentes sociais, psicólogos, pedagogos e outros profissionais que 
procuram melhorar esse período de tratamento internalizado. Para Carvalho e 
Begnis (2006, p.116): 
 
 
Esse tipo de recurso pode ser efetivo como fator de proteção, ao 
estimular a resiliência da criança. (...) tendo livre o acesso ao brincar 
e aos materiais lúdicos. Esse tipo de interação mais autônomo com o 
ambiente pode repercutir de forma positiva em sua autoestima e na 
sua capacidade de resolução de problemas. Assim, é fundamental 
que se atenda, além das necessidades clínicas, às necessidades 
psicossociais desses pequenos pacientes. 
 
 
A função do pedagogo hospitalar é muito importante na humanização do 
atendimento não apenas proporcionando uma qualidade de vida hospitalar, mas 
como agente educador que insere o ambiente escolar dando condições à criança ou 
jovem internado o direito à educação, conforme a Constituição Federal de 1988, 
Capítulo III – Da Educação, da Cultura e do Desporto, Seção I, artigo 205 fala que a 
educação é um direito de todos e dever do Estado e da Família, visando o 
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para cidadania e qualificação do trabalho. 
O atendimento do educador em hospitais não impossibilita ao aluno hospitalizado 
aprender novas informações que poderiam ter adquirido nas salas de aula e que 
venham ajudar no desenvolvimento social e educacional. 
 
4.2 Prazer, sou Dra. Sorriso! 
Como dito, este trabalho é de caráter qualitativo e um estudo de caso que 
trata sobre a pedagoga Rosália Sousa Silva, conhecida como Sorriso, a qual utiliza o 
lúdico no tratamento das crianças com câncer do Hospital São Marcos em Teresina-
PI, no âmbito do programa Doutores da Amizade, através de um trabalho voluntário 
da Rede Feminina de Combate ao Câncer de Teresina, onde faço parte do quadro 
36 
 
de paciente no tratamento contra o câncer. 
Como não tivemos tempo de conversar no próprio hospital, devido à sua 
rotina corrida no atendimento às mães e aos pacientes, mantivemos nossa 
conversação via Facebook Messenger. Assim, obtive informações sobre sua vida e 
sobre sua motivação para esse trabalho. 
 
 
 Rosália Sorriso - By Facebook RFCCPI 
 
Rosália Sousa Silva tem 48 anos de idade e 17 anos de trabalho voluntário. 
Sempre gostou de trabalhar com a educação e a arte que através de amigos, 
intitulados por ela de “Anjos”, a ensinaram a tornar-se uma pessoa que mediante o 
lúdico, procura humanizar o atendimento hospitalar. 
Quando nova e ainda não tinha escolhido a formação, começou a trabalhar 
com Cecília Mendes no Arte & Educação no Bairro. Por causa desse trabalho, foi 
convidada para ser contadora de história na Fundação Centro de Cultura Lineu 
Araújo – FCCEPLAR, e com isso, foi desenvolvendo o gosto pelo lúdico. Era um 
centro de cultura que tinha contação de história, músicas, danças e teatro de boneco 
do qual, Rosália fazia parte. Esse grupo de teatro de bonecos fazia apresentações 
em eventos gerais e, principalmente, em aniversários de crianças. 
Na FCCEPLAR, tinha algumas festas em datas especiais: como Dia das 
Mães, Dia dos Pais, Dia das Crianças e Natal, e em uma ocasião dessas festas, 
Rosália conheceu Dorotéia dos Reis, que já participava como voluntária da Rede 
Feminina de Combate ao Câncer, e que inicialmente ajudava nos aniversários. No 
começo, foi convidada para ajudar na ornamentação de aniversários das crianças 
que acontecia uma vez por mês, depois ela passou a ir uma vez por semana para 
fazer atividades para entretê-los, sempre com o objetivo de melhorar a autoestima 
37 
 
dos pacientes. 
Dorotéia coordenava um grupo chamado Doutores da Amizade, formado por 
três jovens que anteriormente faziam parte do projeto, no qual Rosália era arte-
educadora na FCCEPLAR: Paulo Henrique, Silvane e a Lilica. Após certo tempo, 
recebeu o convite para fazer parte do grupo, recebendo o nome de Dra. Sorriso. 
O trabalho que realizavam era baseado na história “O Amor é Contagioso” do 
Dr. Patch Adams e nos trabalhos dos Doutores da Amizade, que na época só atuava 
no Rio de Janeiro, mas hoje está presente em São Paulo, Recife e Belo Horizonte. 
Ao fazer o curso superior, optou por Pedagogia e escolheu o tema da sua 
monografia "A Ludicidade no processo de recuperação da pessoa hospitalizada“, 
porque observava que quando os Doutores da Amizade brincavam e contavam 
histórias previamente selecionadas, nas enfermarias, os pacientes ficavam 
visivelmente melhores. Depois, passou a fazer um trabalho com uma músico-
terapeuta Nydia do Rêgo Monteiro. De acordo com Rosália, “o trabalho ficou mais 
animado ainda porque levávamos história, música. Eles pediam muito às músicas e 
dançava na frente deles com os forrós que eles pediam, só Luiz Gonzaga”. 
Às vezes, dançavam até na UTI para animar os pacientes em estados mais 
graves em que o emocional é importante para a recuperação. Os instrumentos 
utilizados eram um porta-cd com CD‟s dos cantores que eles gostavam ou um som, 
mesmo pequeno, uma flauta e um teclado pequeno. 
Segundo a colaboradora, “às vezes os pacientes até pediam para tocar, além 
das histórias. Seu trabalho sempre foi voltado para crianças, jovens e adultos, 
dependendo do público eu fazia a adaptação”. 
Prazer, essa é Dra. Sorriso e esta é um pouco de sua história 
 
4.3 Analisando os dados coletados 
 
Apliquei o questionário somente a Rosália, apesar de ter várias pessoas da 
Rede Feminina trabalhando no Hospital São Marcos. Sorriso é a responsável por 
promover atividades lúdicas, dentre outras funções exercidas. Quero ressaltar que a 
mesma é voluntária e atua todos os dias semanais, sem feriados. 
Ela autorizou de citação do seu nome, de acordo com a autorização em 
Anexo A. e como estou tratando de uma área da Pedagogia, ao responder sobre 
esse tema, Rosália define Pedagogia Hospitalar como “uma modalidade de ensino 
38 
 
que busca legalmente proporcionar a criança e ao adolescente hospitalizado a 
continuidade de seus estudos, visando sua reintegração ao ambiente escolar e a 
sociedade quando estiver curado”. 
Quando participei das brincadeiras no ambiente hospitalar, percebi que 
aliviavam as dores, relaxavam as preocupações e até me faziam esquecer a minha 
patologia. Quando surge a figura do palhaço e a sua alegria, desperta na criança um 
lado mais sensível, mas sem sentimentos como piedade, as fazendo se sentirem 
como pessoas “normais” (sem patologias), sem posição de inferioridade ou 
incapazes. 
Sendo questionada sobre a função do pedagogo hospitalar, Rosália afirma 
que: “[...] é muito teórica quando fala que o pedagogo hospitalar tem um papel 
fundamental dentro da educação podemos, pois, sua finalidade é acompanhar a 
criança ou adolescente, no período de ausência escolar”. 
 
 
 By Facebook RFCCPI
6
 
 
O pedagogo hospitalar não visa apenas em brincar, ele tem como objetivo 
trazer para o/a paciente internada/o a escola e as atividades como estudante. Tenho 
que destacar que para Esteves (2001, p.06): 
 
 
(...) o atendimento realizado por um profissional capacitado, em 
desenvolver e aplicar conceitos educacionais, e estimular as crianças 
na aquisição de novas competências e habilidades, e ressaltar a 
importância de se ter um local com recursos próprios dentro do 
hospital que seja apropriado para desenvolvermos este trabalho 
 
6
 
https://www.facebook.com/RFCCPI/photos/a.232199073481668.65008.220063934695182/148327686170721
0/?type=3&theater 
39 
 
onde à criança interaja e construa novos conceitos. 
 
 
O pedagogohospitalar deve procurar trabalhar em parceria com a equipe 
multidisciplinar de uma maneira interdisciplinar de uma forma interativa, dinâmica e 
constante, visando fortalecer os objetivos propostos pelo Hospital, ou seja, melhorar 
a qualidade daqueles que estão internados. Tenho que ressaltar que uma equipe 
verdadeiramente multidisciplinar se autoconstrói, ela vai aos poucos evoluindo como 
um conjunto harmonioso e interessado em realizar seus objetivos que, no caso, não 
é apenas na recuperação do paciente, mas dar-lhe condições para a sua integração 
social. 
Não podemos esquecer que os profissionais e voluntários que trabalham, 
como Doutores da Alegria, devem estar psicologicamente preparados, ter 
segurança, conscientizados que o amor opera milagres, pois a brincadeira, a alegria 
e umas boas risadas relaxam o corpo. Com isso, ajudam os pacientes a enfrentarem 
a enfermidade e acelerarem a cura, embora nem sempre isso seja possível. Nos 
casos de morte, a experiência da alegria deve ser maior do que tudo que está em 
volta. 
Sobre os possíveis pontos negativos, Sorriso não quis citar. Tentei insistir, 
mas Sorriso não falou. Disse-me que preferiria não tocar no assunto. Saí de lá 
intrigada. Tudo tem um lado positivo e negativo nesta vida. Quando comecei as 
pesquisas deste trabalho, procurei de todas formas algo que desse uma pista sobre 
o “negativismo” da Pedagogia Hospitalar, quando soube de uma pequena guerreira 
que tinha perdido a “batalha”, a pequena gigante M. F. e isso doeu muito. Descobri 
aí, de uma forma dolorida, o lado negativo que tanto procurei. 
Deve-se ter um acompanhamento de um psicólogo junto à equipe de 
voluntário, para que seja detectado no paciente ou no profissional, a necessidade de 
uma atenção especial. A dor do luto, neste caso, torna-se uma motivação para 
atender a ausência da pessoa perdida. Comecei a ter uma certa curiosidade sobre 
os profissionais quadro se deparam com a perda, neste caso, comecei uma leitura e 
de acordo com Trucharte (2003, p.47): 
 
 
Nossa função no acompanhamento dessas pessoas pressupõe: 
continência, solicitude, perseverança e sobretudo um estado 
pessoal bem equacionado para que não caiamos nas piores formas 
de posturas que são caracterizadas pelos dois extremos: frieza e 
40 
 
indiferença por um lado, e desespero, dor e sofrimento por outro. 
 
 
Embora, para nós enfermos, o hospital seja um local de dores, isolamento e 
insegurança, muitas vezes somos surpreendidos com um sorriso aberto e uma 
esperança no olhar daqueles desconhecidos que nos atendem cheios de alegria. 
Desta forma, o serviço prestado por esses voluntários muda a visão do “futuro 
internado” de que o hospital seja sinônimo de um lugar triste para um local mais 
agradável, transformando-nos em pacientes mais cooperativos, já que além de 
facilitar a recuperação psicossomática, nos despertam sentimentos positivos. 
A sala, onde é realizado o atendimento pedagógico do hospital, é um 
ambiente apropriado para o desempenho da metodologia utilizada para a aplicação 
do lúdico no tratamento do câncer. É bastante amplo, colorido, com brinquedos, 
jogos, televisão, som e outros materiais didáticos de acordo com a necessidade de 
cada criança. Tem uma pequena cozinha com balcão para o preparo dos lanches e 
com “gelágua”. A sala da Rosália é pequena e com vidro que dá uma visão ampla de 
tudo o que acontece neste pequeno reino. 
Para Sorriso: “o local deve ser lúdico, todas as atividades devem ser 
recreativas, tendo jogos e brincadeiras, realizando de acordo com o estado do 
paciente respeitando as limitações de cada um, com intuito de expressão simbólica, 
medos, sentimentos e ideais”. 
Observa-se a participação dos pais que, mesmo tristes, cansados e 
desanimados, juntam-se às brincadeiras nos momentos de desconcentração. Os 
acompanhantes também participam das atividades. Pessoas que ao acompanhar 
pacientes internados, deixam a família e saem de casa para cuidar de alguém no 
ambiente hospitalar, adquirem um sentimento de tensão, muita responsabilidade e 
estresse. 
A interação entre os voluntários e as crianças dar-se de maneira clara e 
espontânea, permitindo que surja, em cada momento, algo novo e divertido para 
arrancar risos e atenção de todos. “A metodologia deve ser por meio de linguagem 
oral, escrita, brincadeiras, apresentações, de dinâmicas, músicas e danças, e 
principalmente respeitando limitações dos pacientes”, explica Rosália que faz este 
trabalho há 10 anos. 
Entende-se que brincar é um direito da criança, conforme o Art. 16 do 
Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (Lei nº 8.069/90) e, principalmente, 
41 
 
daquelas que estão hospitalizadas, porque se encontram doentes, imobilizados e 
privados do que mais gostam de fazer: brincar, com isso, o sofrimento é maior. Para 
Borges, Nascimento e Silva (2008, p.213): “com a hospitalização, a criança é 
afastada do seu convívio natural e exposta ao confronto com a dor e o sofrimento, 
bem como a limitação física e aflorando assim o sentimento de culpa, punição e 
medo da morte”. 
No tratamento oncológico, quando somos separados de nossas famílias e do 
nosso convívio social, sofremos várias consequências físicas e psicológicas: como 
problemas de sono, falta de apetite, dificuldades escolares e depressão. Vi em 
muitos casos que a pior consequência é a depressão. Segundo Trucharte (2003, 
p.45): 
 
 
[...] as depressões alteram não só o estado anímico do paciente 
como também podem provocar alterações nas respostas 
imunológicas e, obviamente, em função da apatia e prostração, a 
participação ativa do paciente em seu processo de recuperação 
(quando é o caso) compromete-se sobremaneira. 
 
 
Neste sentido, o efeito da terapia junto às crianças e/ou adultos aponta 
alterações de comportamento em que as crianças apáticas ficam mais ativas, 
passam a se comunicar mais e ficam mais alegres, tornando a internação menos 
aterradora. 
Através dos encontros realizados de uma maneira inusitada entre os 
voluntários e os pacientes, dá-se início a um jogo em que fica difícil identificar quem 
é quem. Tudo começa apenas com um olhar, uma situação engraçada do dia-a-dia. 
“A brincadeira e o riso que acompanha são grandes remédios dentro de um 
hospital”, segundo Patch Adams (1999, p.122). Portanto, o lúdico é o responsável 
por este momento mágico. Quando questionada sobre as contribuições do lúdico na 
classe hospitalar, Rosália esclarece: 
 
 
O lúdico é sempre positivo. A infância é uma fase da vida em que a 
criança apresenta como principal ocupação, o brincar. É uma ação 
fundamental da criança para manter a saúde física e a mental da 
mesma, de forma individual 
O adoecimento e a hospitalização de uma criança representa a 
ruptura em seu cotidiano, ela passa a um local limitado, onde a 
rotina hospitalar é o próprio ambiente. 
Com isso, diminui em seu repertório de atividades com as quais 
42 
 
estaria abituada a executar, o que pode interromper seu 
desenvolvimento natural. 
Deste modo, o cuidar de crianças com câncer em situação de 
hospitalização requer dos profissionais além de habilidades 
técnicas, requer também muito conhecimento entre profissional e 
paciente. 
A atividade lúdica podem promover uma relação de confiança, 
tranquilidade e segurança entre os sujeitos envolvidos. 
O brincar pode significar uma fuga da realidade, além de tornar o 
hospital mais agradável e controlável pela criança. 
 
 
Destacam-se atividades realizadas como contação de histórias, oficinas de 
artes infantis (desenho, colagem, pintura, dobradura), teatro de fantoches, audição 
de músicas, expressão corporal, confecção de brinquedos, dentre outras. 
Nas datas

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