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INTRODUÇÃO
Em uma sociedade cada vez mais globalizada já não cabe um sistema penal tão primitivo, nosso código penal, datado de 07 de Dezembro de 1940, nunca foi reformado e por isso não acompanhou o desenvolvimento da sociedade causando sérios problemas, desde a superlotação em presídios públicos quanto a reincidência, pois um sistema que teoricamente, faria o infrator voltar a sociedade e não mais praticar o crime, faz o contrario, causando o aumento da violência e a incidência de crimes cada vez mais violentos.
A justiça restaurativa surge em meados de 1970, encontrando na crise do sistema penal uma oportunidade de crescimento, pois a ideia da justiça restaurativa se contrapõe a da composição tradicional da justiça criminal, buscando a restauração da relação interpessoal que foi violada pelo crime, dessa maneira objetiva a reparação não só material como também a imaterial, ao passo que é dessa que depende a restruturação da relação que foi afetada pelo ato criminoso e com isso, em tese, será possível um restabelecimento da paz social e a ressocialização do delinquente. 
Uma das grandes barreiras que o procedimento da justiça restaurativa encontra é o preconceito da própria sociedade, uma vez que para esta o criminoso não é capaz de mudar, dando ao processo a sensação de impunidade do estado para com a sociedade. Dando a ideia de que o sistema busca inocentar o delinquente de qualquer maneira, visão essa totalmente distorcida, já que o procedimento depende da vontade de ambas as partes e não só do infrator.
Assim o procedimento é compatível não somente em crimes de menor potencial ofensivo, mas também nos crimes de maior potencial, é o caso dos crimes previstos na lei 11.340/2006. A dificuldade é que o esses crimes envolvem uma gama de peculiaridades e a solução pelo procedimento da justiça restaurativa depende muito da vontade das partes, e é necessário que a sociedade passe a entender que o sistema busca a restruturação de um equilíbrio e não a impunidade do agressor.
A pesquisa está dividida em sete partes. Inicialmente, apresentamos um breve histórico da justiça restaurativa. Em seguida procedimento adotado pelo poder judiciário na aplicação da justiça restaurativa posteriormente analisou o crime de lesão corporal e suas classificações, adiante se expõe as modalidades da lesão corporal, em seguida a violência doméstica, adiante a exposição da lei 11.340/2006 e a incidência do procedimento de justiça restaurativa e o último capítulo versa sobre os apontamentos conclusivos.
O objetivo deste trabalho é demonstrar as inúmeras vantagens da justiça restaurativa nos crimes de lesão corporal previstos na lei 11.340/2006, mostrando de forma clara, as vantagens que o procedimento trás e sua importância para o desenvolvimento da sociedade.
A metodologia empregada para dá embasamento ao artigo foi a pesquisa bibliográfica, através de pesquisas nas doutrinas jurídicas e artigos da internet. 
HISTÓRICO
A justiça restaurativa surgiu a partir da ideia de restauração do psicólogo Albert Eglash, na  década de 1970 em países como Canadá, Estados Unidos, Nova Zelândia, Austrália, África do Sul, Argentina, Colômbia e Brasil, entre outros. Dando uma nova visão sobre o crime e quais os de objetivos da justiça. 
 Pinto, Renato Sócrates Gomes (2013, p.54) 
Um processo estritamente voluntário, relativamente informal, com a intervenção de mediadores, podendo ser utilizadas, além de técnicas de mediação, conciliação e transação para se alcançar o resultado restaurativo, objetivando a reintegração social da vítima e do infrator.
Dessa maneira, a ideia de justiça restaurativa se contrapõe a da composição tradicional da justiça criminal na medida em que busca a restauração da relação interpessoal violada pelo crime, buscando uma reparação aos danos causados a vitima. Por outro lado, na visão tradicional de justiça, o crime é um fato típico, antijurídico e culpável, que tem na pena a sua maneira de reestruturação da ordem.
Entende-se que o contato entre vitima e delinquente gera uma maior identificação das necessidades que cada parte explana dando uma dimensão maior do que seria possível fazer para que se tenha uma reparação desse dano. 
Nesse sentido, o processo é destinado à solução de um conflito que conta com a participação da vítima e do infrator, agindo de maneira complementar ao processo e, muitas das vezes, alcança um objetivo mais efetivo do que uma decisão judicial.
Segundo entendimento de Zehr (2008, p. 202): 
Assim, a Justiça Restaurativa traz uma verdadeira mudança de paradigma, daquele retributivo (punitivo) para o restaurativo, pois, tomando como foco central os danos e consequentes necessidades, tanto da vítima como [...] Para tanto, vale‑se de procedimentos inclusivos e cooperativos, nos quais serão envolvidos todos aqueles direta ou indiretamente atingidos, tudo de forma a corrigir os caminhos que nasceram errados.
A resolução do CNJ preceitua:
Art. 1º (…) § 2º A aplicação de procedimento restaurativo pode ocorrer de forma alternativa ou concorrente com o processo convencional, devendo suas implicações serem consideradas, caso a caso, à luz do correspondente sistema processual e objetivando sempre as melhores soluções para as partes envolvidas e a comunidade. (Resolução CNJ 225/2016)
Sendo, portanto uma forma auxiliar e não principal na resolução do litígio, envolvendo todo um aparato do judiciário, juntamente com os profissionais e a sociedade, garantindo que o procedimento seja eficaz e alcance seu objetivo.
Surge no exterior, mais especificamente, o anglo-saxão, tendo suas primeiras aplicações no Canadá e Nova Zelândia. No Brasil, a prática ainda é adotada de forma experimental.
A tarefa é desempenhada pelo mediador que realiza o encontro entre vitima e acusado, tenta-se então uma solução equilibrada para ambos.
Na prática, pode ser aplicada não somente a crimes mais leves como também a graves, é o caso de lesão corporal. Porém, estes requerem uma maior estrutura do Estado que, no caso do Brasil, ainda encontra limitações. 
Muitos acreditam que Justiça Restaurativa é a mesma coisa que conciliação, porém, nesta ultima, é mais voltada para conflitos econômicos, tendo a participação do terceiro (conciliador) para tentar-se um resultado mais equilibrado entre as partes, ocorrendo a mesma no próprio Tribunal, ao passo que a mediação realizada pela Justiça Restaurativa não se pode mensurar o quanto o processo irá durar. Assim, conflitos que envolvam crimes de maior gravidade tendem a demorar mais para que se consiga deixar os envolvidos mais confortáveis para tentar um acordo.
Art. 1º A Justiça Restaurativa constitui‑se como um conjunto ordenado e sistêmico de princípios, métodos, técnicas e atividades próprias, que visa à conscientização sobre os fatores relacionais, institucionais e sociais motivadores de conflitos e violência, e por meio do qual os conflitos que geram dano, concreto ou abstrato, são solucionados de modo estruturado na seguinte forma: 
I – é necessária a participação do ofensor, e, quando houver, da vítima, bem como, das suas famílias e dos demais envolvidos no fato danoso, com a presença dos representantes da comunidade direta ou indireta‑ mente atingida pelo fato e de um ou mais facilitadores restaurativos. (…)
 III – as práticas restaurativas terão como foco as necessidades de todos os envolvidos, a responsabilização ativa daqueles que contribuíram direta ou indiretamente para o fato danoso e o empoderamento da comunidade, destacando a necessidade de reparação do dano e da recomposição do tecido social rompido pelo fato danoso e as implicações para o futuro. (Resolução CNJ 225/2016).
 O dispositivo normativo acima possibilita que a Justiça Restaurativa resgate o valor de justiça no seio social, convidando a comunidade para participar do procedimento restaurativo, refletindo sobre as relações em sociedade. Assim essas pessoaspassam a entender o processo como algo que pode refletir em sua própria vida, e assim cria-se um entendimento dos prejuízos e necessidades na relação de vítima e agressor.
Dessa maneira, a comunidade deixa de ser mera expectadora dos conflitos, para ser responsável, juntamente com o Poder Judiciário, pela solução do conflito.
 Vejamos o que diz a resolução do CNJ sobre o papel da sociedade na resolução do conflito:
(…) Art. 9º As técnicas autocompositivas do método consensual utilizadas pelos facilitadores restaurativos buscarão incluir, além das pessoas referidas no art. 1º, § 1º, V, a, desta Resolução, aqueles que, em relação ao fato danoso, direta ou indiretamente: I – sejam responsáveis por esse fato; II – foram afetadas ou sofrerão as consequências desse fato; III – possam apoiar os envolvidos no referido fato, contribuindo de modo que não haja recidiva. (Resolução CNJ 225/2016)
PROCEDIMENTOS ADOTADOS PELO PODER JUDICIÁRIO NA APLICAÇÃO DA JUSTIÇA RESTAURATIVA.
 A Resolução nº 225/2016 disciplina princípios e fluxos da Justiça Restaurativa no âmbito do Poder Judiciário, determinando aos Tribunais a observância de diretrizes para o processo de restauração. Dessa forma, existe um estudo sobre como será realizado o procedimento, o local onde serão os encontros. Trata-se de uma serie de diretrizes para que se possa alcançar êxito no procedimento.
Assim o dispositivo preceitua:
 Art. 6º Na implementação de projetos ou espaços de serviço para atendimento de Justiça Restaurativa, os tribunais observarão as seguintes diretrizes:
(…) V – primar pela qualidade dos serviços, tendo em vista que as respostas aos crimes, aos atos infracionais e às situações de vulnerabilidade deverão ser feitas dentro de uma lógica interinstitucional e sistêmica e em articulação com as redes de atendimento e parceria com as demais políticas públicas e redes comunitárias; 
VI – instituir, nos espaços de Justiça Restaurativa, fluxos internos e externos que permitam a institucionalização dos procedimentos restaurativos em articulação com as redes de atendimento das demais políticas públicas e as redes comunitárias, buscando a interconexão de ações e apoiando a expansão dos princípios e das técnicas restaurativas para outros segmentos institucionais e sociais. (Resolução CNJ 225/2016).
Podemos concluir a parir da transcrição normativa do CNJ que o Poder Judiciário faz uma preparação muito grande para que seja realizado o procedimento de Justiça Restaurativa. Assim existem diretrizes e bases a serem seguidos para o processo alcançar êxito, motivo pelo qual o mesmo deve contar com a participação de profissionais que possam instruir a conciliação entre a vitima e o agressor, alem da necessidade de que o ambiente seja favorável a ambos.
Desde seu surgimento, a Justiça Restaurativa desenvolveu uma série de técnicas para a resolução de conflitos
Conforme o artigo 7º da Resolução nº 225/2016, quando o conflito é levado ao Poder Judiciário, este identifica sua natureza, bem como as pessoas que estão envolvidas, a fim de sejam desenvolvidas ações que possam ser aplicadas aquele caso concreto, pois cada conflito tem sua particularidade e necessita de profissionais como psicólogos e assistentes sociais, que poderão dizer qual a maneira mais adequada para realização do litígio.
Por outro lado, é possível que o procedimento logre êxito e assim o litígio persista.
Art. 8º (…) § 5º Não obtido êxito na composição, retoma‑se o processo judicial na fase em que foi suspensa vedada a utilização de tal insucesso como causa para a majoração de eventual sanção penal ou, ainda, de qualquer informação obtida no âmbito da Justiça Restaurativa como prova. § 6º Independentemente do êxito na auto composição, poderá ser proposto plano de ação com orientações, sugestões e encaminhamentos que visem à não recidiva do fato danoso, observados o sigilo, a confidencialidade e a voluntariedade da adesão dos envolvidos no referido plano. (Resolução CNJ 225/2016).
Conforme dispositivo supracitado, o fato do procedimento da justiça restaurativa falhar não influencia em nada o processo que deve seguir normalmente, sendo vedada qualquer majoração.
O CRIME DE LESÃO CORPORAL E SUAS CLASSIFICAÇÕES. 
O crime de lesão corporal encontra fundamentação no artigo 129 do Código Penal:
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
(BITENCOURT, 2012, p. 186), leciona que:
Lesão corporal consiste em todo e qualquer dano produzido por alguém, sem animus necandi, à integridade física ou à saúde de outrem. Ela abrange qualquer ofensa à normalidade funcional do organismo humano tanto do ponto de vista anatômico quanto do fisiológico ou psíquico. Na verdade é impossível uma perturbação mental sem um dano a saúde, ou um dano à saúde sem uma ofensa corpórea. O objeto da proteção legal é a integridade física e a saúde do ser humano. (BITENCOURT, 2012, p. 186)
Bitencourt conceitua de maneira clara o crime tratado no art. 129 do Código Penal. Criando um nexo entre a relação de saúde e integridade corporal, independentemente de intenção pelo resultado e sim o resultado da ação. 
No mesmo sentido, Cláudia Fernandes dos Santos diz que:
O conceito adotado pelo Código Penal de lesão corporal é lato sensu: “lesão corporal é todo e qualquer dano ocasionado à normalidade funcional do corpo humano, quer do ponto de vista anatômico, quer do ponto de vista fisiológico ou mental”. (SANTOS, 2014, p. 2).
 CLASSIFICADO DO CRIME
Livre: devido ao fato de poder ser cometido por qualquer meio; Material: é aquele crime que requer um resultado; Crime de dano: uma vez que se consuma com a efetiva lesão ao bem jurídico tutelado; Crime plurisubistente: devido ser um crime constituído de vários atos; Crime unisubjetivo: pelo fato de ser possível a pratica do delito por uma única pessoa.
AS MODALIDADES DA LESÃO CORPORAL
 Nucci, leciona que: 
Lembramos que se trata de qualquer ofensa física voltadas a integridade à integridade ou a saúde do corpo humano, não se admitindo, neste tipo penal qualquer outra ofensa moral. Para sua configuração é preciso que a vitima sofra algum dano ao seu corpo, alterando-se interna ou externamente, podendo ainda, abranger qualquer modificação prejudicial a saúde, transfigurando-se determinada função orgânica ou causando-lhe abalos psíquicos comprometedores. (NUCCI, 2011, p. 663)
Nucci faz um desdobramento do crime, citando suas modalidades e suas formas de aplicação, assim:
 Lesão corporal de natureza grave
§ 1º Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 2º Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incurável;
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Lesão corporal seguida de morte
§ 3º Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Diminuição de pena:
§ 4º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Substituição da pena
§ 5º O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis:
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
II - se as lesões são recíprocas.
Lesão corporal culposa
§ 6º Se a lesão é culposa:
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
Aumento de pena
§ 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquerdas hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste Código.
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
O crime de violência doméstica surge com o apoio de grandes movimentos feministas e com o apoio da sociedade procurou uma forma de combater a violência que afeta milhares de mulheres em nosso pais.
O crime de violência doméstica é uma modalidade de lesão corporal de natureza leve e o que atenua ou qualifica esse crime, são os efeitos que ele causa no ofendido.
Nucci comenta esse tipo de crime:
A autolesão não é punida no direito brasileiro, embora seja considerada ilícita, salvo se estiver vinculada a violação de outro bem ou interesse juridicamente protegido, como ocorre quando o agente, pretendendo obter indenização ou valor de seguro, fere o próprio corpo, mutilando-se. Nessa hipótese, aplica-se o disposto no art. 171, § 2º, V do código penal, tendo em vista a proteção ao patrimônio da empresa seguradora. Ouro ponto a observar é que a lesão culposa admite perdão judicial (§ 8º). (NUCCI, 2011, p. 664)
Há o crime de violência doméstica sempre que a ação for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade.
Existe previsão quanto à sua forma tentada, sobre a classificação há o entendimento doutrinário:
Dolosa simples ou leve (caput); dolosa qualificada grave (§ 1º); dolosa qualificada gravíssima (§ 2º); dolosa seguida de morte (§ 3º); dolosa com causa de diminuição de pena (§ 4º); privilegiada (§ 5º); culposa (§ 6º); dolosa com causa de aumento de pena (§ 7º); dolosa qualificada especifica (§ 9º). (NUCCI, 2011, p. 664)
Dessa forma, entende-se como delito de lesão corporal não somente aquelas situação de ofensa à integridade corporal ou à saúde da vitima criadas originalmente pelo agente, como também a agravação de uma situação já existente. (GRECCO, 2011, p. 293)
A Lei 11.340/2006
A Comissão Interamericana de Direito Humanos, no ano de 2005, condenou o Brasil a dar cumprimento a todos os tratados internacionais qual é signatário. Após Maria da Penha Fernandes denunciar as agressões diárias sofridas pelo seu marido durante seis anos, além de tentar ceifar sua vida por duas vezes, perante a Corte Interamericana de Direitos Humanos, o Brasil se viu obrigado a dar cumprir a determinação internacional e, através de uma ação afirmativa, implementou uma lei que possibilitasse à mulher exercer plenamente sua condição digna de pessoa humana.
Em 22 de setembro de 2006 passou a vigorar a Lei Maria da Penha, cujo objetivo era a de prevenir e coibir toda e qualquer forma de violência doméstica e familiar contra a mulher.
Muitos, à época, foram contrários à edição da referida norma (como ainda ocorre), porém, o STF, julgou procedente a Ação Direta de Constitucionalidade 19, declarando-a totalmente constitucional.
A Lei 11340/2006 tem como objetivo prevenir e coibir toda forma de violência doméstica e familiar contra a mulher, conforme previsto em seu artigo primeiro. O conceito de violência doméstica e familiar contra a mulher está inserido no art. 5° da supramencionada lei, sendo definida de maneira breve como a conduta comissiva ou omissiva que lhe cause dano físico, moral ou psicológico, ou que leve à prática de ato contrário a vontade de outrem. Dele extrai-se que a violência doméstica é baseada no gênero, tendo como principal fundamento a opressão à mulher. Ela dispensa vínculo familiar, podendo ocorrer na unidade doméstica, bastando a conivência de ambos, autor e vítima. Como exemplo, disto pode-se citar a relação entre padrasto e enteada. Exige-se vínculo familiar, mas dispensa-se coabitação, abrangendo, assim, parentes afins.
Desde que seja configurada a violência de gênero e que a conduta delituosa tenha ligação com a relação anterior, os Tribunais têm admitido a aplicação da mesma para ex-maridos e ex-namorados.
No que respeita à violência de gênero, tal se configura quando a conduta típica baseia-se no gênero e não em uma das formas de violência doméstica e familiar contra a mulher.
A questão da igualdade de sexos será abrangida pela violência de gênero, sendo que gênero e sexo são termos diferentes. Se, por um lado, sexo refere-se às características biológicas, determinada no momento em que nascemos, por outro, tem-se que gênero relaciona-se com aspectos sociais, culturais e políticos da sociedade em que vivemos.
Ao longo da história o gênero feminino foi considerado como inferior ao masculino, o que gerou desigualdade entre os sexos.
Coube à Constituição Federal e ao Estado proteger a família e a exercer a sua função social, legal e preventiva, Sendo a Lei 11340/2006 um dos instrumentos garantidores dessa política de combate à violência doméstica e familiar contra a mulher.
Por questões históricas, a mulher sempre foi considerada como frágil em relação ao homem. Isso justifica a dificuldade que a mulher sempre enfrentou em assumir sua igualdade prevista no art. 5°, I da CF/88, o qual assegura a igualdade entre homens e mulheres.
Vale destacar que a Lei 11340/2006 aumentou a pena imposta ao crime tipificado no art. 129, § 9° do CPB, a qual era de 06 (seis) meses a 01 (um) ano, passando de 03 (três) meses a 03 (três) anos. Foi ainda acrescentada na agravante do art. 61, II, f, do CPB, a circunstância de o agente ter praticado a conduta típica com abuso de autoridade ou prevalecendo-se relações domesticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou de violência contra a mulher.
Com o advento da Lei 11340/2006, além da violência física, passou a ser punida a violência psicológica, patrimonial, e a moral.
Conclusão
Podemos perceber pelo presente artigo que a implantação da justiça restaurativa nos crimes previstos na lei 11.340/2006 é de total relevância para a sociedade, uma vez que auxilia na restauração da paz social. Vimos que é possível a implantação do procedimento de justiça restaurativa nos crimes de maior potencial ofensivo e não somente nos crimes de menor potencial, logicamente que diferentemente destes, aqueles requerem um tempo maior e um cuidado maior do estado para que esse processo de resultados positivos.
Assim, como o processo todo depende da vontade e interação tanto do agressor quanto da vítima, o processo é um pouco mais demorado, pois a própria natureza da relação é complexa. Foi visto que embora a sociedade tenha criado uma opinião de senso comum, ao entender que o sistema é falho quando proporciona ao agressor uma oportunidade para que tente consertar os erros cometidos e assim voltar ao convívio social de forma que não venha mais praticar o delito, a justiça restaurativa é um procedimento não visa a solução do conflito de maneira tradicional e nem tampouco gerar a impunidade do agente.
 Busca-se com a aplicabilidade da justiça restaurativa nos crimes a aplicabilidade da justiça restaurativa nos crimes de lesão corporal no âmbito da lei 11340/2006, a restauração dos danos causados a vítima, não somente os danos matérias, mas também os danos morais, aquelas sequelas que permanecem depois de um processo tradicional de solução de conflitos.
Logo, temos no procedimento da justiça restaurativa um apoio ao processo tradicional, já que aquele auxilia este de maneira a proporcionar uma maior eficácia do sistema penal e diminuição dos processos no judiciário, acarretando numa diminuição de conflitos no âmbito da lei 11.340/2006.
Referência bibliográfica
http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/62272-justica-restaurativa-o-que-e-e-como-funciona acesso em 24/09/2017
Andrade, Vera Regina Pereira (2012). Pelas Mãos da Criminologia - O controle penal para além da (des)ilusão1ª ed. [S.l.: s.n.] p. 334. ISBN 9788571064683
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PINTO, Renato Sócrates Gomes. A construção da Justiça Restaurativano Brasil. O impacto no sistema de Justiça criminal. Jus Navigandi, Teresina, ano 11, n.1432, 3 jun. 2007.
SICA, Leonardo. Justiça Restaurativa e Mediação Penal. O Novo Modelo de Justiça Criminal e de Gestão do Crime. Rio de Janeiro. Editora Lumen Juris, 2007.
SANTOS, Cláudia Fernandes dos. O princípio da insignificância e lesões corporais leves sob a ótica funcionalista. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 9, n. 187, 9 jan. 2004. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/4707>. Acesso em: 6 maio 2015.
 
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