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A FAMÍLIA E A MORTE DO PACIENTE TERMINAL: LUTO Prof.: Mestranda Patrícia Mara Andrade Chamando a família de um paciente em iminência de morte • Ajudar alguém enlutado requer compaixão, discernimento e muito ‘AMOR’ da sua parte. • Não diga simplesmente: Se houver algo que eu possa fazer... descubra você mesmo este “algo”, e depois tome a devida iniciativa. O Enlutado • Sintomas físicos, que são decorrências fisiológicas normais do enlutamento: – Solidão e isolamento; – A forte intensidade do luto às vezes acompanhado por sentimentos de pânico ou idéias suicidas; – Medo do colapso nervoso, muitas vezes referido após a experiência de ver ou ouvir o morto; ESPAÇO FÍSICO para a expressão de culpa ou raiva, uma vez que a família está enlutada e, muitas vezes, não oferece espaço para essas manifestações. • O rompimento de uma relação ou uma perda desencadeia o processo do luto terminando com a retomada da própria vida. • Há também, a suposição de que uma pessoa normal e sadia pode e deve superar o enlutamento, não apenas rápida como totalmente • Na atualidade o luto passou a ser proibido, isolado e demonstração de fraqueza • APEGO: instinto de formar laços relacionais com outros objetos. • material (bens, finanças), • emocional (relações afetivas, hábitos) ou • social (status, posição, função), e isto pode significar resistência no que diz respeito à mudança de paradigmas. TEORIA DO APEGO Bowlby, em sua teoria do apego: reagimos de três maneiras. 1- PROTESTAMOS, não admitimos a ausência do objeto amado; 2- o nosso comportamento é de DESESPERO pois não temos mais acesso a ele e não sabemos lidar com essa privação; 3- nos DEFENDEMOS e nos DESAPEGAMOS, precisamos restabelecer a nossa homeostase e se não utilizarmos esse mecanismo de defesa, estaremos sujeitos a sucumbir emocionalmente. • O vínculo é um investimento afetivo e quanto maior este investimento, maior energia necessária para este desligamento. As dependências físicas ou psíquicas são fatores e podem agravar o desligamento com o objeto amado. (Kovács, 2002) Toda perda gera luto. O divórcio, a aposentadoria, a imigração, a mutilação, o aborto, a menopausa, a impotência Sensações físicas normalmente sentidas após a perda • vazio no estômago • aperto no peito • nó na garganta • hipersensibilidade ao barulho • sensação de despersonalização (nada parecer real, incluindo o próprio) • falta de fôlego, sensação de falta de ar • fraqueza muscular • falta de energia • boca seca LUTO ANTECIPATÓRIO O luto antecipatório segundo Pine ocorre ao longo de um continuum, que vai do momento da notícia de uma doença grave, até o momento da concretização da morte. TIPOS DE LUTO • Segundo Melanie Klein, o luto e o patológico se contrastam pelo grau e não pela estrutura Sentimentos comuns no processo de luto • Tristeza • Raiva • Culpa e autocensura • Ansiedade • Solidão • Fadiga • Desamparo • Choque • Anseio • Emancipação • Alívio • Torpor LUTO NORMAL • Segundo Freud: perda consciente do objeto e a sua elaboração é bem sucedida, apesar da dor do sofrimento vivido neste processo. 1- CHOQUE: horas ou semanas, pode vir com raiva ou desespero; 2- DESEJO DE BUSCA da figura perdida, pode durar meses ou anos; 3- DESORGANIZAÇÃO e desespero; 4- ORGANIZAÇÃO em maior ou menor grau LUTO PATOLÓGICO • A perda fica radicalmente inconsciente. IDENTIFICAÇÃO DO LUTO PATOLÓGICO • Ausência de reações ao luto • Nesses casos, vivência do luto: mascarada ou reprimida (sintomas psicossomáticos agudos ou os sintomas sentidos pelo falecido) = reação distorcida do luto = precisa de ajuda. • (LINDEMAM, 1944; DEUTSH, 1937) IDENTIFICAÇÃO DO LUTO PATOLÓGICO • Evitar participar em rituais ou atividades relacionadas com a morte; • Realizar mudanças radicais no estilo de vida, evitando amigos, familiares e/ou atividades associadas ao falecido; • Apresentar comportamentos eufóricos ou distantes, inadequados à realidade; • Recusar mexer e/ou despedir-se dos bens materiais que pertenciam ao falecido; IDENTIFICAÇÃO DO LUTO PATOLÓGICO • Apresentar sintomas físicos semelhantes aos do falecido, muitas vezes associados a datas específicas; • Desenvolver esperança irrealista, acreditando que o falecido vai voltar; • Apresentar comportamentos como se o falecido estivesse presente; • Desenvolver fobias em relação à doença e à morte. NÍVEIS INTER-RELACIONAIS DE LUTO • Intrapsíquico: equilíbrio psíquico que cada membro busca. • Interpessoal: membros da família em interrelação. • Social: família como uma unidade, influenciando e sendo influenciados pelo ambiente social ou extrafamiliar. O que ocorre com um membro da família afetará as respostas de outros membros. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM • No momento da morte – Manter uma atitude calma e tranquilizadora; – Permitir à família a exteriorização dos seus sentimentos; – Reforçar positivamente os cuidados prestados, evitando sentimentos de culpabilização; – Mostrar disponibilidade; – Permitir à família participar nos cuidados ao corpo, providenciando os meios e a ajuda necessária; – Dar espaço às despedidas. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM • Avaliar Necessidades • Detectar Sinais de Sofrimento • Promover a Comunicação • Ajudar a família a tratar o doente como pessoa viva, e não como se já tivesse morrido • Estar presente sempre que necessário e possível; • Ajudar a dizer “Adeus, Gosto de ti, Desculpa, Perdoo-te” • Sempre que praticável, prevenir situações de descompensação • Reforçar o apoio à família durante a agonia • Prestar apoio quando da morte. O QUE FAZER... • Escute - Seja “rápido no ouvir”, uma das coisas mais prestimosas que podemos fazer é partilhar a dor da pessoa enlutada por escutar. • Inspire confiança . • Assegure-lhes que fizeram tudo o que era possível (ou aquilo que sabe ser verdadeiro e positivo). O QUE NÃO FAZER... • Não evite o contato com eles por não saber o que dizer ou fazer; • Não se precipite em aconselhá-los a desfazer-se dos objetos pessoais do falecido antes de estarem dispostos a fazer; • Não os pressione para deixarem de sentir pesar; • Não evite mencionar a pessoa falecida; • Não se precipite em dizer: “Assim foi melhor”. A enfermagem diante da morte • PRÓXIMA AULA. REFERÊNCIAS Bowlby, J. (1990). Apego e perda. A natureza do vínculo (Álvaro Cabral, Trad.). São Paulo: Martins Fontes. (Original publicado em 1969). Young, J., Klosko, J., & Weishaar, M. (2008) Terapia do esquema. Guia de técnicas cognitivo-comportamentais inovadoras. Porto Alegre: Artmed. Sanders, C. (1999). Grief. The Mourning After: Dealing with Adult Bereavement (2nd ed.). New York: Jonh Wiley & Sons, Inc Melo, R. Processo de Luto o inevitável percurso face a inevitabilidade da morte. 2004. BIBLIOGRAFIA • BROMBERG, M.H.P.F.; KOVÁCS, M.J.; CARVALHO, M.M.M.J & CARVALHO, V.A. Vida e morte: laços da existência. Casa do Psicólogo, 1996. Disponível na Biblioteca virtual da Estácio (SIA). Cap 4: Luto: a morte do outro em si.
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